15.04.2013 Views

A BUSCA PELO SAGRADO: O mito do herói e os ritos de ... - ABHR

A BUSCA PELO SAGRADO: O mito do herói e os ritos de ... - ABHR

A BUSCA PELO SAGRADO: O mito do herói e os ritos de ... - ABHR

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Durkheim, o mun<strong>do</strong> imagético <strong>do</strong> ser humano faria parte <strong>do</strong> sobrenatural, pois escapa a<br />

ciência e também não faz parte <strong>do</strong> pensamento claro e sen<strong>do</strong> parte <strong>do</strong> sobrenatural seria objeto<br />

<strong>de</strong> estu<strong>do</strong> das religiões.<br />

Durkheim afirma que a única forma segura e confiável <strong>de</strong> aquisição <strong>do</strong> conhecimento<br />

é a razão, quanto a isso, Bachelard discorre que o raciocínio não é a única forma <strong>de</strong> aquisição<br />

<strong>do</strong> conhecimento e fará a sua Fenomenologia Poética que abarca também a sensibilida<strong>de</strong>. O<br />

que escapa a Durkheim é que o racícionio permite sem dúvida analisar <strong>os</strong> fat<strong>os</strong>, compreen<strong>de</strong>r<br />

a relação existente entre eles, mas não cria significa<strong>do</strong>. Para que a criação ocorra, é necessário<br />

imaginar. 9 Os <strong>mito</strong>s têm um aspecto pedagógico, mas, sobretu<strong>do</strong>, eles atuam no mun<strong>do</strong><br />

imagético, dan<strong>do</strong> um senti<strong>do</strong> à vida.<br />

O próprio Durkheim percebe a necessida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> criar senti<strong>do</strong> à vida, remeten<strong>do</strong><br />

ao aspecto simbólico, imagético <strong>do</strong> ser humano, ainda que com certo <strong>de</strong>sdém e que <strong>de</strong>ve ser<br />

manti<strong>do</strong> à distância:<br />

Os homens foram obriga<strong>do</strong>s a criar para si uma noção <strong>do</strong> que é religião, bem antes<br />

que a ciência das religiões pu<strong>de</strong>sse instituir suas comparações metódicas. As<br />

necessida<strong>de</strong>s da existência n<strong>os</strong> obrigam a to<strong>do</strong>s, crentes e incrédul<strong>os</strong>, a representar <strong>de</strong><br />

alguma maneira as coisas no meio das quais vivem<strong>os</strong>, sobre as quais a to<strong>do</strong> momento<br />

emitim<strong>os</strong> juíz<strong>os</strong> e que precisam<strong>os</strong> levar em conta em n<strong>os</strong>sa conduta. Mas como essas<br />

pré-noções se formaram sem méto<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> <strong>os</strong> acas<strong>os</strong> e as circunstâncias da vida,<br />

elas não têm direito a crédito e <strong>de</strong>vem ser mantidas rigor<strong>os</strong>amente à distância <strong>do</strong><br />

exame que irem<strong>os</strong> empreen<strong>de</strong>r. Não são <strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> preconceit<strong>os</strong>, a n<strong>os</strong>sas paixões, a<br />

n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> hábit<strong>os</strong> que <strong>de</strong>vem ser solicita<strong>do</strong>s <strong>os</strong> element<strong>os</strong> da <strong>de</strong>finição que necessitam<strong>os</strong>;<br />

é a realida<strong>de</strong> mesma que se trata <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir. 10<br />

A p<strong>os</strong>ição <strong>de</strong> Durkheim <strong>de</strong> reprimir o aspecto imagético <strong>do</strong> ser humano para alcançar a<br />

“verda<strong>de</strong> pura” é um <strong>do</strong>s pressup<strong>os</strong>t<strong>os</strong> <strong>do</strong> pensamento científico, nasci<strong>do</strong> da Revolução<br />

Científica, movimento <strong>do</strong> século XVII, que separou a Ciência da religião, especificamente das<br />

interpretações Teocêntricas da Igreja Católica. O problema é que o cientificismo foi<br />

pre<strong>do</strong>minante na socieda<strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal e “rotulou” <strong>os</strong> <strong>mito</strong>s, chaman<strong>do</strong>-<strong>os</strong> <strong>de</strong> “mentiras” que se<br />

contam para crianças. A razão foi dissociada da sua verda<strong>de</strong>ira fonte, o <strong>mito</strong>. Nessa busca<br />

pelo racional o sentimento foi abafa<strong>do</strong> e o ser humano ficou dividi<strong>do</strong>. As conseqüências <strong>de</strong>sse<br />

9 PITTA, Danielle Perin Rocha. Iniciação a Teoria <strong>do</strong> Imaginário, pg.12<br />

10 Ibid, pg.4<br />

4

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!