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A BUSCA PELO SAGRADO: O mito do herói e os ritos de ... - ABHR

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element<strong>os</strong> constitutiv<strong>os</strong> <strong>do</strong> átomo têm proprieda<strong>de</strong>s que contradizem a razão: têm<br />

comportamento dual onda-matéria, efeit<strong>os</strong> <strong>de</strong> tunelamento, são regi<strong>do</strong>s por uma incerteza<br />

intrínseca que obriga a representá-l<strong>os</strong> em term<strong>os</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>s, entre outr<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> que<br />

ferem o bom senso. Na frase célebre <strong>do</strong> físico quântico Niels Bohr: “Se a mecânica Quântica<br />

não lhe chocou, é porque você ainda não a enten<strong>de</strong>u.” Os físic<strong>os</strong> quântic<strong>os</strong> estão <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong><br />

que a realida<strong>de</strong> em sua essência não é nem lógica, nem sólida, não existin<strong>do</strong> essa concretu<strong>de</strong><br />

sonhada pelo cientificismo, pensamento que será retoma<strong>do</strong> pel<strong>os</strong> cientistas <strong>do</strong> imaginário.<br />

Na teoria <strong>do</strong> Imaginário, a realida<strong>de</strong> é interpretada, criada a partir <strong>do</strong>s <strong>mito</strong>s, ou seja, é<br />

imagética. Segun<strong>do</strong> Juremir Silva, to<strong>do</strong> imaginário é real. To<strong>do</strong> real é imagina<strong>do</strong>. O homem<br />

só existe na realida<strong>de</strong> imagética. Não há vida simbólica fora <strong>do</strong> imaginário. O mesmo já tinha<br />

si<strong>do</strong> percebi<strong>do</strong> por Jacques Lacan no que se refere à sexualida<strong>de</strong>. Tu<strong>do</strong> acontece no<br />

imaginário: sexo, preconceit<strong>os</strong>.... O concreto é empurra<strong>do</strong>, impulsiona<strong>do</strong> e catalisa<strong>do</strong> por<br />

forças imagéticas. Nisso não se escon<strong>de</strong> um velho i<strong>de</strong>alismo, travesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> novo, em função<br />

<strong>de</strong> uma renovação <strong>de</strong> terminologia, mas transparece uma constatação antropológica: o ser<br />

humano é movi<strong>do</strong> pel<strong>os</strong> imaginári<strong>os</strong> que engendra. O homem só existe no imaginário. 13<br />

A frase célebre <strong>do</strong> Buda Sidarta Gautama <strong>de</strong> que nós fazem<strong>os</strong> a n<strong>os</strong>sa própria<br />

realida<strong>de</strong> será amplamente aceita na teoria <strong>do</strong> Imaginário. A realida<strong>de</strong> não é fruto <strong>do</strong>s fat<strong>os</strong>,<br />

mas das interpretações que dam<strong>os</strong> a estes. Da mesma forma a eficácia <strong>do</strong> ritual, não está no<br />

ato em si, mas <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> que dam<strong>os</strong> a ele, sua força vem da crença no transcen<strong>de</strong>nte. O que<br />

n<strong>os</strong> remete a noção <strong>de</strong> sagra<strong>do</strong> e profano.<br />

Para Durkheim, o sagra<strong>do</strong> e o profano são <strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>s que nada têm em comum.<br />

Não existe na história <strong>do</strong> pensamento humano um outro exemplo <strong>de</strong> duas categorias<br />

<strong>de</strong> coisas tão profundamente diferenciadas, tão radicalmente op<strong>os</strong>tas uma à outra. A<br />

op<strong>os</strong>ição tradicional entre o bem e o mal não é nada ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta; pois o bem e o<br />

mal são duas espécies contrárias <strong>de</strong> um mesmo gênero, a moral, assim como a saú<strong>de</strong><br />

e a <strong>do</strong>ença são apenas <strong>do</strong>is aspect<strong>os</strong> diferentes <strong>de</strong> uma mesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> fat<strong>os</strong>, a vida,<br />

ao passo que o sagra<strong>do</strong> e o profano foram sempre e em toda parte concebi<strong>do</strong>s pelo<br />

espírito humano como gêner<strong>os</strong> separa<strong>do</strong>s, como <strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>s entre <strong>os</strong> quais nada<br />

existe em comum. 14<br />

13 SILVA, Juremir Macha<strong>do</strong> da. Tecnologias <strong>do</strong> Imaginário, pg.1<br />

14 DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religi<strong>os</strong>a: o sistema totêmico na Austrália, pg.22<br />

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