15.04.2013 Views

Produto Nacional: uma história da indústria no Brasil - CNI

Produto Nacional: uma história da indústria no Brasil - CNI

Produto Nacional: uma história da indústria no Brasil - CNI

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

28<br />

Os escravos<br />

O TRATO DOS VIVENTES<br />

Apesar de ter operado em escala “industrial”,<br />

o tráfi co de escravos entre <strong>Brasil</strong> e África<br />

evidentemente não foi <strong>uma</strong> ativi<strong>da</strong>de industrial.<br />

Foi só <strong>uma</strong> transação comercial. Uma <strong>da</strong>s mais<br />

longas, rentáveis e bem-sucedi<strong>da</strong>s transações<br />

comerciais <strong>da</strong> <strong>história</strong> – não apenas do <strong>Brasil</strong>,<br />

mas <strong>da</strong> h<strong>uma</strong>ni<strong>da</strong>de. O “infame tráfi co”<br />

prolongou-se por mais de 300 a<strong>no</strong>s, apesar de<br />

ilegal durante as duas últimas déca<strong>da</strong>s. De 1540<br />

a 1850, mais de quatro milhões de escravos foram<br />

trazidos para o <strong>Brasil</strong>, <strong>no</strong> maior fl uxo escravista<br />

<strong>da</strong> <strong>história</strong>. To<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des industriais<br />

pioneiras do país – <strong>da</strong> Fábrica de Ferro de<br />

Sorocaba ao estaleiro <strong>da</strong> Ponta de Areia, do barão<br />

de Mauá – contaram com mão-de-obra escrava.<br />

Das <strong>indústria</strong>s não-fabris, nem se fala. A<br />

principal delas, o engenho de açúcar, não podia<br />

dispensar a “força-motriz h<strong>uma</strong>na”. Tão estreito era<br />

o vínculo entre <strong>indústria</strong> canavieira e escravidão que<br />

se discutiu até se o braço escravo não seria, se não<br />

mais efi ciente, mais lucrativo que a tração animal,<br />

já que bois e cavalos eram raros e caros. Discutiu-se<br />

também se seria melhor comprar ou “criar” escravos,<br />

permitindo que reproduzissem em cativeiro. Sabia-se<br />

que um escravo durava em média sete a<strong>no</strong>s – e que<br />

se pagava em cinco. A “mercadoria” era perecível,<br />

mas o lucro estava garantido.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!