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Gilson Antunes - Americo Jacomino - teses.musicodobra...

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que é, daquela época, a única referência didática musical que possuímos. Aliás, ainda<br />

não se imprimiam músicas em São Paulo. No máximo haveria copistas, talvez entre os<br />

funcionários da Sé Catedral. Tudo vinha de fora, da Corte ou da Europa, quer fossem<br />

livros, compêndios, partituras ou simples resmas de papel pautado".<br />

No mesmo livro escreve-se, a respeito da situação musical paulista na segunda<br />

metade do século dezenove, "Os professores de música eram poucos e mal habilitados.<br />

Os instrumentos e composições oferecidos à venda não primavam pela qualidade ou<br />

bom gosto. Nenhuma casa especializada no ramo se abrira ainda na cidade. E quando se<br />

realizava um concerto, o fato assumia aspectos de novidade sensacional. O público<br />

ignorante nada exigia, contentando-se com ouvir os seus trechos preferidos, geralmente<br />

tirados de óperas. Considere-se, também, que outrora os músicos não desfrutavam de<br />

prestígio social, nem tinham forças para combater o velho e arraigado preconceito de<br />

que o artista é um ser ocioso, inútil. Tudo, pois, contribuía para o marasmo geral" 11<br />

Havia, porém, conforme anúncios do jornal Correio Paulistano, vários professores de<br />

piano e canto, o que iria contra a afirmação de que o violão era o único instrumento<br />

estudado com esmero. E com relação aos compositores de modinhas e lundus, se faz<br />

difícil um maior aprofundamento, pois a maioria ficou no anonimato por não ter suas<br />

peças impressas e pelo fato de o gênero ser muito transmitido em tradição oral.<br />

O ambiente musical paulista começa a mudar quando o imigrante israelita<br />

francês Henrique Luís Levy inicia a venda de partituras musicais em sua loja de jóias,<br />

situada na Rua da Imperatriz, no centro da capital. Outra figura de destaque na segunda<br />

metade do século é a do professor francês Gabriel Giraudon, que passará à posteridade<br />

musical paulista como professor de Henrique Oswald, Luís Levy, Alexandre Levy,<br />

Antonieta Rudge e Magdalena Tagliaferro, todos pianistas.<br />

Ainda no livro de Penteado, na página 209, um daguerreótipo apresenta o<br />

período da mudança de um violão de modelo clássico para um modelo mais moderno,<br />

sendo este segurado por Luís Levy. A mudança é significativa, quando se observa a<br />

mão do instrumento (mais arredondada no caso do modelo antigo) e o cavalete (sem o<br />

detalhe da ornamentação, no caso do modelo moderno). Na figura, Luís Levy aponta<br />

para a palavra “cynismo” escrita na parede, cujo significado remete ao “spleen” – tédio,<br />

monotonia - tão em voga entre os estudantes da Faculdade de Direito desde a sua<br />

11 Idem, ibidem, p. 81.

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