Gilson Antunes - Americo Jacomino - teses.musicodobra...
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<strong>Gilson</strong> Uehara <strong>Antunes</strong><br />
AMÉRICO JACOMINO "CANHOTO" E O DESENVOLVIMENTO DA ARTE<br />
SOLÍSTICA DO VIOLÃO EM SÃO PAULO.<br />
Dissertação apresentada ao Departamento de<br />
Música da Escola de Comunicações e Artes da<br />
Universidade de São Paulo, como exigência<br />
Parcial para obtenção do título de<br />
Mestre em Musicologia.<br />
Orientadora:<br />
Prof. Dra. Flavia Camargo Toni<br />
São Paulo<br />
2002
Canhoto. Nome do diabo, um dos mais populares, e ligado, na maioria dos casos,<br />
aos acontecimentos amorosos, seduções, bastardias. Seria Canhoto uma réplica católica<br />
do Asmodeu. Apesar do nome, canhoto, esquerdo, desastrado, é um demônio hábil na<br />
sua especialidade conquistadora. Luis Edmundo (O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-<br />
Reis, 340, Rio de Janeiro, 1932): "O Canhoto ! Monstro com o dom de transforma-se<br />
em cavalheiro capaz de seduzir a melhor dama, mas sem poder dissimular dois pés de<br />
pato, amplos e feios, duende explosivo que arrebentava, em cacos, diante de qualquer<br />
cruz, deixando, com o estampido muito grande, uma nuvem azulada e um cheirinho de<br />
enxofre".<br />
Câmara Cascudo: Dicionário do Folclore Brasileiro, Ediouro, 9.ª Edição.
AGRADECIMENTOS<br />
Antonio de Barros Leite<br />
Cláudia Batista das Neves<br />
Cláudio Arone<br />
Daniel Barreiro<br />
Edelton Gloeden<br />
Flávia Camargo Toni<br />
Luís Américo <strong>Jacomino</strong><br />
Márcio de Souza<br />
Maurício Orosco<br />
Maurício Zamith<br />
Ricardo Cardim<br />
Ricardo Marui<br />
Ronoel Simões<br />
Selma Gimenes Garcia<br />
Teresinha Prada
Resumo<br />
Esta pesquisa visa estudar o período correspondente ao início do desenvolvimento da<br />
arte solística do violão brasileiro, com ênfase na cidade de São Paulo, além de resgatar a<br />
obra do maior violonista do período, o paulistano Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto".
Abstract<br />
This research intends to study the beginning of the development of the guitar in Brazil,<br />
mainly in the city of São Paulo, besides to bring up the life and works from Américo<br />
<strong>Jacomino</strong> "Canhoto", the brazilian greatest guitarist in the first quarter of twentieth<br />
century.
001 - Introdução<br />
SUMÁRIO<br />
007 - Capítulo I – Informações sobre a utilização do violão no Brasil entre os séculos<br />
XVI e XIX<br />
007 - I.1 – Primeiras manifestações do violão no Brasil<br />
008 - I.2 – O novo ambiente violonístico em São Paulo com os estudantes da<br />
Faculdade de Direito do Largo São Francisco<br />
014 - I.3 – O ambiente violonístico em São Paulo – 1900 – 1930<br />
032 - I.4 – Agustín Barrios em São Paulo – 1917/1929<br />
038 - I.5 – Josefina Robledo: Uma mulher violonista no Brasil – 1917/1922<br />
047 - Capítulo II – Américo <strong>Jacomino</strong> – 1889/1928<br />
047 - II.1 – Nascimento de Américo <strong>Jacomino</strong><br />
049 - II.2 – Primeira gravação de Américo <strong>Jacomino</strong> – 1912<br />
052 - II.3 – Em 1916, o primeiro grande recital de Américo <strong>Jacomino</strong>. A mudança de<br />
opinião da crítica em São Paulo<br />
061 - II.4 – Casamento de Américo <strong>Jacomino</strong> e mudança para São Carlos<br />
066 - II.5 – Em 1925, Américo <strong>Jacomino</strong> retorna à capital paulista<br />
071 - II.6 – O concurso “O que é nosso” – 1927<br />
084 - Capítulo III – Panorama do violão em São Paulo – 1904/1928<br />
084 - III.1 – Os violonistas nas salas de concerto: Canhoto, Barrios, Robledo e outros<br />
088 - III.2 – Os violonistas nos estúdios das gravadoras: Canhoto, Levino Albano,<br />
Rogério Guimarães e outros<br />
096 - Capítulo IV – O violonista Américo <strong>Jacomino</strong>: O músico, a obra, o professor e<br />
seu instrumento<br />
096 - IV.1 – Aspectos técnico-interpretativos e recursos violonísticos empregados<br />
101 - IV.2 - Manuscritos e partituras impressas de Américo <strong>Jacomino</strong><br />
116 - IV.3 – Lacunas no repertório de Américo <strong>Jacomino</strong><br />
117 - IV.4 – O Método de violão de Américo <strong>Jacomino</strong><br />
120 - IV.5 – Comentários a respeito do violão que pertenceu a Américo <strong>Jacomino</strong><br />
utilizado para a gravação do CD anexo<br />
123 - IV.6 – Considerações sobre a gravação do CD anexo<br />
128 - Conclusão<br />
131 - Bibliografia<br />
Anexo I – Tabela de gravações realizadas por violonistas entre 1902 e 1928<br />
Anexo II – O repertório dos violonistas e as salas de concerto em que se apresentaram<br />
Anexo III – Transcrição de obras de violonistas-compositores do início do século vinte
Introdução<br />
Com a abertura dos cursos de pós-graduação nas universidades brasileiras,<br />
amplia-se, aos poucos, o quadro para se escrever, no futuro, a história do violão no<br />
Brasil, bem como seu repertório e intérpretes mais destacados. Ainda não se tem,<br />
contudo, bibliografia volumosa, sendo necessário realizar pesquisa aprofundada em<br />
fonte primária. Isso de fato se evidenciou na pesquisa feita em torno do violonista<br />
Américo <strong>Jacomino</strong>, cujo nome, embora não fosse desconhecido, ainda não merecera<br />
trabalho que o focalizasse de forma privilegiada; intérprete e compositor destacado do<br />
início do século vinte, Américo <strong>Jacomino</strong> cumpriu, com efeito, um papel de relevo na<br />
divulgação e introdução do violão em vários ambientes do Estado de São Paulo e do Rio<br />
de Janeiro.<br />
A presente dissertação busca situar o início do desenvolvimento da arte solística<br />
do violão no Brasil, especificamente na cidade de São Paulo, nos idos de 1900 a 1930.<br />
Se o foco do trabalho é Américo <strong>Jacomino</strong>, foi necessário, não obstante, situá-lo frente a<br />
outros nomes do violão que comparecem nos palcos no mesmo momento, para se ter<br />
uma visão mais precisa e abrangente do desenvolvimento dessa arte. “Canhoto” , como<br />
o apelido indica, tocava violão invertendo a posição do instrumento e mantendo, no<br />
entanto, a mesma afinação e ordem das cordas. Tomou para si a responsabilidade de se<br />
“profissionalizar”, conforme seu próprio depoimento, e firmar o instrumento no meio<br />
musical brasileiro. Como será visto, Américo realiza grande número de gravações,<br />
apresenta-se em inúmeros recitais divulgados pela imprensa, compõe obras que<br />
marcarão o repertório do instrumento no período, bem como faz dos meios de<br />
divulgação disponíveis – rádio e discos – aliados na difusão de seu trabalho. Além<br />
disso, suas composições apresentam aspectos técnico-musicais que ampliam recursos<br />
que vinham sendo usados por seus contemporâneos brasileiros.<br />
Assim, no intuito de determinarmos o panorama no qual Américo <strong>Jacomino</strong><br />
despontará foi importante retroagir no tempo para se recolherem as notícias sobre o uso<br />
do instrumento no país. O foco, sem dúvida, é a cidade de São Paulo.<br />
Ao tratarmos do violão no Brasil não nos debruçamos sobre Heitor Villa-Lobos<br />
por entender que sua esfera de ação como violonista participando de grupos de choro se<br />
circunscreveu à cidade do Rio de Janeiro. À época, suas composições não tiveram<br />
papel preponderante na arte solística do instrumento, pois a primeira gravação comercial<br />
de seu Choros n.º 1, embora escrito em 1921, data de 1940. As demais obras do
maestro carioca foram editadas na década de 1950, sendo cultuadas até então por<br />
violonistas que fogem do âmbito do presente trabalho. Aqui contemplamos os<br />
violonistas compositores que gravaram discos, realizaram recitais e marcaram presença<br />
no espaço do violão solista.<br />
O trabalho divide-se em quatro capítulos. No primeiro acolhemos notícias sobre<br />
a presença do instrumento apontando para a intrincada questão do que ora é chamado de<br />
viola, ora de guitarra, ou mesmo de violão. O nome do instrumento só começa a se<br />
firmar com a fundação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo,<br />
em 1828, quando o movimento estudantil faz uso do instrumento, cenário para ser<br />
anunciada, pela primeira vez, a venda de um método de violão, trabalho escrito pelo<br />
italiano Francesco Molino. É o momento em que se anuncia, também, a apresentação<br />
de um violonista conhecido apenas como Senhor Lisboa, executando as Variações<br />
Sobre Temas da Traviata, de Giuseppe Verdi. Infelizmente não é possível saber se tais<br />
variações foram escritas pelo espanhol Francisco Tárrega, ou por um contemporâneo<br />
seu, o também espanhol Julian Arcas.<br />
O movimento violonístico da capital entre 1900 e 1930 foi analisado<br />
separadamente, tendo em vista destacar os papéis relevantes do paraguaio Agustín<br />
Barrios e da espanhola Josefina Robledo.<br />
No segundo capítulo a vida de Américo <strong>Jacomino</strong> é focalizada, tendo em vista a<br />
recuperação de dados de sua biografia, bem como seu currículo artístico. As gravações e<br />
recitais, a mudança para São Carlos, a volta a São Paulo e o concurso O Que É Nosso,<br />
no Rio de Janeiro, fazem parte de um quadro no qual o violonista se destaca como<br />
compositor, intérprete e professor.<br />
No terceiro capítulo, um panorama do violão na cidade de São Paulo, reunimos<br />
as carreiras dos violonistas atuantes nas salas de concerto, bem como nos estúdios de<br />
gravação. As datas-limite são 1904 e 1928; a primeira assinala o mais antigo recital de<br />
violonista após o nascimento de Canhoto e a outra registra a morte dele. No período foi<br />
interessante para a pesquisa analisar o repertório e as salas de concerto mais utilizadas<br />
pelos violonistas, bem como as gravações das quais participaram.<br />
O quarto e último capítulo focaliza em separado o músico Américo <strong>Jacomino</strong>,<br />
sua obra e a atividade de professor. É o espaço oportuno para descrever e analisar<br />
também o violão modelo carioca usado por ele em concerto. Frente ao levantamento do<br />
repertório de Canhoto divulgado pelos jornais e tendo em vista também as gravações<br />
que realizou, é possível conhecer certos recursos técnico-interpretativos empregados
pelo violonista, tais como trêmulos, pizzicati, efeitos de fala no violão, harmônicos,<br />
rasqueados etc. Para tanto foi necessário percorrer vasto repertório, desde obras de sua<br />
autoria bem como de outros compositores, panorama ampliado pelas informações de<br />
seu método para violão. Vale dizer que o Método de Violão, editado na década de 1920,<br />
é tido ainda hoje como de interesse.<br />
No intuito de melhor conhecermos o repertório e os recursos técnicos de<br />
Canhoto, gravamos um CD, anexo, no qual experimentamos um violão utilizado pelo<br />
violonista, gentilmente cedido pelos seus herdeiros para o trabalho em estúdio de<br />
gravação.<br />
Anexo apresentamos dados complementares sobre os quais nos pautamos para as<br />
análises. No primeiro, a relação das gravações dos violonistas no período de 1902 a<br />
1928. No seguinte, a relação do repertório dos violonistas e as salas em que se<br />
apresentaram. Finalmente, as transcrições de alguns compositores, violonistas que<br />
escreveram para o instrumento, mas que não foram contemplados com edições. Nesse<br />
sentido, cabe antecipar que Canhoto era músico de formação amadora, não grafando<br />
suas composições, ou seja, não tendo visto, em vida, suas partituras editadas. Dele<br />
transcrevemos somente as obras para violão solista, não nos atendo àquelas em que ele<br />
participa de duos ou formações maiores. Entre os autores contemplados estão: Glauco<br />
Vianna (com a peça Pertinho de Meu Bem), Levino Albano da Conceição (com<br />
Saudades do Rio Grande), Mário Pinheiro (com Petita) e José Augusto de Freitas<br />
(Soluços). Coube também anexar a partitura publicada da valsa Gotas de Lágrimas, de<br />
Mozart Bicalho, um sucesso editorial da década de 1960 (quando de sua publicação); o<br />
maxixe Cruzeiro, de Theotônio Corrêa, na transcrição de Attílio Bernardini, que se<br />
pautou na gravação para três violões do trio Os Três Sustenidos; a transcrição da gavota<br />
Edith, de João Avelino de Camargo – um dos integrantes daquele trio, a partir da cópia<br />
manuscrita sem indicação de autor; finalmente, o manuscrito autógrafo do cateretê<br />
Festa na Fazenda, de Antonio Giacomino, o único documento original encontrado<br />
durante as pesquisas para esta dissertação 1 .<br />
O violão foi, de fato, um dos principais instrumentos musicais utilizados para o<br />
acompanhamento das canções, participando desde o primeiro registro comercial de que<br />
se tem notícia, em 1902, a gravação da canção Ave Maria, na voz de Bahiano, e com<br />
violonista não identificado. Curioso é notar que rapidamente, com o início do século<br />
1 Estes dois documentos fazem parte do acervo do colecionador Ronoel Simões, a quem agradecemos as<br />
cópias cedidas.
vinte, o instrumento passa a ser muito requisitado, contrastando com as parcas notícias<br />
que se têm dele até então. Um dos motivos plausíveis poderia ter sido o de seu emprego<br />
nos estúdios de gravações em substituição ao piano, hipótese que não nos coube<br />
destacar.<br />
Após a leitura da literatura disponível, passamos à consulta sistemática dos<br />
jornais de época, acervo do Arquivo do Estado de São Paulo. Esta etapa da pesquisa,<br />
notadamente sobre o jornal O Estado de São Paulo, fez parte de um projeto<br />
compartilhado anteriormente com Paulo Castagna e Eduardo Fleury. Projeto de fôlego,<br />
compreendeu a pesquisa sistemática em jornais para se recolherem as notícias sobre o<br />
instrumento entre os anos de 1900 e 1930. Os resultados colhidos chegaram a ser<br />
divulgados em artigo de 1994 2 .<br />
Numa terceira etapa, desta vez trabalho individual, foi consultado o repertório<br />
disponível a partir das gravações dos próprios compositores-violonistas do início do<br />
século vinte, entre eles Mário Pinheiro, João Pernambuco, Levino Albano da Conceição<br />
e outros. Só então focamos o olhar para o paulistano Américo <strong>Jacomino</strong>, devido à<br />
relevância de citações a seu respeito. Até 1958, as poucas informações sobre <strong>Jacomino</strong><br />
residiam na série de quatro artigos escritos por Ronoel Simões no jornal A Gazeta,<br />
quando dos 30 anos da morte do violonista, crônicas estas inseridas no texto de 1978<br />
que acompanha o livro de J. L. Ferrete e Juvenal Fernandes, obra que traz um valioso<br />
catálogo de peças de Canhoto. Além desses textos, servimo-nos do que o próprio<br />
Ronoel Simões publicaria na revista Violão e Mestres de 1964, em dois números, outra<br />
biografia do violonista, na qual muitas das informações teriam sido obtidas por meio de<br />
entrevistas com o cantor Roque Ricciardi, o Paraguaçu, conforme atestou o próprio<br />
Simões em depoimento ao Museu da Imagem e do Som de São Paulo em 1981. De<br />
Paraguaçu foi utilizada também uma entrevista histórica concedida ao Museu da<br />
Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 1974, com muitas histórias e informações sobre<br />
Canhoto e o período em questão, especialmente sobre a São Paulo de inícios do século<br />
vinte.<br />
De grande valia foi a investigação feita por Henrique Foréis, o Almirante, por<br />
ocasião dos quatro programas especiais de rádio, em 1954, para a comemoração do<br />
quarto centenário da fundação da cidade de São Paulo, cujo material se encontra no<br />
arquivo escrito do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Segundo Luís<br />
2 CASTAGNA, Paulo & ANTUNES, <strong>Gilson</strong>. 1916, O Violão Brasileiro já é uma Arte. Revista Vozes.<br />
Editora Vozes, n.º 1, p. 18, 1994.
Américo, filho de Canhoto, Almirante teria tido muito contato com várias figuras<br />
próximas a seu pai, além de ter feito várias entrevistas com a viúva do violonista. Foram<br />
utilizadas também algumas entrevistas feitas com Luís Américo, que cedeu material de<br />
grande valia para a dissertação. O farmacêutico Antônio de Barros Leite também<br />
forneceu fotocópias de várias cartas de Américo <strong>Jacomino</strong> a seu pai, dados de interesse<br />
para os biógrafos dos dois violonistas.<br />
Também auxiliaram na pesquisa matérias divulgadas em 1978, cinqüentenário<br />
da morte de Canhoto, textos publicados em jornais por ocasião de um disco no qual<br />
doze músicos gravaram peças de sua autoria, aí incluindo seu próprio filho Luís<br />
Américo. Ainda de 1978 há o documentário da TV Cultura, de São Paulo, um debate<br />
no qual Ronoel Simões, J.L. Ferrete e Juvenal Fernandes analisam certos aspectos<br />
históricos e musicais de Américo <strong>Jacomino</strong>. De lá para cá pouco foi escrito sobre o<br />
violonista e compositor, apesar de sua mais famosa composição, Abismo de Rosas,<br />
continuar como uma peça muito procurada pelos intérpretes e orquestras.<br />
Mais recentemente o violonista Giácomo Bartoloni, professor de violão da<br />
Universidade Estadual Paulista (UNESP), realizou uma pesquisa analisando aspectos<br />
sociais sobre o violão brasileiro, incluindo o período estudado.<br />
Entre os principais locais pesquisados devemos citar ainda:<br />
- Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro: Jornais e revistas da época em que viveu<br />
Américo <strong>Jacomino</strong>, notadamente números do jornal Correio da Manhã, que organizou o<br />
concurso O Que é Nosso, do qual tomou parte o violonista.<br />
- Centro Cultural São Paulo: Foram utilizados inúmeros livros para a bibliografia geral<br />
da dissertação, além de partituras raras do violonista publicadas para piano. Na pasta<br />
que reúne matérias sobre o artista há poucos recortes de jornais. Na discoteca Oneyda<br />
Alvarenga existem três discos com músicas do violonista, por Paulinho Nogueira,<br />
Waldir Azevedo e o próprio Américo <strong>Jacomino</strong> (1 disco de 78 rotações).<br />
- Biblioteca da Universidade de São Paulo (USP): Livros e <strong>teses</strong> para a bibliografia<br />
geral, em especial a Discografia Musical Brasileira em 78 RPM, editada pela<br />
FUNARTE em 1978.<br />
- Arquivo particular de <strong>Gilson</strong> <strong>Antunes</strong>: Vários artigos de jornais, fotos, livros em geral<br />
para a bibliografia (sobre a história do violão, história da música brasileira e da cidade<br />
de São Paulo), gravações de Américo <strong>Jacomino</strong> e partituras particulares transcritas dos<br />
discos de 78 RPM. Vários desses itens foram, desde 1988, adquiridos do arquivo<br />
particular do colecionador Ronoel Simões.
I – INFORMAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DO VIOLÃO NO BRASIL<br />
ENTRE OS SÉCULOS XVI E XIX<br />
I.1 – Primeiras manifestações do violão no Brasil<br />
Podemos considerar que a literatura com referência ao uso do violão no Brasil<br />
data de c. 1549, coincidindo com a chegada dos jesuítas no país, e suas respectivas<br />
citações em cartas e escritos gerais 3 .<br />
3 TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira. São Paulo, Ed. 34, 1998, p.<br />
41; DUDEQUE, Norton. História do Violão. Curitiba, Universidade Federal do Paraná, 1994, p.101.
No século dezesseis, entre os principais instrumentos musicais cordofones em<br />
uso na Europa estão o alaúde, em todo o continente, e a vihuela, na Península Ibérica.<br />
Este último designa instrumentos musicais cordofones de três tipos diferentes: a vihuela<br />
de arco, a vihuela de peñola (tocada com plectro) e a vihuela de mano (pulsada com os<br />
dedos). Este instrumento possui seis cordas duplas (as chamadas "ordens"), com<br />
afinação variável em altura (em geral, afina-se até que as cordas estejam esticadas o<br />
bastante para não romperem), mas sempre com os mesmos intervalos, sendo eles, por<br />
exemplo e por convenção quando da interpretação das músicas no violão moderno, mi-<br />
si-fa#-re-la-mi.<br />
Outro instrumento utilizado pelo povo, exclusivamente para acompanhamento<br />
de canções, é a pequena guitarra, que possui quatro pares de cordas. Este instrumento<br />
varia de nome conforme a região. Na França, por exemplo, é chamado de guiterne ou<br />
guiterre, na Inglaterra, guitar e, na Itália, chitarrino. O nome etimologicamente provém<br />
da kytara grega (de origem caldéia-assíria).<br />
Sendo a vihuela, pois, o instrumento cultivado em Portugal – com o nome<br />
aportuguesado de viola - e existindo também a guitarra de 4 ordens no país, tocado em<br />
geral pelas pessoas de uma classe inferior, e que esta geraria variantes locais com o<br />
decorrer do tempo, é de se supor que seriam os mesmos instrumentos trazidos ao Brasil<br />
junto com a navegação. Pelas informações dos primeiros viajantes, existem também<br />
nesta época o uso e a construção de instrumentos diversos pelos índios guarani nas<br />
Reduções Jesuíticas do Paraguai, território que compreenderia hoje a Argentina, Brasil,<br />
Uruguai e Paraguai 4 .<br />
No século dezessete, a vihuela interrompe seu rumo de desenvolvimento<br />
juntamente com seus intérpretes espanhóis, passando a pequena guitarra, agora com<br />
cinco cordas duplas, a assumir seu papel de instrumento cordofônico mais praticado.<br />
Por ter vários cultores na Espanha, começa a ser designada pelo nome de guitarra<br />
espanhola.<br />
O nome de Gregório de Matos Guerra (1633 / 1696) aparecerá posteriormente<br />
como o primeiro grande nome da literatura brasileira, e com ele um papel bastante<br />
difundido sobre o violão durante os séculos, o do boêmio violonista. Neste caso, o<br />
poeta é apenas o continuador da tradição dos escudeiros trovadores quinhentistas de<br />
Portugal, verdadeiros antecessores dos seresteiros, que se acompanharão ao violão.<br />
4 REVISTA ASSOVIO. Associação Gaúcha do Violão, ano 1, n.º 4, Porto Alegre, maio de 2000, p. 08.
Depois disso, já na segunda metade do século dezoito, com a mudança do estilo<br />
musical europeu como o rococó e o clássico, haverá mudanças significativas no violão<br />
(inicialmente com seis ordens, posteriormente com seis cordas simples), sendo chamado<br />
então no velho mundo de guitarra clássica. E é justamente quando os termos viola e<br />
violão enfrentarão no Brasil os maiores equívocos, confundindo-se de tal maneira que<br />
será difícil reconhecer quando da citação de um e de outro na literatura dos séculos<br />
dezoito e dezenove 5 .<br />
I.2 - O Novo Ambiente Violonístico em São Paulo com os Estudantes da Faculdade<br />
de Direito do Largo São Francisco<br />
Há vários documentos atestando a prática musical brasileira no século dezenove,<br />
principalmente dos viajantes que aqui estiveram. As notícias sobre violão demonstram<br />
que o instrumento é praticado em São Paulo e restante do Brasil. Já em 1813 o viajante<br />
sueco Gustavo Beyer escreve que "canto e música são talentos comuns, que elas (as<br />
paulistas) revelam com a mesma graça e facilidade. O primeiro consiste nas conhecidas<br />
modinhas e os instrumentos mais freqüentes são o piano, a harpa, a guitarra e o órgão,<br />
dos quais a guitarra é o mais comum e tocado até entre o povo do campo" 6 . Entre<br />
outros escritores que atestam o uso do instrumento estão Levy Rocha, Auguste-Emílio<br />
Zaluar, Spix e Martius.<br />
Luiz D'Alincourt 7 publica em 1818 o livro Memória sobre a Viagem do Porto de<br />
Santos à Cidade de Cuiabá 8 , no qual escreve a respeito da cidade de São Paulo: "Tem<br />
esta cidade todas as proporções para o estabelecimento de uma Universidade; o baixo<br />
preço dos gêneros, a abundância deles, a salubridade do ar, a temperatura do clima, as<br />
poucas distrações, que se oferecem, finalmente tudo parece conspirar a preferir este a<br />
outro qualquer sítio para a cultura de letras. [...]. Os paulistas são trabalhadores,<br />
espirituosos, robustos, afáveis, generosos e bastantemente polidos; são dotados de<br />
talentos próprios para grandes coisas, assim os pudessem cultivar".<br />
5 Sobre esta questão, colocamos como “violão” todo o instrumento que se refere ao instrumento atual que<br />
recebe esta denominação, incluindo instrumentos correlatos dos séculos dezoito e dezenove, como a viola<br />
(guitarra de cinco ordens) e a própria guitarra (guitarra espanhola).<br />
6 BEYER, Gustavo. Ligeiras notas de viagem do Rio de Janeiro à capitania de São Paulo. Revista do<br />
Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, v. XII, p. 289, 1908.<br />
7 Nascido em Oeiras, Portugal, em 17 de fevereiro de 1787, D’Alincourt foi oficial de engenheiros, tendo<br />
numerosas e importantes comissões. Seu livro em questão foi publicado em1825.<br />
8 D’ALINCOURT, Luiz. Viagem do Porto de Santos à Cidade de Cuiabá (1818). São Paulo, Livraria<br />
Martins Editora S.A., 1980, pp. 34 e 35.
No dia primeiro de março de 1828, dez anos após a publicação do livro de<br />
D’Alincourt, é instituído o curso de Direito no prédio do Largo São Francisco em São<br />
Paulo, sendo de fundamental importância para o desenvolvimento cultural da cidade, até<br />
então bastante tímida.<br />
Talvez o mais importante livro sobre esta faculdade, no qual são narrados vários<br />
acontecimentos musicais e notícias importantes sobre a prática do violão, foi o escrito<br />
por Carlos Penteado de Rezende em 1954, intitulado Tradições Musicais da Faculdade<br />
de Direito de São Paulo 9 . O escritor observa o seguinte panorama da capital quando da<br />
vinda dos estudantes em 1828 10 : "1- Existência de dois teatros, um popular e sempre em<br />
uso, outro por assim dizer aristocrático e raramente aberto. 2- representação de peças<br />
musicadas, como óperas e operetas, com acompanhamento rudimentar. 3- Gosto das<br />
mulheres paulistas de cantar em serões e saraus e de dançar nos bailes. 4- Preferência<br />
geral pelas modinhas, ‘inteiramente ao gosto do público’. 5- Conhecimento das obras de<br />
Marcos Portugal, provando comunicação artística entre Côrte e Província. 6- Existência<br />
na capital de pianos, harpas, órgãos e guitarras e notícia de ser a guitarra, ou violão,<br />
instrumento popular. 7- Apuro em música sacra executada nas igrejas. 8- Desempenho<br />
musical de bandas marciais. 9- hábito de serenatas na vizinha localidade de Santo<br />
Amaro e possivelmente em São Paulo. 10- manifestações musicais de caráter<br />
folclórico".<br />
Vários estudantes poetas se utilizam do violão para acompanharem suas<br />
composições. O primeiro poema acadêmico, por exemplo, escrito pelo estudante<br />
mineiro Antonio Augusto de Queiroga, em 1834, possui acompanhamento deste<br />
instrumento musical. Vários outros estudantes podem ser citados, como Augusto<br />
Teixeira de Freitas, João Ribeiro Mendes e Batista Caetano de Almeida Nogueira.<br />
Na página 42 do livro, em que evidencia o trabalho estatístico do Marechal<br />
Daniel Pedro Müller, relativo ao ano de 1836, figuram na tabela número 15 do cadastro<br />
das profissões (capital), além de 21 músicos, 6 violeiros. Este termo violeiro aplica-se,<br />
a fabricantes ou vendedores de viola. Porém, sobre o violão solista utilizado por<br />
virtuoses europeus, na página 83 o autor escreve: "O instrumento preferido pelos<br />
acadêmicos prosseguia sendo o violão. Tanto que o Correio Paulistano andou<br />
anunciando para vender em sua tipografia um Método de Violão, de Francesco Molino,<br />
9 PENTEADO, Carlos Rezende. Tradições Musicais da Faculdade de Direito de São Paulo. São Paulo,<br />
Edição Saraiva, 1954.<br />
10 Idem, ibidem, p. 25.
que é, daquela época, a única referência didática musical que possuímos. Aliás, ainda<br />
não se imprimiam músicas em São Paulo. No máximo haveria copistas, talvez entre os<br />
funcionários da Sé Catedral. Tudo vinha de fora, da Corte ou da Europa, quer fossem<br />
livros, compêndios, partituras ou simples resmas de papel pautado".<br />
No mesmo livro escreve-se, a respeito da situação musical paulista na segunda<br />
metade do século dezenove, "Os professores de música eram poucos e mal habilitados.<br />
Os instrumentos e composições oferecidos à venda não primavam pela qualidade ou<br />
bom gosto. Nenhuma casa especializada no ramo se abrira ainda na cidade. E quando se<br />
realizava um concerto, o fato assumia aspectos de novidade sensacional. O público<br />
ignorante nada exigia, contentando-se com ouvir os seus trechos preferidos, geralmente<br />
tirados de óperas. Considere-se, também, que outrora os músicos não desfrutavam de<br />
prestígio social, nem tinham forças para combater o velho e arraigado preconceito de<br />
que o artista é um ser ocioso, inútil. Tudo, pois, contribuía para o marasmo geral" 11<br />
Havia, porém, conforme anúncios do jornal Correio Paulistano, vários professores de<br />
piano e canto, o que iria contra a afirmação de que o violão era o único instrumento<br />
estudado com esmero. E com relação aos compositores de modinhas e lundus, se faz<br />
difícil um maior aprofundamento, pois a maioria ficou no anonimato por não ter suas<br />
peças impressas e pelo fato de o gênero ser muito transmitido em tradição oral.<br />
O ambiente musical paulista começa a mudar quando o imigrante israelita<br />
francês Henrique Luís Levy inicia a venda de partituras musicais em sua loja de jóias,<br />
situada na Rua da Imperatriz, no centro da capital. Outra figura de destaque na segunda<br />
metade do século é a do professor francês Gabriel Giraudon, que passará à posteridade<br />
musical paulista como professor de Henrique Oswald, Luís Levy, Alexandre Levy,<br />
Antonieta Rudge e Magdalena Tagliaferro, todos pianistas.<br />
Ainda no livro de Penteado, na página 209, um daguerreótipo apresenta o<br />
período da mudança de um violão de modelo clássico para um modelo mais moderno,<br />
sendo este segurado por Luís Levy. A mudança é significativa, quando se observa a<br />
mão do instrumento (mais arredondada no caso do modelo antigo) e o cavalete (sem o<br />
detalhe da ornamentação, no caso do modelo moderno). Na figura, Luís Levy aponta<br />
para a palavra “cynismo” escrita na parede, cujo significado remete ao “spleen” – tédio,<br />
monotonia - tão em voga entre os estudantes da Faculdade de Direito desde a sua<br />
11 Idem, ibidem, p. 81.
fundação, principalmente entre poetas que lá passaram, como Álvares de Azevedo e<br />
Bernardo Guimarães 12 .<br />
Na década de 1860 São Paulo possui cinco teatros, sendo eles o Teatro da Ópera<br />
(no Pátio do Colégio), Teatro do Palácio do Governo (também situado no Pátio do<br />
Colégio), "Teatrinho alemão do Dr. Rath" 13 (situado no bairro da Glória, com<br />
capacidade para 500 pessoas, construído pelo engenheiro de mesmo nome), Batuíra<br />
(situado na Rua da Cruz Preta) e, o mais importante de todos, Teatro São José, situado<br />
no Largo de São Gonçalo. Este teatro, inaugurado em 1864 e destruído em 1898 por<br />
um incêndio, tornou-se um verdadeiro difusor de cultura para a capital. Em seu palco<br />
passariam nomes como o do músico Gottschalk e da atriz Sarah Bernhardt.<br />
Na década seguinte aparecem os primeiros ecos do progresso, com as<br />
conseqüências da imigração e da criação da estrada de ferro, apesar de não serem<br />
alterados os hábitos da população nem a fisionomia da cidade no decênio de 1860-<br />
1870 14 . Surgem novos professores de música, quase todos de piano e canto, nenhum<br />
conhecido de violão, não obstante afirmar-se que "de acordo com o costume da época, a<br />
música fazia parte obrigatória da educação feminina (...). Como as moças quase não<br />
12 Essa palavra era própria da gíria acadêmica, não tendo relação com a desfaçatez ou impudência.<br />
13 Escrito desta maneira no livro de Penteado.<br />
14 Idem, ibidem, p. 177.
saíam de casa, enchiam o tempo com os afazeres domésticos e divertiam-se dedilhando<br />
piano e violão e cantando" 15 .<br />
Ainda com relação ao instrumento, o jornal Correio Paulistano de 11 de maio de<br />
1864 publica um artigo sobre um sarau em que participaram o professor de piano<br />
Emílio do Lago e “um certo professor Lisboa”, que “executando trechos da Norma e da<br />
Traviata conseguiu extrair das cordas do seu violão os mais harmoniosos e suaves sons,<br />
que jamais violão algum poderá imitar” 16 . Há duas versões para esta peça de Verdi, a<br />
Fantasia sobre temas da Traviata, escrita pelo espanhol Francisco Tárrega, ou as<br />
mesmas variações, escritas por seu conterrâneo Julian Arcas. A de Norma é uma<br />
incógnita, pois não se conhecem variações ou fantasias sobre trechos dessa ópera no<br />
repertório violonístico. Apesar disso, durante todo esse decênio, não é registrado<br />
nenhum outro recital de violão.<br />
Na década seguinte começa a transformação da cidade de São Paulo em vários<br />
aspectos, citando-se como exemplo a inauguração do serviço de iluminação a gás, os<br />
bondes puxados por burros e o arruamento em redor da capital, além de intensificarem-<br />
se a leva de imigrantes na capital. Em 1873 são fundadas algumas sociedades musicais,<br />
Henrique Levy amplia ainda mais sua loja e em agosto é inaugurado o Teatro<br />
Provisório, que abrirá caminho para o Lírico no ano seguinte. É nesse contexto de<br />
mudanças que o advento da ópera se torna um marco na história artística da cidade.<br />
Ainda em 1873 nasce em Porto Feliz, Estado de São Paulo, um dos mais antigos<br />
violonistas a gravar discos no Brasil (em 1930), José Martins Duarte de Melo,<br />
conhecido como Melinho de Piracicaba. Este violonista fará parte do trio “Os Três<br />
Sustenidos” juntamente com os pioneiros Theotônio Corrêa e João Avelino de<br />
Camargo. Melinho começa a estudar violão no interior, pelo método de Matteo<br />
Carcassi sob orientação do professor Luiz Dutra, passando em seguida ao método de<br />
Dionísio Aguado com o português Alberto Baltar na capital paulista em 1898. Baltar é<br />
um dos mais antigos professores de violão erudito da cidade de São Paulo de que se tem<br />
notícia 17 . Sobre este, escreve Domingo Prat em seu Diccionario de Guitarristas 18 :<br />
“Alberto Baltar, violonista e compositor português, radicado na cidade do Rio de<br />
Janeiro, Brasil. Goza de grande popularidade e é apreciado por seus méritos de<br />
intérprete e compositor. Publicadas na revista A Voz do Violão, se lhe conhecem<br />
15 Idem, ibidem, p. 187.<br />
16 Idem, ibidem, p. 190.<br />
17 VIOLÃO E MESTRES, n.º 7, 1967, p. 25.<br />
18 PRAT, Domingo. Diccionario de guitarrista., Casa Romero y Fernandez, Buenos Ayres, 1934, p. 38.
algumas peças originais, e pela Violão, outras. Possui uma grande quantidade de temas<br />
folclóricos do Brasil adaptados ao violão, os quais vieram à luz pelas citadas<br />
publicações”.<br />
Como coincidência, Melinho de Piracicaba começa seus estudos de violão em<br />
1889, ano da proclamação da República e data de nascimento do principal violonista do<br />
início do desenvolvimento da arte do violão solista no Brasil, o paulistano Américo<br />
<strong>Jacomino</strong> “Canhoto”.<br />
As décadas de 1860, 1870 e 1890 marcam a data de nascimento de três<br />
migrantes nordestinos ao Rio de Janeiro que terão fundamental importância para a<br />
prática do violão solista no Brasil: Sátiro Bilhar (1860/1927), Joaquim Francisco dos<br />
Santos (1883/1935), conhecido como Quincas Laranjeiras, e João Teixeira Guimarães<br />
(1883/1947), mais conhecido como João Pernambuco. Este último fará várias<br />
apresentações em São Paulo, primeiramente com seu Grupo de Caxangá e<br />
posteriormente com os Oito Batutas, seminal grupo de choro do qual farão parte<br />
também Pixinguinha e Donga. Dos três violonistas citados, apenas João Pernambuco<br />
deixará registrado seu trabalho em discos, sendo ainda um dos poucos violonistas do<br />
período a se manter no repertório.<br />
Com esses nomes, o violão atingirá a maturidade necessária para o início de seu<br />
desenvolvimento em princípios do novo século, sendo beneficiado pela era das<br />
gravações e pelo ambiente musical do choro, no Rio de Janeiro, e das serestas, em São<br />
Paulo.<br />
I.3 – O ambiente violonístico em São Paulo – 1900/1930<br />
No primeiro decênio do século vinte, entre 1903 e 1908, o violonista cubano Gil<br />
Orosco leciona na capital paulista, sendo um dos mais antigos violonistas estrangeiros a<br />
passar pela cidade. Em 1904 Orosco realiza um recital no Teatro Santana, apresentando<br />
“obras clássicas, zarzuelas espanholas e uma Fantasia Original, de sua própria<br />
autoria” 19 .<br />
19 VIOLÃO E MESTRES, São Paulo, ano II, n.º 07 p. 25.
Já na década seguinte, em 13 de julho de 1911 o guitarrista espanhol Manuel<br />
Gomes, "recém-chegado a esta capital" 20 , apresenta um recital aos representantes da<br />
imprensa, na Casa Bevilacqua. A crítica assim se refere ao recital 21 :<br />
“É, com efeito, um artista de valor o violonista espanhol Manuel Gomes, que<br />
ontem à noite, no salão da Casa Bevilacqua, ofereceu uma audição aos representantes da<br />
imprensa.<br />
“Na música pura como nas mais ligeiras composições o instrumento, nas mãos<br />
do Sr. Manuel Gomes, é de uma docilidade veludosa e as suas notas espalham-se pelo<br />
ambiente com uma limpidez de cristal.<br />
“No tango americano e nas jotas aragonezas o executante soube graduar as<br />
vibrações, dando-nos efeitos imprevistos, reduzindo-os a uma expressão quase<br />
imperceptível.<br />
“O auditório premiou com calorosas palmas todos os números executados.<br />
“O sr. Manuel Gomes deve-se apresentar ao público por estes dias”.<br />
O primeiro recital aberto ao público acontece no dia 14 de agosto, no Salão<br />
Nobre do Centro Espanhol. A crítica no dia seguinte escreve que o salão estava “repleto<br />
de exmas. Famílias e cavalheiros que com entusiasmo aplaudiram o Sr. Gomes, que<br />
executou com perícia”. O programa apresentou as seguintes peças:<br />
Primeira Parte:<br />
- Julian Arcas: Aires Andaluzas<br />
a) Petenera; b) Granadina; c) Malaguenha<br />
- Veiga: Gallegada<br />
- Verdi: Miserere “do Trovador”<br />
- :Sítio de Bilbao<br />
- Gomes: Serenata<br />
Segunda Parte:<br />
- Vinhas: Fantasia Brilhante<br />
20<br />
“Concerto de Violão”. O Estado de S. Paulo, ano 37, coluna Artes e Artistas, 13 de julho de 1911, p.<br />
06.<br />
21<br />
“Concerto de Violão”. O Estado de S. Paulo, ano 37, coluna Artes e Artistas, 14 de julho de 1911,<br />
p.05.
- Damas: Tango Americano<br />
- Arcas: Bolero<br />
Gran Jota<br />
As obras demonstram uma formação erudita-popular do violonista, com tendências<br />
a uma música de inspiração popular espanhola, como as de Vinhas e Damas. Julian<br />
Arcas por sua vez teria sido o principal violonista espanhol do período anterior a<br />
Francisco Tárrega, de quem é provável a autoria da última música apresentada, a Gran<br />
Jota, cuja execução seria realizada muitas outras vezes no Brasil por outros violonistas,<br />
assim como a transcrição do Miserere da ópera Trovatore, de Verdi, que também<br />
figurou no programa.<br />
Este será o único violonista a aparecer na época em São Paulo com a divulgação<br />
da imprensa. Manuel Gomes não figura no Diccionario de Guitarristas, de Domingo<br />
Prat, nem em outros dicionários posteriores, o que dificulta a obtenção de dados<br />
expressivos para sua biografia.<br />
Já em 1914, no dia 22 de fevereiro, o violonista e luthier Francisco Pistoresi,<br />
realiza recital de violão apresentando um instrumento de seu invento denominado<br />
diamenofone, no qual se flagra um aberto ataque de preconceito ao violão. O jornal O<br />
Estado de São Paulo escreve 22 :<br />
“Com seleta assistência, composta de representantes da imprensa, artistas e<br />
professores, realizou-se ontem, no salão nobre do Conservatório, a experiência do<br />
interessante invento do Sr. Francisco Pistoresi. Esse invento consiste num pequeno<br />
aparelho, muito simples, destinado a ser aplicado a todos os instrumentos de corda,<br />
tanto de arco como de teclado para a produção de nota contínua ou prolongada.<br />
“Ouvimos a execução de um pequeno repertório ao violoncelo e ao violão, sobre<br />
os quais está aplicado o referido aparelho, e a impressão que nos causou foi excelente.<br />
O violoncelo executado sem arco, com perfeição emitia notas muito agradáveis e de<br />
grande intensidade.<br />
“O violão, que atualmente é um instrumento vulgar e, por isso, sem valor, por<br />
intermédio desse aparelho fica completamente transformado e adquire uma dignidade<br />
superior.<br />
22 “Um interessante invento”. O Estado de S.Paulo, ano 40, coluna Artes e Artistas, 22 de fevereiro de<br />
1914, p. 03.
“Tal instrumento, executado com a nota contínua, assemelha-se perfeitamente a<br />
um poderoso orgão ou harmônio.<br />
“Estas são as aplicações atuais e iniciais do invento. Porém onde ele produzirá<br />
melhor resultado será no piano e na harpa, conforme pretende fazer mais tarde o<br />
inventor.<br />
“A audição a que assistimos convenceu-nos completamente do grande valor<br />
artístico do invento e do brilhante futuro que lhe está reservado.<br />
“Consideramos, somente pelo que tivemos ocasião de ouvir, que a arte musical<br />
ficará transformada com esse invento.<br />
“Foi o seguinte o programa a que obedeceu a audição:<br />
- C. Gounod: Ave-Maria<br />
- R. Schumann: Traumerei<br />
- E. Dunkler: Reverie<br />
- G. B. Pergolesi: Sicilienne<br />
- A. Stradella: Preghiera<br />
“Para finalizar a experiência, o sr. Francisco Pistoresi executou ao violão a<br />
Traumerei de Schumann, tendo sido acompanhado ao violoncelo pelo professor<br />
Simoncelli.<br />
“Enfim, tratando-se de um invento muito recente é impossível dizer-se desde já,<br />
em uma simples notícia, as vantagens de suas aplicações”.<br />
Os termos utilizados para o violão, como sendo "vulgar, e por isso sem valor",<br />
demonstram como ele é visto por pelo menos uma parte da sociedade. Mas Alfredo<br />
Pistoresi apresenta em julho do mesmo ano seu invento para o público, com divulgação<br />
da imprensa, antes de tentar seu sucesso na Europa. Sobre a audição escreve o jornal O<br />
Estado de São Paulo 23 :<br />
“Conservatório Dramático e Musical - Amanhã, no salão deste estabelecimento<br />
realiza-se um concerto em que será posto à prova um invento do fabricante de<br />
instrumentos de música, sr. Alfredo Pistoresi.<br />
“Trata-se de dar a dois instrumentos de corda o som contínuo, coisa até hoje<br />
desconhecida. Pelo invento do sr. Pistoresi, esses dois instrumentos produzirão em<br />
23 “Concerto”. O Estado de S. Paulo, ano 40, coluna Artes e Artistas, 04 de julho de 1914, p. 05.
força, sonoridade, harmonia e intensidade, uma riqueza musical que dez instrumentos<br />
juntos não produziriam.<br />
“O sr. Pistoresi vai partir para a Europa, a fim de apresentar o seu invento, que<br />
se chama ‘Diamenofone’ ao Centro Musical de Milão.<br />
“No concerto de amanhã, às 20 horas, será observado o seguinte programa:<br />
Primeira Parte<br />
- Godard: Berceuse de Jocelin<br />
- Schumann: Traumerei<br />
- Gounod: Ave Maria<br />
- M. Giuliani: Gavotta (solo para guitarra)<br />
- Becker: Scherzo<br />
Segunda Parte<br />
- Rossini: Stabat Mater (cujus animan)<br />
- Handel: Largo Celebre<br />
- Boccherini: Minuetto<br />
- Dunkler: L'Absence<br />
- Wagner: Tannhauser – Marcha<br />
“Tomam parte nesta audição os srs. Professores Savério R. Simoncelli e Floriano<br />
Steffan.<br />
“Os bilhetes acham-se à venda em todas as casas de música”.<br />
É a última notícia sobre o diamenofone, que pelo visto não alcançaria a<br />
pretensão desejada por Pistoresi.<br />
Em 5 de fevereiro de 1915, Affonso Arinos realiza uma conferência na<br />
Sociedade Cultura Artística em São Paulo, com o título Lendas e Tradições Brasileiras.<br />
É quando aparece em São Paulo um conjunto de nome Grupo de Caxangá, embrião de<br />
um seminal grupo de choro posteriormente denominado Os Oito Batutas, que tinha em<br />
sua liderança o violonista pernambucano João Teixeira Guimarães, residente no Rio de<br />
Janeiro, com nome artístico de João Pernambuco.<br />
Affonso Arinos continua suas conferências acompanhadas de sarau na mesma<br />
Sociedade de Cultura Artística, versando ora sobre “O Rio S. Francisco e suas lendas”,
ora sobre “A Serra das Esmeraldas”, ou ainda sobre “As principais bandeiras”. Nesta<br />
ocasião o poeta e cantor Catullo da Paixão Cearense cantaria "várias trovas populares",<br />
acompanhando-se ele mesmo ao violão.<br />
Ainda em 1915, no início de março ocorre o recital do guitarrista (guitarra<br />
portuguesa) Martinho Gouveia de Vasconcellos, que se fez acompanhar pelo jovem<br />
violonista Oswaldo Soares, futuro aluno da espanhola Josefina Robledo e<br />
correspondente paulista da revista carioca A Voz do Violão, que circularia entre 1929 e<br />
1930. Soares executa como peça solo o Capricho Árabe, de Tárrega.<br />
Deste momento até o fim da década de vinte, São Paulo verá a passagem dos três<br />
principais nomes que ajudaram no desenvolvimento do violão como instrumento solista<br />
no Brasil, sendo eles o paraguaio Agustín Barrios, a espanhola Josefina Robledo e o<br />
paulistano Américo <strong>Jacomino</strong>, os quais, pela importância, serão tratados em itens<br />
separados.<br />
Já em 1920, no dia 20 de novembro, em Campinas ocorre um recital do<br />
violonista Jorge Aleman Moreira e seu filho Oscar Marcello Aleman, de nove anos de<br />
idade. A notícia também é única, sem programa.<br />
Em 14 de fevereiro de 1921 o violonista Benedicto Soares Capelo apresenta-se<br />
na redação da revista A Cigarra, com um interessante programa que consiste nas<br />
seguintes peças:<br />
Primeira Parte<br />
- Napoleão Coste: Estudo em lá maior<br />
- Emílio Pujol: Canção do Berço<br />
- H. Montey: Valsa de Concerto<br />
- Mendelssohn: Romanza sem Palavras, arranjo de Tárrega<br />
Segunda Parte<br />
- Verdi: Miserere da ópera Trovador<br />
- Beethoven: Adagio da Sonata Patética, arranjo de Tárrega<br />
- Chopin: Noturno n.º 2 op. 9, arranjo de Tárrega<br />
Não foram encontradas maiores informações sobre este violonista. Pelo<br />
programa podemos perceber que ele talvez tivesse mantido contato com Josefina
Robledo, tal a quantidade de arranjos de Tárrega, além da peça de Emílio Pujol, também<br />
interpretada pela violonista espanhola quando de seus recitais em São Paulo.<br />
Poucos dias depois, na Folha da Noite de 19 de fevereiro aparece a notícia de<br />
que no salão do Correio Paulistano haverá uma audição dos Oito Batutas, com a<br />
observação de que o grupo estaria sendo “dirigido pelo violonista Américo <strong>Jacomino</strong>”.<br />
É a única informação encontrada deste evento, pouco divulgado entre artigos sobre<br />
<strong>Jacomino</strong> e os Batutas.<br />
O ano de 1922 é pouco produtivo para o violão em São Paulo. Apenas em<br />
novembro novamente João Pernambuco aparece na capital paulista, desta vez com um<br />
novo grupo, os Turunas Pernambucanos. Assim escreve o Jornal O Estado de São<br />
Paulo de 14 de novembro de 1922 24 :<br />
"O apreciado folclorista Cornélio Pires, que acaba de realizar no Rio, com<br />
sucesso, a ‘Semana sertaneja’, acha-se de novo nesta capital, onde organizou, com o<br />
concurso dos Turunas Pernambucanos, uma série de festas nacionalistas intituladas<br />
‘Noites Sertanejas’.<br />
“A primeira dessas festas, a que está destinado, sem dúvida alguma, merecido<br />
êxito, será no dia 18 do corrente, no Teatro Brasil, que se vai seguramente encher de<br />
uma assistência elegante e distinta.<br />
“Fazem parte do grupo dos Turunas: Pernambuco (Violão); Piquá (chocalho);<br />
Jararaca (violão e cantos sertanejos característicos); Sapequinha (cavaquinho); Caxangá<br />
(violão); Cobrinha (pandeiro); Pirajá (réco-réco) e Ratinho (saxophone).<br />
“Cornélio Pires falará sobre: Caipiras; sua educação, resistência, desconfiança e<br />
docilidade; casos jocosos de sua simplicidade; presença de espírito; vida roceira.<br />
“Intercalados nas pilhérias, estes números dos Turunas: I - Vamos pra Caxangá<br />
(choro do Norte); II - Passarinho Verde (toada do sertão); III - Sambinha de viola; IV -<br />
A espingarda (canto sertanejo); V - Bamo simbor Maria (canção sertaneja); VI -<br />
Variações de saxofone, pelo Ratinho.<br />
“Como se vê, o programa de estréia é magnífico.<br />
“Sexta-feira será oferecida uma audição à imprensa”.<br />
24 Noites Sertanejas. O Estado de S. Paulo, ano 48, col. A Sociedade, 14 de novembro de 1922, p.4.
No mesmo ano, dia 17 de novembro o jornal publica artigo com os verdadeiros<br />
nomes dos Turunas, sendo eles Severino Rangel (Ratinho), João Teixeira Guimarães<br />
(Pernambuco), José Calazans (Jararaca), Cypiano Silva (Pirana), Robinson, Florêncio<br />
(Sapequinha), Aldemaro Adour (Cobrinha), Abrantes Pinheiro (Jandaia) e José Villela<br />
(Cariry). A crítica do dia 19 é bastante favorável, tendo obtido o teatro boa assistência,<br />
o mesmo ocorrendo nos dias dos recitais seguintes (entre 20 de novembro e 1 de<br />
dezembro), no Teatro Brasil, Teatro Municipal (por ocasião da “Tarde da Criança” em<br />
benefício do “Asilo da Sagrada Família”), Cine-Teatro República e Teatro São Pedro.<br />
Já em 15 de dezembro o jornal O Estado de São Paulo anuncia a audição à<br />
imprensa da “Troupe Regional dos Oito Turunas Paulistas” no salão nobre do Correio<br />
Paulistano, o que ajuda a demonstrar a grande rapidez com que os sucessos eram<br />
assimilados.<br />
Passando para 1924, a primeira notícia de apresentação de um violonista<br />
acontece em 29 de abril, na conferência mensal da Associação dos Ex-alunos<br />
Salesianos, com o professor Leopoldo Silva tocando a Fantasia sobre temas do<br />
Guarani, de Carlos Gomes, peça gravada por <strong>Jacomino</strong> e constantemente apresentada<br />
em público.<br />
Enquanto isto, inaugura-se no Parque D. Pedro I o Palácio da Agricultura e da<br />
Indústria, que seria a futura sede da Rádio Bandeirantes, e a Sociedade Rádio<br />
Educadora dirige uma circular a todas as Câmaras Municipais do interior, solicitando<br />
apoio para o desenvolvimento da Radio-Telefonia em São Paulo, "com intuitos<br />
meramente educativos" 25 . Instalavam-se também microfones para a irradiação de<br />
recitais como o da pianista Magdalena Tagliaferro. Os primeiros lugares a serem<br />
contemplados foram o Teatro Municipal de São Paulo, o Teatro Santana e o Salão do<br />
Conservatório Dramático e Musical. As irradiações ocorriam às terças, quintas e<br />
sábados, das 21 horas em diante.<br />
Em 15 de maio do mesmo ano, no Salão do Conservatório Dramático e Musical<br />
o violonista Domingos Anastácio da Silva realiza um interessante recital, com peças<br />
originais e de outros autores, cumprindo o seguinte programa:<br />
Primeira Parte<br />
-Francisco Manoel da Silva: Hino Nacional<br />
25 Sociedade Rádio Educadora Paulista. O Estado de S.Paulo, São Paulo, ano 50, 09 de maio de 1924, p.<br />
4.
- Verdi: Miserere da ópera Trovador<br />
-Domingos da Silva: Fantasia da Solidão<br />
-Domingos da Silva: Noite de Estrelas<br />
- J. Machado: Tempestade (tarantela)<br />
-Domingos Silva: Valsa<br />
Segunda Parte<br />
- Levino Conceição: Alvorada<br />
- Carlos Gomes: Fantasia do Guarani<br />
- Domingos Silva: Alice<br />
- Domingos Silva: Eu Quero Ver<br />
- Domingos Silva: Combate Irresistível<br />
- Barrios: Bicho Feio<br />
É interessante notar que novamente a Fantasia do Guarani estava presente, além<br />
de uma peça do violonista cego Levino Albano da Conceição e a música Bicho Feio, de<br />
Barrios, número infelizmente perdido e jamais publicado.<br />
O mesmo Domingos Anastácio da Silva se apresenta em Campinas em 24 de<br />
setembro, sendo chamado pela Gazeta de Campinas de “verdadeiro rival de Barrios”:<br />
Primeira Parte<br />
- Francisco Manoel da Silva: Hino Nacional<br />
- Domingos A. Silva: Amor Eterno (polca)<br />
- S. Machado: Bolero (Sonhando)<br />
- Noite de Estrelas (valsa) – dedicada á exímia escritora gaúcha, mme.<br />
Andradina de Oliveira.<br />
- S. Machado: Tempestade (tarantela)<br />
- Domingos A. Silva: Eu quero Ver (tango) – (a execução é feita com o violão nas<br />
costas)<br />
Segunda parte<br />
- Levino Albano: Alvorada Brilhante –– marcha com variações e funções harmoniosas<br />
- Giuseppe Verdi: Miserere, da ópera Trovador<br />
- Carlos Gomes: Fantasia, da ópera O Guarani
- Domingos A. Silva: Marina Correa (valsa) –– dedicada à menina Marina Correa<br />
Lino<br />
- Barrios: Bicho Feio (tango)<br />
- Domingos A. da Silva: Combate Irresistível (dobrado) - Grande sucesso em São<br />
Paulo e Rio de Janeiro, com imitação de descargas de fuzil e metralha, troar de canhão,<br />
toque de cornetas e rufos de tambores.<br />
Na crítica do dia seguinte, o mesmo jornal escreve que “o programa organizado<br />
teve bom desempenho, tendo o professor Domingos Anastácio recebido grande salva de<br />
palmas” 26 .<br />
O ano de 1925 começa com Aristodemo Pistoresi (filho de Francisco Pistoresi)<br />
se apresentando no dia 2 de janeiro, sendo este o primeiro concerto de violão erudito<br />
transmitido pela Rádio em São Paulo. Infelizmente não é publicado o programa desta<br />
apresentação. Em 20 de fevereiro Pistoresi toca a Marietta e Recuerdos de Alhambra,<br />
de Tárrega, e um Noturno de Chopin, na União Católica Santo Agostinho, sendo talvez<br />
algumas das mesmas músicas apresentadas no rádio no mês anterior.<br />
Na Rádio Club, no dia 19 de maio do mesmo ano, o violonista Francisco Lerosa<br />
apresenta a Tarantela de Levino Albano. Canhoto dá novamente um sarau no<br />
Conservatório Dramático, desta vez com a participação de Roque Ricciardi e Santino<br />
Gianatasio, com acompanhamento de piano. No final do mês, dia 28, quem aparece<br />
para tocar é o violonista João Avelino de Camargo, integrante do trio "Os Três<br />
Sustenidos", executando suas peças Gavotte, Choro Paulista e A Lágrima, no salão<br />
nobre da União Católica Santo Agostinho. O mesmo violonista se apresenta no dia 27<br />
de agosto em outro sarau promovido pela mesma União Católica, apresentando<br />
Recuerdos de Alhambra, de Tárrega, e mais três números extras; e ainda no dia 12 de<br />
outubro com as músicas A Lágrima, de Sagreras, Choro Paulista e Recordação<br />
Saudosa, ambas de sua autoria.<br />
Ainda em 1925, na coluna Notícias Teatrais do jornal O Estado de São Paulo de<br />
3 de junho aparece a notícia de que o jovem Aristodemo Pistoresi havia dado uma<br />
audição à imprensa no salão do Correio Paulistano, executando peças de Chopin,<br />
Albeniz, Tárrega, Paderewsky, Mendelssohn, Schumman e Barrios. Foi a prévia de seu<br />
concerto do dia 10, que seria irradiado pela Sociedade Rádio Educadora Paulista. A<br />
26 “Concerto de Violão”. Gazeta de Campinas, ano 23, 25 de setembro de 1924, coluna Artes e Artistas,<br />
p.1.
crítica é boa, afirmando que "a assistência foi escolhida e avultada, aplaudindo<br />
calorosamente o distinto artista que na execução do bem escolhido programa confirmou<br />
o conceito que merecera na sua exibição à imprensa, mostrando-se possuidor de boa<br />
escola e dotado de fino temperamento. Ao seu domínio do instrumento corresponde<br />
bem a sua versatilidade de interpretação, o que o faz, atualmente, um artista digno de<br />
atenção, prometendo ainda melhores e maiores realizações para o futuro” 27 .<br />
Dia 27 de novembro novamente Aristodemo Pistoresi apresenta uma parte de<br />
violão em outro recital promovido pela Associação de ex-alunos Salesianos, situada na<br />
Alameda Nothmann. O violonista toca Mathilde (mazurca), de C. Garcia; Adágio, de<br />
Beethoven; Sonho, de Tárrega; Canção do Berço, de Pujol; Tua Imagem, de Barrios;<br />
Ontem ao Luar, de Alcântara; Granada, de Albeniz; Miserere da ópera Trovador, de<br />
Verdi; Noturno op. 9 n.º 2, de Chopin; e Capricho Árabe, de Tárrega.<br />
Este concerto não é irradiado, mas Pistoresi, "conhecido artista paulistano, filho<br />
de conhecido industrial, fabricante de instrumentos de cordas" 28 , acompanha os recitais<br />
do violonista paraguaio Pablo Escobar no salão do Conservatório Dramático e Musical,<br />
em 14 de dezembro. As poucas notícias existentes sobre o violonista falam que Pablo<br />
Escobar Cáceres havia nascido em 22 de junho de 1900 em San Jose de los Arroyos,<br />
mudando-se para Assunção para estudar violão e solfejo no Instituto Paraguaio, sendo<br />
orientado por Dionísio Basualdo. O violonista apresentou-se como solista no ato<br />
artístico “La Peregrinacioón de Caacupé”, organizado pelo irmão de Agustín Barrios,<br />
Martin. Apresentou-se também com sucesso no Salão da Sociedade Italiana em<br />
Assunção, partindo em seguida para a apresentação em São Paulo.<br />
A notícia sobre o recital do Conservatório será publicada desta forma no Estado<br />
de São Paulo 29 :<br />
"São Paulo conta inúmeros apreciadores de violão. Por isso é natural que, hoje à<br />
noite, a sala do Conservatório Dramático e Musical reúna um público numeroso. É que<br />
ali se realizará, como temos anunciado, o concerto do violonista paraguaio sr. Pablo<br />
Escobar, com o gracioso concurso do sr. Aristodemo Pistoresi, um dos mais distintos<br />
artistas de violão em nossa capital.<br />
27<br />
“Festival do Violonista Aristodemo Pistoresi”. O Estado de S. Paulo, São Paulo, ano 51, coluna Palcos<br />
e Circos, 11 de junho de 1925, p. 6.<br />
28<br />
“Concerto de Violão”. O Estado de S. Paulo, São Paulo, ano 51, coluna Artes e Artistas, 14 de<br />
dezembro de 1925, p. 3.<br />
29<br />
“Concerto de Violão”. O Estado de S. Paulo, São Paulo, ano 51, Coluna Artes e Artistas, 16 de<br />
dezembro de 1925, p. 2.
“Essa hora de arte despertou desde logo muitas simpatias, pois o artista que<br />
agora nos visita veio em companhia dos escoteiros paraguaios e, nas festas oferecidas<br />
àqueles rapazes, teve oportunidade de se fazer ouvir, recebendo justos aplausos. O<br />
programa desta noite, carinhosamente escolhido, conta uma linda composição do<br />
violonista paraguaio.<br />
Primeira Parte<br />
- Dr. Pinho: Marcha Paraguaia<br />
- Iparraguirre: El Huerfano<br />
- Escobar: Recuerdos de Zavala<br />
- Barrios: Jha! Che Valle<br />
Segunda Parte<br />
- Barrios: Madrigal<br />
- Garcia: Meditation<br />
- Tarrega: Capricho Árabe<br />
- Barrios: Valsa n.º 4<br />
Terceira Parte<br />
Dois violões, pelos srs. Pablo Escobar e Aristodemo Pistoresi.<br />
- Garcia: Mathilde<br />
- Alcântara: Ontem ao Luar<br />
- Sinópoli: Vidalita<br />
- Tárrega: Recuerdos de Alhambra”<br />
A crítica do dia seguinte será bastante favorável ao concerto, irradiado nesta<br />
ocasião pela Sociedade Rádio Educadora Paulista. Escobar ainda tocará alguns números<br />
na rádio em 15 de dezembro, em especial peças de seu conterrâneo Agustín Barrios, e<br />
um recital no salão do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo no dia seguinte,<br />
tocando a Marcha Paraguaia, El Huerfano e Recuerdos de Zavala, de sua autoria, Jha!<br />
Che Valle e Madrigal, de Barrios, Meditation, de Garcia, Capricho Árabe, de Tarrega e<br />
Valsa n.º 4, de Barrios. Foi o último grande acontecimento violonístico do ano de 1925.<br />
Uma interessante notícia será a da apresentação de João Pernambuco<br />
acompanhando o poeta Catullo da Paixão Cearense, no Teatro Apollo. Os dois
acabariam anos depois envolvendo-se numa disputa histórica por causa da canção Luar<br />
do Sertão, terminando na justiça para provar de quem era a música, persistindo até hoje<br />
uma polêmica quanto ao assunto.<br />
Em 1926, no final do ano, quem mais se apresenta ao violão é Francisco Larosa<br />
Sobrinho, tocando em dezembro nos dias 4, 11, 18 e 25, em geral, peças de sua própria<br />
autoria.<br />
Já em 1927, no dia 5 de março, no salão da SREP apresenta-se o Grupo dos<br />
Turunas, formado por João de Lucca, Juca, Carlos Fernandes, Moacyr Pini, José e Zeca,<br />
composto de violinos, violões, cavaquinho e clarinete. No mesmo programa,<br />
Dormeville de Camargo, Luiz Buono e Aristodemo Pistoresi, este tocando a Vidalita, de<br />
Sinópoli, El Huerfano, de Pistoresi, Miserere da ópera Travador, de Verdi (arranjo de<br />
Sagreras) e Capricho Árabe, de Tárrega. Estes violonistas começam cada vez mais a<br />
aparecer em apresentações pela capital, em geral no rádio.<br />
Outro violonista a se apresentar é Benedito Chaves, com o seguinte programa<br />
para a Sociedade Rádio Educadora Paulista:<br />
- E. Campos: Ave-Maria<br />
- Firpo: Sentimento Crioulo - tango<br />
- Chaves: Marcha Militar<br />
- Cachafaz: Tango<br />
- Chaves: Lágrimas de mãe - valsa<br />
Madrugando - maxixe<br />
- Toselli: Rimpianto - serenata<br />
Na rádio em 2 de abril de 1927 apresenta-se o violonista Antônio Giacomino -<br />
que nenhum parentesco possui com Canhoto - tocando a Canção do Berço, de Pujol;<br />
Reverie, de Schumann; e Uma Lágrima, de Sagreras. No mesmo dia, Dormeville de<br />
Camargo e Luiz Buono, este tocando Abismo de Rosas, Cateretê Paulista e Gavotta.<br />
Dia 10 do mesmo mês estréiam no Teatro Apollo, na capital, os Turunas da<br />
Mauricéia, tendo entre seus integrantes o cantor Augusto Calheiros e o violonista<br />
Manuel Lima "Manuelito", ambos premiados no concurso O que é Nosso, do Rio de<br />
Janeiro.<br />
No ano de 1928, a Congregação Mariana de Santa Efigênia realiza em 12 de<br />
fevereiro uma apresentação em que participa o violonista João Avelino de Camargo,
que integra o primeiro trio de violões de São Paulo, chamado Trio Os Três Sustenidos.<br />
No programa o violonista apresenta as peças Organito de la Tarde, Edith (gavota) e<br />
Lágrima (Garpar Sagreras).<br />
A próxima notícia importante para o meio violonístico em 1928 será a<br />
apresentação do argentino Juan M. Rodrigues no salão do Conservatório Dramático e<br />
Musical, em 24 de outubro. O programa consta das seguintes peças:<br />
Primeira Parte<br />
- F. Sor: Allegretto de la Sonata op. 22<br />
Gran Andante em lá maior<br />
Cantabile<br />
Segunda Parte<br />
Andantino<br />
Minueto (andante expressivo)<br />
- J. A Rodrigues: Esitylo Classico<br />
Coral del Norte<br />
- Souto Rodrigues: Maxixe<br />
Chacarera (Gota de Água)<br />
- J. A Rodrigues: Minuet Federal (Época de Rosas, 1840)<br />
Terceira Parte<br />
- Porcel: Solitário (Mazurca Bouquet de Salão)<br />
Canção de Hilanderas (Serenata Mexicana)<br />
Danza Oriental (Valle de las Odaliscas)<br />
Divertissement op. 16<br />
Célebre Minueto (Allegro Cantabile)<br />
O jornal O Estado de São Paulo assim se manifestaria 30 :<br />
"Realizou-se ontem, às 21 horas, no salão do Conservatório, o concerto de violão<br />
do notável artista argentino sr. Juan A. Rodrigues. O programa organizado para esse<br />
recital incluía diversas peças clássicas, que tiveram magnífica interpretação por parte do<br />
30 “Juan A Rodrigues”. O Estado de S. Paulo, ano 54, Coluna Artes e Artistas, 25 de outubro de 1928, p.<br />
2.
distinto violonista, tendo o público seleto que acorreu ao recital aplaudido<br />
calorosamente todos os números do programa.<br />
“Foram especialmente apreciados, ademais, o Coral del Norte, de autoria do<br />
concertista, e o Maxixe, de Eduardo Souto".<br />
Juan Rodrigues volta a se apresentar no Teatro Santa Helena em 17 de<br />
novembro, enquanto Benedito Chaves se apresenta em 23 do mesmo mês, tocando entre<br />
outros compositores Chopin e Carlos Gomes.<br />
Até 1930 ocorrem recitais esparsos de violão, como em 20 de abril de 1929,<br />
quando o trio Os Três Sustenidos, formado por João Avelino de Camargo, José Martins<br />
de Mello e Theotonio Corrêa se apresentam no salão do Conservatório Dramático e<br />
Musical de São Paulo. No mesmo dia Carlos Alberto Collet e Silva se apresenta na<br />
sede da Congregação Mariana, interpretando o Capricho Árabe e Recuerdos de<br />
Alhambra, de Tárrega; uma Valsa de Chopin; e o Miserere da ópera Trovador, de<br />
Verdi. Juan Rodrigues volta a se apresentar em 16 de maio de 1929 no Teatro Apollo,<br />
sem crítica impressa.<br />
Um grande evento ocorre em 15 e 22 de junho de 1929, quando o então jovem<br />
violonista Regino Sainz de la Maza se apresenta no Teatro Municipal. Será mais um<br />
dos virtuoses a se apresentar no Brasil, contribuindo para a consolidação do instrumento<br />
na cidade e no país. La Maza nasceu em Burgos, em 7 de setembro de 1897, iniciando-<br />
se ao violão em 1910. Radicou-se na Argentina em 1913, retornando a Madrid para<br />
estudar com Daniel Fortea. Em 1939 o compositor Joaquin Rodrigo lhe dedicaria o<br />
conhecido Concierto de Aranjuez, tendo o mesmo violonista sido dedicatário de outra<br />
importante obra para violão nos anos 30, a Sonata, de Antonio José.<br />
Assim se manifesta o jornal O Estado de São Paulo, quando de seu primeiro<br />
concerto na capital paulista 31 :<br />
"A Espanha criou uma verdadeira escola de violão que tem elevado esse<br />
instrumento, em verdade pobre, a ponto de formar verdadeiros ‘virtuosi’ de concerto.<br />
Entre eles ocupa lugar de destaque o sr. Sainz de la Maza.<br />
prestígio.<br />
“Quem o ouvisse ontem, no Municipal, conpreenderia facilmente a razão desse<br />
31 Sainz de la Maza. O Estado de S. Paulo, ano 55, Coluna Artes e Artistas, 16 de junho de 1929, p. 4.
“O grande violonista espanhol é realmente, no seu gênero, um artista notável.<br />
Reúne a uma técnica que se afigura inexcedível, uma bela sonoridade, raro senso de<br />
ritmo e grande musicalidade.<br />
“O programa de ontem, muito bem organizado, teve execução admirável. Sainz<br />
de la Maza que interpretou a Bourrée, de Bach, numa linha impecável, foi vibrante e<br />
característico no esplêndido choro (sic) de Villa-Lobos, bem como no Fandanguillo, de<br />
Turina, e no Vito e Zambra, de sua autoria.<br />
“O sr. Sainz de la Maza dará o seu segundo concerto na próxima quinta-feira e<br />
terá necessariamente numeroso público a aplaudi-lo”.<br />
Sainz de La Maza aproveitaria sua passagem pelo Brasil para gravar no dia 26<br />
de junho 3 discos pela Odeon, compreendendo os números 10431 (El Vito e Mazurca),<br />
10432 (Motivo Andaluz e Scherzo Gavota) e 10433 (Reverie, de Tárrega e Boureé, de<br />
Bach), sendo todos lançados no mês de agosto do mesmo ano.<br />
Outro evento será o recital dos alaudistas do Quarteto Aguilar, formado pelos<br />
irmãos Ezequiel, José, Elisa e Francisco. Infelizmente não é publicado o programa do<br />
concerto, nem matéria específica, como ocorre em 1933 quando da volta do quarteto em<br />
São Paulo em crítica de Mário de Andrade 32 .<br />
Não foi publicado no Estado de São Paulo o programa de despedida de Barrios,<br />
realizado em 25 de outubro.<br />
Duas notícias aparecem na Gazeta de São Paulo de 2 e 6 de setembro, sobre a<br />
música regionalista:<br />
“Música Regional Brasileira. Dentro de alguns dias ouviremos em São Paulo um<br />
excelente grupo de músicos regionalistas, entende-se especializados nesse gênero,<br />
porém, constituídos de distintos moços da sociedade carioca. São eles os srs. Renato<br />
Murce (foto), cantor e diretor do grupo; Oswaldo Lopes, violão; Mozart Bicalho, canto<br />
e violão; Francisco Netto, bandolim; e Arlindo Vasquez, violão.<br />
“A música regional brasileira, como dissemos, é o gênero a que se dedicam e no<br />
qual se têm feito ouvir com apreciável êxito no Rio de Janeiro. Canções do norte e do<br />
sul, sambas, choros e toda a sorte de tipos da nossa música constituem o seu repertório,<br />
32 Diário de S. Paulo, São Paulo, 2 de julho de 1933.
e dão-nos, dentro desse feitio, audições que tanto primam pela sua legitimidade como<br />
pela sua corretíssima execução.<br />
“Música Regional Brasileira. Conforme noticiamos realizar-se-á no próximo dia<br />
16, no Teatro Municipal, uma audição de música regional brasileira, a cargo de um<br />
grupo de amadores cariocas, pertencentes à sociedade do Rio e que vêm precedidos das<br />
melhores referências da imprensa daquela Capital.<br />
“Trata-se de Renato Murce (canto), Oswaldo Lopes (violão), Mozart Bicalho<br />
(violão e canto), Francisco Netto (bandolim) e Arlindo Vasquez (violão), todos<br />
amadores cheios de entusiasmo e cujo principal escopo é fazer a propaganda da nossa<br />
música, visando colocá-la no plano que, de justiça, lhe compete.<br />
“Os recitalistas destinarão parte da renda líquida à Cruz Azul.<br />
“Renato Murce e seus companheiros darão uma audição à imprensa, no próximo<br />
dia 14, no salão do Correio Paulistano.<br />
“Chamamos a atenção dos nossos leitores para o interessante espetáculo do dia<br />
16, do qual oportunamente publicaremos detalhes”.<br />
Quando da publicação do programa, observamos que Mozart Bicalho interpretou<br />
suas peças Uma Festa em Itambé, Sonhos de Nazareth, A Cabrocha do Fundão (toada<br />
sertaneja), Dança das Pulgas (imitação de quadrilha na roça), Desafio de Bacatuba e<br />
Sabiá (Catullo) e Divagações (valsa).<br />
Em 1930 os violonistas que mais se apresentam são os do trio Os Três<br />
Sustenidos, mas jovens violonistas começam a despontar, como Rogério Guimarães e<br />
Diogo Piazza. O violonista Garoto inicia suas apresentações, como na Rádio Sociedade<br />
Record em 16 de maio, quando, juntamente com Armandinho, acompanha o flautista<br />
Canário. Aristodemo Pistoresi também apresenta recitais esporádicos como em 11 de<br />
setembro, em que toca Canção dos Alpes, de Sinópoli, Astúrias, de Albeniz, Adágio, da<br />
Sonata Patética, de Beethoven; e Gran Jota Aragoneza de Tárrega, e como o recital<br />
ocorrido na sede do Collegio Stafford em 30 de julho, quando apresenta peças de<br />
Albeniz, Beethoven e Tárrega. Mas o grande violonista a dar um recital será o cego<br />
Levino Albano da Conceição, autor da peça Tarantella, gravada por Barrios e<br />
interpretada por Canhoto e outros violonistas.<br />
A primeira apresentação ocorre para a imprensa no dia 18 de setembro, na sede<br />
do Correio Paulistano. Outros recitais ocorrem no Teatro Municipal em 5 de
dezembro, com peças de Chopin, Albeniz, Beethoven e do próprio Levino, e no dia 20<br />
do mesmo mês no salão nobre do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento.<br />
comunicado:<br />
No dia 11 de outubro, o jornal A Gazeta de São Paulo publica o seguinte<br />
“Recital de Violão<br />
“Comunicado:<br />
“Está marcado para o próximo dia 25, no Teatro Municipal, o recital de violão<br />
do prof. Levino Albano da Conceição. O festejado violonista patrício é merecedor do<br />
melhor aplauso pelo que tem feito em todos os Estados, tornando conhecidos os grandes<br />
benefícios que aos cegos prestam os institutos existentes no Brasil e que merecem ser<br />
olhados com carinho pelos nossos homens públicos.<br />
“Ocupando um lugar de destaque entre os nossos violonistas, o prof. Levino<br />
deverá ter um grande público a aplaudi-lo, no excelente programa que está organizado.<br />
“E muito justo será todo e qualquer apoio que seja dado ao ‘cego iluminado’,<br />
que pretende muito em breve seguir para a Europa, a fim de se aperfeiçoar na sua arte”.<br />
O recital acaba ocorrendo em 5 de dezembro, com o violonista tocando, entre<br />
outras peças, Grande Fantasia (capricho em sol maior), Tocata em ré maior (estudo n.º<br />
5), Símbolo do Bem, Romance sem Palavras e Grande Estudo em Si menor; Chopin-<br />
Levino: Marcha Fúnebre op. 35; Albeniz-Segóvia: Legenda; Beethoven-Barrios:<br />
Minuetto; e Levino: Tarantella (estudo n.º 2 em lá menor).<br />
I.4 - Agustin Barrios em São Paulo 1917/1929<br />
Em inícios de abril de 1917 são marcados dois recitais do violonista paraguaio<br />
Agustín Barrios, que já havia realizado dois concertos no Rio de Janeiro, com destaque.<br />
A audição à imprensa acontece no salão do Correio Paulistano, e é documentada em<br />
jornal 33 : “Iremos ouvi-lo e estamos certos de que, da anunciada audição, só excelente<br />
impressão haveremos de colher, tanto mais por se tratar de um artista, cujo nome está de<br />
há muito consagrado por toda a imprensa sul-americana”.<br />
A crítica publicada é de interesse por vários motivos. Primeiramente por se<br />
tratar do primeiro recital de um violonista estrangeiro de renome em São Paulo, sendo<br />
33 “Audição de Violão”. O Estado de S.Paulo, ano 43, coluna Artes e Artistas, 26 de abril de 1917.
que o programa realizado refletia um repertório diferenciado do que se fazia na Europa<br />
em termos de violão erudito, a se julgar pelos recitais apresentados pela violonista<br />
espanhola Josefina Robledo, que em breve tocaria na capital. Depois, porque o evento<br />
em si poderia influenciar uma provável ascendência de estudantes de violão em São<br />
Paulo, os quais tinham assistido apenas a Américo <strong>Jacomino</strong> como solista de destaque<br />
na imprensa.<br />
Agustín Barrios nasce em San Juan Batista de las Missiones, estudando com<br />
Gustavo Sosa Escalada num ambiente isolado de qualquer tradição violonística. Viaja<br />
muito, tendo contato maior justamente com o Brasil, onde conquista muitos amigos e<br />
onde posteriormente se casa com uma carioca.<br />
Assim se refere o jornal O Estado de São Paulo sobre o recital de Barrios no<br />
salão do Correio Paulistano 34 :<br />
“Realizou-se ontem à noite, numa das salas do Correio Paulistano, a audição de<br />
violão, oferecida à imprensa e mais convidados pelo professor e compositor paraguaio,<br />
sr. Augusto de Barrios (sic).<br />
“Foi observado o seguinte programa:<br />
-Garcia Tolosa: Meditação – Noturno<br />
Marcha Heróica – Giuliani<br />
-Barrios: Recuerdos del Pacífico – valsa de concerto<br />
-Barrios: Tarantela – Souvenir Napolitano<br />
-Barrios: Rapsódia Americana – poemas americanos<br />
-Chopin: Noturno op. 9 n.o. 2<br />
-Barrios: Tango Humorístico – Bicho Feio<br />
-Barrios: Jota Aragonesa – 16 variações<br />
-Francisco Manuel da Silva: Hino Brasileiro.<br />
“Logo na Meditação o auditório compreendeu que tinha na sua frente um<br />
autêntico ‘virtuose’.<br />
“Com efeito, o Noturno de Garcia Tolosa é uma composição com ensanchas a<br />
permitir que um artista consagrado afirme todas as suas aptidões.<br />
34 “Audição de Violão”. O Estado de S. Paulo, ano 43, n.º 14001, coluna Artes e Artistas, 27 de abril de<br />
1917, p. 04.
“Barrios executou-o com uma delicadeza de técnica que, ora revelava uma<br />
familiaridade absoluta com o seu instrumento, ora uma interpretação que conferia a todo<br />
esse trabalho as belezas melódicas de que é feito.<br />
“As maiores dificuldades de som o bravo artista as venceu com uma galhardia<br />
que jamais nos foi dado apreciar. À maneira que os valores da escala se multiplicavam,<br />
as ‘mãos preciosas’ do executante, agora mais ágeis e dominadoras, obtinham dos<br />
bordões e das toeiras a soma exata de acuidade e nitidez.<br />
“É um virtuose galhardo fugindo a toda espécie de atordoamento e mantendo<br />
sempre uma execução calma e preciosa.<br />
“Em todo o programa em que, aliás, havia composições em que a técnica se<br />
complica e parece não caber dentro daquelas seis cordas Barrios foi sempre o mesmo<br />
soberano artista, consciente do seu trabalho, que é, com efeito, límpido e impecável.<br />
“Para se aferir do respeito com que o professor paraguaio tem pela sua arte, é<br />
bastante observar a inteligência com que ele interpreta a tarantella Souvenir de um<br />
grande sabor napolitano.<br />
“Qualquer outro artista menos consciencioso teria exagerado a execução. Ele<br />
não. Realizou-a com um escrúpulo inexcedível, esmaltando uma por uma todas as<br />
gradações que, em conjunto, dão a tarantela um caráter vivaz e enternecedor.<br />
“No tango humorístico – Bicho Feio – original do executante, as primas e<br />
segundas estabelecem diálogos, falam, vindo por fim os bordões numa ressonância<br />
sóbria que mais evidencia o fino humor da composição.<br />
“Enfim, a audição rematou com o Hino Brasileiro, esplendidamente executado,<br />
e que todos os assistentes ouviram de pé.<br />
no violão”.<br />
“Barrios, seria desnecessário dizê-lo, foi fartamente aplaudido.<br />
“Bem merecidas as palmas que lhe ofertaram. É realmente, um artista admirável,<br />
O programa apresentado demonstra uma predominância de repertório próprio do<br />
violonista. O noturno Meditação é uma composição de Garcia Tolsa, e não Tolosa,<br />
como foi impresso. O Noturno de Chopin já havia tido uma transcrição de Francisco<br />
Tárrega, bastante divulgada pelos violonistas europeus, assim como as variações sobre a<br />
Jota Aragoneza, que é uma das peças mais executadas por violonistas desse período.<br />
O violonista se apresenta em seguida no Teatro Municipal de São Paulo nos dias<br />
5 e 9 de maio, ainda no ano de 1917, sendo estes os primeiros recitais do gênero no
principal teatro da capital paulista. Em artigo, o jornal O Estado de São Paulo 35 escreve<br />
que o violão possui um poder de sonoridade pequeno e a “circunstância agravante de ter<br />
um único timbre” e que “obedecia a uma execução da mais difícil técnica e era tão<br />
aristocrático quanto o violino e o violoncelo, apesar de ser um instrumento melodioso e<br />
com uma “suavidade e uma variedade de sons que falam a alma”. Escreve também<br />
erroneamente que o violão descende do alaúde árabe.<br />
primeiro:<br />
O programa executado por Barrios no Teatro Municipal é bastante diferente do<br />
Primeira Parte<br />
- Giuliani: Marcha Heróica<br />
- Mendelsshon: Chanson du Printemps<br />
- Barrios: Recuerdos del Pacífico – valsa de concerto<br />
- Aguado: Rondó Brilhante<br />
- Tolsa: Meditação<br />
Segunda Parte<br />
- Chopin: Nocturno op. 9 n.º 2<br />
- Verdi /Arcas: La Traviata (fantasia)<br />
- Espinosa: Moraima, capricho mourisco<br />
- Coste: a) Estudo para a mão esquerda<br />
- Barrios: b) Bicho Feio: tango humorístico<br />
Rapsódia Americana, poema popular – idem<br />
Jota Aragoneza (variações) – idem<br />
A crítica mais uma vez é interessante para sabermos como o violão é recebido<br />
nestes primeiros recitais de maior importância 36 :<br />
“Ontem à noite, no Teatro Municipal, realizou-se o primeiro dos anunciados<br />
concertos do notável violonista paraguaio Agustín de Barrios (sic).<br />
“Pouca gente. Uma verdadeira desolação. E foi pena. Foi pena, porque numa<br />
capital, como a nossa, de quinhentos mil habitantes, muitos dos quais cultivando a<br />
35<br />
Concerto de Violão. O Estado de S. Paulo, ano 43, n.º 14005, coluna Artes e Artistas, 1 de maio de<br />
1917, p. 02<br />
36<br />
“Concerto de Violão”. O Estado de S. Paulo, ano 43, n.º 14010, coluna Artes e Artistas, 6 de maio de<br />
1917, p. 03.
música e muitíssimos sabendo apreciá-la até a comoção, havia o direito de esperar, já<br />
não diremos os mil e quinhentos assistentes que no Teatro Solis, do Uruguai, renderam<br />
cativante homenagem ao artista, mais uma parcela numérica que ao menos pudesse<br />
corresponder à importância de S. Paulo como centro de cultura artística.<br />
“Ainda assim, os que assistiram ao concerto do professor paraguaio souberam<br />
resgatar a falta dos que lá não foram, aplaudindo com calor e entusiasmo os números do<br />
programa.<br />
“Barrios foi em todos eles um artista de execução impecável. Na Marcha<br />
Heróica de Giuliani, Chanson du Printemps, de Mendelssohn; Recuerdos Del Pacifico,<br />
de sua composição no Rondó Brilhante de Aguado; na Meditação de Tolsa e na<br />
Fantasia de Concerto de Arcas, o seu mecanismo é de uma técnica riquíssima, realçada<br />
por uma nitidez sem igual.<br />
“A mão direita de Barrios não tem, como a de todos os executantes o necessário<br />
apoio no instrumento. Ela se desarticula toda, e a maneira que desenvolve a execução,<br />
vê-se que do punho à extremidade dos dedos o exercício do tato obedece ao sentido<br />
rítmico do executante e que é como uma alma recebendo da (sic) do artista todos os<br />
efeitos musicais.<br />
“Claro, brilhante, imprevisto com delicadezas de frase que dão ao seu estilo um<br />
colorido quente, Barrios interessa, entusiasma e comove, consoante o gênero de música<br />
que aparece ao auditório.<br />
“Na segunda parte do programa em que, além do seu tango humorístico Bicho<br />
Feio, bisado por entre acclamações geraes, da Raspódia americana e Jota Aragonesa<br />
havia trechos de Chopin, de Espinosa e um estudo de Corte (sic) para a mão esquerda, o<br />
professor paraguaio evidenciou-se um verdadeiro mestre.<br />
“Essa segunda parte do programa foi talvez a mais interessante e agradável, a<br />
julgar pelo calor das palmas com que a assistência acolheu quase todos os números.<br />
“Em resumo, foi uma verdadeira festa de arte, ontem à noite, no Municipal.<br />
Resta ver se agora no segundo concerto, o público se torna mais acessível e enche o<br />
teatro, como é justo”.<br />
Com relação ao primeiro recital, há interesse em saber que no recital do Uruguai<br />
havia um público de mil e quinhentas pessoas (diferente do recital em São Paulo) ou
saber que o violonista utilizava a técnica “sem apoio” 37 , que daria sonoridade<br />
diferenciada da técnica “com apoio”, ao contrário da “escola” de Francisco Tárrega<br />
(considerada a mais moderna de então) 38 . Barrios tem o costume de usar cordas de aço,<br />
ao contrário dos violonistas europeus, que utilizam cordas de tripa. Porém, para abafar<br />
um pouco o som e deixar menos metálico, o violonista coloca pedaços de borracha na<br />
pestana do cavalete 39 .<br />
O programa do segundo recital de Barrios causa interesse, a começar que o<br />
violonista mais uma vez demonstra possuir um repertório considerável, pois apresenta<br />
um terceiro programa inédito. Desta vez com peças mais variadas, em que se destacam<br />
as árias de óperas, transcrições de compositores consagrados, composições próprias e, o<br />
mais interessante, uma peça de um compositor brasileiro, a Tarantela, de Levino<br />
Albano da Conceição, apresentada sob o título de Souvenir Napolitain. Esta peça será<br />
gravada por Barrios duas vezes, com pequenas alterações entre elas, e será publicada<br />
como sendo de sua autoria. Entre outros violonistas que interpretam a peça estão<br />
também Américo <strong>Jacomino</strong>.<br />
Barrios fará sua última apresentação no interior de São Paulo, em Campinas, no<br />
dia 8 de 1917. Nesta mesma ocasião uma outra figura importante do meio musical<br />
violonístico estaria para aportar no Brasil, a espanhola Josefina Robledo, discípula<br />
direta daquele que já era considerado o introdutor de uma moderna escola violonística,<br />
Francisco Tárrega. Junto aos recitais de Américo <strong>Jacomino</strong> e Agustin Barrios, quase ao<br />
mesmo tempo, a presença de Josefina Robledo constituirá o tripé necessário para o<br />
definitivo estabelecimento do violão em nossa sociedade, ainda mais em se tratando de<br />
uma mulher violonista e virtuose, algo absolutamente inédito para o Brasil.<br />
Barrios volta a se apresentar em São Paulo apenas em 1929, numa série de três<br />
recitais noTeatro Municipal de São Paulo. Os programas são os seguintes:<br />
Primeiro Concerto, 13 de outubro de 1929:<br />
I - Barrios: 1- Serenata Mourisca; 2 - La Catedral a) andante religioso; b)<br />
allegro; 3 - madrigal; 4 - Capricho Hespanhol<br />
37<br />
Esta técnica consiste em tocar uma corda do violão repousando o mesmo dedo na corda superior, dando<br />
sonoridade específica e diferente da técnica “sem apoio”, segundo a qual não se apóia o dedo na corda<br />
superior.<br />
38<br />
Tárrega nunca teve uma escola propriamente dita, mas seus ensinamentos foram passados adiante por<br />
seus vários discípulos, notadamente Emílio Pujol, que em 1934 escreveu sua Escola Razonada de la<br />
Guitarra, em 4 volumes, inspirado nos ensinamentos de seu mestre.<br />
39<br />
BARTOLONI, Giácomo. O violão na cidade de São Paulo no período de 1900 a 1950. Dissertação de<br />
mestrado / UNESP. São Paulo, 1995, p. 188.
II - Bach: 5 - Prelude; 6 - Loure<br />
Beethoven: 7 - Minueto<br />
Mozart-Sors: 8 - Tema variado; Chopin: 9 - Noturno<br />
III - Albeniz: 10 - Sevilla<br />
Barrios: 11 - Souvenir d'un rêve; 12 - Harmonias de America; 13 -<br />
Alvorada Histórica Paraguaia<br />
Brilhante<br />
Aragonesa<br />
Segundo Concerto, 18 de outubro de 1929:<br />
I - Barrios: 1 - Confissão; 2 - Mazurca Apassionata; 3 - Valsa n.º 3; 4 - Allegro<br />
II - Bach: 5 - Courante e 6 - Gavotte<br />
Chopin: 7 - Mazurka<br />
Granados: 8 - Danza<br />
Arcas: 9 - Concerto em lá maior<br />
III- A Napoleão: 10 - Romance<br />
Barrios: 11- Cueca Chilena; 12 - Contemplação e 13 - Grande Jota<br />
Não é publicado no Estado de São Paulo o programa de despedida de Barrios,<br />
realizado em 25 de outubro.<br />
I.5 - Josefina Robledo: Uma mulher violonista no Brasil –<br />
1917/1922<br />
A biografia de Josefina Robledo é ainda hoje pouco conhecida. Segundo o<br />
Diccionario de Guitarristas, de Domingos Pratt, Robledo (Josefina Robledo Gallego)<br />
nasce na capital de Valência, Espanha, em 10 de maio de 1897, estudando com Tárrega<br />
a partir dos 7 anos de idade, terminando em 1909, com a morte do professor. Estuda<br />
harmonia e história da música com Peña Roja, tendo dado seu primeiro recital em 1907.<br />
Em 1914 visita pela primeira vez a América do Sul, com apresentações na Argentina.<br />
Sua fama provavelmente não ultrapassou o tempo pelo fato de a violonista não ter<br />
registrado sua arte em discos, e alguns conhecem seu nome apenas pela partitura da<br />
Sonata n.º 2, de Eduardo Lopes Chavarri, que dedicou a obra à violonista.
Robledo vem ao Brasil acompanhada de seu marido, Fernando Molina (segundo<br />
Pratt, um violoncelista medíocre), após recitais em Montevidéu e Buenos Aires. Como<br />
de praxe, sua primeira audição é um evento fechado à imprensa, no dia 23 de julho de<br />
1917, na “Rotisserie Sportsman”. O jornal O Estado de São Paulo assim descreve o<br />
evento 40 :<br />
“Trouxemos da audição de ontem à tarde na ‘Rotisserie Sportsman’ uma<br />
impressão excelente.<br />
“A sra. Josefina Robledo é, em verdade, uma artista de talento, uma executante<br />
que reúne a profundos conhecimentos de técnica uma sensibilidade comovente e<br />
encantadora.<br />
“Sóbria no estilo, segura no frasear, tirando das cordas do violão os máximos<br />
efeitos, a sra. Robledo sabe elevar esse rebelde instrumento à categoria dos que, num<br />
concerto público, exercem sobre o auditório a maior impressão de encanto.<br />
“O violão, como aqui já uma vez dissemos, é um instrumento que teve no seu<br />
longínquo passado um grande esplendor. Caiu mais tarde, maltratado pelas mãos<br />
mercenárias de quem lhe não conhecia a estrutura, a alma, nem a capacidade de<br />
produção. Modernamente, começa a reabilitar os seus créditos, já interessa os círculos<br />
artísticos e documenta nos grandes salões as suas qualidades de instrumento<br />
aristocrático. É claro que, para isso, só tendo ao seu serviço, dentro de uma esfera<br />
superior de arte, cultores da envergadura de Tárrega, que é o violonista mais<br />
maravilhoso que há hoje em Espanha, ou Barrios, o professor paraguaio que ainda não<br />
há muito sensibilizou o nosso público ou ainda Josefina Robledo, que ontem à tarde, na<br />
audição especial que ofereceu à imprensa, afirmou exuberantemente as suas altas<br />
qualidades de ‘virtuose’, provando ao mesmo tempo como esse instrumento, dominado<br />
por mãos autorizadas, pode interpretar os grandes clássicos.<br />
“Na audição de ontem, a sra. Josefina Robledo deu-nos uma página romântica de<br />
Chopin, outra de Schumann, interpretando também Beethoven e Bach. Isto bastaria<br />
para lhe pôr em relevo as características da sua técnica. Mas depois interpretou a Jota<br />
Aragonesa e La Mariposa, de Tárrega. Essa última composição é cheia de arpejos, que<br />
Robledo só com a mão direita, os seus cinco dedos em constante movimento, dando-nos<br />
a fina ressonância de um bater de asas nalgum pombal distante.<br />
40 Josefina Robledo. O Estado de S. Paulo, ano 43, n.º 14089, coluna Artes e Artistas, 24 de julho de<br />
1917, p. 04.
“Pertencem-lhe essa especialidade de efeitos, e só vendo a artista é que se pode<br />
fazer uma idéia exata da superioridade com que ela os consegue tirar das cordas do seu<br />
instrumento.<br />
“Em Jota Aragoneza a execução de Robledo obedece a um estilo profundamente<br />
sentimental. Sente-se bem através daqueles sons a alma de uma região singular com as<br />
suas canções abeberadas de melancolia, que os dedos da artista e o seu espírito<br />
enamorado traduzem com suavíssima ternura.<br />
“Em resumo, a sra. Robledo é, no violão, uma artista finíssima, que o público vai<br />
apreciar, dentro em breve, num dos nossos primeiros salões.<br />
“Quanto ao sr. Fernando Molina, diremos que é um violoncelista de grandes<br />
recursos, fraseando com sentimento, executando com segurança, evidenciando, enfim,<br />
temperamento e arte”.<br />
A estréia oficial de Robledo acontece no dia 29 de julho de 1917, domingo, no<br />
salão do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. O programa apresenta as<br />
seguintes músicas:<br />
Primeira Parte<br />
Josefina Robledo<br />
- Albeniz: Serenata Espanhola<br />
Segunda Parte<br />
Waltz – Godard<br />
Trêmolo – Gottschalk<br />
Jota Aragoneza – Tarrega<br />
Violoncello e violão – Molina e Robledo<br />
- Squire: Priére<br />
- Pergolese: Nina<br />
- Godard: Sur lê Lac<br />
- Glazounov: Serenata Espanhola<br />
Terceira Parte<br />
Josefina Robledo<br />
- Albeniz: Granada
- Bach: Bourré<br />
- Chopin: Noturno op. 9 n.º 2<br />
- Paganini: Carnaval de Veneza<br />
Analisando o programa, observamos alguma semelhança com o repertório de<br />
Agustín<br />
Barrios como transcrições de peças de autores consagrados (Chopin, Bach), peças<br />
originais de autores contemporâneos (Tárrega) e peças de autores da própria<br />
nacionalidade da artista (Albeniz, no caso de Robledo, em provável transcrição de seu<br />
mestre Francisco Tárrega).<br />
A crítica do dia posterior ao recital, 30 de julho, é também um importante<br />
documento sobre este início de apresentações do violão solo no Brasil 41 :<br />
“Nesta seção já temos feito várias referências ao excepcional valor da concertista<br />
Josefina Robledo, que ontem deu a sua primeira audição pública de violão, no salão do<br />
Conservatório.<br />
“Foi, por isso, com alguma surpresa que verificamos não corresponder o número<br />
de pessoas presentes ao acontecimento artístico que devia ser, como foi, o concerto de<br />
Josefina Robledo. Não seria difícil, entretanto, encontrar vários motivos que<br />
explicassem razoavelmente a diminuta concorrência; a maioria deles, porém, escapam à<br />
nossa esfera de ação e interessam apenas ao empresário.<br />
“Há uma circunstância que, de algum modo, justifica a pouca curiosidade do<br />
público pelas execuções de violão. Esse instrumento vulgar muito raramente encontra<br />
quem o eleve da sua condição de simples acompanhador de cantos e danças populares,<br />
para que, fora de seu meio habitual, possa interessar a uma platéia educada. É natural,<br />
pois, certa desconfiança com que se recebem os violonistas, máxime (sic) num<br />
momento em que toda gente hesita diante da mais insignificante despesa...<br />
“Mas Josefina Robledo é um caso de exceção. Nesta admirável ‘virtuose’ reúne-<br />
se, num conjunto incomparável, uma técnica de escol. Na execução, de uma nitidez fora<br />
do comum, dispõe de recursos assombrosos que lhe asseguram o domínio completo de<br />
seu instrumento e lhe permitem realçar todo o seu talento de intérprete vibrátil e<br />
finamente sensível, mas conscienciosamente e de uma rara probidade artística”.<br />
41 Josefina Robledo. O Estado de S. Paulo, ano 43, n.º 14095, coluna Artes e Artistas, 30 de julho de<br />
1917, p. 03.
“O seu concerto de ontem foi um triunfo. O programa prestava-se igualmente à<br />
exibição de técnica e à revelação das suas qualidades de intérprete. Desde o trêmolo de<br />
Gottschalk até o Noturno op. 9 n.º 2 de Chopin e a Bourré de Bach, com escalas pelas<br />
Jotas Aragonezas e outras peças características. Não se pode destacar nenhuma delas,<br />
pois que em todas a sra. Robledo pôde ostentar qualidades extraordinárias.<br />
“Também tomou parte no concerto o sr. Fernando Molina, distinto violoncelista,<br />
de boa escola e de execução correta e sóbria, que se ouve com o máximo prazer.<br />
“Estamos certos de que num segundo concerto o público paulista saberá<br />
corresponder ao extraordinário valor da violonista sra. Josefina Robledo, que é, sem<br />
nenhum favor, uma autêntica notabilidade”.<br />
O segundo concerto de Robledo dá-se no primeiro dia de agosto de 1917.<br />
Novamente para a chamada da apresentação o jornal enaltece o violão como<br />
instrumento de concerto e as qualidades da violonista como uma musicista superior 42 :<br />
“[...] Também não é possível que o fato de se tratar de um concerto de violão<br />
não despertasse em alguns espíritos o necessário interesse. Diga-se, porém, desde já,<br />
que se os cultores da boa música e os que a amam pelo que ela tem de beleza e bondade<br />
houvessem assistido ao festival de domingo, não sairiam dali menos impressionados e<br />
menos satisfeitos que quando assistiram aos concertos das notabilidades que se têm<br />
apresentado ao nosso público no piano, no violino e no violoncelo”. E continua: “É<br />
preciso insistir neste ponto: o instrumento da sra. Robledo não se parece em coisa<br />
nenhuma com o violão popular, das serenatas e troças, dos bailaricos e ‘assustados’.<br />
Para todas as coisas deste mundo se estabelecem uma hierarquia e não há um só recanto<br />
da vida onde se não possa encontrá-la . No que respeita ao mundo musical bastará dizer<br />
que o ‘virtuosismo’ achou no violão uma alma e conseguiu elevá-la ao nível em que se<br />
acham hoje as dos mais aristocráticos instrumentos. E de como o domínio absoluto<br />
desse instrumento é tanto ou mais difícil que o do piano, violino ou violoncelo, di-lo<br />
eloqüentemente o limitadíssimo número dos seus executantes”.<br />
Com o sucesso alcançado, a Sociedade de Cultura Artística resolve reiniciar suas<br />
reuniões, com outro recital de Robledo e poesias recitadas por Martins Fontes, presentes<br />
em seu livro Verão. No programa, a única novidade é a inclusão de uma das 12 Danças<br />
Espanholas, de Granados, escritas originalmente para piano, além do fato de seu marido<br />
42 Josefina Robledo. O Estado de S. Paulo, ano 43, n.º 14096, coluna Artes e Artistas, 31 de julho de<br />
1917, p. 04.
Francisco Molina ser acompanhado pelo renomado pianista Agostino Cantú, um dos<br />
mais importantes nomes da sociedade musical paulista, sendo professor do<br />
Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e lecionando para, entre outros, Mário<br />
de Andrade e Francisco Mignone. Mas desta vez a assistência é bem mais numerosa, a<br />
ponto de todos os lugares estarem ocupados e muitos sócios terem de ficar de fora da<br />
apresentação, o que ocasiona um novo esquema de limitação de números de entradas<br />
para os não-sócios da Sociedade.<br />
Com a saída de Robledo da capital, após alguns recitais, o paraguaio Agustin<br />
Barrios retorna para outros concertos, inclusive em cidades do interior como Ribeirão<br />
Preto em 8 de outubro de 1917, no Teatro Carlos Gomes, onde apresenta dois recitais<br />
que estavam marcados e mais dois extras a preços populares, dado o sucesso alcançado.<br />
Adiante-se que, no fim de 1917, também Américo <strong>Jacomino</strong> retorna à capital.<br />
Dois anos depois, em 25 de maio de 1919 Josefina Robledo apresenta o que<br />
inicialmente será seu recital de despedida em São Paulo, pois regressaria para a Espanha<br />
logo em seguida, o que, no entanto, não acontece. A audição se dá no Conservatório e<br />
tem como novidade no programa a apresentação de duas Danças Espanholas, de<br />
Enrique Granados (as de número 10 e 11), e a Canção do Berço, de Emílio Pujol, outro<br />
ex-aluno de Tárrega. Assim se manifestou a crítica 43 :<br />
“O concerto desta notável violonista, realizado ontem no salão do Conservatório,<br />
teve uma esplêndida concorrência, e deu ensejo a uma entusiástica manifestação do<br />
auditório à simpática artista.<br />
“Devemos a d. Josefina Robledo a primeira audição de 2 peças de Granados, o<br />
ilustre compositor espanhol, cujo nome, já célebre pelas suas produções, ganhou ainda<br />
maior notoriedade pelo desgraçado fim do artista. Como é sabido, Granados em viagem<br />
para Nova York, onde devia dirigir a representação de sua última ópera, Goyescas,<br />
morreu no naufrágio do paquete ‘Sussex’, torpedeado pelos Alemães.<br />
“As suas duas composições que ontem ouvimos foram as Danças Espanholas,<br />
n.º 10 e 11. Ambas muito belas, especialmente a segunda, não só como inspiração mas<br />
também como técnica de composição.<br />
43 Josefina Robledo. O Estado de S. Paulo, ano 45, n.º 14754, coluna Artes e Artistas, 27 de maio de<br />
1919, p. 02.
“O resto do programa, que ontem publicamos, foi executado magistralmente<br />
pela sra. Robledo, que teve no sr. Molina um colaborador eficaz e consciencioso, cuja<br />
parte foi desempenhada com bastante emoção e louvável probidade.<br />
“Não nos parece demais insistir no valor excepcional da sra. Robledo, como<br />
‘virtuose’ do violão, porquanto não vimos ontem no salão do Conservatório muitos dos<br />
nossos ‘habitués’ das audições musicais e só pudemos registrar a presença de limitado<br />
número dos nossos musicistas. O violão, de fato, não é instrumento de concerto que<br />
ordinariamente desperte grande interesse. Mas, já o dissemos aqui e não nos<br />
cansaremos de repetir, nas mãos da sra. Robledo ele apresenta modalidades tais que o<br />
elevam a uma altura nunca atingida. De certo muitos dos nossos entendidos em<br />
assuntos musicais sorriram ao ver no programa da sra. Robledo a Bourré de Bach;<br />
outros talvez se indignassem, considerando um sacrilégio. Nem uns, nem outros têm<br />
razão. Se tivessem ouvido a exímia violonista como os que a ouviram ontem, como<br />
estes a teriam aplaudido com o melhor do seu entusiasmo, pois o grande mestre alemão<br />
foi interpretado com o rigoroso respeito e de forma a realçar todas as belezas de sua<br />
música, por meio de recursos técnicos de efeitos surpreendentes no violão. Convém<br />
acrescentar que a sra. Robledo toca em violão autêntico de cordas de tripa e que a sua<br />
execução obedece aos melhores preceitos da técnica do seu instrumento, sem truques,<br />
nem artifícios para impressionar o público.<br />
“Por isso cada concerto é para essa extraordinária violonista um novo triunfo e<br />
para a maior parte dos seus ouvintes uma revelação. Assim foi ontem, tanto que muitos<br />
dos presentes insistiram com os dois simpáticos artistas para que dêem mais uma<br />
audição em S. Paulo.<br />
“Apesar de terem a sua partida marcada, ambos acederam, fixando seu segundo<br />
e verdadeiramente último concerto para o dia 11 de junho, no Conservatório”.<br />
Este "último" concerto ocorre com bastante público e uma grande novidade: a<br />
inclusão da versão para violão solo do Minueto e Gavota da ópera O Contratador de<br />
Diamantes, de Francisco Braga. Esta partitura está, infelizmente, perdida.<br />
Robledo apresenta em seguida recitais no Automóvel Club e na Associação da<br />
Câmara Portuguesa de Comércio, depois ruma para Santos, onde toca no salão do Real<br />
Centro Português no dia 2 de setembro, seguindo para o Rio de Janeiro.<br />
A violonista aparecerá novamente na capital apenas em 1923, para recital no<br />
Conservatório Dramático e Musical. O programa não apresentará nenhuma novidade
em relação a seus recitais anteriores, apesar da violonista não se apresentar mais com<br />
seu esposo Molina. Outra diferença é que os recitais serão agora em duas partes:<br />
Primeira Parte<br />
- Tarrega: Capricho Árabe - Serenata<br />
- Mendelssohn: Romanza n.º 6 e 12<br />
- Tarrega: Dois Estudos<br />
- Albeniz: Granada - Serenata<br />
- Pujol: Canção do Berço<br />
- Tárrega: Sueño - Trêmulo<br />
Segunda Parte<br />
- Albeniz: Cadiz<br />
- Beethoven: Minueto del septimino<br />
- Bach: Loure<br />
- Chopin-Robledo: Vals op. 34 n.º 2<br />
- Chopin: Nocturno op. 9 n.º 2<br />
- Tarrega: Jota Aragoneza<br />
A crítica para este concerto em 1923, no jornal O Estado de São Paulo se<br />
reporta às audições de 1919 44 "[...] Não se pode afirmar que tenha progredido, nestes<br />
últimos tempos, a sra. Josefina Robledo. Quando se apresentou em São Paulo, a sua<br />
interpretação já era admirável, e insuperável a sua técnica. Ainda hoje, é a mesma<br />
artista completa e inexcedível."<br />
Em fevereiro de 1922, vésperas dos festivais da semana de arte moderna,<br />
enquanto músicos, críticos e público preparam-se para ouvir a música de Villa-Lobos no<br />
Teatro Municipal, Robledo se apresenta novamente no Cine Teatro República, a 1.º de<br />
fevereiro, e no Salão Germânia, no dia 7 do mesmo mês. A principal notícia ocorre no<br />
dia 8 de maio, quando o Estado de São Paulo anuncia que “A notável violonista<br />
Josefina Robledo, que o nosso público tem várias vezes aplaudido como um dos<br />
maiores ‘virtuosi’ do violão, resolveu definitivamente fixar-se em São Paulo, onde se<br />
dedicará também ao ensino do instrumento com o qual tem conquistado tantos triunfos”.<br />
44 Josefina Robledo. O Estado de S. Paulo, ano 49, n.º 16073, coluna Artes e Artistas, 25 de janeiro de<br />
1923, p. 03.
Josefina Robledo, na verdade, muda-se para Mar del Plata logo em seguida,<br />
sendo nomeada no ano seguinte professora do Conservatório Willians, regressando<br />
então para a Europa, onde não se apresentava havia 10 anos.<br />
Molina, o violoncelista casado com Robledo, acaba por impedi-la de se<br />
apresentar. Domingo Prat, expressando certa revolta pela ausência da violonista nos<br />
palcos, assim termina seu verbete a ela dedicado: “O Amor, dominante e egoísta,<br />
privou-a do contato com o público. Desde esse momento, não tivemos mais<br />
oportunidade de escutá-la. A arte de Robledo era nobre e sóbria; sua execução,<br />
delicada e arrogante, maravilhava o auditório. Dos discípulos que se seguiram ao<br />
maestro Tárrega, ao deixar de pulsar com gema-unha, ninguém se sobressaiu tão<br />
vantajosamente quanto essa que nos ocupa. Como compositora, não se conhece<br />
nenhuma obra original publicada. Seu repertório foi eclético, abundante e do melhor,<br />
dominando as transcrições. A dor de perdê-la, vivendo, é muito para quem admirou a<br />
arte de Josefina Robledo, ainda mais havendo chegado à altura dos maiores<br />
instrumentistas que já temos conhecido”.<br />
Capítulo II - Américo <strong>Jacomino</strong> – 1889/1930<br />
II.1 - Nascimento de Américo <strong>Jacomino</strong><br />
Américo <strong>Jacomino</strong> nasce em São Paulo em 12 de fevereiro de 1889 45 , na Rua do<br />
Carmo, sendo o terceiro filho do casal Crescêncio <strong>Jacomino</strong> e Vicência 46 Gargiula<br />
45 Tomamos como referência as informações de Luís Américo <strong>Jacomino</strong>, filho de Canhoto, pois, segundo<br />
sua certidão de nascimento, <strong>Jacomino</strong> teria nascido na Itália e, segundo sua carteira de identidade, no ano<br />
de 1890. Ainda segundo seu atestado de óbito, o violonista teria falecido aos 38 anos de idade, e não aos<br />
39, que seria o correto.<br />
46 Segundo o atestado de óbito de <strong>Jacomino</strong>, o nome de sua mãe está grafado como Vicenta.
<strong>Jacomino</strong>, imigrantes vindos de Nápoles na década de 1880. Antes dele teriam nascido,<br />
em Nápoles, Ernesto e Edoardo, sem referência de datas, além de Amadeu (1983).<br />
Alfredo, o caçula, nasce em São Paulo, em 1901.<br />
Crescencio trabalha em diversos empregos, como ourives e, principalmente,<br />
decorador e pintor paisagista de casas antigas, além de ser professor de primeiras letras,<br />
sendo responsável pela educação formal de todos os filhos. Em Nápoles teve uma<br />
grande fábrica de jóias, tendo saído do país devido a uma doença de coração da esposa,<br />
aproveitando o forte movimento imigratório de então. São Paulo foi o lugar ideal<br />
escolhido, pelo bom clima da cidade na época e pelas crescentes opções de trabalho.<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> não vai a escola e estuda com o pai e o irmão mais velho<br />
Ernesto. Esta educação informal talvez explique os erros de gramática do violonista,<br />
comprovados pelas cartas enviadas a seus amigos no futuro. Como é canhoto, os pais<br />
tudo fazem para que ele aprenda a usar a mão direita, pois na Itália os canhotos são tidos<br />
como pessoas mal educadas.<br />
Não se sabe ao certo sobre a formação musical da família <strong>Jacomino</strong>, mas as<br />
indicações sobre o início do aprendizado no violão são de que Américo tem o primeiro<br />
contato com o instrumento por volta de 1901, através do irmão Ernesto, que também lhe<br />
ensina bandolim. Este irmão compra um violão por 3 ou 4 mil réis, que o pai chega a<br />
quebrar para que os filhos não levem a sério o aprendizado do instrumento. Américo<br />
então conserta o violão e tenta estudar escondido dos pais.<br />
Aos 14 anos de idade, ainda a morar na Rua do Carmo, Américo <strong>Jacomino</strong> vê o<br />
irmão Ernesto tocar violão e bandolim e lhe pede para que o ensine. Este, achando que<br />
como canhoto seu irmão não pode aprender, desencoraja-o. Américo fala fluentemente<br />
o italiano, e canta nesta língua canções napolitanas aprendidas com os pais. Segundo a<br />
revista Violão e Mestres 47 , em 1904 tem Américo suas primeiras experiências como<br />
violonista profissional, dando seu primeiro recital no Cinema Guarani, em Campinas.<br />
Por volta de 1905, com 16 anos, tem contato com o cavaquinho, que passa a<br />
estudar seriamente. Nesta época, Américo já está trabalhando como pintor e jornaleiro.<br />
Com o dinheiro compra seu primeiro violão.<br />
Em 1907 adquire um violão fabricado por Di Giorgio, e com este violão<br />
<strong>Jacomino</strong> faz suas primeiras e importantes gravações, até 1917, quando adquire um<br />
violão fabricado por Tranquillo Giannini, até hoje em posse de seu filho Luís Américo.<br />
47 VIOLÃO E MESTRES, São Paulo, Violões Giannini S. A, n.º 1, 1964, pp. 4-8.
Em 1908 morre sua mãe. A família muda-se, então, para a Rua Santo Amaro,<br />
número 39, ainda no centro da cidade, não longe do local da antiga moradia.<br />
Um ano depois é que vem a conhecer seu mais famoso parceiro de serestas, o<br />
cantor Roque Ricciardi, que mais tarde assumiria o nome artístico de Paraguaçu. Em<br />
depoimento ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 1974, o cantor assim<br />
descreveu o encontro :<br />
“Conheci Canhoto numa serenata na Mooca, na Rua Taquari. Numa festa de<br />
aniversário, perto do final, lá pelas duas e meia da noite, estávamos indo a pé para o<br />
Cascata, que era um bar que ficava aberto dia e noite. Perto da Rua Borges Figueiredo<br />
Canhoto e sua turma, que tinha o Belchior da Silveira, um gaúcho, fizeram uma serenata<br />
para dizerem que eram melhores que nós. Eu vi um tocando violão com as cordas ao<br />
contrário, um violão bonito tachado com madrepérolas. Perguntei sobre quem era o<br />
violonista e o Domingo Rubiero disse: ‘Mas esse é o famoso Canhoto!’. Eu só o<br />
conhecia de nome, e quando ele terminou de tocar eu fui cumprimentá-lo, nos<br />
abraçamos e nos tornamos amigos dessa noite até a sua morte. Fui eu quem levou o<br />
caixão para o cemitério”.<br />
Segundo Paraguaçu, cada bairro tinha seu conjunto de serestas, com um<br />
respectivo chefe. Ele teria sido o chefe do conjunto do Brás, e Canhoto teria sido o<br />
chefe do conjunto da Bela Vista. Pelas informações concedidas a Henrique Fôreis, o<br />
Almirante, em 1954, existem algumas mudanças quanto aos dados deste encontro. O<br />
cantor teria dito que estava cantando com seu grupo na Rua da Mooca e Canhoto vinha<br />
de uma serenata. Quando teria acabado, o violonista teria continuado a música, mas<br />
sem solar.<br />
<strong>Jacomino</strong> logo monta um pequeno grupo instrumental com o nome Grupo do<br />
Canhoto, que o acompanharia muito nesses primeiros anos de atividade, em concertos e,<br />
principalmente, em gravações.<br />
Ainda com Paraguaçu, em 1907, <strong>Jacomino</strong> começa a se apresentar em cinemas<br />
como o Bresser, Braz-Bijou e o Éden, onde os ingressos custam 300 réis 48 , e em teatros,<br />
circos e restaurantes como o Cascata, na esquina da Senador Feijó com a Quintino<br />
Bocaiúva. Essas apresentações são fundamentais pelos contatos que o violonista vai<br />
estabelecendo, além da prática em se apresentar em público. Isto sem dizer do futuro<br />
48 Idem, ibidem.
contrato que o violonista teria na Odeon, que apareceria como conseqüência dessas<br />
primeiras apresentações. Outro aspecto a ser ressaltado é que o violonista vai<br />
adquirindo prática como compositor, pois em suas primeiras gravações predominam<br />
músicas de sua própria autoria.<br />
II.2 - Primeiras gravações de Américo <strong>Jacomino</strong> – 1912<br />
A Discografia Brasileira em 78 RPM, editada em 5 volumes pela FUNARTE<br />
em 1978, apresenta como prováveis primeiras gravações de Canhoto músicas com seu<br />
conjunto (Grupo do Canhoto), e em solo de violão, lançadas pela gravadora Odeon,<br />
compreendidas na série 120.000, entre 1912 e 1913, em sistema mecânico de uma face<br />
apenas. As músicas executadas com seu conjunto foram, com respectivos números, a<br />
polca Saci, de João Batista do Nascimento (120.589), a valsa do mesmo autor,<br />
intitulada Saudades de Iguape (120.590); a valsa Suplication de W.J. Peans (120.591); a<br />
valsa de Antonio Picucci, Tuim-Tuim (120.592); a mazurca Amores Noturnos (120.593)<br />
e a polca Babi (120.594), ambas sem indicação de autor. Como gravações solo estão a<br />
valsa Belo Horizonte (120.595); a polca Pisando na Mala (120.596); o dobrado Campos<br />
Sales (120.597) e a mazurca Devaneio (120.598), todas de autoria de Américo<br />
<strong>Jacomino</strong>.<br />
A pequena gravadora Gaúcho, do sul do país, na série 4.000 (lançada entre 1912<br />
e 1920) iria lançar duas gravações, sendo a primeira com música de Américo <strong>Jacomino</strong><br />
e a segunda de autoria incerta, ambas interpretadas pelo grupo Os Geraldos (V. Geraldo<br />
e G. Magalhães), compreendendo os sambas Nhá Maruca Foi s'imbora (4.042-A) e Nhá<br />
Moça (4.042-B).<br />
Na mesma época, entre 1912 e 1913, pela gravadora paulista Phoenix (filial da<br />
Odeon em São Paulo), Américo <strong>Jacomino</strong> lança uma série de discos de uma face, ainda<br />
no sistema mecânico. A primeira gravação é a valsa Saudades de minha Aurora<br />
(número 70.786), de sua própria autoria, interpretada ao violão solo, e a segunda é a<br />
valsa Saudade de São Bernardo (número 70.790), de Antonio Picucci, interpretada pelo<br />
Grupo do Canhoto.<br />
O equívoco com relação ao primeiro registro fonográfico do violonista acontece<br />
justamente pelas datas coincidirem quanto ao lançamento dos discos, sendo que a<br />
numeração não corresponde exatamente à ordem gravada pelos músicos, e sim uma<br />
ordem de organização da gravadora. O que é certo é que estas são as primeiras
gravações do violonista, hoje raríssimas de serem encontradas. Outro fator a ser<br />
salientado é que a Odeon era coordenada por Frederico Figner e a Phoenix por seu<br />
irmão Gustavo Figner, o que possibilitava a ambos utilizar os mesmos artistas.<br />
Tomando-se como exemplo as gravações de Nhá Maruca Foi S’imbora, Nhá<br />
Moça e Saudades de Minha Aurora, podemos avaliar a técnica do violonista naquele<br />
momento, a partir de seu eclético repertório musical, executando com habilidade obras<br />
de gêneros diversos (valsas, sambas, polcas, mazurcas e dobrados). Apesar de serem<br />
gravações antigas, nota-se a obtenção de timbres diversos no violão, como no dobrado<br />
Campos Sales, em que Canhoto se utilizará pela primeira vez do rufo, efeito que imita<br />
caixa-clara, como nas bandas marciais. Este curioso efeito seria retomado em uma de<br />
suas peças mais interpretadas, a Marcha Triunfal Brasileira.<br />
Em 1914, aparece a primeira referência à venda de discos de Canhoto. Trata-se<br />
de um anúncio da Casa Edson, sobre “grandes novidades paulistas gravadas” pelos<br />
grupos Tupinambá, Veríssimo, Excêntrico, do Choroso, do Canhoto, do Phoenix, e<br />
sobre o repertório do Jaime Redondo e os duetos de Pepe & Oterito, “cantando pela<br />
primeira vez para gramophones” 49 .<br />
Em 27 de dezembro de 1915 o jornal O Estado de São Paulo publica a primeira<br />
notícia sobre recital de Américo <strong>Jacomino</strong>: “High-Life: Na tela serão exibidos doze<br />
filmes escolhidos. No palco grande estréia do trio brasileiro - Caramurú, Américo, o<br />
canhoto, e Edú Gomes”. Estas apresentações continuam nos dias 28, 29 e 30 do<br />
mesmo mês.<br />
No decorrer do ano de 1916, em 17 de abril, o barítono Luiz de Freitas organiza<br />
um espetáculo em benefício de um amigo enfermo, Ramiro Freire. Entre os artistas que<br />
participam estão “várias senhoritas do bairro da Consolação” e Américo <strong>Jacomino</strong>.<br />
Será a preparação do violonista para sua estréia definitiva, o que virá a acontecer<br />
precisamente no dia 23 de abril, conforme pequeno anúncio do Jornal O Estado de São<br />
Paulo 50 . Este escreve: “Estréia do aplaudido violinista (sic) da casa Edson”, com<br />
apenas o apelido de “Canhoto”, no Teatro Colombo, no bairro do Brás, sendo que na<br />
ocasião estreará também o já citado barítono Luiz de Freitas. O mesmo anúncio aparece<br />
no dia 29 do mesmo mês. Antes, porém, no dia 25, uma nota maior aparece na coluna<br />
49<br />
ARAÚJO, Vicente de Paula. Salões, Circos e Cinemas de São Paulo, Ed. Perspectiva, coleção debates<br />
n.º 163, p. 324.<br />
50<br />
O Estado de S. Paulo, 23 de abril de 1916, p. 16.
Palcos e Circos, responsável pela divulgação dos eventos culturais da cidade. Esta<br />
diz 51 :<br />
"Colombo - Esta confortável Casa anuncia para hoje em ‘Soirée’ popular, os<br />
comoventes dramas – ‘Nunca Mais...’, ‘Os Fugitivos’ e ‘Justiça da Montanha’. No<br />
palco, teremos dois interessantes números de variedades: diversas execuções pelo<br />
aplaudido violonista da Casa Edson – Canhoto, e pelo barítono brasileiro Luiz de<br />
Freitas, da Academia Nacional de Música, de Roma. Como se vê, o programa é<br />
bastante convidativo”.<br />
No dia 16 de maio de 1916 novamente o violonista João Pernambuco, cada vez<br />
mais conhecido no Rio de Janeiro – onde mora - aparece em São Paulo com um novo<br />
grupo, ou “troupe” sertaneja. João Pernambuco dará concertos até o final do mês,<br />
quando ruma para Santos e cidades do interior paulista. Não há notícias de que<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> tenha assistido a essas apresentações, mas não é difícil imaginar<br />
afirmativamente. A Protofonia do Guarani, apresentada pelo “sexteto”, é uma das<br />
obras que Canhoto grava em disco, numa versão para violão solo. E ambos,<br />
Pernambuco e Canhoto, são justamente os dois violonistas brasileiros que mais fama<br />
atingem neste primeiro quarto do século vinte.<br />
II.3 – Em 1916, o primeiro grande recital de Américo <strong>Jacomino</strong>. A mudança de<br />
opinião da crítica em São Paulo<br />
No anúncio de 12 de julho de 1916 o jornal O Estado de São Paulo escreve 52 :<br />
“Deve seguir hoje para o interior, visitando Descalvado e Amparo, onde pretende<br />
realizar concertos, o hábil violonista sr. Américo <strong>Jacomino</strong> (canhoto) sobre o qual a<br />
imprensa de São Paulo tem feito as mais encomiásticas referências”. Sobre os dois<br />
concertos em Descalvado, no Ideal Cinema, a crítica diz que “Canhoto, que organizará<br />
excelente programa para ambos os festivais, soube conquistar no seu violão, com a<br />
execução simplesmente arrebatadora de cada número, os mais sinceros e frenéticos<br />
aplausos da grande e seleta assistência que teve a ventura de o ouvir”. E, terminando a<br />
51<br />
CINEMATÓGRAFOS. O Estado de S. Paulo, ano 42, n.º 13636, coluna Palcos e Circos, 25 de abril<br />
de 1916, p. 02.<br />
52<br />
AMÉRICO JACOMINO. O Estado de S. Paulo, ano 42, n.º 13714, coluna Palcos e Circos, 12 de julho<br />
de 1916, p. 02.
notícia, “consta que Canhoto virá em breve a esta cidade realizando então mais um<br />
concerto”. E é justamente o que acontece em notícia do dia 30 de agosto 53 :<br />
“Em 5 de setembro próximo, às 20 horas e meia no Salão do Conservatório<br />
Dramático, este professor de violão dará um concerto cujo programa foi confeccionado<br />
com muito bom gosto.<br />
“Já nesta folha tivemos a ocasião de pôr em relevo os dotes artísticos do<br />
simpático moço. Depois disso ele fez-se ouvir no Automóvel Club, no Trianon, no<br />
Conservatório Dramático e em alguns dos mais elegantes salões da capital, colhendo<br />
largo prêmio da sua fina execução.<br />
“A festa abrirá por uma conferência sobre instrumentos, escrita expressamente<br />
pelo nosso companheiro Manuel Leiroz e que, com sua gentileza com o violonista, será<br />
lida pelo Sr. Danton Vampré.<br />
“Durante a conferência, Américo <strong>Jacomino</strong> executará as composições<br />
Suplicando Amor, Magia de Olhar, Tango da Agarra, etc.<br />
“Na Segunda parte do concerto – parte exclusivamente musical – serão<br />
executados a protofonia do Guarani, Cateretê, imitação da vila caipira; dobrado<br />
Campos Sales e as valsas Medrosa e Sonhando.<br />
“É de se esperar que o público encha o salão, dadas as qualidades de Américo<br />
<strong>Jacomino</strong>, que é um tocador exímio e um artista cheio de sentimento”.<br />
Causa vivo interesse realmente o recital de Canhoto, pois nos dias posteriores<br />
vários artigos foram publicados enfatizando as qualidades do violonista e também a<br />
conferência, que “reabilitaria o instrumento” 54 . Do ponto de vista histórico o fato<br />
interessa sobremaneira para o instrumento em São Paulo, pois pela primeira vez se falou<br />
de forma mais “séria” sobre as possibilidades reais que o violão poderia atingir. É<br />
justamente sobre isto que o jornal O Estado de São Paulo dedica seu artigo do dia 2 de<br />
setembro de 1916 55 :<br />
53<br />
AMÉRICO JACOMINO. O Estado de S. Paulo, ano 42, n.º 13763, coluna Artes e Artistas, 30 de<br />
agosto de 1916, p. 04.<br />
54<br />
AMÉRICO JACOMINO. O Estado de S. Paulo, ano 42, n.º 13766, coluna Artes e Artistas, 2 de<br />
setembro de 1916, p. 02.<br />
55 Idem, ibidem.
“... Far-se-á a reabilitação desse instrumento, despoetisado (sic) por mãos<br />
inábeis, mas reivindicado por tradições românticas, em que figuram ‘los hermosos’ da<br />
velha Espanha, os famosos Scarpins da poética Itália, os alegres e espirituosos boêmios<br />
da França de Luís XVI.”<br />
E, mais adiante, prossegue o artigo:<br />
“E provar-se-á que o violão, a que o plebeísmo do nosso povo deu<br />
irreverentemente a classificação de ‘pinho’, é um instrumento que tem tanto de<br />
aristocrático e de fino quanto o violino e o violoncelo, ambos da mesma família, e que a<br />
canção e os cantores populares, antes de subirem das ruas para os palcos e salões,<br />
fizeram o encanto dos ambientes rústicos e alcançaram a glória depois de uma fatigante<br />
existência.<br />
“Além da conferência haverá cantos expressivos do sertão brasileiro assim como<br />
um cateretê em que as cordas do violão de <strong>Jacomino</strong> farão evocar ao auditório um<br />
‘batuque’ do mais característico efeito coreográfico.<br />
“Vai ser um festival de magníficas impressões”.<br />
No grande dia do concerto, 5 de setembro de 1916, novamente o jornal O Estado<br />
de São Paulo publica artigo a respeito, mas desta vez com mais ênfase ainda na palestra<br />
que será proferida por Manuel Leiroz. O artigo publicado no jornal, apesar de não ser o<br />
formato definitivo, constitui documento mais próximo do que poderá vir a ser a palestra,<br />
importantíssima para a história do violão brasileiro, por ser um dos primeiros grandes<br />
artigos a exaltar as qualidades do instrumento 56 :<br />
“É hoje à noite que se realiza o concerto de violão organizado por este simpático<br />
artista com o concurso do sr. Danton Vampré, que lerá a conferência do nosso<br />
companheiro Manuel Leiroz, do sr. Trajano Vaz, que cantará lindas canções do Brasil,<br />
entre as quais o ‘Marroeiro’, e do sr. Silvério Gaudêncio, que acompanhará ao violão.<br />
“O festival será iniciado com a conferência sobre instrumentos. Seguindo o<br />
pensamento de Miguel Zamacois, o conferente porá em relevo a função e préstimo de<br />
vários instrumentos”.<br />
“Depois, reivindicará para o violão o crédito que ele, na antigüidade, sempre<br />
gozou, mostrando que em Portugal, nos séculos heróicos das viagens e das batalhas,<br />
56 AMÉRICO JACOMINO. O Estado de S. Paulo, ano 42, n.º 13769, coluna Artes e Artistas, 5 de<br />
setembro de 1916, p. 05.
esse instrumento acompanhava trovadores e troveiros na sua vida amorosa e de<br />
aventuras, conhecera desde os paços dos reis às vielas da mouraria e embarcara com<br />
mais de cinco mil violas para os areiares da África, onde testemunhou a derrota de<br />
Alcácer Kibir. O violão exerceu a ditadura nas salas mais elegantes, figurou nos teatros,<br />
perturbou e endoideceu uma legião de mulheres e obrigou muitos escritores estrangeiros<br />
a render homenagem ao seu domínio encantador”.<br />
“O seu papel saliente nos ‘minuetos’ da cidade e da corte, nos ‘fandangos’, no<br />
‘arrepia’, no ‘oitavado’, no ‘arromba’ e outras danças, jamais poderá ser esquecido. D.<br />
João V, que era um rei folgazão, considerava-o um instrumento precioso para aligeirar o<br />
fardo da vida.<br />
“Em França, no primeiro império, na devassidão dissolvente do segundo, sob a<br />
restauração, o violão entrou no gosto do público, juntamente com as primeiras ‘troupes’<br />
vindas da Itália, tomou parte num concerto de cães, inventado para divertir Luís XI,<br />
deliciou epicuristas do bairro latino, os cabarés de Montmartre, deu serenatas às mais<br />
aristocráticas mulheres e foi a causa, um dia, de Margarida de Escócia, esposa de Luís<br />
XI, ao ver a dormir o normando Alain Chartier, beijar-lhe a ‘preciosa boca’, de onde<br />
tinham saído as palavras de um madrigal feiticeiro.<br />
“O violão acompanhou os cantos de Ninon, nas poesias folgazans de Chaulieu e<br />
nas coplas ferinas de João Batista Rousseau. E nos bailes de máscaras introduzidos em<br />
França, em 1716, esteve ao serviço da princesa de Valois e do Duque de Modena, seu<br />
noivo, encantando os ‘cavalheiros de indústria’, que sempre os acompanhavam.<br />
“Em Espanha, no século XVII, pontifica nas reuniões elegantes e nas alfurjas<br />
das mancebas. Desce com escala ruidosa e despreocupação de vida de Madri até<br />
Sevilha; faz-se ouvir na Triana e na Torre del Cro, atrai os eirados de tijolo, cobertos de<br />
flores as chiquetas de olhos negros e camélias no penteado, as donas de bloco escuro, os<br />
espadachins de manto negro e bravura truculenta. Mistura-se com ciganas de face<br />
morena e grandes brincos nos lobulos das orelhas e chega a impor-se ao gosto estético e<br />
moral dos mouros enamorados. Toma parte nos concertos, espetáculos de estudantes de<br />
La Picola Escuela e dos Hidalgos Hermosos e no corro assombrado em que se exibia foi<br />
muita vez coberto pelo frêmito de aplausos e de gritos das ‘niñas’ entusiasmadas.<br />
“Na Itália o violão inspirou árias, villotas e villancellas, fez parte de uma<br />
orquestra no palácio de Joanna de Aragão, deu concepções às melodias de Gesualdo,<br />
príncipe de Venosa, concorreu para a restauração da música pagã. Introduziu-se nas<br />
academias, acordou as águas de Veneza em serenatas de gelfos e escarpins. Serviu o
amor num período em que a música fazia a paixão da época e concorreu com os<br />
filarmônicos de Verona, instituídos por Alberto Lavezzola.<br />
“Nos Países Baixos, quando ainda no estado de uma só corda – ‘a tromba<br />
marinha’, e depois em transformações sucessivas, já com trinta e seis cordas alcançou<br />
ruidoso sucesso em Bruxelas num concerto de gatos verdadeiros, que os Belgas<br />
ofereceram a Felipe II de Espanha. Finalmente em quase todos os países da Europa, o<br />
violão acompanhou a natureza das tradições e a disposição psicológica dos respectivos<br />
povos.<br />
“Como se vê, o programa da festa é atraente e porque o preço do ingresso é<br />
reduzido, é de se esperar que hoje à noite não haja um lugar no Conservatório<br />
Dramático”.<br />
Na quarta-feira, dia 6 de setembro, a crítica do primeiro grande recital de violão<br />
de um instrumentista brasileiro em São Paulo será publicada no jornal O Estado de São<br />
Paulo. Será a primeira de uma série que Américo <strong>Jacomino</strong> receberá durante toda sua<br />
carreira, até seu falecimento em 1928 57 :<br />
“Realizou-se ontem, como estava anunciado, o concerto deste simpático artista,<br />
que teve o concurso dos srs. Danton Vampré, Trajano Vaz e Álvaro Gaudêncio.<br />
“O sr. Danton Vampré apresentou ao auditório que enchia o salão por completo,<br />
o artista <strong>Jacomino</strong> e seus companheiros, pondo em relevo as excelentes qualidades<br />
daquele violonista, a segurança da sua técnica e o senso estético que predomina em toda<br />
a execução das suas peças.<br />
“Também encareceu os méritos dos srs. Trajano Vaz e Álvaro Gaudêncio<br />
considerando cada um no seu gênero. Foi, ao terminar o seu elegante discurso,<br />
muitíssimo aplaudido.<br />
“Passou-se depois à conferência do nosso companheiro Manuel Leiroz de que<br />
ontem demos o resumo. O auditório recebeu-a com vivo agrado, a julgar pelo<br />
entusiasmo dos aplausos com que premiou a leitura do sr. Danton Vampré.<br />
“<strong>Jacomino</strong>, na primeira parte da conferência, executou as valsas Súplica de<br />
Amor, Serenata Árabe, Cigarra na ponta e Magia de olhar. Como era de se esperar,<br />
afirmou uma grande beleza de expressão, ainda com calor, visando a Cigarra na Ponta.<br />
57 AMÉRICO JACOMINO. O Estado de S. Paulo, ano 42, n.º 13770, coluna Artes e Artistas, 6 de<br />
setembro de 1916, p. 05.
“O sr. Trajano Vaz fez a caricatura de <strong>Jacomino</strong>, e cantou a Choça do Monte,<br />
com uma voz que, falemos com franqueza, já não o ajuda a vencer as dificuldades da<br />
vocalização. Foi, porém, muito interessante, no Marroeiro, de Catulo da Paixão<br />
Cearense.<br />
“Recitou com expressão, com relevo, com graça. A sala ofertou-lhe uma<br />
vibrante salva de palmas.<br />
“A segunda parte do programa teve uma execução rigorosa. <strong>Jacomino</strong>, Trajano e<br />
Álvaro Gaudêncio continuaram a merecer dos assistentes as palmas mais entusiásticas.<br />
“O festival terminou com a valsa Sonhando, que Américo <strong>Jacomino</strong> executou ao<br />
violão em diversas posições difíceis. O público, entusiasmado, fez-lhe uma verdadeira<br />
ovação”.<br />
Paralelamente, na cidade de São Paulo, no ano seguinte, 1917, dois outros<br />
recitais de violão darão impulso para a consolidação do instrumento nos palcos paulistas<br />
e brasileiros, com as apresentações do paraguaio Agustín Barrios e da espanhola<br />
Josefina Robledo.<br />
Chega 1919. Em janeiro Canhoto sai em turnê artística juntamente com o ator<br />
Alves Júnior pelo norte do Estado de São Paulo. Outra vez Agustín Barrios se<br />
apresentará na capital, iniciando turnê pelo Teatro São Pedro, passando em seguida pelo<br />
Royal, Pathê Palácio e Coliseu Campos Elísios. O violonista se despedirá<br />
definitivamente do público paulista no dia 8 de abril de 1919 no Salão do Conservatório<br />
Dramático e Musical, em apresentação em três partes na forma de sarau literário, com a<br />
participação de poetas.<br />
Em maio, enquanto a violonista espanhola Josefina Robledo apresenta-se em<br />
Campinas com boa crítica (“técnica admirável, sentimento natural, delicado e uma<br />
afinação impecável...”) e assistência pequena (“... o violão não era conhecido como<br />
instrumento de concerto, próprio para músicas sérias. Daí, certamente, o não ter sido<br />
avultada a assistência, como deveria ser e merece a notável artista...”) , Canhoto faz a<br />
primeira participação de um trio caipira que marcará época na história da música<br />
sertaneja, infelizmente não registrado em disco. A apresentação ocorre no Royal<br />
Teatro, na rua Sebastião Pereira.<br />
Em 6 de maio de 1919 o jornal O Estado de São Paulo assim escreve 58 :<br />
58 NOTÍCIAS DO CANHOTO. O Estado de S. Paulo, ano 45, n.º 14730, coluna Palcos e Circos, 6 de<br />
maio de 1919, p. 02.
" Uma soirée interessante será a desta noite no Royal Teatro. Interessante pelo<br />
assunto, interessante pela maneira porque foi organizado o respectivo programa.<br />
“É que Viterbo de Azevedo, festejado imitador, escondendo-se num perfeito<br />
Jeca Tatu, conforme denominou o teu tipo, vai produzir as cenas que provocaram no<br />
Rio o mais ruidoso sucesso pela veracidade com que observa e conduz o nosso caboclo.<br />
Viterbo, que é paulista e que melhor do que ninguém apanhou os costumes do caipira de<br />
S. Paulo, apresentará ao público do Royal o tipo perfeito do Jeca Tatu - essa criação de<br />
Monteiro Lobato, com que as suas anedotas ingênuas, episódios de caça, mentiras de<br />
mutirões rompantes, alardes de valentia, etc, de modo a fazer rir.<br />
“Tomará parte do festival o conhecido violonista <strong>Jacomino</strong> - o Canhoto, que<br />
dará um concerto de violão, executando criações suas, principalmente sertanejas.<br />
“Será como se disse um espetáculo interessante ao qual concorrerão certamente<br />
os freqüentadores do Royal, dos quais é já avultado o número de pedidos de<br />
localidades”.<br />
Enquanto isso, o Trio Viterbo-Abgail-Canhoto estréia definitivamente na capital<br />
paulista em apresentação no Royal Teatro, em 9 de junho de 1919, com platéia lotada.<br />
No dia 13 e 29, estão no Teatro São Paulo (ficando até o dia 10 de julho); dia 14 no<br />
Teatro São Pedro; dia 17, no Teatro Brasil e dia 20, no Teatro Avenida, no Largo do<br />
Paissandu, para uma série de apresentações. Em julho estão no Teatro América, na Rua<br />
da Consolação, entre os dias 11 e 22, e novamente no Teatro Brasil entre 23 e 27. Em<br />
agosto, apresentam-se entre 1 e 3 no Colyseu Campos Elíseos, voltam ao Teatro São<br />
Paulo entre os dias 4 e 10, sendo este último uma apresentação em homenagem ao trio.<br />
O jornal O Estado de São Paulo assim se refere a este recital 59 :<br />
“Conforme noticiamos, está organizado para amanhã, no Teatro S. Paulo, um<br />
atraente espetáculo em homenagem aos festejados artistas Viterbo Azevedo, Abigail<br />
Gonçalves e Américo <strong>Jacomino</strong>, que formam o aplaudido trio.<br />
“Nessa noite, Viterbo Azevedo narrará novos episódios do ‘Jeca Tatu’, cujas<br />
pilhérias têm feito tanto sucesso; a graciosa e inteligente menina Abigail Gonçalves<br />
cantará escolhidas canções sertanejas do seu excelente repertório e o Canhoto dará um<br />
concerto de violão, instrumento em que é exímio.<br />
“Como as récitas do trio têm levado numerosa assistência ao teatro da praça S.<br />
Paulo, cuja lotação se tem esgotado, é de supor para amanhã uma enchente, tanto mais<br />
59 TRIO VITERBO-ABGAIL-CANHOTO. O Estado de S. Paulo, ano 45, n.º 14829, coluna Palcos e<br />
Circos, 10 de agosto de 1919, p. 04.
que o programa vai ser enriquecido com as canções regionais, cantadas gentilmente por<br />
Afonsito, e com os bailados clássicos de Mykoff e Vanity, número de sucesso, ora no<br />
Cassino”.<br />
Pela matéria, fica em dúvida a forma como era conduzido o espetáculo. Seria<br />
Viterbo de Azevedo apenas um ator a interpretar o papel do conhecido personagem de<br />
Monteiro Lobato e nada mais? Abigail Gonçalves cantava acompanhada apenas de<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> ou de mais alguém? E Canhoto, aparecia apenas para apresentação<br />
de violão solo, sem maiores contatos com os outros dois? Seria o trio apenas uma<br />
forma de juntar diferentes manifestações como parte de um todo, para o espetáculo ficar<br />
mais variado? No programa do dia 11 de agosto o jornal escreve, a respeito da<br />
apresentação do trio no Teatro São Paulo, que “Viterbo e Abigail exibir-se-ão em novo<br />
trabalho, o primeiro no gênero caipira em que é exímio, e a segunda em canções<br />
brasileiras. Canhoto, o conhecido violonista paulista, tocará diversas peças do seu<br />
repertório em dois violões ao mesmo tempo...” 60 .<br />
As últimas apresentações do trio Viterbo-Abgail-Canhoto se dão neste mesmo<br />
mês de agosto. Entre 13 e 15 estão no Royal Teatro, depois no Teatro Melita, para<br />
estrearem novamente no Teatro S. Pedro entre 19 e 26. Em seguida, de 27 a 31, partem<br />
para o Teatro Avenida para suas últimas aparições antes do fim trágico do trio. Viterbo,<br />
durante excursão a Poços de Caldas para um concerto de caridade, será morto<br />
acidentalmente com um tiro na testa.<br />
Após o incidente, Abgail Gonçalves, agora com o apelido de “a sertanejinha”,<br />
estréia inicialmente como cantora solista no Teatro Rio Branco. Traumatizada pelo<br />
acontecimento com Viterbo ficará 20 anos sem cantar, e tempos depois mudará seu<br />
nome para Abgail Aléssio, dedicando-se ao canto lírico, com o qual chegará a se<br />
apresentar no Metropolitan Opera House de Nova York.<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> por sua vez é notícia novamente no dia 19 de novembro de<br />
1919, quando de seu sucesso em apresentações no Rio de Janeiro: “Temperamento<br />
acentuadamente artístico possuindo como poucos uma técnica acurada, conhecendo<br />
todos os recursos e regados do seu instrumento predileto”. Canhoto sairá em nova<br />
excursão pelo Brasil em dezembro. Pouco antes, em 2 de setembro, o jornal O Estado<br />
de São Paulo, edição noturna, publica a partitura de sua música “Quem não... Vota<br />
não... Voga”.<br />
60 Sobre os malabarismos de <strong>Jacomino</strong>, há uma sessão de fotos tiradas neste ano de 1919, nas quais o<br />
violonista aparece tocando com o violão nas costas, na nuca e com dois violões ao mesmo tempo.
Em 17 de fevereiro de 1920, último dia de carnaval, Américo <strong>Jacomino</strong><br />
presencia um episódio que irá resultar na partitura de um de seus maiores sucessos de<br />
venda. Uma jovem de nome Ottília Valentini, após sair de um baile de madrugada<br />
vestida de Colombina, encontra-se com o namorado Domingos Dalazza na Avenida<br />
Celso Garcia, zona leste de São Paulo. Enciumado por tê-la proibido de participar dos<br />
festejos, o jovem namorado saca um revólver e mata a garota, e só não se suicida por<br />
intervenção de pessoas que estão próximas ao local. Canhoto é uma delas, e compõe a<br />
música Triste Carnaval, que recebe letra de Arlindo Leal, sendo difundida por todo o<br />
Brasil. Canhoto comporá várias músicas carnavalescas entre 1920 e 1928, sendo que no<br />
primeiro ano compõe o tanguinho sertanejo Ai Balbina, novamente com letra de Arlindo<br />
Leal.<br />
A primeira notícia sobre Américo <strong>Jacomino</strong> em 1920, que já se apresenta com<br />
menos assiduidade na capital, ocorre no jornal O Estado de São Paulo, edição noturna,<br />
de 1 de setembro, com participação em recital no Teatro Boa Vista. Luiz Buono, seu<br />
parceiro em alguns recitais, organiza, por sua vez, um festival em benefício do Hospital<br />
Umberto I, dando um recital de violão. Não há crítica nem programa impresso do<br />
evento. Em 18 de setembro de 1920 aparece novamente o nome de Canhoto, com sua<br />
“troupe”. Assim descreve o jornal O Estado de São Paulo 61 :<br />
"De regresso da cidade de Santos, onde logrou absoluto êxito, no Teatro<br />
Guarany, esta ‘troupe’ entrou agora a trabalhar no Coliseu dos Campos Elíseos,<br />
continuando ali a carreira brilhante dos seus sucessos.<br />
“Com o repertório melhorado, a ‘troupe’ apresenta-se todas as noites após a<br />
exibição dos filmes, sendo os seus componentes os artistas Luís de Freitas, barítono,<br />
Maria Mesquita, cançonetista, e Américo <strong>Jacomino</strong> (canhoto), violonista, todos sob a<br />
direção do aplaudido parodista cômico Miguel Max”.<br />
No final do ano, dia 15 de dezembro de 1920, Canhoto aparece no Royal Teatro<br />
para a “Festa do Retrato”, participando na terceira parte do evento. Na mesma<br />
apresentação está o cantor (baixo) Mário Pinheiro, um dos primeiros a gravar um disco<br />
de violão solo no Brasil, com a música Petita. Américo <strong>Jacomino</strong> viria a gravar uma<br />
peça muito parecida com esta, o romance Pensamento. Canhoto estará ainda no<br />
61 Notícias Teatrais. O Estado de S. Paulo, ano 47, n.º 15588, coluna Palcos e Circos, 18 de setembro de<br />
1921, p. 05.
Conservatório Dramático e Musical entre os dias 14 e 22 de dezembro, junto ao trio<br />
Canhoto-Freitas-Altomar.<br />
Na Folha da Noite de 19 de fevereiro de 1921 aparece a notícia de que no salão<br />
do Correio Paulistano haverá uma audição dos Oito Batutas, sendo o conjunto “dirigido<br />
por Américo <strong>Jacomino</strong>”. Para este ano, <strong>Jacomino</strong> comporá o tanguinho amoroso Já se<br />
Acabô, com o parceiro Arlindo Leal.<br />
II.4 - Casamento de Américo <strong>Jacomino</strong> e mudança para São Carlos em 1922<br />
Em 7 de janeiro de 1922 Américo <strong>Jacomino</strong> envia ao jornal O Estado de São<br />
Paulo a partitura de duas novas músicas, Arrependida (valsa brasileira) e A Gente Se<br />
Defende (choro carnavalesco). Em anúncio do mesmo dia no jornal O Estado de São<br />
Paulo, edição noturna, a última música aparece como sendo um maxixe.<br />
No decorrer do ano de 1922, em março, Américo <strong>Jacomino</strong> se apresenta no<br />
Cinema São José, na pequena cidade de Itapetininga, interior de São Paulo, onde vem a<br />
conhecer sua futura esposa.<br />
O violonista se casa no dia 12 de setembro com Maria Rita de Moraes (nascida<br />
em 25 de agosto de 1893 em Itapetininga), filha de importante político de sua cidade<br />
natal, Antonio Vieira de Moraes, conhecido como Nhonho Pereira, e irmã do prefeito da<br />
cidade, Ramiro Vieira de Moraes. A esposa é apelidada carinhosamente pelo violonista<br />
como Dona Mariquinha. A certidão de casamento é inexplicavelmente confusa, visto a<br />
importância de Maria Rita para a cidade. Não houve testemunhas no casamento. O<br />
local de nascimento de <strong>Jacomino</strong> aparece como sendo a Itália (sem especificação da<br />
cidade) e não consta também sua data de nascimento. Na profissão de <strong>Jacomino</strong> está<br />
escrito “artista” e na de Maria Rita “prendas domésticas”. Não consta também a<br />
maneira como a esposa passaria a assinar seu nome. Por fim, o nome da mãe de<br />
<strong>Jacomino</strong> aparece como sendo Vicência Carjullo e não Vicência Cargiula.<br />
O casal se muda para a pequena cidade de São Carlos, interior de São Paulo,<br />
onde abrem uma loja de música chamada Casa Carlos Gomes, situada à rua Conde do<br />
Pinhal, número 54-A. No cartão da loja se lê:<br />
“CASA CARLOS GOMES – AMÉRICO JACOMINO. Métodos completos para<br />
piano e violino de todos os autores. Vende-se piano a prestações. Sempre novidades
para orquestra e piano semanalmente. Músicas, instrumentos e acessórios. Seção de<br />
Discos e Gramofones”. 62<br />
Um dos principais amigos e acompanhadores em recitais de Américo <strong>Jacomino</strong><br />
durante esta fase é, sem dúvida, Antônio de Barros Leite. Nascido em Piracicaba em 3<br />
de junho de 1894, Barros Leite aos 10 anos de idade conheceria na capital paulista um<br />
primo que tocava bem violão, Nhô-Zinho, aprendendo rapidamente a tocar o<br />
instrumento. Uma vez amigo de Canhoto, teria sido a principal pessoa a convidar o<br />
violonista a abrir uma loja de música na cidade. O filho de Canhoto, Luís Américo,<br />
diria que na verdade seu pai mudou-se para São Carlos pela facilidade em se locomover<br />
para suas excursões, devido ao grande número de recitais que apareciam. Barros Leite é<br />
não apenas um simples acompanhador, mas também um fiel amigo, a ponto de<br />
emprestar dinheiro para <strong>Jacomino</strong>, como diz uma carta não datada 63 :<br />
“Amigo Barros,<br />
“Como tenho que pagar uma duplicata que se acha no protesto e sendo hoje o<br />
último dia peço-te que me faças o favor você fazer um vale no escritório de cinqüenta<br />
mil réis e me emprestares para inteirar a importância de 533.000 pois conto com esse<br />
favor e por estes dias lhe darei.<br />
“Do amigo abraços<br />
“A. <strong>Jacomino</strong>”. 64<br />
O jornal São Carlense A Tarde assim escreveria sobre um recital de <strong>Jacomino</strong> e<br />
Antônio de Barros no Teatro São Carlos:<br />
“Nota de Arte. Festival Artístico no teatro S. Carlos. Américo <strong>Jacomino</strong> ‘O<br />
Canhoto’ obtém novos sucessos com seu ‘pinho’ mavioso.<br />
“Foi uma noitada agradável a de ontem, no teatro S. Carlos, conforme prevíamos<br />
esse centro de diversões encontrava-se literalmente ocupado pelo escol de nossa<br />
sociedade.<br />
62 Cartão atualmente em posse de Luís Américo <strong>Jacomino</strong>, filho de Canhoto.<br />
63 Carta em posse do filho de Antonio de Barros Leite, residente em Jundiaí, interior de São Paulo.<br />
64 Para a transcrição das cartas de Canhoto foi atualizada a grafia, mas mantida a ordem gramatical.
“Após a focalização do filme Tempestade de um crânio à luz da ribalta surgiu a<br />
simpática figura do notável violonista patrício Américo <strong>Jacomino</strong>, o celebrado<br />
‘Canhoto’ o ‘rei do pinho’, como foi cognominado pela imprensa do país.<br />
“Logo previmos que Américo <strong>Jacomino</strong> obteria novos triunfos, pois em todas as<br />
partes onde se exibe é alvo das mais expressivas provas de admiração pelo modo com<br />
que sabe tanger o seu ‘pinho’ mavioso, com o dom fascinante que sabe imprimir às<br />
cordas desse instrumento.<br />
“’O Canhoto’ com o seu concerto de ontem, obteve unânimes e sinceros<br />
aplausos, conseguindo prender a atenção dos espectadores durante muito tempo<br />
executando músicas populares tais como valsas, sambas, maxixes, marcha, etc., próprias<br />
do nosso povo e dos nossos costumes pois em todas as músicas que ontem tivemos o<br />
prazer de ouvir, sentimos que nelas palpita o romantismo brasileiro, não dessa<br />
brasilidade mistificada que se observa em muitos compositores, mas sim o espontâneo<br />
lirismo enternecedor de nossa gente, tão bem sentido por esse admirável artista que é o<br />
‘Canhoto’.<br />
“Não é preciso que nós falemos algo que seja sobre o valor do grande violonista.<br />
Ele já tem o seu nome feito em todo o Brasil, constantemente é aclamado como o maior<br />
artista no gênero que possuímos.<br />
“Américo <strong>Jacomino</strong> é um artista nato, que aliando aos seus dotes de musicista<br />
possui também o divino dom de interpretar o nosso sentir espiritual. As suas<br />
composições, todas vazadas na escola em tão boa hora criada por Catulo da Paixão<br />
Cearense, são as mais apreciadas por todos os amantes da arte de Mozart.<br />
“O concerto de ‘Canhoto’ ontem realizado no S. Carlos foi mais uma vitória do<br />
ilustre musicista.<br />
“Felicitando o rei do violão pelo novo triunfo alcançado, dedicamos-lhe estas<br />
linhas, poucas, mas sinceras, que tão bem condizem com os sentimentos dos<br />
sancarlenses pelos méritos do insuperável violonista “.<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> continua seus recitais pelo interior do Estado. Em 15 de<br />
agosto de 1923 organiza no anfiteatro da Escola Normal de São Carlos um sarau<br />
artístico e musical, tocando na segunda parte com acompanhamento de seu colega<br />
Antônio de Barros Leite. No programa as seguintes peças são apresentadas:<br />
Primeira Parte:<br />
- Ouverture pela Orquestrinha da Escola
- Poesias de A. Nobre e Augusto dos Anjos, por Fernando Vargas<br />
- Senhorita Iracema de Arruda Campos – Poesias<br />
- Senhorita Sylvia Toledo – Poesias<br />
-Senhorita Maria Apparecida (sic) M. Vieira – Poesias<br />
- A. Cimino: Guarani, fantasia violino e piano<br />
- S. Cimino: Deuse Negre – Caprice – piano<br />
- Nair G. Veltri: Madrigale – violino solo<br />
Segunda Parte<br />
- Ouverture pela Orquestrinha da Escola<br />
- Gaspar Sagreras: Uma Lágrima – solo de violão<br />
- Souto: Do Sorriso das Mulheres nascem as flores<br />
- Verdi: Trovador – Miserere – transcrito para violão<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Gavota – favorita<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Valsa para concerto – Lembrança de um Sonho<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Marcha Militar Brasileira<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Uma Noite na Roça - cateretê<br />
No sábado, dia 8 de setembro deste mesmo ano, novamente no Anfiteatro da<br />
Escola Normal de São Carlos, Canhoto se apresenta com Antônio de Barros Leite, desta<br />
vez em “Grande Concerto Musical Literario” em benefício da Santa Casa de<br />
Misericórdia.<br />
Em 17 de setembro de 1923 nasce em São Carlos sua primeira filha, Maria<br />
Aparecida, hoje residente em Bebedouro, interior de São Paulo. Canhoto compõe em<br />
sua homenagem uma de suas mais belas músicas, a valsa Manhãs de Sol, dedicada a sua<br />
esposa. O violonista aguarda nesta época uma nomeação da Prefeitura de São Paulo<br />
para trabalhar como lançador de impostos, visto que os negócios no comércio não<br />
estavam caminhando bem. Em carta de 20 de setembro a Antônio de Barros Leite o<br />
violonista se queixa da vida do interior 65 :<br />
“Meu prezado Amigo Barros<br />
65 Carta em posse do filho de Antonio Barros Leite.
“Saúde<br />
“Recebi sua carta e muito me comoveu e cada vez mais lhe considero pois tenho<br />
a certeza que és um bom amigo e sincero.<br />
“Caro Barros. Eu estava até hoje esperando a nimiação (sic) e se essa tal<br />
nomeação demorar mais eu mandarei às favas tudo isso farei conforme minha grande<br />
vontade a torne (sic) pelo sul.<br />
“Você compreende eu não me acostumo com esta vida de estar parado e com o<br />
domínio da indolência que é o mal do interior. Já estive em São Paulo e não foi<br />
possível realizar um concerto devido a situação atual provavelmente mais tarde<br />
realizarei um concerto na Capital. Realizo o meu primeiro concerto em Sorocaba no dia<br />
24 do corrente e já estão passando a casa.<br />
“Aceite um abraço do amigo<br />
“Américo <strong>Jacomino</strong><br />
“Queira aceitar recomendações a D. Rosa minhas e de Mariquinha e recomenda-<br />
me também aos bons amigos Arruda.<br />
Após o recital em Sorocaba, <strong>Jacomino</strong> realiza um concerto em Jundiaí em 16 de<br />
outubro no Ideal Teatro e dia 19 no Gabinete de Leitura.<br />
Em 1924, em São Paulo, inaugura-se no Parque D. Pedro I o Palácio da<br />
Agricultura e da Indústria, que será a futura sede da Rádio Bandeirantes, e a Sociedade<br />
Rádio Educadora dirige uma circular a todas as Câmaras Municipais do interior<br />
solicitando apoio para o desenvolvimento da radiotelefonia em São Paulo, "com intuitos<br />
meramente educativos" 66 . Instalam-se também microfones para a irradiação de recitais<br />
como o da pianista Magdalena Tagliaferro. Os lugares escolhidos inicialmente foram o<br />
Teatro Municipal de São Paulo, o Teatro Santana e o Salão do Conservatório Dramático<br />
e Musical. As irradiações ocorrem às terças, quintas e sábados, das 21 horas em diante.<br />
Canhoto, no entanto, está distante. O primeiro programa da Sociedade Rádio Educadora<br />
Paulista a incluir uma obra de Américo <strong>Jacomino</strong> acontece no dia 12 de novembro de<br />
1924, com a peça Se o Telefone Falasse, pelo Trio Rádio-Bandeirante.<br />
Próximo ao natal, em 18 de dezembro do mesmo ano, <strong>Jacomino</strong> escreve<br />
novamente a Antônio de Barros Leite 67 :<br />
“Itapetininga, 18-12-924<br />
“Bom e Saudoso Amigo Barros<br />
66 Sociedade Rádio Educadora Paulista. O Estado de S. Paulo, ano 50, n.º 16535, 9 de maio de 1924.<br />
67 Cartão em posse do filho de Antônio de Barros Leite.
“Sua saúde e de todos de sua família em primeiro lugar o que lhe desejo.<br />
“Recebi sua prezada carta e fiquei muito satisfeito em receber notícias do bom<br />
amigo que muito considero.<br />
“Então continuas nas célebres 24 horas? pois sinto imensamente estares<br />
perdendo teu tempo em trabalhar muito e ganhares pouco.<br />
“Eu muito breve irei para Espírito Santo do Pinhal e quando for te avisarei e<br />
contar-te-ei como foi o concerto de Jundiaí.<br />
“Junto te remeto dois jornais que se referem aos meus concertos.<br />
“Como é o negócio do Chico Salles? Estou esperando carta dele e conforme me<br />
escreveu na sua última.<br />
“Eu não quero perder o direito do terreno fale com ele.<br />
“Você me faça o favor de falar ao Carlos que me mande o endereço onde ele<br />
mora para escrever a ele e minhas lembranças.<br />
do teu amigo.<br />
“Me recomenda aos bons amigos Arruda e um abraço de leve. Aceite o mesmo<br />
“A. <strong>Jacomino</strong>.<br />
“Recomendações minhas e de Mariquinha a Dna. Rosa e parentes”.<br />
II.5 – Em 1925, Américo <strong>Jacomino</strong> retorna à capital paulista.<br />
Para o carnaval de 1925, Américo <strong>Jacomino</strong> compõe a marchinha carnavalesca<br />
Ai Momo. Neste mesmo ano o violonista muda-se novamente para a capital paulista,<br />
após 3 anos em São Carlos, morando inicialmente na Pensão Mathias na Rua da<br />
Conceição, partindo depois para a Rua Bueno de Andrade número 91.<br />
Finalmente, em 5 de março Canhoto realiza seu primeiro recital na Sociedade<br />
Rádio Educadora Paulista às 21 horas. Foi também a primeira vez que aparece no jornal<br />
O Estado de São Paulo um programa em que o violonista acompanha Roque Ricciardi.<br />
O programa apresentado constou das seguintes peças:<br />
- A <strong>Jacomino</strong>: Marcha Triunfal Brasileira.<br />
- Frontini: Serenata Árabe<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Abismo de Rosas - valsa<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Feiticeiro - maxixe de salão
- Sagreras: Uma lágrima - delírio.<br />
- A.<strong>Jacomino</strong>:Quando os corações se querem<br />
- Calasan: Favorita - gavota<br />
-A.<strong>Jacomino</strong>: Viola, Minha Viola - samba à moda do Norte.<br />
O Jornal O Estado de São Paulo publica a seguinte crítica 68 :<br />
"Alcançou inteiro êxito a irradiação do concerto que, gentilmente, realizou<br />
ontem, no estúdio da Rádio Educadora, o popular e aplaudido violinista (sic) sr.<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> (canhoto). Não só pelo critério que predominou na organização do<br />
programa do concerto como pela execução dos números que o compunham, a irradiação<br />
de ontem provocou excepcional entusiasmo e despertou vivo agrado, a julgar pelos<br />
inúmeros telefonemas de amadores felicitando o conhecido artista do violão, que, a<br />
pedido, teve que executar alguns números extra programa, a todos eles dando cabal<br />
execução.<br />
“Prestou também seu concurso no programa da irradiação da noite de ontem,<br />
cantando belas músicas, com acompanhamento de violão pelo Canhoto, o tenor sr.<br />
Roque Ricciardi”.<br />
Sobre a relação de Canhoto com o rádio sempre foi escrito, sem maiores<br />
comprovações, que o violonista inaugurou a transmissão da Rádio Bandeirante, futura<br />
Rádio Educadora Paulista, um ano antes, em 1924, juntamente com seu parceiro<br />
Paraguaçu, que assim comenta o caso 69 :<br />
“Inauguramos a Rádio Educadora Paulista em 1924, eu, o Canhoto e o Alberto<br />
Marino, que foi o primeiro diretor artístico. O estúdio era pequeno, dois e meio por dois<br />
e meio metros. Não havia microfone ainda, apenas em 1926 apareceu o microfone de<br />
carvão. Eu cantava de costas para não estourar os microfones”.<br />
68<br />
Radiotelefonia / Sociedade Rádio Educadora Paulista. O Estado de S. Paulo, ano 51, n.º 16813, 6 de<br />
março de 1925, p. 06.<br />
69<br />
Entrevista ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 1974.
O que é certo é que ambos foram alguns dos primeiros a se utilizarem do rádio, e<br />
Canhoto seria certamente um dos mais requisitados violonistas, com várias de suas<br />
audições sendo irradiadas até 1927, um ano antes de sua morte.<br />
Ainda em 1925, em 23 de março <strong>Jacomino</strong> se apresenta no Salão do<br />
Conservatório em recital em homenagem a Oswaldo Soares e João Avelino de<br />
Camargo. No programa:<br />
Primeira Parte:<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Marcha Triunfal Brasileira (inclusive Hino Nacional) -<br />
acompanhado ao violão pelo sr. Carlos R. Souza<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Esmeralda – valsa lenta. (ao meu distinto amigo sr. José Ozório<br />
Fonseca), acompanhado pelo sr. Carlos R. Souza<br />
Souza<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Trovador (Miserere) - solo, adaptação ao violão<br />
- Sagreras: Uma Lágrima (delírio) - solo<br />
- A pedido: Abismo de Rosas, valsa lenta. Acompanhada pelo sr. Carlos R.<br />
Segunda Parte:<br />
- Carlos Gomes: Protofonia do Guarani – Adaptação para violão, por A.<br />
<strong>Jacomino</strong>, acompanhado pelo sr. Carlos R. Souza<br />
- A.<strong>Jacomino</strong>: Feiticeiro – tango de salão – solo<br />
- Calazans: Favorita – gavota – acompanhado pelo sr. Carlos R. Souza<br />
- A.<strong>Jacomino</strong>: Quando os corações se querem, fox-trot – acompanhado pelo sr.<br />
Carlos R. Souza.<br />
- Frontini: Serenata Árabe –– solo<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Viola, Minha Viola - cateretê paulista imitando o grito da<br />
cabloca. Acompanhado pelo sr. Carlos R. Souza<br />
programa:<br />
piano<br />
Já no dia 29 de março, a apresentação de <strong>Jacomino</strong> no rádio terá o seguinte<br />
- S. N. - Padre Nuestro - fox-trot - solo de banjo, com acompanhamento de<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Sudan - fox-trot - banjo e piano
-A. <strong>Jacomino</strong>: Tico-tico assanhado - polca característica - cavaquinho com<br />
acompanhamento de violão<br />
- G. Verdi: Miserere do Trovador - solo de violão<br />
Os acompanhamentos de violão e piano ficaram a cargo de Carlos R. Souza. É a<br />
primeira vez que <strong>Jacomino</strong> faria uma apresentação com banjo e cavaquinho, programa<br />
que incluiu uma peça de sua autoria, o maxixe A Gente Se Defende. Ainda no mesmo<br />
mês, no dia 30 e em maio, nos dias 3 e 5, Canhoto apresentou-se em novos recitais, dos<br />
quais o último apresenta o seguinte programa:<br />
- Silvestre: Serenata d'autre fois.<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Sombras do passado - valsa “Boston”<br />
- E. Souto: Do sorriso das mulheres nascem as flores<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Por que te vuelves a mi ? - tango argentino<br />
- Mendelssohn: 3.º Prelúdio<br />
- A. <strong>Jacomino</strong>: Quando os corações se querem - fox-trot.<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> acompanha um recital do sanfonista amador Arcangelo<br />
Zordo em 8 de agosto. Antes escreve uma carta a Antônio de Barros Leite, falando<br />
sobre a atual situação de sua carreira 70 :<br />
“S. Paulo 1-8-925<br />
“Meu bom e prezadíssimo amigo Barros<br />
“Em primeiro lugar desejo que esta vá encontrar você e sua Esma. (sic) Família<br />
gozando saúde.<br />
“Eu e os meus vamos indo bem graças a Deus.<br />
“Não te escrevi há mais tempo devido não me encontrar na Capital na ocasião<br />
que chegou a sua carta, não imaginas com que prazer recebi notícias tuas que há muito<br />
não me escrevias uma de suas saudosas notícias. Aqui em São Paulo é um sucesso e<br />
tantos. Alunos que não venço tenho tocado nas principais Casas de São Paulo como<br />
Conde Lira Prates em outras o meu nome aqui cada vez se torna mais popular.<br />
70 Carta em posse do filho de Antonio de Barros Leite.
“Soube que o Sr. Carlos anunciou um concerto de violão aí e parece-me que o<br />
mesmo não chegou a realizar é verdade? Também me disseram que um jornal de São<br />
Carlos noticiou que o sr. Carlos era rival de Canhoto se isso é fato é sinal que o crítico<br />
desse Jornal não tem a minimíssima competência de crítico porque comparar um<br />
simples amador a um concertista é mesmo para ser meu rival deveria se apresentar com<br />
um repertório próprio dele e não com músicas minhas que tenho a certeza que são<br />
assassinadas digo isso porque tenho certeza enfim se isso for verdade de que o Sr.<br />
Carlos anunciou um concerto com o meu programa deu prova de minha desconfiança<br />
que há tempos tenho.<br />
“Junto te envio o programa de meu último concerto realizado no Salão do<br />
Concervatório (sic) é no próximo sábado. Vão irradiar pelo telefone sem fio todos<br />
meus concertos têm sido sós e sem acompanhamento. Estou com muita [saudade] de<br />
nosso choro e daquelas noites saudosas quando na casinha de músicas fazíamos os<br />
nossos choros e também das boas macarronadas que comia em sua casa.<br />
“Sem mais aceite um sincero abraço do amigo que sempre te considera e<br />
recomendações minhas e de minha esposa a D. Rosa.<br />
“Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto”.<br />
Para o amigo Canhoto conta, entre outros sucessos, o de professor muito<br />
procurado, fato que será veiculado a 28 de abril, no jornal O Estado de São Paulo:<br />
“Américo <strong>Jacomino</strong> – Canhoto, dá aulas, tem perto de ‘200 alunos da elite<br />
paulistana’. Preços: duas lições por semana – mensalidade 100$000, lições avulsas<br />
20$000”. Américo <strong>Jacomino</strong> é então professor de importantes figuras da sociedade<br />
paulista, entre elas a filha do governador do Estado de São Paulo Carlos de Campos, da<br />
esposa e da filha de Júlio Prestes e da filha do Dr. Piza Sobrinho 71 .<br />
Mas naquele ano de 1925, a 6 de setembro, ele se apresenta ainda no Teatro<br />
Municipal de São Paulo, na Tarde da Criança, juntamente com outros artistas,<br />
executando a Marcha Triunfal Brasileira, Abismo de Rosas e Viola Minha Viola.<br />
Seriam as mesmas peças apresentadas no Concurso O Que é Nosso, que seria realizado<br />
no Rio de Janeiro.<br />
Entre um recital e outro, a 26 de janeiro de 1926 nasce o segundo filho de<br />
Canhoto, Luís Américo <strong>Jacomino</strong>, atualmente residente em São Paulo.<br />
71 VIOLÃO E MESTRES. São Paulo, Violões Giannini S. A., n.º 1, 1964, p. 06.
Américo <strong>Jacomino</strong> apresenta-se no Conservatório Dramático a 2 de março e<br />
volta a se apresentar na Rádio Educadora Paulista em 11 de julho e nos dias 17 e 21 de<br />
setembro, este último sendo transferido - como em outras ocasiões - para o dia 20 de<br />
outubro, "por motivo de força maior".<br />
Pelas constantes mudanças das datas de seus recitais, é provável que a saúde de<br />
<strong>Jacomino</strong> não fosse bem ou que seus compromissos burocráticos lhe tomassem maior<br />
tempo.<br />
Em dezembro de 1926 são lançados os primeiros discos de Canhoto pelo sistema<br />
elétrico, pela Odeon, série 123000, compreendida entre dezembro de 1925 e julho de<br />
1927. Como trata-se da primeira série elétrica, Canhoto, se não inaugurou o sistema,<br />
por certo foi um dos pioneiros a se utilizar desta técnica. Não é conhecida a data exata<br />
das gravações, mas <strong>Jacomino</strong> lança, entre outros, os seguintes discos: Marcha dos<br />
Marinheiros, A Menina do Sorriso Triste (fox-tango), Reminiscências (valsa) e<br />
Alvorada de Estrelas (gavota).<br />
II.6 - O Concurso O QUE É NOSSO - 1927<br />
A partir de janeiro de 1927 a imprensa do Rio de Janeiro noticia um concurso<br />
musical no qual concorrerão alguns dos maiores nomes do cenário artístico brasileiro,<br />
com o patrocínio do jornal Correio da Manhã. O nome do concurso é, muito<br />
apropriadamente, O Que é Nosso, com realização prevista para os dias 19 e 20<br />
fevereiro.<br />
Em 15 de fevereiro ocorre o sorteio para a apresentação dos concorrentes. Na<br />
prova de violão é estabelecida a seguinte ordem: 1) Américo <strong>Jacomino</strong>; 2) Manoel de<br />
Lima; 3) Ivonne Rebello. As provas ocorrerão em 19 de fevereiro, sábado, no Teatro<br />
Lírico à 1 hora da tarde. O patrono do prêmio será João Pernambuco.<br />
Na capa do Correio da Manhã de 18 de fevereiro aparece, em foto de destaque,<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> e Adalbrum Pinto, funcionário do jornal. A nota 72 :<br />
“Vindo de São Paulo especialmente para tomar parte nas provas de violão do<br />
concurso promovido por esta folha chegou ontem de manhã o brilhante violonista<br />
72 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 1927, p. 05.
Américo <strong>Jacomino</strong>. Na gare Pedro II foi recebê-lo pelo Correio da Manhã nosso<br />
companheiro Adalbrum Pinto”.<br />
Sobre o julgamento é publicada a seguinte nota 73 :<br />
“O julgamento público será feito por aclamação, mediante a fiscalização de uma<br />
comissão de arbitramento, presidida pelo diretor-geral do concurso, podendo ser o<br />
resultado anunciado imediatamente após a terminação de cada série de provas ou no<br />
prazo máximo de 48 horas, com o respectivo parecer. Os números só serão bisados por<br />
ordem do diretor-geral.<br />
“As provas no Teatro Lírico serão presididas pelos srs. Dr. João Itiberê da<br />
Cunha, crítico musical do Correio da Manhã; o festejado barítono Patrício Corbiniano<br />
Villaça; e dr. Homero Álvares. A comissão dirá sobre a capacidade dos concorrentes”.<br />
No dia seguinte ao concurso, 20 de fevereiro, o jornal Correio da Manhã publica<br />
matéria sobre a apresentação 74 :<br />
“O Prestígio do Violão.<br />
“Mas o Pinto vem em seguida dar uma novidade, que alenta a alma da platéia,<br />
entregando-a a novo frenesi.<br />
“Vai entrar na exibição dos violões.<br />
“É um outro momento sério do programa, que vai ser aberto pelo inigualável<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> (Canhoto), vindo de São Paulo, na véspera, especialmente para esta<br />
prova, em homenagem ao Correio da Manhã.<br />
“E o anunciador reclama o máximo silêncio. A sala aplaude frenética, enquanto<br />
entra em palco a figura simpática de <strong>Jacomino</strong>. E este se prepara para os primeiros<br />
acordes, num assédio de rara curiosidade. Canhoto, a maneira de pegar o violão é ainda<br />
mais eloqüente de atração.<br />
“<strong>Jacomino</strong> se impõe logo à platéia com o seu domínio absoluto das cordas do<br />
violão, que se transforma em tudo ao contato de seu dedo. Começa pelo Abismo de<br />
Rosas, uma valsa esquisitíssima sua, atraente de novidades harmônicas. Depois com o<br />
mesmo prestígio, faz o violeir (sic) paulista, cantando às cordas do violão – Viola,<br />
Minha Viola. <strong>Jacomino</strong> agrada e provoca risos, com os seus diálogos nas cordas, em<br />
73 Idem, ibidem.<br />
74 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 1927, p. 03.
aras proezas de malabarismo musical. A platéia consagra-o, como já havia feito com<br />
Calheiros.<br />
“E, a este sucede-se Manoel de Lima, o ceguinho, a quem Pinto anuncia como ‘o<br />
poeta do violão’. A entrada do ceguinho, que em cena, guiado pelo Pinto, cria um<br />
ambiente de ansiedade, dramática, logo transformada em rara admiração. O ceguinho<br />
toca com o violão deitado sobre a perna, à maneira de pequena harpa. E a sua música<br />
sai toda tecida de uma fina espiritualidade. A platéia reconhece no ceguinho,<br />
finalmente, o doce poeta do violão.<br />
“Por fim, é um violão mimoso que se faz ouvir.<br />
“É a menina Ivone Rebello, de cerca de 10 anos. Mal acaba de chegar. A sua<br />
execução era graciosa e fina. Sucedia aos dois com vitoriosa galhardia infantil”.<br />
Sobre Manoel de Lima não encontramos maiores informações. Ivonne Rebello<br />
já era conhecida no meio violonístico carioca por ser filha de José Rebello da Silva,<br />
apelidado de José Cavaquinho, um dos pioneiros no ensino do violão erudito no Rio de<br />
Janeiro. A revista O Violão de dezembro de 1928 escreve sobre a violonista 75 : “Ivone<br />
Rebello é um nome consagrado no meio violonístico carioca. A sua educação artística<br />
corre à corte de seu pai, o hábil violonista José Rebello. O desembaraço com que Ivone<br />
interpreta peças clássicas de responsabilidade faz prever para muito breve a consagração<br />
definitiva e justa da pequenina e talentosa violonista”.<br />
No dia 22 de fevereiro, o Correio da Manhã publica finalmente a matéria com o<br />
resultado do concurso 76 :<br />
“Dos três concorrentes que se apresentaram apenas Ivonne Rebello solou em<br />
violão de cordas 1.ª, 2.ª, e 3.ª de tripa, em posição clássica, executando das peças<br />
exigidas o Capricho Árabe, de Tárrega. Em se tratando, porém, de um concurso de<br />
caráter puramente brasileiro, não seria lícito deixar de ter em conta o que é nosso.<br />
Orientando, pois, seu julgamento, segundo a maneira de tocar e o estilo de cada<br />
concorrente, a comissão técnica que, por delegação do diretor-geral do concurso<br />
presidiu as provas, resolveu apreciá-los separadamente. Aos prêmios instituídos pelo<br />
Correio da Manhã foi dado, a cada deles, o nome de um patrono, entre os intérpretes<br />
consagrados do violão. O critério adotado na escolha dos patronos foi inspirado<br />
justamente na seleção dos estilos para o caso da classificação dos concorrentes. Assim,<br />
75 O VIOLÃO. Rio de Janeiro, ano 1, 1928, p. 13.<br />
76 Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 27 de fevereiro de 1927, p. 05.
pois, os srs. Dr. João Itiberê da Cunha, Corbiniano Villaça e dr. Homero Álvares<br />
resolveram conferir:<br />
“O Prêmio João Pernambuco ao sr. Américo <strong>Jacomino</strong> (Canhoto), porque<br />
satisfazendo o programa, em peças nacionais de sua composição, destacadamente o<br />
arranjo intitulado Viola, Minha Viola, fez-o (sic) com brilhantismo;<br />
“O Prêmio Joaquim dos Santos à menina Ivone Rebello, pela perfeição técnica<br />
que demonstrou além da circunstância de haver executado um dos clássicos do violão,<br />
fazendo juz aos louvores da comissão e do público que a aplaudiu;<br />
“O Prêmio Levino Conceição, ao sr. Manoel de Lima, artista de excepcional<br />
inspiração, cego como o patrono do prêmio, cujo mérito está consagrado e não permite<br />
confrontos”.<br />
Analisando hoje, vemos que o primeiro concurso de violão do Brasil foi um<br />
evento sui generis, com três violonistas distintos e fora do âmbito de qualquer outro tipo<br />
de concurso. Havia uma peça de confronto que apenas Ivone Rebello tocou (no caso, o<br />
Capricho Árabe, de Tárrega), mas ela era apenas uma menina, não teria talvez maior<br />
atração em premia-la em primeiro lugar, além de que poderia ter faltado maior<br />
maturidade em sua interpretação, o que só seria possível saber se a violonista tivesse<br />
deixado algum registro de sua arte musical. Manoel de Lima tocou com o violão<br />
deitado nas pernas, o que também fugiria aos padrões do violão clássico estabelecidos<br />
até então, além do fato de ele não ter tocado a peça de confronto. Américo <strong>Jacomino</strong> já<br />
tinha sua fama estabelecida, a única explicação para ele participar do concurso seria<br />
uma premiação em dinheiro que ele porventura estivesse precisando ou uma indicação<br />
de alguém por saber que ele não tinha concorrentes. Um fato interessante é saber que os<br />
dois violonistas tocaram com cordas de aço. A própria participação de Manoel de Lima<br />
faz crer que o violonista cego participou porque estava de passagem pelo Rio de Janeiro<br />
integrando o grupo pernambucano de música regional Turunas da Mauricéia, que<br />
possuía também Augusto Calheiros como cantor, Atilio Grany na flauta e Luperce<br />
Miranda no bandolim. E Ivone Rebello talvez fosse o maior trunfo dos cariocas por ser<br />
filha de um conhecido professor de violão da cidade, amigo de um dos jurados, o<br />
violonista amador Homero Álvares, que nos três números iniciais da revista O Violão<br />
publicaria artigos sobre a “Escola” de Tárrega. A decisão dos jurados acabou sendo<br />
plausível, tendo em vista que dedicou prêmios adequados a cada concorrente. O<br />
principal, Prêmio João Pernambuco, foi dado a Canhoto. Aliás, é provável que Canhoto
conhecesse pessoalmente o patrono de seu prêmio, uma vez que ele se apresentara por<br />
diversas vezes em São Paulo, tanto como integrante do Grupo de Caxangá como dos<br />
Oito Batutas. O prêmio de Manoel de Lima teve como patrono outro violonista carioca,<br />
o também cego Levino Albano da Conceição, que estudara no Instituto Benjamin<br />
Constant, adquirindo fama crescente em todo o país. Quanto a Ivonne Rebello coube-<br />
lhe o prêmio Joaquim dos Santos, músico mais conhecido como Quincas Laranjeiras,<br />
um dos pilares do violão erudito no Rio de Janeiro, o que explicaria a premiação.<br />
Na falta de concorrentes de sua categoria, Américo acaba por ser conhecido<br />
como aquele que venceu o concurso sozinho, imagem explorada pelo próprio jornal<br />
Correio da Manhã quando das notícias de seu falecimento em 1928. O fato lhe valeria<br />
a alcunha de “O Rei do Violão Brasileiro”.<br />
Cumpre assinalar que o júri pôde escutar a valsa Abismo de Rosas, que tanto<br />
sucesso faria nas décadas seguintes, além da Marcha Triunfal Brasileira e Viola, Minha<br />
Viola, talvez as duas obras de maior efeito musical compostas pelo violonista.<br />
Passado o Concurso, <strong>Jacomino</strong> entra no estúdio para gravar novamente, desta<br />
vez pelo sistema elétrico de gravação, o que preservaria de modo fiel a maneira como<br />
Canhoto interpretava ao violão. Pelas gravações que o violonista faz nesta época, é<br />
justo dizer que <strong>Jacomino</strong> atravessava a melhor fase de sua carreira. Todas as gravações<br />
elétricas demonstram um alto nível de aprimoramento técnico-musical, muito por conta<br />
das regravações de antigos sucessos como Abismo de Rosas, Marcha Triunfal<br />
Brasileira e Arrependida. E pela gravação da peça Viola, Minha Viola, que tanto<br />
agradou o público do concurso, em que o violonista utiliza efeitos inusitados para a<br />
descrição de uma cena de vida sertaneja, como rasqueados à maneira da viola caipira e<br />
um curioso efeito tocado na região da boca do violão, soando como uma fala de<br />
caboclo, efeito único no repertório violonístico brasileiro até hoje, não é difícil perceber<br />
o porquê de ele ter ganho o prêmio principal. As gravações elétricas também favorecem<br />
uma avaliação de como era o violonista na época de O Que é Nosso. Abismo de Rosas e<br />
Marcha Triunfal Brasileira mostram aspectos relevantes da técnica alcançada pelo<br />
músico. A Marcha demonstra, por exemplo, o violão soando com efeitos de caixa-clara,<br />
flautins e trombones, lembrando a formação de uma banda marcial completa. Naquele<br />
fevereiro de 1927, aproveitando a estada no Rio de Janeiro, Canhoto se apresenta ainda<br />
no Rádio Club do Brasil no dia 24.<br />
A outra série de gravações conta com Roque Ricciardi para Berço e<br />
Túmulo, Choça do Monte e Aracy. São desta época as lembranças do amigo em relação
às primeiras anormalidades na saúde do violonista, que reclama de falta de ar, sendo<br />
medicado pelo então jovem estudante de medicina Joubert de Carvalho. Sobre estas que<br />
serão as últimas gravações, Paraguaçu assim contou 77 :<br />
“A última gravação que ele fez, já na gravação elétrica em 1927 – que nós<br />
viemos de São Paulo para inaugurar a gravação elétrica aqui no Rio – eu tinha musicado<br />
uns versos de Casimiro de Abreu, Berço e Túmulo. Então eu gravei o primeiro disco<br />
elétrico, com essa música numa faixa e outra de Catullo na outra, A Choça do Monte.<br />
(...) O Canhoto falou ‘Arruma outro nome pra música !’ mas eu disse que era poesia do<br />
Casimiro de Abreu e não podia. Parecia que ele previa a própria morte. Sentiu-se mal<br />
este dia, daí o dia seguinte fomos ao Joubert de Carvalho, que fez um exame e constatou<br />
aorta viratada”.<br />
No dia 8 de maio de 1927 ocorre no Teatro Municipal de São Paulo a “Noite<br />
Brasileira”, organizada por Américo <strong>Jacomino</strong>. Assim escreve o jornal O Estado de<br />
São Paulo 78 :<br />
“Logrou grande sucesso a ‘Noite Brasileira’, organizada pelo artista brasileiro sr.<br />
Américo <strong>Jacomino</strong>, o ‘Canhoto’, com o patrocínio da Liga das Senhoras Católicas e<br />
com o concurso dos srs. Arnaldo Pescuma, Roque Ricciardi e o grupo dos ‘Turunas<br />
Paulistas’.<br />
“Iniciou o festival o sr. Dr. Plínio de Castro Ferraz, com uma interessante<br />
conferência sobre os nossos sertões e a nossa gente chã que os habita e os trabalha.<br />
“O grupo dos ‘Turunas Paulistas’ executou agradáveis modinhas, choros,<br />
sambas e emboladas. Os violões, reco-recos, cavaquinhos e maracaxás emprestaram um<br />
cunho forte de regionalismo àquela ‘Noite Brasileira’, que foi brilhantemente encerrada<br />
pelos números executados pelo ‘Canhoto’”.<br />
O sucesso desta apresentação no Teatro Municipal faz o espetáculo ser<br />
reapresentado em 20, 21 e 22 de maio, no Teatro Boa Vista. Para estas apresentações<br />
tomam parte, além de Canhoto, Arnaldo Pescuma e Roque Ricciardi; os músicos que<br />
formavam os Turunas Paulistas: Manuel dos Santos, em emboladas e sambas;<br />
77 Entrevista ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 1974.<br />
78 Noite Brasileira. O Estado de S. Paulo, ano 53, n.º 17601, coluna A Sociedade, 10 de maio de 1927, p.<br />
04.
Alexandre Carrara, flautista; Francisco Lima, saxofone; José Sampaio, violão; Mário<br />
Ramos e José dos Santos, cavaquinho; Cavalheiro Mulato, pandeiro; Domingos Marino,<br />
maracaxá e Mario Alvarenga, reco-reco. A cada dia o evento apresenta uma<br />
programação diferenciada, sendo que Canhoto apresenta as seguintes músicas em solos<br />
de violão:<br />
Viola Mimosa.<br />
Primeiro dia: Marcha Triunfal Brasileira, Abismo de Rosas, Reminiscências e<br />
Segundo Dia: Em Pleno Mar, Feiticeiro, Fluminense e Viola, Minha Viola.<br />
Terceiro e último dia: Marcha dos Marinheiros, Foi-se embora Maria,<br />
Brasileiro e Viola, Minha Viola.<br />
Canhoto e os Turunas Paulistas começam em seguida uma série de noitadas no<br />
Cine Teatro Roma. O nome do violonista volta a aparecer em programas de rádio, sem<br />
especificações de que Américo <strong>Jacomino</strong> tenha ido ao estúdio tocar, mas sim que os<br />
programas incluem suas interpretações através de novas gravações em disco. As<br />
principais são Olhos Feiticeiros, Reminiscências, Marcha dos Marinheiros, Sonsa, Por<br />
Que Tu Vuelves a Mi?, Feiticeiro, Viola, Minha Viola e Abismo de Rosas.<br />
Apresentações em público ocorrerão ainda em 4, 7, 18, 25 e 27 de outubro, com violão e<br />
cavaquinho, no mesmo programa, alternados com Roque Ricciardi.<br />
Canhoto recebe finalmente a notícia de que é nomeado lançador de impostos da<br />
prefeitura, o que causa protestos de algumas pessoas pelo apadrinhamento político, já<br />
que <strong>Jacomino</strong> fora ajudado pelas boas relações que possuía com importantes<br />
personalidades da época, além do fato de ser genro de uma pessoa politicamente<br />
bastante influente.<br />
Em 15 de novembro de 1927, por ocasião da Proclamação da República,<br />
Canhoto aparece no Cine-Teatro Central para um recital com novas composições. Será<br />
a última apresentação do violonista neste ano, e também a última de <strong>Jacomino</strong><br />
anunciado no jornal O Estado de São Paulo até 1928.<br />
Já em 1928, em 3 de janeiro, Américo <strong>Jacomino</strong> se apresenta na Sociedade<br />
Rádio Educadora Paulista em programa de música regional, o mesmo ocorrendo em 8<br />
de fevereiro.<br />
Em março, <strong>Jacomino</strong> realiza definitivamente sua última sessão de gravações<br />
solo, entre os dias 13 e 16, pela Odeon, série 10000, série que abriga as gravações
ealizadas entre julho de 1927 e maio de 1933. Os registros de Canhoto receberão os<br />
números 10164 e 10165, correspondendo respectivamente às músicas Amor de<br />
Argentina (milonga) e Arrependida (Valsa lenta), e Os Teus Olhos (canção) e<br />
Pensamento (valsa). Ambos os discos são lançados no mês de maio. No mês anterior,<br />
entre 7 e 15 de abril, Américo <strong>Jacomino</strong> se apresenta novamente em sarau beneficente,<br />
desta vez denominado Semana Festiva. O violonista acompanha a cantora Nené Moura<br />
Azevedo em Canções Brasileiras. No Conservatório Dramático e Musical, José<br />
Sampaio Formozinho e João Batista Ferraz organizam um recital no dia 29 de abril “em<br />
benefício de um amigo enfermo”, em que tomam parte apenas funcionários municipais.<br />
Canhoto apresenta-se como D. da Receita (sic). É bastante provável que o “amigo<br />
enfermo” fosse mesmo Américo <strong>Jacomino</strong>, que começa a desmarcar alguns recitais sem<br />
maiores explicações. É a última notícia do violonista no jornal O Estado de São Paulo<br />
antes de sua morte.<br />
Em 6 de junho de 1928 o violonista assim escreve a seu amigo Antonio de<br />
Barros Leite 79 :<br />
“São Paulo, 6 de junho de 928.<br />
“Bom e saudoso Amigo Barros<br />
“Saúde<br />
“Recebi há dias sua prezadíssima carta e fiquei muito contente em saber notícias<br />
suas e de sua Exma Família. Deves estar bem sentido comigo, não? Eu não tenho te<br />
escrito mais tempo por não saber de seu novo endereço mas enfim a nossa amizade está<br />
acima disso tudo.<br />
“Você não pode calcular o quanto tenho trabalhado no meu emprego você<br />
compreende de violões para lançador, é um caso sério não é verdade? Mas graças ao<br />
bom Deus já estou mais ou menos prático do cargo o meu violão está sempre na<br />
atividade todas as noites faço o meu exercício de uma a 2 horas e se tivesse mais tempo<br />
mais horas exercitaria. Fiz há cerca de um mês uma nova gravação de discos. Gravei<br />
12 musicas novas estive no Rio de Janeiro um mês. Você quando for em (sic) São<br />
Carlos procure esses novos discos. São os seguintes:<br />
“Arrependida (valsa); Amor de Argentina (tango argentino); Pensamento<br />
(capricho), um solo do melhor que tenho; Delirios (valsa) e outras que na ocasião<br />
encontrarás.<br />
79 Carta em posse do filho de Antônio Barros Leite.
“Quanto ao convite que me fazes para ir aí sinto imensamente não poder aceitá-<br />
lo pois ainda não tenho direito à licença só depois de um ano é que temos direito a 10<br />
dias e como faltam só 2 meses para completar um ano, acho melhor então esperar mais<br />
um pouco e assim irei passar uns 8 dias com o bom amigo e tocaremos violão até dizer<br />
chega o meu endereço e cartão que vão junto.<br />
“Sem mais outro abraço do amigo que sempre o considera.<br />
“Recomendações minhas e de Mariquinha a D. Rosa.<br />
“Américo <strong>Jacomino</strong><br />
“Venha passear um dia em São Paulo e me avise que te espero”.<br />
Pela carta pode-se saber a data exata em que o violonista assume o cargo de<br />
lançador da Prefeitura: agosto de 1927.<br />
Em 9 de julho de 1928, dois meses antes de falecer, Américo <strong>Jacomino</strong>, em nova<br />
carta a Antônio de Barros, escreve sobre seu atual estágio de saúde:<br />
“Prezado e bom amigo Barros<br />
“Saúde<br />
“Com grande prazer recebi o meu belo presente de 6 bons frangos e muito<br />
satisfeitos ficamos pois não podia ver presente melhor mais uma vez muito grato.<br />
“Quanto a minha ida para aí sinto não poder ser já devido me achar em<br />
tratamento e o médico aconselhou-me para não fazer excesso de forma alguma por isso<br />
eu acho que devo fazer o que diz o médico e logo que me sentir melhor eu te escrevo e<br />
marcando o dia de minha ida para aí.<br />
“Sem mais aceite juntamente com D. Rosa nossos agradecimentos e<br />
recomendações.<br />
prazer”.<br />
“Recomendações ao seu mano e um abraço do Amigo grato.<br />
“Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto.<br />
“Quanto à vinda de você e D. Rosa aqui em casa estamos esperando com muito<br />
Com o estado de saúde agravado, em São Paulo <strong>Jacomino</strong> é atendido pelo doutor<br />
Celestino Borroul, que o aconselha a procurar o doutor Miguel Couto no Rio de Janeiro,<br />
o que faz <strong>Jacomino</strong> quando volta à cidade para uma nova série de gravações. Para isso<br />
vai de carro, numa tortuosa viagem que dura três dias, ao lado da esposa e do irmão
Amadeu. Ao passar mal <strong>Jacomino</strong> regressa rapidamente a São Paulo, onde uma<br />
ambulância do Instituto Paulista o espera na estação de trem. Será atendido desta vez<br />
pelo Dr. José Rubião Meira.<br />
A 7 de setembro, uma sexta-feira, Américo <strong>Jacomino</strong> falece de insuficiência<br />
aórtica em São Paulo no Hospital Santa Catarina, na Avenida Paulista, às 17 horas e 30<br />
minutos. O atestado de óbito é assinado pelo doutor Alcides Ribeiro de Abreu. Ainda<br />
de acordo com o registro, <strong>Jacomino</strong> falece aos 38 anos de idade. Entre muitas notícias<br />
de seu falecimento, assim se manifesta o Correio da Manhã do Rio de Janeiro 80 , no qual<br />
há um trecho de leitura impossível devido ao fato de o jornal estar rasgado:<br />
Paulo.<br />
“Morreu o ‘Rei do Violão’. <strong>Jacomino</strong>, o ‘Canhoto’, finou-se anteontem em São<br />
“A música regional acaba de perder um de seus elementos mais brilhantes.<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> – ‘Canhoto’ – primeiro prêmio do nosso concurso ‘O Que é Nosso’,<br />
o popular ‘Canhoto’, que todos tanto apreciaram e admiraram através da suavidade de<br />
sua melodia encantadora, finou-se em São Paulo.<br />
“A morte de Américo <strong>Jacomino</strong>, que ainda há pouco estivera no Rio, não é uma<br />
dessas mortes que se perca no simples registro do noticiário fúnebre. Cantor de nossa<br />
terra, compositor, como poucos, da música regional cheia de graça e beleza, o autor de<br />
Abismo de Rosas foi um desses musicistas que mais se salientaram no cotejo de seus<br />
companheiros. Mestre do violão, compositor de um sem número de músicas que, hoje,<br />
se espalham pelo país inteiro, ‘Canhoto’ [...] aquele que melhor fazia tanger uma corda,<br />
vibrando em sua amplitude a própria alma que ele parecia depositar na nota melancólica<br />
e sentida.<br />
“Melhor elogio não se pode fazer de Américo <strong>Jacomino</strong> que o lembrar a sua<br />
participação admirável no concurso de músicas regionais, organizado por esta folha,<br />
concorrendo ao grande certame de então e competindo com inúmeros adversários de<br />
vários Estados da União, todos, cheios de prestígio, ‘Canhoto’ logrou empolgar um júri<br />
severíssimo e fazer-se coroar o ‘Rei do Violão’. Se sua fama já vazava os limites de sua<br />
modéstia e irradiava por todo o Brasil, essa época marcou, então, sua consagração.<br />
Hoje, no Rio, nos Estados, no bulício das cidades ou na tranqüilidade encantadora do<br />
sertão, não há quem não lhe saiba o nome.<br />
80 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 9 de setembro de 1928, p. 06.
“Popular, querido pelo seu mérito, ‘Canhoto’ teve uma morte cheia de<br />
repercussão e sentimento. Por isso é que, fazendo esse registro à parte, quisemos<br />
salientar o fato, um acontecimento de mágoa, para todos e de dor para a música<br />
regional”.<br />
O coche fúnebre sai às 16 horas de sua residência, rua 13 de Maio, n.º 156, em<br />
direção ao cemitério do Araçá, onde é sepultado o violonista.<br />
No mês de outubro de 1928 as lojas começam a vender o último disco de<br />
<strong>Jacomino</strong>, com as músicas Mexicana (valsa) e Uma Noite na Roça (cateretê), ambas<br />
gravadas naquele 14 de março.
Capítulo III – Panorama do violão em São Paulo: 1904 –<br />
1928<br />
III.1 – Os violonistas nas salas de concerto: Canhoto, Barrios, Robledo e outros.
Após os primeiros registros em disco de Américo <strong>Jacomino</strong>, na primeira etapa<br />
da carreira artística de <strong>Jacomino</strong>, a partir de finais de 1915, os jornais começam a<br />
noticiar seus recitais. O repertório do violonista é bastante extenso, sendo que várias<br />
composições que Canhoto gravou em disco não foram tocadas em público (caso de<br />
Quando os Corações se Querem), da mesma forma que outras peças executadas em<br />
concerto não foram gravadas em disco (caso de Magia de Olhar e Tango da Agarra).<br />
Após 5 de março de 1925, o maior número de apresentações de <strong>Jacomino</strong> se dá<br />
no rádio - o então emergente meio de comunicação -, mais especificamente na<br />
Sociedade Rádio Educadora Paulista. As notícias de que o violonista teria inaugurado<br />
esta rádio são incertas, já que, por artigos do jornal O Estado de São Paulo, vê-se que o<br />
violonista foi um dos primeiros a tocar na rádio, mas não há maiores detalhes sobre o<br />
assunto (vide capítulo II).<br />
Entre os locais em que o violonista mais se apresentou em toda sua carreira estão<br />
(sem incluir as temporadas):<br />
Conservatório Dramático e Musical de São Paulo: 14 vezes<br />
Teatro São Pedro: 6 vezes<br />
Teatro Avenida: 4 vezes<br />
Teatro Boa Vista: 4 vezes<br />
Teatro São Paulo: 4 vezes<br />
Além destes, <strong>Jacomino</strong> apresentou-se em praticamente todos os palcos principais<br />
da cidade de São Paulo, incluindo o Municipal (duas vezes), Teatro Colombo e Teatro<br />
Santana, somando-se ao todo mais de trinta e cinco palcos. São várias também as<br />
informações sobre turnês pelo interior do Estado de São Paulo, em cidades como<br />
Descalvado, Campinas, Santos, Itu, Amparo, Bauru e Jaú, além de outros Estados como<br />
Rio de Janeiro.<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> esteve tão presente nos noticiários que por várias vezes o<br />
jornal O Estado de São Paulo colocou uma coluna intitulada “Notícias do Canhoto”.<br />
As informações de outros violonistas são em número muito menor (vide capítulos I e<br />
II).<br />
No primeiro capítulo reunimos notícias sobre violonistas atuantes na cidade de<br />
São Paulo, seus repertórios e locais de atuação, com o intuito de apontarmos o<br />
surgimento do nome de Américo <strong>Jacomino</strong>. Tabulando as datas de atuação,
compositores executados, seus intérpretes e locais onde tocavam, é possível esboçar um<br />
panorama do instrumento na metrópole, que se desenvolvia rapidamente.<br />
A análise dos resultados obtidos (vide anexo I) levará em conta datas que<br />
estabelecemos na cronologia da vida e obra de <strong>Jacomino</strong>: ele nasce em 1889 e grava<br />
Belo Horizonte para violão solo, peça de sua autoria, em 1912; a primeira audição do<br />
violonista, noticiada pelos jornais, dá-se em 1915, e ele permanece atuante na cidade até<br />
1922, quando se muda para São Carlos após seu casamento; em 1925 ele volta para a<br />
capital, onde permanece até a morte, em 1928.<br />
Primeiro momento: 1889 a 1912<br />
É de 1904 a primeira notícia de recital de um violonista, F. P. Catton, a<br />
apresentar-se no Club Germânia, sem indicação de repertório, no entanto. Mas durante<br />
esta primeira década do século vinte, até 1911, Gil Orosco e Manuel Gomes, além do<br />
Tercetto Espanhol e da dupla Gil Orosco/Alberto Baltar, apresentam-se no Salão<br />
Steinway, nome de uma das salas do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e<br />
no Centro Espanhol. Aliás, neste segundo espaço só Manuel Gomes se apresenta. O<br />
repertório traz, como compositores da literatura do violão erudito, o nome de Francisco<br />
Tárrega e o de Julian Arcas, principalmente. O restante do repertório inclui transcrições<br />
de Chopin, Meyerbeer e Verdi, além de peças originais dos próprios violonistas que<br />
tocaram (caso de Orozco e de Manuel Gomes).<br />
Segundo momento: 1914 a 1922<br />
O segundo momento contempla os recitais de Francisco Pistoresi, que realiza<br />
alguns recitais ao violão apresentando seu invento, o diamenofone, uma espécie de<br />
amplificador. Todo o repertório deste violonista era composto de transcrições de obras<br />
de autores célebres como Wagner e Boccherini, com exceção de uma gavota de Mauro<br />
Giuliani, obra original para violão.<br />
Em 1916, com a estréia de Américo <strong>Jacomino</strong> em São Paulo, o movimento<br />
violonístico toma um impulso jamais visto até então. O repertório de concerto deste<br />
violonista durante o ano é composto exclusivamente de obras de sua autoria. Nos anos<br />
subseqüentes, até 1922, o violonista apresentaria peças de autores como Levino Albano<br />
da Conceição (Tarantella) e Frontini (Serenata Árabe).
Em 1917 ocorrem as estréias de Agustín Barrios e Josefina Robledo na capital<br />
paulista. O repertório de Barrios é variado, com muitas obras de sua autoria, peças de<br />
compositores paraguaios, como Garcia Tolsa e Alberto Baltar, e transcrições de autores<br />
como Beethoven, Chopin e Mendelssohn. Como peças originais Barrios interpreta<br />
Tárrega, Giuliani, Aguado, Coste e Regondi. Josefina Robledo não é compositora e,<br />
por sua vez, interpreta como peças originais apenas as de seu professor Francisco<br />
Tárrega e de seu colega Emílio Pujol. Todo o restante do repertório é composto de<br />
transcrições de autores espanhóis como Isaac Albeniz e Enrique Granados, além de<br />
compositores consagrados como Bach, Chopin e Paganini. Um terceiro nome se<br />
apresenta para o público paulista, o de Benedito S. Capello, que interpreta os mesmos<br />
autores que os demais e, a exemplo de Josefina Robledo, inclui uma obra de Emílio<br />
Pujol (Canção do Berço). Uma exceção ao padrão de autores escolhidos é a inclusão,<br />
em 1919, da transcrição de duas peças (gavota e minueto) da ópera O Contratador de<br />
Diamantes de Francisco Braga, transcrições estas que estão perdidas. Esta composição,<br />
juntamente com a Fantasia sobre O Guarani, de Carlos Gomes, transcrição a cargo de<br />
Américo <strong>Jacomino</strong>, são as duas únicas obras de compositores eruditos brasileiros<br />
executados no período.<br />
As salas escolhidas para os recitais se diversificam e o público pode, então,<br />
freqüentar o Salão do Correio Paulistano, Teatro Municipal de São Paulo, Salão do<br />
Automóvel Clube, Pavilhão Central, Teatro São Pedro e o Salão da revista A Cigarra,<br />
embora a mais requisitada seja a sala do Conservatório Dramático e Musical de São<br />
Paulo.<br />
Terceiro momento: 1923 a 1928<br />
Este último momento, que, como dissemos, compreende a volta de Canhoto para<br />
a capital até a sua morte, ainda traz apresentações de Josefina Robledo seguindo o<br />
mesmo padrão apontado. Américo <strong>Jacomino</strong> continua interpretando peças de sua<br />
autoria, além de peças originais de outros autores como Julian Sagreras (Uma Lágrima),<br />
João Pernambuco (Randon) e transcrições de Mendelssohn (3.º Prelúdio) e Verdi<br />
(Miserere da ópera O Trovador).<br />
Novos violonistas vão surgindo. João Avelino de Camargo, que formaria o<br />
primeiro trio de violões brasileiro de que se tem notícia, o trio Os Três Sustenidos,<br />
começa a se apresentar em recitais com obras de sua autoria. Domingos Silva aparece
interpretando peças próprias e composições do repertório de outros violonistas, como<br />
obras de Verdi (Miserere), Carlos Gomes (O Guarani) e Levino Albano da Conceição<br />
(Tarantella). Alfredo Pistoresi (filho de Francisco) inicia seus recitais com obras de<br />
Tárrega e Chopin, nitidamente inspirado em Josefina Robledo. Esta violonista possui<br />
como aluno em São Paulo Osvaldo Soares, que em 1925 realiza seus primeiros recitais,<br />
interpretando obras de compositores como Schumann, Albeniz, Tárrega e Pujol, entre<br />
outros, a exemplo de sua professora.<br />
Em 1925 e 1926 o paraguaio Pablo Escobar apresenta-se com um repertório<br />
variado, destacando-se peças de conterrâneos como Barrios e Garcia Tolsa, além de<br />
Tárrega, Sinópoli e peças de sua própria autoria. Canhoto, ao voltar à capital paulista,<br />
começa a demonstrar suas preferências quanto ao repertório, sendo várias as vezes em<br />
que o violonista interpreta a Marcha Triunfal Brasileira, Abismo de Rosas e Viola,<br />
Minha Viola, justamente as obras que interpretaria no concurso O Que é Nosso, no Rio<br />
de Janeiro.<br />
Entre novos nomes que aparecem a partir de 1926 estão Larosa Sobrinho, Luiz<br />
Buono, José Navarro, Benedito Chaves, Pedro J. Moraes, Leopoldo Silva Hugo<br />
Banzatto, Totó, J. Sebastião Lima e Pedro Cavalheiro, que contemplam em boa parte de<br />
seus repertórios, obras de suas autorias. A exceção fica a cargo de Juan Rodrigues, que<br />
amplia o repertório, incluindo originais de Fernando Sor e transcrições de Porcel, além<br />
de peças de sua própria autoria.<br />
Com relação às salas de concerto mais requisitadas neste terceiro momento, os<br />
teatros que acolhem as apresentações de violonistas são o salão do Conservatório<br />
Dramático e Musical de São Paulo, o Teatro Municipal, a União Católica Santo<br />
Agostinho, Associação dos ex-alunos Salesianos e o Teatro Boa Vista. A grande<br />
novidade é que na Sociedade Rádio Educadora Paulista começam a ocorrer<br />
apresentações dos vários novos violonistas já citados anteriormente.<br />
Conforme fica demonstrado, este terceiro momento se caracteriza sobretudo pelo<br />
grande número de apresentações de solistas nos palcos de São Paulo, proeminência que<br />
se acentua, se considerarmos que o instrumento também passa a ser muito divulgado<br />
nas rádios que vão surgindo.<br />
III.2 – Os violonistas nos estúdios das gravadoras: Canhoto, Levino Albano,<br />
Rogério Guimarães e outros.
Através de uma listagem com os discos gravados entre 1902 (vide anexo II),<br />
quando se registra o primeiro disco comercial no Brasil, até o final da década de 1920,<br />
quando da morte de Américo <strong>Jacomino</strong>, é possível obter dados expressivos sobre a<br />
atuação dos violonistas neste início do desenvolvimento da arte solística do violão no<br />
Brasil.<br />
A fase mecânica dura aproximadamente de 1902 a 1927, com cerca de 7000<br />
discos, dos quais mais da metade são registrados pela Casa Edson. Fred Figner, o<br />
diretor desta empresa, passa a prensar suas chapas no Brasil em 1913, com a instalação<br />
da Fábrica de Discos Odeon.<br />
A fase da gravação elétrica de 78 RPM no Brasil inaugura-se em julho de 1927,<br />
totalizando 28000 discos, sendo editados de 1927 a 1964, quando o sistema cai em<br />
desuso.<br />
Entre os primeiros registros de violão solo no Brasil há uma gravação do cantor<br />
lírico Mário Pinheiro com a música Petita, de sua própria autoria, gravada em 1910, em<br />
disco de uma face apenas, e há um disco gravado pela Columbia entre 1908 e 1912, de<br />
duas faces, com a gavota Jaci e o batuque Sertanejo, compostas e interpretadas por João<br />
Pernambuco.<br />
Com relação a Canhoto e demais violonistas do período, é provável que<br />
<strong>Jacomino</strong> agradasse por suas composições, pelo repertório e pela qualidade de seu<br />
trabalho, uma vez que foi o violonista que mais discos gravou, como comprova a<br />
Discografia Brasileira em 78 RPM. Até meados de 1940, ou seja, 12 anos após a sua<br />
morte, ele aparece como o nome mais expressivo nas gravadoras:<br />
Américo <strong>Jacomino</strong>: 47 discos com violão, 5 com cavaquinho e 40 com seu grupo.<br />
Mozart Bicalho: 9 discos<br />
Glauco Vianna: 11 discos<br />
Levino Albano da Conceição: 8 discos<br />
João Pernambuco: 10 discos<br />
Rogério Guimarães: 15 discos<br />
José Augusto de Freitas: 4 discos<br />
Benedito Chaves: 7 discos<br />
Henrique Brito: 9 discos<br />
Antônio Giacomino: 2 discos<br />
Trio Os Três Sustenidos: 4 discos
Tal panorama começaria a mudar quando outra geração de violonistas entra no<br />
estúdio para gravar, caso de Aníbal Augusto Sardinha (em 1930), mais conhecido como<br />
Garoto - que foi aluno de Canhoto -, Dilermando Reis (em 1941), Laurindo de Almeida<br />
(em 1938) e o próprio Heitor Villa-Lobos, que gravaria seu Choros n.º 1<br />
comercialmente no dia 25 de abril de 1940, sendo lançado em abril do ano seguinte.<br />
O colecionador Ronoel Simões possui ainda uma gravação do tango argentino Se<br />
Acabaram Los Otários, disco matriz não citado na Discografia Brasileira em 78 RPM.<br />
Uma curiosidade é que o nome da música é o nome do primeiro filme sonoro brasileiro,<br />
do qual participa seu companheiro Roque Ricciardi, o Paraguaçu. O filme foi lançado<br />
comercialmente em 1929, um ano após o falecimento de Américo <strong>Jacomino</strong>, portanto é<br />
provável que, caso a vida lhe tivesse fornecido mais tempo, ele também tivesse<br />
participado do filme.<br />
A Odeon era a que mais gravava o instrumento, seguida da Victor Records,<br />
Favorite Records e Columbia. A Zon-o-Phone teve uma participação expressiva no<br />
início das gravações em 1902, sendo, porém, um caso isolado. Canhoto trabalharia para<br />
duas companhias, a Odeon e a Phoenix, sendo que seu nome sairia também pela<br />
pequena gravadora Gaúcho através de uma gravação do grupo Os Geraldos,<br />
interpretando duas músicas de sua autoria. O nome de Canhoto foi o único que figurou<br />
nos catálogos dessas gravadoras entre 1912 e 1933, cinco anos após sua morte.<br />
Relacionamos, a seguir, as gravadoras para as quais os violonistas trabalharam:<br />
ZON-O-PHONE: Os primeiros discos brasileiros foram os da gravadora Zon-<br />
o-Phone, séries 10000 e x-100 (gravadas no Brasil e fabricadas na Alemanha pela<br />
International Zonophone Co.), respectivamente, de discos de 7 e 10 polegadas de<br />
diâmetro. Como as séries são simultâneas, tanto o 10.001 (Isto é bom) como o x-1001<br />
(Ave Maria) poderiam ser considerados os primeiros discos brasileiros, gravados em<br />
1902 ou, alguns, em 1901. A Zon-o-Phone prensa os discos em duas faces, ao contrário<br />
das demais. Os cantores Bahiano e Cadete registram inúmeros discos acompanhados ao<br />
violão, sendo que a contagem geral dos catálogos desta empresa se aproxima de 200<br />
gravações. Não há nenhum solo de violão registrado pela Zon-o-Phone..<br />
ODEON:
-1.ª Série Brasileira – 40000 (1904/1907): Os discos com acompanhamento de<br />
violão registrados nesta série somam 39. Há, por um lado, várias gravações sem<br />
indicação de acompanhamento. Por outro lado, há indicações mostrando que muitos<br />
foram acompanhados pelo cantor e violonista Mário Pinheiro. Os discos são todos de<br />
duas faces.<br />
-Série 10000 (1907/1913): Nesta série são registrados 17 discos com<br />
acompanhamento de violão, sendo que vários não possuem indicação de<br />
acompanhamento. O cantor Mário Pinheiro novamente acompanha a maior parte das<br />
gravações. Dois grupos possuem violão em sua formação: Grupo da Casa Edson e<br />
Grupo Novo Cordão.<br />
-Série 108000 (1907/1912): Nesta série são registrados 33 discos com<br />
acompanhamento de violão. Bahiano, Cadete e Eduardo das Neves acompanham a<br />
maior parte das gravações.<br />
-Série 70500 (1908/1912): Há várias gravações com Mário Pinheiro. Não se<br />
sabe ao certo se há algum solo de violão, mas o instrumento é utilizado para grande<br />
número de acompanhamentos.<br />
lançados.<br />
-Série 137000 (1912/1914): Esta série teve pouca duração e poucos discos foram<br />
-Série 120000 (1912/1915): Nesta série aparecem os primeiros registros<br />
fonográficos de Américo <strong>Jacomino</strong>, o Canhoto. Este violonista lançou a maior parte das<br />
gravações em solos de violão até a metade do século vinte, fato comprovado pela<br />
listagem de gravações até o período. Há ainda vários discos de Cadete, Bahiano e<br />
Eduardo das Neves.<br />
-Série 121000 (1915/1921): Nesta série são registrados 4 discos com<br />
acompanhamento de flauta, cavaquinho e violão, 4 com flauta e violão, 1 com violão e<br />
piano, 2 com violão e bandolim, 72 com violão e cavaquinho, e 13 com violão.<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> aparece acompanhando o cantor Bahiano em 2 discos. Existem<br />
também vários registros com Canhoto, Eduardo das Neves, Bahiano e Mário Pinheiro,
certificando que, nesta época, o violão era o instrumento que mais acompanhava os<br />
cantores. Mais ou menos 28 grupos que gravaram discos possuíam violão em sua<br />
formação.<br />
-Série 122000 (1921/1926): Há nesta série várias gravações do cantor Bahiano,<br />
sem, contudo, haver uma certeza de quantos são acompanhados de violão. O grupo<br />
Turunas Pernambucanos é formado de 3 violões, 1 cavaquinho e 1 saxofone, e grava 4<br />
discos. Há ainda algumas gravações de Canhoto, Levino Albano da Conceição, entre<br />
outros.<br />
-Série 123000 (dez. 1925/ jul. 1927): Cada face desta série possui uma<br />
numeração distinta. Aqui aparecem várias gravações de João Pernambuco com<br />
acompanhamento de Rogério Guimarães. Há também curiosas gravações de Américo<br />
<strong>Jacomino</strong> tocando cavaquinho e até cantando.<br />
-Série 10000 (julho 27/ maio 33): A importância artística desta série é<br />
incomparável. Há inúmeras gravações com acompanhamento de violão solo ou com<br />
outros instrumentos, com intérpretes como Rogério Guimarães, Mozart Bicalho,<br />
Canhoto e Sainz de la Maza. Vários cantores de importância gravaram nesta série, entre<br />
eles a cantora e violonista Olga Praguer Coelho. Há também gravações de Francisco<br />
Alves tocando violão e sendo acompanhado por Canhoto. Somando-se o número de<br />
acompanhamentos de violão solo ou com outros instrumentos, chega-se a mais ou<br />
menos 70 gravações, considerando ainda o fato de que muitas músicas aparecem sem<br />
indicação de acompanhamento.<br />
-Série 11000 (maio 33/ julho 41): Há mais ou menos 78 músicas com<br />
acompanhamento de violão nesta série, a maioria por Rogério Guimarães. Há duas<br />
curiosas gravações de Ari Barroso tocando piano e sendo acompanhado por Laurindo de<br />
Almeida e Garoto em agosto de 39. O Regional de Laurindo (de Almeida) e Garoto<br />
grava 7 discos. Rogério Guimarães grava 18 discos com acompanhamento de violão<br />
solo, além daqueles com outros instrumentos.<br />
ODONETE: (1.º Semestre de 1927)
Aparecem apenas um dueto de guitarra e violão e um dueto de violão e<br />
cavaquinho.<br />
FAVORITE RECORDS: (1910/1913)<br />
Nesta gravadora aparecem 33 discos com acompanhamento de violão. Os<br />
intérpretes são: Neco, Alberto, Artur Castro, Orestes de Matos, Zeca, Acácio, Pacheco e<br />
Serrano.<br />
VICTOR RECORD: (1908/1912)<br />
A maioria das gravações foi feita com acompanhamento de violão, mais<br />
precisamente 80 registros, sendo grande parte a cargo de Mário Pinheiro. Dois<br />
conjuntos mantinham violão em sua formação: Quarteto Os Sustenidos e o Quarteto<br />
Oriente.<br />
COLUMBIA: (1908/1912)<br />
Há uma gravação de João Guimarães (Pernambuco) tocando violão. A maioria<br />
dos discos desta gravadora – vinte e oito - possuía acompanhamento de violão, muitos<br />
desses discos pelo Belchior da Silveira, “Caramuru”, o principal cantor da Columbia.<br />
Quatro grupos possuíam violão em sua formação nesta série: Grupo Nicanor, Grupo K.<br />
Laranjeira, Grupo Chiquinha Gonzaga e Grupo Lulu o Cavaquinho.<br />
BRASIL: (1911/1914)<br />
Há apenas a informação de um grupo, o Terceto Paulino, formado por violão,<br />
bandolim e bandola.<br />
PHOENIX: (1913/1918)<br />
Há várias gravações do Grupo do Canhoto e dele próprio tocando violão solo.<br />
Há também gravações de vários conjuntos que utilizam o instrumento. São eles:<br />
Caravana de São Francisco, Grupo do Louro, Trio Aurora, Grupo dos Descarados,
Grupo dos Chorosos, Grupo dos Excêntricos, Grupo dos Fiteiros, Grupo Phoenix,<br />
Grupo Diamantino, Grupo Faceiro e Grupo Sulferino.<br />
GAÚCHO: (1912 / Início dos anos 20)<br />
Há apenas uma gravação do conjunto Os Geraldos interpretando uma música de<br />
Américo <strong>Jacomino</strong>.<br />
VICTOR:<br />
- Série 33200 (nov. 29/ dez. 35): Nesta série há inúmeras gravações com<br />
acompanhamento de violão solo ou com outros instrumentos. Os principais violonistas<br />
acompanhadores são Rogério Guimarães, Garoto e Glauco Vianna.<br />
- Série 34000 (dez. 35/ set. 42): Nesta série há diversos discos sem indicação de<br />
instrumento acompanhador. Na maioria das gravações de música sertaneja os cantores<br />
interpretam ao som de viola caipira. O violão está presente como acompanhante em<br />
quase todas as gravações, excetuando-se as com orquestra. A cantora Olga Praguer<br />
Coelho tinha como violonistas acompanhantes Pereira Filho e Luiz Bittencourt, além de<br />
Rogério Guimarães e outros.<br />
COLUMBIA:<br />
- Série 5000 (fev. 29/ jul. 30): Nesta série há vários discos sem indicação de<br />
instrumento acompanhador. O cantor Paraguaçu e a cantora Stefana de Macedo faziam-<br />
se acompanhar por violonistas. Alguns violonistas que aparecem nesta série são:<br />
Benedito Chaves “Guru”, Jararaca (José Luiz Calazans), José Pedroso Camargo, João<br />
Pernambuco, Petit (Hudson Gaia) e José Sampaio. Há também alguns solos com<br />
Benedito Chaves “Guru” interpretando peças eruditas e várias gravações com João<br />
Pernambuco.
- Nas séries 20000 (maio 29 /set. 30), 7000 (ago. 30/ out. 30) e 22000 (jan. 31/<br />
nov. 34) não há solos de violão. Aos poucos os acompanhamentos com o instrumento<br />
vão diminuindo e as orquestras vão ocupando mais espaço nas gravadoras.<br />
- Série 8100 (dez. 34/ out. 38): Há algumas gravações de Aníbal Augusto<br />
Sardinha, o Garoto, tocando guitarra havaiana e violão tenor. Vários discos não<br />
possuem indicação de acompanhamento. Os conjuntos instrumentais acompanham a<br />
maioria dos discos.<br />
- Série 55001 (dez. 38/ out. 43): A importância desta série reside no fato que<br />
Dilermando Reis grava seu primeiro disco, com a música Noite de Lua. Há algumas<br />
poucas gravações com acompanhamento de violão e alguns solos deste instrumento.<br />
PARLOPHON:<br />
- Série 12801 (ago. 28/ago. 29): Há uma gravação de Guido Santórsola tocando<br />
violino. Este iria ser um dos grandes compositores para o violão no século vinte,<br />
criando importantes peças para o repertório de grandes violonistas como Abel Carlevaro<br />
e Sérgio Abreu. Há também algumas gravações de Rogério Guimarães. Muitos discos<br />
não possuem especificação de acompanhamento. Nas notas da Discografia Brasileira<br />
em 78 RPM, editada pela FUNARTE, há uma citação sobre Glauco Vianna: “O<br />
violonista e compositor Glauco Viana era, então, ‘quase uma criança’, segundo<br />
Monoarte. Também muito jovem era o violonista e acompanhante Jaime Florence, um<br />
feliz exemplo de longevidade artística, em atividade até os dias atuais”.<br />
- Série 13000 (ago. 29/ ago. 32): Nesta série, a última da Parlophon, há mais<br />
algumas poucas gravações com violão, com intérpretes como Armando Neves, Tito,<br />
Tute e Luperce Miranda, entre outros. Em uma gravação Garoto aparece com o nome<br />
Aníbal da Cruz. Há também gravações com Glauco Vianna, Carlos Campos, entre<br />
outros.<br />
BRUNSWICK:
- Série 10000 (dez. 29/ fev 31): Há diversos discos em que o acompanhamento<br />
não está especificado. O total soma quatorze. Há gravações do mais antigo trio de<br />
violões brasileiro de que se tem notícia, o trio Os Três Sustenidos, formado por Melinho<br />
de Piracicaba, João Avelino e Teotônio Corrêa, sendo poucos os registros em solos de<br />
violão.<br />
ARTE-PHONE: (SP início dos anos 30): Há apenas duas gravações com violão, uma<br />
delas com Antonio Giacomino, que não possuía parentesco com Américo <strong>Jacomino</strong>.<br />
Capítulo IV - O violonista Américo <strong>Jacomino</strong>: A música, a obra, o professor e seu<br />
instrumento<br />
IV.1 - Aspectos técnico-interpretativos e recursos violonísticos empregados<br />
O principal nome do violão durante finais do século dezenove e inícios do<br />
século vinte foi o espanhol Francisco Tárrega, cuja aluna Josefina Robledo se<br />
apresentou no Brasil durante as décadas de 1910 e 1920 (vide capítulo I), chegando a se<br />
instalar por um breve período em São Paulo e Rio de Janeiro. As peças de Tárrega<br />
eram as que apresentavam os mais variados recursos timbrísticos no instrumento, e pela<br />
coincidência das apresentações de Robledo e Barrios com os primeiros recitais<br />
importantes de Américo <strong>Jacomino</strong>, é provável que o violonista brasileiro tenha neles se<br />
inspirado para utilizar alguns desses recursos. Os exemplos mais utilizados por<br />
<strong>Jacomino</strong> são:<br />
- Pizzicati: apesar de ser um recurso conhecido e utilizado por compositores desde o<br />
período clássico, foi bastante difundido por Tárrega, chegando a apresentar uma nova<br />
forma de executar, tocando com a palma da mão sobre a região da roseta do violão, em<br />
sua Gran Jota Aragonesa, aliás, uma das peças mais tocadas por Josefina Robledo no<br />
Brasil. Américo <strong>Jacomino</strong> apresenta em Viola, Minha Viola um efeito de fala se<br />
utilizando do pizzicato tocado de forma normal (sobre o cavalete), porém com a mão<br />
esquerda (ou direita, no caso de <strong>Jacomino</strong>) tocando na mesma região da roseta do
instrumento, apresentando, desta forma, sons indeterminados. Este efeito é inédito até<br />
então, e nenhum outro compositor, até onde se saiba, se utilizou do mesmo recurso.<br />
- Harmônicos: O efeito de harmônico conhecido no violão é realizado de duas formas: o<br />
harmônico natural, obtido com a ressonância das cordas soltas do instrumento, e o<br />
harmônico oitavado, obtido com a ajuda da mão esquerda, que prende a nota específica<br />
que se quer escutar. <strong>Jacomino</strong> utilizou principalmente o harmônico natural, que tocava<br />
de maneira bastante ressonante e projetada, efeito este facilitado pela própria<br />
ressonância de seu violão (como pode ser certificado na gravação do CD anexo à<br />
dissertação). Entre as obras em que <strong>Jacomino</strong> se utiliza deste efeito, estão a gavota<br />
Alvorada de Estrelas, as valsas Abismo de Rosas e Luizinha e o tango Por que tu<br />
vuelves a mi?.<br />
- Trêmulo: Este efeito é obtido tocando-se de forma rápida e seguida três ou mais notas<br />
iguais. Normalmente se faz com o polegar pinçando os baixos e indicador, médio e<br />
anular pinçando o canto (melodia). É impossível certificar qual a digitação utilizada por<br />
<strong>Jacomino</strong>, mas há a suposição, pela posição da mão quando se toca de forma canhota,<br />
que seja o dedo anular para os baixos e o anular, o indicador e o polegar para o canto.<br />
<strong>Jacomino</strong> se utiliza deste efeito para tocar a peça Um Delírio, de Gaspar Sagreras, o<br />
noturno Melancolia e a Fantasia sobre O Guarani, de Carlos Gomes.<br />
- Rufo: Efeito de tambor, bastante utilizado para músicas de caráter militar. Um dos<br />
exemplos mais contundentes está na já citada Gran Jota Aragonesa, de Francisco<br />
Tárrega. <strong>Jacomino</strong> utiliza este efeito em suas marchas de forma bastante eficaz,<br />
servindo de referência a outros compositores brasileiros que fizeram peças do mesmo<br />
caráter (Benedito Chaves, por exemplo, em sua peça Marcha Colombina). Os<br />
principais exemplos de <strong>Jacomino</strong> são o dobrado Campos Sales e a Marcha Triunfal<br />
Brasileira. Na primeira gravação da Marcha dos Marinheiros, <strong>Jacomino</strong> também se<br />
utiliza deste efeito, que foi excluído na segunda gravação da mesma peça, realizada pelo<br />
próprio compositor.<br />
- Glissandi: Efeito bastante utilizado por <strong>Jacomino</strong> por facilidade de seu violão, que<br />
possuía tensão muito pequena (cordas baixas em relação ao espelho, que é a parte do<br />
braço do violão em que apertamos as cordas com os dedos da mão esquerda) e grande
vibração da madeira, fato este comprovado também pela gravação do CD anexo para a<br />
dissertação. O principal exemplo do uso deste efeito em uma obra de <strong>Jacomino</strong> está na<br />
valsa Burgueta.<br />
- Rasqueados: Efeito utilizado desde o período renascentista em instrumentos de cordas<br />
dedilhadas. No violão brasileiro foi fundamental como demonstração de músicas de<br />
caráter regional, sendo ainda hoje símbolo e recurso principal de músicas de estilo<br />
popular, principalmente quando tocado em viola caipira. É o oposto do ponteado, estilo<br />
em que o violonista dedilha as cordas. Américo <strong>Jacomino</strong> se utiliza deste efeito<br />
principalmente nas peças Viola, Minha Viola, Marcha dos Marinheiros e Fantasia<br />
sobre o Guarani, de Carlos Gomes.<br />
As tonalidades preferidas por <strong>Jacomino</strong>, a julgar pelo número de gravações,<br />
foram as de Lá maior e Mi maior, as mais comuns do violão no período. O violonista<br />
gravou quase que exclusivamente peças de sua autoria, fazendo exceção aos<br />
compositores Donato, Joubert de Carvalho, Canaro, Fresedo e Carlos Gomes.<br />
Luís Américo, seu filho, contou 81 que, segundo sua mãe lhe dizia, Américo<br />
<strong>Jacomino</strong> estudava praticamente o dia inteiro, e não gostava de ser incomodado para<br />
não perder a concentração. Pelos discos é possível conferir que o violonista pouco<br />
falhava nas notas, em uma época em que não podiam ser feitos cortes de edição nas<br />
gravações.<br />
As poucas críticas desfavoráveis a Américo <strong>Jacomino</strong> partiram de violonistas<br />
contemporâneos a ele como Atílio Bernardini 82 e da revista O Violão 83 . Bernardini foi<br />
um dos pioneiros do ensino do violão no Brasil, mais especificamente na cidade de São<br />
Paulo, tendo estudado teoria musical no Conservatório Dramático e Musical de São<br />
Paulo, e foi um dos primeiros a publicar um método de violão com idéias mais<br />
modernas no Brasil. Com relação à revista O Violão, a mesma já havia publicado<br />
artigos em que elogiava o violonista 84 .<br />
Apesar do ensaio fotográfico feito por <strong>Jacomino</strong> em 1919, não se conhece,<br />
infelizmente, até o momento, fotografias de Américo <strong>Jacomino</strong> durante uma<br />
apresentação, para se ter melhor noção da postura corporal e das noções técnicas do<br />
81<br />
Entrevista de Luís Américo <strong>Jacomino</strong> a <strong>Gilson</strong> <strong>Antunes</strong> em São Paulo, no dia 27 de novembro de 1999.<br />
82<br />
Entrevista de Ronoel Simões a <strong>Gilson</strong> <strong>Antunes</strong> em São Paulo, no dia 30 de março de 1994.<br />
83<br />
O Que é Nosso: O “Correio da Manhã” prosseguirá na defesa do nosso patrimônio. O Violão, Rio de<br />
Janeiro, ano 1, n.º 5, pp. 15-16, abr. 1929.<br />
84<br />
“A Cultura do Violão em São Paulo”. O Violão, Rio de Janeiro, ano 1, n.º 1, p. 17, dez. 1928.
violonista, e até que ponto ele aplicava seu método em prática para uso próprio. Ao que<br />
parece, não é raro o aparecimento de violonistas canhotos que tocam o instrumento sem<br />
inverter as cordas, principalmente entre aqueles que não tiveram acesso a escolas de<br />
música. Cita-se como exemplo de violonistas solistas que gravaram discos ou deixaram<br />
imagens, Canhoto da Paraíba e Rogério Guimarães. No caso de violonistas cuja técnica<br />
se baseia no esquema popular de tocar por cifras, com “batidas” (pulsações) rítmicas da<br />
mão direita, verificam-se vários cantores de duplas sertanejas, mas estes são casos<br />
específicos, sem relação com o violão solista e com esta monografia.<br />
Sobre informações dos dois violonistas citados, Rogério Guimarães nasce em<br />
Campinas em 8 de junho de 1898, tendo iniciado sua carreira artística no ano de 1922,<br />
gravando dois anos depois seu primeiro disco, com a valsa Martha e o fox-trot<br />
Marinetti. Foi um dos primeiros artistas a gravar na Victor com fabricação nacional em<br />
1929, tornando-se diretor artístico desta mesma gravadora por três anos no Rio de<br />
Janeiro. Como <strong>Jacomino</strong>, liderou um conjunto musical que acompanhou vários artistas,<br />
o Regional Rogério Guimarães. Em 1954, por ocasião do 4.º Centenário da Cidade de<br />
São Paulo, gravou em disco a mais conhecida composição de Américo <strong>Jacomino</strong>, a<br />
valsa Abismo de Rosas, tendo sido acompanhado por uma orquestra. A peça possui<br />
originalmente três partes, em Lá maior, Lá menor e Ré maior, sendo que nesta gravação<br />
eles não executaram a terceira parte da música.<br />
Ao se escutarem algumas gravações deste violonista, percebe-se que possuía<br />
uma técnica diversa da de <strong>Jacomino</strong>. Isso é perceptível por meio dos poucos recursos<br />
violonísticos utilizados (pouco ou nada de trêmulos, pizzicati, harmônicos e demais<br />
efeitos timbrísticos), além de gravar quase que integralmente com acompanhamento de<br />
outro violonista, ao contrário de <strong>Jacomino</strong>. Do mesmo modo, não é possível perceber<br />
que seja um violonista canhoto que esteja tocando e suas peças são bastante passíveis de<br />
serem interpretadas a partir da maneira tradicional de pinçar as cordas. Acrescente-se a<br />
isto o fato de sua valsa Gotas de Lágrimas ainda permanecer no repertório de<br />
violonistas mais antigos.<br />
Canhoto da Paraíba é o pseudônimo de Francisco Soares. Em 1959 faz sua<br />
primeira apresentação no Rio de Janeiro, ganhando a admiração de pessoas como<br />
Radamés Gnattali e Paulinho da Viola. Gravou poucos discos, sendo que o mais<br />
conhecido foi registrado em 1977, com produção de Paulinho da Viola para a Marcus<br />
Pereira Discos. Felizmente no caso deste violonista é possível ter acesso a análises<br />
mais pormenorizadas pelo fato de existirem imagens gravadas em programas de
televisão, ao contrário de <strong>Jacomino</strong> ou Guimarães. Analisando um programa de<br />
televisão 85 , observa-se que o violonista utiliza digitações alternativas de mão esquerda<br />
(a que pinça as cordas) e direita (a que marca a posição das notas), tanto para pinçar as<br />
cordas quanto para realizar determinados recursos técnico-musicais, como ligados<br />
ascendentes e descendentes.<br />
Uma questão é mister ser analisada. O fato de os violonistas serem canhotos<br />
teria, ao utilizarem uma técnica diferenciada, influência no resultado sonoro, ao<br />
contrário dos violonistas destros? Teoricamente sim, pelo fato daqueles se aproveitarem<br />
de uma técnica cujo peso dos dedos, ao pinçarem as cordas, é diferente do peso dos<br />
dedos utilizados pelos violonistas destros. É certo que isso poderia ser controlado com<br />
um estudo sistemático de independência dos dedos, tão comum em métodos de violão.<br />
Mas, caso isso não ocorresse, o resultado seria bastante singular. Poder-se-ia pensar na<br />
possibilidade de uma digitação base para os violonistas canhotos, com o dedo anular<br />
pulsando os bordões e o dedo médio para a terceira corda, o indicador para a segunda e<br />
o polegar para a primeira. É óbvio que as variantes seriam muitas, como no caso dos<br />
violonistas destros, inclusive um grande número de digitações alternativas, e por que<br />
não, o uso do dedo mínimo da mão esquerda, ainda pouco utilizado por violonistas em<br />
geral (e, no começo do século vinte, menos ainda).<br />
Ao se escutarem os discos de Américo <strong>Jacomino</strong> e Rogério Guimarães, essa<br />
possível diferenciação sonora não é perceptível, comparando-se com violonistas destros.<br />
Inclusive, ao ater-se em técnicas intrinsecamente baseadas na mão direita, como no caso<br />
do trêmulo, em Américo <strong>Jacomino</strong> (nas músicas Melancolia e Fantasia sobre o<br />
Guarani) não se percebe que o violonista esteja tocando de forma invertida. Para uma<br />
digitação base de polegar, indicador, médio e anular, com o dedo anular para os<br />
bordões, uma provável mudança para anular, médio, indicador e polegar dos canhotos<br />
resultou em sonoridade idêntica.<br />
Não se pode afirmar, como Ronoel Simões 86 , que Américo <strong>Jacomino</strong> tenha<br />
formado uma Escola Violonística. A justificativa de que isso tenha ocorrido pelo<br />
simples fato de o violonista tocar da forma que tocava é vaga, se apoiada apenas no fato<br />
de que seu Método de Violão é feito para destros; além disso, não se conhece nenhum<br />
aluno de <strong>Jacomino</strong> que tenha servido como referência para gerações futuras, o que<br />
85 “Canhoto da Paraíba”. Projeto Brahma Extra – Grandes Músicos. Fita de VHS, VI – 00508.17.<br />
Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro.<br />
86 Depoimento de Ronoel Simões ao Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Fitas n.º 75.1.2 e 75.3.4.
acaba por desvalidar a justificativa de Simões. Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, que<br />
como foi dito estudou com Américo <strong>Jacomino</strong>, chegou até mesmo a gravar Abismo de<br />
Rosas duas vezes, além de fazer um arranjo “exótico” 87 para a Marcha dos Marinheiros,<br />
que iria gravar pouco antes de sua morte prematura. Porém, este mesmo violonista<br />
passaria para a história como aluno de Atílio Bernardini, o mesmo que fez crítica<br />
desfavorável a Américo <strong>Jacomino</strong>. O Método de Violão de Américo <strong>Jacomino</strong>, além de<br />
ser desenvolvido para pessoas destras, é baseado em suas informações iniciais nos<br />
métodos de violonistas do período clássico. O fato de tocar com o dedo mínimo junto<br />
ao tampo do instrumento, com o violão na perna esquerda e sem unhas mostra uma<br />
ligação direta com a escola do violonista espanhol Fernando Sor 88 .<br />
IV.2 – Manuscritos e partituras impressas de Américo<br />
<strong>Jacomino</strong><br />
Esta relação está feita em ordem alfabética para facilitar sua localização. Ela se<br />
baseia em partituras encontradas em arquivo - pessoal e de particulares - além de<br />
notícias de jornais e citações do jornalista Juvenal Fernandes no álbum editado pela<br />
Fermata, em 1978.<br />
Sigla:<br />
MS: manuscrito<br />
p.: página<br />
s.d.: sem data<br />
IV.2.1 - As peças publicadas ou presentes em manuscritos<br />
de transcritores segundo o gênero musical<br />
FOX-TROT<br />
87 Idem.<br />
88 Sor era partidário do uso do toque sem unhas, como escreve em seu Método de Violão, ao contrário de<br />
seu amigo e conterrâneo Dionísio Aguado. Ambos marcaram vertentes estéticas diferentes, muito<br />
discutidas pelos violonistas da geração dos alunos de Tárrega (primeira metade do século vinte),<br />
principalmente por Emílio Pujol, que viria a escrever o livro El Dilema Del Sonido de la Guitarra,<br />
especificamente sobre este assunto.
Américo <strong>Jacomino</strong> se utilizou três vezes desse gênero musical. A peça A<br />
menina do sorriso triste parece ter servido de modelo para Quando os corações se<br />
querem e Sudan (esta a versão cantada da anterior), sendo a primeira parte das peças<br />
praticamente idêntica.<br />
A MENINA DO SORRISO TRISTE<br />
Esta música foi gravada pelo próprio Américo <strong>Jacomino</strong> pela gravadora Odeon,<br />
com número de série 123.199, entre dezembro de 1925 e julho de 1927, sistema<br />
mecânico de 1 face apenas. A matriz recebeu o número 1009, sendo lançado em<br />
dezembro de 1926. A indicação de gênero aparece como sendo um híbrido fox-tango,<br />
sendo as características rítmicas semelhantes às encontradas nesses dois gêneros<br />
musicais. A estrutura é uma forma canção A - B, com introdução e repetição. A<br />
tonalidade é de Lá (modo menor na parte A e maior na parte B), com as funções<br />
harmônicas de T, S, D7, T, S ,T e D7 (parte A, 2 vezes) e T, Dd, D7, T, D, Dd , T, S, T,<br />
D7 e T. No compasso 20 aparece um acorde de subdominante com sexta napolitana,<br />
muito comum em gêneros como o choro.<br />
QUANDO OS CORAÇÕES SE QUEREM<br />
Esta música foi gravada pela Odeon, série 10.188, lado B, matriz 1595, lançada<br />
em junho de 1928. Ela possui uma versão cantada que virou propaganda de marca de<br />
cigarro, chamada Sudan. É uma forma canção A - B, com introdução. A tonalidade é<br />
de Lá, com modo menor na primeira parte e maior na segunda.<br />
SUDAN<br />
Versão cantada de Quando os corações se querem. Segundo seu filho Luís<br />
Américo, trata-se de uma espécie de pré-jingle, ou algo que se assemelhe a isso<br />
atualmente. Na capa da partitura aparece o dizer “Brinde da premiada fábrica de<br />
cigarros Sudan”. Como curiosidade, numa foto em que Américo <strong>Jacomino</strong> aparece com<br />
seu Grupo, a música que está na estante de música é justamente esta. Ao que parece a<br />
melodia agradou bastante o compositor, que a utilizou novamente em outras ocasiões,<br />
como explicado anteriormente. Os versos são do Duque de Abramonte, e a música é
dedicada a Sabbado D’Angelo, que parece ser o proprietário de tal marca de cigarros<br />
(na contracapa da partitura aparecem várias caixas do fumo, com o citado nome em<br />
destaque na parte central inferior. A letra é bastante sugestiva: “Quando no meu quarto<br />
a meditar / No amor /Para sonhar / Fumo o meu cigarro divinal /Ideal /E sem rival /<br />
Sudan Sudan que faz sonhar Oh! Que cigarro enlevador /Quanta ventura, que sonho<br />
divinal de amor... Foi a fumar que aprendi a amar / Sudan eu te devo o amor consolador<br />
Da minha dôr / Meu amigo divinal /O, Sudan, não tem rival... / Fumo Sudan chic que os<br />
meus ais / Evola em nuvens vans / E também o bom Sudan Ovaes / E todos os Sudans, /<br />
E Sudanita o triunphador / Esse cigarro enlevador / E Sudaneza, Sudan sempre o Sudan<br />
Record...”.<br />
AMOROSA<br />
Esta peça foi publicada para piano pela EMP, sem data, com letra de Luiz de<br />
Freitas. Bastante característico, é um fox em forma de canção, com introdução, parte<br />
única em Mi maior e refrão (2 vezes), com repetição da capo. A letra é tipicamente<br />
romântica e graciosa, e vem aqui reproduzida sem alteração: “Amorosa, És tão gentil e<br />
carinhosa/ Da flor tu tens a alma porosa/ Que é luz, vida e esplendor! / Tem o candor da<br />
madrugada/ E ameniza o teu amor! / És vibração que o mundo e o céu encheu de vida! /<br />
Da inspiração Deus te formou minha querida!/ Tens no falar doces carinhos, Dos<br />
passarinhos, Dentro dos ninhos, a pipilar !”.<br />
ENTRE DUAS ALMAS<br />
Editada para piano com letra de Duque de Abramonte pela Est. Graph. Musical,<br />
sem data. A cópia disponível no CCSP vem com a data de doação de 8 de outubro de<br />
1942. O esquema é de canção A (2x) B, sem introdução, com tonalidade de Sol (modo<br />
menor na parte A e maior na parte B). "Entre duas almas esplendor feitas de amor e de<br />
calor / Fulge luminosa esplendorosa a linda rosa de Thabor / E abre-se azul num céu de<br />
luar a enamorar num longo olhar / Almas que são vans almas de flor feitas de amor e de<br />
esplendor. Oh! Que ilusão Oh! Que ilusão / Oh! Que luar/ No fundo de cada emoção /<br />
Rebrilha refulge um olhar / Oh! Quanto amor / Oh, como é ideal / Que esplendor Oh!<br />
Que esperança Descansa /Balança Entre esse amor".
SAMBA<br />
FECHE A PORTA E LEVE A CHAVE<br />
Editada para piano, sem data e sem nome de editora. O arranjo é de Alcebíades<br />
Corrêa, com letra e música de Américo <strong>Jacomino</strong>. O esquema encaixa-se na construção<br />
de introdução instrumental, solista (estrofe) e coral (refrão). A tonalidade única é de Lá<br />
maior, com 6 letras diferentes, com o tema gracioso e romântico característico. Refrão:<br />
“Vem comigo/ Vem comigo brincar / Lá na praia eu te digo / Tudo vou confessar”.<br />
SCHOTTISCH<br />
FLÔR PAULISTA<br />
Editada para piano pela “Campassi & Carmin”, sem data. A adaptação rítmica é<br />
de L. Rinaldo. A letra, novamente com o tema romântico e gracioso, não aparece com<br />
especificação, julgando-se tratar também de Américo <strong>Jacomino</strong>. É uma forma canção<br />
simples A - B, com pequena introdução e repetição da capo. A tonalidade é de Lá<br />
menor. No carimbo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro aparece a data de 1921,<br />
sendo esta ao que parece a data de entrada no estabelecimento.<br />
SERTANEJA<br />
AI! BARBINA!...<br />
Música do repertório do Trio Viterbo-Abigail-Canhoto, editada pela C.E.M.B,<br />
sem data. Na capa da partitura aparece a música como sendo do repertório da Orchestra<br />
Andreozzi do Rio de Janeiro. Pelo carimbo de entrada da Biblioteca Nacional do Rio de<br />
Janeiro aparece a data de 1920. A letra é de Arlindo Leal, com quatro estrofes<br />
diferentes. O musicólogo Paulo Castagna conseguiu uma cópia editada para canto,<br />
violino ou bandolim, julgando-se possuir outras partes da música, sendo provavelmente<br />
um arranjo para pequena orquestra. A referida cópia foi encontrada no Arquivo<br />
Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, sem código (arquivo 6 - gaveta 3 - pasta 41).
A estrutura é de canção simples com introdução e temas A e B, com repetição da capo.<br />
A tonalidade é de Fá maior.<br />
MAZURCA<br />
TEMPO ANTIGO<br />
Gravada por Américo <strong>Jacomino</strong> pela Odeon, número de série 123.305, com<br />
matriz 1119, lançada em maio de 1927. O esquema é de parte A, parte B e A'. A<br />
tonalidade é de Lá, com modo menor na parte A e maior na parte B.<br />
GAVOTA<br />
ALVORADA DE ESTRELAS<br />
Gravada por Américo <strong>Jacomino</strong> pela gravadora Odeon, número de série<br />
123.201, matriz 1010 e lançada em dezembro de 1926. Uma das mais belas músicas<br />
gravadas por Canhoto, na tonalidade de Ré maior, utilizando o violonista da scordattura,<br />
abaixando em um tom a sexta corda do instrumento, para ganhar em ressonância e<br />
extensão. O esquema é de introdução, partes A e B, e coda. Os acordes de Sol menor e<br />
Sol menor com sexta da coda dão um caráter todo especial, e a interpretação do<br />
violonista em sua gravação, com rubatos propositalmente exagerados reforçam o caráter<br />
romântico desejado.<br />
ROMANCE<br />
PENSAMENTO<br />
Esta peça foi gravada por Américo <strong>Jacomino</strong> na Odeon, série 10.165, lado B,<br />
matriz 1615, no dia 16 de março de 1928, e lançada em maio do mesmo ano. Na<br />
Discografia Brasileira em 78 RPM, o gênero aparece como sendo valsa. A estrutura é<br />
de introdução, parte A em Mi menor, parte B em Lá menor e parte C em Mi maior,<br />
seguida da repetição da parte A e uma coda.
CATERETÊ<br />
NOITE NA ROÇA !!<br />
Gravada por Américo <strong>Jacomino</strong> pela Odeon, número de série 10.265, lado B,<br />
com Lúcio Chamék ao piano. A matriz é 1604. A data de gravação é 14 de março de<br />
1928, tendo sido lançada em outubro do mesmo ano. Foi editada para piano pela A. Di<br />
Franco, sem data, com versos de João do Sul. Na cópia disponível no CCSP, a data de<br />
doação é de 3 de outubro de 1942. Segue o esquema de canção, com introdução, parte<br />
A, refrão duas vezes, parte B e repetição da capo. A tonalidade é de Fá maior.<br />
NHÁ MARUCA FOI S'IMBORA<br />
Gravada por Os Geraldos pela gravadora Gaúcho, número de série 4.042, lado<br />
A, em sistema elétrico de duas faces, após 1912. Segundo a Discografia Brasileira 78<br />
RPM, o gênero é samba. Na partitura para piano com letra, editada pela A di Franco, de<br />
São Paulo, o gênero é a catira. Os versos são do próprio Américo <strong>Jacomino</strong>. Na capa<br />
da partitura a música aparece como sendo um sucesso do “popular humorista,<br />
cancionetista e ventríloquo Baptista Júnior”. O esquema é de canção, com introdução,<br />
parte A e B, e repetição da capo. A tonalidade é de Lá maior.<br />
CHORO<br />
OLHOS FEITICEIROS<br />
Gravado por Américo <strong>Jacomino</strong> pela Odeon, número de série 10.017, lado A,<br />
número da matriz 1223, tendo sido lançado em agosto de 1927. Segundo a Discografia<br />
Brasileira 78 RPM, o gênero é o tango. Na partitura editada pela Fermata do Brasil em<br />
1978, com arranjo de Edmar Fenício, o gênero seria o choro maxixe. A estrutura,<br />
simples, é de duas partes em Lá menor.<br />
NITERÓI
Gravado por Américo <strong>Jacomino</strong> pela Odeon, número de série 10.200, lado A,<br />
matriz 1596, em 13 de março de 1928. Na Discografia Brasileira 78 RPM aparece<br />
como gênero o tango-maxixe. Na partitura editada pela Fermata do Brasil em 1978,<br />
com arranjo de Nelson Cruz, o gênero é o choro. A estrutura é de 3 partes, sendo a<br />
primeira em Lá maior, a Segunda em Fá sustenido menor (com repetição da capo) e a<br />
terceira em Ré maior com repetição da capo ao fim.<br />
MENTIROSO<br />
Gravado por Américo <strong>Jacomino</strong> pela Odeon, número de série 10.166, lado B,<br />
com Lúcio Chamek ao piano. O número da matriz é 1606, tendo sido gravada em 14 de<br />
março de 1928 e lançada em maio do mesmo ano. Segundo a Discografia Brasileira 78<br />
RPM, o gênero seria um maxixe. A estrutura é de 3 partes, com A, B, repetição de A e<br />
C. A tonalidade é de Lá menor.<br />
MAXIXE<br />
!! ESSE CACHORRO SÓ FALTA FALAR !!<br />
Editado para piano, pela Off. Musical ARS, São Paulo, sem data. Na partitura<br />
do CCSP aparece como data de doação 8 de outubro de 1942. Os versos aparecem sem<br />
especificação de autor, o que nos faz crer serem do próprio Américo <strong>Jacomino</strong>. A<br />
estrutura é de 3 partes em Lá maior.<br />
PONTA GROSSA É BOA TERRA<br />
Editado para piano pela Off. Graph. Musical Campassi & Camin, sem<br />
especificação de data. O gênero aparece como sendo maxixe carnavalesco. A estrutura<br />
é de forma canção A (3 vezes) - B, com introdução e repetição da capo. A tonalidade é<br />
de Lá maior.<br />
DA BAHIA EU QUERO O CÔCO
Editado para piano, com letra de Fernandes de Aguiar pela Est. Graph. Musical<br />
U. Della Latta, sem data específica. Na partitura disponível no CCSP, a data de doação<br />
é de 8 de outubro de 1942. A estrutura é de parte A com refrão (duas vezes) e repetição<br />
da capo. A tonalidade é de Ré maior.<br />
A GENTE SE DEFENDE<br />
Gravado por Frederico Rocha pelo selo Odeon, número de série 123.227, matriz<br />
1064, sistema mecânico de 1 face, entre dezembro de 1925 e julho de 1927. A estrutura<br />
da peça é parte A (duas vezes), parte B e parte C, com repetição da capo. A tonalidade<br />
é de Lá maior. Foi editado para violão pela Fermata do Brasil em 1955, com arranjo de<br />
Domingos Semenzato.<br />
VALSA<br />
A valsa foi o gênero musical preferido por Américo <strong>Jacomino</strong>, que compôs suas<br />
mais famosas peças nesse estilo, servindo principalmente para o compositor expressar<br />
seu talento melódico nato, ao mesmo tempo que as marchas serviam para o compositor<br />
expressar suas idéias timbrísticas no instrumento. Entre as várias peças estão: Abismo<br />
de Rosas, Manhã Fatal, Delírios, Recordações de Dalva, Sombras que Vivem, Amor de<br />
Argentina, Arrependida e Escuta Minh’Alma.<br />
REMINISCÊNCIAS<br />
Possui uma introdução, uma parte A na tonalidade de Mi menor, parte B em Sol Maior<br />
e um trio em Mi maior.<br />
TRISTE CARNAVAL (SONHO DE PIERROT)<br />
Valsa lenta. Possui uma introdução em compasso binário composto e três partes<br />
na tonalidade de Lá menor (parte C em Lá menor). Na versão impressa para piano<br />
possui uma introdução em compasso binário composto e duas partes em Dó menor. A<br />
letra da música, na partitura de piano é de Arlindo Leal.
Na partitura mais antiga, a instrumentação possui flauta, dois violinos, baixo e<br />
violoncelo, com introdução (moderato) parte A duas vezes, parte B duas vezes com da<br />
capo para o primeiro tema e trio duas vezes, com nova repetição da capo ao fim.<br />
TRISTE PIERROT<br />
Valsa impressa como composição de Paraguaçu e Canhoto. Possui uma<br />
introdução e duas partes em Lá menor, com um trio em Lá maior.<br />
SONHEI, SORRI, AMEI, DESCRI<br />
Publicada para piano, com cópia de Clorir Mamede. Possui uma introdução e<br />
três partes, sendo A e B em Dó menor e C em Dó maior, com repetição da capo.<br />
CHUVA DE PÉROLAS<br />
Publicada para piano, possui uma introdução, parte A em Ré maior, B em Lá<br />
maior, C em Ré maior e trio em Sol Maior, com repetição da capo e coda em Ré maior.<br />
ROSAS DESFOLHADAS<br />
Valsa gravada duas vezes pelo compositor. Possui introdução parte A em Lá<br />
maior e B em Lá menor, com repetição da capo e coda.<br />
LAMENTOS<br />
Peça em Lá Maior. O esquema da peça, bastante simples, é de uma introdução<br />
bastante rítmica e de três partes, A, B e C.<br />
MARCHA
MARCHA DOS MARINHEIROS<br />
A obra possui duas partes e um trio. Composta, segundo aparenta, para<br />
homenagear os voluntários brasileiros por ocasião da Primeira Guerra Mundial. A força<br />
interpretativa e a invenção melódica e rítmica fazem desta peça uma das mais<br />
conhecidas do violonista entre os intérpretes do instrumento.<br />
MARCHA TRIUNFAL BRASILEIRA<br />
A obra possui apenas duas partes A e B, com uma intervenção em rufo na parte<br />
central. <strong>Jacomino</strong> queria, como na Marcha dos Marinheiros, mas até mais que esta,<br />
fazer com que o violão soasse como uma banda marcial, com todos os efeitos<br />
característicos a que se propõe. A força com que se apresenta a obra, os efeitos de<br />
sopros (metais e flautins) e de caixa clara e a energia interpretativa do violonista fazem<br />
com que a peça se destaque das gravações da época.<br />
AI MARGARIDA... AI MARGARIDA!...<br />
Impressa como "marchinha carnavalesca à rag-time" com letra de Juca Meu<br />
Nego. O esquema é de introdução, parte A com quatro letras e estribilho tocado duas<br />
vezes. Possui instrumentação e coral.<br />
TANGO<br />
JÁ SE ACABÔ...<br />
Impressa para piano como tanguinho sertanejo, com letra de Arlindo Leal.<br />
Possui uma introdução e duas partes, com A em Sol menor e B em Si bemol maior e Sol<br />
menor, com repetição da capo.<br />
capo.<br />
CAPRICHOSO<br />
Possui uma parte A em Lá maior e parte B em Fá # menor com repetição da
IV.2.2 – Arranjos para violão de Domingos Semenzato<br />
A Gente Se Defende (maxixe); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata do<br />
Brasil, 1955, 2p., violão.<br />
A Gente Se Defende (maxixe); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata,<br />
1965. 2 p., violão.<br />
Alvorada de Estrelas (gavota); arranjo de Domingos Semenzato. Manuscrito, coleção<br />
Ronoel Simões, 3 p., violão.<br />
Amor de Argentina (tango milonga); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo,<br />
Fermata, 1962. violão.<br />
Amor de Argentina (tango-milonga); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo<br />
<strong>Jacomino</strong> Canhoto. São Paulo, Fermata, s.d., FB-2859, pp. 18-19, violão.<br />
Arrependida (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata, 1955.<br />
Violão.<br />
Arrependida (valsa lenta); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata, 1965.<br />
Violão.<br />
Arrependida (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo <strong>Jacomino</strong><br />
Canhoto.<br />
São Paulo, Fermata, s.d., FB-2859, pp. 21-23.<br />
Burguêta . Transcrição de Domingos Semenzato. MS coleção Ronel Simões, 4 p.,<br />
violão.<br />
Brasilerita (tango argentino); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata,<br />
1962, violão.<br />
Brasilerita (tango canção) ; arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata,<br />
1963, 2 p., violão.<br />
Brasilerita (tango argentino); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo <strong>Jacomino</strong><br />
Canhoto. São Paulo, Fermata, FB-2859, s.d, pp. 24-26.<br />
Caprichoso (tango); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Ed. Del Vecchio,<br />
s.d., n.º 19.337, 1 p., violão.<br />
Delírios (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. MS: coleção de Ronoel Simões, 3 p.,<br />
violão.<br />
Escuta Minh'Alma (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata, 1962,<br />
violão.
Guitarra de Mi Tierra (tango); arranjo de Domingos Semenzato. MS: por Isidoro<br />
Geraldo.<br />
Coleção de Ronoel Simões, 2 p..<br />
Manhã Fatal (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. MS: coleção de Ronoel Simões,<br />
3 p., violão.<br />
Marcha dos Marinheiros (marcha); arranjo de Domingos Semenzato. (São Paulo, Ed.<br />
Del Vecchio?), s.d., n.º 2.474, 3 p., violão.<br />
Marcha dos Marinheiros (marcha); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo,<br />
Bandeirante Editora Musical, 1964, 3 p., violão.<br />
Marcha dos Marinheiros (marcha); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo<br />
<strong>Jacomino</strong> Canhoto. São Paulo, Fermata, FM-2859, s.d. , p p. 34-37, violão.<br />
MarchaTtriunfal Brasileira (marcha); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo,<br />
Fermata, 1962, violão.<br />
MarchaTriunfal Brasileira (marcha); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo<br />
<strong>Jacomino</strong> Canhoto. São Paulo, Fermata, s.d., FB-2859, pp. 38-43, violão.<br />
Mentiroso (choro); arranjo de Domingos Semenzato. MS: coleção de Ronoel Simões,<br />
3 p., violão.<br />
Pensamento (romance); arranjo de Domingos Semenzato . MS: coleção de Ronoel<br />
Simões, 4 p..<br />
Quando Os Corações Se Querem (fox-trot); arranjo de Domingos Semenzato. São<br />
Paulo, Ed. Del Vecchio? , n.º 19.336, 2 p., violão.<br />
Recordações de Dalva (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata,<br />
1962, violão.<br />
Reminiscências (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata, c.<br />
19633, 2 p., violão.<br />
Reminiscências (valsa lenta); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo <strong>Jacomino</strong><br />
Canhoto. São Paulo, Fermata, s.d. , FB-2859, pp. 51-53.<br />
Reminiscências (valsa lenta); arranjo para violão de Domingos Semenzato. São Pauo,<br />
Fermata, c. 1963, 3 p., violão.<br />
Tempo Antigo (mazurca); arranjo de Domingos Semenzato. MS: coleção de Ronoel<br />
Simões. 2 p.<br />
Triste Carnaval (valsa lenta); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, RJ, Cembra<br />
Ltda., 1952, Violão.
Triste Carnaval (valsa lenta); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo <strong>Jacomino</strong><br />
Canhoto. São Paulo, Fermata, s.d., FB-2859, pp. 54-56.<br />
IV.2.3 – Arranjos para violão de outros autores<br />
Abismo de Rosas (valsa lenta); arranjo de Isaías Sávio. São Paulo e Rio de Janeiro,<br />
Cembra Ltda., 1944 e 1955. Violão.<br />
Abismo de Rosas (valsa lenta); arranjo para violão de Isaías Sávio; letra de João do Sul.<br />
São Paulo, Cembra, 1952. 3 p..<br />
Abismo de Rosas (valsa ); versão de Garoto; transcrição de “Rubinho” (jan. 1987 ).<br />
MS<br />
coleção Ronoel Simões. 4 p..<br />
Dia de Folia. São Paulo, Fermata do Brasil, 1977: violão.<br />
Escuta Minh'Alma (valsa). In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto. São Paulo, Fermata, s.d.,<br />
FB-2859, pp. 27-30. Violão.<br />
Lamentos (valsa); arranjo de Nelson Cruz. São Paulo, Fermata, 1978. Violão.<br />
Lamentos (valsa); arranjo de Nelson Cruz. In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto. São Paulo,<br />
Fermata, FB 2859, pp. 31-33, violão.<br />
Método de Violão; s.l., s.ed., s.d., 28 p. ( existem 2 outras edições ).<br />
Niterói (choro); arranjo de Nelson Cruz. São Paulo, Fermata, 1976, violão.<br />
Niterói (choro); arranjo de Nelson Cruz. São Paulo, Fermata, 1978, violão.<br />
Niterói (choro); arranjo de Nelson Cruz. In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto. São Paulo,<br />
Fermata, s.d., FB-2859, pp. 44-45.<br />
Olhos Feiticeiros (choro-maxixe); arranjo de Edmar Fenício. São Paulo, Fermata,<br />
1978. Violão.<br />
Olhos Feiticeiros (choro-maxixe); arranjo de Edmar Fenício. In: Américo <strong>Jacomino</strong><br />
Canhoto. São Paulo, Fermata, s.d., FB-2859, pp. 46-47.<br />
Primeiras Rosas (valsa); arranjo de Nelson da Cruz. São Paulo, Fermata, 1969,<br />
violão.<br />
Primeiras Rosas (valsa); arranjo de Nelson da Cruz. In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto.<br />
São Paulo, Fermata, s.d., FB-2859, pp. 48-50.<br />
Rosas Desfolhadas (valsa); transcrição de Isidoro Geraldo. MS: coleção de Ronoel<br />
Simões, 3 p., violão.
Sombras Que Vivem (valsa); arranjo de Paulo Barreiros. São Paulo e Rio de Janeiro,<br />
Irmãos Vitale, 1929, n.º 56, 4 p., ( com biografia de Américo <strong>Jacomino</strong> ).<br />
Triste Pierrot (valsa); arranjo de Nelson Cruz. São Paulo, Fermata, 1969. Violão.<br />
Triste Pierrot (valsa); arranjo de Nelson Cruz. In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto. São<br />
Paulo, Fermata, s.d., p. FB-2859, pp. 57-60.<br />
IV.2.4 – Arranjos para piano<br />
A Gente Se Defende (maxixe). São Paulo, Pedro Tommasi, s.d., 3 p., piano.<br />
A Gente Se Defende (maxixe). São Paulo, Casa Editora “Ars” ou EMPG, s.d. n.º 1.012:<br />
piano.<br />
Abismo de Rosas (valsa); Cembra. 3p., piano.<br />
Amor Sertanejo (tango). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />
Amores na Praia (valsa). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />
Arrependida (valsa) . São Paulo, EMP ou Oficinas Musicais “ARS”, n.º 1.014,<br />
piano.<br />
Chuva de Pérolas (valsa). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />
Depois do Beijo (schottisch). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />
Feche a Porta e Leve a Chave (samba carnavalesco); arranjo para piano de Alcebíades<br />
Corrêa, s.n.t., 3 p., piano.<br />
O Gato Comeu o Pato (samba). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />
Já Se Acabou (tango). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />
Manhã fatal (valsa). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />
Manhoso. Edição EGMP, piano.<br />
Olhar de Deusa (valsa ). São Paulo, E. Bevilacqua, piano.<br />
Ponta Grossa é Boa Terra (maxixe carnavalesco). Ponta Grossa, Casa Progresso, s.d., 3<br />
p. piano.<br />
Sonho de Primavera (valsa); São Paulo, Bevilacqua, s.d., 3 p., piano.<br />
Triste Carnaval (valsa). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />
IV.2.5 – Arranjos para piano e canto<br />
Ai! Barbina! (canção sertaneja). São Paulo, CEMB, Campassi & Vamin, n.º 725,<br />
canto e piano.
Ai Margarida . . . Ai Margarida (marchinha carnavalesca à ragtime); letra de Juca<br />
Meu<br />
Nego. São Paulo, Irmãos Vitale, s. d., n.º 324, piano e canto.<br />
Deixe Meu Bem de Tolice (tango carnavalesco). São Paulo, Bevilacqua, s.d., 3 p.,<br />
canto.<br />
piano e<br />
Foi-Se Embora Maria (marcha-rancho); versos de Guilherme Fontana. Rio de Janeiro,<br />
OGEM, s.d., 3 p., n.º 66, piano e canto.<br />
Já Se Acabô . . . (tanguinho sertanejo); letra de Arlindo Leal. São Paulo, Campassi,<br />
s.d.,<br />
3 p., piano e canto.<br />
IV.2.6 – Arranjos para outros instrumentos<br />
A Gente Se Defende (maxixe). Genève, Europe Continenal by International Melodies,<br />
1965, acordeon<br />
Abismo de Rosas (valsa); S. Paulo, A. Di Franco, piano, canto e pequena orquestra.<br />
Amorosa (fox-trot); letra de Luiz de Freitas. São Paulo, EMP ou Oficinas Musicais<br />
“ARS”, s.d., n.º 1; piano e canto; n.º 1.001: piano e septeto.<br />
Da Bahia Eu Quero o Côco (maxixe); letra de Fernandes Aguiar. São Paulo, Casa<br />
Editora Ars, s.d., n.º 307: piano e canto; n.º 1.168 : piano e 8 instrumentos.<br />
Entre Duas Almas (fox-tot); letra de Duque de Abramonte. São Paulo, Oficinas<br />
Musicais<br />
Ars, n.º 303: piano e canto; n.º 1174 : piano e orquestra.<br />
Esse Cachorro Só Falta Falar (maxixe). São Paulo, Editora Ars, n.º 214 : piano;<br />
n.º1.106 : piano e orquestra.<br />
Flor Paulista (schottisch); adaptação rítmica de L. Rinaldo. São Paulo, CEMB,<br />
Campassi & Camin, n.º 775: piano e canto; n.º 20178: piano e orquestra.<br />
Longe de Quem Adoro (valsa). São Paulo, Ars ou EGMP, n.º 1038: piano e orquestra.<br />
Nhá Maruca (maxixe). São Paulo, A. Di Franco, piano, canto e pequena orquestra.<br />
Noite na Roça (cateretê); versos de João do Sul. São Paulo, A. Di Franco, piano,<br />
canto e pequena orquestra.<br />
Se o Telefone Falasse (maxixe). São Paulo, Ars ou EGMP. n.º 1.034: piano e septeto.<br />
Suplicando Amor. São Paulo, A. Di Franco, piano, canto e pequena orquestra.
IV.2.7 - Obras editadas pela Casa Bevilacqua, São Paulo, com autoria provável de<br />
Américo <strong>Jacomino</strong>: piano<br />
Aparece na Segunda-Feira (tango)<br />
Deu-Se A Melodia (tango)<br />
Me Arranca O Cavanhaque (samba)<br />
Mi Deixa A Tartaruga ! (samba)<br />
Não Pega Na Gente (samba)<br />
Que Muié Impossível... (tango)<br />
Teu Bigode Me Cotuca! (tango)<br />
IV.3 – Lacunas no repertório de Américo <strong>Jacomino</strong><br />
Várias composições de Américo <strong>Jacomino</strong> foram citadas no jornal O Estado de<br />
São Paulo por ocasião de seus recitais, mas não foram gravadas ou encontradas em<br />
partituras. O mesmo ocorre em relação ao catálogo do pesquisador Juvenal Fernandes,<br />
listado na contracapa do álbum da Editora Fermata sobre o violonista Américo<br />
<strong>Jacomino</strong>, editado em 1977, por ocasião do cinqüentenário da morte de Canhoto.<br />
Nestes casos é impossível ter-se uma noção de como seriam estas peças e até o<br />
momento haveria de se aguardar o aparecimento destas músicas por meio de<br />
colecionadores particulares de partituras ou discos, apesar de, no caso destes últimos,<br />
ser pouco provável que se encontre algo novo, já que os catálogos de gravação de<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> são bastante precisos.<br />
Entre as peças não encontradas que constam do catálogo de Juvenal Fernandes<br />
estão: Acordes do Coração (valsa), O Beijinho Que Te Dei (marcha), Lembranças de<br />
Lina (valsa), Mamãe Me Leve (marchinha carnavalesca), Ondas Desertas (mazurca),<br />
Pagando Dívidas (polca), Queixumes de Amor (valsa), Saci (polca) e Tudo Mexe<br />
(polca).<br />
A estas, acrescente-se as obras citadas em programas veiculados pelo jornal O<br />
Estado de São Paulo como Alucinação (gavota / valsa concerto), Alucinação de Um<br />
Sonho (valsa de concerto / fantasia), Argentina (chótis), Argonautas (tango<br />
característico), Brasileiro (tango), Cateretê Paulista (imitação da viola caipira), A
Cigarra na Ponta (tango), Esmeralda (valsa lenta), Falena (valsa), Feiticeiro (maxixe<br />
de salão / tanguinho / tango brasileiro), Favorita (gavota), Hasta Luego (tango<br />
argentino), Luzita (tango argentino), Medrosa (valsa), Prelúdio em Mi Maior (estudo),<br />
Samba do Norte (samba humorístico), Solidão (valsa), Sombras do Passado (valsa-<br />
boston), Sonhando (valsa), Sonho de Amor (valsa) e Tico-Tico assanhado (polca<br />
característica).<br />
Além destas, duas outras são citadas, tanto no jornal quanto no catálogo de<br />
Juvenal Fernandes: Ai Momo (marchinha carnavalesca) e De Quem São Os Teus Olhos<br />
(valsa). Mas em relação a elas é possível supor que seus nomes tenham sido alterados,<br />
apesar de não haver documentos comprobatórios.<br />
É possível supor que algumas dentre as obras não localizadas tenham sido<br />
rebatizadas em algum momento, como por exemplo a valsa Acordes do Coração, que<br />
poderia ter sido originalmente Acordes do Violão, e que, por sua vez, é o embrião<br />
daquela que seria Abismo de Rosas. Também é provável que Alucinação e Alucinação<br />
de Um Sonho sejam a mesma música, o mesmo ocorrendo com Brasileiro e Brasilerita,<br />
pois ambas são tangos. Caso diverso é o do Cateretê Paulista, que por alusão talvez se<br />
trate de Uma Noite no Sertão, pois ambas as peças aparecem com o subtítulo “imitação<br />
da viola caipira”, ou ainda Noite na Roça e até mesmo Uma Noite na Roça.<br />
IV. 4 - O Método de Violão, de Américo <strong>Jacomino</strong><br />
À primeira vista o Método de Violão de Américo <strong>Jacomino</strong> parece bastante<br />
elementar. É provável que o professor, mestre bastante procurado no meio musical<br />
paulistano tenha editado a obra na segunda metade da década de 1920, pensando em<br />
seus alunos. O empenho na edição do volume pode ter valido a pena, já que no ano de<br />
1928, vésperas de seu falecimento, um anúncio do jornal O Estado de São Paulo<br />
informava que Canhoto tinha mais de 200 alunos da alta sociedade.<br />
As edições mais antigas do manual não ajudam a esclarecer o fato. Segundo a<br />
coleção de Ronoel Simões, existem três versões base, sendo que duas delas não<br />
especificam datas de edição. A outra apresenta uma provável data de 1945. São elas 89 :<br />
1) methodo pratico para violão por Américo <strong>Jacomino</strong> (Canhoto). Sem data,<br />
sem edição, 28 páginas.<br />
89 Para o título dos métodos utilizou-se a grafia original.
2) methodo pratico para violão por Américo <strong>Jacomino</strong>. (São Paulo), Casa Del<br />
Vecchio, sem data (c. 1945). 27 páginas.<br />
3) metodo de violão (prático) (Canhoto) Américo <strong>Jacomino</strong>, contendo todas as<br />
tonalidades e acompanhado com sete acordes em cada tom. São Paulo, Casa Manon<br />
S.A., sem data, 32 páginas.<br />
A edição escolhida para análise é a da Casa Manon, ainda hoje editada.<br />
Apesar da maneira como Américo <strong>Jacomino</strong> tocava, seu método é destinado a<br />
pessoas destras, e não a canhotos (comprovado pelos círculos brancos onde se devem<br />
pinçar as cordas com o dedo polegar). O autor mostra as posições maiores e menores<br />
com suas antigas variantes (1.ª, 2.ª , 3.ª de Dó etc.), apresentadas pela ordem dos graus<br />
da escala e com seus cromatismos. Ou seja, na posição de Dó maior, a primeira é a<br />
fundamental, a segunda corresponde ao quinto grau com sétima (Sol com sétima), a<br />
terceira correspondendo ao Fá maior etc.. No final, todas as posições são novamente<br />
apresentadas de formas diferentes das anteriores, isso sem dúvida para uma maior<br />
variedade quando do acompanhamento de outros instrumentos ou cantores.<br />
A grande curiosidade do método está no prefácio. Primeiramente ensina-se a<br />
afinar o violão da maneira tradicional, pelas relações de som entre uma corda e outra (o<br />
ré na quinta casa da quinta corda corresponde à quarta corda solta etc.). Porém, como<br />
sempre acontece neste caso, é difícil supor que os leigos em música obtivessem um<br />
resultado satisfatório para esta explicação de afinação, o que necessitaria obviamente de<br />
uma orientação inicial ou mesmo de maior prática. Em seguida, o autor ensina a<br />
postura corporal para se tocar violão:<br />
“Para bem suster o violão é preciso o executante sentar-se numa cadeira ou<br />
banco e pousar o pé esquerdo sobre um tamborete com 20 centímetros de<br />
altura, mais ou menos. Recua-se um pouco o pé direito, conservando-se a<br />
perna esquerda na posição natural. O corpo deve ficar levemente inclinado<br />
para a frente de modo que o seu peso recaia sobre a perna esquerda e o violão<br />
põe-se transversalmente sobre a coxa esquerda – A posição acima descrita é<br />
preferida a outra qualquer, visto como oferece três pontos de apoio ao violão e<br />
este ficará em equilíbrio sem que as mãos sejam forçadas a mantê-lo”.<br />
Como se observa, nada parecido com a posição corporal na qual, por vezes,<br />
ele se exibiu para sessão de fotos em que aparece tocando o instrumento de costas
ou com o violão deitado sobre uma mesa, posições que poderiam inspirar nos alunos<br />
a idéia de certo malabarismo ao tocar. Note-se, ainda, que o texto é redigido de<br />
forma clara, o que faz supor o auxílio de alguém, visto que nas cartas endereçadas a<br />
seus amigos percebe-se que Canhoto não dominava bem a língua portuguesa. Outro<br />
fato que chama atenção é que a posição recomendada é muito próxima àquela<br />
convencionada até então pelos violonistas de repertório erudito, se considerarmos<br />
que até aquele momento os violonistas amadores e populares costumavam tocar<br />
com a perna cruzada, como se observa até hoje.<br />
Após esta introdução o autor do método escreve pormenorizadamente sobre<br />
como colocar as mãos no instrumento. Vários detalhes chamam a atenção; em primeiro<br />
lugar, o cuidado com relação ao movimento do pulso e polegar da mão esquerda para se<br />
atingir as cordas graves. Com relação à mão direita, o autor pede para se pousar o dedo<br />
mínimo (mindinho) no tampo do instrumento - como na técnica do período clássico - “a<br />
pouca distância do cavalete”. O polegar deverá pousar sobre um dos bordões e os<br />
outros dedos deverão conservar-se “sobre as três cordas de tripa”.<br />
No parágrafo intitulado, o “modo de ferir as cordas”, o que mais chama atenção<br />
é o fato de o autor pedir para se tocar sem unhas, ou seja, com as extremidades dos<br />
dedos. O polegar serviria para se tocarem os bordões, e o indicador e médio para as<br />
demais cordas. O anular seria apenas para os casos de tocar acordes e arpejos de 4, 5 e<br />
6 cordas. Pelo último parágrafo, percebe-se a preocupação do autor com a variedade,<br />
escrevendo que o dedo polegar poderá pinçar até as 2.ª e 3.ª cordas, e os dedos indicador<br />
e médio as 4.ª e 5.ª cordas para acordes, arpejos, passagens de terceiras, sextas e oitavas,<br />
“e ainda nas frases cantantes”.<br />
No subcapítulo “instruções” tem-se a impressão de um equívoco do autor<br />
quando afirma que se devem pinçar as três primeiras cordas com os dedos médio, anular<br />
e indicador, respectivamente, pois pela disposição normal da mão seria o dedo anular<br />
para a primeira corda, médio para a segunda e indicador para a terceira. Em seguida<br />
escreve sobre os sinais convencionais para as posições, como um sinal para a pestana e<br />
círculos brancos para o polegar e pretos para os demais dedos da mão direita. No final,<br />
numa observação, o autor escreve sobre a realização do vibrato: “Para se conseguir as<br />
vibrações é necessário colocar o dedo na corda desejada e balancear com toda a rapidez<br />
a mão, e firmar bem o dedo na corda”. Cabe um parêntese a este respeito, uma vez que<br />
se criou uma lenda a respeito da morte de Américo <strong>Jacomino</strong>, afirmando-se que a
intensidade despendida para a realização de um vibrato de tal natureza poderia ter<br />
ocasionado o problema cardíaco do qual ele veio a falecer em 1928.<br />
Concluindo, Canhoto escreve sobre os sons harmônicos “nos trastes 5, 7 e 12”,<br />
“podendo ser feitos nas 6 cordas de uma em uma”.<br />
Pôde ser observado que o violonista demonstrou cuidado e perspicácia na<br />
elaboração de um manual para os alunos, voltado basicamente para o acompanhamento,<br />
mas com informações úteis para os compositores e uma visão essencialmente inspirada<br />
nos métodos clássicos para violão então disponíveis, sabendo-se que o Método de<br />
Violão do violonista italiano Francesco Molino já havia sido editado em meados do<br />
século dezenove em São Paulo (vide capítulo II).<br />
IV. 5 - Comentários a respeito do violão que pertenceu a Américo <strong>Jacomino</strong>,<br />
utilizado para a gravação do CD anexo<br />
Em agosto de 2002, Luís Américo <strong>Jacomino</strong> nos emprestou um instrumento que<br />
pertenceu a seu pai para que pudéssemos registrar algumas peças em estúdio. No<br />
entanto não é possível afirmar que este tenha sido o mesmo instrumento utilizado por<br />
Canhoto nas gravações e recitais que realizou. O exame de fotografias de Américo<br />
empunhando um instrumento apontam diferenças em relação àquele instrumento<br />
emprestado, o que indicaria a existência de dois violões, pelo menos. A suposição<br />
maior de que não tenha sido o violão principal utilizado pelo violonista reside no fato de<br />
que na maioria das fotografias ele aparece com um violão específico, bastante parecido<br />
com o utilizado na gravação, porém com o ornamento da faixa lateral e da roseta<br />
diferentes. Não é improvável que o violão tenha sido modificado através de todas as<br />
restaurações, porém no caso da roseta é difícil que se faça uma mudança radical, pois<br />
era talhada na própria madeira do tampo. Caso seja realmente o mesmo violão, é, dessa<br />
forma, certeza que o tampo tenha sido trocado. Porém, outra questão ocorre,<br />
relacionada à mão do instrumento – região onde ficam as cravelhas -, que também é<br />
diferente da observada nas fotografias.<br />
O instrumento utilizado para as presentes gravações é o chamado “modelo<br />
carioca”, com as seguintes medidas e madeiras utilizadas:<br />
- Escala Maior: 66,5 cm.<br />
- Aro ou lateral: 6,5 cm. No fundo possui 67 cm.
- Cintura: Parte larga: 67 cm.<br />
Cintura: 24 cm.<br />
Cintura menor: 28 cm.<br />
- Tampo: Abeto europeu.<br />
- Fundo e lateral: Jacarandá da Bahia. Talvez tenham sido utilizadas duas madeiras<br />
distintas, mas não podemos afirmar com exatidão, o que demandaria uma análise mais<br />
aprofundada.<br />
- Espelho: Este foi nitidamente modificado, pois o braço do instrumento afundou com a<br />
ação do tempo. O novo é de jacarandá da Bahia.<br />
Dentro do violão há um cartão de 5,5 por 9,0 cm no qual está escrito:<br />
“Construído especialmente para<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> (Canhoto)<br />
em 1907 conforme atestado<br />
em nosso Poder<br />
Romeu Di Giorgio 90<br />
‘Romeu Di Giogio’ (ass.)<br />
Rua Venâncio Ayres, 309 S. Paulo”<br />
A etiqueta acima refere-se a instrumento fabricado na empresa fundada por<br />
Tranquillo Giannini, um italiano pintor de carros alegóricos que imigrou para o Brasil<br />
entre 1895 e 1900. Inicialmente a fábrica ficava na então Rua São João, número 84, lá<br />
permanecendo até 1912. Com o crescimento das atividades, o estabelecimento mudou-<br />
se para a Rua General Osório, ali permanecendo até 1924. Após este período<br />
construíram uma fábrica com recursos próprios na Rua dos Gusmões, números 64 e 66<br />
e, posteriormente, na Alameda Olga, número 84 (atualmente número 414 / 420), na Rua<br />
Carlos Weber e na cidade de Salto, no interior paulista.<br />
A inauguração da primeira fábrica foi a 15 de novembro de 1900. Inicialmente<br />
possuía 100 metros quadrados, duplicando suas instalações quando da mudança para a<br />
Rua General Osório em 1924. É interessante observar que a construção de violões da<br />
fábrica Di Giorgio está diretamente ligada à de Giannini, já que o mesmo foi casado<br />
90 Etiqueta impressa, grifada “Romeu Di Giorgio” e assinada pelo mesmo.
com uma viúva que possuía 4 filhos, que eram os Di Giorgio. Entre eles estava Romeu,<br />
que trabalhou com o padrasto até montar um negócio paralelo. O principal ramo de<br />
lutherias em larga escala do Brasil no século vinte foi criado, então, por famílias de<br />
mesma origem.<br />
Em entrevista ao Museu da Imagem e do Som de São Paulo é informado que até<br />
1930 teriam sido fabricados 600 violões por mês, saltando para 800 unidades na década<br />
de 1910, número praticamente triplicado na década de 1920, quando a fabricação<br />
atingiu a marca de 2200 violões por mês.<br />
No entanto, a etiqueta que está dentro do instrumento cedido por Luís Américo<br />
<strong>Jacomino</strong> traz o endereço da Rua Venâncio Ayres. Logo, este teria sido fabricado pelo<br />
próprio Romeu, quando estabelecido em outra empresa? A indicação da existência de<br />
um outro instrumento se deve ao depoimento de Ronoel Simões para o mesmo Museu<br />
da Imagem e do Som de São Paulo, em que diz ter ouvido de Paraguaçu que Barrios e<br />
<strong>Jacomino</strong> tocavam na fábrica de Romeu Di Giorgio, instalada na Rua Rangel Pestana,<br />
próximo ao Ministério da Fazenda, na praça da Sé, a partir das 16 horas até o<br />
fechamento do estabelecimento. A dúvida se impõe porque, pelo relato, a prática se<br />
dava durante o ano de 1916 e o endereço de Romeu Di Giorgio é o da Rua Venâncio<br />
Ayres. Resta a possibilidade de que o cartão assinado pelo luthier fornecesse seu<br />
endereço particular enquanto funcionário de Tranquillo Gianinni. Assim, não parece<br />
improvável que o violão tenha sido construído pelo próprio Romeu Di Giorgio, já que<br />
na época os violões eram fabricados de forma mais ou menos artesanal.<br />
Que o instrumento utilizado para esta gravação pertenceu de fato a Américo<br />
<strong>Jacomino</strong> é endossado pelo depoimento de seu filho, Luís Américo, bem como pelo<br />
cartão em seu interior. O instrumento foi construído há quase cem anos, o que<br />
compromete sua afinação, que, como se sabe, é muito afetada pelo deslocamento do<br />
braço do instrumento em decorrência de sua antiguidade. Além disso, é preciso<br />
considerar que possivelmente ele foi modificado por luthiers ou pela ação do próprio<br />
tempo.<br />
IV.6 - Considerações sobre a gravação do CD anexo<br />
Para a gravação do CD anexo foram escolhidas 20 músicas representativas de<br />
compositores-violonistas do início do século vinte. A maior quantidade de músicas de
Américo <strong>Jacomino</strong> explica-se por ser o objeto principal da dissertação e por ser o<br />
violonista com maior quantidade de gravações dentre todos do mesmo período.<br />
As gravações foram feitas no dia 11 de agosto de 2001 no Estúdio GTR, em<br />
Mairiporã, especializado em gravações de violão. Na tentativa de resgatar ao máximo a<br />
sonoridade da época foram escolhidas cordas de tripa por serem bastante usadas pelos<br />
violonistas no período. Estas foram preferidas ao aço, para a gravação, por se entender<br />
que o som metálico do aço não corresponderia à sonoridade escutada nos discos de 78<br />
RPM, quando interpretadas em CD nos equipamentos modernos.<br />
Foram usadas, então, a primeira, segunda e terceira cordas de tripa e os bordões<br />
de aço não-recentes (ou, mais especificamente, "não-novos"). Esta prática, ou seja, o<br />
emprego de bordões “amaciados” era freqüente no início do século vinte. Porém,<br />
houve problemas relacionados à durabilidade das cordas de tripa, principalmente com a<br />
primeira, Mi, a qual foi se desgastando durante a gravação. No final, teve-se, então, que<br />
se utilizar a primeira corda de um material equivalente à tripa e que possui praticamente<br />
o mesmo som, chamado nail-gut, muito utilizado atualmente por intérpretes de<br />
instrumentos de cordas dedilhadas antigas (guitarras barroca, clássica etc.). Assim<br />
sendo, a primeira parte do CD, com obras de Américo <strong>Jacomino</strong> foram inteiramente<br />
interpretadas com as primeiras cordas de tripa, com exceção das duas marchas (Marcha<br />
Triunfal Brasileira e Marcha dos Marinheiros). Em todo o restante do CD a primeira<br />
corda é de nail-gut.<br />
A seleção do repertório – 20 peças, no total, - contemplou principalmente a obra<br />
de Américo <strong>Jacomino</strong>, além de certos compositores, como veremos a seguir. De um<br />
lado, buscou-se a variedade de estilos e obras gravadas pelos intérpretes do período. De<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> foram gravadas duas marchas que, além do caráter patriótico<br />
apontam ainda riqueza de recursos timbrísticos. São elas a Marcha Triunfal Brasileira<br />
e a Marcha dos Marinheiros. Olhos Feiticeiros, um choro, interessa tanto pelo gênero<br />
quanto pelo fato de ter uma escrita cômoda para o intérprete, favorecendo a sonoridade<br />
do instrumento; também um choro, Niterói foi gravado pelo próprio Canhoto. Com o<br />
intuito de apontar a variedade de gêneros, foram selecionadas também duas valsas,<br />
Abismo de Rosas – uma de suas composições mais famosas –, Reminiscências, peça<br />
muito divulgada, bem como uma terceira peça desse gênero, Arrependida, que ainda<br />
apresenta a curiosidade de ter sido muito divulgada como canção por Paraguaçu. Em<br />
relação a ele, conta-se também que este mesmo cantor teria declarado a grande<br />
felicidade por ter cantado a peça com acompanhamento de Canhoto. Alvorada de
Estrelas, uma gavota, apresenta um gênero erudito empregado por Canhoto em escrita<br />
que pede a scordattura do instrumento. Mas, dentre os gêneros preferidos pelo<br />
compositor e violonista, está o tango, que o CD contempla com as faixas Caprichoso,<br />
obra cuja melodia se desenvolve na região grave do instrumento, Guitarra de Mi Tierra<br />
e Amor de Argentina, respectivamente um tango argentino e um tango-milonga. Dentre<br />
as obras divulgadas com mais de uma versão, foram escolhidos o foxtrot Quando os<br />
Corações se Querem, publicado três vezes com nomes diferentes e A Menina do Sorriso<br />
Triste, um fox-tango que também é versão de Quando Os Corações se Querem.<br />
Os compositores que completam a relação do repertório são contemporâneos de<br />
Américo <strong>Jacomino</strong>, caso de Levino Albano da Conceição, Glauco Vianna, Mozart<br />
Bicalho, José Augusto de Freitas, Antonio Giacomino e Theotônio Corrêa. No caso<br />
deste último, apresenta ainda o interesse de ter participado do primeiro trio de violões<br />
de que se tem notícia no Brasil – Os Três Sustenidos – e de ter gravado junto a esse Trio<br />
o maxixe Cruzeiro. Outro compositor gravado, Mário Pinheiro, é cronologicamente<br />
anterior, porém foi o primeiro a entrar em estúdio e fazer uma gravação de violão solo<br />
no Brasil, com o romance Petita. O CD apresenta a seguinte ordem de faixas:<br />
Américo <strong>Jacomino</strong><br />
1- Marcha Triunfal Brasileira<br />
2- Abismo de Rosas (valsa)<br />
3- Nictheroy (choro)<br />
4- Caprichoso (tango)<br />
5- Quando Os Corações Se Querem (fox-trot)<br />
6- Reminiscências (valsa)<br />
7- Olhos Feiticeiros (choro)<br />
8- Arrependida (valsa)<br />
9- Guitarra de Mi Tierra (tango argentino)<br />
10- Amor de Argentina (tango-milonga)<br />
11- Alvorada de Estrelas (gavota)<br />
12- Marcha dos Marinheiros<br />
13- A Menina do Sorriso Triste (fox-tango)<br />
Levino Albano da Conceição<br />
14- Saudades do Rio Grande (valsa-serenata)
Glauco Vianna<br />
15- Pertinho de Meu Bem (polca-choro)<br />
Mozart Bicalho<br />
16- Gotas de Lágrimas (valsa)<br />
Mário Pinheiro<br />
17- Petita (romance)<br />
Theotônio Corrêa<br />
18- Cruzeiro (maxixe)<br />
José Augusto de Freitas<br />
19- Soluços (valsa)<br />
Antonio Giacomino<br />
20- Festa na Fazendo (cateretê)<br />
Para gravarmos o CD, escutamos as obras em discos de 78 rotações e<br />
transcrevemos as peças aqui apresentadas no anexo III. Da audição das obras surgiu a<br />
questão se deveriam ou não ser interpretadas de maneira idêntica à conferida por seus<br />
autores e intérpretes originais. A solução não foi uniforme, uma vez que, como foi dito,<br />
adotamos a pesquisa pela sonoridade da época, mas no caso da interpretação, não<br />
quisemos correr o risco de caricaturizá-las utilizando a interpretação antiga.<br />
A escolha das músicas também obedeceu ao critério relacionado às<br />
características mais marcantes de cada compositor. O maior número de valsas, no caso<br />
de Américo <strong>Jacomino</strong>, deveu-se, portanto à maior quantidade de peças neste estilo<br />
interpretadas pelo violonista.<br />
A inclusão das duas marchas foi em função do sucesso alcançado por essas peças<br />
durante a vida do violonista e a longevidade que ainda obtêm no repertório violonístico<br />
brasileiro. No caso de Levino Albano da Conceição, o violonista viveu um tempo no<br />
sul do país, e esta música lhe era especial, sendo uma das editadas pelo compositor em<br />
vida. De Glauco Vianna, a polca-choro Pertinho de Meu Bem é adequada para se ter
uma idéia dos recursos técnicos do violonista. A valsa Gotas de Lágrimas, de Mozart<br />
Bicalho, foi a peça de maior resposta comercial do violonista e representa uma das<br />
poucas obras do período a entrar no repertório de alguns violonistas durante o século.<br />
Essa peça foi gravada originalmente em dois violões, nitidamente com cordas de aço. O<br />
romance Petita, de Mário Pinheiro, foi incluído por se tratar da peça mais antiga a ser<br />
gravada em violão solo no Brasil, no ano de 1910. O maxixe Cruzeiro, de Theotônio<br />
Corrêa, foi originalmente gravado em três violões com o trio Os Três Sustenidos, o mais<br />
antigo trio de violões a gravar discos no Brasil, tendo entre seus integrantes um dos<br />
mais antigos violonistas solistas que se conhece no país, João Avelino de Camargo, o<br />
Melinho de Piracicaba. A valsa Soluços, de José Augusto de Freitas, é uma boa<br />
referência de como interpretava e compunha o violonista. Por fim, o cateretê Festa na<br />
Fazenda nos mostra um curioso violonista paulista com sobrenome igual ao de<br />
Canhoto, Antonio Giacomino. Para esta gravação foi utilizado o manuscrito do próprio<br />
compositor, o único encontrado nesta pesquisa dentre todos os textos dos violonistas<br />
apresentados neste CD.
Conclusão<br />
Ainda que as primeiras notícias sobre o uso do violão no Brasil sejam esparsas e<br />
um tanto incertas quanto ao tipo de instrumento usado até o início do século vinte, é<br />
claro que o instrumento esteve presente desde o início da colonização portuguesa no<br />
país. A partir das primeiras notícias do violão na vida musical especificamente paulista,<br />
percebe-se sua importância como acompanhante de canções ou manifestações populares<br />
diversas, em festas folclóricas, embora não se tenha certeza de sua prática solista<br />
anterior à segunda metade do século dezenove. No que tange à história do violão em<br />
São Paulo, as notícias de relevo são as que datam da fundação da Faculdade de Direito<br />
do Largo São Francisco. São valiosas as notícias sobre a venda do Método para Violão,<br />
de Francesco Molino, bem como sobre a participação de um certo Professor Lisboa<br />
apresentando-se em recital em São Paulo, violonista que executou ao instrumento as<br />
Variações sobre Temas da Traviata. Não se sabe se estas variações foram escritas por<br />
Francisco Tárrega ou Julian Arcas.<br />
Com o início da comercialização de discos no Brasil, percebe-se que o violão<br />
está presente em muitas gravações, embora como instrumento acompanhador dos<br />
principais cantores do período, Bahiano, Cadete e Eduardo das Neves. Somente em<br />
1910 o instrumento é gravado em solo no Brasil, por Mário Pinheiro, um baixo,<br />
justamente mais conhecido como cantor de ópera. No mesmo período Agustín Barrios<br />
também entra em estúdio, no Paraguai, fato que coloca os dois paises cronologicamente<br />
como os pioneiros das gravações de violão solo em todo o mundo.<br />
Em São Paulo, por volta de 1915, o nome de Américo <strong>Jacomino</strong> começa a se<br />
firmar com prestígio nas salas de concerto e nos jornais, posto que manterá até sua<br />
morte prematura aos 38 anos de idade. Atestam sua popularidade as informações<br />
veiculadas no jornal O Estado de São Paulo, que chegou a publicar uma coluna não<br />
oficial intitulada “Notícias do Canhoto”. Ficou demonstrado que foi ele quem mais<br />
discos gravou e quem mais se apresentou em público e no rádio, pelo menos na capital<br />
paulista. No final de sua vida a repercussão de seu nome recebeu ainda o impulso do<br />
prêmio O Que é Nosso, do Rio de Janeiro, valendo-lhe o título de “O Rei do Violão<br />
Brasileiro”.<br />
Com a morte de <strong>Jacomino</strong> outros violonistas surgem, também solistas, mas que<br />
na falta de uma escola oficial para o instrumento tocavam principalmente de cor e
dedicavam-se ao repertório popular. Apesar da notícia no início do século de recitais do<br />
cubano Gil Orozco, da informação de que havia professores de violão erudito no Brasil,<br />
da vinda de Agustin Barrios e Josefina Robledo para o país na década de 1910 e Sanz<br />
de La Maza e Juan Rodrigues na década de 1920, trazendo consigo as mais recentes<br />
informações sobre o violão erudito na Europa, o Brasil demoraria a assimilar de forma<br />
mais contundente esta prática instrumental, mesmo com o respaldo da pioneira revista<br />
carioca O Violão, que possuía um correspondente paulista de nome Osvaldo Soares,<br />
discípulo da mesma Josefina Robledo, e o respaldo de figuras como Quincas<br />
Laranjeiras, que possuía uma associação de violão erudito no Rio de Janeiro. Isso iria<br />
sistematicamente acontecer apenas na década de 1940, quando do estabelecimento no<br />
Brasil do uruguaio Isaías Sávio, abrindo caminho para um maior estudo do violão<br />
erudito e o início definitivo de uma nova era do violão no país. Isso demonstrou<br />
também uma certa incongruência, no caso de Américo <strong>Jacomino</strong>, pois o local em que o<br />
violonista mais se apresentou foi o salão do Conservatório Dramático e Musical de São<br />
Paulo, justamente o lugar que abriria a primeira cadeira de violão erudito no Brasil, mas<br />
apenas quase duas décadas após a sua morte.<br />
Retrospectivamente podemos apontar para uma primeira geração de violonistas<br />
solistas que passaram pelos palcos de São Paulo ou que aqui nasceram e que deixaram<br />
registros em discos: Américo <strong>Jacomino</strong>, Antonio Giacomino, Mozart Bicalho, Rogério<br />
Guimarães, Henrique Brito, Levino Albano da Conceição, Henrique Xavier Pinheiro,<br />
Glauco Vianna, José Augusto de Freitas, Theotônio Corrêa e João Avelino de Camargo.<br />
Outro ponto em comum foi o fato de terem explorado o instrumento de forma solista,<br />
não apenas como instrumento acompanhador, aqui não importando se os repertórios<br />
veiculados eram de caráter erudito ou popular.<br />
Chama a atenção, também, a atividade intensa de Américo <strong>Jacomino</strong>, o que deve<br />
ter colaborado bastante para sua popularização. Assim como soube absorver e utilizar<br />
todos os meios de comunicação emergentes, desde as gravações em discos de 78 RPM,<br />
no sistema mecânico e, posteriormente, no sistema elétrico, até o rádio, também valeu-<br />
se da imprensa escrita e das apresentações em teatros por todo o Brasil, em especial nos<br />
Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. O violonista também concorreu em concursos<br />
de música carnavalesca, publicando várias destas músicas em partituras para piano,<br />
supostamente porque eram mais fáceis de serem vendidas, o que demonstra mais um<br />
talento para a auto-publicidade. A esse respeito, não foi encontrada nenhuma partitura<br />
publicada para violão por Américo <strong>Jacomino</strong> até sua morte. Isso poderia mostrar que
havia poucos violonistas familiarizados com a escrita em partitura musical para que se<br />
compensasse a edição das mesmas para violão solo. Um outro aspecto a ser destacado é<br />
que Canhoto se mantivesse atualizado a respeito de seu instrumento, considerando-se o<br />
depoimento de Paraguaçu, segundo o qual Agustin Barrios e Canhoto freqüentavam<br />
juntos a oficina de Romeu Di Giorgio. Assim, naturalmente, deve ter comparecido<br />
também a algum recital de Josefina Robledo, já que os ambos estiveram em São Paulo<br />
na mesma época em plena atividade, a partir do que se poderá deduzir uma possível<br />
influência da intérprete espanhola na sua maneira de tocar ou de compor. Apesar de<br />
autodidata, os efeitos utilizados por esse violonista eram os mesmos praticados pelos<br />
violonistas eruditos citados. Com relação à sua técnica instrumental, embora específica<br />
(por ser canhoto), não demonstrava diferenciação sonora se comparada à técnica dos<br />
violonistas citados, e as gravações existentes comprovam isso. O fato de tocar com a<br />
mão esquerda sem inverter a ordem das cordas não alterou a sonoridade das músicas.<br />
O marco principal deste período em São Paulo é o ano de 1916, por ocasião do<br />
recital de Américo <strong>Jacomino</strong>, e 1917, por ocasião dos recitais de Agustín Barrios e<br />
Josefina Robledo, a partir dos quais o violão passa então a ser considerado de outra<br />
forma pela imprensa escrita, com muito menos preconceito e muito mais admiração. As<br />
informações do jornal O Estado de São Paulo contidas antes e após o ano de 1916<br />
demonstram claramente o fato.<br />
Pelas informações subseqüentes ao nascimento de Américo <strong>Jacomino</strong> em 1889 e<br />
posteriores à sua morte em 1928, pode-se concluir que o período que percorre a carreira<br />
artística do violonista corresponde ao início definitivo do desenvolvimento da arte<br />
solística do violão no Brasil.<br />
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GLOEDEN, Edelton. O Ressurgimento do Violão no Século XX: Miguel Llobet,<br />
Emilio Pujol e Andrés Segóvia. Dissertação de Mestrado, ECA-USP, São Paulo,<br />
1996.<br />
MARTINS, José Eduardo. Henrique Oswald: Compositor Romântico. Tese de<br />
Doutoramento, USP, FFLCH, São Paulo, 1988. 3 v.<br />
IV.3 – REVISTAS E PERIÓDICOS (PUBLICAÇÕES ESPECÍFICAS E<br />
JORNAIS)<br />
CASTAGNA, Paulo & ANTUNES, <strong>Gilson</strong>. 1916, O Violão Brasileiro já é uma arte.<br />
Revista Cultura Vozes, n.º 1, ano 88, jan./fev., 1994, p. 37-51.<br />
PUNTO MARGINAL: Revista de Cultura y Politica. En Homenaje a Agustin Barrios.<br />
Ano 1, número 4, agosto-setembro 1994. Assunção, Paraguai.<br />
REVISTA RODA DE CHORO. Volumes 0 a 5. Rio de Janeiro, 1995- 1997<br />
VIOLÃO E MESTRES. São Paulo, Violões Gianinni S. A, 1964-68.<br />
2 - BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA SOBRE AMÉRICO JACOMINO<br />
(INCLUI ARTIGOS DE JORNAIS, REVISTAS E VERBETES DE<br />
DICIONÁRIOS)<br />
A CULTURA do violão em S. Paulo. O Violão, Rio de Janeiro, ano 1, n.º 1, dez.<br />
1928, p. 17.<br />
À SOMBRA de Pixinguinha ( mas tão bons quanto eles) . Jornal<br />
da Tarde, São Paulo, 12 jul. 1979.<br />
AIMORÉ (José Alves da Silva). In:Enciclopédia da música brasileira: erudita,<br />
folclórica, popular. São Paulo, Art. Ed. , 1977. V. 1, p. 8.
ALMEIDA, Sérgio Pinto de. Um violão tocado ao avesso. Folha de São Paulo,<br />
Ilustrada, ano 57, n.º 18.165, p. 35, Quarta-feira, 27 dez. 1978.<br />
AMÉRICO JACOMINO - O trespasse do conhecido violonista brasileiro. Folha da<br />
Noite, São Paulo, ano 8, n.º 2.392, sábado, 08 set. 1928 , p. 5.<br />
ARMANDINHO (Armando Neves ). In: Enciclopédia da música brasileira. Op. Cit.,<br />
v. 1, p. 47.<br />
ARMANDO Neves: o violão no tempo de Canhoto; o conhecido compositor<br />
Armandinho fala da época de ouro das serenatas. Violão e Mestres, São Paulo,<br />
v. 1, p. 20-23.<br />
CANHOTO (Américo <strong>Jacomino</strong>). In: Enciclopédia da música brasileira; erudita,<br />
folclórica, popular. São Paulo, art Ed. , 1977. V. 1, p. 139.<br />
“CANHOTO” ( Américo <strong>Jacomino</strong>). In: IAFELICE, Carlos. Gênios da música:<br />
biografia de compositores célebres; origem e dados completos sobre<br />
instrumentos musicais. São Paulo, Livraria Trio Editora Ltda. , 1974. P 28- 34.<br />
(CANHOTO). Jornal de Jundiai . 07 jan. 1979. P. 5.<br />
CANHOTO e Jundiaí , uma estreita ligação. Jornal de Jundiaí . 07 jan. 1979. p. 1.<br />
CANHOTO do violão, 50 anos depois. Folha de São Paulo, 07 SET. 1978.<br />
NA CIDADE um rico acervo sobre Américo <strong>Jacomino</strong>, o Canhoto. Jornal de Jundiaí ,<br />
07 jan. 1979. P. 7.<br />
CHAGAS, Luiz. A história começou com “Abismo de Rosas “ . Jornal da Tarde, São<br />
Paulo, Suplemento Especial, 27 maio 1989, p. 4.<br />
FERNANDES, Juvenal. O Cartaz da Semana. (?), 19 SET. 1922 e 1983.<br />
FERNANDES, Juvenal. O Cartaz da Semana. In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto. São<br />
Paulo, Fermata do Brasil, s. d. p. 13-14.<br />
FALECEU o maior violonista brasileiro; “Canhoto” foi o vencedor do concurso “o que<br />
é nosso”. Folha da Manhã, São Paulo, 08 SET.1928..<br />
FALLECIMENTO / Fallecimento de um conhecido violonista. A Tribuna, Santos, ano<br />
35, n.º 165, col. São Paulo, sáb.8 set. 1928. p. 1.<br />
FALLECIMENTOS - Américo <strong>Jacomino</strong>. O Estado de S.Paulo, ano 54, n.º 18.026,<br />
sábado, 08 set. 1928, p. 2.<br />
FALLECIMENTOS - Américo <strong>Jacomino</strong>. Diário Nacional, São Paulo, ano 2, n.º<br />
363, Domingo, 09 de setembro 1928, p. 10.
JACOMINO, Américo “Canhoto”. In: PRAT, Domingo. Diccionario biografico,<br />
bibliografico, historico, critico de guitarras ( instrumentos afines), guitarristas (<br />
. . . ) . Buenos Aires, Casa Romero y Fernandes, (1934). P. 167.<br />
( LANCELLOTTI, Sílvio) . Canhoto. In: DENYER, Ralph. Toque; curso completo<br />
de violão & guitarra. Rio de janeiro, Rio Gráfica e Editora, Ltda. , 1982. P.<br />
89-91.<br />
MAGYAR, Vera. A Musa: aos 93 anos, dona Laura das Dores lembra do tempo em<br />
que inspirou o Abismo de Rosas, de Canhoto. Jornal da Tarde, São Paulo, 10<br />
de outubro de 1978. P. 15.<br />
NASSIF, Luís. Toque de mestre; um modesto registro da obra do grande Garoto. Veja,<br />
São Paulo, n.º 551, mar. 1979, p. 77-78.<br />
NECROLOGIA. Diário Popular, São Paulo, ano 44, n.º 14.705, , sábado, 8 de<br />
setembro 1928, p. 12.<br />
NECROLOGIA - Américo <strong>Jacomino</strong>. Diário da Noite, São Paulo, ano 41, n.º 62,<br />
sábado, 08 set. 1928. p. 2.<br />
NOTAS violonísticas. Violão e Mestres, São Paulo, v. 2, n.º 1, dez. 1967, p. 59-61.<br />
(NOTÍCIA sem título ). Jornal do Commercio, São Paulo, ano 12, n.º 267, sábado 08<br />
set. 1928, p. 3.<br />
NUNES, Olavo Rodrigues. Armandinho, chorão paulista, coração brasileiro.<br />
Urubumalandro; Caderno do Clube do Choro de São Paulo, n.º especial, ago<br />
1978. p. 7-11.<br />
O QUE é nosso; O “Correio da Manhã” prosseguirá na defesa do nosso patrimônio. O<br />
Violão, Rio de Janeiro, ano 1, n.º 5, abr. 1929. p. 15-16.<br />
O VIOLÃO entre nós. O Violão, Rio de Janeiro, ano 1, n.º 1, dez. 1928, p. 8-9.<br />
O VIOLÃO nos estados. A Voz do Violão, Rio de Janeiro, ano 1, n.º 1, fev. 1931. p.<br />
17-18.<br />
OS ASTROS brasileiros do violão. A Voz do Violão, Rio de Janeiro, ano 1, n.º 2,<br />
mar. 1931, p. 11-12.<br />
PARAGUAÇU (Roque Ricciardi ). In: Enciclopédia da música brasileira. Op. Cit.,<br />
v.2, p. 587.<br />
REGISTRO - Fallecimentos. Jornal do Commercio, São Paulo, ano 12, n.º 267, sábado,<br />
08 de setembro 1928, p. 3.<br />
REGISTRO – Enterros – <strong>Americo</strong> <strong>Jacomino</strong>. Jornal do Commercio, São Paulo, ano 12,<br />
n.º 268, dom.9 set. 1928, p. 5.
RIBEIRO, Rubens & BORGES, Almir. As mãos que souberam dar beleza ao som.<br />
Periódico não identificado, c. 1968.<br />
SIMÕES, Ronoel. Américo <strong>Jacomino</strong> “Canhoto”. A Gazeta, São Paulo, série de 4<br />
artigos, dez. 1958.<br />
SIMÕES , Ronoel. Américo <strong>Jacomino</strong>, “Canhoto”. In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto.<br />
São Paulo, Fermata do Brasil, s.d. p. 5-9.<br />
SIMÕES, Ronoel. Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto (1887-1928); un grande chitarrista<br />
Brasiliano. L’arte chitarristica, Modena, v. 3, n.º 17, p. 3. 1949.<br />
SIMÕES, Ronoel. Américo <strong>Jacomino</strong>, o Canhoto. Violão e Mestres, São Paulo , v. 1,<br />
n.º 1, p. 4-8, mar. 1964; v. 1, n.º 2, ago 1964, p. 24-28.<br />
THOMÉ, Nadra Michel. O violão de Romeu di Giorgio. Violão: suplemento especial<br />
do Jornal da Tarde, São Paulo, 27 de maio 1989, p.7.<br />
TIGRE , Bastos. Como os nossos intellectuaes apreciam o violão. A Voz do Violão,<br />
Rio de Janeiro, ano 1, n.º 2, mar. 1931, p. 21-23.
ANO OBRA COMPOSITOR INTÉRPRETE LOCAL<br />
1904 F. P. Catton Club Germânia<br />
1904 Noturno em mi bemol Chopin Terceto Salão Carlos<br />
Espanhol Gomes<br />
1906 Prelúdio em acordes Tárrega Gil Orozco Salão Steinway<br />
1906 Estúdo em harpejos Tárrega Gil Orozco Salão Steinway<br />
1906 Valsa em Lá Arcas Gil Orozco Salão Steinway<br />
1906 Cantos de Andaluzia Arcas / Tobosso Gil Orozco Salão Steinway<br />
1906 Dança Cubana Tabarez / Orozco Gil Orozco Salão Steinway<br />
1906 Duas Mazurcas Soria / Penella Orozco e Baltar Salão Steinway<br />
1906 Prelúdio Tárrega Gil Orozco Salão Steinway<br />
1906 Minuetto Tárrega Gil Orozco Salão Steinway<br />
1906 Coro de Bispos Meyerber Gil Orozco Salão Steinway<br />
1906 Capricho Árabe Tárrega Gil Orozco Salão Steinway<br />
1906 Jota Aragonesa Arcas / Tárrega Gil Orozco Salão Steinway<br />
1911 Aires Andaluzas Arcas Manuel Gomes Centro<br />
Espanhol<br />
1911 Gallegada Veiga Manuel Gomes Centro<br />
Espanhol<br />
1911 Miserere do Trovador Verdi Manuel Gomes Centro<br />
Espanhol<br />
1911 Sítio de Bilbao Manuel Gomes Manuel Gomes Centro<br />
Espanhol<br />
1911 Serenata Manuel Gomes Manuel Gomes Centro<br />
Espanhol<br />
1911 Fantasia Brilhante Vinhas Manuel Gomes Centro<br />
Espanhol<br />
1911 Tango Americano Damas Manuel Gomes Centro<br />
Espanhol<br />
1911 Bolero Arcas Manuel Gomes Centro<br />
Espanhol<br />
1911 Gran Jota Aragonesa Arcas / Tárrega Manuel Gomes Centro<br />
Espanhol<br />
1914 Ave Maria Gounod F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático<br />
1914 Traumerei Schumann F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático<br />
1914 Reverie Dunkler F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático<br />
1914 Siciliene Pergolesi F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático<br />
1914 Preghiera Stradela F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático<br />
1914 Berceuse de Jocelin Godard F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático<br />
1914 Gavotta Giuliani F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático
1914 Scherzo Becker F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático<br />
1914 Stabat Mater Rossini F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático<br />
1914 Largo Celebre Handel F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático<br />
1914 Minueto Boccherini F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático<br />
1914 L’Absence Dunkler F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático<br />
1914 Marcha / Tannhauser Wagner F. Pistoresi Cons.<br />
Dramático<br />
1916 Suplica de Amor Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1916 Serenata Árabe Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1916 Cigarra na Ponta Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1916 Magia de Olhar Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1916 Sonhando Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1916 Tango da Agarra Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1916 Guarany Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1916 Cateretê Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1916 Campos Sales Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1916 Medrosa Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1916 Alucinação de um Sonho Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1916 Sonho de Amor Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Meditação Garcia Tolsa Barrios Correio Paulist.<br />
1917 Marcha Eróica Giuliani Barrios Correio Paulist.<br />
1917 Recuerdos del Pacífico Barrios Barrios Correio Paulist.<br />
1917 Tarantella Barrios Barrios Correio Paulist.<br />
1917 Nocturno op. 9 n.º 2 Chopin Barrios Correio Paulist.<br />
1917 Rapsódia Americana Barrios Barrios Correio Paulist.<br />
1917 Bicho Feio Barrios Barrios Correio Paulist.<br />
1917 Jota Aragoneza Barrios Barrios Correio Paulist.<br />
1917 Chanson du Printemps Mendelsohnn Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Rondó Brilhante Aguado Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Fantasia de Concerto Arcas Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Fantasia de La Traviata Verdi / Arcas Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Moraima Espinosa Barrios Theatro Mun.
1917 Estudo p/ mão esquerda Coste Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Rapsódia Americana Barrios Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Dança Macabra Regondi Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Andante Haydn Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Tanda deValses Tolsa Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Aminha Mãe Barrios Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Lucia de Lammermoor Donizetti Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Capricho Espanhol Barrios Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Mazurca Chopin Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Romance Barrios Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Serenata Arabe Tarrega Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Tango n.º2 Barrios Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Il Trovatore, Miserere Verdi Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Gavota Romântica Czibulka Barrios Theatro Mun.<br />
1917 Fantasia em Mi Vinas Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Impressões de um Conto Baltar Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Saudades do Rio de Jan. Barrios Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Página de Álbum Barrios Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Minuetto Beethoven Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Scherzo Hípico Barrios Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Polonaise FAntastique Arcas Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Romance sem Palavras Mendelssohnn Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Meditação Tolsa Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Tango n. 3 Barrios Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Marcha Dupuy Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Serenata Espanhola Albeniz Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Valsa Godard Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Trêmulo Gottschalk Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Jota Aragoneza Tárrega Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Priere Squire Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Nina Pergolese Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Sur lê Lac Godard Robledo Cons.
Dramático<br />
1917 Serenata Espanhola Glazounov Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Granada Albeniz Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Bourré Bach Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Nocturno op.9 n.º2 Chopin Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Carnaval de Veneza Paganini Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Capricho Árabe Tárrega Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Recuerdos de Alambra Tárrega Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Cançonetta Mendelssohn Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Carnaval de Veneza Paganini Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Berceuse Godard Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 O Cisne Saint Saens Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Era um sonho Molina Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Canção Andaluza Ros Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Serenata Malats Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Loure Bach Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Astúrias Albeniz Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Air de Ballet Massenet Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Dança Espanhola Granados Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Sueno Tárrega Robledo Automóvel<br />
Club<br />
1917 Berceuse Schumann Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Minuetto de L’Arlesiene Bizet Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Reverie Schumann Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Oriental Cesar Cui Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Ave Maria Schubert Robledo Cons.<br />
Dramático
1917 Canção e Pavana Couperin Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Adágio / Sonata Patética Beethoven Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Danza Mora Tárrega Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1917 Sán Nicolas Schumann Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Alucinação de um Sonho Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Argonautas Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Asta Luego Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Olhar de Deusa Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Em ti Pensando Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Alma Portuguesa Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Abismo de Rosas Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Uma Noite na Roça Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Marcha Eróica Giuliani Barrios Pavilhão<br />
Central<br />
1918 Chant du Printemps Mendelssohn Barrios Pavilhão<br />
Central<br />
1918 Recuerdos del Pacífico Barrios Barrios Pavilhão<br />
Central<br />
1918 Meditação (noturno) Tolsa Barrios Pavilhão<br />
Central<br />
1918 Rapsódia Espanhola Barrios Barrios Pavilhão<br />
Central<br />
1918 Gran Concerto em Lá Arcas Barrios Pavilhão<br />
Central<br />
1918 Noturno op.9 n.º 2 Chopin Barrios Pavilhão<br />
Central<br />
1918 Gavota Romântica Czibulka Barrios Pavilhão<br />
Central<br />
1918 Bicho Feio Barrios Barrios Pavilhão<br />
Central<br />
1918 Jota Aragoneza Barrios Barrios Pavilhão<br />
Central<br />
1918 Fantasia Variada Sor Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Adágio Beethoven Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Rondó Brilhante Aguado Barrios Cons.
Dramático<br />
1918 Gavotte Madrigal Barrios Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Meditação Tolsa Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Capricho Árabe Tárrega Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Chant du Paysan Grieg Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Página de Álbum Barrios Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Minuetto em Lá Bufaleti Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1918 Gran Jota Barrios Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Souvenir d’un Reve Barrios Barrios Teatro S. Pedro<br />
1919 Reverie Schumann Barrios Teatro S. Pedro<br />
1919 Gran Jota Barrios Barrios Teatro S. Pedro<br />
1919 Minueto em Sol Beethoven Barrios Teatro S. Pedro<br />
1919 Bourré Bach Barrios Teatro S. Pedro<br />
1919 Meditação Tolsa Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Berceuse Schumann Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Marcha Eróica Giuliani Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Capricho Árabe Tarrega Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Noturno op.9 n.o.2 Chopin Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Bourre Bach Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Altair (valsa) Barrios Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Gavota Czibulka Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Gran Jota BArrios Barrios Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Serenata Española Malats Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Dança Española n.o. 10 Granados Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Dança Española n.o. 11 Granados Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Recuerdos de Alhambra Tárrega Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Noturno op.9 n.o. 2 Chopin Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Canção Andaluz Ros Robledo Cons.
Dramático<br />
1919 O Cisne Saint Saens Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Oriental Cesar Cui Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Coro de Anjos Cramer Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Serenata Espanhola Glazounov Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Astúrias Albeniz Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Granada Albeniz Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Canção do Berço Pujol Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Bourré Bacho Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Jota Aragonesa Tárrega Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Berceuse Schumann Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Gavota Francisco Braga Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Minuetto Francisco Braga Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Adágio – sonata Patética Beethoven Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Dança Espanhola n.º 5 Granados Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Dança Espanhola n.º12 Granados Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Nina Pergolesi Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Elegia Massenet Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Era um sonho Molina Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Melodia Rubinstein Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Coro de Anjos Cramer Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Cadiz Albeniz Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Minueto Mozart Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Loure Bach Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1919 Sueno Tárrega Robledo Cons.<br />
Dramático
1920 Marcha Triunfal Canhoto Canhoto Cons.<br />
Brasileira<br />
Dramático<br />
1920 Lês Diamants Lichne Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1920 Serenata Árabe Frontini Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1920 Invejoso Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1920 Alucinação de um Sonho Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1920 Favorita Joan Aragones Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1920 Brasil Thiers Cardoso Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1920 Tarantella Albano Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1920 Samba do Norte Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1921 Estudo em Lá maior Coste Benedito S.<br />
Capello<br />
A Cigarra<br />
1921 Canção do Berço Pujol Benedito S.<br />
Capello<br />
A Cigarra<br />
1921 Valsa de Concerto H. Montey Benedito S.<br />
Capello<br />
A Cigarra<br />
1921 Romance sem Palavras Mendelssohn Benedito S.<br />
Capello<br />
A Cigarra<br />
1921 Miserere do Trovador Verdi Benedito S.<br />
Capello<br />
A Cigarra<br />
1921 Adágio da Sonata Beethoven Benedito S. A Cigarra<br />
Patética<br />
Capello<br />
1921 Noturno op.9 n.º 2 Chopin Benedito S. A Cigarra<br />
Capello<br />
1923 Capricho Árabe Tarrega Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1923 Romanzan. 6 e 12 Mendelssohn Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1923 Estudos Tárrega Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1923 Granada Albeniz Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1923 Canção do Berço Pujol Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1923 Sueno Tarrega Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1923 Cadiz Albeniz Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1923 Minueto del Septimino Beethoven Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1923 Loure Bach Robledo Cons.
1923 Valsa op. 34 no.2 Chopin Robledo<br />
Dramático<br />
Cons.<br />
Dramático<br />
1923 Noturno op. 9 n.o. 2 Chopin Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1923 Jota Aragoneza Tárrega Robledo Cons.<br />
Dramático<br />
1924 O Guarany (Fantasia) Carlos Gomes Leopoldo Silva Ass. Salesianos<br />
1924 Himo Nacional Domingos Silva Cons. Dram<br />
1924 Miserere Verdi Domingos Silva Cons. Dram<br />
1924 Fantasia da Solidão Domingos Silva Domingos Silva Cons. Dram<br />
1924 Noite de Estrelas Domingos Silva Domingos Silva Cons. Dram<br />
1924 Tempestade J. Machado Domingos Silva Cons. Dram<br />
1924 Valsa D. Silva Domingos Silva Cons. Dram<br />
1924 Alvorada Levino Albano Domingos Silva Cons. Dram<br />
1924 Fantasia do Guarany Carlos Gomes Domingos Silva Cons. Dram<br />
1924 Alice Domingos Silva Domingos Silva Cons. Dram<br />
1924 Eu Quero Ver Domingos Silva Domingos Silva Cons. Dram<br />
1924 Combate irresistível Domingos Silva Domingos Silva Cons. Dram<br />
1924 O Bicho Feio Barrios Domingos Silva Cons. Dram<br />
Marieta Tarrega A Pistoresi União. Cat. S.<br />
Agostinho<br />
1924 Noturno n.º2 Chopin A Pistoresi União. Cat. S.<br />
Agostinho<br />
1924 Recuerdos de Alhambra Tarrega A Pistoresi União. Cat. S.<br />
Agostinho<br />
1925 Marcha Triunf. Brás. Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Serenata Árabe Frontini Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Abismo de Rosas Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Feiticeiro Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Uma Lágrima Sagreras Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Quando os Corações... Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Favorita Calazans Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Viola, minha viola Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Padre Nuestro (banjo) S. N. Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Sudan (banjo) Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Tico Tico Assanhando Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />
(cavaquinho)<br />
Paul.<br />
1925 Miserere Verdi Canhoto Soc. R. Ed.
Paul.<br />
1925 A Gente se Defende Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Madre Los Valencias Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Caminico de la Fuente Los Valencias Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Los Ojazos de mi negra Los Valencias Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Ya canta el gallo Los Valencias Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Mi Granada Los Valencias Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Serenata Silvestre Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Sombras do Passado Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Do Sorriso das Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Mulheres...<br />
Paul.<br />
1925 Por que te vuelves a mi? Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 3.o. Prelúdio Mendelssohn Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Quando os Corações... Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
Gavota J. Avelino de C. J. Avelino de C. Um. Cat. S.<br />
Agostinho<br />
1925 Choro Paulista J. Avelino de C. J. Avelino de C. Um. Cat. S.<br />
Agostinho<br />
1925 A Lágrima J. Avelino de C. J. Avelino de C. Um. Cat. S.<br />
Agostinho<br />
1925 Prelúdio em mi Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Marcha T. Br. Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Alucinação de um sonho Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 A Flor é a Fonte Otero Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Do sorriso das<br />
E. Souto Canhoto Cons.<br />
mulheres...<br />
Dramático<br />
1925 Miserere Verdi Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Amor de Argentina Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Tarantella Levino Albano Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Serenata Árabe Frontini Canhoto Cons.<br />
Dramático
1925 Uma Noite na Roça Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Reverie Schumann Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Granada Albeniz Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Gran Vals Tarrega Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Vidalita Sinópoli Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Capricho Árabe Tarrega Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Canção dos Alpes Sinópoli Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Recuerdos de Alhambra Tarrega Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />
Paul.<br />
1925 Recuerdos de Alhambra Tarrega J. Avelino Un. Cat. S.<br />
Ago.<br />
1925 Marcha Triunfal Bras. Canhoto Canhoto Teatro Mun.<br />
S.P.<br />
1925 Abismo de Rosas Canhoto Canhoto Teatro Mun.<br />
S.P.<br />
1925 Viola Minha Viola Canhoto Canhoto Teatro Mun.<br />
S.P.<br />
1925 A lágrima Sagreras J. Avelino Um. C. S. Ago.<br />
1925 Choro Paulista J. Avelino J. Avelino Um. C. S. Ago.<br />
1925 Recordação Saudosa J. Avelino J. Avelino Um. C. S. Ago.<br />
1925 Marcha dos Marinheiros Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Reminiscências Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Miserere (Trovador) Verdi Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Rondon (Tango Brás.) J. Pernambuco Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Alucinação Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Esmeralda Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Julian Donato Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Uma Lágrima Sagreras Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Uma noite em<br />
Canhoto Canhoto Cons.<br />
Copacabana<br />
Dramático<br />
1925 Serenata Árabe Frontini Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Viola Minha Viola Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático
1925 Mathilde C. Garcia A Pistoresi Ass. Salesianos<br />
1925 Adágio Beethoven A Pistoresi Ass. Salesianos<br />
1925 Sonho Tárrega A Pistoresi Ass. Salesianos<br />
1925 Canção do Berço Pujol A Pistoresi Ass. Salesianos<br />
1925 Tua Imagem Barrios A Pistoresi Ass. Salesianos<br />
1925 Ontem ao Luar Alcântara A Pistoresi Ass. Salesianos<br />
1925 Granada Albeniz A Pistoresi Ass. Salesianos<br />
1925 Miserere (Trovador) Verdi A Pistoresi Ass. Salesianos<br />
1925 Noturno op. 9 n. 2 Chopin A Pistoresi Ass. Salesianos<br />
1925 Capricho Árabe Tarrega A Pistoresi Ass. Salesianos<br />
1925 Marcha Paraguaia Dr. Pinho Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Iparraguirre El Huerfano Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Recuerdos de Zavala Escobar Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Jha! Che valle Barrios Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Madrigal Barrios Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Meditation Garcia Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Capricho Árabe Tarrega Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Valsa n.o. 4 Barrios Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1925 Mathilde Garcia P. Escobar / A Cons.<br />
Pistoresi Dramático<br />
1925 Ontem ao Luar Alcantara P. Escobar / A Cons.<br />
Pistoresi Dramático<br />
1925 Vidalita Sinópoli P. Escobar / A Cons.<br />
Pistoresi Dramático<br />
1925 Recuerdos de Alhambra Tárrega P. Escobar / A Cons.<br />
Pistoresi Dramático<br />
1926 Marcha dos Marinheiros Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Desgraciao Benlock Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Reminiscências Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Feiticeiro Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Favorita Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Luzita Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Serenata Árabe Frontini Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Viola, Minha Viola Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Madrigal Barrios Pablo Escobar S R. Ed. Paul.<br />
1926 Recuerdos de Alhambra Tarrega Pablo Escobar S R. Ed. Paul.<br />
1926 Página de Álbum Barrios Pablo Escobar S R. Ed. Paul.<br />
1926 Estefania Czibulka Pablo Escobar S R. Ed. Paul.<br />
1926 Valsa n.o. 4 Barrios Pablo Escobar S R. Ed. Paul.<br />
1926 Marcha Paraguaia Pablo Escobar Pablo Escobar S R. Ed. Paul.<br />
1926 Marcha Triunfal Bras. Canhoto Canhoto Cons.
Dramático<br />
1926 Alucinação de um sonho Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Desgraciao Belloch Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Serenata Árabe Frontini Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Lábios Roxos Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Do Sorriso das Canhoto Canhoto Cons.<br />
mulheres...<br />
Dramático<br />
1926 Viola Minha Viola Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Natal Pablo Escobar Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 El Huerfano Aieta Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Stephania Cibulka Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Vidalita Sinópoli Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Jha! Che Valle Barrios Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Madrigal Barrios Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Página de Álbum Barrios Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Meditação Garcia Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Aires de América Barrios Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Lágrima Tarrega Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Noturno op. 9 n.º 2 Chopin Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Valsa n.º 4 Barrios Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Recuerdos de Alhambra Tarrega Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Marcha Paraguaia Dr. Pinho Pablo Escobar Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Marcha Triunfal Brás. Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Reminiscências Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Sonsa Frontini Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Uma Lágrima Sagreras Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Uma noite em<br />
Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
Copacabana<br />
1926 Viola minha Viola Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Natal Pablo Escobar Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.
1926 Lágrima Tarrega Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Desgraciao Julian Benlock Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Capricho Espanhol A. Sinópoli Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Valsa op. 79 n.º 1 Chopin Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Noturno op. 9 n.º1 Chopin Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Astúrias Albeniz Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Choro Brasileiro João Reis Santos Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Industrian Larosa Sobrino Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Estudos Originais Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Graciosa Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Guarani (abertura) Carlos Gomes Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Lamentos Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Tarantella Levino Albano Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Marcha Triunfal Brás. Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Reminiscências Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Serenata Árabe Frontini Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Phalena Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Alucinação Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Viola Minha Viola Canhoto Canhoto Cons.<br />
Dramático<br />
1926 Miserere (Trovador) Verdi Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Valsa Clássica Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Casamento na Roça Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 A caminho da Roça Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Recordação Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Melodia Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Samba Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Rosa Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Sonhos de Cardeal Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Todos Dançam Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
Sonsa Raul de los<br />
Hoyos<br />
1926 Murmúrios Larosa Sobriho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Julian Donato Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Simpatia Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Brasil Thiers Cardoso Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Passagens da Vida Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Padre Nuestro Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Fado das Mãos Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 No vai-vem das ondas Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Casamento na Roça Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Rosas Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Meu Primor Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Todos Dançam Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.
1926 Sonho de Cardeal Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Até a Volta Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Soluçando Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Francesita Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1926 Rádio Eduacadora Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Ilusão que morre Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1927 chorão Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Queixumes da fonte Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Serenata Árabe Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Orodisoito Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Primavera José Navarro José Navarro S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Meu violão José Navarro José Navarro S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Cateretê clássico José Navarro José Navarro S. R. Ed. Paul.<br />
1927 São Paulo Chic José Navarro José Navarro S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Recordações Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Samba estilo nortista Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Gavota Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Sonhando Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Vidalita Sinópoli A Pistoresi S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Aieta Pistoresi A Pistoresi S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Miserere (Trovador) Verdi A Pistoresi S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Capricho Árabe Tarrega A Pistoresi S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Ave Maria E. Campos Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Sentimento Crioulo Firpo Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Marcha Militar Chaves Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Tango Cachafaz Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Lágrimas de mãe Chaves Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Madrugando Chaves Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Rimpianto Toselle Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Afeição Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Marcha Triunfal Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Não me Toques Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Pout-pourri lírico Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Fantasia do Guarany Carlos Gomes Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Noturno op. 9 n.o 2 Chopin Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Céu do Paraná Leopoldo Silva Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Abismo de Rosas Canhoto Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Cateretê Paulista Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Gavota Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Canção do Berço Pujol A <strong>Jacomino</strong>/ A<br />
Araújo<br />
S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Reverie Schuman A <strong>Jacomino</strong>/ A<br />
Araújo<br />
S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Uma Lágrima Sagreras A <strong>Jacomino</strong>/ A S. R. Ed. Paul.<br />
Araújo<br />
1927 Recordação Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Serenata Árabe Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Não me Toques Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Ave Maria Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.
1927 Marcha Militar Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Fado das mãos Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Marcha Triunfal Brás. Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />
1927 Abismo de Rosas Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />
1927 Reminiscências Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />
1927 Viola Mimosa Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />
1927 Ave Maria Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Hora Fatal Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Uma Lágrima Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Sonsa Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Em pleno mar Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />
1927 Feiticeiro Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />
1927 Fluminense Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />
1927 Viola Minha Vila Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />
1927 Marcha dos Marinheiros Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />
1927 Brasileiro Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />
1927 Viola Minha Viola Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />
1927 Saudades de Iguape Pedro J. Moraes Pedro J. Moraes S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Saudades de Amparo Pedro J. Moraes Pedro J. Moraes S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Granada Albeniz Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Na tarde triste Zequinha de Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />
Abreu<br />
1927 Céu do Paraná Leopoldo Silva Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Noturno op. 9 n.º 2 Chopin Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />
1927 No reino dos sonhos Hugo Banzatto Hugo Banzatto S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Langosta Filisberto Hugo Banzatto S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Adoração Hugo Banzatto Hugo Banzatto S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Pachá Hugo Banzatto Hugo Banzatto S. R. Ed. Paul.<br />
1927 O polido Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Fumando espero Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Graciosa Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Gavotta Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Lamento Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Julieta Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1927 Casamento na Roça Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1927 M
1927 Melodia Sentimental Levino Albano Levino Albano S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Dobrado Totó S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Cateretê rebuliço Totó S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Colar de Pérolas Totó S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Hino Nacional Totó S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Amparo Totó S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Julia Totó S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Arrependido Totó S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Hino Nacional Totó S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Patrício J. Sebastião J. Sebastião S. R. Ed. Paul.<br />
Lima<br />
Lima<br />
1928 Loca J. Sebastião J. Sebastião S. R. Ed. Paul.<br />
Lima<br />
Lima<br />
1928 Implorando J. Sebastião J. Sebastião S. R. Ed. Paul.<br />
Lima<br />
Lima<br />
1928 Ora vejam só Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Julieta Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Lamento Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Murmúrios Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />
1928 Lágrimas de mãe Pedro<br />
Pedro<br />
S. R. Ed. Paul.<br />
Cavalheiro Cavalheiro<br />
1928 Flor do Sertão Pedro<br />
Pedro<br />
S. R. Ed. Paul.<br />
Cavalheiro Cavalheiro<br />
1928 Um sururu no terreiro Pedro<br />
Pedro<br />
S. R. Ed. Paul.<br />
Cavalheiro Cavalheiro<br />
1928 Allegro da sonata op. 22 Sor Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático<br />
1928 Gran Andante em A Sor Juan Rodrigues Cons.<br />
Maior<br />
Dramático<br />
1928 Cantabile Sor Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático<br />
1928 Andantino Sor Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático<br />
1928 Minueto Sor Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático<br />
1928 Estilo clássico Juan Rodrigues Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático<br />
1928 Coral Del Norte Juan Rodrigues Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático<br />
1928 Chacarera Juan Rodrigues Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático<br />
1928 Maxixe Souto Rodrigues Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático<br />
1928 Solitário Porcel Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático<br />
1928 Canção de Filandeiras Porcel Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático<br />
1928 Dança Oriental Porcel Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático
1928 Divertimento op. 16 Porcel Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático<br />
1928 Célebre Minueto Porcel Juan Rodrigues Cons.<br />
Dramático
ODEON<br />
Número do<br />
disco<br />
Repertório Gênero Número da matriz Intérpretes Autores Data de lançamento<br />
40003 Ter amor não é defeito Modinha RX-279 Mário Pinheiro<br />
10210 Monteiro no sarilho Polca Cavaquinho, violão e flautim<br />
10221 Violetas Choro Flauta, violão e cavaquinho<br />
108069 Rato Rato Choro XR-602 Casemiro Rondo c/ cavaquinho e violão<br />
108748 Os caçadores Lundu XR-1411 Eduardo das Neves Bahiano e Risoleto (violões)<br />
137052 Bahiano dengoso Cançoneta Bahiano H.Retinho Abril/13<br />
137053 Dorisa Polca Antonio F. Rabelo (concertina) Artur Moreira (violão) D.P. Abril/13<br />
137054 Quindins de Iaiá Polca Antonio F. Rabelo(concertina) Artur Moreira (violão) D.P. Abril/13<br />
137088 Descascando o pessoal Samba Clarinete, cavaquinho e violão Arranjos de motivos populares Jan/14<br />
137089 Urubu malandro Samba Clarinete, cavaquinho e violão Arranjos de motivos populares Jan/14<br />
120589 Saci Polca Grupo do Canhoto João Batista do Nascimento<br />
120590 Saudades de Iguape Valsa Grupo do Canhoto João Batista do Nascimento<br />
120591 Suplication Valsa SP.3 Grupo do Canhoto W. J. Peans<br />
120592 Tuim-Tuim Valsa S.P.4 Grupo do Canhoto [Antonio Picucci]<br />
120593 Amores noturnos Mazurca S.P.5 Grupo do Canhoto<br />
120594 Babi Polca Grupo do Canhoto<br />
120595 Belo Horizonte Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> [Américo Jacomi no]<br />
120596 Pisando na mala Polca Américo <strong>Jacomino</strong> [Américo <strong>Jacomino</strong>]<br />
120597 Campos Sales Dobrado Américo <strong>Jacomino</strong> [Américo <strong>Jacomino</strong>]<br />
120598 Devaneio Mazurca Américo <strong>Jacomino</strong><br />
120599 Seiscentos e vinte e três Polca Grupo do canhoto<br />
120600 Adeus Helena Valsa Grupo do Canhoto<br />
120757 Mambira Polca Hugo (gaita) Mabilde (violão) Dez/13<br />
120758 Mimosa Chótis Mabilde (violão) Álvaro Mabilde<br />
121044 Casa Brancato Valsa Banda 52 de caçadores Américo <strong>Jacomino</strong> " Canhoto "<br />
121228 Odeon One-step Grupo do Canhoto Fred Del Ré<br />
121229 O Frederico no choro Tango Grupo do Canhoto Fred Del Ré<br />
121230 Nas asas de um anjo Valsa Grupo do Canhoto [Antonio A.Lemos]<br />
121231 Longe de ti Mazurca Grupo do Canhoto<br />
121232 O último sorriso Valsa Grupo do Canhoto Fred Del Ré<br />
121233 Deixe de luxo Polca Grupo do Canhoto Fred Del Ré<br />
121234 Angústias de amor Valsa Grupo do Canhoto<br />
121235 O Paulista Tango Grupo do Canhoto<br />
121236 Amores na praia Valsa Grupo do Canhoto Américo <strong>Jacomino</strong><br />
121237 Depois do beijo Chótis Grupo do Canhoto Américo <strong>Jacomino</strong><br />
121238 Pensando em ti Valsa Grupo do Canhoto<br />
121239 Ida Valsa Grupo do Canhoto Fred Del ré<br />
121240 Ciúmes de amor Valsa Grupo do Canhoto Fred Del Ré<br />
121241 Noites de farra Polca Grupo do Canhoto Fred Del Ré<br />
121242 Lembranças de Lima Valsa Grupo do Canhoto Luiz Argento
121243 Tudo mexe Polca Grupo do Canhoto Luiz Argento<br />
121244 Beijar depois morrer Valsa Grupo do Canhoto Luiz Argento<br />
121245 Suspirando Mazurca Grupo do Canhoto Luiz Argento<br />
121246 Suplicando amor Valsa Grupo do Canhoto Américo <strong>Jacomino</strong><br />
121247 Sudan Tango Grupo do Canhoto Américo <strong>Jacomino</strong><br />
121248 Beijo e lágrimas Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
121249 Acordes do violão Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
121270 Olhos que falam Valsa Grupo dos chorosos Américo <strong>Jacomino</strong><br />
121371 Samaritana (Olhos que<br />
falam)<br />
Canção Vicente Celestino Américo <strong>Jacomino</strong> Inácio Raposo<br />
121478 Madrugando Tango Américo <strong>Jacomino</strong><br />
121479 Recordações de Cotinha Tango Américo <strong>Jacomino</strong><br />
121514 Nhá Maruca foi<br />
s'imbora<br />
Catira Grupo O Passo no choro Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
121645 Fatalidade de um beijo Chótis Bahiano (acompanhado de Canhoto ao violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
121644 Na coeita Canção<br />
Bahiano (acompanhado de Canhoto ao violão) F.Nascimento Pinto Franc. Ponzio<br />
Sertaneja<br />
Sobrinho<br />
122103 Cuzcuz de Sinhá Chica Bahiano João Pernambuco<br />
122214 Triste carnaval Valsa Vicente Celestino Canhoto - Arlindo Leal<br />
122540 Triste ausência Mazurca<br />
Lírica<br />
Levino da Conceição ( violão) Levino da Conceição<br />
122541 A Carioca P. Tango Levino da Conceição (violão) Levino da Conceição<br />
122924 Saudades do Rio<br />
Grande<br />
Valsa lenta Levino da Conceição (violão) Levino da Conceição<br />
122925 Reminiscências<br />
Bahianas<br />
Maxixe Levino da Conceição (violão) Levino da Conceição<br />
122926 Há quem resista? Maxixe Levino da Conceição ( violão ) Levino da Conceição<br />
122927 El Pasado (Audacioso) Tango<br />
Argent.<br />
Levino da Conceição (violão ) Levino da Conceição<br />
122932 Marcha Triunfal<br />
Brasileira<br />
Marcha Américo <strong>Jacomino</strong> ( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> " Canhoto"<br />
122933 Abismo de Rosas Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> (violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
122934 Porque te vuelve a mi Tango Américo <strong>Jacomino</strong> (violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
122935 Uma noite em<br />
Copacabana<br />
Maxixe Américo <strong>Jacomino</strong> (violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
122937 Feche a porta e leve a<br />
chave<br />
Sambinha Paraguaçu Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
122105 Tiá de Junqueiro Samba Bahiano João Pernambuco<br />
123048 Fado do vagabundo Carlos Serra (acomp. de violões e bandolins) Motivo popular<br />
123049 Alzajama Carlos Serra (acomp. de violões e bandolins)<br />
123070 Mimoso Maxixe João Pernambuco (acomp. de Rogério Guimarães ao<br />
violão)<br />
João Pernambuco<br />
123071 Lágrimas Maxixe João Pernambuco (acomp. de Rogério Guimarães ao<br />
violão)
123076 Martha Valsa Rogério Guimarães (violão) Rogério Guimarães<br />
123077 Marinetti Fox-trot Rogério Guimarães (violão) Rogério Guimarães<br />
123162 Jandaia C. Sertanejo Patrício Teixeira João Pernambuco Nov/26<br />
123163 "Seu Coutinho pegue o<br />
boi"<br />
Embolada Patrício Teixeira João Pernambuco Nov/26<br />
123164 Magoado Choro João Pernambuco (violão) Nelson Alves (cavaq.) João Pernambuco Dez/26<br />
123165 Sons de Carrilhões Choro João Pernambuco (violão Nelson Alves (cavaq.) João Pernambuco Dez/26<br />
123198 Marcha dos<br />
Marinheiros<br />
Marcha 1007 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" (violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Dez/26<br />
123199 A menina do sorriso F.Tango 1009 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" (violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Dez/26<br />
triste<br />
123200 Reminiscências Valsa lenta 1008 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"(violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Dez/26<br />
123201 Alvorada de estrelas Gavota 1010 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Dez/26<br />
123210 O Guarani Fantasia 1031 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"(violão) Carlos Gomes Arr: Canhoto<br />
123211 Sonsa Tango 1013 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto "(violão) Fresedo<br />
123212 Invejoso Maxixe 1012 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
123213 Viloa minha viola Samba 1014 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
123225 Mamãe eu vou com ele! M.Carnav 1053 Frederico Rocha Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
123226 Só na Bahia é que tem Samba 1025 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
123227 A gente se defende Maxixe 1064 Frederico Rocha Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto<br />
123229 Carnaval à noite Maxixe 1065 Frederico Rocha Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto<br />
123246 "Rosas desfolhadas Valsa lenta 1011 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" (violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto<br />
123247 "Guitarra de mi terra Tango 1017 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto "( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
123248 Melancolia Noturno 1015 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
123242 Primeiras Rosas Valsa 1029 Paraguassu Américo <strong>Jacomino</strong> e Roque<br />
Ricciardi<br />
123281 Só na Bahia tem Samba 1137 Francisco Alves Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
123282 "Trepadeira Francisco Alves Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Abril/27<br />
123289 Foi-se embora Maria Oscar Pereira Gomes Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Abril/27<br />
123290 Luizinha Valsa lenta 1103 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto Äbril/27<br />
123291 Fluminense-Tango Tango 1104 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Abril/27<br />
123292 Tico Tico no farelo Choro Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
123293 Um noite em Ipanema Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
123304 Em pleno mar Valsa 1118 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Maio/27<br />
123303 Fantasia s/ Tango "A<br />
média Luz"<br />
Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" (violão ) E. Dorato Maio/27<br />
123305 Tempo Antigo Mazurca 1119 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Maio/27<br />
ODONETE<br />
114 A-Saudade de Portugal<br />
B-Lá vai madeira<br />
COLUM<br />
BIA<br />
Dueto guitarra e violão<br />
Dueto cavaq. E violão<br />
Sem indicação<br />
Luperce Miranda
B-139 O Epifânio brincando Polca Grupo Honório<br />
Jaci e Sertanejo Gavota e<br />
Batuque<br />
João Guimarães ( violão )<br />
PHOENIX<br />
70786 Saudades de minha<br />
Aurora<br />
70790 Saudades de São<br />
Bernardo<br />
Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
Valsa Grupo do Canhoto Antonio Picucci<br />
70796 Tenho pressa Polca Grupo do Canhoto Antonio Picucci<br />
70797 Sempre feliz a teu lado Mazurca Grupo do Canhoto J. Rafaille<br />
70799 Nas asas de um anjo Valsa Grupo do Canhoto Antonio A Lemos<br />
70802 Alda Chótis Grupo do Canhoto<br />
70803 Belo Horizonte Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />
70804 Uiára Polca Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão)<br />
70805 Devaneio Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão )<br />
70806 Sempre teu Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão)<br />
70814 Onde está Idalina Polca Grupo do Canhoto Antonio Picucci<br />
70815 Tuim,Tuim,Tuim Valsa Grupo do Canhoto Antonio Picucci<br />
70815 Amor constante Valsa Grupo do Canhoto Antonio Picucci<br />
70817 Pierrota Valsa Grupo do Canhoto Antonio Picucci<br />
70818 Não si impressiona Polca Grupo do Canhoto Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto<br />
GAÚCHO<br />
4042 Nhá Maruca foi<br />
s'imbora<br />
Nhá moça<br />
ODEON<br />
10010 A-Rosas desfolhadas<br />
B-Viola,minha viola<br />
10014 A-Foi s'imbora Maria<br />
B-Dengoso<br />
0015 A-O coco de Iaiá<br />
B-Santa Terezinha<br />
10017 A-Olhos feiticeiros<br />
B-Burgueto<br />
10019 A-Dengoso<br />
B-Reflexos da mina<br />
alma<br />
10020 A-Marcha T Brasileira<br />
B-Reminiscências<br />
10021 A-Abismo de Rosas<br />
B-Marcha dos<br />
Samba<br />
Samba<br />
Valsa<br />
Toada<br />
Samba<br />
P.Choro<br />
Maxixe<br />
Valsa<br />
Tango V<br />
lenta<br />
Toada<br />
Modinha<br />
Marcha<br />
Valsa lenta<br />
Valsa lenta<br />
Marcha<br />
Os Geraldos Américo <strong>Jacomino</strong><br />
?<br />
1242 1211 Canhoto ( violão)<br />
Canhoto<br />
Pilé (acompanhamento do grupo do Canhoto)<br />
Canhoto<br />
1200 1202 Pilé<br />
Canhoto<br />
Canhoto(cavaquinho)<br />
Canhoto<br />
1212 1201 Pilé (acompanhamento do grupo do Canhoto)<br />
Canhoto<br />
Canhoto (cavaquinho)<br />
Canhoto<br />
1223 1235 Canhoto ( violão ) Canhoto<br />
Canhoto<br />
Francisco Alves c/ Canhoto ( violão ) Francisco Alves<br />
Francisco Alves<br />
1243 1231 Canhoto ( violão ) Canhoto<br />
Canhoto<br />
1230 1244 Canhoto ( violão ) Canhoto<br />
Canhoto<br />
Julho/27<br />
Agosto/27<br />
Agosto/27<br />
Agosto/27<br />
Anterior aout/1927
Marinheiros<br />
10022 A-Uma noite em<br />
Ipanema<br />
B-Tico tico no farelo<br />
10024 A-Brasilerita<br />
B-Caprichoso<br />
Valsa<br />
Choro<br />
Tango<br />
Argent<br />
Maxixe<br />
Modinha<br />
V.lenta<br />
Choro<br />
Valsa<br />
Canção<br />
10026 A-Berço e Túmulo<br />
B-Bebê<br />
10027 A-Choça do monte<br />
B-Araci<br />
10028 A-Luar da minha terra<br />
B-A Solina voou Canção<br />
10029 A-Paulista de Taubaté Toada<br />
B-Vamos embora Maria Embolada<br />
10107 A-Prelúdio de violão<br />
B-Atlântico<br />
Tango<br />
10148 A-Sonho de gaúcho Canção<br />
B-Campanha do sul Fox-trot<br />
1236 1237 Canhoto(cavaquinho) Canhoto<br />
Canhoto<br />
1248 1228 Canhoto ( violão) Canhoto<br />
Canhoto<br />
1203 1225 Paraguaçu acompanhado do grupo do Canhoto<br />
Paraguaçu<br />
Canhoto(cavaquinho)<br />
Canhoto<br />
1204 1234 Paraguaçu acompanhado do grupo do Canhoto<br />
Canhoto (cavaquinho)<br />
Catulo Cearense<br />
1210 1213 Pilé acompanhado do grupo do Canhoto Canhoto<br />
Canhoto<br />
1214 1224 Pilé acompanhado do grupo do Canhoto Canhoto<br />
"Jararaca"<br />
1451 1452 Rogério Guimarães(violão) Rogério Guimarães<br />
1553 1558 Francisco Alves<br />
Francisco Alves e Rogério Guimarães (violões)<br />
Sinhô<br />
Rogério Guimarães<br />
Setembro/27<br />
Set/27<br />
Set/27<br />
Março/28