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Gilson Antunes - Americo Jacomino - teses.musicodobra...

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<strong>Gilson</strong> Uehara <strong>Antunes</strong><br />

AMÉRICO JACOMINO "CANHOTO" E O DESENVOLVIMENTO DA ARTE<br />

SOLÍSTICA DO VIOLÃO EM SÃO PAULO.<br />

Dissertação apresentada ao Departamento de<br />

Música da Escola de Comunicações e Artes da<br />

Universidade de São Paulo, como exigência<br />

Parcial para obtenção do título de<br />

Mestre em Musicologia.<br />

Orientadora:<br />

Prof. Dra. Flavia Camargo Toni<br />

São Paulo<br />

2002


Canhoto. Nome do diabo, um dos mais populares, e ligado, na maioria dos casos,<br />

aos acontecimentos amorosos, seduções, bastardias. Seria Canhoto uma réplica católica<br />

do Asmodeu. Apesar do nome, canhoto, esquerdo, desastrado, é um demônio hábil na<br />

sua especialidade conquistadora. Luis Edmundo (O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-<br />

Reis, 340, Rio de Janeiro, 1932): "O Canhoto ! Monstro com o dom de transforma-se<br />

em cavalheiro capaz de seduzir a melhor dama, mas sem poder dissimular dois pés de<br />

pato, amplos e feios, duende explosivo que arrebentava, em cacos, diante de qualquer<br />

cruz, deixando, com o estampido muito grande, uma nuvem azulada e um cheirinho de<br />

enxofre".<br />

Câmara Cascudo: Dicionário do Folclore Brasileiro, Ediouro, 9.ª Edição.


AGRADECIMENTOS<br />

Antonio de Barros Leite<br />

Cláudia Batista das Neves<br />

Cláudio Arone<br />

Daniel Barreiro<br />

Edelton Gloeden<br />

Flávia Camargo Toni<br />

Luís Américo <strong>Jacomino</strong><br />

Márcio de Souza<br />

Maurício Orosco<br />

Maurício Zamith<br />

Ricardo Cardim<br />

Ricardo Marui<br />

Ronoel Simões<br />

Selma Gimenes Garcia<br />

Teresinha Prada


Resumo<br />

Esta pesquisa visa estudar o período correspondente ao início do desenvolvimento da<br />

arte solística do violão brasileiro, com ênfase na cidade de São Paulo, além de resgatar a<br />

obra do maior violonista do período, o paulistano Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto".


Abstract<br />

This research intends to study the beginning of the development of the guitar in Brazil,<br />

mainly in the city of São Paulo, besides to bring up the life and works from Américo<br />

<strong>Jacomino</strong> "Canhoto", the brazilian greatest guitarist in the first quarter of twentieth<br />

century.


001 - Introdução<br />

SUMÁRIO<br />

007 - Capítulo I – Informações sobre a utilização do violão no Brasil entre os séculos<br />

XVI e XIX<br />

007 - I.1 – Primeiras manifestações do violão no Brasil<br />

008 - I.2 – O novo ambiente violonístico em São Paulo com os estudantes da<br />

Faculdade de Direito do Largo São Francisco<br />

014 - I.3 – O ambiente violonístico em São Paulo – 1900 – 1930<br />

032 - I.4 – Agustín Barrios em São Paulo – 1917/1929<br />

038 - I.5 – Josefina Robledo: Uma mulher violonista no Brasil – 1917/1922<br />

047 - Capítulo II – Américo <strong>Jacomino</strong> – 1889/1928<br />

047 - II.1 – Nascimento de Américo <strong>Jacomino</strong><br />

049 - II.2 – Primeira gravação de Américo <strong>Jacomino</strong> – 1912<br />

052 - II.3 – Em 1916, o primeiro grande recital de Américo <strong>Jacomino</strong>. A mudança de<br />

opinião da crítica em São Paulo<br />

061 - II.4 – Casamento de Américo <strong>Jacomino</strong> e mudança para São Carlos<br />

066 - II.5 – Em 1925, Américo <strong>Jacomino</strong> retorna à capital paulista<br />

071 - II.6 – O concurso “O que é nosso” – 1927<br />

084 - Capítulo III – Panorama do violão em São Paulo – 1904/1928<br />

084 - III.1 – Os violonistas nas salas de concerto: Canhoto, Barrios, Robledo e outros<br />

088 - III.2 – Os violonistas nos estúdios das gravadoras: Canhoto, Levino Albano,<br />

Rogério Guimarães e outros<br />

096 - Capítulo IV – O violonista Américo <strong>Jacomino</strong>: O músico, a obra, o professor e<br />

seu instrumento<br />

096 - IV.1 – Aspectos técnico-interpretativos e recursos violonísticos empregados<br />

101 - IV.2 - Manuscritos e partituras impressas de Américo <strong>Jacomino</strong><br />

116 - IV.3 – Lacunas no repertório de Américo <strong>Jacomino</strong><br />

117 - IV.4 – O Método de violão de Américo <strong>Jacomino</strong><br />

120 - IV.5 – Comentários a respeito do violão que pertenceu a Américo <strong>Jacomino</strong><br />

utilizado para a gravação do CD anexo<br />

123 - IV.6 – Considerações sobre a gravação do CD anexo<br />

128 - Conclusão<br />

131 - Bibliografia<br />

Anexo I – Tabela de gravações realizadas por violonistas entre 1902 e 1928<br />

Anexo II – O repertório dos violonistas e as salas de concerto em que se apresentaram<br />

Anexo III – Transcrição de obras de violonistas-compositores do início do século vinte


Introdução<br />

Com a abertura dos cursos de pós-graduação nas universidades brasileiras,<br />

amplia-se, aos poucos, o quadro para se escrever, no futuro, a história do violão no<br />

Brasil, bem como seu repertório e intérpretes mais destacados. Ainda não se tem,<br />

contudo, bibliografia volumosa, sendo necessário realizar pesquisa aprofundada em<br />

fonte primária. Isso de fato se evidenciou na pesquisa feita em torno do violonista<br />

Américo <strong>Jacomino</strong>, cujo nome, embora não fosse desconhecido, ainda não merecera<br />

trabalho que o focalizasse de forma privilegiada; intérprete e compositor destacado do<br />

início do século vinte, Américo <strong>Jacomino</strong> cumpriu, com efeito, um papel de relevo na<br />

divulgação e introdução do violão em vários ambientes do Estado de São Paulo e do Rio<br />

de Janeiro.<br />

A presente dissertação busca situar o início do desenvolvimento da arte solística<br />

do violão no Brasil, especificamente na cidade de São Paulo, nos idos de 1900 a 1930.<br />

Se o foco do trabalho é Américo <strong>Jacomino</strong>, foi necessário, não obstante, situá-lo frente a<br />

outros nomes do violão que comparecem nos palcos no mesmo momento, para se ter<br />

uma visão mais precisa e abrangente do desenvolvimento dessa arte. “Canhoto” , como<br />

o apelido indica, tocava violão invertendo a posição do instrumento e mantendo, no<br />

entanto, a mesma afinação e ordem das cordas. Tomou para si a responsabilidade de se<br />

“profissionalizar”, conforme seu próprio depoimento, e firmar o instrumento no meio<br />

musical brasileiro. Como será visto, Américo realiza grande número de gravações,<br />

apresenta-se em inúmeros recitais divulgados pela imprensa, compõe obras que<br />

marcarão o repertório do instrumento no período, bem como faz dos meios de<br />

divulgação disponíveis – rádio e discos – aliados na difusão de seu trabalho. Além<br />

disso, suas composições apresentam aspectos técnico-musicais que ampliam recursos<br />

que vinham sendo usados por seus contemporâneos brasileiros.<br />

Assim, no intuito de determinarmos o panorama no qual Américo <strong>Jacomino</strong><br />

despontará foi importante retroagir no tempo para se recolherem as notícias sobre o uso<br />

do instrumento no país. O foco, sem dúvida, é a cidade de São Paulo.<br />

Ao tratarmos do violão no Brasil não nos debruçamos sobre Heitor Villa-Lobos<br />

por entender que sua esfera de ação como violonista participando de grupos de choro se<br />

circunscreveu à cidade do Rio de Janeiro. À época, suas composições não tiveram<br />

papel preponderante na arte solística do instrumento, pois a primeira gravação comercial<br />

de seu Choros n.º 1, embora escrito em 1921, data de 1940. As demais obras do


maestro carioca foram editadas na década de 1950, sendo cultuadas até então por<br />

violonistas que fogem do âmbito do presente trabalho. Aqui contemplamos os<br />

violonistas compositores que gravaram discos, realizaram recitais e marcaram presença<br />

no espaço do violão solista.<br />

O trabalho divide-se em quatro capítulos. No primeiro acolhemos notícias sobre<br />

a presença do instrumento apontando para a intrincada questão do que ora é chamado de<br />

viola, ora de guitarra, ou mesmo de violão. O nome do instrumento só começa a se<br />

firmar com a fundação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo,<br />

em 1828, quando o movimento estudantil faz uso do instrumento, cenário para ser<br />

anunciada, pela primeira vez, a venda de um método de violão, trabalho escrito pelo<br />

italiano Francesco Molino. É o momento em que se anuncia, também, a apresentação<br />

de um violonista conhecido apenas como Senhor Lisboa, executando as Variações<br />

Sobre Temas da Traviata, de Giuseppe Verdi. Infelizmente não é possível saber se tais<br />

variações foram escritas pelo espanhol Francisco Tárrega, ou por um contemporâneo<br />

seu, o também espanhol Julian Arcas.<br />

O movimento violonístico da capital entre 1900 e 1930 foi analisado<br />

separadamente, tendo em vista destacar os papéis relevantes do paraguaio Agustín<br />

Barrios e da espanhola Josefina Robledo.<br />

No segundo capítulo a vida de Américo <strong>Jacomino</strong> é focalizada, tendo em vista a<br />

recuperação de dados de sua biografia, bem como seu currículo artístico. As gravações e<br />

recitais, a mudança para São Carlos, a volta a São Paulo e o concurso O Que É Nosso,<br />

no Rio de Janeiro, fazem parte de um quadro no qual o violonista se destaca como<br />

compositor, intérprete e professor.<br />

No terceiro capítulo, um panorama do violão na cidade de São Paulo, reunimos<br />

as carreiras dos violonistas atuantes nas salas de concerto, bem como nos estúdios de<br />

gravação. As datas-limite são 1904 e 1928; a primeira assinala o mais antigo recital de<br />

violonista após o nascimento de Canhoto e a outra registra a morte dele. No período foi<br />

interessante para a pesquisa analisar o repertório e as salas de concerto mais utilizadas<br />

pelos violonistas, bem como as gravações das quais participaram.<br />

O quarto e último capítulo focaliza em separado o músico Américo <strong>Jacomino</strong>,<br />

sua obra e a atividade de professor. É o espaço oportuno para descrever e analisar<br />

também o violão modelo carioca usado por ele em concerto. Frente ao levantamento do<br />

repertório de Canhoto divulgado pelos jornais e tendo em vista também as gravações<br />

que realizou, é possível conhecer certos recursos técnico-interpretativos empregados


pelo violonista, tais como trêmulos, pizzicati, efeitos de fala no violão, harmônicos,<br />

rasqueados etc. Para tanto foi necessário percorrer vasto repertório, desde obras de sua<br />

autoria bem como de outros compositores, panorama ampliado pelas informações de<br />

seu método para violão. Vale dizer que o Método de Violão, editado na década de 1920,<br />

é tido ainda hoje como de interesse.<br />

No intuito de melhor conhecermos o repertório e os recursos técnicos de<br />

Canhoto, gravamos um CD, anexo, no qual experimentamos um violão utilizado pelo<br />

violonista, gentilmente cedido pelos seus herdeiros para o trabalho em estúdio de<br />

gravação.<br />

Anexo apresentamos dados complementares sobre os quais nos pautamos para as<br />

análises. No primeiro, a relação das gravações dos violonistas no período de 1902 a<br />

1928. No seguinte, a relação do repertório dos violonistas e as salas em que se<br />

apresentaram. Finalmente, as transcrições de alguns compositores, violonistas que<br />

escreveram para o instrumento, mas que não foram contemplados com edições. Nesse<br />

sentido, cabe antecipar que Canhoto era músico de formação amadora, não grafando<br />

suas composições, ou seja, não tendo visto, em vida, suas partituras editadas. Dele<br />

transcrevemos somente as obras para violão solista, não nos atendo àquelas em que ele<br />

participa de duos ou formações maiores. Entre os autores contemplados estão: Glauco<br />

Vianna (com a peça Pertinho de Meu Bem), Levino Albano da Conceição (com<br />

Saudades do Rio Grande), Mário Pinheiro (com Petita) e José Augusto de Freitas<br />

(Soluços). Coube também anexar a partitura publicada da valsa Gotas de Lágrimas, de<br />

Mozart Bicalho, um sucesso editorial da década de 1960 (quando de sua publicação); o<br />

maxixe Cruzeiro, de Theotônio Corrêa, na transcrição de Attílio Bernardini, que se<br />

pautou na gravação para três violões do trio Os Três Sustenidos; a transcrição da gavota<br />

Edith, de João Avelino de Camargo – um dos integrantes daquele trio, a partir da cópia<br />

manuscrita sem indicação de autor; finalmente, o manuscrito autógrafo do cateretê<br />

Festa na Fazenda, de Antonio Giacomino, o único documento original encontrado<br />

durante as pesquisas para esta dissertação 1 .<br />

O violão foi, de fato, um dos principais instrumentos musicais utilizados para o<br />

acompanhamento das canções, participando desde o primeiro registro comercial de que<br />

se tem notícia, em 1902, a gravação da canção Ave Maria, na voz de Bahiano, e com<br />

violonista não identificado. Curioso é notar que rapidamente, com o início do século<br />

1 Estes dois documentos fazem parte do acervo do colecionador Ronoel Simões, a quem agradecemos as<br />

cópias cedidas.


vinte, o instrumento passa a ser muito requisitado, contrastando com as parcas notícias<br />

que se têm dele até então. Um dos motivos plausíveis poderia ter sido o de seu emprego<br />

nos estúdios de gravações em substituição ao piano, hipótese que não nos coube<br />

destacar.<br />

Após a leitura da literatura disponível, passamos à consulta sistemática dos<br />

jornais de época, acervo do Arquivo do Estado de São Paulo. Esta etapa da pesquisa,<br />

notadamente sobre o jornal O Estado de São Paulo, fez parte de um projeto<br />

compartilhado anteriormente com Paulo Castagna e Eduardo Fleury. Projeto de fôlego,<br />

compreendeu a pesquisa sistemática em jornais para se recolherem as notícias sobre o<br />

instrumento entre os anos de 1900 e 1930. Os resultados colhidos chegaram a ser<br />

divulgados em artigo de 1994 2 .<br />

Numa terceira etapa, desta vez trabalho individual, foi consultado o repertório<br />

disponível a partir das gravações dos próprios compositores-violonistas do início do<br />

século vinte, entre eles Mário Pinheiro, João Pernambuco, Levino Albano da Conceição<br />

e outros. Só então focamos o olhar para o paulistano Américo <strong>Jacomino</strong>, devido à<br />

relevância de citações a seu respeito. Até 1958, as poucas informações sobre <strong>Jacomino</strong><br />

residiam na série de quatro artigos escritos por Ronoel Simões no jornal A Gazeta,<br />

quando dos 30 anos da morte do violonista, crônicas estas inseridas no texto de 1978<br />

que acompanha o livro de J. L. Ferrete e Juvenal Fernandes, obra que traz um valioso<br />

catálogo de peças de Canhoto. Além desses textos, servimo-nos do que o próprio<br />

Ronoel Simões publicaria na revista Violão e Mestres de 1964, em dois números, outra<br />

biografia do violonista, na qual muitas das informações teriam sido obtidas por meio de<br />

entrevistas com o cantor Roque Ricciardi, o Paraguaçu, conforme atestou o próprio<br />

Simões em depoimento ao Museu da Imagem e do Som de São Paulo em 1981. De<br />

Paraguaçu foi utilizada também uma entrevista histórica concedida ao Museu da<br />

Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 1974, com muitas histórias e informações sobre<br />

Canhoto e o período em questão, especialmente sobre a São Paulo de inícios do século<br />

vinte.<br />

De grande valia foi a investigação feita por Henrique Foréis, o Almirante, por<br />

ocasião dos quatro programas especiais de rádio, em 1954, para a comemoração do<br />

quarto centenário da fundação da cidade de São Paulo, cujo material se encontra no<br />

arquivo escrito do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Segundo Luís<br />

2 CASTAGNA, Paulo & ANTUNES, <strong>Gilson</strong>. 1916, O Violão Brasileiro já é uma Arte. Revista Vozes.<br />

Editora Vozes, n.º 1, p. 18, 1994.


Américo, filho de Canhoto, Almirante teria tido muito contato com várias figuras<br />

próximas a seu pai, além de ter feito várias entrevistas com a viúva do violonista. Foram<br />

utilizadas também algumas entrevistas feitas com Luís Américo, que cedeu material de<br />

grande valia para a dissertação. O farmacêutico Antônio de Barros Leite também<br />

forneceu fotocópias de várias cartas de Américo <strong>Jacomino</strong> a seu pai, dados de interesse<br />

para os biógrafos dos dois violonistas.<br />

Também auxiliaram na pesquisa matérias divulgadas em 1978, cinqüentenário<br />

da morte de Canhoto, textos publicados em jornais por ocasião de um disco no qual<br />

doze músicos gravaram peças de sua autoria, aí incluindo seu próprio filho Luís<br />

Américo. Ainda de 1978 há o documentário da TV Cultura, de São Paulo, um debate<br />

no qual Ronoel Simões, J.L. Ferrete e Juvenal Fernandes analisam certos aspectos<br />

históricos e musicais de Américo <strong>Jacomino</strong>. De lá para cá pouco foi escrito sobre o<br />

violonista e compositor, apesar de sua mais famosa composição, Abismo de Rosas,<br />

continuar como uma peça muito procurada pelos intérpretes e orquestras.<br />

Mais recentemente o violonista Giácomo Bartoloni, professor de violão da<br />

Universidade Estadual Paulista (UNESP), realizou uma pesquisa analisando aspectos<br />

sociais sobre o violão brasileiro, incluindo o período estudado.<br />

Entre os principais locais pesquisados devemos citar ainda:<br />

- Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro: Jornais e revistas da época em que viveu<br />

Américo <strong>Jacomino</strong>, notadamente números do jornal Correio da Manhã, que organizou o<br />

concurso O Que é Nosso, do qual tomou parte o violonista.<br />

- Centro Cultural São Paulo: Foram utilizados inúmeros livros para a bibliografia geral<br />

da dissertação, além de partituras raras do violonista publicadas para piano. Na pasta<br />

que reúne matérias sobre o artista há poucos recortes de jornais. Na discoteca Oneyda<br />

Alvarenga existem três discos com músicas do violonista, por Paulinho Nogueira,<br />

Waldir Azevedo e o próprio Américo <strong>Jacomino</strong> (1 disco de 78 rotações).<br />

- Biblioteca da Universidade de São Paulo (USP): Livros e <strong>teses</strong> para a bibliografia<br />

geral, em especial a Discografia Musical Brasileira em 78 RPM, editada pela<br />

FUNARTE em 1978.<br />

- Arquivo particular de <strong>Gilson</strong> <strong>Antunes</strong>: Vários artigos de jornais, fotos, livros em geral<br />

para a bibliografia (sobre a história do violão, história da música brasileira e da cidade<br />

de São Paulo), gravações de Américo <strong>Jacomino</strong> e partituras particulares transcritas dos<br />

discos de 78 RPM. Vários desses itens foram, desde 1988, adquiridos do arquivo<br />

particular do colecionador Ronoel Simões.


I – INFORMAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DO VIOLÃO NO BRASIL<br />

ENTRE OS SÉCULOS XVI E XIX<br />

I.1 – Primeiras manifestações do violão no Brasil<br />

Podemos considerar que a literatura com referência ao uso do violão no Brasil<br />

data de c. 1549, coincidindo com a chegada dos jesuítas no país, e suas respectivas<br />

citações em cartas e escritos gerais 3 .<br />

3 TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira. São Paulo, Ed. 34, 1998, p.<br />

41; DUDEQUE, Norton. História do Violão. Curitiba, Universidade Federal do Paraná, 1994, p.101.


No século dezesseis, entre os principais instrumentos musicais cordofones em<br />

uso na Europa estão o alaúde, em todo o continente, e a vihuela, na Península Ibérica.<br />

Este último designa instrumentos musicais cordofones de três tipos diferentes: a vihuela<br />

de arco, a vihuela de peñola (tocada com plectro) e a vihuela de mano (pulsada com os<br />

dedos). Este instrumento possui seis cordas duplas (as chamadas "ordens"), com<br />

afinação variável em altura (em geral, afina-se até que as cordas estejam esticadas o<br />

bastante para não romperem), mas sempre com os mesmos intervalos, sendo eles, por<br />

exemplo e por convenção quando da interpretação das músicas no violão moderno, mi-<br />

si-fa#-re-la-mi.<br />

Outro instrumento utilizado pelo povo, exclusivamente para acompanhamento<br />

de canções, é a pequena guitarra, que possui quatro pares de cordas. Este instrumento<br />

varia de nome conforme a região. Na França, por exemplo, é chamado de guiterne ou<br />

guiterre, na Inglaterra, guitar e, na Itália, chitarrino. O nome etimologicamente provém<br />

da kytara grega (de origem caldéia-assíria).<br />

Sendo a vihuela, pois, o instrumento cultivado em Portugal – com o nome<br />

aportuguesado de viola - e existindo também a guitarra de 4 ordens no país, tocado em<br />

geral pelas pessoas de uma classe inferior, e que esta geraria variantes locais com o<br />

decorrer do tempo, é de se supor que seriam os mesmos instrumentos trazidos ao Brasil<br />

junto com a navegação. Pelas informações dos primeiros viajantes, existem também<br />

nesta época o uso e a construção de instrumentos diversos pelos índios guarani nas<br />

Reduções Jesuíticas do Paraguai, território que compreenderia hoje a Argentina, Brasil,<br />

Uruguai e Paraguai 4 .<br />

No século dezessete, a vihuela interrompe seu rumo de desenvolvimento<br />

juntamente com seus intérpretes espanhóis, passando a pequena guitarra, agora com<br />

cinco cordas duplas, a assumir seu papel de instrumento cordofônico mais praticado.<br />

Por ter vários cultores na Espanha, começa a ser designada pelo nome de guitarra<br />

espanhola.<br />

O nome de Gregório de Matos Guerra (1633 / 1696) aparecerá posteriormente<br />

como o primeiro grande nome da literatura brasileira, e com ele um papel bastante<br />

difundido sobre o violão durante os séculos, o do boêmio violonista. Neste caso, o<br />

poeta é apenas o continuador da tradição dos escudeiros trovadores quinhentistas de<br />

Portugal, verdadeiros antecessores dos seresteiros, que se acompanharão ao violão.<br />

4 REVISTA ASSOVIO. Associação Gaúcha do Violão, ano 1, n.º 4, Porto Alegre, maio de 2000, p. 08.


Depois disso, já na segunda metade do século dezoito, com a mudança do estilo<br />

musical europeu como o rococó e o clássico, haverá mudanças significativas no violão<br />

(inicialmente com seis ordens, posteriormente com seis cordas simples), sendo chamado<br />

então no velho mundo de guitarra clássica. E é justamente quando os termos viola e<br />

violão enfrentarão no Brasil os maiores equívocos, confundindo-se de tal maneira que<br />

será difícil reconhecer quando da citação de um e de outro na literatura dos séculos<br />

dezoito e dezenove 5 .<br />

I.2 - O Novo Ambiente Violonístico em São Paulo com os Estudantes da Faculdade<br />

de Direito do Largo São Francisco<br />

Há vários documentos atestando a prática musical brasileira no século dezenove,<br />

principalmente dos viajantes que aqui estiveram. As notícias sobre violão demonstram<br />

que o instrumento é praticado em São Paulo e restante do Brasil. Já em 1813 o viajante<br />

sueco Gustavo Beyer escreve que "canto e música são talentos comuns, que elas (as<br />

paulistas) revelam com a mesma graça e facilidade. O primeiro consiste nas conhecidas<br />

modinhas e os instrumentos mais freqüentes são o piano, a harpa, a guitarra e o órgão,<br />

dos quais a guitarra é o mais comum e tocado até entre o povo do campo" 6 . Entre<br />

outros escritores que atestam o uso do instrumento estão Levy Rocha, Auguste-Emílio<br />

Zaluar, Spix e Martius.<br />

Luiz D'Alincourt 7 publica em 1818 o livro Memória sobre a Viagem do Porto de<br />

Santos à Cidade de Cuiabá 8 , no qual escreve a respeito da cidade de São Paulo: "Tem<br />

esta cidade todas as proporções para o estabelecimento de uma Universidade; o baixo<br />

preço dos gêneros, a abundância deles, a salubridade do ar, a temperatura do clima, as<br />

poucas distrações, que se oferecem, finalmente tudo parece conspirar a preferir este a<br />

outro qualquer sítio para a cultura de letras. [...]. Os paulistas são trabalhadores,<br />

espirituosos, robustos, afáveis, generosos e bastantemente polidos; são dotados de<br />

talentos próprios para grandes coisas, assim os pudessem cultivar".<br />

5 Sobre esta questão, colocamos como “violão” todo o instrumento que se refere ao instrumento atual que<br />

recebe esta denominação, incluindo instrumentos correlatos dos séculos dezoito e dezenove, como a viola<br />

(guitarra de cinco ordens) e a própria guitarra (guitarra espanhola).<br />

6 BEYER, Gustavo. Ligeiras notas de viagem do Rio de Janeiro à capitania de São Paulo. Revista do<br />

Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, v. XII, p. 289, 1908.<br />

7 Nascido em Oeiras, Portugal, em 17 de fevereiro de 1787, D’Alincourt foi oficial de engenheiros, tendo<br />

numerosas e importantes comissões. Seu livro em questão foi publicado em1825.<br />

8 D’ALINCOURT, Luiz. Viagem do Porto de Santos à Cidade de Cuiabá (1818). São Paulo, Livraria<br />

Martins Editora S.A., 1980, pp. 34 e 35.


No dia primeiro de março de 1828, dez anos após a publicação do livro de<br />

D’Alincourt, é instituído o curso de Direito no prédio do Largo São Francisco em São<br />

Paulo, sendo de fundamental importância para o desenvolvimento cultural da cidade, até<br />

então bastante tímida.<br />

Talvez o mais importante livro sobre esta faculdade, no qual são narrados vários<br />

acontecimentos musicais e notícias importantes sobre a prática do violão, foi o escrito<br />

por Carlos Penteado de Rezende em 1954, intitulado Tradições Musicais da Faculdade<br />

de Direito de São Paulo 9 . O escritor observa o seguinte panorama da capital quando da<br />

vinda dos estudantes em 1828 10 : "1- Existência de dois teatros, um popular e sempre em<br />

uso, outro por assim dizer aristocrático e raramente aberto. 2- representação de peças<br />

musicadas, como óperas e operetas, com acompanhamento rudimentar. 3- Gosto das<br />

mulheres paulistas de cantar em serões e saraus e de dançar nos bailes. 4- Preferência<br />

geral pelas modinhas, ‘inteiramente ao gosto do público’. 5- Conhecimento das obras de<br />

Marcos Portugal, provando comunicação artística entre Côrte e Província. 6- Existência<br />

na capital de pianos, harpas, órgãos e guitarras e notícia de ser a guitarra, ou violão,<br />

instrumento popular. 7- Apuro em música sacra executada nas igrejas. 8- Desempenho<br />

musical de bandas marciais. 9- hábito de serenatas na vizinha localidade de Santo<br />

Amaro e possivelmente em São Paulo. 10- manifestações musicais de caráter<br />

folclórico".<br />

Vários estudantes poetas se utilizam do violão para acompanharem suas<br />

composições. O primeiro poema acadêmico, por exemplo, escrito pelo estudante<br />

mineiro Antonio Augusto de Queiroga, em 1834, possui acompanhamento deste<br />

instrumento musical. Vários outros estudantes podem ser citados, como Augusto<br />

Teixeira de Freitas, João Ribeiro Mendes e Batista Caetano de Almeida Nogueira.<br />

Na página 42 do livro, em que evidencia o trabalho estatístico do Marechal<br />

Daniel Pedro Müller, relativo ao ano de 1836, figuram na tabela número 15 do cadastro<br />

das profissões (capital), além de 21 músicos, 6 violeiros. Este termo violeiro aplica-se,<br />

a fabricantes ou vendedores de viola. Porém, sobre o violão solista utilizado por<br />

virtuoses europeus, na página 83 o autor escreve: "O instrumento preferido pelos<br />

acadêmicos prosseguia sendo o violão. Tanto que o Correio Paulistano andou<br />

anunciando para vender em sua tipografia um Método de Violão, de Francesco Molino,<br />

9 PENTEADO, Carlos Rezende. Tradições Musicais da Faculdade de Direito de São Paulo. São Paulo,<br />

Edição Saraiva, 1954.<br />

10 Idem, ibidem, p. 25.


que é, daquela época, a única referência didática musical que possuímos. Aliás, ainda<br />

não se imprimiam músicas em São Paulo. No máximo haveria copistas, talvez entre os<br />

funcionários da Sé Catedral. Tudo vinha de fora, da Corte ou da Europa, quer fossem<br />

livros, compêndios, partituras ou simples resmas de papel pautado".<br />

No mesmo livro escreve-se, a respeito da situação musical paulista na segunda<br />

metade do século dezenove, "Os professores de música eram poucos e mal habilitados.<br />

Os instrumentos e composições oferecidos à venda não primavam pela qualidade ou<br />

bom gosto. Nenhuma casa especializada no ramo se abrira ainda na cidade. E quando se<br />

realizava um concerto, o fato assumia aspectos de novidade sensacional. O público<br />

ignorante nada exigia, contentando-se com ouvir os seus trechos preferidos, geralmente<br />

tirados de óperas. Considere-se, também, que outrora os músicos não desfrutavam de<br />

prestígio social, nem tinham forças para combater o velho e arraigado preconceito de<br />

que o artista é um ser ocioso, inútil. Tudo, pois, contribuía para o marasmo geral" 11<br />

Havia, porém, conforme anúncios do jornal Correio Paulistano, vários professores de<br />

piano e canto, o que iria contra a afirmação de que o violão era o único instrumento<br />

estudado com esmero. E com relação aos compositores de modinhas e lundus, se faz<br />

difícil um maior aprofundamento, pois a maioria ficou no anonimato por não ter suas<br />

peças impressas e pelo fato de o gênero ser muito transmitido em tradição oral.<br />

O ambiente musical paulista começa a mudar quando o imigrante israelita<br />

francês Henrique Luís Levy inicia a venda de partituras musicais em sua loja de jóias,<br />

situada na Rua da Imperatriz, no centro da capital. Outra figura de destaque na segunda<br />

metade do século é a do professor francês Gabriel Giraudon, que passará à posteridade<br />

musical paulista como professor de Henrique Oswald, Luís Levy, Alexandre Levy,<br />

Antonieta Rudge e Magdalena Tagliaferro, todos pianistas.<br />

Ainda no livro de Penteado, na página 209, um daguerreótipo apresenta o<br />

período da mudança de um violão de modelo clássico para um modelo mais moderno,<br />

sendo este segurado por Luís Levy. A mudança é significativa, quando se observa a<br />

mão do instrumento (mais arredondada no caso do modelo antigo) e o cavalete (sem o<br />

detalhe da ornamentação, no caso do modelo moderno). Na figura, Luís Levy aponta<br />

para a palavra “cynismo” escrita na parede, cujo significado remete ao “spleen” – tédio,<br />

monotonia - tão em voga entre os estudantes da Faculdade de Direito desde a sua<br />

11 Idem, ibidem, p. 81.


fundação, principalmente entre poetas que lá passaram, como Álvares de Azevedo e<br />

Bernardo Guimarães 12 .<br />

Na década de 1860 São Paulo possui cinco teatros, sendo eles o Teatro da Ópera<br />

(no Pátio do Colégio), Teatro do Palácio do Governo (também situado no Pátio do<br />

Colégio), "Teatrinho alemão do Dr. Rath" 13 (situado no bairro da Glória, com<br />

capacidade para 500 pessoas, construído pelo engenheiro de mesmo nome), Batuíra<br />

(situado na Rua da Cruz Preta) e, o mais importante de todos, Teatro São José, situado<br />

no Largo de São Gonçalo. Este teatro, inaugurado em 1864 e destruído em 1898 por<br />

um incêndio, tornou-se um verdadeiro difusor de cultura para a capital. Em seu palco<br />

passariam nomes como o do músico Gottschalk e da atriz Sarah Bernhardt.<br />

Na década seguinte aparecem os primeiros ecos do progresso, com as<br />

conseqüências da imigração e da criação da estrada de ferro, apesar de não serem<br />

alterados os hábitos da população nem a fisionomia da cidade no decênio de 1860-<br />

1870 14 . Surgem novos professores de música, quase todos de piano e canto, nenhum<br />

conhecido de violão, não obstante afirmar-se que "de acordo com o costume da época, a<br />

música fazia parte obrigatória da educação feminina (...). Como as moças quase não<br />

12 Essa palavra era própria da gíria acadêmica, não tendo relação com a desfaçatez ou impudência.<br />

13 Escrito desta maneira no livro de Penteado.<br />

14 Idem, ibidem, p. 177.


saíam de casa, enchiam o tempo com os afazeres domésticos e divertiam-se dedilhando<br />

piano e violão e cantando" 15 .<br />

Ainda com relação ao instrumento, o jornal Correio Paulistano de 11 de maio de<br />

1864 publica um artigo sobre um sarau em que participaram o professor de piano<br />

Emílio do Lago e “um certo professor Lisboa”, que “executando trechos da Norma e da<br />

Traviata conseguiu extrair das cordas do seu violão os mais harmoniosos e suaves sons,<br />

que jamais violão algum poderá imitar” 16 . Há duas versões para esta peça de Verdi, a<br />

Fantasia sobre temas da Traviata, escrita pelo espanhol Francisco Tárrega, ou as<br />

mesmas variações, escritas por seu conterrâneo Julian Arcas. A de Norma é uma<br />

incógnita, pois não se conhecem variações ou fantasias sobre trechos dessa ópera no<br />

repertório violonístico. Apesar disso, durante todo esse decênio, não é registrado<br />

nenhum outro recital de violão.<br />

Na década seguinte começa a transformação da cidade de São Paulo em vários<br />

aspectos, citando-se como exemplo a inauguração do serviço de iluminação a gás, os<br />

bondes puxados por burros e o arruamento em redor da capital, além de intensificarem-<br />

se a leva de imigrantes na capital. Em 1873 são fundadas algumas sociedades musicais,<br />

Henrique Levy amplia ainda mais sua loja e em agosto é inaugurado o Teatro<br />

Provisório, que abrirá caminho para o Lírico no ano seguinte. É nesse contexto de<br />

mudanças que o advento da ópera se torna um marco na história artística da cidade.<br />

Ainda em 1873 nasce em Porto Feliz, Estado de São Paulo, um dos mais antigos<br />

violonistas a gravar discos no Brasil (em 1930), José Martins Duarte de Melo,<br />

conhecido como Melinho de Piracicaba. Este violonista fará parte do trio “Os Três<br />

Sustenidos” juntamente com os pioneiros Theotônio Corrêa e João Avelino de<br />

Camargo. Melinho começa a estudar violão no interior, pelo método de Matteo<br />

Carcassi sob orientação do professor Luiz Dutra, passando em seguida ao método de<br />

Dionísio Aguado com o português Alberto Baltar na capital paulista em 1898. Baltar é<br />

um dos mais antigos professores de violão erudito da cidade de São Paulo de que se tem<br />

notícia 17 . Sobre este, escreve Domingo Prat em seu Diccionario de Guitarristas 18 :<br />

“Alberto Baltar, violonista e compositor português, radicado na cidade do Rio de<br />

Janeiro, Brasil. Goza de grande popularidade e é apreciado por seus méritos de<br />

intérprete e compositor. Publicadas na revista A Voz do Violão, se lhe conhecem<br />

15 Idem, ibidem, p. 187.<br />

16 Idem, ibidem, p. 190.<br />

17 VIOLÃO E MESTRES, n.º 7, 1967, p. 25.<br />

18 PRAT, Domingo. Diccionario de guitarrista., Casa Romero y Fernandez, Buenos Ayres, 1934, p. 38.


algumas peças originais, e pela Violão, outras. Possui uma grande quantidade de temas<br />

folclóricos do Brasil adaptados ao violão, os quais vieram à luz pelas citadas<br />

publicações”.<br />

Como coincidência, Melinho de Piracicaba começa seus estudos de violão em<br />

1889, ano da proclamação da República e data de nascimento do principal violonista do<br />

início do desenvolvimento da arte do violão solista no Brasil, o paulistano Américo<br />

<strong>Jacomino</strong> “Canhoto”.<br />

As décadas de 1860, 1870 e 1890 marcam a data de nascimento de três<br />

migrantes nordestinos ao Rio de Janeiro que terão fundamental importância para a<br />

prática do violão solista no Brasil: Sátiro Bilhar (1860/1927), Joaquim Francisco dos<br />

Santos (1883/1935), conhecido como Quincas Laranjeiras, e João Teixeira Guimarães<br />

(1883/1947), mais conhecido como João Pernambuco. Este último fará várias<br />

apresentações em São Paulo, primeiramente com seu Grupo de Caxangá e<br />

posteriormente com os Oito Batutas, seminal grupo de choro do qual farão parte<br />

também Pixinguinha e Donga. Dos três violonistas citados, apenas João Pernambuco<br />

deixará registrado seu trabalho em discos, sendo ainda um dos poucos violonistas do<br />

período a se manter no repertório.<br />

Com esses nomes, o violão atingirá a maturidade necessária para o início de seu<br />

desenvolvimento em princípios do novo século, sendo beneficiado pela era das<br />

gravações e pelo ambiente musical do choro, no Rio de Janeiro, e das serestas, em São<br />

Paulo.<br />

I.3 – O ambiente violonístico em São Paulo – 1900/1930<br />

No primeiro decênio do século vinte, entre 1903 e 1908, o violonista cubano Gil<br />

Orosco leciona na capital paulista, sendo um dos mais antigos violonistas estrangeiros a<br />

passar pela cidade. Em 1904 Orosco realiza um recital no Teatro Santana, apresentando<br />

“obras clássicas, zarzuelas espanholas e uma Fantasia Original, de sua própria<br />

autoria” 19 .<br />

19 VIOLÃO E MESTRES, São Paulo, ano II, n.º 07 p. 25.


Já na década seguinte, em 13 de julho de 1911 o guitarrista espanhol Manuel<br />

Gomes, "recém-chegado a esta capital" 20 , apresenta um recital aos representantes da<br />

imprensa, na Casa Bevilacqua. A crítica assim se refere ao recital 21 :<br />

“É, com efeito, um artista de valor o violonista espanhol Manuel Gomes, que<br />

ontem à noite, no salão da Casa Bevilacqua, ofereceu uma audição aos representantes da<br />

imprensa.<br />

“Na música pura como nas mais ligeiras composições o instrumento, nas mãos<br />

do Sr. Manuel Gomes, é de uma docilidade veludosa e as suas notas espalham-se pelo<br />

ambiente com uma limpidez de cristal.<br />

“No tango americano e nas jotas aragonezas o executante soube graduar as<br />

vibrações, dando-nos efeitos imprevistos, reduzindo-os a uma expressão quase<br />

imperceptível.<br />

“O auditório premiou com calorosas palmas todos os números executados.<br />

“O sr. Manuel Gomes deve-se apresentar ao público por estes dias”.<br />

O primeiro recital aberto ao público acontece no dia 14 de agosto, no Salão<br />

Nobre do Centro Espanhol. A crítica no dia seguinte escreve que o salão estava “repleto<br />

de exmas. Famílias e cavalheiros que com entusiasmo aplaudiram o Sr. Gomes, que<br />

executou com perícia”. O programa apresentou as seguintes peças:<br />

Primeira Parte:<br />

- Julian Arcas: Aires Andaluzas<br />

a) Petenera; b) Granadina; c) Malaguenha<br />

- Veiga: Gallegada<br />

- Verdi: Miserere “do Trovador”<br />

- :Sítio de Bilbao<br />

- Gomes: Serenata<br />

Segunda Parte:<br />

- Vinhas: Fantasia Brilhante<br />

20<br />

“Concerto de Violão”. O Estado de S. Paulo, ano 37, coluna Artes e Artistas, 13 de julho de 1911, p.<br />

06.<br />

21<br />

“Concerto de Violão”. O Estado de S. Paulo, ano 37, coluna Artes e Artistas, 14 de julho de 1911,<br />

p.05.


- Damas: Tango Americano<br />

- Arcas: Bolero<br />

Gran Jota<br />

As obras demonstram uma formação erudita-popular do violonista, com tendências<br />

a uma música de inspiração popular espanhola, como as de Vinhas e Damas. Julian<br />

Arcas por sua vez teria sido o principal violonista espanhol do período anterior a<br />

Francisco Tárrega, de quem é provável a autoria da última música apresentada, a Gran<br />

Jota, cuja execução seria realizada muitas outras vezes no Brasil por outros violonistas,<br />

assim como a transcrição do Miserere da ópera Trovatore, de Verdi, que também<br />

figurou no programa.<br />

Este será o único violonista a aparecer na época em São Paulo com a divulgação<br />

da imprensa. Manuel Gomes não figura no Diccionario de Guitarristas, de Domingo<br />

Prat, nem em outros dicionários posteriores, o que dificulta a obtenção de dados<br />

expressivos para sua biografia.<br />

Já em 1914, no dia 22 de fevereiro, o violonista e luthier Francisco Pistoresi,<br />

realiza recital de violão apresentando um instrumento de seu invento denominado<br />

diamenofone, no qual se flagra um aberto ataque de preconceito ao violão. O jornal O<br />

Estado de São Paulo escreve 22 :<br />

“Com seleta assistência, composta de representantes da imprensa, artistas e<br />

professores, realizou-se ontem, no salão nobre do Conservatório, a experiência do<br />

interessante invento do Sr. Francisco Pistoresi. Esse invento consiste num pequeno<br />

aparelho, muito simples, destinado a ser aplicado a todos os instrumentos de corda,<br />

tanto de arco como de teclado para a produção de nota contínua ou prolongada.<br />

“Ouvimos a execução de um pequeno repertório ao violoncelo e ao violão, sobre<br />

os quais está aplicado o referido aparelho, e a impressão que nos causou foi excelente.<br />

O violoncelo executado sem arco, com perfeição emitia notas muito agradáveis e de<br />

grande intensidade.<br />

“O violão, que atualmente é um instrumento vulgar e, por isso, sem valor, por<br />

intermédio desse aparelho fica completamente transformado e adquire uma dignidade<br />

superior.<br />

22 “Um interessante invento”. O Estado de S.Paulo, ano 40, coluna Artes e Artistas, 22 de fevereiro de<br />

1914, p. 03.


“Tal instrumento, executado com a nota contínua, assemelha-se perfeitamente a<br />

um poderoso orgão ou harmônio.<br />

“Estas são as aplicações atuais e iniciais do invento. Porém onde ele produzirá<br />

melhor resultado será no piano e na harpa, conforme pretende fazer mais tarde o<br />

inventor.<br />

“A audição a que assistimos convenceu-nos completamente do grande valor<br />

artístico do invento e do brilhante futuro que lhe está reservado.<br />

“Consideramos, somente pelo que tivemos ocasião de ouvir, que a arte musical<br />

ficará transformada com esse invento.<br />

“Foi o seguinte o programa a que obedeceu a audição:<br />

- C. Gounod: Ave-Maria<br />

- R. Schumann: Traumerei<br />

- E. Dunkler: Reverie<br />

- G. B. Pergolesi: Sicilienne<br />

- A. Stradella: Preghiera<br />

“Para finalizar a experiência, o sr. Francisco Pistoresi executou ao violão a<br />

Traumerei de Schumann, tendo sido acompanhado ao violoncelo pelo professor<br />

Simoncelli.<br />

“Enfim, tratando-se de um invento muito recente é impossível dizer-se desde já,<br />

em uma simples notícia, as vantagens de suas aplicações”.<br />

Os termos utilizados para o violão, como sendo "vulgar, e por isso sem valor",<br />

demonstram como ele é visto por pelo menos uma parte da sociedade. Mas Alfredo<br />

Pistoresi apresenta em julho do mesmo ano seu invento para o público, com divulgação<br />

da imprensa, antes de tentar seu sucesso na Europa. Sobre a audição escreve o jornal O<br />

Estado de São Paulo 23 :<br />

“Conservatório Dramático e Musical - Amanhã, no salão deste estabelecimento<br />

realiza-se um concerto em que será posto à prova um invento do fabricante de<br />

instrumentos de música, sr. Alfredo Pistoresi.<br />

“Trata-se de dar a dois instrumentos de corda o som contínuo, coisa até hoje<br />

desconhecida. Pelo invento do sr. Pistoresi, esses dois instrumentos produzirão em<br />

23 “Concerto”. O Estado de S. Paulo, ano 40, coluna Artes e Artistas, 04 de julho de 1914, p. 05.


força, sonoridade, harmonia e intensidade, uma riqueza musical que dez instrumentos<br />

juntos não produziriam.<br />

“O sr. Pistoresi vai partir para a Europa, a fim de apresentar o seu invento, que<br />

se chama ‘Diamenofone’ ao Centro Musical de Milão.<br />

“No concerto de amanhã, às 20 horas, será observado o seguinte programa:<br />

Primeira Parte<br />

- Godard: Berceuse de Jocelin<br />

- Schumann: Traumerei<br />

- Gounod: Ave Maria<br />

- M. Giuliani: Gavotta (solo para guitarra)<br />

- Becker: Scherzo<br />

Segunda Parte<br />

- Rossini: Stabat Mater (cujus animan)<br />

- Handel: Largo Celebre<br />

- Boccherini: Minuetto<br />

- Dunkler: L'Absence<br />

- Wagner: Tannhauser – Marcha<br />

“Tomam parte nesta audição os srs. Professores Savério R. Simoncelli e Floriano<br />

Steffan.<br />

“Os bilhetes acham-se à venda em todas as casas de música”.<br />

É a última notícia sobre o diamenofone, que pelo visto não alcançaria a<br />

pretensão desejada por Pistoresi.<br />

Em 5 de fevereiro de 1915, Affonso Arinos realiza uma conferência na<br />

Sociedade Cultura Artística em São Paulo, com o título Lendas e Tradições Brasileiras.<br />

É quando aparece em São Paulo um conjunto de nome Grupo de Caxangá, embrião de<br />

um seminal grupo de choro posteriormente denominado Os Oito Batutas, que tinha em<br />

sua liderança o violonista pernambucano João Teixeira Guimarães, residente no Rio de<br />

Janeiro, com nome artístico de João Pernambuco.<br />

Affonso Arinos continua suas conferências acompanhadas de sarau na mesma<br />

Sociedade de Cultura Artística, versando ora sobre “O Rio S. Francisco e suas lendas”,


ora sobre “A Serra das Esmeraldas”, ou ainda sobre “As principais bandeiras”. Nesta<br />

ocasião o poeta e cantor Catullo da Paixão Cearense cantaria "várias trovas populares",<br />

acompanhando-se ele mesmo ao violão.<br />

Ainda em 1915, no início de março ocorre o recital do guitarrista (guitarra<br />

portuguesa) Martinho Gouveia de Vasconcellos, que se fez acompanhar pelo jovem<br />

violonista Oswaldo Soares, futuro aluno da espanhola Josefina Robledo e<br />

correspondente paulista da revista carioca A Voz do Violão, que circularia entre 1929 e<br />

1930. Soares executa como peça solo o Capricho Árabe, de Tárrega.<br />

Deste momento até o fim da década de vinte, São Paulo verá a passagem dos três<br />

principais nomes que ajudaram no desenvolvimento do violão como instrumento solista<br />

no Brasil, sendo eles o paraguaio Agustín Barrios, a espanhola Josefina Robledo e o<br />

paulistano Américo <strong>Jacomino</strong>, os quais, pela importância, serão tratados em itens<br />

separados.<br />

Já em 1920, no dia 20 de novembro, em Campinas ocorre um recital do<br />

violonista Jorge Aleman Moreira e seu filho Oscar Marcello Aleman, de nove anos de<br />

idade. A notícia também é única, sem programa.<br />

Em 14 de fevereiro de 1921 o violonista Benedicto Soares Capelo apresenta-se<br />

na redação da revista A Cigarra, com um interessante programa que consiste nas<br />

seguintes peças:<br />

Primeira Parte<br />

- Napoleão Coste: Estudo em lá maior<br />

- Emílio Pujol: Canção do Berço<br />

- H. Montey: Valsa de Concerto<br />

- Mendelssohn: Romanza sem Palavras, arranjo de Tárrega<br />

Segunda Parte<br />

- Verdi: Miserere da ópera Trovador<br />

- Beethoven: Adagio da Sonata Patética, arranjo de Tárrega<br />

- Chopin: Noturno n.º 2 op. 9, arranjo de Tárrega<br />

Não foram encontradas maiores informações sobre este violonista. Pelo<br />

programa podemos perceber que ele talvez tivesse mantido contato com Josefina


Robledo, tal a quantidade de arranjos de Tárrega, além da peça de Emílio Pujol, também<br />

interpretada pela violonista espanhola quando de seus recitais em São Paulo.<br />

Poucos dias depois, na Folha da Noite de 19 de fevereiro aparece a notícia de<br />

que no salão do Correio Paulistano haverá uma audição dos Oito Batutas, com a<br />

observação de que o grupo estaria sendo “dirigido pelo violonista Américo <strong>Jacomino</strong>”.<br />

É a única informação encontrada deste evento, pouco divulgado entre artigos sobre<br />

<strong>Jacomino</strong> e os Batutas.<br />

O ano de 1922 é pouco produtivo para o violão em São Paulo. Apenas em<br />

novembro novamente João Pernambuco aparece na capital paulista, desta vez com um<br />

novo grupo, os Turunas Pernambucanos. Assim escreve o Jornal O Estado de São<br />

Paulo de 14 de novembro de 1922 24 :<br />

"O apreciado folclorista Cornélio Pires, que acaba de realizar no Rio, com<br />

sucesso, a ‘Semana sertaneja’, acha-se de novo nesta capital, onde organizou, com o<br />

concurso dos Turunas Pernambucanos, uma série de festas nacionalistas intituladas<br />

‘Noites Sertanejas’.<br />

“A primeira dessas festas, a que está destinado, sem dúvida alguma, merecido<br />

êxito, será no dia 18 do corrente, no Teatro Brasil, que se vai seguramente encher de<br />

uma assistência elegante e distinta.<br />

“Fazem parte do grupo dos Turunas: Pernambuco (Violão); Piquá (chocalho);<br />

Jararaca (violão e cantos sertanejos característicos); Sapequinha (cavaquinho); Caxangá<br />

(violão); Cobrinha (pandeiro); Pirajá (réco-réco) e Ratinho (saxophone).<br />

“Cornélio Pires falará sobre: Caipiras; sua educação, resistência, desconfiança e<br />

docilidade; casos jocosos de sua simplicidade; presença de espírito; vida roceira.<br />

“Intercalados nas pilhérias, estes números dos Turunas: I - Vamos pra Caxangá<br />

(choro do Norte); II - Passarinho Verde (toada do sertão); III - Sambinha de viola; IV -<br />

A espingarda (canto sertanejo); V - Bamo simbor Maria (canção sertaneja); VI -<br />

Variações de saxofone, pelo Ratinho.<br />

“Como se vê, o programa de estréia é magnífico.<br />

“Sexta-feira será oferecida uma audição à imprensa”.<br />

24 Noites Sertanejas. O Estado de S. Paulo, ano 48, col. A Sociedade, 14 de novembro de 1922, p.4.


No mesmo ano, dia 17 de novembro o jornal publica artigo com os verdadeiros<br />

nomes dos Turunas, sendo eles Severino Rangel (Ratinho), João Teixeira Guimarães<br />

(Pernambuco), José Calazans (Jararaca), Cypiano Silva (Pirana), Robinson, Florêncio<br />

(Sapequinha), Aldemaro Adour (Cobrinha), Abrantes Pinheiro (Jandaia) e José Villela<br />

(Cariry). A crítica do dia 19 é bastante favorável, tendo obtido o teatro boa assistência,<br />

o mesmo ocorrendo nos dias dos recitais seguintes (entre 20 de novembro e 1 de<br />

dezembro), no Teatro Brasil, Teatro Municipal (por ocasião da “Tarde da Criança” em<br />

benefício do “Asilo da Sagrada Família”), Cine-Teatro República e Teatro São Pedro.<br />

Já em 15 de dezembro o jornal O Estado de São Paulo anuncia a audição à<br />

imprensa da “Troupe Regional dos Oito Turunas Paulistas” no salão nobre do Correio<br />

Paulistano, o que ajuda a demonstrar a grande rapidez com que os sucessos eram<br />

assimilados.<br />

Passando para 1924, a primeira notícia de apresentação de um violonista<br />

acontece em 29 de abril, na conferência mensal da Associação dos Ex-alunos<br />

Salesianos, com o professor Leopoldo Silva tocando a Fantasia sobre temas do<br />

Guarani, de Carlos Gomes, peça gravada por <strong>Jacomino</strong> e constantemente apresentada<br />

em público.<br />

Enquanto isto, inaugura-se no Parque D. Pedro I o Palácio da Agricultura e da<br />

Indústria, que seria a futura sede da Rádio Bandeirantes, e a Sociedade Rádio<br />

Educadora dirige uma circular a todas as Câmaras Municipais do interior, solicitando<br />

apoio para o desenvolvimento da Radio-Telefonia em São Paulo, "com intuitos<br />

meramente educativos" 25 . Instalavam-se também microfones para a irradiação de<br />

recitais como o da pianista Magdalena Tagliaferro. Os primeiros lugares a serem<br />

contemplados foram o Teatro Municipal de São Paulo, o Teatro Santana e o Salão do<br />

Conservatório Dramático e Musical. As irradiações ocorriam às terças, quintas e<br />

sábados, das 21 horas em diante.<br />

Em 15 de maio do mesmo ano, no Salão do Conservatório Dramático e Musical<br />

o violonista Domingos Anastácio da Silva realiza um interessante recital, com peças<br />

originais e de outros autores, cumprindo o seguinte programa:<br />

Primeira Parte<br />

-Francisco Manoel da Silva: Hino Nacional<br />

25 Sociedade Rádio Educadora Paulista. O Estado de S.Paulo, São Paulo, ano 50, 09 de maio de 1924, p.<br />

4.


- Verdi: Miserere da ópera Trovador<br />

-Domingos da Silva: Fantasia da Solidão<br />

-Domingos da Silva: Noite de Estrelas<br />

- J. Machado: Tempestade (tarantela)<br />

-Domingos Silva: Valsa<br />

Segunda Parte<br />

- Levino Conceição: Alvorada<br />

- Carlos Gomes: Fantasia do Guarani<br />

- Domingos Silva: Alice<br />

- Domingos Silva: Eu Quero Ver<br />

- Domingos Silva: Combate Irresistível<br />

- Barrios: Bicho Feio<br />

É interessante notar que novamente a Fantasia do Guarani estava presente, além<br />

de uma peça do violonista cego Levino Albano da Conceição e a música Bicho Feio, de<br />

Barrios, número infelizmente perdido e jamais publicado.<br />

O mesmo Domingos Anastácio da Silva se apresenta em Campinas em 24 de<br />

setembro, sendo chamado pela Gazeta de Campinas de “verdadeiro rival de Barrios”:<br />

Primeira Parte<br />

- Francisco Manoel da Silva: Hino Nacional<br />

- Domingos A. Silva: Amor Eterno (polca)<br />

- S. Machado: Bolero (Sonhando)<br />

- Noite de Estrelas (valsa) – dedicada á exímia escritora gaúcha, mme.<br />

Andradina de Oliveira.<br />

- S. Machado: Tempestade (tarantela)<br />

- Domingos A. Silva: Eu quero Ver (tango) – (a execução é feita com o violão nas<br />

costas)<br />

Segunda parte<br />

- Levino Albano: Alvorada Brilhante –– marcha com variações e funções harmoniosas<br />

- Giuseppe Verdi: Miserere, da ópera Trovador<br />

- Carlos Gomes: Fantasia, da ópera O Guarani


- Domingos A. Silva: Marina Correa (valsa) –– dedicada à menina Marina Correa<br />

Lino<br />

- Barrios: Bicho Feio (tango)<br />

- Domingos A. da Silva: Combate Irresistível (dobrado) - Grande sucesso em São<br />

Paulo e Rio de Janeiro, com imitação de descargas de fuzil e metralha, troar de canhão,<br />

toque de cornetas e rufos de tambores.<br />

Na crítica do dia seguinte, o mesmo jornal escreve que “o programa organizado<br />

teve bom desempenho, tendo o professor Domingos Anastácio recebido grande salva de<br />

palmas” 26 .<br />

O ano de 1925 começa com Aristodemo Pistoresi (filho de Francisco Pistoresi)<br />

se apresentando no dia 2 de janeiro, sendo este o primeiro concerto de violão erudito<br />

transmitido pela Rádio em São Paulo. Infelizmente não é publicado o programa desta<br />

apresentação. Em 20 de fevereiro Pistoresi toca a Marietta e Recuerdos de Alhambra,<br />

de Tárrega, e um Noturno de Chopin, na União Católica Santo Agostinho, sendo talvez<br />

algumas das mesmas músicas apresentadas no rádio no mês anterior.<br />

Na Rádio Club, no dia 19 de maio do mesmo ano, o violonista Francisco Lerosa<br />

apresenta a Tarantela de Levino Albano. Canhoto dá novamente um sarau no<br />

Conservatório Dramático, desta vez com a participação de Roque Ricciardi e Santino<br />

Gianatasio, com acompanhamento de piano. No final do mês, dia 28, quem aparece<br />

para tocar é o violonista João Avelino de Camargo, integrante do trio "Os Três<br />

Sustenidos", executando suas peças Gavotte, Choro Paulista e A Lágrima, no salão<br />

nobre da União Católica Santo Agostinho. O mesmo violonista se apresenta no dia 27<br />

de agosto em outro sarau promovido pela mesma União Católica, apresentando<br />

Recuerdos de Alhambra, de Tárrega, e mais três números extras; e ainda no dia 12 de<br />

outubro com as músicas A Lágrima, de Sagreras, Choro Paulista e Recordação<br />

Saudosa, ambas de sua autoria.<br />

Ainda em 1925, na coluna Notícias Teatrais do jornal O Estado de São Paulo de<br />

3 de junho aparece a notícia de que o jovem Aristodemo Pistoresi havia dado uma<br />

audição à imprensa no salão do Correio Paulistano, executando peças de Chopin,<br />

Albeniz, Tárrega, Paderewsky, Mendelssohn, Schumman e Barrios. Foi a prévia de seu<br />

concerto do dia 10, que seria irradiado pela Sociedade Rádio Educadora Paulista. A<br />

26 “Concerto de Violão”. Gazeta de Campinas, ano 23, 25 de setembro de 1924, coluna Artes e Artistas,<br />

p.1.


crítica é boa, afirmando que "a assistência foi escolhida e avultada, aplaudindo<br />

calorosamente o distinto artista que na execução do bem escolhido programa confirmou<br />

o conceito que merecera na sua exibição à imprensa, mostrando-se possuidor de boa<br />

escola e dotado de fino temperamento. Ao seu domínio do instrumento corresponde<br />

bem a sua versatilidade de interpretação, o que o faz, atualmente, um artista digno de<br />

atenção, prometendo ainda melhores e maiores realizações para o futuro” 27 .<br />

Dia 27 de novembro novamente Aristodemo Pistoresi apresenta uma parte de<br />

violão em outro recital promovido pela Associação de ex-alunos Salesianos, situada na<br />

Alameda Nothmann. O violonista toca Mathilde (mazurca), de C. Garcia; Adágio, de<br />

Beethoven; Sonho, de Tárrega; Canção do Berço, de Pujol; Tua Imagem, de Barrios;<br />

Ontem ao Luar, de Alcântara; Granada, de Albeniz; Miserere da ópera Trovador, de<br />

Verdi; Noturno op. 9 n.º 2, de Chopin; e Capricho Árabe, de Tárrega.<br />

Este concerto não é irradiado, mas Pistoresi, "conhecido artista paulistano, filho<br />

de conhecido industrial, fabricante de instrumentos de cordas" 28 , acompanha os recitais<br />

do violonista paraguaio Pablo Escobar no salão do Conservatório Dramático e Musical,<br />

em 14 de dezembro. As poucas notícias existentes sobre o violonista falam que Pablo<br />

Escobar Cáceres havia nascido em 22 de junho de 1900 em San Jose de los Arroyos,<br />

mudando-se para Assunção para estudar violão e solfejo no Instituto Paraguaio, sendo<br />

orientado por Dionísio Basualdo. O violonista apresentou-se como solista no ato<br />

artístico “La Peregrinacioón de Caacupé”, organizado pelo irmão de Agustín Barrios,<br />

Martin. Apresentou-se também com sucesso no Salão da Sociedade Italiana em<br />

Assunção, partindo em seguida para a apresentação em São Paulo.<br />

A notícia sobre o recital do Conservatório será publicada desta forma no Estado<br />

de São Paulo 29 :<br />

"São Paulo conta inúmeros apreciadores de violão. Por isso é natural que, hoje à<br />

noite, a sala do Conservatório Dramático e Musical reúna um público numeroso. É que<br />

ali se realizará, como temos anunciado, o concerto do violonista paraguaio sr. Pablo<br />

Escobar, com o gracioso concurso do sr. Aristodemo Pistoresi, um dos mais distintos<br />

artistas de violão em nossa capital.<br />

27<br />

“Festival do Violonista Aristodemo Pistoresi”. O Estado de S. Paulo, São Paulo, ano 51, coluna Palcos<br />

e Circos, 11 de junho de 1925, p. 6.<br />

28<br />

“Concerto de Violão”. O Estado de S. Paulo, São Paulo, ano 51, coluna Artes e Artistas, 14 de<br />

dezembro de 1925, p. 3.<br />

29<br />

“Concerto de Violão”. O Estado de S. Paulo, São Paulo, ano 51, Coluna Artes e Artistas, 16 de<br />

dezembro de 1925, p. 2.


“Essa hora de arte despertou desde logo muitas simpatias, pois o artista que<br />

agora nos visita veio em companhia dos escoteiros paraguaios e, nas festas oferecidas<br />

àqueles rapazes, teve oportunidade de se fazer ouvir, recebendo justos aplausos. O<br />

programa desta noite, carinhosamente escolhido, conta uma linda composição do<br />

violonista paraguaio.<br />

Primeira Parte<br />

- Dr. Pinho: Marcha Paraguaia<br />

- Iparraguirre: El Huerfano<br />

- Escobar: Recuerdos de Zavala<br />

- Barrios: Jha! Che Valle<br />

Segunda Parte<br />

- Barrios: Madrigal<br />

- Garcia: Meditation<br />

- Tarrega: Capricho Árabe<br />

- Barrios: Valsa n.º 4<br />

Terceira Parte<br />

Dois violões, pelos srs. Pablo Escobar e Aristodemo Pistoresi.<br />

- Garcia: Mathilde<br />

- Alcântara: Ontem ao Luar<br />

- Sinópoli: Vidalita<br />

- Tárrega: Recuerdos de Alhambra”<br />

A crítica do dia seguinte será bastante favorável ao concerto, irradiado nesta<br />

ocasião pela Sociedade Rádio Educadora Paulista. Escobar ainda tocará alguns números<br />

na rádio em 15 de dezembro, em especial peças de seu conterrâneo Agustín Barrios, e<br />

um recital no salão do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo no dia seguinte,<br />

tocando a Marcha Paraguaia, El Huerfano e Recuerdos de Zavala, de sua autoria, Jha!<br />

Che Valle e Madrigal, de Barrios, Meditation, de Garcia, Capricho Árabe, de Tarrega e<br />

Valsa n.º 4, de Barrios. Foi o último grande acontecimento violonístico do ano de 1925.<br />

Uma interessante notícia será a da apresentação de João Pernambuco<br />

acompanhando o poeta Catullo da Paixão Cearense, no Teatro Apollo. Os dois


acabariam anos depois envolvendo-se numa disputa histórica por causa da canção Luar<br />

do Sertão, terminando na justiça para provar de quem era a música, persistindo até hoje<br />

uma polêmica quanto ao assunto.<br />

Em 1926, no final do ano, quem mais se apresenta ao violão é Francisco Larosa<br />

Sobrinho, tocando em dezembro nos dias 4, 11, 18 e 25, em geral, peças de sua própria<br />

autoria.<br />

Já em 1927, no dia 5 de março, no salão da SREP apresenta-se o Grupo dos<br />

Turunas, formado por João de Lucca, Juca, Carlos Fernandes, Moacyr Pini, José e Zeca,<br />

composto de violinos, violões, cavaquinho e clarinete. No mesmo programa,<br />

Dormeville de Camargo, Luiz Buono e Aristodemo Pistoresi, este tocando a Vidalita, de<br />

Sinópoli, El Huerfano, de Pistoresi, Miserere da ópera Travador, de Verdi (arranjo de<br />

Sagreras) e Capricho Árabe, de Tárrega. Estes violonistas começam cada vez mais a<br />

aparecer em apresentações pela capital, em geral no rádio.<br />

Outro violonista a se apresentar é Benedito Chaves, com o seguinte programa<br />

para a Sociedade Rádio Educadora Paulista:<br />

- E. Campos: Ave-Maria<br />

- Firpo: Sentimento Crioulo - tango<br />

- Chaves: Marcha Militar<br />

- Cachafaz: Tango<br />

- Chaves: Lágrimas de mãe - valsa<br />

Madrugando - maxixe<br />

- Toselli: Rimpianto - serenata<br />

Na rádio em 2 de abril de 1927 apresenta-se o violonista Antônio Giacomino -<br />

que nenhum parentesco possui com Canhoto - tocando a Canção do Berço, de Pujol;<br />

Reverie, de Schumann; e Uma Lágrima, de Sagreras. No mesmo dia, Dormeville de<br />

Camargo e Luiz Buono, este tocando Abismo de Rosas, Cateretê Paulista e Gavotta.<br />

Dia 10 do mesmo mês estréiam no Teatro Apollo, na capital, os Turunas da<br />

Mauricéia, tendo entre seus integrantes o cantor Augusto Calheiros e o violonista<br />

Manuel Lima "Manuelito", ambos premiados no concurso O que é Nosso, do Rio de<br />

Janeiro.<br />

No ano de 1928, a Congregação Mariana de Santa Efigênia realiza em 12 de<br />

fevereiro uma apresentação em que participa o violonista João Avelino de Camargo,


que integra o primeiro trio de violões de São Paulo, chamado Trio Os Três Sustenidos.<br />

No programa o violonista apresenta as peças Organito de la Tarde, Edith (gavota) e<br />

Lágrima (Garpar Sagreras).<br />

A próxima notícia importante para o meio violonístico em 1928 será a<br />

apresentação do argentino Juan M. Rodrigues no salão do Conservatório Dramático e<br />

Musical, em 24 de outubro. O programa consta das seguintes peças:<br />

Primeira Parte<br />

- F. Sor: Allegretto de la Sonata op. 22<br />

Gran Andante em lá maior<br />

Cantabile<br />

Segunda Parte<br />

Andantino<br />

Minueto (andante expressivo)<br />

- J. A Rodrigues: Esitylo Classico<br />

Coral del Norte<br />

- Souto Rodrigues: Maxixe<br />

Chacarera (Gota de Água)<br />

- J. A Rodrigues: Minuet Federal (Época de Rosas, 1840)<br />

Terceira Parte<br />

- Porcel: Solitário (Mazurca Bouquet de Salão)<br />

Canção de Hilanderas (Serenata Mexicana)<br />

Danza Oriental (Valle de las Odaliscas)<br />

Divertissement op. 16<br />

Célebre Minueto (Allegro Cantabile)<br />

O jornal O Estado de São Paulo assim se manifestaria 30 :<br />

"Realizou-se ontem, às 21 horas, no salão do Conservatório, o concerto de violão<br />

do notável artista argentino sr. Juan A. Rodrigues. O programa organizado para esse<br />

recital incluía diversas peças clássicas, que tiveram magnífica interpretação por parte do<br />

30 “Juan A Rodrigues”. O Estado de S. Paulo, ano 54, Coluna Artes e Artistas, 25 de outubro de 1928, p.<br />

2.


distinto violonista, tendo o público seleto que acorreu ao recital aplaudido<br />

calorosamente todos os números do programa.<br />

“Foram especialmente apreciados, ademais, o Coral del Norte, de autoria do<br />

concertista, e o Maxixe, de Eduardo Souto".<br />

Juan Rodrigues volta a se apresentar no Teatro Santa Helena em 17 de<br />

novembro, enquanto Benedito Chaves se apresenta em 23 do mesmo mês, tocando entre<br />

outros compositores Chopin e Carlos Gomes.<br />

Até 1930 ocorrem recitais esparsos de violão, como em 20 de abril de 1929,<br />

quando o trio Os Três Sustenidos, formado por João Avelino de Camargo, José Martins<br />

de Mello e Theotonio Corrêa se apresentam no salão do Conservatório Dramático e<br />

Musical de São Paulo. No mesmo dia Carlos Alberto Collet e Silva se apresenta na<br />

sede da Congregação Mariana, interpretando o Capricho Árabe e Recuerdos de<br />

Alhambra, de Tárrega; uma Valsa de Chopin; e o Miserere da ópera Trovador, de<br />

Verdi. Juan Rodrigues volta a se apresentar em 16 de maio de 1929 no Teatro Apollo,<br />

sem crítica impressa.<br />

Um grande evento ocorre em 15 e 22 de junho de 1929, quando o então jovem<br />

violonista Regino Sainz de la Maza se apresenta no Teatro Municipal. Será mais um<br />

dos virtuoses a se apresentar no Brasil, contribuindo para a consolidação do instrumento<br />

na cidade e no país. La Maza nasceu em Burgos, em 7 de setembro de 1897, iniciando-<br />

se ao violão em 1910. Radicou-se na Argentina em 1913, retornando a Madrid para<br />

estudar com Daniel Fortea. Em 1939 o compositor Joaquin Rodrigo lhe dedicaria o<br />

conhecido Concierto de Aranjuez, tendo o mesmo violonista sido dedicatário de outra<br />

importante obra para violão nos anos 30, a Sonata, de Antonio José.<br />

Assim se manifesta o jornal O Estado de São Paulo, quando de seu primeiro<br />

concerto na capital paulista 31 :<br />

"A Espanha criou uma verdadeira escola de violão que tem elevado esse<br />

instrumento, em verdade pobre, a ponto de formar verdadeiros ‘virtuosi’ de concerto.<br />

Entre eles ocupa lugar de destaque o sr. Sainz de la Maza.<br />

prestígio.<br />

“Quem o ouvisse ontem, no Municipal, conpreenderia facilmente a razão desse<br />

31 Sainz de la Maza. O Estado de S. Paulo, ano 55, Coluna Artes e Artistas, 16 de junho de 1929, p. 4.


“O grande violonista espanhol é realmente, no seu gênero, um artista notável.<br />

Reúne a uma técnica que se afigura inexcedível, uma bela sonoridade, raro senso de<br />

ritmo e grande musicalidade.<br />

“O programa de ontem, muito bem organizado, teve execução admirável. Sainz<br />

de la Maza que interpretou a Bourrée, de Bach, numa linha impecável, foi vibrante e<br />

característico no esplêndido choro (sic) de Villa-Lobos, bem como no Fandanguillo, de<br />

Turina, e no Vito e Zambra, de sua autoria.<br />

“O sr. Sainz de la Maza dará o seu segundo concerto na próxima quinta-feira e<br />

terá necessariamente numeroso público a aplaudi-lo”.<br />

Sainz de La Maza aproveitaria sua passagem pelo Brasil para gravar no dia 26<br />

de junho 3 discos pela Odeon, compreendendo os números 10431 (El Vito e Mazurca),<br />

10432 (Motivo Andaluz e Scherzo Gavota) e 10433 (Reverie, de Tárrega e Boureé, de<br />

Bach), sendo todos lançados no mês de agosto do mesmo ano.<br />

Outro evento será o recital dos alaudistas do Quarteto Aguilar, formado pelos<br />

irmãos Ezequiel, José, Elisa e Francisco. Infelizmente não é publicado o programa do<br />

concerto, nem matéria específica, como ocorre em 1933 quando da volta do quarteto em<br />

São Paulo em crítica de Mário de Andrade 32 .<br />

Não foi publicado no Estado de São Paulo o programa de despedida de Barrios,<br />

realizado em 25 de outubro.<br />

Duas notícias aparecem na Gazeta de São Paulo de 2 e 6 de setembro, sobre a<br />

música regionalista:<br />

“Música Regional Brasileira. Dentro de alguns dias ouviremos em São Paulo um<br />

excelente grupo de músicos regionalistas, entende-se especializados nesse gênero,<br />

porém, constituídos de distintos moços da sociedade carioca. São eles os srs. Renato<br />

Murce (foto), cantor e diretor do grupo; Oswaldo Lopes, violão; Mozart Bicalho, canto<br />

e violão; Francisco Netto, bandolim; e Arlindo Vasquez, violão.<br />

“A música regional brasileira, como dissemos, é o gênero a que se dedicam e no<br />

qual se têm feito ouvir com apreciável êxito no Rio de Janeiro. Canções do norte e do<br />

sul, sambas, choros e toda a sorte de tipos da nossa música constituem o seu repertório,<br />

32 Diário de S. Paulo, São Paulo, 2 de julho de 1933.


e dão-nos, dentro desse feitio, audições que tanto primam pela sua legitimidade como<br />

pela sua corretíssima execução.<br />

“Música Regional Brasileira. Conforme noticiamos realizar-se-á no próximo dia<br />

16, no Teatro Municipal, uma audição de música regional brasileira, a cargo de um<br />

grupo de amadores cariocas, pertencentes à sociedade do Rio e que vêm precedidos das<br />

melhores referências da imprensa daquela Capital.<br />

“Trata-se de Renato Murce (canto), Oswaldo Lopes (violão), Mozart Bicalho<br />

(violão e canto), Francisco Netto (bandolim) e Arlindo Vasquez (violão), todos<br />

amadores cheios de entusiasmo e cujo principal escopo é fazer a propaganda da nossa<br />

música, visando colocá-la no plano que, de justiça, lhe compete.<br />

“Os recitalistas destinarão parte da renda líquida à Cruz Azul.<br />

“Renato Murce e seus companheiros darão uma audição à imprensa, no próximo<br />

dia 14, no salão do Correio Paulistano.<br />

“Chamamos a atenção dos nossos leitores para o interessante espetáculo do dia<br />

16, do qual oportunamente publicaremos detalhes”.<br />

Quando da publicação do programa, observamos que Mozart Bicalho interpretou<br />

suas peças Uma Festa em Itambé, Sonhos de Nazareth, A Cabrocha do Fundão (toada<br />

sertaneja), Dança das Pulgas (imitação de quadrilha na roça), Desafio de Bacatuba e<br />

Sabiá (Catullo) e Divagações (valsa).<br />

Em 1930 os violonistas que mais se apresentam são os do trio Os Três<br />

Sustenidos, mas jovens violonistas começam a despontar, como Rogério Guimarães e<br />

Diogo Piazza. O violonista Garoto inicia suas apresentações, como na Rádio Sociedade<br />

Record em 16 de maio, quando, juntamente com Armandinho, acompanha o flautista<br />

Canário. Aristodemo Pistoresi também apresenta recitais esporádicos como em 11 de<br />

setembro, em que toca Canção dos Alpes, de Sinópoli, Astúrias, de Albeniz, Adágio, da<br />

Sonata Patética, de Beethoven; e Gran Jota Aragoneza de Tárrega, e como o recital<br />

ocorrido na sede do Collegio Stafford em 30 de julho, quando apresenta peças de<br />

Albeniz, Beethoven e Tárrega. Mas o grande violonista a dar um recital será o cego<br />

Levino Albano da Conceição, autor da peça Tarantella, gravada por Barrios e<br />

interpretada por Canhoto e outros violonistas.<br />

A primeira apresentação ocorre para a imprensa no dia 18 de setembro, na sede<br />

do Correio Paulistano. Outros recitais ocorrem no Teatro Municipal em 5 de


dezembro, com peças de Chopin, Albeniz, Beethoven e do próprio Levino, e no dia 20<br />

do mesmo mês no salão nobre do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento.<br />

comunicado:<br />

No dia 11 de outubro, o jornal A Gazeta de São Paulo publica o seguinte<br />

“Recital de Violão<br />

“Comunicado:<br />

“Está marcado para o próximo dia 25, no Teatro Municipal, o recital de violão<br />

do prof. Levino Albano da Conceição. O festejado violonista patrício é merecedor do<br />

melhor aplauso pelo que tem feito em todos os Estados, tornando conhecidos os grandes<br />

benefícios que aos cegos prestam os institutos existentes no Brasil e que merecem ser<br />

olhados com carinho pelos nossos homens públicos.<br />

“Ocupando um lugar de destaque entre os nossos violonistas, o prof. Levino<br />

deverá ter um grande público a aplaudi-lo, no excelente programa que está organizado.<br />

“E muito justo será todo e qualquer apoio que seja dado ao ‘cego iluminado’,<br />

que pretende muito em breve seguir para a Europa, a fim de se aperfeiçoar na sua arte”.<br />

O recital acaba ocorrendo em 5 de dezembro, com o violonista tocando, entre<br />

outras peças, Grande Fantasia (capricho em sol maior), Tocata em ré maior (estudo n.º<br />

5), Símbolo do Bem, Romance sem Palavras e Grande Estudo em Si menor; Chopin-<br />

Levino: Marcha Fúnebre op. 35; Albeniz-Segóvia: Legenda; Beethoven-Barrios:<br />

Minuetto; e Levino: Tarantella (estudo n.º 2 em lá menor).<br />

I.4 - Agustin Barrios em São Paulo 1917/1929<br />

Em inícios de abril de 1917 são marcados dois recitais do violonista paraguaio<br />

Agustín Barrios, que já havia realizado dois concertos no Rio de Janeiro, com destaque.<br />

A audição à imprensa acontece no salão do Correio Paulistano, e é documentada em<br />

jornal 33 : “Iremos ouvi-lo e estamos certos de que, da anunciada audição, só excelente<br />

impressão haveremos de colher, tanto mais por se tratar de um artista, cujo nome está de<br />

há muito consagrado por toda a imprensa sul-americana”.<br />

A crítica publicada é de interesse por vários motivos. Primeiramente por se<br />

tratar do primeiro recital de um violonista estrangeiro de renome em São Paulo, sendo<br />

33 “Audição de Violão”. O Estado de S.Paulo, ano 43, coluna Artes e Artistas, 26 de abril de 1917.


que o programa realizado refletia um repertório diferenciado do que se fazia na Europa<br />

em termos de violão erudito, a se julgar pelos recitais apresentados pela violonista<br />

espanhola Josefina Robledo, que em breve tocaria na capital. Depois, porque o evento<br />

em si poderia influenciar uma provável ascendência de estudantes de violão em São<br />

Paulo, os quais tinham assistido apenas a Américo <strong>Jacomino</strong> como solista de destaque<br />

na imprensa.<br />

Agustín Barrios nasce em San Juan Batista de las Missiones, estudando com<br />

Gustavo Sosa Escalada num ambiente isolado de qualquer tradição violonística. Viaja<br />

muito, tendo contato maior justamente com o Brasil, onde conquista muitos amigos e<br />

onde posteriormente se casa com uma carioca.<br />

Assim se refere o jornal O Estado de São Paulo sobre o recital de Barrios no<br />

salão do Correio Paulistano 34 :<br />

“Realizou-se ontem à noite, numa das salas do Correio Paulistano, a audição de<br />

violão, oferecida à imprensa e mais convidados pelo professor e compositor paraguaio,<br />

sr. Augusto de Barrios (sic).<br />

“Foi observado o seguinte programa:<br />

-Garcia Tolosa: Meditação – Noturno<br />

Marcha Heróica – Giuliani<br />

-Barrios: Recuerdos del Pacífico – valsa de concerto<br />

-Barrios: Tarantela – Souvenir Napolitano<br />

-Barrios: Rapsódia Americana – poemas americanos<br />

-Chopin: Noturno op. 9 n.o. 2<br />

-Barrios: Tango Humorístico – Bicho Feio<br />

-Barrios: Jota Aragonesa – 16 variações<br />

-Francisco Manuel da Silva: Hino Brasileiro.<br />

“Logo na Meditação o auditório compreendeu que tinha na sua frente um<br />

autêntico ‘virtuose’.<br />

“Com efeito, o Noturno de Garcia Tolosa é uma composição com ensanchas a<br />

permitir que um artista consagrado afirme todas as suas aptidões.<br />

34 “Audição de Violão”. O Estado de S. Paulo, ano 43, n.º 14001, coluna Artes e Artistas, 27 de abril de<br />

1917, p. 04.


“Barrios executou-o com uma delicadeza de técnica que, ora revelava uma<br />

familiaridade absoluta com o seu instrumento, ora uma interpretação que conferia a todo<br />

esse trabalho as belezas melódicas de que é feito.<br />

“As maiores dificuldades de som o bravo artista as venceu com uma galhardia<br />

que jamais nos foi dado apreciar. À maneira que os valores da escala se multiplicavam,<br />

as ‘mãos preciosas’ do executante, agora mais ágeis e dominadoras, obtinham dos<br />

bordões e das toeiras a soma exata de acuidade e nitidez.<br />

“É um virtuose galhardo fugindo a toda espécie de atordoamento e mantendo<br />

sempre uma execução calma e preciosa.<br />

“Em todo o programa em que, aliás, havia composições em que a técnica se<br />

complica e parece não caber dentro daquelas seis cordas Barrios foi sempre o mesmo<br />

soberano artista, consciente do seu trabalho, que é, com efeito, límpido e impecável.<br />

“Para se aferir do respeito com que o professor paraguaio tem pela sua arte, é<br />

bastante observar a inteligência com que ele interpreta a tarantella Souvenir de um<br />

grande sabor napolitano.<br />

“Qualquer outro artista menos consciencioso teria exagerado a execução. Ele<br />

não. Realizou-a com um escrúpulo inexcedível, esmaltando uma por uma todas as<br />

gradações que, em conjunto, dão a tarantela um caráter vivaz e enternecedor.<br />

“No tango humorístico – Bicho Feio – original do executante, as primas e<br />

segundas estabelecem diálogos, falam, vindo por fim os bordões numa ressonância<br />

sóbria que mais evidencia o fino humor da composição.<br />

“Enfim, a audição rematou com o Hino Brasileiro, esplendidamente executado,<br />

e que todos os assistentes ouviram de pé.<br />

no violão”.<br />

“Barrios, seria desnecessário dizê-lo, foi fartamente aplaudido.<br />

“Bem merecidas as palmas que lhe ofertaram. É realmente, um artista admirável,<br />

O programa apresentado demonstra uma predominância de repertório próprio do<br />

violonista. O noturno Meditação é uma composição de Garcia Tolsa, e não Tolosa,<br />

como foi impresso. O Noturno de Chopin já havia tido uma transcrição de Francisco<br />

Tárrega, bastante divulgada pelos violonistas europeus, assim como as variações sobre a<br />

Jota Aragoneza, que é uma das peças mais executadas por violonistas desse período.<br />

O violonista se apresenta em seguida no Teatro Municipal de São Paulo nos dias<br />

5 e 9 de maio, ainda no ano de 1917, sendo estes os primeiros recitais do gênero no


principal teatro da capital paulista. Em artigo, o jornal O Estado de São Paulo 35 escreve<br />

que o violão possui um poder de sonoridade pequeno e a “circunstância agravante de ter<br />

um único timbre” e que “obedecia a uma execução da mais difícil técnica e era tão<br />

aristocrático quanto o violino e o violoncelo, apesar de ser um instrumento melodioso e<br />

com uma “suavidade e uma variedade de sons que falam a alma”. Escreve também<br />

erroneamente que o violão descende do alaúde árabe.<br />

primeiro:<br />

O programa executado por Barrios no Teatro Municipal é bastante diferente do<br />

Primeira Parte<br />

- Giuliani: Marcha Heróica<br />

- Mendelsshon: Chanson du Printemps<br />

- Barrios: Recuerdos del Pacífico – valsa de concerto<br />

- Aguado: Rondó Brilhante<br />

- Tolsa: Meditação<br />

Segunda Parte<br />

- Chopin: Nocturno op. 9 n.º 2<br />

- Verdi /Arcas: La Traviata (fantasia)<br />

- Espinosa: Moraima, capricho mourisco<br />

- Coste: a) Estudo para a mão esquerda<br />

- Barrios: b) Bicho Feio: tango humorístico<br />

Rapsódia Americana, poema popular – idem<br />

Jota Aragoneza (variações) – idem<br />

A crítica mais uma vez é interessante para sabermos como o violão é recebido<br />

nestes primeiros recitais de maior importância 36 :<br />

“Ontem à noite, no Teatro Municipal, realizou-se o primeiro dos anunciados<br />

concertos do notável violonista paraguaio Agustín de Barrios (sic).<br />

“Pouca gente. Uma verdadeira desolação. E foi pena. Foi pena, porque numa<br />

capital, como a nossa, de quinhentos mil habitantes, muitos dos quais cultivando a<br />

35<br />

Concerto de Violão. O Estado de S. Paulo, ano 43, n.º 14005, coluna Artes e Artistas, 1 de maio de<br />

1917, p. 02<br />

36<br />

“Concerto de Violão”. O Estado de S. Paulo, ano 43, n.º 14010, coluna Artes e Artistas, 6 de maio de<br />

1917, p. 03.


música e muitíssimos sabendo apreciá-la até a comoção, havia o direito de esperar, já<br />

não diremos os mil e quinhentos assistentes que no Teatro Solis, do Uruguai, renderam<br />

cativante homenagem ao artista, mais uma parcela numérica que ao menos pudesse<br />

corresponder à importância de S. Paulo como centro de cultura artística.<br />

“Ainda assim, os que assistiram ao concerto do professor paraguaio souberam<br />

resgatar a falta dos que lá não foram, aplaudindo com calor e entusiasmo os números do<br />

programa.<br />

“Barrios foi em todos eles um artista de execução impecável. Na Marcha<br />

Heróica de Giuliani, Chanson du Printemps, de Mendelssohn; Recuerdos Del Pacifico,<br />

de sua composição no Rondó Brilhante de Aguado; na Meditação de Tolsa e na<br />

Fantasia de Concerto de Arcas, o seu mecanismo é de uma técnica riquíssima, realçada<br />

por uma nitidez sem igual.<br />

“A mão direita de Barrios não tem, como a de todos os executantes o necessário<br />

apoio no instrumento. Ela se desarticula toda, e a maneira que desenvolve a execução,<br />

vê-se que do punho à extremidade dos dedos o exercício do tato obedece ao sentido<br />

rítmico do executante e que é como uma alma recebendo da (sic) do artista todos os<br />

efeitos musicais.<br />

“Claro, brilhante, imprevisto com delicadezas de frase que dão ao seu estilo um<br />

colorido quente, Barrios interessa, entusiasma e comove, consoante o gênero de música<br />

que aparece ao auditório.<br />

“Na segunda parte do programa em que, além do seu tango humorístico Bicho<br />

Feio, bisado por entre acclamações geraes, da Raspódia americana e Jota Aragonesa<br />

havia trechos de Chopin, de Espinosa e um estudo de Corte (sic) para a mão esquerda, o<br />

professor paraguaio evidenciou-se um verdadeiro mestre.<br />

“Essa segunda parte do programa foi talvez a mais interessante e agradável, a<br />

julgar pelo calor das palmas com que a assistência acolheu quase todos os números.<br />

“Em resumo, foi uma verdadeira festa de arte, ontem à noite, no Municipal.<br />

Resta ver se agora no segundo concerto, o público se torna mais acessível e enche o<br />

teatro, como é justo”.<br />

Com relação ao primeiro recital, há interesse em saber que no recital do Uruguai<br />

havia um público de mil e quinhentas pessoas (diferente do recital em São Paulo) ou


saber que o violonista utilizava a técnica “sem apoio” 37 , que daria sonoridade<br />

diferenciada da técnica “com apoio”, ao contrário da “escola” de Francisco Tárrega<br />

(considerada a mais moderna de então) 38 . Barrios tem o costume de usar cordas de aço,<br />

ao contrário dos violonistas europeus, que utilizam cordas de tripa. Porém, para abafar<br />

um pouco o som e deixar menos metálico, o violonista coloca pedaços de borracha na<br />

pestana do cavalete 39 .<br />

O programa do segundo recital de Barrios causa interesse, a começar que o<br />

violonista mais uma vez demonstra possuir um repertório considerável, pois apresenta<br />

um terceiro programa inédito. Desta vez com peças mais variadas, em que se destacam<br />

as árias de óperas, transcrições de compositores consagrados, composições próprias e, o<br />

mais interessante, uma peça de um compositor brasileiro, a Tarantela, de Levino<br />

Albano da Conceição, apresentada sob o título de Souvenir Napolitain. Esta peça será<br />

gravada por Barrios duas vezes, com pequenas alterações entre elas, e será publicada<br />

como sendo de sua autoria. Entre outros violonistas que interpretam a peça estão<br />

também Américo <strong>Jacomino</strong>.<br />

Barrios fará sua última apresentação no interior de São Paulo, em Campinas, no<br />

dia 8 de 1917. Nesta mesma ocasião uma outra figura importante do meio musical<br />

violonístico estaria para aportar no Brasil, a espanhola Josefina Robledo, discípula<br />

direta daquele que já era considerado o introdutor de uma moderna escola violonística,<br />

Francisco Tárrega. Junto aos recitais de Américo <strong>Jacomino</strong> e Agustin Barrios, quase ao<br />

mesmo tempo, a presença de Josefina Robledo constituirá o tripé necessário para o<br />

definitivo estabelecimento do violão em nossa sociedade, ainda mais em se tratando de<br />

uma mulher violonista e virtuose, algo absolutamente inédito para o Brasil.<br />

Barrios volta a se apresentar em São Paulo apenas em 1929, numa série de três<br />

recitais noTeatro Municipal de São Paulo. Os programas são os seguintes:<br />

Primeiro Concerto, 13 de outubro de 1929:<br />

I - Barrios: 1- Serenata Mourisca; 2 - La Catedral a) andante religioso; b)<br />

allegro; 3 - madrigal; 4 - Capricho Hespanhol<br />

37<br />

Esta técnica consiste em tocar uma corda do violão repousando o mesmo dedo na corda superior, dando<br />

sonoridade específica e diferente da técnica “sem apoio”, segundo a qual não se apóia o dedo na corda<br />

superior.<br />

38<br />

Tárrega nunca teve uma escola propriamente dita, mas seus ensinamentos foram passados adiante por<br />

seus vários discípulos, notadamente Emílio Pujol, que em 1934 escreveu sua Escola Razonada de la<br />

Guitarra, em 4 volumes, inspirado nos ensinamentos de seu mestre.<br />

39<br />

BARTOLONI, Giácomo. O violão na cidade de São Paulo no período de 1900 a 1950. Dissertação de<br />

mestrado / UNESP. São Paulo, 1995, p. 188.


II - Bach: 5 - Prelude; 6 - Loure<br />

Beethoven: 7 - Minueto<br />

Mozart-Sors: 8 - Tema variado; Chopin: 9 - Noturno<br />

III - Albeniz: 10 - Sevilla<br />

Barrios: 11 - Souvenir d'un rêve; 12 - Harmonias de America; 13 -<br />

Alvorada Histórica Paraguaia<br />

Brilhante<br />

Aragonesa<br />

Segundo Concerto, 18 de outubro de 1929:<br />

I - Barrios: 1 - Confissão; 2 - Mazurca Apassionata; 3 - Valsa n.º 3; 4 - Allegro<br />

II - Bach: 5 - Courante e 6 - Gavotte<br />

Chopin: 7 - Mazurka<br />

Granados: 8 - Danza<br />

Arcas: 9 - Concerto em lá maior<br />

III- A Napoleão: 10 - Romance<br />

Barrios: 11- Cueca Chilena; 12 - Contemplação e 13 - Grande Jota<br />

Não é publicado no Estado de São Paulo o programa de despedida de Barrios,<br />

realizado em 25 de outubro.<br />

I.5 - Josefina Robledo: Uma mulher violonista no Brasil –<br />

1917/1922<br />

A biografia de Josefina Robledo é ainda hoje pouco conhecida. Segundo o<br />

Diccionario de Guitarristas, de Domingos Pratt, Robledo (Josefina Robledo Gallego)<br />

nasce na capital de Valência, Espanha, em 10 de maio de 1897, estudando com Tárrega<br />

a partir dos 7 anos de idade, terminando em 1909, com a morte do professor. Estuda<br />

harmonia e história da música com Peña Roja, tendo dado seu primeiro recital em 1907.<br />

Em 1914 visita pela primeira vez a América do Sul, com apresentações na Argentina.<br />

Sua fama provavelmente não ultrapassou o tempo pelo fato de a violonista não ter<br />

registrado sua arte em discos, e alguns conhecem seu nome apenas pela partitura da<br />

Sonata n.º 2, de Eduardo Lopes Chavarri, que dedicou a obra à violonista.


Robledo vem ao Brasil acompanhada de seu marido, Fernando Molina (segundo<br />

Pratt, um violoncelista medíocre), após recitais em Montevidéu e Buenos Aires. Como<br />

de praxe, sua primeira audição é um evento fechado à imprensa, no dia 23 de julho de<br />

1917, na “Rotisserie Sportsman”. O jornal O Estado de São Paulo assim descreve o<br />

evento 40 :<br />

“Trouxemos da audição de ontem à tarde na ‘Rotisserie Sportsman’ uma<br />

impressão excelente.<br />

“A sra. Josefina Robledo é, em verdade, uma artista de talento, uma executante<br />

que reúne a profundos conhecimentos de técnica uma sensibilidade comovente e<br />

encantadora.<br />

“Sóbria no estilo, segura no frasear, tirando das cordas do violão os máximos<br />

efeitos, a sra. Robledo sabe elevar esse rebelde instrumento à categoria dos que, num<br />

concerto público, exercem sobre o auditório a maior impressão de encanto.<br />

“O violão, como aqui já uma vez dissemos, é um instrumento que teve no seu<br />

longínquo passado um grande esplendor. Caiu mais tarde, maltratado pelas mãos<br />

mercenárias de quem lhe não conhecia a estrutura, a alma, nem a capacidade de<br />

produção. Modernamente, começa a reabilitar os seus créditos, já interessa os círculos<br />

artísticos e documenta nos grandes salões as suas qualidades de instrumento<br />

aristocrático. É claro que, para isso, só tendo ao seu serviço, dentro de uma esfera<br />

superior de arte, cultores da envergadura de Tárrega, que é o violonista mais<br />

maravilhoso que há hoje em Espanha, ou Barrios, o professor paraguaio que ainda não<br />

há muito sensibilizou o nosso público ou ainda Josefina Robledo, que ontem à tarde, na<br />

audição especial que ofereceu à imprensa, afirmou exuberantemente as suas altas<br />

qualidades de ‘virtuose’, provando ao mesmo tempo como esse instrumento, dominado<br />

por mãos autorizadas, pode interpretar os grandes clássicos.<br />

“Na audição de ontem, a sra. Josefina Robledo deu-nos uma página romântica de<br />

Chopin, outra de Schumann, interpretando também Beethoven e Bach. Isto bastaria<br />

para lhe pôr em relevo as características da sua técnica. Mas depois interpretou a Jota<br />

Aragonesa e La Mariposa, de Tárrega. Essa última composição é cheia de arpejos, que<br />

Robledo só com a mão direita, os seus cinco dedos em constante movimento, dando-nos<br />

a fina ressonância de um bater de asas nalgum pombal distante.<br />

40 Josefina Robledo. O Estado de S. Paulo, ano 43, n.º 14089, coluna Artes e Artistas, 24 de julho de<br />

1917, p. 04.


“Pertencem-lhe essa especialidade de efeitos, e só vendo a artista é que se pode<br />

fazer uma idéia exata da superioridade com que ela os consegue tirar das cordas do seu<br />

instrumento.<br />

“Em Jota Aragoneza a execução de Robledo obedece a um estilo profundamente<br />

sentimental. Sente-se bem através daqueles sons a alma de uma região singular com as<br />

suas canções abeberadas de melancolia, que os dedos da artista e o seu espírito<br />

enamorado traduzem com suavíssima ternura.<br />

“Em resumo, a sra. Robledo é, no violão, uma artista finíssima, que o público vai<br />

apreciar, dentro em breve, num dos nossos primeiros salões.<br />

“Quanto ao sr. Fernando Molina, diremos que é um violoncelista de grandes<br />

recursos, fraseando com sentimento, executando com segurança, evidenciando, enfim,<br />

temperamento e arte”.<br />

A estréia oficial de Robledo acontece no dia 29 de julho de 1917, domingo, no<br />

salão do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. O programa apresenta as<br />

seguintes músicas:<br />

Primeira Parte<br />

Josefina Robledo<br />

- Albeniz: Serenata Espanhola<br />

Segunda Parte<br />

Waltz – Godard<br />

Trêmolo – Gottschalk<br />

Jota Aragoneza – Tarrega<br />

Violoncello e violão – Molina e Robledo<br />

- Squire: Priére<br />

- Pergolese: Nina<br />

- Godard: Sur lê Lac<br />

- Glazounov: Serenata Espanhola<br />

Terceira Parte<br />

Josefina Robledo<br />

- Albeniz: Granada


- Bach: Bourré<br />

- Chopin: Noturno op. 9 n.º 2<br />

- Paganini: Carnaval de Veneza<br />

Analisando o programa, observamos alguma semelhança com o repertório de<br />

Agustín<br />

Barrios como transcrições de peças de autores consagrados (Chopin, Bach), peças<br />

originais de autores contemporâneos (Tárrega) e peças de autores da própria<br />

nacionalidade da artista (Albeniz, no caso de Robledo, em provável transcrição de seu<br />

mestre Francisco Tárrega).<br />

A crítica do dia posterior ao recital, 30 de julho, é também um importante<br />

documento sobre este início de apresentações do violão solo no Brasil 41 :<br />

“Nesta seção já temos feito várias referências ao excepcional valor da concertista<br />

Josefina Robledo, que ontem deu a sua primeira audição pública de violão, no salão do<br />

Conservatório.<br />

“Foi, por isso, com alguma surpresa que verificamos não corresponder o número<br />

de pessoas presentes ao acontecimento artístico que devia ser, como foi, o concerto de<br />

Josefina Robledo. Não seria difícil, entretanto, encontrar vários motivos que<br />

explicassem razoavelmente a diminuta concorrência; a maioria deles, porém, escapam à<br />

nossa esfera de ação e interessam apenas ao empresário.<br />

“Há uma circunstância que, de algum modo, justifica a pouca curiosidade do<br />

público pelas execuções de violão. Esse instrumento vulgar muito raramente encontra<br />

quem o eleve da sua condição de simples acompanhador de cantos e danças populares,<br />

para que, fora de seu meio habitual, possa interessar a uma platéia educada. É natural,<br />

pois, certa desconfiança com que se recebem os violonistas, máxime (sic) num<br />

momento em que toda gente hesita diante da mais insignificante despesa...<br />

“Mas Josefina Robledo é um caso de exceção. Nesta admirável ‘virtuose’ reúne-<br />

se, num conjunto incomparável, uma técnica de escol. Na execução, de uma nitidez fora<br />

do comum, dispõe de recursos assombrosos que lhe asseguram o domínio completo de<br />

seu instrumento e lhe permitem realçar todo o seu talento de intérprete vibrátil e<br />

finamente sensível, mas conscienciosamente e de uma rara probidade artística”.<br />

41 Josefina Robledo. O Estado de S. Paulo, ano 43, n.º 14095, coluna Artes e Artistas, 30 de julho de<br />

1917, p. 03.


“O seu concerto de ontem foi um triunfo. O programa prestava-se igualmente à<br />

exibição de técnica e à revelação das suas qualidades de intérprete. Desde o trêmolo de<br />

Gottschalk até o Noturno op. 9 n.º 2 de Chopin e a Bourré de Bach, com escalas pelas<br />

Jotas Aragonezas e outras peças características. Não se pode destacar nenhuma delas,<br />

pois que em todas a sra. Robledo pôde ostentar qualidades extraordinárias.<br />

“Também tomou parte no concerto o sr. Fernando Molina, distinto violoncelista,<br />

de boa escola e de execução correta e sóbria, que se ouve com o máximo prazer.<br />

“Estamos certos de que num segundo concerto o público paulista saberá<br />

corresponder ao extraordinário valor da violonista sra. Josefina Robledo, que é, sem<br />

nenhum favor, uma autêntica notabilidade”.<br />

O segundo concerto de Robledo dá-se no primeiro dia de agosto de 1917.<br />

Novamente para a chamada da apresentação o jornal enaltece o violão como<br />

instrumento de concerto e as qualidades da violonista como uma musicista superior 42 :<br />

“[...] Também não é possível que o fato de se tratar de um concerto de violão<br />

não despertasse em alguns espíritos o necessário interesse. Diga-se, porém, desde já,<br />

que se os cultores da boa música e os que a amam pelo que ela tem de beleza e bondade<br />

houvessem assistido ao festival de domingo, não sairiam dali menos impressionados e<br />

menos satisfeitos que quando assistiram aos concertos das notabilidades que se têm<br />

apresentado ao nosso público no piano, no violino e no violoncelo”. E continua: “É<br />

preciso insistir neste ponto: o instrumento da sra. Robledo não se parece em coisa<br />

nenhuma com o violão popular, das serenatas e troças, dos bailaricos e ‘assustados’.<br />

Para todas as coisas deste mundo se estabelecem uma hierarquia e não há um só recanto<br />

da vida onde se não possa encontrá-la . No que respeita ao mundo musical bastará dizer<br />

que o ‘virtuosismo’ achou no violão uma alma e conseguiu elevá-la ao nível em que se<br />

acham hoje as dos mais aristocráticos instrumentos. E de como o domínio absoluto<br />

desse instrumento é tanto ou mais difícil que o do piano, violino ou violoncelo, di-lo<br />

eloqüentemente o limitadíssimo número dos seus executantes”.<br />

Com o sucesso alcançado, a Sociedade de Cultura Artística resolve reiniciar suas<br />

reuniões, com outro recital de Robledo e poesias recitadas por Martins Fontes, presentes<br />

em seu livro Verão. No programa, a única novidade é a inclusão de uma das 12 Danças<br />

Espanholas, de Granados, escritas originalmente para piano, além do fato de seu marido<br />

42 Josefina Robledo. O Estado de S. Paulo, ano 43, n.º 14096, coluna Artes e Artistas, 31 de julho de<br />

1917, p. 04.


Francisco Molina ser acompanhado pelo renomado pianista Agostino Cantú, um dos<br />

mais importantes nomes da sociedade musical paulista, sendo professor do<br />

Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e lecionando para, entre outros, Mário<br />

de Andrade e Francisco Mignone. Mas desta vez a assistência é bem mais numerosa, a<br />

ponto de todos os lugares estarem ocupados e muitos sócios terem de ficar de fora da<br />

apresentação, o que ocasiona um novo esquema de limitação de números de entradas<br />

para os não-sócios da Sociedade.<br />

Com a saída de Robledo da capital, após alguns recitais, o paraguaio Agustin<br />

Barrios retorna para outros concertos, inclusive em cidades do interior como Ribeirão<br />

Preto em 8 de outubro de 1917, no Teatro Carlos Gomes, onde apresenta dois recitais<br />

que estavam marcados e mais dois extras a preços populares, dado o sucesso alcançado.<br />

Adiante-se que, no fim de 1917, também Américo <strong>Jacomino</strong> retorna à capital.<br />

Dois anos depois, em 25 de maio de 1919 Josefina Robledo apresenta o que<br />

inicialmente será seu recital de despedida em São Paulo, pois regressaria para a Espanha<br />

logo em seguida, o que, no entanto, não acontece. A audição se dá no Conservatório e<br />

tem como novidade no programa a apresentação de duas Danças Espanholas, de<br />

Enrique Granados (as de número 10 e 11), e a Canção do Berço, de Emílio Pujol, outro<br />

ex-aluno de Tárrega. Assim se manifestou a crítica 43 :<br />

“O concerto desta notável violonista, realizado ontem no salão do Conservatório,<br />

teve uma esplêndida concorrência, e deu ensejo a uma entusiástica manifestação do<br />

auditório à simpática artista.<br />

“Devemos a d. Josefina Robledo a primeira audição de 2 peças de Granados, o<br />

ilustre compositor espanhol, cujo nome, já célebre pelas suas produções, ganhou ainda<br />

maior notoriedade pelo desgraçado fim do artista. Como é sabido, Granados em viagem<br />

para Nova York, onde devia dirigir a representação de sua última ópera, Goyescas,<br />

morreu no naufrágio do paquete ‘Sussex’, torpedeado pelos Alemães.<br />

“As suas duas composições que ontem ouvimos foram as Danças Espanholas,<br />

n.º 10 e 11. Ambas muito belas, especialmente a segunda, não só como inspiração mas<br />

também como técnica de composição.<br />

43 Josefina Robledo. O Estado de S. Paulo, ano 45, n.º 14754, coluna Artes e Artistas, 27 de maio de<br />

1919, p. 02.


“O resto do programa, que ontem publicamos, foi executado magistralmente<br />

pela sra. Robledo, que teve no sr. Molina um colaborador eficaz e consciencioso, cuja<br />

parte foi desempenhada com bastante emoção e louvável probidade.<br />

“Não nos parece demais insistir no valor excepcional da sra. Robledo, como<br />

‘virtuose’ do violão, porquanto não vimos ontem no salão do Conservatório muitos dos<br />

nossos ‘habitués’ das audições musicais e só pudemos registrar a presença de limitado<br />

número dos nossos musicistas. O violão, de fato, não é instrumento de concerto que<br />

ordinariamente desperte grande interesse. Mas, já o dissemos aqui e não nos<br />

cansaremos de repetir, nas mãos da sra. Robledo ele apresenta modalidades tais que o<br />

elevam a uma altura nunca atingida. De certo muitos dos nossos entendidos em<br />

assuntos musicais sorriram ao ver no programa da sra. Robledo a Bourré de Bach;<br />

outros talvez se indignassem, considerando um sacrilégio. Nem uns, nem outros têm<br />

razão. Se tivessem ouvido a exímia violonista como os que a ouviram ontem, como<br />

estes a teriam aplaudido com o melhor do seu entusiasmo, pois o grande mestre alemão<br />

foi interpretado com o rigoroso respeito e de forma a realçar todas as belezas de sua<br />

música, por meio de recursos técnicos de efeitos surpreendentes no violão. Convém<br />

acrescentar que a sra. Robledo toca em violão autêntico de cordas de tripa e que a sua<br />

execução obedece aos melhores preceitos da técnica do seu instrumento, sem truques,<br />

nem artifícios para impressionar o público.<br />

“Por isso cada concerto é para essa extraordinária violonista um novo triunfo e<br />

para a maior parte dos seus ouvintes uma revelação. Assim foi ontem, tanto que muitos<br />

dos presentes insistiram com os dois simpáticos artistas para que dêem mais uma<br />

audição em S. Paulo.<br />

“Apesar de terem a sua partida marcada, ambos acederam, fixando seu segundo<br />

e verdadeiramente último concerto para o dia 11 de junho, no Conservatório”.<br />

Este "último" concerto ocorre com bastante público e uma grande novidade: a<br />

inclusão da versão para violão solo do Minueto e Gavota da ópera O Contratador de<br />

Diamantes, de Francisco Braga. Esta partitura está, infelizmente, perdida.<br />

Robledo apresenta em seguida recitais no Automóvel Club e na Associação da<br />

Câmara Portuguesa de Comércio, depois ruma para Santos, onde toca no salão do Real<br />

Centro Português no dia 2 de setembro, seguindo para o Rio de Janeiro.<br />

A violonista aparecerá novamente na capital apenas em 1923, para recital no<br />

Conservatório Dramático e Musical. O programa não apresentará nenhuma novidade


em relação a seus recitais anteriores, apesar da violonista não se apresentar mais com<br />

seu esposo Molina. Outra diferença é que os recitais serão agora em duas partes:<br />

Primeira Parte<br />

- Tarrega: Capricho Árabe - Serenata<br />

- Mendelssohn: Romanza n.º 6 e 12<br />

- Tarrega: Dois Estudos<br />

- Albeniz: Granada - Serenata<br />

- Pujol: Canção do Berço<br />

- Tárrega: Sueño - Trêmulo<br />

Segunda Parte<br />

- Albeniz: Cadiz<br />

- Beethoven: Minueto del septimino<br />

- Bach: Loure<br />

- Chopin-Robledo: Vals op. 34 n.º 2<br />

- Chopin: Nocturno op. 9 n.º 2<br />

- Tarrega: Jota Aragoneza<br />

A crítica para este concerto em 1923, no jornal O Estado de São Paulo se<br />

reporta às audições de 1919 44 "[...] Não se pode afirmar que tenha progredido, nestes<br />

últimos tempos, a sra. Josefina Robledo. Quando se apresentou em São Paulo, a sua<br />

interpretação já era admirável, e insuperável a sua técnica. Ainda hoje, é a mesma<br />

artista completa e inexcedível."<br />

Em fevereiro de 1922, vésperas dos festivais da semana de arte moderna,<br />

enquanto músicos, críticos e público preparam-se para ouvir a música de Villa-Lobos no<br />

Teatro Municipal, Robledo se apresenta novamente no Cine Teatro República, a 1.º de<br />

fevereiro, e no Salão Germânia, no dia 7 do mesmo mês. A principal notícia ocorre no<br />

dia 8 de maio, quando o Estado de São Paulo anuncia que “A notável violonista<br />

Josefina Robledo, que o nosso público tem várias vezes aplaudido como um dos<br />

maiores ‘virtuosi’ do violão, resolveu definitivamente fixar-se em São Paulo, onde se<br />

dedicará também ao ensino do instrumento com o qual tem conquistado tantos triunfos”.<br />

44 Josefina Robledo. O Estado de S. Paulo, ano 49, n.º 16073, coluna Artes e Artistas, 25 de janeiro de<br />

1923, p. 03.


Josefina Robledo, na verdade, muda-se para Mar del Plata logo em seguida,<br />

sendo nomeada no ano seguinte professora do Conservatório Willians, regressando<br />

então para a Europa, onde não se apresentava havia 10 anos.<br />

Molina, o violoncelista casado com Robledo, acaba por impedi-la de se<br />

apresentar. Domingo Prat, expressando certa revolta pela ausência da violonista nos<br />

palcos, assim termina seu verbete a ela dedicado: “O Amor, dominante e egoísta,<br />

privou-a do contato com o público. Desde esse momento, não tivemos mais<br />

oportunidade de escutá-la. A arte de Robledo era nobre e sóbria; sua execução,<br />

delicada e arrogante, maravilhava o auditório. Dos discípulos que se seguiram ao<br />

maestro Tárrega, ao deixar de pulsar com gema-unha, ninguém se sobressaiu tão<br />

vantajosamente quanto essa que nos ocupa. Como compositora, não se conhece<br />

nenhuma obra original publicada. Seu repertório foi eclético, abundante e do melhor,<br />

dominando as transcrições. A dor de perdê-la, vivendo, é muito para quem admirou a<br />

arte de Josefina Robledo, ainda mais havendo chegado à altura dos maiores<br />

instrumentistas que já temos conhecido”.<br />

Capítulo II - Américo <strong>Jacomino</strong> – 1889/1930<br />

II.1 - Nascimento de Américo <strong>Jacomino</strong><br />

Américo <strong>Jacomino</strong> nasce em São Paulo em 12 de fevereiro de 1889 45 , na Rua do<br />

Carmo, sendo o terceiro filho do casal Crescêncio <strong>Jacomino</strong> e Vicência 46 Gargiula<br />

45 Tomamos como referência as informações de Luís Américo <strong>Jacomino</strong>, filho de Canhoto, pois, segundo<br />

sua certidão de nascimento, <strong>Jacomino</strong> teria nascido na Itália e, segundo sua carteira de identidade, no ano<br />

de 1890. Ainda segundo seu atestado de óbito, o violonista teria falecido aos 38 anos de idade, e não aos<br />

39, que seria o correto.<br />

46 Segundo o atestado de óbito de <strong>Jacomino</strong>, o nome de sua mãe está grafado como Vicenta.


<strong>Jacomino</strong>, imigrantes vindos de Nápoles na década de 1880. Antes dele teriam nascido,<br />

em Nápoles, Ernesto e Edoardo, sem referência de datas, além de Amadeu (1983).<br />

Alfredo, o caçula, nasce em São Paulo, em 1901.<br />

Crescencio trabalha em diversos empregos, como ourives e, principalmente,<br />

decorador e pintor paisagista de casas antigas, além de ser professor de primeiras letras,<br />

sendo responsável pela educação formal de todos os filhos. Em Nápoles teve uma<br />

grande fábrica de jóias, tendo saído do país devido a uma doença de coração da esposa,<br />

aproveitando o forte movimento imigratório de então. São Paulo foi o lugar ideal<br />

escolhido, pelo bom clima da cidade na época e pelas crescentes opções de trabalho.<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> não vai a escola e estuda com o pai e o irmão mais velho<br />

Ernesto. Esta educação informal talvez explique os erros de gramática do violonista,<br />

comprovados pelas cartas enviadas a seus amigos no futuro. Como é canhoto, os pais<br />

tudo fazem para que ele aprenda a usar a mão direita, pois na Itália os canhotos são tidos<br />

como pessoas mal educadas.<br />

Não se sabe ao certo sobre a formação musical da família <strong>Jacomino</strong>, mas as<br />

indicações sobre o início do aprendizado no violão são de que Américo tem o primeiro<br />

contato com o instrumento por volta de 1901, através do irmão Ernesto, que também lhe<br />

ensina bandolim. Este irmão compra um violão por 3 ou 4 mil réis, que o pai chega a<br />

quebrar para que os filhos não levem a sério o aprendizado do instrumento. Américo<br />

então conserta o violão e tenta estudar escondido dos pais.<br />

Aos 14 anos de idade, ainda a morar na Rua do Carmo, Américo <strong>Jacomino</strong> vê o<br />

irmão Ernesto tocar violão e bandolim e lhe pede para que o ensine. Este, achando que<br />

como canhoto seu irmão não pode aprender, desencoraja-o. Américo fala fluentemente<br />

o italiano, e canta nesta língua canções napolitanas aprendidas com os pais. Segundo a<br />

revista Violão e Mestres 47 , em 1904 tem Américo suas primeiras experiências como<br />

violonista profissional, dando seu primeiro recital no Cinema Guarani, em Campinas.<br />

Por volta de 1905, com 16 anos, tem contato com o cavaquinho, que passa a<br />

estudar seriamente. Nesta época, Américo já está trabalhando como pintor e jornaleiro.<br />

Com o dinheiro compra seu primeiro violão.<br />

Em 1907 adquire um violão fabricado por Di Giorgio, e com este violão<br />

<strong>Jacomino</strong> faz suas primeiras e importantes gravações, até 1917, quando adquire um<br />

violão fabricado por Tranquillo Giannini, até hoje em posse de seu filho Luís Américo.<br />

47 VIOLÃO E MESTRES, São Paulo, Violões Giannini S. A, n.º 1, 1964, pp. 4-8.


Em 1908 morre sua mãe. A família muda-se, então, para a Rua Santo Amaro,<br />

número 39, ainda no centro da cidade, não longe do local da antiga moradia.<br />

Um ano depois é que vem a conhecer seu mais famoso parceiro de serestas, o<br />

cantor Roque Ricciardi, que mais tarde assumiria o nome artístico de Paraguaçu. Em<br />

depoimento ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 1974, o cantor assim<br />

descreveu o encontro :<br />

“Conheci Canhoto numa serenata na Mooca, na Rua Taquari. Numa festa de<br />

aniversário, perto do final, lá pelas duas e meia da noite, estávamos indo a pé para o<br />

Cascata, que era um bar que ficava aberto dia e noite. Perto da Rua Borges Figueiredo<br />

Canhoto e sua turma, que tinha o Belchior da Silveira, um gaúcho, fizeram uma serenata<br />

para dizerem que eram melhores que nós. Eu vi um tocando violão com as cordas ao<br />

contrário, um violão bonito tachado com madrepérolas. Perguntei sobre quem era o<br />

violonista e o Domingo Rubiero disse: ‘Mas esse é o famoso Canhoto!’. Eu só o<br />

conhecia de nome, e quando ele terminou de tocar eu fui cumprimentá-lo, nos<br />

abraçamos e nos tornamos amigos dessa noite até a sua morte. Fui eu quem levou o<br />

caixão para o cemitério”.<br />

Segundo Paraguaçu, cada bairro tinha seu conjunto de serestas, com um<br />

respectivo chefe. Ele teria sido o chefe do conjunto do Brás, e Canhoto teria sido o<br />

chefe do conjunto da Bela Vista. Pelas informações concedidas a Henrique Fôreis, o<br />

Almirante, em 1954, existem algumas mudanças quanto aos dados deste encontro. O<br />

cantor teria dito que estava cantando com seu grupo na Rua da Mooca e Canhoto vinha<br />

de uma serenata. Quando teria acabado, o violonista teria continuado a música, mas<br />

sem solar.<br />

<strong>Jacomino</strong> logo monta um pequeno grupo instrumental com o nome Grupo do<br />

Canhoto, que o acompanharia muito nesses primeiros anos de atividade, em concertos e,<br />

principalmente, em gravações.<br />

Ainda com Paraguaçu, em 1907, <strong>Jacomino</strong> começa a se apresentar em cinemas<br />

como o Bresser, Braz-Bijou e o Éden, onde os ingressos custam 300 réis 48 , e em teatros,<br />

circos e restaurantes como o Cascata, na esquina da Senador Feijó com a Quintino<br />

Bocaiúva. Essas apresentações são fundamentais pelos contatos que o violonista vai<br />

estabelecendo, além da prática em se apresentar em público. Isto sem dizer do futuro<br />

48 Idem, ibidem.


contrato que o violonista teria na Odeon, que apareceria como conseqüência dessas<br />

primeiras apresentações. Outro aspecto a ser ressaltado é que o violonista vai<br />

adquirindo prática como compositor, pois em suas primeiras gravações predominam<br />

músicas de sua própria autoria.<br />

II.2 - Primeiras gravações de Américo <strong>Jacomino</strong> – 1912<br />

A Discografia Brasileira em 78 RPM, editada em 5 volumes pela FUNARTE<br />

em 1978, apresenta como prováveis primeiras gravações de Canhoto músicas com seu<br />

conjunto (Grupo do Canhoto), e em solo de violão, lançadas pela gravadora Odeon,<br />

compreendidas na série 120.000, entre 1912 e 1913, em sistema mecânico de uma face<br />

apenas. As músicas executadas com seu conjunto foram, com respectivos números, a<br />

polca Saci, de João Batista do Nascimento (120.589), a valsa do mesmo autor,<br />

intitulada Saudades de Iguape (120.590); a valsa Suplication de W.J. Peans (120.591); a<br />

valsa de Antonio Picucci, Tuim-Tuim (120.592); a mazurca Amores Noturnos (120.593)<br />

e a polca Babi (120.594), ambas sem indicação de autor. Como gravações solo estão a<br />

valsa Belo Horizonte (120.595); a polca Pisando na Mala (120.596); o dobrado Campos<br />

Sales (120.597) e a mazurca Devaneio (120.598), todas de autoria de Américo<br />

<strong>Jacomino</strong>.<br />

A pequena gravadora Gaúcho, do sul do país, na série 4.000 (lançada entre 1912<br />

e 1920) iria lançar duas gravações, sendo a primeira com música de Américo <strong>Jacomino</strong><br />

e a segunda de autoria incerta, ambas interpretadas pelo grupo Os Geraldos (V. Geraldo<br />

e G. Magalhães), compreendendo os sambas Nhá Maruca Foi s'imbora (4.042-A) e Nhá<br />

Moça (4.042-B).<br />

Na mesma época, entre 1912 e 1913, pela gravadora paulista Phoenix (filial da<br />

Odeon em São Paulo), Américo <strong>Jacomino</strong> lança uma série de discos de uma face, ainda<br />

no sistema mecânico. A primeira gravação é a valsa Saudades de minha Aurora<br />

(número 70.786), de sua própria autoria, interpretada ao violão solo, e a segunda é a<br />

valsa Saudade de São Bernardo (número 70.790), de Antonio Picucci, interpretada pelo<br />

Grupo do Canhoto.<br />

O equívoco com relação ao primeiro registro fonográfico do violonista acontece<br />

justamente pelas datas coincidirem quanto ao lançamento dos discos, sendo que a<br />

numeração não corresponde exatamente à ordem gravada pelos músicos, e sim uma<br />

ordem de organização da gravadora. O que é certo é que estas são as primeiras


gravações do violonista, hoje raríssimas de serem encontradas. Outro fator a ser<br />

salientado é que a Odeon era coordenada por Frederico Figner e a Phoenix por seu<br />

irmão Gustavo Figner, o que possibilitava a ambos utilizar os mesmos artistas.<br />

Tomando-se como exemplo as gravações de Nhá Maruca Foi S’imbora, Nhá<br />

Moça e Saudades de Minha Aurora, podemos avaliar a técnica do violonista naquele<br />

momento, a partir de seu eclético repertório musical, executando com habilidade obras<br />

de gêneros diversos (valsas, sambas, polcas, mazurcas e dobrados). Apesar de serem<br />

gravações antigas, nota-se a obtenção de timbres diversos no violão, como no dobrado<br />

Campos Sales, em que Canhoto se utilizará pela primeira vez do rufo, efeito que imita<br />

caixa-clara, como nas bandas marciais. Este curioso efeito seria retomado em uma de<br />

suas peças mais interpretadas, a Marcha Triunfal Brasileira.<br />

Em 1914, aparece a primeira referência à venda de discos de Canhoto. Trata-se<br />

de um anúncio da Casa Edson, sobre “grandes novidades paulistas gravadas” pelos<br />

grupos Tupinambá, Veríssimo, Excêntrico, do Choroso, do Canhoto, do Phoenix, e<br />

sobre o repertório do Jaime Redondo e os duetos de Pepe & Oterito, “cantando pela<br />

primeira vez para gramophones” 49 .<br />

Em 27 de dezembro de 1915 o jornal O Estado de São Paulo publica a primeira<br />

notícia sobre recital de Américo <strong>Jacomino</strong>: “High-Life: Na tela serão exibidos doze<br />

filmes escolhidos. No palco grande estréia do trio brasileiro - Caramurú, Américo, o<br />

canhoto, e Edú Gomes”. Estas apresentações continuam nos dias 28, 29 e 30 do<br />

mesmo mês.<br />

No decorrer do ano de 1916, em 17 de abril, o barítono Luiz de Freitas organiza<br />

um espetáculo em benefício de um amigo enfermo, Ramiro Freire. Entre os artistas que<br />

participam estão “várias senhoritas do bairro da Consolação” e Américo <strong>Jacomino</strong>.<br />

Será a preparação do violonista para sua estréia definitiva, o que virá a acontecer<br />

precisamente no dia 23 de abril, conforme pequeno anúncio do Jornal O Estado de São<br />

Paulo 50 . Este escreve: “Estréia do aplaudido violinista (sic) da casa Edson”, com<br />

apenas o apelido de “Canhoto”, no Teatro Colombo, no bairro do Brás, sendo que na<br />

ocasião estreará também o já citado barítono Luiz de Freitas. O mesmo anúncio aparece<br />

no dia 29 do mesmo mês. Antes, porém, no dia 25, uma nota maior aparece na coluna<br />

49<br />

ARAÚJO, Vicente de Paula. Salões, Circos e Cinemas de São Paulo, Ed. Perspectiva, coleção debates<br />

n.º 163, p. 324.<br />

50<br />

O Estado de S. Paulo, 23 de abril de 1916, p. 16.


Palcos e Circos, responsável pela divulgação dos eventos culturais da cidade. Esta<br />

diz 51 :<br />

"Colombo - Esta confortável Casa anuncia para hoje em ‘Soirée’ popular, os<br />

comoventes dramas – ‘Nunca Mais...’, ‘Os Fugitivos’ e ‘Justiça da Montanha’. No<br />

palco, teremos dois interessantes números de variedades: diversas execuções pelo<br />

aplaudido violonista da Casa Edson – Canhoto, e pelo barítono brasileiro Luiz de<br />

Freitas, da Academia Nacional de Música, de Roma. Como se vê, o programa é<br />

bastante convidativo”.<br />

No dia 16 de maio de 1916 novamente o violonista João Pernambuco, cada vez<br />

mais conhecido no Rio de Janeiro – onde mora - aparece em São Paulo com um novo<br />

grupo, ou “troupe” sertaneja. João Pernambuco dará concertos até o final do mês,<br />

quando ruma para Santos e cidades do interior paulista. Não há notícias de que<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> tenha assistido a essas apresentações, mas não é difícil imaginar<br />

afirmativamente. A Protofonia do Guarani, apresentada pelo “sexteto”, é uma das<br />

obras que Canhoto grava em disco, numa versão para violão solo. E ambos,<br />

Pernambuco e Canhoto, são justamente os dois violonistas brasileiros que mais fama<br />

atingem neste primeiro quarto do século vinte.<br />

II.3 – Em 1916, o primeiro grande recital de Américo <strong>Jacomino</strong>. A mudança de<br />

opinião da crítica em São Paulo<br />

No anúncio de 12 de julho de 1916 o jornal O Estado de São Paulo escreve 52 :<br />

“Deve seguir hoje para o interior, visitando Descalvado e Amparo, onde pretende<br />

realizar concertos, o hábil violonista sr. Américo <strong>Jacomino</strong> (canhoto) sobre o qual a<br />

imprensa de São Paulo tem feito as mais encomiásticas referências”. Sobre os dois<br />

concertos em Descalvado, no Ideal Cinema, a crítica diz que “Canhoto, que organizará<br />

excelente programa para ambos os festivais, soube conquistar no seu violão, com a<br />

execução simplesmente arrebatadora de cada número, os mais sinceros e frenéticos<br />

aplausos da grande e seleta assistência que teve a ventura de o ouvir”. E, terminando a<br />

51<br />

CINEMATÓGRAFOS. O Estado de S. Paulo, ano 42, n.º 13636, coluna Palcos e Circos, 25 de abril<br />

de 1916, p. 02.<br />

52<br />

AMÉRICO JACOMINO. O Estado de S. Paulo, ano 42, n.º 13714, coluna Palcos e Circos, 12 de julho<br />

de 1916, p. 02.


notícia, “consta que Canhoto virá em breve a esta cidade realizando então mais um<br />

concerto”. E é justamente o que acontece em notícia do dia 30 de agosto 53 :<br />

“Em 5 de setembro próximo, às 20 horas e meia no Salão do Conservatório<br />

Dramático, este professor de violão dará um concerto cujo programa foi confeccionado<br />

com muito bom gosto.<br />

“Já nesta folha tivemos a ocasião de pôr em relevo os dotes artísticos do<br />

simpático moço. Depois disso ele fez-se ouvir no Automóvel Club, no Trianon, no<br />

Conservatório Dramático e em alguns dos mais elegantes salões da capital, colhendo<br />

largo prêmio da sua fina execução.<br />

“A festa abrirá por uma conferência sobre instrumentos, escrita expressamente<br />

pelo nosso companheiro Manuel Leiroz e que, com sua gentileza com o violonista, será<br />

lida pelo Sr. Danton Vampré.<br />

“Durante a conferência, Américo <strong>Jacomino</strong> executará as composições<br />

Suplicando Amor, Magia de Olhar, Tango da Agarra, etc.<br />

“Na Segunda parte do concerto – parte exclusivamente musical – serão<br />

executados a protofonia do Guarani, Cateretê, imitação da vila caipira; dobrado<br />

Campos Sales e as valsas Medrosa e Sonhando.<br />

“É de se esperar que o público encha o salão, dadas as qualidades de Américo<br />

<strong>Jacomino</strong>, que é um tocador exímio e um artista cheio de sentimento”.<br />

Causa vivo interesse realmente o recital de Canhoto, pois nos dias posteriores<br />

vários artigos foram publicados enfatizando as qualidades do violonista e também a<br />

conferência, que “reabilitaria o instrumento” 54 . Do ponto de vista histórico o fato<br />

interessa sobremaneira para o instrumento em São Paulo, pois pela primeira vez se falou<br />

de forma mais “séria” sobre as possibilidades reais que o violão poderia atingir. É<br />

justamente sobre isto que o jornal O Estado de São Paulo dedica seu artigo do dia 2 de<br />

setembro de 1916 55 :<br />

53<br />

AMÉRICO JACOMINO. O Estado de S. Paulo, ano 42, n.º 13763, coluna Artes e Artistas, 30 de<br />

agosto de 1916, p. 04.<br />

54<br />

AMÉRICO JACOMINO. O Estado de S. Paulo, ano 42, n.º 13766, coluna Artes e Artistas, 2 de<br />

setembro de 1916, p. 02.<br />

55 Idem, ibidem.


“... Far-se-á a reabilitação desse instrumento, despoetisado (sic) por mãos<br />

inábeis, mas reivindicado por tradições românticas, em que figuram ‘los hermosos’ da<br />

velha Espanha, os famosos Scarpins da poética Itália, os alegres e espirituosos boêmios<br />

da França de Luís XVI.”<br />

E, mais adiante, prossegue o artigo:<br />

“E provar-se-á que o violão, a que o plebeísmo do nosso povo deu<br />

irreverentemente a classificação de ‘pinho’, é um instrumento que tem tanto de<br />

aristocrático e de fino quanto o violino e o violoncelo, ambos da mesma família, e que a<br />

canção e os cantores populares, antes de subirem das ruas para os palcos e salões,<br />

fizeram o encanto dos ambientes rústicos e alcançaram a glória depois de uma fatigante<br />

existência.<br />

“Além da conferência haverá cantos expressivos do sertão brasileiro assim como<br />

um cateretê em que as cordas do violão de <strong>Jacomino</strong> farão evocar ao auditório um<br />

‘batuque’ do mais característico efeito coreográfico.<br />

“Vai ser um festival de magníficas impressões”.<br />

No grande dia do concerto, 5 de setembro de 1916, novamente o jornal O Estado<br />

de São Paulo publica artigo a respeito, mas desta vez com mais ênfase ainda na palestra<br />

que será proferida por Manuel Leiroz. O artigo publicado no jornal, apesar de não ser o<br />

formato definitivo, constitui documento mais próximo do que poderá vir a ser a palestra,<br />

importantíssima para a história do violão brasileiro, por ser um dos primeiros grandes<br />

artigos a exaltar as qualidades do instrumento 56 :<br />

“É hoje à noite que se realiza o concerto de violão organizado por este simpático<br />

artista com o concurso do sr. Danton Vampré, que lerá a conferência do nosso<br />

companheiro Manuel Leiroz, do sr. Trajano Vaz, que cantará lindas canções do Brasil,<br />

entre as quais o ‘Marroeiro’, e do sr. Silvério Gaudêncio, que acompanhará ao violão.<br />

“O festival será iniciado com a conferência sobre instrumentos. Seguindo o<br />

pensamento de Miguel Zamacois, o conferente porá em relevo a função e préstimo de<br />

vários instrumentos”.<br />

“Depois, reivindicará para o violão o crédito que ele, na antigüidade, sempre<br />

gozou, mostrando que em Portugal, nos séculos heróicos das viagens e das batalhas,<br />

56 AMÉRICO JACOMINO. O Estado de S. Paulo, ano 42, n.º 13769, coluna Artes e Artistas, 5 de<br />

setembro de 1916, p. 05.


esse instrumento acompanhava trovadores e troveiros na sua vida amorosa e de<br />

aventuras, conhecera desde os paços dos reis às vielas da mouraria e embarcara com<br />

mais de cinco mil violas para os areiares da África, onde testemunhou a derrota de<br />

Alcácer Kibir. O violão exerceu a ditadura nas salas mais elegantes, figurou nos teatros,<br />

perturbou e endoideceu uma legião de mulheres e obrigou muitos escritores estrangeiros<br />

a render homenagem ao seu domínio encantador”.<br />

“O seu papel saliente nos ‘minuetos’ da cidade e da corte, nos ‘fandangos’, no<br />

‘arrepia’, no ‘oitavado’, no ‘arromba’ e outras danças, jamais poderá ser esquecido. D.<br />

João V, que era um rei folgazão, considerava-o um instrumento precioso para aligeirar o<br />

fardo da vida.<br />

“Em França, no primeiro império, na devassidão dissolvente do segundo, sob a<br />

restauração, o violão entrou no gosto do público, juntamente com as primeiras ‘troupes’<br />

vindas da Itália, tomou parte num concerto de cães, inventado para divertir Luís XI,<br />

deliciou epicuristas do bairro latino, os cabarés de Montmartre, deu serenatas às mais<br />

aristocráticas mulheres e foi a causa, um dia, de Margarida de Escócia, esposa de Luís<br />

XI, ao ver a dormir o normando Alain Chartier, beijar-lhe a ‘preciosa boca’, de onde<br />

tinham saído as palavras de um madrigal feiticeiro.<br />

“O violão acompanhou os cantos de Ninon, nas poesias folgazans de Chaulieu e<br />

nas coplas ferinas de João Batista Rousseau. E nos bailes de máscaras introduzidos em<br />

França, em 1716, esteve ao serviço da princesa de Valois e do Duque de Modena, seu<br />

noivo, encantando os ‘cavalheiros de indústria’, que sempre os acompanhavam.<br />

“Em Espanha, no século XVII, pontifica nas reuniões elegantes e nas alfurjas<br />

das mancebas. Desce com escala ruidosa e despreocupação de vida de Madri até<br />

Sevilha; faz-se ouvir na Triana e na Torre del Cro, atrai os eirados de tijolo, cobertos de<br />

flores as chiquetas de olhos negros e camélias no penteado, as donas de bloco escuro, os<br />

espadachins de manto negro e bravura truculenta. Mistura-se com ciganas de face<br />

morena e grandes brincos nos lobulos das orelhas e chega a impor-se ao gosto estético e<br />

moral dos mouros enamorados. Toma parte nos concertos, espetáculos de estudantes de<br />

La Picola Escuela e dos Hidalgos Hermosos e no corro assombrado em que se exibia foi<br />

muita vez coberto pelo frêmito de aplausos e de gritos das ‘niñas’ entusiasmadas.<br />

“Na Itália o violão inspirou árias, villotas e villancellas, fez parte de uma<br />

orquestra no palácio de Joanna de Aragão, deu concepções às melodias de Gesualdo,<br />

príncipe de Venosa, concorreu para a restauração da música pagã. Introduziu-se nas<br />

academias, acordou as águas de Veneza em serenatas de gelfos e escarpins. Serviu o


amor num período em que a música fazia a paixão da época e concorreu com os<br />

filarmônicos de Verona, instituídos por Alberto Lavezzola.<br />

“Nos Países Baixos, quando ainda no estado de uma só corda – ‘a tromba<br />

marinha’, e depois em transformações sucessivas, já com trinta e seis cordas alcançou<br />

ruidoso sucesso em Bruxelas num concerto de gatos verdadeiros, que os Belgas<br />

ofereceram a Felipe II de Espanha. Finalmente em quase todos os países da Europa, o<br />

violão acompanhou a natureza das tradições e a disposição psicológica dos respectivos<br />

povos.<br />

“Como se vê, o programa da festa é atraente e porque o preço do ingresso é<br />

reduzido, é de se esperar que hoje à noite não haja um lugar no Conservatório<br />

Dramático”.<br />

Na quarta-feira, dia 6 de setembro, a crítica do primeiro grande recital de violão<br />

de um instrumentista brasileiro em São Paulo será publicada no jornal O Estado de São<br />

Paulo. Será a primeira de uma série que Américo <strong>Jacomino</strong> receberá durante toda sua<br />

carreira, até seu falecimento em 1928 57 :<br />

“Realizou-se ontem, como estava anunciado, o concerto deste simpático artista,<br />

que teve o concurso dos srs. Danton Vampré, Trajano Vaz e Álvaro Gaudêncio.<br />

“O sr. Danton Vampré apresentou ao auditório que enchia o salão por completo,<br />

o artista <strong>Jacomino</strong> e seus companheiros, pondo em relevo as excelentes qualidades<br />

daquele violonista, a segurança da sua técnica e o senso estético que predomina em toda<br />

a execução das suas peças.<br />

“Também encareceu os méritos dos srs. Trajano Vaz e Álvaro Gaudêncio<br />

considerando cada um no seu gênero. Foi, ao terminar o seu elegante discurso,<br />

muitíssimo aplaudido.<br />

“Passou-se depois à conferência do nosso companheiro Manuel Leiroz de que<br />

ontem demos o resumo. O auditório recebeu-a com vivo agrado, a julgar pelo<br />

entusiasmo dos aplausos com que premiou a leitura do sr. Danton Vampré.<br />

“<strong>Jacomino</strong>, na primeira parte da conferência, executou as valsas Súplica de<br />

Amor, Serenata Árabe, Cigarra na ponta e Magia de olhar. Como era de se esperar,<br />

afirmou uma grande beleza de expressão, ainda com calor, visando a Cigarra na Ponta.<br />

57 AMÉRICO JACOMINO. O Estado de S. Paulo, ano 42, n.º 13770, coluna Artes e Artistas, 6 de<br />

setembro de 1916, p. 05.


“O sr. Trajano Vaz fez a caricatura de <strong>Jacomino</strong>, e cantou a Choça do Monte,<br />

com uma voz que, falemos com franqueza, já não o ajuda a vencer as dificuldades da<br />

vocalização. Foi, porém, muito interessante, no Marroeiro, de Catulo da Paixão<br />

Cearense.<br />

“Recitou com expressão, com relevo, com graça. A sala ofertou-lhe uma<br />

vibrante salva de palmas.<br />

“A segunda parte do programa teve uma execução rigorosa. <strong>Jacomino</strong>, Trajano e<br />

Álvaro Gaudêncio continuaram a merecer dos assistentes as palmas mais entusiásticas.<br />

“O festival terminou com a valsa Sonhando, que Américo <strong>Jacomino</strong> executou ao<br />

violão em diversas posições difíceis. O público, entusiasmado, fez-lhe uma verdadeira<br />

ovação”.<br />

Paralelamente, na cidade de São Paulo, no ano seguinte, 1917, dois outros<br />

recitais de violão darão impulso para a consolidação do instrumento nos palcos paulistas<br />

e brasileiros, com as apresentações do paraguaio Agustín Barrios e da espanhola<br />

Josefina Robledo.<br />

Chega 1919. Em janeiro Canhoto sai em turnê artística juntamente com o ator<br />

Alves Júnior pelo norte do Estado de São Paulo. Outra vez Agustín Barrios se<br />

apresentará na capital, iniciando turnê pelo Teatro São Pedro, passando em seguida pelo<br />

Royal, Pathê Palácio e Coliseu Campos Elísios. O violonista se despedirá<br />

definitivamente do público paulista no dia 8 de abril de 1919 no Salão do Conservatório<br />

Dramático e Musical, em apresentação em três partes na forma de sarau literário, com a<br />

participação de poetas.<br />

Em maio, enquanto a violonista espanhola Josefina Robledo apresenta-se em<br />

Campinas com boa crítica (“técnica admirável, sentimento natural, delicado e uma<br />

afinação impecável...”) e assistência pequena (“... o violão não era conhecido como<br />

instrumento de concerto, próprio para músicas sérias. Daí, certamente, o não ter sido<br />

avultada a assistência, como deveria ser e merece a notável artista...”) , Canhoto faz a<br />

primeira participação de um trio caipira que marcará época na história da música<br />

sertaneja, infelizmente não registrado em disco. A apresentação ocorre no Royal<br />

Teatro, na rua Sebastião Pereira.<br />

Em 6 de maio de 1919 o jornal O Estado de São Paulo assim escreve 58 :<br />

58 NOTÍCIAS DO CANHOTO. O Estado de S. Paulo, ano 45, n.º 14730, coluna Palcos e Circos, 6 de<br />

maio de 1919, p. 02.


" Uma soirée interessante será a desta noite no Royal Teatro. Interessante pelo<br />

assunto, interessante pela maneira porque foi organizado o respectivo programa.<br />

“É que Viterbo de Azevedo, festejado imitador, escondendo-se num perfeito<br />

Jeca Tatu, conforme denominou o teu tipo, vai produzir as cenas que provocaram no<br />

Rio o mais ruidoso sucesso pela veracidade com que observa e conduz o nosso caboclo.<br />

Viterbo, que é paulista e que melhor do que ninguém apanhou os costumes do caipira de<br />

S. Paulo, apresentará ao público do Royal o tipo perfeito do Jeca Tatu - essa criação de<br />

Monteiro Lobato, com que as suas anedotas ingênuas, episódios de caça, mentiras de<br />

mutirões rompantes, alardes de valentia, etc, de modo a fazer rir.<br />

“Tomará parte do festival o conhecido violonista <strong>Jacomino</strong> - o Canhoto, que<br />

dará um concerto de violão, executando criações suas, principalmente sertanejas.<br />

“Será como se disse um espetáculo interessante ao qual concorrerão certamente<br />

os freqüentadores do Royal, dos quais é já avultado o número de pedidos de<br />

localidades”.<br />

Enquanto isso, o Trio Viterbo-Abgail-Canhoto estréia definitivamente na capital<br />

paulista em apresentação no Royal Teatro, em 9 de junho de 1919, com platéia lotada.<br />

No dia 13 e 29, estão no Teatro São Paulo (ficando até o dia 10 de julho); dia 14 no<br />

Teatro São Pedro; dia 17, no Teatro Brasil e dia 20, no Teatro Avenida, no Largo do<br />

Paissandu, para uma série de apresentações. Em julho estão no Teatro América, na Rua<br />

da Consolação, entre os dias 11 e 22, e novamente no Teatro Brasil entre 23 e 27. Em<br />

agosto, apresentam-se entre 1 e 3 no Colyseu Campos Elíseos, voltam ao Teatro São<br />

Paulo entre os dias 4 e 10, sendo este último uma apresentação em homenagem ao trio.<br />

O jornal O Estado de São Paulo assim se refere a este recital 59 :<br />

“Conforme noticiamos, está organizado para amanhã, no Teatro S. Paulo, um<br />

atraente espetáculo em homenagem aos festejados artistas Viterbo Azevedo, Abigail<br />

Gonçalves e Américo <strong>Jacomino</strong>, que formam o aplaudido trio.<br />

“Nessa noite, Viterbo Azevedo narrará novos episódios do ‘Jeca Tatu’, cujas<br />

pilhérias têm feito tanto sucesso; a graciosa e inteligente menina Abigail Gonçalves<br />

cantará escolhidas canções sertanejas do seu excelente repertório e o Canhoto dará um<br />

concerto de violão, instrumento em que é exímio.<br />

“Como as récitas do trio têm levado numerosa assistência ao teatro da praça S.<br />

Paulo, cuja lotação se tem esgotado, é de supor para amanhã uma enchente, tanto mais<br />

59 TRIO VITERBO-ABGAIL-CANHOTO. O Estado de S. Paulo, ano 45, n.º 14829, coluna Palcos e<br />

Circos, 10 de agosto de 1919, p. 04.


que o programa vai ser enriquecido com as canções regionais, cantadas gentilmente por<br />

Afonsito, e com os bailados clássicos de Mykoff e Vanity, número de sucesso, ora no<br />

Cassino”.<br />

Pela matéria, fica em dúvida a forma como era conduzido o espetáculo. Seria<br />

Viterbo de Azevedo apenas um ator a interpretar o papel do conhecido personagem de<br />

Monteiro Lobato e nada mais? Abigail Gonçalves cantava acompanhada apenas de<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> ou de mais alguém? E Canhoto, aparecia apenas para apresentação<br />

de violão solo, sem maiores contatos com os outros dois? Seria o trio apenas uma<br />

forma de juntar diferentes manifestações como parte de um todo, para o espetáculo ficar<br />

mais variado? No programa do dia 11 de agosto o jornal escreve, a respeito da<br />

apresentação do trio no Teatro São Paulo, que “Viterbo e Abigail exibir-se-ão em novo<br />

trabalho, o primeiro no gênero caipira em que é exímio, e a segunda em canções<br />

brasileiras. Canhoto, o conhecido violonista paulista, tocará diversas peças do seu<br />

repertório em dois violões ao mesmo tempo...” 60 .<br />

As últimas apresentações do trio Viterbo-Abgail-Canhoto se dão neste mesmo<br />

mês de agosto. Entre 13 e 15 estão no Royal Teatro, depois no Teatro Melita, para<br />

estrearem novamente no Teatro S. Pedro entre 19 e 26. Em seguida, de 27 a 31, partem<br />

para o Teatro Avenida para suas últimas aparições antes do fim trágico do trio. Viterbo,<br />

durante excursão a Poços de Caldas para um concerto de caridade, será morto<br />

acidentalmente com um tiro na testa.<br />

Após o incidente, Abgail Gonçalves, agora com o apelido de “a sertanejinha”,<br />

estréia inicialmente como cantora solista no Teatro Rio Branco. Traumatizada pelo<br />

acontecimento com Viterbo ficará 20 anos sem cantar, e tempos depois mudará seu<br />

nome para Abgail Aléssio, dedicando-se ao canto lírico, com o qual chegará a se<br />

apresentar no Metropolitan Opera House de Nova York.<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> por sua vez é notícia novamente no dia 19 de novembro de<br />

1919, quando de seu sucesso em apresentações no Rio de Janeiro: “Temperamento<br />

acentuadamente artístico possuindo como poucos uma técnica acurada, conhecendo<br />

todos os recursos e regados do seu instrumento predileto”. Canhoto sairá em nova<br />

excursão pelo Brasil em dezembro. Pouco antes, em 2 de setembro, o jornal O Estado<br />

de São Paulo, edição noturna, publica a partitura de sua música “Quem não... Vota<br />

não... Voga”.<br />

60 Sobre os malabarismos de <strong>Jacomino</strong>, há uma sessão de fotos tiradas neste ano de 1919, nas quais o<br />

violonista aparece tocando com o violão nas costas, na nuca e com dois violões ao mesmo tempo.


Em 17 de fevereiro de 1920, último dia de carnaval, Américo <strong>Jacomino</strong><br />

presencia um episódio que irá resultar na partitura de um de seus maiores sucessos de<br />

venda. Uma jovem de nome Ottília Valentini, após sair de um baile de madrugada<br />

vestida de Colombina, encontra-se com o namorado Domingos Dalazza na Avenida<br />

Celso Garcia, zona leste de São Paulo. Enciumado por tê-la proibido de participar dos<br />

festejos, o jovem namorado saca um revólver e mata a garota, e só não se suicida por<br />

intervenção de pessoas que estão próximas ao local. Canhoto é uma delas, e compõe a<br />

música Triste Carnaval, que recebe letra de Arlindo Leal, sendo difundida por todo o<br />

Brasil. Canhoto comporá várias músicas carnavalescas entre 1920 e 1928, sendo que no<br />

primeiro ano compõe o tanguinho sertanejo Ai Balbina, novamente com letra de Arlindo<br />

Leal.<br />

A primeira notícia sobre Américo <strong>Jacomino</strong> em 1920, que já se apresenta com<br />

menos assiduidade na capital, ocorre no jornal O Estado de São Paulo, edição noturna,<br />

de 1 de setembro, com participação em recital no Teatro Boa Vista. Luiz Buono, seu<br />

parceiro em alguns recitais, organiza, por sua vez, um festival em benefício do Hospital<br />

Umberto I, dando um recital de violão. Não há crítica nem programa impresso do<br />

evento. Em 18 de setembro de 1920 aparece novamente o nome de Canhoto, com sua<br />

“troupe”. Assim descreve o jornal O Estado de São Paulo 61 :<br />

"De regresso da cidade de Santos, onde logrou absoluto êxito, no Teatro<br />

Guarany, esta ‘troupe’ entrou agora a trabalhar no Coliseu dos Campos Elíseos,<br />

continuando ali a carreira brilhante dos seus sucessos.<br />

“Com o repertório melhorado, a ‘troupe’ apresenta-se todas as noites após a<br />

exibição dos filmes, sendo os seus componentes os artistas Luís de Freitas, barítono,<br />

Maria Mesquita, cançonetista, e Américo <strong>Jacomino</strong> (canhoto), violonista, todos sob a<br />

direção do aplaudido parodista cômico Miguel Max”.<br />

No final do ano, dia 15 de dezembro de 1920, Canhoto aparece no Royal Teatro<br />

para a “Festa do Retrato”, participando na terceira parte do evento. Na mesma<br />

apresentação está o cantor (baixo) Mário Pinheiro, um dos primeiros a gravar um disco<br />

de violão solo no Brasil, com a música Petita. Américo <strong>Jacomino</strong> viria a gravar uma<br />

peça muito parecida com esta, o romance Pensamento. Canhoto estará ainda no<br />

61 Notícias Teatrais. O Estado de S. Paulo, ano 47, n.º 15588, coluna Palcos e Circos, 18 de setembro de<br />

1921, p. 05.


Conservatório Dramático e Musical entre os dias 14 e 22 de dezembro, junto ao trio<br />

Canhoto-Freitas-Altomar.<br />

Na Folha da Noite de 19 de fevereiro de 1921 aparece a notícia de que no salão<br />

do Correio Paulistano haverá uma audição dos Oito Batutas, sendo o conjunto “dirigido<br />

por Américo <strong>Jacomino</strong>”. Para este ano, <strong>Jacomino</strong> comporá o tanguinho amoroso Já se<br />

Acabô, com o parceiro Arlindo Leal.<br />

II.4 - Casamento de Américo <strong>Jacomino</strong> e mudança para São Carlos em 1922<br />

Em 7 de janeiro de 1922 Américo <strong>Jacomino</strong> envia ao jornal O Estado de São<br />

Paulo a partitura de duas novas músicas, Arrependida (valsa brasileira) e A Gente Se<br />

Defende (choro carnavalesco). Em anúncio do mesmo dia no jornal O Estado de São<br />

Paulo, edição noturna, a última música aparece como sendo um maxixe.<br />

No decorrer do ano de 1922, em março, Américo <strong>Jacomino</strong> se apresenta no<br />

Cinema São José, na pequena cidade de Itapetininga, interior de São Paulo, onde vem a<br />

conhecer sua futura esposa.<br />

O violonista se casa no dia 12 de setembro com Maria Rita de Moraes (nascida<br />

em 25 de agosto de 1893 em Itapetininga), filha de importante político de sua cidade<br />

natal, Antonio Vieira de Moraes, conhecido como Nhonho Pereira, e irmã do prefeito da<br />

cidade, Ramiro Vieira de Moraes. A esposa é apelidada carinhosamente pelo violonista<br />

como Dona Mariquinha. A certidão de casamento é inexplicavelmente confusa, visto a<br />

importância de Maria Rita para a cidade. Não houve testemunhas no casamento. O<br />

local de nascimento de <strong>Jacomino</strong> aparece como sendo a Itália (sem especificação da<br />

cidade) e não consta também sua data de nascimento. Na profissão de <strong>Jacomino</strong> está<br />

escrito “artista” e na de Maria Rita “prendas domésticas”. Não consta também a<br />

maneira como a esposa passaria a assinar seu nome. Por fim, o nome da mãe de<br />

<strong>Jacomino</strong> aparece como sendo Vicência Carjullo e não Vicência Cargiula.<br />

O casal se muda para a pequena cidade de São Carlos, interior de São Paulo,<br />

onde abrem uma loja de música chamada Casa Carlos Gomes, situada à rua Conde do<br />

Pinhal, número 54-A. No cartão da loja se lê:<br />

“CASA CARLOS GOMES – AMÉRICO JACOMINO. Métodos completos para<br />

piano e violino de todos os autores. Vende-se piano a prestações. Sempre novidades


para orquestra e piano semanalmente. Músicas, instrumentos e acessórios. Seção de<br />

Discos e Gramofones”. 62<br />

Um dos principais amigos e acompanhadores em recitais de Américo <strong>Jacomino</strong><br />

durante esta fase é, sem dúvida, Antônio de Barros Leite. Nascido em Piracicaba em 3<br />

de junho de 1894, Barros Leite aos 10 anos de idade conheceria na capital paulista um<br />

primo que tocava bem violão, Nhô-Zinho, aprendendo rapidamente a tocar o<br />

instrumento. Uma vez amigo de Canhoto, teria sido a principal pessoa a convidar o<br />

violonista a abrir uma loja de música na cidade. O filho de Canhoto, Luís Américo,<br />

diria que na verdade seu pai mudou-se para São Carlos pela facilidade em se locomover<br />

para suas excursões, devido ao grande número de recitais que apareciam. Barros Leite é<br />

não apenas um simples acompanhador, mas também um fiel amigo, a ponto de<br />

emprestar dinheiro para <strong>Jacomino</strong>, como diz uma carta não datada 63 :<br />

“Amigo Barros,<br />

“Como tenho que pagar uma duplicata que se acha no protesto e sendo hoje o<br />

último dia peço-te que me faças o favor você fazer um vale no escritório de cinqüenta<br />

mil réis e me emprestares para inteirar a importância de 533.000 pois conto com esse<br />

favor e por estes dias lhe darei.<br />

“Do amigo abraços<br />

“A. <strong>Jacomino</strong>”. 64<br />

O jornal São Carlense A Tarde assim escreveria sobre um recital de <strong>Jacomino</strong> e<br />

Antônio de Barros no Teatro São Carlos:<br />

“Nota de Arte. Festival Artístico no teatro S. Carlos. Américo <strong>Jacomino</strong> ‘O<br />

Canhoto’ obtém novos sucessos com seu ‘pinho’ mavioso.<br />

“Foi uma noitada agradável a de ontem, no teatro S. Carlos, conforme prevíamos<br />

esse centro de diversões encontrava-se literalmente ocupado pelo escol de nossa<br />

sociedade.<br />

62 Cartão atualmente em posse de Luís Américo <strong>Jacomino</strong>, filho de Canhoto.<br />

63 Carta em posse do filho de Antonio de Barros Leite, residente em Jundiaí, interior de São Paulo.<br />

64 Para a transcrição das cartas de Canhoto foi atualizada a grafia, mas mantida a ordem gramatical.


“Após a focalização do filme Tempestade de um crânio à luz da ribalta surgiu a<br />

simpática figura do notável violonista patrício Américo <strong>Jacomino</strong>, o celebrado<br />

‘Canhoto’ o ‘rei do pinho’, como foi cognominado pela imprensa do país.<br />

“Logo previmos que Américo <strong>Jacomino</strong> obteria novos triunfos, pois em todas as<br />

partes onde se exibe é alvo das mais expressivas provas de admiração pelo modo com<br />

que sabe tanger o seu ‘pinho’ mavioso, com o dom fascinante que sabe imprimir às<br />

cordas desse instrumento.<br />

“’O Canhoto’ com o seu concerto de ontem, obteve unânimes e sinceros<br />

aplausos, conseguindo prender a atenção dos espectadores durante muito tempo<br />

executando músicas populares tais como valsas, sambas, maxixes, marcha, etc., próprias<br />

do nosso povo e dos nossos costumes pois em todas as músicas que ontem tivemos o<br />

prazer de ouvir, sentimos que nelas palpita o romantismo brasileiro, não dessa<br />

brasilidade mistificada que se observa em muitos compositores, mas sim o espontâneo<br />

lirismo enternecedor de nossa gente, tão bem sentido por esse admirável artista que é o<br />

‘Canhoto’.<br />

“Não é preciso que nós falemos algo que seja sobre o valor do grande violonista.<br />

Ele já tem o seu nome feito em todo o Brasil, constantemente é aclamado como o maior<br />

artista no gênero que possuímos.<br />

“Américo <strong>Jacomino</strong> é um artista nato, que aliando aos seus dotes de musicista<br />

possui também o divino dom de interpretar o nosso sentir espiritual. As suas<br />

composições, todas vazadas na escola em tão boa hora criada por Catulo da Paixão<br />

Cearense, são as mais apreciadas por todos os amantes da arte de Mozart.<br />

“O concerto de ‘Canhoto’ ontem realizado no S. Carlos foi mais uma vitória do<br />

ilustre musicista.<br />

“Felicitando o rei do violão pelo novo triunfo alcançado, dedicamos-lhe estas<br />

linhas, poucas, mas sinceras, que tão bem condizem com os sentimentos dos<br />

sancarlenses pelos méritos do insuperável violonista “.<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> continua seus recitais pelo interior do Estado. Em 15 de<br />

agosto de 1923 organiza no anfiteatro da Escola Normal de São Carlos um sarau<br />

artístico e musical, tocando na segunda parte com acompanhamento de seu colega<br />

Antônio de Barros Leite. No programa as seguintes peças são apresentadas:<br />

Primeira Parte:<br />

- Ouverture pela Orquestrinha da Escola


- Poesias de A. Nobre e Augusto dos Anjos, por Fernando Vargas<br />

- Senhorita Iracema de Arruda Campos – Poesias<br />

- Senhorita Sylvia Toledo – Poesias<br />

-Senhorita Maria Apparecida (sic) M. Vieira – Poesias<br />

- A. Cimino: Guarani, fantasia violino e piano<br />

- S. Cimino: Deuse Negre – Caprice – piano<br />

- Nair G. Veltri: Madrigale – violino solo<br />

Segunda Parte<br />

- Ouverture pela Orquestrinha da Escola<br />

- Gaspar Sagreras: Uma Lágrima – solo de violão<br />

- Souto: Do Sorriso das Mulheres nascem as flores<br />

- Verdi: Trovador – Miserere – transcrito para violão<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Gavota – favorita<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Valsa para concerto – Lembrança de um Sonho<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Marcha Militar Brasileira<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Uma Noite na Roça - cateretê<br />

No sábado, dia 8 de setembro deste mesmo ano, novamente no Anfiteatro da<br />

Escola Normal de São Carlos, Canhoto se apresenta com Antônio de Barros Leite, desta<br />

vez em “Grande Concerto Musical Literario” em benefício da Santa Casa de<br />

Misericórdia.<br />

Em 17 de setembro de 1923 nasce em São Carlos sua primeira filha, Maria<br />

Aparecida, hoje residente em Bebedouro, interior de São Paulo. Canhoto compõe em<br />

sua homenagem uma de suas mais belas músicas, a valsa Manhãs de Sol, dedicada a sua<br />

esposa. O violonista aguarda nesta época uma nomeação da Prefeitura de São Paulo<br />

para trabalhar como lançador de impostos, visto que os negócios no comércio não<br />

estavam caminhando bem. Em carta de 20 de setembro a Antônio de Barros Leite o<br />

violonista se queixa da vida do interior 65 :<br />

“Meu prezado Amigo Barros<br />

65 Carta em posse do filho de Antonio Barros Leite.


“Saúde<br />

“Recebi sua carta e muito me comoveu e cada vez mais lhe considero pois tenho<br />

a certeza que és um bom amigo e sincero.<br />

“Caro Barros. Eu estava até hoje esperando a nimiação (sic) e se essa tal<br />

nomeação demorar mais eu mandarei às favas tudo isso farei conforme minha grande<br />

vontade a torne (sic) pelo sul.<br />

“Você compreende eu não me acostumo com esta vida de estar parado e com o<br />

domínio da indolência que é o mal do interior. Já estive em São Paulo e não foi<br />

possível realizar um concerto devido a situação atual provavelmente mais tarde<br />

realizarei um concerto na Capital. Realizo o meu primeiro concerto em Sorocaba no dia<br />

24 do corrente e já estão passando a casa.<br />

“Aceite um abraço do amigo<br />

“Américo <strong>Jacomino</strong><br />

“Queira aceitar recomendações a D. Rosa minhas e de Mariquinha e recomenda-<br />

me também aos bons amigos Arruda.<br />

Após o recital em Sorocaba, <strong>Jacomino</strong> realiza um concerto em Jundiaí em 16 de<br />

outubro no Ideal Teatro e dia 19 no Gabinete de Leitura.<br />

Em 1924, em São Paulo, inaugura-se no Parque D. Pedro I o Palácio da<br />

Agricultura e da Indústria, que será a futura sede da Rádio Bandeirantes, e a Sociedade<br />

Rádio Educadora dirige uma circular a todas as Câmaras Municipais do interior<br />

solicitando apoio para o desenvolvimento da radiotelefonia em São Paulo, "com intuitos<br />

meramente educativos" 66 . Instalam-se também microfones para a irradiação de recitais<br />

como o da pianista Magdalena Tagliaferro. Os lugares escolhidos inicialmente foram o<br />

Teatro Municipal de São Paulo, o Teatro Santana e o Salão do Conservatório Dramático<br />

e Musical. As irradiações ocorrem às terças, quintas e sábados, das 21 horas em diante.<br />

Canhoto, no entanto, está distante. O primeiro programa da Sociedade Rádio Educadora<br />

Paulista a incluir uma obra de Américo <strong>Jacomino</strong> acontece no dia 12 de novembro de<br />

1924, com a peça Se o Telefone Falasse, pelo Trio Rádio-Bandeirante.<br />

Próximo ao natal, em 18 de dezembro do mesmo ano, <strong>Jacomino</strong> escreve<br />

novamente a Antônio de Barros Leite 67 :<br />

“Itapetininga, 18-12-924<br />

“Bom e Saudoso Amigo Barros<br />

66 Sociedade Rádio Educadora Paulista. O Estado de S. Paulo, ano 50, n.º 16535, 9 de maio de 1924.<br />

67 Cartão em posse do filho de Antônio de Barros Leite.


“Sua saúde e de todos de sua família em primeiro lugar o que lhe desejo.<br />

“Recebi sua prezada carta e fiquei muito satisfeito em receber notícias do bom<br />

amigo que muito considero.<br />

“Então continuas nas célebres 24 horas? pois sinto imensamente estares<br />

perdendo teu tempo em trabalhar muito e ganhares pouco.<br />

“Eu muito breve irei para Espírito Santo do Pinhal e quando for te avisarei e<br />

contar-te-ei como foi o concerto de Jundiaí.<br />

“Junto te remeto dois jornais que se referem aos meus concertos.<br />

“Como é o negócio do Chico Salles? Estou esperando carta dele e conforme me<br />

escreveu na sua última.<br />

“Eu não quero perder o direito do terreno fale com ele.<br />

“Você me faça o favor de falar ao Carlos que me mande o endereço onde ele<br />

mora para escrever a ele e minhas lembranças.<br />

do teu amigo.<br />

“Me recomenda aos bons amigos Arruda e um abraço de leve. Aceite o mesmo<br />

“A. <strong>Jacomino</strong>.<br />

“Recomendações minhas e de Mariquinha a Dna. Rosa e parentes”.<br />

II.5 – Em 1925, Américo <strong>Jacomino</strong> retorna à capital paulista.<br />

Para o carnaval de 1925, Américo <strong>Jacomino</strong> compõe a marchinha carnavalesca<br />

Ai Momo. Neste mesmo ano o violonista muda-se novamente para a capital paulista,<br />

após 3 anos em São Carlos, morando inicialmente na Pensão Mathias na Rua da<br />

Conceição, partindo depois para a Rua Bueno de Andrade número 91.<br />

Finalmente, em 5 de março Canhoto realiza seu primeiro recital na Sociedade<br />

Rádio Educadora Paulista às 21 horas. Foi também a primeira vez que aparece no jornal<br />

O Estado de São Paulo um programa em que o violonista acompanha Roque Ricciardi.<br />

O programa apresentado constou das seguintes peças:<br />

- A <strong>Jacomino</strong>: Marcha Triunfal Brasileira.<br />

- Frontini: Serenata Árabe<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Abismo de Rosas - valsa<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Feiticeiro - maxixe de salão


- Sagreras: Uma lágrima - delírio.<br />

- A.<strong>Jacomino</strong>:Quando os corações se querem<br />

- Calasan: Favorita - gavota<br />

-A.<strong>Jacomino</strong>: Viola, Minha Viola - samba à moda do Norte.<br />

O Jornal O Estado de São Paulo publica a seguinte crítica 68 :<br />

"Alcançou inteiro êxito a irradiação do concerto que, gentilmente, realizou<br />

ontem, no estúdio da Rádio Educadora, o popular e aplaudido violinista (sic) sr.<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> (canhoto). Não só pelo critério que predominou na organização do<br />

programa do concerto como pela execução dos números que o compunham, a irradiação<br />

de ontem provocou excepcional entusiasmo e despertou vivo agrado, a julgar pelos<br />

inúmeros telefonemas de amadores felicitando o conhecido artista do violão, que, a<br />

pedido, teve que executar alguns números extra programa, a todos eles dando cabal<br />

execução.<br />

“Prestou também seu concurso no programa da irradiação da noite de ontem,<br />

cantando belas músicas, com acompanhamento de violão pelo Canhoto, o tenor sr.<br />

Roque Ricciardi”.<br />

Sobre a relação de Canhoto com o rádio sempre foi escrito, sem maiores<br />

comprovações, que o violonista inaugurou a transmissão da Rádio Bandeirante, futura<br />

Rádio Educadora Paulista, um ano antes, em 1924, juntamente com seu parceiro<br />

Paraguaçu, que assim comenta o caso 69 :<br />

“Inauguramos a Rádio Educadora Paulista em 1924, eu, o Canhoto e o Alberto<br />

Marino, que foi o primeiro diretor artístico. O estúdio era pequeno, dois e meio por dois<br />

e meio metros. Não havia microfone ainda, apenas em 1926 apareceu o microfone de<br />

carvão. Eu cantava de costas para não estourar os microfones”.<br />

68<br />

Radiotelefonia / Sociedade Rádio Educadora Paulista. O Estado de S. Paulo, ano 51, n.º 16813, 6 de<br />

março de 1925, p. 06.<br />

69<br />

Entrevista ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 1974.


O que é certo é que ambos foram alguns dos primeiros a se utilizarem do rádio, e<br />

Canhoto seria certamente um dos mais requisitados violonistas, com várias de suas<br />

audições sendo irradiadas até 1927, um ano antes de sua morte.<br />

Ainda em 1925, em 23 de março <strong>Jacomino</strong> se apresenta no Salão do<br />

Conservatório em recital em homenagem a Oswaldo Soares e João Avelino de<br />

Camargo. No programa:<br />

Primeira Parte:<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Marcha Triunfal Brasileira (inclusive Hino Nacional) -<br />

acompanhado ao violão pelo sr. Carlos R. Souza<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Esmeralda – valsa lenta. (ao meu distinto amigo sr. José Ozório<br />

Fonseca), acompanhado pelo sr. Carlos R. Souza<br />

Souza<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Trovador (Miserere) - solo, adaptação ao violão<br />

- Sagreras: Uma Lágrima (delírio) - solo<br />

- A pedido: Abismo de Rosas, valsa lenta. Acompanhada pelo sr. Carlos R.<br />

Segunda Parte:<br />

- Carlos Gomes: Protofonia do Guarani – Adaptação para violão, por A.<br />

<strong>Jacomino</strong>, acompanhado pelo sr. Carlos R. Souza<br />

- A.<strong>Jacomino</strong>: Feiticeiro – tango de salão – solo<br />

- Calazans: Favorita – gavota – acompanhado pelo sr. Carlos R. Souza<br />

- A.<strong>Jacomino</strong>: Quando os corações se querem, fox-trot – acompanhado pelo sr.<br />

Carlos R. Souza.<br />

- Frontini: Serenata Árabe –– solo<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Viola, Minha Viola - cateretê paulista imitando o grito da<br />

cabloca. Acompanhado pelo sr. Carlos R. Souza<br />

programa:<br />

piano<br />

Já no dia 29 de março, a apresentação de <strong>Jacomino</strong> no rádio terá o seguinte<br />

- S. N. - Padre Nuestro - fox-trot - solo de banjo, com acompanhamento de<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Sudan - fox-trot - banjo e piano


-A. <strong>Jacomino</strong>: Tico-tico assanhado - polca característica - cavaquinho com<br />

acompanhamento de violão<br />

- G. Verdi: Miserere do Trovador - solo de violão<br />

Os acompanhamentos de violão e piano ficaram a cargo de Carlos R. Souza. É a<br />

primeira vez que <strong>Jacomino</strong> faria uma apresentação com banjo e cavaquinho, programa<br />

que incluiu uma peça de sua autoria, o maxixe A Gente Se Defende. Ainda no mesmo<br />

mês, no dia 30 e em maio, nos dias 3 e 5, Canhoto apresentou-se em novos recitais, dos<br />

quais o último apresenta o seguinte programa:<br />

- Silvestre: Serenata d'autre fois.<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Sombras do passado - valsa “Boston”<br />

- E. Souto: Do sorriso das mulheres nascem as flores<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Por que te vuelves a mi ? - tango argentino<br />

- Mendelssohn: 3.º Prelúdio<br />

- A. <strong>Jacomino</strong>: Quando os corações se querem - fox-trot.<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> acompanha um recital do sanfonista amador Arcangelo<br />

Zordo em 8 de agosto. Antes escreve uma carta a Antônio de Barros Leite, falando<br />

sobre a atual situação de sua carreira 70 :<br />

“S. Paulo 1-8-925<br />

“Meu bom e prezadíssimo amigo Barros<br />

“Em primeiro lugar desejo que esta vá encontrar você e sua Esma. (sic) Família<br />

gozando saúde.<br />

“Eu e os meus vamos indo bem graças a Deus.<br />

“Não te escrevi há mais tempo devido não me encontrar na Capital na ocasião<br />

que chegou a sua carta, não imaginas com que prazer recebi notícias tuas que há muito<br />

não me escrevias uma de suas saudosas notícias. Aqui em São Paulo é um sucesso e<br />

tantos. Alunos que não venço tenho tocado nas principais Casas de São Paulo como<br />

Conde Lira Prates em outras o meu nome aqui cada vez se torna mais popular.<br />

70 Carta em posse do filho de Antonio de Barros Leite.


“Soube que o Sr. Carlos anunciou um concerto de violão aí e parece-me que o<br />

mesmo não chegou a realizar é verdade? Também me disseram que um jornal de São<br />

Carlos noticiou que o sr. Carlos era rival de Canhoto se isso é fato é sinal que o crítico<br />

desse Jornal não tem a minimíssima competência de crítico porque comparar um<br />

simples amador a um concertista é mesmo para ser meu rival deveria se apresentar com<br />

um repertório próprio dele e não com músicas minhas que tenho a certeza que são<br />

assassinadas digo isso porque tenho certeza enfim se isso for verdade de que o Sr.<br />

Carlos anunciou um concerto com o meu programa deu prova de minha desconfiança<br />

que há tempos tenho.<br />

“Junto te envio o programa de meu último concerto realizado no Salão do<br />

Concervatório (sic) é no próximo sábado. Vão irradiar pelo telefone sem fio todos<br />

meus concertos têm sido sós e sem acompanhamento. Estou com muita [saudade] de<br />

nosso choro e daquelas noites saudosas quando na casinha de músicas fazíamos os<br />

nossos choros e também das boas macarronadas que comia em sua casa.<br />

“Sem mais aceite um sincero abraço do amigo que sempre te considera e<br />

recomendações minhas e de minha esposa a D. Rosa.<br />

“Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto”.<br />

Para o amigo Canhoto conta, entre outros sucessos, o de professor muito<br />

procurado, fato que será veiculado a 28 de abril, no jornal O Estado de São Paulo:<br />

“Américo <strong>Jacomino</strong> – Canhoto, dá aulas, tem perto de ‘200 alunos da elite<br />

paulistana’. Preços: duas lições por semana – mensalidade 100$000, lições avulsas<br />

20$000”. Américo <strong>Jacomino</strong> é então professor de importantes figuras da sociedade<br />

paulista, entre elas a filha do governador do Estado de São Paulo Carlos de Campos, da<br />

esposa e da filha de Júlio Prestes e da filha do Dr. Piza Sobrinho 71 .<br />

Mas naquele ano de 1925, a 6 de setembro, ele se apresenta ainda no Teatro<br />

Municipal de São Paulo, na Tarde da Criança, juntamente com outros artistas,<br />

executando a Marcha Triunfal Brasileira, Abismo de Rosas e Viola Minha Viola.<br />

Seriam as mesmas peças apresentadas no Concurso O Que é Nosso, que seria realizado<br />

no Rio de Janeiro.<br />

Entre um recital e outro, a 26 de janeiro de 1926 nasce o segundo filho de<br />

Canhoto, Luís Américo <strong>Jacomino</strong>, atualmente residente em São Paulo.<br />

71 VIOLÃO E MESTRES. São Paulo, Violões Giannini S. A., n.º 1, 1964, p. 06.


Américo <strong>Jacomino</strong> apresenta-se no Conservatório Dramático a 2 de março e<br />

volta a se apresentar na Rádio Educadora Paulista em 11 de julho e nos dias 17 e 21 de<br />

setembro, este último sendo transferido - como em outras ocasiões - para o dia 20 de<br />

outubro, "por motivo de força maior".<br />

Pelas constantes mudanças das datas de seus recitais, é provável que a saúde de<br />

<strong>Jacomino</strong> não fosse bem ou que seus compromissos burocráticos lhe tomassem maior<br />

tempo.<br />

Em dezembro de 1926 são lançados os primeiros discos de Canhoto pelo sistema<br />

elétrico, pela Odeon, série 123000, compreendida entre dezembro de 1925 e julho de<br />

1927. Como trata-se da primeira série elétrica, Canhoto, se não inaugurou o sistema,<br />

por certo foi um dos pioneiros a se utilizar desta técnica. Não é conhecida a data exata<br />

das gravações, mas <strong>Jacomino</strong> lança, entre outros, os seguintes discos: Marcha dos<br />

Marinheiros, A Menina do Sorriso Triste (fox-tango), Reminiscências (valsa) e<br />

Alvorada de Estrelas (gavota).<br />

II.6 - O Concurso O QUE É NOSSO - 1927<br />

A partir de janeiro de 1927 a imprensa do Rio de Janeiro noticia um concurso<br />

musical no qual concorrerão alguns dos maiores nomes do cenário artístico brasileiro,<br />

com o patrocínio do jornal Correio da Manhã. O nome do concurso é, muito<br />

apropriadamente, O Que é Nosso, com realização prevista para os dias 19 e 20<br />

fevereiro.<br />

Em 15 de fevereiro ocorre o sorteio para a apresentação dos concorrentes. Na<br />

prova de violão é estabelecida a seguinte ordem: 1) Américo <strong>Jacomino</strong>; 2) Manoel de<br />

Lima; 3) Ivonne Rebello. As provas ocorrerão em 19 de fevereiro, sábado, no Teatro<br />

Lírico à 1 hora da tarde. O patrono do prêmio será João Pernambuco.<br />

Na capa do Correio da Manhã de 18 de fevereiro aparece, em foto de destaque,<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> e Adalbrum Pinto, funcionário do jornal. A nota 72 :<br />

“Vindo de São Paulo especialmente para tomar parte nas provas de violão do<br />

concurso promovido por esta folha chegou ontem de manhã o brilhante violonista<br />

72 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 1927, p. 05.


Américo <strong>Jacomino</strong>. Na gare Pedro II foi recebê-lo pelo Correio da Manhã nosso<br />

companheiro Adalbrum Pinto”.<br />

Sobre o julgamento é publicada a seguinte nota 73 :<br />

“O julgamento público será feito por aclamação, mediante a fiscalização de uma<br />

comissão de arbitramento, presidida pelo diretor-geral do concurso, podendo ser o<br />

resultado anunciado imediatamente após a terminação de cada série de provas ou no<br />

prazo máximo de 48 horas, com o respectivo parecer. Os números só serão bisados por<br />

ordem do diretor-geral.<br />

“As provas no Teatro Lírico serão presididas pelos srs. Dr. João Itiberê da<br />

Cunha, crítico musical do Correio da Manhã; o festejado barítono Patrício Corbiniano<br />

Villaça; e dr. Homero Álvares. A comissão dirá sobre a capacidade dos concorrentes”.<br />

No dia seguinte ao concurso, 20 de fevereiro, o jornal Correio da Manhã publica<br />

matéria sobre a apresentação 74 :<br />

“O Prestígio do Violão.<br />

“Mas o Pinto vem em seguida dar uma novidade, que alenta a alma da platéia,<br />

entregando-a a novo frenesi.<br />

“Vai entrar na exibição dos violões.<br />

“É um outro momento sério do programa, que vai ser aberto pelo inigualável<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> (Canhoto), vindo de São Paulo, na véspera, especialmente para esta<br />

prova, em homenagem ao Correio da Manhã.<br />

“E o anunciador reclama o máximo silêncio. A sala aplaude frenética, enquanto<br />

entra em palco a figura simpática de <strong>Jacomino</strong>. E este se prepara para os primeiros<br />

acordes, num assédio de rara curiosidade. Canhoto, a maneira de pegar o violão é ainda<br />

mais eloqüente de atração.<br />

“<strong>Jacomino</strong> se impõe logo à platéia com o seu domínio absoluto das cordas do<br />

violão, que se transforma em tudo ao contato de seu dedo. Começa pelo Abismo de<br />

Rosas, uma valsa esquisitíssima sua, atraente de novidades harmônicas. Depois com o<br />

mesmo prestígio, faz o violeir (sic) paulista, cantando às cordas do violão – Viola,<br />

Minha Viola. <strong>Jacomino</strong> agrada e provoca risos, com os seus diálogos nas cordas, em<br />

73 Idem, ibidem.<br />

74 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 1927, p. 03.


aras proezas de malabarismo musical. A platéia consagra-o, como já havia feito com<br />

Calheiros.<br />

“E, a este sucede-se Manoel de Lima, o ceguinho, a quem Pinto anuncia como ‘o<br />

poeta do violão’. A entrada do ceguinho, que em cena, guiado pelo Pinto, cria um<br />

ambiente de ansiedade, dramática, logo transformada em rara admiração. O ceguinho<br />

toca com o violão deitado sobre a perna, à maneira de pequena harpa. E a sua música<br />

sai toda tecida de uma fina espiritualidade. A platéia reconhece no ceguinho,<br />

finalmente, o doce poeta do violão.<br />

“Por fim, é um violão mimoso que se faz ouvir.<br />

“É a menina Ivone Rebello, de cerca de 10 anos. Mal acaba de chegar. A sua<br />

execução era graciosa e fina. Sucedia aos dois com vitoriosa galhardia infantil”.<br />

Sobre Manoel de Lima não encontramos maiores informações. Ivonne Rebello<br />

já era conhecida no meio violonístico carioca por ser filha de José Rebello da Silva,<br />

apelidado de José Cavaquinho, um dos pioneiros no ensino do violão erudito no Rio de<br />

Janeiro. A revista O Violão de dezembro de 1928 escreve sobre a violonista 75 : “Ivone<br />

Rebello é um nome consagrado no meio violonístico carioca. A sua educação artística<br />

corre à corte de seu pai, o hábil violonista José Rebello. O desembaraço com que Ivone<br />

interpreta peças clássicas de responsabilidade faz prever para muito breve a consagração<br />

definitiva e justa da pequenina e talentosa violonista”.<br />

No dia 22 de fevereiro, o Correio da Manhã publica finalmente a matéria com o<br />

resultado do concurso 76 :<br />

“Dos três concorrentes que se apresentaram apenas Ivonne Rebello solou em<br />

violão de cordas 1.ª, 2.ª, e 3.ª de tripa, em posição clássica, executando das peças<br />

exigidas o Capricho Árabe, de Tárrega. Em se tratando, porém, de um concurso de<br />

caráter puramente brasileiro, não seria lícito deixar de ter em conta o que é nosso.<br />

Orientando, pois, seu julgamento, segundo a maneira de tocar e o estilo de cada<br />

concorrente, a comissão técnica que, por delegação do diretor-geral do concurso<br />

presidiu as provas, resolveu apreciá-los separadamente. Aos prêmios instituídos pelo<br />

Correio da Manhã foi dado, a cada deles, o nome de um patrono, entre os intérpretes<br />

consagrados do violão. O critério adotado na escolha dos patronos foi inspirado<br />

justamente na seleção dos estilos para o caso da classificação dos concorrentes. Assim,<br />

75 O VIOLÃO. Rio de Janeiro, ano 1, 1928, p. 13.<br />

76 Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 27 de fevereiro de 1927, p. 05.


pois, os srs. Dr. João Itiberê da Cunha, Corbiniano Villaça e dr. Homero Álvares<br />

resolveram conferir:<br />

“O Prêmio João Pernambuco ao sr. Américo <strong>Jacomino</strong> (Canhoto), porque<br />

satisfazendo o programa, em peças nacionais de sua composição, destacadamente o<br />

arranjo intitulado Viola, Minha Viola, fez-o (sic) com brilhantismo;<br />

“O Prêmio Joaquim dos Santos à menina Ivone Rebello, pela perfeição técnica<br />

que demonstrou além da circunstância de haver executado um dos clássicos do violão,<br />

fazendo juz aos louvores da comissão e do público que a aplaudiu;<br />

“O Prêmio Levino Conceição, ao sr. Manoel de Lima, artista de excepcional<br />

inspiração, cego como o patrono do prêmio, cujo mérito está consagrado e não permite<br />

confrontos”.<br />

Analisando hoje, vemos que o primeiro concurso de violão do Brasil foi um<br />

evento sui generis, com três violonistas distintos e fora do âmbito de qualquer outro tipo<br />

de concurso. Havia uma peça de confronto que apenas Ivone Rebello tocou (no caso, o<br />

Capricho Árabe, de Tárrega), mas ela era apenas uma menina, não teria talvez maior<br />

atração em premia-la em primeiro lugar, além de que poderia ter faltado maior<br />

maturidade em sua interpretação, o que só seria possível saber se a violonista tivesse<br />

deixado algum registro de sua arte musical. Manoel de Lima tocou com o violão<br />

deitado nas pernas, o que também fugiria aos padrões do violão clássico estabelecidos<br />

até então, além do fato de ele não ter tocado a peça de confronto. Américo <strong>Jacomino</strong> já<br />

tinha sua fama estabelecida, a única explicação para ele participar do concurso seria<br />

uma premiação em dinheiro que ele porventura estivesse precisando ou uma indicação<br />

de alguém por saber que ele não tinha concorrentes. Um fato interessante é saber que os<br />

dois violonistas tocaram com cordas de aço. A própria participação de Manoel de Lima<br />

faz crer que o violonista cego participou porque estava de passagem pelo Rio de Janeiro<br />

integrando o grupo pernambucano de música regional Turunas da Mauricéia, que<br />

possuía também Augusto Calheiros como cantor, Atilio Grany na flauta e Luperce<br />

Miranda no bandolim. E Ivone Rebello talvez fosse o maior trunfo dos cariocas por ser<br />

filha de um conhecido professor de violão da cidade, amigo de um dos jurados, o<br />

violonista amador Homero Álvares, que nos três números iniciais da revista O Violão<br />

publicaria artigos sobre a “Escola” de Tárrega. A decisão dos jurados acabou sendo<br />

plausível, tendo em vista que dedicou prêmios adequados a cada concorrente. O<br />

principal, Prêmio João Pernambuco, foi dado a Canhoto. Aliás, é provável que Canhoto


conhecesse pessoalmente o patrono de seu prêmio, uma vez que ele se apresentara por<br />

diversas vezes em São Paulo, tanto como integrante do Grupo de Caxangá como dos<br />

Oito Batutas. O prêmio de Manoel de Lima teve como patrono outro violonista carioca,<br />

o também cego Levino Albano da Conceição, que estudara no Instituto Benjamin<br />

Constant, adquirindo fama crescente em todo o país. Quanto a Ivonne Rebello coube-<br />

lhe o prêmio Joaquim dos Santos, músico mais conhecido como Quincas Laranjeiras,<br />

um dos pilares do violão erudito no Rio de Janeiro, o que explicaria a premiação.<br />

Na falta de concorrentes de sua categoria, Américo acaba por ser conhecido<br />

como aquele que venceu o concurso sozinho, imagem explorada pelo próprio jornal<br />

Correio da Manhã quando das notícias de seu falecimento em 1928. O fato lhe valeria<br />

a alcunha de “O Rei do Violão Brasileiro”.<br />

Cumpre assinalar que o júri pôde escutar a valsa Abismo de Rosas, que tanto<br />

sucesso faria nas décadas seguintes, além da Marcha Triunfal Brasileira e Viola, Minha<br />

Viola, talvez as duas obras de maior efeito musical compostas pelo violonista.<br />

Passado o Concurso, <strong>Jacomino</strong> entra no estúdio para gravar novamente, desta<br />

vez pelo sistema elétrico de gravação, o que preservaria de modo fiel a maneira como<br />

Canhoto interpretava ao violão. Pelas gravações que o violonista faz nesta época, é<br />

justo dizer que <strong>Jacomino</strong> atravessava a melhor fase de sua carreira. Todas as gravações<br />

elétricas demonstram um alto nível de aprimoramento técnico-musical, muito por conta<br />

das regravações de antigos sucessos como Abismo de Rosas, Marcha Triunfal<br />

Brasileira e Arrependida. E pela gravação da peça Viola, Minha Viola, que tanto<br />

agradou o público do concurso, em que o violonista utiliza efeitos inusitados para a<br />

descrição de uma cena de vida sertaneja, como rasqueados à maneira da viola caipira e<br />

um curioso efeito tocado na região da boca do violão, soando como uma fala de<br />

caboclo, efeito único no repertório violonístico brasileiro até hoje, não é difícil perceber<br />

o porquê de ele ter ganho o prêmio principal. As gravações elétricas também favorecem<br />

uma avaliação de como era o violonista na época de O Que é Nosso. Abismo de Rosas e<br />

Marcha Triunfal Brasileira mostram aspectos relevantes da técnica alcançada pelo<br />

músico. A Marcha demonstra, por exemplo, o violão soando com efeitos de caixa-clara,<br />

flautins e trombones, lembrando a formação de uma banda marcial completa. Naquele<br />

fevereiro de 1927, aproveitando a estada no Rio de Janeiro, Canhoto se apresenta ainda<br />

no Rádio Club do Brasil no dia 24.<br />

A outra série de gravações conta com Roque Ricciardi para Berço e<br />

Túmulo, Choça do Monte e Aracy. São desta época as lembranças do amigo em relação


às primeiras anormalidades na saúde do violonista, que reclama de falta de ar, sendo<br />

medicado pelo então jovem estudante de medicina Joubert de Carvalho. Sobre estas que<br />

serão as últimas gravações, Paraguaçu assim contou 77 :<br />

“A última gravação que ele fez, já na gravação elétrica em 1927 – que nós<br />

viemos de São Paulo para inaugurar a gravação elétrica aqui no Rio – eu tinha musicado<br />

uns versos de Casimiro de Abreu, Berço e Túmulo. Então eu gravei o primeiro disco<br />

elétrico, com essa música numa faixa e outra de Catullo na outra, A Choça do Monte.<br />

(...) O Canhoto falou ‘Arruma outro nome pra música !’ mas eu disse que era poesia do<br />

Casimiro de Abreu e não podia. Parecia que ele previa a própria morte. Sentiu-se mal<br />

este dia, daí o dia seguinte fomos ao Joubert de Carvalho, que fez um exame e constatou<br />

aorta viratada”.<br />

No dia 8 de maio de 1927 ocorre no Teatro Municipal de São Paulo a “Noite<br />

Brasileira”, organizada por Américo <strong>Jacomino</strong>. Assim escreve o jornal O Estado de<br />

São Paulo 78 :<br />

“Logrou grande sucesso a ‘Noite Brasileira’, organizada pelo artista brasileiro sr.<br />

Américo <strong>Jacomino</strong>, o ‘Canhoto’, com o patrocínio da Liga das Senhoras Católicas e<br />

com o concurso dos srs. Arnaldo Pescuma, Roque Ricciardi e o grupo dos ‘Turunas<br />

Paulistas’.<br />

“Iniciou o festival o sr. Dr. Plínio de Castro Ferraz, com uma interessante<br />

conferência sobre os nossos sertões e a nossa gente chã que os habita e os trabalha.<br />

“O grupo dos ‘Turunas Paulistas’ executou agradáveis modinhas, choros,<br />

sambas e emboladas. Os violões, reco-recos, cavaquinhos e maracaxás emprestaram um<br />

cunho forte de regionalismo àquela ‘Noite Brasileira’, que foi brilhantemente encerrada<br />

pelos números executados pelo ‘Canhoto’”.<br />

O sucesso desta apresentação no Teatro Municipal faz o espetáculo ser<br />

reapresentado em 20, 21 e 22 de maio, no Teatro Boa Vista. Para estas apresentações<br />

tomam parte, além de Canhoto, Arnaldo Pescuma e Roque Ricciardi; os músicos que<br />

formavam os Turunas Paulistas: Manuel dos Santos, em emboladas e sambas;<br />

77 Entrevista ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 1974.<br />

78 Noite Brasileira. O Estado de S. Paulo, ano 53, n.º 17601, coluna A Sociedade, 10 de maio de 1927, p.<br />

04.


Alexandre Carrara, flautista; Francisco Lima, saxofone; José Sampaio, violão; Mário<br />

Ramos e José dos Santos, cavaquinho; Cavalheiro Mulato, pandeiro; Domingos Marino,<br />

maracaxá e Mario Alvarenga, reco-reco. A cada dia o evento apresenta uma<br />

programação diferenciada, sendo que Canhoto apresenta as seguintes músicas em solos<br />

de violão:<br />

Viola Mimosa.<br />

Primeiro dia: Marcha Triunfal Brasileira, Abismo de Rosas, Reminiscências e<br />

Segundo Dia: Em Pleno Mar, Feiticeiro, Fluminense e Viola, Minha Viola.<br />

Terceiro e último dia: Marcha dos Marinheiros, Foi-se embora Maria,<br />

Brasileiro e Viola, Minha Viola.<br />

Canhoto e os Turunas Paulistas começam em seguida uma série de noitadas no<br />

Cine Teatro Roma. O nome do violonista volta a aparecer em programas de rádio, sem<br />

especificações de que Américo <strong>Jacomino</strong> tenha ido ao estúdio tocar, mas sim que os<br />

programas incluem suas interpretações através de novas gravações em disco. As<br />

principais são Olhos Feiticeiros, Reminiscências, Marcha dos Marinheiros, Sonsa, Por<br />

Que Tu Vuelves a Mi?, Feiticeiro, Viola, Minha Viola e Abismo de Rosas.<br />

Apresentações em público ocorrerão ainda em 4, 7, 18, 25 e 27 de outubro, com violão e<br />

cavaquinho, no mesmo programa, alternados com Roque Ricciardi.<br />

Canhoto recebe finalmente a notícia de que é nomeado lançador de impostos da<br />

prefeitura, o que causa protestos de algumas pessoas pelo apadrinhamento político, já<br />

que <strong>Jacomino</strong> fora ajudado pelas boas relações que possuía com importantes<br />

personalidades da época, além do fato de ser genro de uma pessoa politicamente<br />

bastante influente.<br />

Em 15 de novembro de 1927, por ocasião da Proclamação da República,<br />

Canhoto aparece no Cine-Teatro Central para um recital com novas composições. Será<br />

a última apresentação do violonista neste ano, e também a última de <strong>Jacomino</strong><br />

anunciado no jornal O Estado de São Paulo até 1928.<br />

Já em 1928, em 3 de janeiro, Américo <strong>Jacomino</strong> se apresenta na Sociedade<br />

Rádio Educadora Paulista em programa de música regional, o mesmo ocorrendo em 8<br />

de fevereiro.<br />

Em março, <strong>Jacomino</strong> realiza definitivamente sua última sessão de gravações<br />

solo, entre os dias 13 e 16, pela Odeon, série 10000, série que abriga as gravações


ealizadas entre julho de 1927 e maio de 1933. Os registros de Canhoto receberão os<br />

números 10164 e 10165, correspondendo respectivamente às músicas Amor de<br />

Argentina (milonga) e Arrependida (Valsa lenta), e Os Teus Olhos (canção) e<br />

Pensamento (valsa). Ambos os discos são lançados no mês de maio. No mês anterior,<br />

entre 7 e 15 de abril, Américo <strong>Jacomino</strong> se apresenta novamente em sarau beneficente,<br />

desta vez denominado Semana Festiva. O violonista acompanha a cantora Nené Moura<br />

Azevedo em Canções Brasileiras. No Conservatório Dramático e Musical, José<br />

Sampaio Formozinho e João Batista Ferraz organizam um recital no dia 29 de abril “em<br />

benefício de um amigo enfermo”, em que tomam parte apenas funcionários municipais.<br />

Canhoto apresenta-se como D. da Receita (sic). É bastante provável que o “amigo<br />

enfermo” fosse mesmo Américo <strong>Jacomino</strong>, que começa a desmarcar alguns recitais sem<br />

maiores explicações. É a última notícia do violonista no jornal O Estado de São Paulo<br />

antes de sua morte.<br />

Em 6 de junho de 1928 o violonista assim escreve a seu amigo Antonio de<br />

Barros Leite 79 :<br />

“São Paulo, 6 de junho de 928.<br />

“Bom e saudoso Amigo Barros<br />

“Saúde<br />

“Recebi há dias sua prezadíssima carta e fiquei muito contente em saber notícias<br />

suas e de sua Exma Família. Deves estar bem sentido comigo, não? Eu não tenho te<br />

escrito mais tempo por não saber de seu novo endereço mas enfim a nossa amizade está<br />

acima disso tudo.<br />

“Você não pode calcular o quanto tenho trabalhado no meu emprego você<br />

compreende de violões para lançador, é um caso sério não é verdade? Mas graças ao<br />

bom Deus já estou mais ou menos prático do cargo o meu violão está sempre na<br />

atividade todas as noites faço o meu exercício de uma a 2 horas e se tivesse mais tempo<br />

mais horas exercitaria. Fiz há cerca de um mês uma nova gravação de discos. Gravei<br />

12 musicas novas estive no Rio de Janeiro um mês. Você quando for em (sic) São<br />

Carlos procure esses novos discos. São os seguintes:<br />

“Arrependida (valsa); Amor de Argentina (tango argentino); Pensamento<br />

(capricho), um solo do melhor que tenho; Delirios (valsa) e outras que na ocasião<br />

encontrarás.<br />

79 Carta em posse do filho de Antônio Barros Leite.


“Quanto ao convite que me fazes para ir aí sinto imensamente não poder aceitá-<br />

lo pois ainda não tenho direito à licença só depois de um ano é que temos direito a 10<br />

dias e como faltam só 2 meses para completar um ano, acho melhor então esperar mais<br />

um pouco e assim irei passar uns 8 dias com o bom amigo e tocaremos violão até dizer<br />

chega o meu endereço e cartão que vão junto.<br />

“Sem mais outro abraço do amigo que sempre o considera.<br />

“Recomendações minhas e de Mariquinha a D. Rosa.<br />

“Américo <strong>Jacomino</strong><br />

“Venha passear um dia em São Paulo e me avise que te espero”.<br />

Pela carta pode-se saber a data exata em que o violonista assume o cargo de<br />

lançador da Prefeitura: agosto de 1927.<br />

Em 9 de julho de 1928, dois meses antes de falecer, Américo <strong>Jacomino</strong>, em nova<br />

carta a Antônio de Barros, escreve sobre seu atual estágio de saúde:<br />

“Prezado e bom amigo Barros<br />

“Saúde<br />

“Com grande prazer recebi o meu belo presente de 6 bons frangos e muito<br />

satisfeitos ficamos pois não podia ver presente melhor mais uma vez muito grato.<br />

“Quanto a minha ida para aí sinto não poder ser já devido me achar em<br />

tratamento e o médico aconselhou-me para não fazer excesso de forma alguma por isso<br />

eu acho que devo fazer o que diz o médico e logo que me sentir melhor eu te escrevo e<br />

marcando o dia de minha ida para aí.<br />

“Sem mais aceite juntamente com D. Rosa nossos agradecimentos e<br />

recomendações.<br />

prazer”.<br />

“Recomendações ao seu mano e um abraço do Amigo grato.<br />

“Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto.<br />

“Quanto à vinda de você e D. Rosa aqui em casa estamos esperando com muito<br />

Com o estado de saúde agravado, em São Paulo <strong>Jacomino</strong> é atendido pelo doutor<br />

Celestino Borroul, que o aconselha a procurar o doutor Miguel Couto no Rio de Janeiro,<br />

o que faz <strong>Jacomino</strong> quando volta à cidade para uma nova série de gravações. Para isso<br />

vai de carro, numa tortuosa viagem que dura três dias, ao lado da esposa e do irmão


Amadeu. Ao passar mal <strong>Jacomino</strong> regressa rapidamente a São Paulo, onde uma<br />

ambulância do Instituto Paulista o espera na estação de trem. Será atendido desta vez<br />

pelo Dr. José Rubião Meira.<br />

A 7 de setembro, uma sexta-feira, Américo <strong>Jacomino</strong> falece de insuficiência<br />

aórtica em São Paulo no Hospital Santa Catarina, na Avenida Paulista, às 17 horas e 30<br />

minutos. O atestado de óbito é assinado pelo doutor Alcides Ribeiro de Abreu. Ainda<br />

de acordo com o registro, <strong>Jacomino</strong> falece aos 38 anos de idade. Entre muitas notícias<br />

de seu falecimento, assim se manifesta o Correio da Manhã do Rio de Janeiro 80 , no qual<br />

há um trecho de leitura impossível devido ao fato de o jornal estar rasgado:<br />

Paulo.<br />

“Morreu o ‘Rei do Violão’. <strong>Jacomino</strong>, o ‘Canhoto’, finou-se anteontem em São<br />

“A música regional acaba de perder um de seus elementos mais brilhantes.<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> – ‘Canhoto’ – primeiro prêmio do nosso concurso ‘O Que é Nosso’,<br />

o popular ‘Canhoto’, que todos tanto apreciaram e admiraram através da suavidade de<br />

sua melodia encantadora, finou-se em São Paulo.<br />

“A morte de Américo <strong>Jacomino</strong>, que ainda há pouco estivera no Rio, não é uma<br />

dessas mortes que se perca no simples registro do noticiário fúnebre. Cantor de nossa<br />

terra, compositor, como poucos, da música regional cheia de graça e beleza, o autor de<br />

Abismo de Rosas foi um desses musicistas que mais se salientaram no cotejo de seus<br />

companheiros. Mestre do violão, compositor de um sem número de músicas que, hoje,<br />

se espalham pelo país inteiro, ‘Canhoto’ [...] aquele que melhor fazia tanger uma corda,<br />

vibrando em sua amplitude a própria alma que ele parecia depositar na nota melancólica<br />

e sentida.<br />

“Melhor elogio não se pode fazer de Américo <strong>Jacomino</strong> que o lembrar a sua<br />

participação admirável no concurso de músicas regionais, organizado por esta folha,<br />

concorrendo ao grande certame de então e competindo com inúmeros adversários de<br />

vários Estados da União, todos, cheios de prestígio, ‘Canhoto’ logrou empolgar um júri<br />

severíssimo e fazer-se coroar o ‘Rei do Violão’. Se sua fama já vazava os limites de sua<br />

modéstia e irradiava por todo o Brasil, essa época marcou, então, sua consagração.<br />

Hoje, no Rio, nos Estados, no bulício das cidades ou na tranqüilidade encantadora do<br />

sertão, não há quem não lhe saiba o nome.<br />

80 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 9 de setembro de 1928, p. 06.


“Popular, querido pelo seu mérito, ‘Canhoto’ teve uma morte cheia de<br />

repercussão e sentimento. Por isso é que, fazendo esse registro à parte, quisemos<br />

salientar o fato, um acontecimento de mágoa, para todos e de dor para a música<br />

regional”.<br />

O coche fúnebre sai às 16 horas de sua residência, rua 13 de Maio, n.º 156, em<br />

direção ao cemitério do Araçá, onde é sepultado o violonista.<br />

No mês de outubro de 1928 as lojas começam a vender o último disco de<br />

<strong>Jacomino</strong>, com as músicas Mexicana (valsa) e Uma Noite na Roça (cateretê), ambas<br />

gravadas naquele 14 de março.


Capítulo III – Panorama do violão em São Paulo: 1904 –<br />

1928<br />

III.1 – Os violonistas nas salas de concerto: Canhoto, Barrios, Robledo e outros.


Após os primeiros registros em disco de Américo <strong>Jacomino</strong>, na primeira etapa<br />

da carreira artística de <strong>Jacomino</strong>, a partir de finais de 1915, os jornais começam a<br />

noticiar seus recitais. O repertório do violonista é bastante extenso, sendo que várias<br />

composições que Canhoto gravou em disco não foram tocadas em público (caso de<br />

Quando os Corações se Querem), da mesma forma que outras peças executadas em<br />

concerto não foram gravadas em disco (caso de Magia de Olhar e Tango da Agarra).<br />

Após 5 de março de 1925, o maior número de apresentações de <strong>Jacomino</strong> se dá<br />

no rádio - o então emergente meio de comunicação -, mais especificamente na<br />

Sociedade Rádio Educadora Paulista. As notícias de que o violonista teria inaugurado<br />

esta rádio são incertas, já que, por artigos do jornal O Estado de São Paulo, vê-se que o<br />

violonista foi um dos primeiros a tocar na rádio, mas não há maiores detalhes sobre o<br />

assunto (vide capítulo II).<br />

Entre os locais em que o violonista mais se apresentou em toda sua carreira estão<br />

(sem incluir as temporadas):<br />

Conservatório Dramático e Musical de São Paulo: 14 vezes<br />

Teatro São Pedro: 6 vezes<br />

Teatro Avenida: 4 vezes<br />

Teatro Boa Vista: 4 vezes<br />

Teatro São Paulo: 4 vezes<br />

Além destes, <strong>Jacomino</strong> apresentou-se em praticamente todos os palcos principais<br />

da cidade de São Paulo, incluindo o Municipal (duas vezes), Teatro Colombo e Teatro<br />

Santana, somando-se ao todo mais de trinta e cinco palcos. São várias também as<br />

informações sobre turnês pelo interior do Estado de São Paulo, em cidades como<br />

Descalvado, Campinas, Santos, Itu, Amparo, Bauru e Jaú, além de outros Estados como<br />

Rio de Janeiro.<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> esteve tão presente nos noticiários que por várias vezes o<br />

jornal O Estado de São Paulo colocou uma coluna intitulada “Notícias do Canhoto”.<br />

As informações de outros violonistas são em número muito menor (vide capítulos I e<br />

II).<br />

No primeiro capítulo reunimos notícias sobre violonistas atuantes na cidade de<br />

São Paulo, seus repertórios e locais de atuação, com o intuito de apontarmos o<br />

surgimento do nome de Américo <strong>Jacomino</strong>. Tabulando as datas de atuação,


compositores executados, seus intérpretes e locais onde tocavam, é possível esboçar um<br />

panorama do instrumento na metrópole, que se desenvolvia rapidamente.<br />

A análise dos resultados obtidos (vide anexo I) levará em conta datas que<br />

estabelecemos na cronologia da vida e obra de <strong>Jacomino</strong>: ele nasce em 1889 e grava<br />

Belo Horizonte para violão solo, peça de sua autoria, em 1912; a primeira audição do<br />

violonista, noticiada pelos jornais, dá-se em 1915, e ele permanece atuante na cidade até<br />

1922, quando se muda para São Carlos após seu casamento; em 1925 ele volta para a<br />

capital, onde permanece até a morte, em 1928.<br />

Primeiro momento: 1889 a 1912<br />

É de 1904 a primeira notícia de recital de um violonista, F. P. Catton, a<br />

apresentar-se no Club Germânia, sem indicação de repertório, no entanto. Mas durante<br />

esta primeira década do século vinte, até 1911, Gil Orosco e Manuel Gomes, além do<br />

Tercetto Espanhol e da dupla Gil Orosco/Alberto Baltar, apresentam-se no Salão<br />

Steinway, nome de uma das salas do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e<br />

no Centro Espanhol. Aliás, neste segundo espaço só Manuel Gomes se apresenta. O<br />

repertório traz, como compositores da literatura do violão erudito, o nome de Francisco<br />

Tárrega e o de Julian Arcas, principalmente. O restante do repertório inclui transcrições<br />

de Chopin, Meyerbeer e Verdi, além de peças originais dos próprios violonistas que<br />

tocaram (caso de Orozco e de Manuel Gomes).<br />

Segundo momento: 1914 a 1922<br />

O segundo momento contempla os recitais de Francisco Pistoresi, que realiza<br />

alguns recitais ao violão apresentando seu invento, o diamenofone, uma espécie de<br />

amplificador. Todo o repertório deste violonista era composto de transcrições de obras<br />

de autores célebres como Wagner e Boccherini, com exceção de uma gavota de Mauro<br />

Giuliani, obra original para violão.<br />

Em 1916, com a estréia de Américo <strong>Jacomino</strong> em São Paulo, o movimento<br />

violonístico toma um impulso jamais visto até então. O repertório de concerto deste<br />

violonista durante o ano é composto exclusivamente de obras de sua autoria. Nos anos<br />

subseqüentes, até 1922, o violonista apresentaria peças de autores como Levino Albano<br />

da Conceição (Tarantella) e Frontini (Serenata Árabe).


Em 1917 ocorrem as estréias de Agustín Barrios e Josefina Robledo na capital<br />

paulista. O repertório de Barrios é variado, com muitas obras de sua autoria, peças de<br />

compositores paraguaios, como Garcia Tolsa e Alberto Baltar, e transcrições de autores<br />

como Beethoven, Chopin e Mendelssohn. Como peças originais Barrios interpreta<br />

Tárrega, Giuliani, Aguado, Coste e Regondi. Josefina Robledo não é compositora e,<br />

por sua vez, interpreta como peças originais apenas as de seu professor Francisco<br />

Tárrega e de seu colega Emílio Pujol. Todo o restante do repertório é composto de<br />

transcrições de autores espanhóis como Isaac Albeniz e Enrique Granados, além de<br />

compositores consagrados como Bach, Chopin e Paganini. Um terceiro nome se<br />

apresenta para o público paulista, o de Benedito S. Capello, que interpreta os mesmos<br />

autores que os demais e, a exemplo de Josefina Robledo, inclui uma obra de Emílio<br />

Pujol (Canção do Berço). Uma exceção ao padrão de autores escolhidos é a inclusão,<br />

em 1919, da transcrição de duas peças (gavota e minueto) da ópera O Contratador de<br />

Diamantes de Francisco Braga, transcrições estas que estão perdidas. Esta composição,<br />

juntamente com a Fantasia sobre O Guarani, de Carlos Gomes, transcrição a cargo de<br />

Américo <strong>Jacomino</strong>, são as duas únicas obras de compositores eruditos brasileiros<br />

executados no período.<br />

As salas escolhidas para os recitais se diversificam e o público pode, então,<br />

freqüentar o Salão do Correio Paulistano, Teatro Municipal de São Paulo, Salão do<br />

Automóvel Clube, Pavilhão Central, Teatro São Pedro e o Salão da revista A Cigarra,<br />

embora a mais requisitada seja a sala do Conservatório Dramático e Musical de São<br />

Paulo.<br />

Terceiro momento: 1923 a 1928<br />

Este último momento, que, como dissemos, compreende a volta de Canhoto para<br />

a capital até a sua morte, ainda traz apresentações de Josefina Robledo seguindo o<br />

mesmo padrão apontado. Américo <strong>Jacomino</strong> continua interpretando peças de sua<br />

autoria, além de peças originais de outros autores como Julian Sagreras (Uma Lágrima),<br />

João Pernambuco (Randon) e transcrições de Mendelssohn (3.º Prelúdio) e Verdi<br />

(Miserere da ópera O Trovador).<br />

Novos violonistas vão surgindo. João Avelino de Camargo, que formaria o<br />

primeiro trio de violões brasileiro de que se tem notícia, o trio Os Três Sustenidos,<br />

começa a se apresentar em recitais com obras de sua autoria. Domingos Silva aparece


interpretando peças próprias e composições do repertório de outros violonistas, como<br />

obras de Verdi (Miserere), Carlos Gomes (O Guarani) e Levino Albano da Conceição<br />

(Tarantella). Alfredo Pistoresi (filho de Francisco) inicia seus recitais com obras de<br />

Tárrega e Chopin, nitidamente inspirado em Josefina Robledo. Esta violonista possui<br />

como aluno em São Paulo Osvaldo Soares, que em 1925 realiza seus primeiros recitais,<br />

interpretando obras de compositores como Schumann, Albeniz, Tárrega e Pujol, entre<br />

outros, a exemplo de sua professora.<br />

Em 1925 e 1926 o paraguaio Pablo Escobar apresenta-se com um repertório<br />

variado, destacando-se peças de conterrâneos como Barrios e Garcia Tolsa, além de<br />

Tárrega, Sinópoli e peças de sua própria autoria. Canhoto, ao voltar à capital paulista,<br />

começa a demonstrar suas preferências quanto ao repertório, sendo várias as vezes em<br />

que o violonista interpreta a Marcha Triunfal Brasileira, Abismo de Rosas e Viola,<br />

Minha Viola, justamente as obras que interpretaria no concurso O Que é Nosso, no Rio<br />

de Janeiro.<br />

Entre novos nomes que aparecem a partir de 1926 estão Larosa Sobrinho, Luiz<br />

Buono, José Navarro, Benedito Chaves, Pedro J. Moraes, Leopoldo Silva Hugo<br />

Banzatto, Totó, J. Sebastião Lima e Pedro Cavalheiro, que contemplam em boa parte de<br />

seus repertórios, obras de suas autorias. A exceção fica a cargo de Juan Rodrigues, que<br />

amplia o repertório, incluindo originais de Fernando Sor e transcrições de Porcel, além<br />

de peças de sua própria autoria.<br />

Com relação às salas de concerto mais requisitadas neste terceiro momento, os<br />

teatros que acolhem as apresentações de violonistas são o salão do Conservatório<br />

Dramático e Musical de São Paulo, o Teatro Municipal, a União Católica Santo<br />

Agostinho, Associação dos ex-alunos Salesianos e o Teatro Boa Vista. A grande<br />

novidade é que na Sociedade Rádio Educadora Paulista começam a ocorrer<br />

apresentações dos vários novos violonistas já citados anteriormente.<br />

Conforme fica demonstrado, este terceiro momento se caracteriza sobretudo pelo<br />

grande número de apresentações de solistas nos palcos de São Paulo, proeminência que<br />

se acentua, se considerarmos que o instrumento também passa a ser muito divulgado<br />

nas rádios que vão surgindo.<br />

III.2 – Os violonistas nos estúdios das gravadoras: Canhoto, Levino Albano,<br />

Rogério Guimarães e outros.


Através de uma listagem com os discos gravados entre 1902 (vide anexo II),<br />

quando se registra o primeiro disco comercial no Brasil, até o final da década de 1920,<br />

quando da morte de Américo <strong>Jacomino</strong>, é possível obter dados expressivos sobre a<br />

atuação dos violonistas neste início do desenvolvimento da arte solística do violão no<br />

Brasil.<br />

A fase mecânica dura aproximadamente de 1902 a 1927, com cerca de 7000<br />

discos, dos quais mais da metade são registrados pela Casa Edson. Fred Figner, o<br />

diretor desta empresa, passa a prensar suas chapas no Brasil em 1913, com a instalação<br />

da Fábrica de Discos Odeon.<br />

A fase da gravação elétrica de 78 RPM no Brasil inaugura-se em julho de 1927,<br />

totalizando 28000 discos, sendo editados de 1927 a 1964, quando o sistema cai em<br />

desuso.<br />

Entre os primeiros registros de violão solo no Brasil há uma gravação do cantor<br />

lírico Mário Pinheiro com a música Petita, de sua própria autoria, gravada em 1910, em<br />

disco de uma face apenas, e há um disco gravado pela Columbia entre 1908 e 1912, de<br />

duas faces, com a gavota Jaci e o batuque Sertanejo, compostas e interpretadas por João<br />

Pernambuco.<br />

Com relação a Canhoto e demais violonistas do período, é provável que<br />

<strong>Jacomino</strong> agradasse por suas composições, pelo repertório e pela qualidade de seu<br />

trabalho, uma vez que foi o violonista que mais discos gravou, como comprova a<br />

Discografia Brasileira em 78 RPM. Até meados de 1940, ou seja, 12 anos após a sua<br />

morte, ele aparece como o nome mais expressivo nas gravadoras:<br />

Américo <strong>Jacomino</strong>: 47 discos com violão, 5 com cavaquinho e 40 com seu grupo.<br />

Mozart Bicalho: 9 discos<br />

Glauco Vianna: 11 discos<br />

Levino Albano da Conceição: 8 discos<br />

João Pernambuco: 10 discos<br />

Rogério Guimarães: 15 discos<br />

José Augusto de Freitas: 4 discos<br />

Benedito Chaves: 7 discos<br />

Henrique Brito: 9 discos<br />

Antônio Giacomino: 2 discos<br />

Trio Os Três Sustenidos: 4 discos


Tal panorama começaria a mudar quando outra geração de violonistas entra no<br />

estúdio para gravar, caso de Aníbal Augusto Sardinha (em 1930), mais conhecido como<br />

Garoto - que foi aluno de Canhoto -, Dilermando Reis (em 1941), Laurindo de Almeida<br />

(em 1938) e o próprio Heitor Villa-Lobos, que gravaria seu Choros n.º 1<br />

comercialmente no dia 25 de abril de 1940, sendo lançado em abril do ano seguinte.<br />

O colecionador Ronoel Simões possui ainda uma gravação do tango argentino Se<br />

Acabaram Los Otários, disco matriz não citado na Discografia Brasileira em 78 RPM.<br />

Uma curiosidade é que o nome da música é o nome do primeiro filme sonoro brasileiro,<br />

do qual participa seu companheiro Roque Ricciardi, o Paraguaçu. O filme foi lançado<br />

comercialmente em 1929, um ano após o falecimento de Américo <strong>Jacomino</strong>, portanto é<br />

provável que, caso a vida lhe tivesse fornecido mais tempo, ele também tivesse<br />

participado do filme.<br />

A Odeon era a que mais gravava o instrumento, seguida da Victor Records,<br />

Favorite Records e Columbia. A Zon-o-Phone teve uma participação expressiva no<br />

início das gravações em 1902, sendo, porém, um caso isolado. Canhoto trabalharia para<br />

duas companhias, a Odeon e a Phoenix, sendo que seu nome sairia também pela<br />

pequena gravadora Gaúcho através de uma gravação do grupo Os Geraldos,<br />

interpretando duas músicas de sua autoria. O nome de Canhoto foi o único que figurou<br />

nos catálogos dessas gravadoras entre 1912 e 1933, cinco anos após sua morte.<br />

Relacionamos, a seguir, as gravadoras para as quais os violonistas trabalharam:<br />

ZON-O-PHONE: Os primeiros discos brasileiros foram os da gravadora Zon-<br />

o-Phone, séries 10000 e x-100 (gravadas no Brasil e fabricadas na Alemanha pela<br />

International Zonophone Co.), respectivamente, de discos de 7 e 10 polegadas de<br />

diâmetro. Como as séries são simultâneas, tanto o 10.001 (Isto é bom) como o x-1001<br />

(Ave Maria) poderiam ser considerados os primeiros discos brasileiros, gravados em<br />

1902 ou, alguns, em 1901. A Zon-o-Phone prensa os discos em duas faces, ao contrário<br />

das demais. Os cantores Bahiano e Cadete registram inúmeros discos acompanhados ao<br />

violão, sendo que a contagem geral dos catálogos desta empresa se aproxima de 200<br />

gravações. Não há nenhum solo de violão registrado pela Zon-o-Phone..<br />

ODEON:


-1.ª Série Brasileira – 40000 (1904/1907): Os discos com acompanhamento de<br />

violão registrados nesta série somam 39. Há, por um lado, várias gravações sem<br />

indicação de acompanhamento. Por outro lado, há indicações mostrando que muitos<br />

foram acompanhados pelo cantor e violonista Mário Pinheiro. Os discos são todos de<br />

duas faces.<br />

-Série 10000 (1907/1913): Nesta série são registrados 17 discos com<br />

acompanhamento de violão, sendo que vários não possuem indicação de<br />

acompanhamento. O cantor Mário Pinheiro novamente acompanha a maior parte das<br />

gravações. Dois grupos possuem violão em sua formação: Grupo da Casa Edson e<br />

Grupo Novo Cordão.<br />

-Série 108000 (1907/1912): Nesta série são registrados 33 discos com<br />

acompanhamento de violão. Bahiano, Cadete e Eduardo das Neves acompanham a<br />

maior parte das gravações.<br />

-Série 70500 (1908/1912): Há várias gravações com Mário Pinheiro. Não se<br />

sabe ao certo se há algum solo de violão, mas o instrumento é utilizado para grande<br />

número de acompanhamentos.<br />

lançados.<br />

-Série 137000 (1912/1914): Esta série teve pouca duração e poucos discos foram<br />

-Série 120000 (1912/1915): Nesta série aparecem os primeiros registros<br />

fonográficos de Américo <strong>Jacomino</strong>, o Canhoto. Este violonista lançou a maior parte das<br />

gravações em solos de violão até a metade do século vinte, fato comprovado pela<br />

listagem de gravações até o período. Há ainda vários discos de Cadete, Bahiano e<br />

Eduardo das Neves.<br />

-Série 121000 (1915/1921): Nesta série são registrados 4 discos com<br />

acompanhamento de flauta, cavaquinho e violão, 4 com flauta e violão, 1 com violão e<br />

piano, 2 com violão e bandolim, 72 com violão e cavaquinho, e 13 com violão.<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> aparece acompanhando o cantor Bahiano em 2 discos. Existem<br />

também vários registros com Canhoto, Eduardo das Neves, Bahiano e Mário Pinheiro,


certificando que, nesta época, o violão era o instrumento que mais acompanhava os<br />

cantores. Mais ou menos 28 grupos que gravaram discos possuíam violão em sua<br />

formação.<br />

-Série 122000 (1921/1926): Há nesta série várias gravações do cantor Bahiano,<br />

sem, contudo, haver uma certeza de quantos são acompanhados de violão. O grupo<br />

Turunas Pernambucanos é formado de 3 violões, 1 cavaquinho e 1 saxofone, e grava 4<br />

discos. Há ainda algumas gravações de Canhoto, Levino Albano da Conceição, entre<br />

outros.<br />

-Série 123000 (dez. 1925/ jul. 1927): Cada face desta série possui uma<br />

numeração distinta. Aqui aparecem várias gravações de João Pernambuco com<br />

acompanhamento de Rogério Guimarães. Há também curiosas gravações de Américo<br />

<strong>Jacomino</strong> tocando cavaquinho e até cantando.<br />

-Série 10000 (julho 27/ maio 33): A importância artística desta série é<br />

incomparável. Há inúmeras gravações com acompanhamento de violão solo ou com<br />

outros instrumentos, com intérpretes como Rogério Guimarães, Mozart Bicalho,<br />

Canhoto e Sainz de la Maza. Vários cantores de importância gravaram nesta série, entre<br />

eles a cantora e violonista Olga Praguer Coelho. Há também gravações de Francisco<br />

Alves tocando violão e sendo acompanhado por Canhoto. Somando-se o número de<br />

acompanhamentos de violão solo ou com outros instrumentos, chega-se a mais ou<br />

menos 70 gravações, considerando ainda o fato de que muitas músicas aparecem sem<br />

indicação de acompanhamento.<br />

-Série 11000 (maio 33/ julho 41): Há mais ou menos 78 músicas com<br />

acompanhamento de violão nesta série, a maioria por Rogério Guimarães. Há duas<br />

curiosas gravações de Ari Barroso tocando piano e sendo acompanhado por Laurindo de<br />

Almeida e Garoto em agosto de 39. O Regional de Laurindo (de Almeida) e Garoto<br />

grava 7 discos. Rogério Guimarães grava 18 discos com acompanhamento de violão<br />

solo, além daqueles com outros instrumentos.<br />

ODONETE: (1.º Semestre de 1927)


Aparecem apenas um dueto de guitarra e violão e um dueto de violão e<br />

cavaquinho.<br />

FAVORITE RECORDS: (1910/1913)<br />

Nesta gravadora aparecem 33 discos com acompanhamento de violão. Os<br />

intérpretes são: Neco, Alberto, Artur Castro, Orestes de Matos, Zeca, Acácio, Pacheco e<br />

Serrano.<br />

VICTOR RECORD: (1908/1912)<br />

A maioria das gravações foi feita com acompanhamento de violão, mais<br />

precisamente 80 registros, sendo grande parte a cargo de Mário Pinheiro. Dois<br />

conjuntos mantinham violão em sua formação: Quarteto Os Sustenidos e o Quarteto<br />

Oriente.<br />

COLUMBIA: (1908/1912)<br />

Há uma gravação de João Guimarães (Pernambuco) tocando violão. A maioria<br />

dos discos desta gravadora – vinte e oito - possuía acompanhamento de violão, muitos<br />

desses discos pelo Belchior da Silveira, “Caramuru”, o principal cantor da Columbia.<br />

Quatro grupos possuíam violão em sua formação nesta série: Grupo Nicanor, Grupo K.<br />

Laranjeira, Grupo Chiquinha Gonzaga e Grupo Lulu o Cavaquinho.<br />

BRASIL: (1911/1914)<br />

Há apenas a informação de um grupo, o Terceto Paulino, formado por violão,<br />

bandolim e bandola.<br />

PHOENIX: (1913/1918)<br />

Há várias gravações do Grupo do Canhoto e dele próprio tocando violão solo.<br />

Há também gravações de vários conjuntos que utilizam o instrumento. São eles:<br />

Caravana de São Francisco, Grupo do Louro, Trio Aurora, Grupo dos Descarados,


Grupo dos Chorosos, Grupo dos Excêntricos, Grupo dos Fiteiros, Grupo Phoenix,<br />

Grupo Diamantino, Grupo Faceiro e Grupo Sulferino.<br />

GAÚCHO: (1912 / Início dos anos 20)<br />

Há apenas uma gravação do conjunto Os Geraldos interpretando uma música de<br />

Américo <strong>Jacomino</strong>.<br />

VICTOR:<br />

- Série 33200 (nov. 29/ dez. 35): Nesta série há inúmeras gravações com<br />

acompanhamento de violão solo ou com outros instrumentos. Os principais violonistas<br />

acompanhadores são Rogério Guimarães, Garoto e Glauco Vianna.<br />

- Série 34000 (dez. 35/ set. 42): Nesta série há diversos discos sem indicação de<br />

instrumento acompanhador. Na maioria das gravações de música sertaneja os cantores<br />

interpretam ao som de viola caipira. O violão está presente como acompanhante em<br />

quase todas as gravações, excetuando-se as com orquestra. A cantora Olga Praguer<br />

Coelho tinha como violonistas acompanhantes Pereira Filho e Luiz Bittencourt, além de<br />

Rogério Guimarães e outros.<br />

COLUMBIA:<br />

- Série 5000 (fev. 29/ jul. 30): Nesta série há vários discos sem indicação de<br />

instrumento acompanhador. O cantor Paraguaçu e a cantora Stefana de Macedo faziam-<br />

se acompanhar por violonistas. Alguns violonistas que aparecem nesta série são:<br />

Benedito Chaves “Guru”, Jararaca (José Luiz Calazans), José Pedroso Camargo, João<br />

Pernambuco, Petit (Hudson Gaia) e José Sampaio. Há também alguns solos com<br />

Benedito Chaves “Guru” interpretando peças eruditas e várias gravações com João<br />

Pernambuco.


- Nas séries 20000 (maio 29 /set. 30), 7000 (ago. 30/ out. 30) e 22000 (jan. 31/<br />

nov. 34) não há solos de violão. Aos poucos os acompanhamentos com o instrumento<br />

vão diminuindo e as orquestras vão ocupando mais espaço nas gravadoras.<br />

- Série 8100 (dez. 34/ out. 38): Há algumas gravações de Aníbal Augusto<br />

Sardinha, o Garoto, tocando guitarra havaiana e violão tenor. Vários discos não<br />

possuem indicação de acompanhamento. Os conjuntos instrumentais acompanham a<br />

maioria dos discos.<br />

- Série 55001 (dez. 38/ out. 43): A importância desta série reside no fato que<br />

Dilermando Reis grava seu primeiro disco, com a música Noite de Lua. Há algumas<br />

poucas gravações com acompanhamento de violão e alguns solos deste instrumento.<br />

PARLOPHON:<br />

- Série 12801 (ago. 28/ago. 29): Há uma gravação de Guido Santórsola tocando<br />

violino. Este iria ser um dos grandes compositores para o violão no século vinte,<br />

criando importantes peças para o repertório de grandes violonistas como Abel Carlevaro<br />

e Sérgio Abreu. Há também algumas gravações de Rogério Guimarães. Muitos discos<br />

não possuem especificação de acompanhamento. Nas notas da Discografia Brasileira<br />

em 78 RPM, editada pela FUNARTE, há uma citação sobre Glauco Vianna: “O<br />

violonista e compositor Glauco Viana era, então, ‘quase uma criança’, segundo<br />

Monoarte. Também muito jovem era o violonista e acompanhante Jaime Florence, um<br />

feliz exemplo de longevidade artística, em atividade até os dias atuais”.<br />

- Série 13000 (ago. 29/ ago. 32): Nesta série, a última da Parlophon, há mais<br />

algumas poucas gravações com violão, com intérpretes como Armando Neves, Tito,<br />

Tute e Luperce Miranda, entre outros. Em uma gravação Garoto aparece com o nome<br />

Aníbal da Cruz. Há também gravações com Glauco Vianna, Carlos Campos, entre<br />

outros.<br />

BRUNSWICK:


- Série 10000 (dez. 29/ fev 31): Há diversos discos em que o acompanhamento<br />

não está especificado. O total soma quatorze. Há gravações do mais antigo trio de<br />

violões brasileiro de que se tem notícia, o trio Os Três Sustenidos, formado por Melinho<br />

de Piracicaba, João Avelino e Teotônio Corrêa, sendo poucos os registros em solos de<br />

violão.<br />

ARTE-PHONE: (SP início dos anos 30): Há apenas duas gravações com violão, uma<br />

delas com Antonio Giacomino, que não possuía parentesco com Américo <strong>Jacomino</strong>.<br />

Capítulo IV - O violonista Américo <strong>Jacomino</strong>: A música, a obra, o professor e seu<br />

instrumento<br />

IV.1 - Aspectos técnico-interpretativos e recursos violonísticos empregados<br />

O principal nome do violão durante finais do século dezenove e inícios do<br />

século vinte foi o espanhol Francisco Tárrega, cuja aluna Josefina Robledo se<br />

apresentou no Brasil durante as décadas de 1910 e 1920 (vide capítulo I), chegando a se<br />

instalar por um breve período em São Paulo e Rio de Janeiro. As peças de Tárrega<br />

eram as que apresentavam os mais variados recursos timbrísticos no instrumento, e pela<br />

coincidência das apresentações de Robledo e Barrios com os primeiros recitais<br />

importantes de Américo <strong>Jacomino</strong>, é provável que o violonista brasileiro tenha neles se<br />

inspirado para utilizar alguns desses recursos. Os exemplos mais utilizados por<br />

<strong>Jacomino</strong> são:<br />

- Pizzicati: apesar de ser um recurso conhecido e utilizado por compositores desde o<br />

período clássico, foi bastante difundido por Tárrega, chegando a apresentar uma nova<br />

forma de executar, tocando com a palma da mão sobre a região da roseta do violão, em<br />

sua Gran Jota Aragonesa, aliás, uma das peças mais tocadas por Josefina Robledo no<br />

Brasil. Américo <strong>Jacomino</strong> apresenta em Viola, Minha Viola um efeito de fala se<br />

utilizando do pizzicato tocado de forma normal (sobre o cavalete), porém com a mão<br />

esquerda (ou direita, no caso de <strong>Jacomino</strong>) tocando na mesma região da roseta do


instrumento, apresentando, desta forma, sons indeterminados. Este efeito é inédito até<br />

então, e nenhum outro compositor, até onde se saiba, se utilizou do mesmo recurso.<br />

- Harmônicos: O efeito de harmônico conhecido no violão é realizado de duas formas: o<br />

harmônico natural, obtido com a ressonância das cordas soltas do instrumento, e o<br />

harmônico oitavado, obtido com a ajuda da mão esquerda, que prende a nota específica<br />

que se quer escutar. <strong>Jacomino</strong> utilizou principalmente o harmônico natural, que tocava<br />

de maneira bastante ressonante e projetada, efeito este facilitado pela própria<br />

ressonância de seu violão (como pode ser certificado na gravação do CD anexo à<br />

dissertação). Entre as obras em que <strong>Jacomino</strong> se utiliza deste efeito, estão a gavota<br />

Alvorada de Estrelas, as valsas Abismo de Rosas e Luizinha e o tango Por que tu<br />

vuelves a mi?.<br />

- Trêmulo: Este efeito é obtido tocando-se de forma rápida e seguida três ou mais notas<br />

iguais. Normalmente se faz com o polegar pinçando os baixos e indicador, médio e<br />

anular pinçando o canto (melodia). É impossível certificar qual a digitação utilizada por<br />

<strong>Jacomino</strong>, mas há a suposição, pela posição da mão quando se toca de forma canhota,<br />

que seja o dedo anular para os baixos e o anular, o indicador e o polegar para o canto.<br />

<strong>Jacomino</strong> se utiliza deste efeito para tocar a peça Um Delírio, de Gaspar Sagreras, o<br />

noturno Melancolia e a Fantasia sobre O Guarani, de Carlos Gomes.<br />

- Rufo: Efeito de tambor, bastante utilizado para músicas de caráter militar. Um dos<br />

exemplos mais contundentes está na já citada Gran Jota Aragonesa, de Francisco<br />

Tárrega. <strong>Jacomino</strong> utiliza este efeito em suas marchas de forma bastante eficaz,<br />

servindo de referência a outros compositores brasileiros que fizeram peças do mesmo<br />

caráter (Benedito Chaves, por exemplo, em sua peça Marcha Colombina). Os<br />

principais exemplos de <strong>Jacomino</strong> são o dobrado Campos Sales e a Marcha Triunfal<br />

Brasileira. Na primeira gravação da Marcha dos Marinheiros, <strong>Jacomino</strong> também se<br />

utiliza deste efeito, que foi excluído na segunda gravação da mesma peça, realizada pelo<br />

próprio compositor.<br />

- Glissandi: Efeito bastante utilizado por <strong>Jacomino</strong> por facilidade de seu violão, que<br />

possuía tensão muito pequena (cordas baixas em relação ao espelho, que é a parte do<br />

braço do violão em que apertamos as cordas com os dedos da mão esquerda) e grande


vibração da madeira, fato este comprovado também pela gravação do CD anexo para a<br />

dissertação. O principal exemplo do uso deste efeito em uma obra de <strong>Jacomino</strong> está na<br />

valsa Burgueta.<br />

- Rasqueados: Efeito utilizado desde o período renascentista em instrumentos de cordas<br />

dedilhadas. No violão brasileiro foi fundamental como demonstração de músicas de<br />

caráter regional, sendo ainda hoje símbolo e recurso principal de músicas de estilo<br />

popular, principalmente quando tocado em viola caipira. É o oposto do ponteado, estilo<br />

em que o violonista dedilha as cordas. Américo <strong>Jacomino</strong> se utiliza deste efeito<br />

principalmente nas peças Viola, Minha Viola, Marcha dos Marinheiros e Fantasia<br />

sobre o Guarani, de Carlos Gomes.<br />

As tonalidades preferidas por <strong>Jacomino</strong>, a julgar pelo número de gravações,<br />

foram as de Lá maior e Mi maior, as mais comuns do violão no período. O violonista<br />

gravou quase que exclusivamente peças de sua autoria, fazendo exceção aos<br />

compositores Donato, Joubert de Carvalho, Canaro, Fresedo e Carlos Gomes.<br />

Luís Américo, seu filho, contou 81 que, segundo sua mãe lhe dizia, Américo<br />

<strong>Jacomino</strong> estudava praticamente o dia inteiro, e não gostava de ser incomodado para<br />

não perder a concentração. Pelos discos é possível conferir que o violonista pouco<br />

falhava nas notas, em uma época em que não podiam ser feitos cortes de edição nas<br />

gravações.<br />

As poucas críticas desfavoráveis a Américo <strong>Jacomino</strong> partiram de violonistas<br />

contemporâneos a ele como Atílio Bernardini 82 e da revista O Violão 83 . Bernardini foi<br />

um dos pioneiros do ensino do violão no Brasil, mais especificamente na cidade de São<br />

Paulo, tendo estudado teoria musical no Conservatório Dramático e Musical de São<br />

Paulo, e foi um dos primeiros a publicar um método de violão com idéias mais<br />

modernas no Brasil. Com relação à revista O Violão, a mesma já havia publicado<br />

artigos em que elogiava o violonista 84 .<br />

Apesar do ensaio fotográfico feito por <strong>Jacomino</strong> em 1919, não se conhece,<br />

infelizmente, até o momento, fotografias de Américo <strong>Jacomino</strong> durante uma<br />

apresentação, para se ter melhor noção da postura corporal e das noções técnicas do<br />

81<br />

Entrevista de Luís Américo <strong>Jacomino</strong> a <strong>Gilson</strong> <strong>Antunes</strong> em São Paulo, no dia 27 de novembro de 1999.<br />

82<br />

Entrevista de Ronoel Simões a <strong>Gilson</strong> <strong>Antunes</strong> em São Paulo, no dia 30 de março de 1994.<br />

83<br />

O Que é Nosso: O “Correio da Manhã” prosseguirá na defesa do nosso patrimônio. O Violão, Rio de<br />

Janeiro, ano 1, n.º 5, pp. 15-16, abr. 1929.<br />

84<br />

“A Cultura do Violão em São Paulo”. O Violão, Rio de Janeiro, ano 1, n.º 1, p. 17, dez. 1928.


violonista, e até que ponto ele aplicava seu método em prática para uso próprio. Ao que<br />

parece, não é raro o aparecimento de violonistas canhotos que tocam o instrumento sem<br />

inverter as cordas, principalmente entre aqueles que não tiveram acesso a escolas de<br />

música. Cita-se como exemplo de violonistas solistas que gravaram discos ou deixaram<br />

imagens, Canhoto da Paraíba e Rogério Guimarães. No caso de violonistas cuja técnica<br />

se baseia no esquema popular de tocar por cifras, com “batidas” (pulsações) rítmicas da<br />

mão direita, verificam-se vários cantores de duplas sertanejas, mas estes são casos<br />

específicos, sem relação com o violão solista e com esta monografia.<br />

Sobre informações dos dois violonistas citados, Rogério Guimarães nasce em<br />

Campinas em 8 de junho de 1898, tendo iniciado sua carreira artística no ano de 1922,<br />

gravando dois anos depois seu primeiro disco, com a valsa Martha e o fox-trot<br />

Marinetti. Foi um dos primeiros artistas a gravar na Victor com fabricação nacional em<br />

1929, tornando-se diretor artístico desta mesma gravadora por três anos no Rio de<br />

Janeiro. Como <strong>Jacomino</strong>, liderou um conjunto musical que acompanhou vários artistas,<br />

o Regional Rogério Guimarães. Em 1954, por ocasião do 4.º Centenário da Cidade de<br />

São Paulo, gravou em disco a mais conhecida composição de Américo <strong>Jacomino</strong>, a<br />

valsa Abismo de Rosas, tendo sido acompanhado por uma orquestra. A peça possui<br />

originalmente três partes, em Lá maior, Lá menor e Ré maior, sendo que nesta gravação<br />

eles não executaram a terceira parte da música.<br />

Ao se escutarem algumas gravações deste violonista, percebe-se que possuía<br />

uma técnica diversa da de <strong>Jacomino</strong>. Isso é perceptível por meio dos poucos recursos<br />

violonísticos utilizados (pouco ou nada de trêmulos, pizzicati, harmônicos e demais<br />

efeitos timbrísticos), além de gravar quase que integralmente com acompanhamento de<br />

outro violonista, ao contrário de <strong>Jacomino</strong>. Do mesmo modo, não é possível perceber<br />

que seja um violonista canhoto que esteja tocando e suas peças são bastante passíveis de<br />

serem interpretadas a partir da maneira tradicional de pinçar as cordas. Acrescente-se a<br />

isto o fato de sua valsa Gotas de Lágrimas ainda permanecer no repertório de<br />

violonistas mais antigos.<br />

Canhoto da Paraíba é o pseudônimo de Francisco Soares. Em 1959 faz sua<br />

primeira apresentação no Rio de Janeiro, ganhando a admiração de pessoas como<br />

Radamés Gnattali e Paulinho da Viola. Gravou poucos discos, sendo que o mais<br />

conhecido foi registrado em 1977, com produção de Paulinho da Viola para a Marcus<br />

Pereira Discos. Felizmente no caso deste violonista é possível ter acesso a análises<br />

mais pormenorizadas pelo fato de existirem imagens gravadas em programas de


televisão, ao contrário de <strong>Jacomino</strong> ou Guimarães. Analisando um programa de<br />

televisão 85 , observa-se que o violonista utiliza digitações alternativas de mão esquerda<br />

(a que pinça as cordas) e direita (a que marca a posição das notas), tanto para pinçar as<br />

cordas quanto para realizar determinados recursos técnico-musicais, como ligados<br />

ascendentes e descendentes.<br />

Uma questão é mister ser analisada. O fato de os violonistas serem canhotos<br />

teria, ao utilizarem uma técnica diferenciada, influência no resultado sonoro, ao<br />

contrário dos violonistas destros? Teoricamente sim, pelo fato daqueles se aproveitarem<br />

de uma técnica cujo peso dos dedos, ao pinçarem as cordas, é diferente do peso dos<br />

dedos utilizados pelos violonistas destros. É certo que isso poderia ser controlado com<br />

um estudo sistemático de independência dos dedos, tão comum em métodos de violão.<br />

Mas, caso isso não ocorresse, o resultado seria bastante singular. Poder-se-ia pensar na<br />

possibilidade de uma digitação base para os violonistas canhotos, com o dedo anular<br />

pulsando os bordões e o dedo médio para a terceira corda, o indicador para a segunda e<br />

o polegar para a primeira. É óbvio que as variantes seriam muitas, como no caso dos<br />

violonistas destros, inclusive um grande número de digitações alternativas, e por que<br />

não, o uso do dedo mínimo da mão esquerda, ainda pouco utilizado por violonistas em<br />

geral (e, no começo do século vinte, menos ainda).<br />

Ao se escutarem os discos de Américo <strong>Jacomino</strong> e Rogério Guimarães, essa<br />

possível diferenciação sonora não é perceptível, comparando-se com violonistas destros.<br />

Inclusive, ao ater-se em técnicas intrinsecamente baseadas na mão direita, como no caso<br />

do trêmulo, em Américo <strong>Jacomino</strong> (nas músicas Melancolia e Fantasia sobre o<br />

Guarani) não se percebe que o violonista esteja tocando de forma invertida. Para uma<br />

digitação base de polegar, indicador, médio e anular, com o dedo anular para os<br />

bordões, uma provável mudança para anular, médio, indicador e polegar dos canhotos<br />

resultou em sonoridade idêntica.<br />

Não se pode afirmar, como Ronoel Simões 86 , que Américo <strong>Jacomino</strong> tenha<br />

formado uma Escola Violonística. A justificativa de que isso tenha ocorrido pelo<br />

simples fato de o violonista tocar da forma que tocava é vaga, se apoiada apenas no fato<br />

de que seu Método de Violão é feito para destros; além disso, não se conhece nenhum<br />

aluno de <strong>Jacomino</strong> que tenha servido como referência para gerações futuras, o que<br />

85 “Canhoto da Paraíba”. Projeto Brahma Extra – Grandes Músicos. Fita de VHS, VI – 00508.17.<br />

Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro.<br />

86 Depoimento de Ronoel Simões ao Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Fitas n.º 75.1.2 e 75.3.4.


acaba por desvalidar a justificativa de Simões. Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, que<br />

como foi dito estudou com Américo <strong>Jacomino</strong>, chegou até mesmo a gravar Abismo de<br />

Rosas duas vezes, além de fazer um arranjo “exótico” 87 para a Marcha dos Marinheiros,<br />

que iria gravar pouco antes de sua morte prematura. Porém, este mesmo violonista<br />

passaria para a história como aluno de Atílio Bernardini, o mesmo que fez crítica<br />

desfavorável a Américo <strong>Jacomino</strong>. O Método de Violão de Américo <strong>Jacomino</strong>, além de<br />

ser desenvolvido para pessoas destras, é baseado em suas informações iniciais nos<br />

métodos de violonistas do período clássico. O fato de tocar com o dedo mínimo junto<br />

ao tampo do instrumento, com o violão na perna esquerda e sem unhas mostra uma<br />

ligação direta com a escola do violonista espanhol Fernando Sor 88 .<br />

IV.2 – Manuscritos e partituras impressas de Américo<br />

<strong>Jacomino</strong><br />

Esta relação está feita em ordem alfabética para facilitar sua localização. Ela se<br />

baseia em partituras encontradas em arquivo - pessoal e de particulares - além de<br />

notícias de jornais e citações do jornalista Juvenal Fernandes no álbum editado pela<br />

Fermata, em 1978.<br />

Sigla:<br />

MS: manuscrito<br />

p.: página<br />

s.d.: sem data<br />

IV.2.1 - As peças publicadas ou presentes em manuscritos<br />

de transcritores segundo o gênero musical<br />

FOX-TROT<br />

87 Idem.<br />

88 Sor era partidário do uso do toque sem unhas, como escreve em seu Método de Violão, ao contrário de<br />

seu amigo e conterrâneo Dionísio Aguado. Ambos marcaram vertentes estéticas diferentes, muito<br />

discutidas pelos violonistas da geração dos alunos de Tárrega (primeira metade do século vinte),<br />

principalmente por Emílio Pujol, que viria a escrever o livro El Dilema Del Sonido de la Guitarra,<br />

especificamente sobre este assunto.


Américo <strong>Jacomino</strong> se utilizou três vezes desse gênero musical. A peça A<br />

menina do sorriso triste parece ter servido de modelo para Quando os corações se<br />

querem e Sudan (esta a versão cantada da anterior), sendo a primeira parte das peças<br />

praticamente idêntica.<br />

A MENINA DO SORRISO TRISTE<br />

Esta música foi gravada pelo próprio Américo <strong>Jacomino</strong> pela gravadora Odeon,<br />

com número de série 123.199, entre dezembro de 1925 e julho de 1927, sistema<br />

mecânico de 1 face apenas. A matriz recebeu o número 1009, sendo lançado em<br />

dezembro de 1926. A indicação de gênero aparece como sendo um híbrido fox-tango,<br />

sendo as características rítmicas semelhantes às encontradas nesses dois gêneros<br />

musicais. A estrutura é uma forma canção A - B, com introdução e repetição. A<br />

tonalidade é de Lá (modo menor na parte A e maior na parte B), com as funções<br />

harmônicas de T, S, D7, T, S ,T e D7 (parte A, 2 vezes) e T, Dd, D7, T, D, Dd , T, S, T,<br />

D7 e T. No compasso 20 aparece um acorde de subdominante com sexta napolitana,<br />

muito comum em gêneros como o choro.<br />

QUANDO OS CORAÇÕES SE QUEREM<br />

Esta música foi gravada pela Odeon, série 10.188, lado B, matriz 1595, lançada<br />

em junho de 1928. Ela possui uma versão cantada que virou propaganda de marca de<br />

cigarro, chamada Sudan. É uma forma canção A - B, com introdução. A tonalidade é<br />

de Lá, com modo menor na primeira parte e maior na segunda.<br />

SUDAN<br />

Versão cantada de Quando os corações se querem. Segundo seu filho Luís<br />

Américo, trata-se de uma espécie de pré-jingle, ou algo que se assemelhe a isso<br />

atualmente. Na capa da partitura aparece o dizer “Brinde da premiada fábrica de<br />

cigarros Sudan”. Como curiosidade, numa foto em que Américo <strong>Jacomino</strong> aparece com<br />

seu Grupo, a música que está na estante de música é justamente esta. Ao que parece a<br />

melodia agradou bastante o compositor, que a utilizou novamente em outras ocasiões,<br />

como explicado anteriormente. Os versos são do Duque de Abramonte, e a música é


dedicada a Sabbado D’Angelo, que parece ser o proprietário de tal marca de cigarros<br />

(na contracapa da partitura aparecem várias caixas do fumo, com o citado nome em<br />

destaque na parte central inferior. A letra é bastante sugestiva: “Quando no meu quarto<br />

a meditar / No amor /Para sonhar / Fumo o meu cigarro divinal /Ideal /E sem rival /<br />

Sudan Sudan que faz sonhar Oh! Que cigarro enlevador /Quanta ventura, que sonho<br />

divinal de amor... Foi a fumar que aprendi a amar / Sudan eu te devo o amor consolador<br />

Da minha dôr / Meu amigo divinal /O, Sudan, não tem rival... / Fumo Sudan chic que os<br />

meus ais / Evola em nuvens vans / E também o bom Sudan Ovaes / E todos os Sudans, /<br />

E Sudanita o triunphador / Esse cigarro enlevador / E Sudaneza, Sudan sempre o Sudan<br />

Record...”.<br />

AMOROSA<br />

Esta peça foi publicada para piano pela EMP, sem data, com letra de Luiz de<br />

Freitas. Bastante característico, é um fox em forma de canção, com introdução, parte<br />

única em Mi maior e refrão (2 vezes), com repetição da capo. A letra é tipicamente<br />

romântica e graciosa, e vem aqui reproduzida sem alteração: “Amorosa, És tão gentil e<br />

carinhosa/ Da flor tu tens a alma porosa/ Que é luz, vida e esplendor! / Tem o candor da<br />

madrugada/ E ameniza o teu amor! / És vibração que o mundo e o céu encheu de vida! /<br />

Da inspiração Deus te formou minha querida!/ Tens no falar doces carinhos, Dos<br />

passarinhos, Dentro dos ninhos, a pipilar !”.<br />

ENTRE DUAS ALMAS<br />

Editada para piano com letra de Duque de Abramonte pela Est. Graph. Musical,<br />

sem data. A cópia disponível no CCSP vem com a data de doação de 8 de outubro de<br />

1942. O esquema é de canção A (2x) B, sem introdução, com tonalidade de Sol (modo<br />

menor na parte A e maior na parte B). "Entre duas almas esplendor feitas de amor e de<br />

calor / Fulge luminosa esplendorosa a linda rosa de Thabor / E abre-se azul num céu de<br />

luar a enamorar num longo olhar / Almas que são vans almas de flor feitas de amor e de<br />

esplendor. Oh! Que ilusão Oh! Que ilusão / Oh! Que luar/ No fundo de cada emoção /<br />

Rebrilha refulge um olhar / Oh! Quanto amor / Oh, como é ideal / Que esplendor Oh!<br />

Que esperança Descansa /Balança Entre esse amor".


SAMBA<br />

FECHE A PORTA E LEVE A CHAVE<br />

Editada para piano, sem data e sem nome de editora. O arranjo é de Alcebíades<br />

Corrêa, com letra e música de Américo <strong>Jacomino</strong>. O esquema encaixa-se na construção<br />

de introdução instrumental, solista (estrofe) e coral (refrão). A tonalidade única é de Lá<br />

maior, com 6 letras diferentes, com o tema gracioso e romântico característico. Refrão:<br />

“Vem comigo/ Vem comigo brincar / Lá na praia eu te digo / Tudo vou confessar”.<br />

SCHOTTISCH<br />

FLÔR PAULISTA<br />

Editada para piano pela “Campassi & Carmin”, sem data. A adaptação rítmica é<br />

de L. Rinaldo. A letra, novamente com o tema romântico e gracioso, não aparece com<br />

especificação, julgando-se tratar também de Américo <strong>Jacomino</strong>. É uma forma canção<br />

simples A - B, com pequena introdução e repetição da capo. A tonalidade é de Lá<br />

menor. No carimbo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro aparece a data de 1921,<br />

sendo esta ao que parece a data de entrada no estabelecimento.<br />

SERTANEJA<br />

AI! BARBINA!...<br />

Música do repertório do Trio Viterbo-Abigail-Canhoto, editada pela C.E.M.B,<br />

sem data. Na capa da partitura aparece a música como sendo do repertório da Orchestra<br />

Andreozzi do Rio de Janeiro. Pelo carimbo de entrada da Biblioteca Nacional do Rio de<br />

Janeiro aparece a data de 1920. A letra é de Arlindo Leal, com quatro estrofes<br />

diferentes. O musicólogo Paulo Castagna conseguiu uma cópia editada para canto,<br />

violino ou bandolim, julgando-se possuir outras partes da música, sendo provavelmente<br />

um arranjo para pequena orquestra. A referida cópia foi encontrada no Arquivo<br />

Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, sem código (arquivo 6 - gaveta 3 - pasta 41).


A estrutura é de canção simples com introdução e temas A e B, com repetição da capo.<br />

A tonalidade é de Fá maior.<br />

MAZURCA<br />

TEMPO ANTIGO<br />

Gravada por Américo <strong>Jacomino</strong> pela Odeon, número de série 123.305, com<br />

matriz 1119, lançada em maio de 1927. O esquema é de parte A, parte B e A'. A<br />

tonalidade é de Lá, com modo menor na parte A e maior na parte B.<br />

GAVOTA<br />

ALVORADA DE ESTRELAS<br />

Gravada por Américo <strong>Jacomino</strong> pela gravadora Odeon, número de série<br />

123.201, matriz 1010 e lançada em dezembro de 1926. Uma das mais belas músicas<br />

gravadas por Canhoto, na tonalidade de Ré maior, utilizando o violonista da scordattura,<br />

abaixando em um tom a sexta corda do instrumento, para ganhar em ressonância e<br />

extensão. O esquema é de introdução, partes A e B, e coda. Os acordes de Sol menor e<br />

Sol menor com sexta da coda dão um caráter todo especial, e a interpretação do<br />

violonista em sua gravação, com rubatos propositalmente exagerados reforçam o caráter<br />

romântico desejado.<br />

ROMANCE<br />

PENSAMENTO<br />

Esta peça foi gravada por Américo <strong>Jacomino</strong> na Odeon, série 10.165, lado B,<br />

matriz 1615, no dia 16 de março de 1928, e lançada em maio do mesmo ano. Na<br />

Discografia Brasileira em 78 RPM, o gênero aparece como sendo valsa. A estrutura é<br />

de introdução, parte A em Mi menor, parte B em Lá menor e parte C em Mi maior,<br />

seguida da repetição da parte A e uma coda.


CATERETÊ<br />

NOITE NA ROÇA !!<br />

Gravada por Américo <strong>Jacomino</strong> pela Odeon, número de série 10.265, lado B,<br />

com Lúcio Chamék ao piano. A matriz é 1604. A data de gravação é 14 de março de<br />

1928, tendo sido lançada em outubro do mesmo ano. Foi editada para piano pela A. Di<br />

Franco, sem data, com versos de João do Sul. Na cópia disponível no CCSP, a data de<br />

doação é de 3 de outubro de 1942. Segue o esquema de canção, com introdução, parte<br />

A, refrão duas vezes, parte B e repetição da capo. A tonalidade é de Fá maior.<br />

NHÁ MARUCA FOI S'IMBORA<br />

Gravada por Os Geraldos pela gravadora Gaúcho, número de série 4.042, lado<br />

A, em sistema elétrico de duas faces, após 1912. Segundo a Discografia Brasileira 78<br />

RPM, o gênero é samba. Na partitura para piano com letra, editada pela A di Franco, de<br />

São Paulo, o gênero é a catira. Os versos são do próprio Américo <strong>Jacomino</strong>. Na capa<br />

da partitura a música aparece como sendo um sucesso do “popular humorista,<br />

cancionetista e ventríloquo Baptista Júnior”. O esquema é de canção, com introdução,<br />

parte A e B, e repetição da capo. A tonalidade é de Lá maior.<br />

CHORO<br />

OLHOS FEITICEIROS<br />

Gravado por Américo <strong>Jacomino</strong> pela Odeon, número de série 10.017, lado A,<br />

número da matriz 1223, tendo sido lançado em agosto de 1927. Segundo a Discografia<br />

Brasileira 78 RPM, o gênero é o tango. Na partitura editada pela Fermata do Brasil em<br />

1978, com arranjo de Edmar Fenício, o gênero seria o choro maxixe. A estrutura,<br />

simples, é de duas partes em Lá menor.<br />

NITERÓI


Gravado por Américo <strong>Jacomino</strong> pela Odeon, número de série 10.200, lado A,<br />

matriz 1596, em 13 de março de 1928. Na Discografia Brasileira 78 RPM aparece<br />

como gênero o tango-maxixe. Na partitura editada pela Fermata do Brasil em 1978,<br />

com arranjo de Nelson Cruz, o gênero é o choro. A estrutura é de 3 partes, sendo a<br />

primeira em Lá maior, a Segunda em Fá sustenido menor (com repetição da capo) e a<br />

terceira em Ré maior com repetição da capo ao fim.<br />

MENTIROSO<br />

Gravado por Américo <strong>Jacomino</strong> pela Odeon, número de série 10.166, lado B,<br />

com Lúcio Chamek ao piano. O número da matriz é 1606, tendo sido gravada em 14 de<br />

março de 1928 e lançada em maio do mesmo ano. Segundo a Discografia Brasileira 78<br />

RPM, o gênero seria um maxixe. A estrutura é de 3 partes, com A, B, repetição de A e<br />

C. A tonalidade é de Lá menor.<br />

MAXIXE<br />

!! ESSE CACHORRO SÓ FALTA FALAR !!<br />

Editado para piano, pela Off. Musical ARS, São Paulo, sem data. Na partitura<br />

do CCSP aparece como data de doação 8 de outubro de 1942. Os versos aparecem sem<br />

especificação de autor, o que nos faz crer serem do próprio Américo <strong>Jacomino</strong>. A<br />

estrutura é de 3 partes em Lá maior.<br />

PONTA GROSSA É BOA TERRA<br />

Editado para piano pela Off. Graph. Musical Campassi & Camin, sem<br />

especificação de data. O gênero aparece como sendo maxixe carnavalesco. A estrutura<br />

é de forma canção A (3 vezes) - B, com introdução e repetição da capo. A tonalidade é<br />

de Lá maior.<br />

DA BAHIA EU QUERO O CÔCO


Editado para piano, com letra de Fernandes de Aguiar pela Est. Graph. Musical<br />

U. Della Latta, sem data específica. Na partitura disponível no CCSP, a data de doação<br />

é de 8 de outubro de 1942. A estrutura é de parte A com refrão (duas vezes) e repetição<br />

da capo. A tonalidade é de Ré maior.<br />

A GENTE SE DEFENDE<br />

Gravado por Frederico Rocha pelo selo Odeon, número de série 123.227, matriz<br />

1064, sistema mecânico de 1 face, entre dezembro de 1925 e julho de 1927. A estrutura<br />

da peça é parte A (duas vezes), parte B e parte C, com repetição da capo. A tonalidade<br />

é de Lá maior. Foi editado para violão pela Fermata do Brasil em 1955, com arranjo de<br />

Domingos Semenzato.<br />

VALSA<br />

A valsa foi o gênero musical preferido por Américo <strong>Jacomino</strong>, que compôs suas<br />

mais famosas peças nesse estilo, servindo principalmente para o compositor expressar<br />

seu talento melódico nato, ao mesmo tempo que as marchas serviam para o compositor<br />

expressar suas idéias timbrísticas no instrumento. Entre as várias peças estão: Abismo<br />

de Rosas, Manhã Fatal, Delírios, Recordações de Dalva, Sombras que Vivem, Amor de<br />

Argentina, Arrependida e Escuta Minh’Alma.<br />

REMINISCÊNCIAS<br />

Possui uma introdução, uma parte A na tonalidade de Mi menor, parte B em Sol Maior<br />

e um trio em Mi maior.<br />

TRISTE CARNAVAL (SONHO DE PIERROT)<br />

Valsa lenta. Possui uma introdução em compasso binário composto e três partes<br />

na tonalidade de Lá menor (parte C em Lá menor). Na versão impressa para piano<br />

possui uma introdução em compasso binário composto e duas partes em Dó menor. A<br />

letra da música, na partitura de piano é de Arlindo Leal.


Na partitura mais antiga, a instrumentação possui flauta, dois violinos, baixo e<br />

violoncelo, com introdução (moderato) parte A duas vezes, parte B duas vezes com da<br />

capo para o primeiro tema e trio duas vezes, com nova repetição da capo ao fim.<br />

TRISTE PIERROT<br />

Valsa impressa como composição de Paraguaçu e Canhoto. Possui uma<br />

introdução e duas partes em Lá menor, com um trio em Lá maior.<br />

SONHEI, SORRI, AMEI, DESCRI<br />

Publicada para piano, com cópia de Clorir Mamede. Possui uma introdução e<br />

três partes, sendo A e B em Dó menor e C em Dó maior, com repetição da capo.<br />

CHUVA DE PÉROLAS<br />

Publicada para piano, possui uma introdução, parte A em Ré maior, B em Lá<br />

maior, C em Ré maior e trio em Sol Maior, com repetição da capo e coda em Ré maior.<br />

ROSAS DESFOLHADAS<br />

Valsa gravada duas vezes pelo compositor. Possui introdução parte A em Lá<br />

maior e B em Lá menor, com repetição da capo e coda.<br />

LAMENTOS<br />

Peça em Lá Maior. O esquema da peça, bastante simples, é de uma introdução<br />

bastante rítmica e de três partes, A, B e C.<br />

MARCHA


MARCHA DOS MARINHEIROS<br />

A obra possui duas partes e um trio. Composta, segundo aparenta, para<br />

homenagear os voluntários brasileiros por ocasião da Primeira Guerra Mundial. A força<br />

interpretativa e a invenção melódica e rítmica fazem desta peça uma das mais<br />

conhecidas do violonista entre os intérpretes do instrumento.<br />

MARCHA TRIUNFAL BRASILEIRA<br />

A obra possui apenas duas partes A e B, com uma intervenção em rufo na parte<br />

central. <strong>Jacomino</strong> queria, como na Marcha dos Marinheiros, mas até mais que esta,<br />

fazer com que o violão soasse como uma banda marcial, com todos os efeitos<br />

característicos a que se propõe. A força com que se apresenta a obra, os efeitos de<br />

sopros (metais e flautins) e de caixa clara e a energia interpretativa do violonista fazem<br />

com que a peça se destaque das gravações da época.<br />

AI MARGARIDA... AI MARGARIDA!...<br />

Impressa como "marchinha carnavalesca à rag-time" com letra de Juca Meu<br />

Nego. O esquema é de introdução, parte A com quatro letras e estribilho tocado duas<br />

vezes. Possui instrumentação e coral.<br />

TANGO<br />

JÁ SE ACABÔ...<br />

Impressa para piano como tanguinho sertanejo, com letra de Arlindo Leal.<br />

Possui uma introdução e duas partes, com A em Sol menor e B em Si bemol maior e Sol<br />

menor, com repetição da capo.<br />

capo.<br />

CAPRICHOSO<br />

Possui uma parte A em Lá maior e parte B em Fá # menor com repetição da


IV.2.2 – Arranjos para violão de Domingos Semenzato<br />

A Gente Se Defende (maxixe); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata do<br />

Brasil, 1955, 2p., violão.<br />

A Gente Se Defende (maxixe); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata,<br />

1965. 2 p., violão.<br />

Alvorada de Estrelas (gavota); arranjo de Domingos Semenzato. Manuscrito, coleção<br />

Ronoel Simões, 3 p., violão.<br />

Amor de Argentina (tango milonga); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo,<br />

Fermata, 1962. violão.<br />

Amor de Argentina (tango-milonga); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo<br />

<strong>Jacomino</strong> Canhoto. São Paulo, Fermata, s.d., FB-2859, pp. 18-19, violão.<br />

Arrependida (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata, 1955.<br />

Violão.<br />

Arrependida (valsa lenta); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata, 1965.<br />

Violão.<br />

Arrependida (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo <strong>Jacomino</strong><br />

Canhoto.<br />

São Paulo, Fermata, s.d., FB-2859, pp. 21-23.<br />

Burguêta . Transcrição de Domingos Semenzato. MS coleção Ronel Simões, 4 p.,<br />

violão.<br />

Brasilerita (tango argentino); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata,<br />

1962, violão.<br />

Brasilerita (tango canção) ; arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata,<br />

1963, 2 p., violão.<br />

Brasilerita (tango argentino); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo <strong>Jacomino</strong><br />

Canhoto. São Paulo, Fermata, FB-2859, s.d, pp. 24-26.<br />

Caprichoso (tango); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Ed. Del Vecchio,<br />

s.d., n.º 19.337, 1 p., violão.<br />

Delírios (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. MS: coleção de Ronoel Simões, 3 p.,<br />

violão.<br />

Escuta Minh'Alma (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata, 1962,<br />

violão.


Guitarra de Mi Tierra (tango); arranjo de Domingos Semenzato. MS: por Isidoro<br />

Geraldo.<br />

Coleção de Ronoel Simões, 2 p..<br />

Manhã Fatal (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. MS: coleção de Ronoel Simões,<br />

3 p., violão.<br />

Marcha dos Marinheiros (marcha); arranjo de Domingos Semenzato. (São Paulo, Ed.<br />

Del Vecchio?), s.d., n.º 2.474, 3 p., violão.<br />

Marcha dos Marinheiros (marcha); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo,<br />

Bandeirante Editora Musical, 1964, 3 p., violão.<br />

Marcha dos Marinheiros (marcha); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo<br />

<strong>Jacomino</strong> Canhoto. São Paulo, Fermata, FM-2859, s.d. , p p. 34-37, violão.<br />

MarchaTtriunfal Brasileira (marcha); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo,<br />

Fermata, 1962, violão.<br />

MarchaTriunfal Brasileira (marcha); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo<br />

<strong>Jacomino</strong> Canhoto. São Paulo, Fermata, s.d., FB-2859, pp. 38-43, violão.<br />

Mentiroso (choro); arranjo de Domingos Semenzato. MS: coleção de Ronoel Simões,<br />

3 p., violão.<br />

Pensamento (romance); arranjo de Domingos Semenzato . MS: coleção de Ronoel<br />

Simões, 4 p..<br />

Quando Os Corações Se Querem (fox-trot); arranjo de Domingos Semenzato. São<br />

Paulo, Ed. Del Vecchio? , n.º 19.336, 2 p., violão.<br />

Recordações de Dalva (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata,<br />

1962, violão.<br />

Reminiscências (valsa); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, Fermata, c.<br />

19633, 2 p., violão.<br />

Reminiscências (valsa lenta); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo <strong>Jacomino</strong><br />

Canhoto. São Paulo, Fermata, s.d. , FB-2859, pp. 51-53.<br />

Reminiscências (valsa lenta); arranjo para violão de Domingos Semenzato. São Pauo,<br />

Fermata, c. 1963, 3 p., violão.<br />

Tempo Antigo (mazurca); arranjo de Domingos Semenzato. MS: coleção de Ronoel<br />

Simões. 2 p.<br />

Triste Carnaval (valsa lenta); arranjo de Domingos Semenzato. São Paulo, RJ, Cembra<br />

Ltda., 1952, Violão.


Triste Carnaval (valsa lenta); arranjo de Domingos Semenzato. In: Américo <strong>Jacomino</strong><br />

Canhoto. São Paulo, Fermata, s.d., FB-2859, pp. 54-56.<br />

IV.2.3 – Arranjos para violão de outros autores<br />

Abismo de Rosas (valsa lenta); arranjo de Isaías Sávio. São Paulo e Rio de Janeiro,<br />

Cembra Ltda., 1944 e 1955. Violão.<br />

Abismo de Rosas (valsa lenta); arranjo para violão de Isaías Sávio; letra de João do Sul.<br />

São Paulo, Cembra, 1952. 3 p..<br />

Abismo de Rosas (valsa ); versão de Garoto; transcrição de “Rubinho” (jan. 1987 ).<br />

MS<br />

coleção Ronoel Simões. 4 p..<br />

Dia de Folia. São Paulo, Fermata do Brasil, 1977: violão.<br />

Escuta Minh'Alma (valsa). In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto. São Paulo, Fermata, s.d.,<br />

FB-2859, pp. 27-30. Violão.<br />

Lamentos (valsa); arranjo de Nelson Cruz. São Paulo, Fermata, 1978. Violão.<br />

Lamentos (valsa); arranjo de Nelson Cruz. In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto. São Paulo,<br />

Fermata, FB 2859, pp. 31-33, violão.<br />

Método de Violão; s.l., s.ed., s.d., 28 p. ( existem 2 outras edições ).<br />

Niterói (choro); arranjo de Nelson Cruz. São Paulo, Fermata, 1976, violão.<br />

Niterói (choro); arranjo de Nelson Cruz. São Paulo, Fermata, 1978, violão.<br />

Niterói (choro); arranjo de Nelson Cruz. In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto. São Paulo,<br />

Fermata, s.d., FB-2859, pp. 44-45.<br />

Olhos Feiticeiros (choro-maxixe); arranjo de Edmar Fenício. São Paulo, Fermata,<br />

1978. Violão.<br />

Olhos Feiticeiros (choro-maxixe); arranjo de Edmar Fenício. In: Américo <strong>Jacomino</strong><br />

Canhoto. São Paulo, Fermata, s.d., FB-2859, pp. 46-47.<br />

Primeiras Rosas (valsa); arranjo de Nelson da Cruz. São Paulo, Fermata, 1969,<br />

violão.<br />

Primeiras Rosas (valsa); arranjo de Nelson da Cruz. In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto.<br />

São Paulo, Fermata, s.d., FB-2859, pp. 48-50.<br />

Rosas Desfolhadas (valsa); transcrição de Isidoro Geraldo. MS: coleção de Ronoel<br />

Simões, 3 p., violão.


Sombras Que Vivem (valsa); arranjo de Paulo Barreiros. São Paulo e Rio de Janeiro,<br />

Irmãos Vitale, 1929, n.º 56, 4 p., ( com biografia de Américo <strong>Jacomino</strong> ).<br />

Triste Pierrot (valsa); arranjo de Nelson Cruz. São Paulo, Fermata, 1969. Violão.<br />

Triste Pierrot (valsa); arranjo de Nelson Cruz. In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto. São<br />

Paulo, Fermata, s.d., p. FB-2859, pp. 57-60.<br />

IV.2.4 – Arranjos para piano<br />

A Gente Se Defende (maxixe). São Paulo, Pedro Tommasi, s.d., 3 p., piano.<br />

A Gente Se Defende (maxixe). São Paulo, Casa Editora “Ars” ou EMPG, s.d. n.º 1.012:<br />

piano.<br />

Abismo de Rosas (valsa); Cembra. 3p., piano.<br />

Amor Sertanejo (tango). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />

Amores na Praia (valsa). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />

Arrependida (valsa) . São Paulo, EMP ou Oficinas Musicais “ARS”, n.º 1.014,<br />

piano.<br />

Chuva de Pérolas (valsa). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />

Depois do Beijo (schottisch). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />

Feche a Porta e Leve a Chave (samba carnavalesco); arranjo para piano de Alcebíades<br />

Corrêa, s.n.t., 3 p., piano.<br />

O Gato Comeu o Pato (samba). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />

Já Se Acabou (tango). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />

Manhã fatal (valsa). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />

Manhoso. Edição EGMP, piano.<br />

Olhar de Deusa (valsa ). São Paulo, E. Bevilacqua, piano.<br />

Ponta Grossa é Boa Terra (maxixe carnavalesco). Ponta Grossa, Casa Progresso, s.d., 3<br />

p. piano.<br />

Sonho de Primavera (valsa); São Paulo, Bevilacqua, s.d., 3 p., piano.<br />

Triste Carnaval (valsa). São Paulo, Casa Bevilacqua, piano.<br />

IV.2.5 – Arranjos para piano e canto<br />

Ai! Barbina! (canção sertaneja). São Paulo, CEMB, Campassi & Vamin, n.º 725,<br />

canto e piano.


Ai Margarida . . . Ai Margarida (marchinha carnavalesca à ragtime); letra de Juca<br />

Meu<br />

Nego. São Paulo, Irmãos Vitale, s. d., n.º 324, piano e canto.<br />

Deixe Meu Bem de Tolice (tango carnavalesco). São Paulo, Bevilacqua, s.d., 3 p.,<br />

canto.<br />

piano e<br />

Foi-Se Embora Maria (marcha-rancho); versos de Guilherme Fontana. Rio de Janeiro,<br />

OGEM, s.d., 3 p., n.º 66, piano e canto.<br />

Já Se Acabô . . . (tanguinho sertanejo); letra de Arlindo Leal. São Paulo, Campassi,<br />

s.d.,<br />

3 p., piano e canto.<br />

IV.2.6 – Arranjos para outros instrumentos<br />

A Gente Se Defende (maxixe). Genève, Europe Continenal by International Melodies,<br />

1965, acordeon<br />

Abismo de Rosas (valsa); S. Paulo, A. Di Franco, piano, canto e pequena orquestra.<br />

Amorosa (fox-trot); letra de Luiz de Freitas. São Paulo, EMP ou Oficinas Musicais<br />

“ARS”, s.d., n.º 1; piano e canto; n.º 1.001: piano e septeto.<br />

Da Bahia Eu Quero o Côco (maxixe); letra de Fernandes Aguiar. São Paulo, Casa<br />

Editora Ars, s.d., n.º 307: piano e canto; n.º 1.168 : piano e 8 instrumentos.<br />

Entre Duas Almas (fox-tot); letra de Duque de Abramonte. São Paulo, Oficinas<br />

Musicais<br />

Ars, n.º 303: piano e canto; n.º 1174 : piano e orquestra.<br />

Esse Cachorro Só Falta Falar (maxixe). São Paulo, Editora Ars, n.º 214 : piano;<br />

n.º1.106 : piano e orquestra.<br />

Flor Paulista (schottisch); adaptação rítmica de L. Rinaldo. São Paulo, CEMB,<br />

Campassi & Camin, n.º 775: piano e canto; n.º 20178: piano e orquestra.<br />

Longe de Quem Adoro (valsa). São Paulo, Ars ou EGMP, n.º 1038: piano e orquestra.<br />

Nhá Maruca (maxixe). São Paulo, A. Di Franco, piano, canto e pequena orquestra.<br />

Noite na Roça (cateretê); versos de João do Sul. São Paulo, A. Di Franco, piano,<br />

canto e pequena orquestra.<br />

Se o Telefone Falasse (maxixe). São Paulo, Ars ou EGMP. n.º 1.034: piano e septeto.<br />

Suplicando Amor. São Paulo, A. Di Franco, piano, canto e pequena orquestra.


IV.2.7 - Obras editadas pela Casa Bevilacqua, São Paulo, com autoria provável de<br />

Américo <strong>Jacomino</strong>: piano<br />

Aparece na Segunda-Feira (tango)<br />

Deu-Se A Melodia (tango)<br />

Me Arranca O Cavanhaque (samba)<br />

Mi Deixa A Tartaruga ! (samba)<br />

Não Pega Na Gente (samba)<br />

Que Muié Impossível... (tango)<br />

Teu Bigode Me Cotuca! (tango)<br />

IV.3 – Lacunas no repertório de Américo <strong>Jacomino</strong><br />

Várias composições de Américo <strong>Jacomino</strong> foram citadas no jornal O Estado de<br />

São Paulo por ocasião de seus recitais, mas não foram gravadas ou encontradas em<br />

partituras. O mesmo ocorre em relação ao catálogo do pesquisador Juvenal Fernandes,<br />

listado na contracapa do álbum da Editora Fermata sobre o violonista Américo<br />

<strong>Jacomino</strong>, editado em 1977, por ocasião do cinqüentenário da morte de Canhoto.<br />

Nestes casos é impossível ter-se uma noção de como seriam estas peças e até o<br />

momento haveria de se aguardar o aparecimento destas músicas por meio de<br />

colecionadores particulares de partituras ou discos, apesar de, no caso destes últimos,<br />

ser pouco provável que se encontre algo novo, já que os catálogos de gravação de<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> são bastante precisos.<br />

Entre as peças não encontradas que constam do catálogo de Juvenal Fernandes<br />

estão: Acordes do Coração (valsa), O Beijinho Que Te Dei (marcha), Lembranças de<br />

Lina (valsa), Mamãe Me Leve (marchinha carnavalesca), Ondas Desertas (mazurca),<br />

Pagando Dívidas (polca), Queixumes de Amor (valsa), Saci (polca) e Tudo Mexe<br />

(polca).<br />

A estas, acrescente-se as obras citadas em programas veiculados pelo jornal O<br />

Estado de São Paulo como Alucinação (gavota / valsa concerto), Alucinação de Um<br />

Sonho (valsa de concerto / fantasia), Argentina (chótis), Argonautas (tango<br />

característico), Brasileiro (tango), Cateretê Paulista (imitação da viola caipira), A


Cigarra na Ponta (tango), Esmeralda (valsa lenta), Falena (valsa), Feiticeiro (maxixe<br />

de salão / tanguinho / tango brasileiro), Favorita (gavota), Hasta Luego (tango<br />

argentino), Luzita (tango argentino), Medrosa (valsa), Prelúdio em Mi Maior (estudo),<br />

Samba do Norte (samba humorístico), Solidão (valsa), Sombras do Passado (valsa-<br />

boston), Sonhando (valsa), Sonho de Amor (valsa) e Tico-Tico assanhado (polca<br />

característica).<br />

Além destas, duas outras são citadas, tanto no jornal quanto no catálogo de<br />

Juvenal Fernandes: Ai Momo (marchinha carnavalesca) e De Quem São Os Teus Olhos<br />

(valsa). Mas em relação a elas é possível supor que seus nomes tenham sido alterados,<br />

apesar de não haver documentos comprobatórios.<br />

É possível supor que algumas dentre as obras não localizadas tenham sido<br />

rebatizadas em algum momento, como por exemplo a valsa Acordes do Coração, que<br />

poderia ter sido originalmente Acordes do Violão, e que, por sua vez, é o embrião<br />

daquela que seria Abismo de Rosas. Também é provável que Alucinação e Alucinação<br />

de Um Sonho sejam a mesma música, o mesmo ocorrendo com Brasileiro e Brasilerita,<br />

pois ambas são tangos. Caso diverso é o do Cateretê Paulista, que por alusão talvez se<br />

trate de Uma Noite no Sertão, pois ambas as peças aparecem com o subtítulo “imitação<br />

da viola caipira”, ou ainda Noite na Roça e até mesmo Uma Noite na Roça.<br />

IV. 4 - O Método de Violão, de Américo <strong>Jacomino</strong><br />

À primeira vista o Método de Violão de Américo <strong>Jacomino</strong> parece bastante<br />

elementar. É provável que o professor, mestre bastante procurado no meio musical<br />

paulistano tenha editado a obra na segunda metade da década de 1920, pensando em<br />

seus alunos. O empenho na edição do volume pode ter valido a pena, já que no ano de<br />

1928, vésperas de seu falecimento, um anúncio do jornal O Estado de São Paulo<br />

informava que Canhoto tinha mais de 200 alunos da alta sociedade.<br />

As edições mais antigas do manual não ajudam a esclarecer o fato. Segundo a<br />

coleção de Ronoel Simões, existem três versões base, sendo que duas delas não<br />

especificam datas de edição. A outra apresenta uma provável data de 1945. São elas 89 :<br />

1) methodo pratico para violão por Américo <strong>Jacomino</strong> (Canhoto). Sem data,<br />

sem edição, 28 páginas.<br />

89 Para o título dos métodos utilizou-se a grafia original.


2) methodo pratico para violão por Américo <strong>Jacomino</strong>. (São Paulo), Casa Del<br />

Vecchio, sem data (c. 1945). 27 páginas.<br />

3) metodo de violão (prático) (Canhoto) Américo <strong>Jacomino</strong>, contendo todas as<br />

tonalidades e acompanhado com sete acordes em cada tom. São Paulo, Casa Manon<br />

S.A., sem data, 32 páginas.<br />

A edição escolhida para análise é a da Casa Manon, ainda hoje editada.<br />

Apesar da maneira como Américo <strong>Jacomino</strong> tocava, seu método é destinado a<br />

pessoas destras, e não a canhotos (comprovado pelos círculos brancos onde se devem<br />

pinçar as cordas com o dedo polegar). O autor mostra as posições maiores e menores<br />

com suas antigas variantes (1.ª, 2.ª , 3.ª de Dó etc.), apresentadas pela ordem dos graus<br />

da escala e com seus cromatismos. Ou seja, na posição de Dó maior, a primeira é a<br />

fundamental, a segunda corresponde ao quinto grau com sétima (Sol com sétima), a<br />

terceira correspondendo ao Fá maior etc.. No final, todas as posições são novamente<br />

apresentadas de formas diferentes das anteriores, isso sem dúvida para uma maior<br />

variedade quando do acompanhamento de outros instrumentos ou cantores.<br />

A grande curiosidade do método está no prefácio. Primeiramente ensina-se a<br />

afinar o violão da maneira tradicional, pelas relações de som entre uma corda e outra (o<br />

ré na quinta casa da quinta corda corresponde à quarta corda solta etc.). Porém, como<br />

sempre acontece neste caso, é difícil supor que os leigos em música obtivessem um<br />

resultado satisfatório para esta explicação de afinação, o que necessitaria obviamente de<br />

uma orientação inicial ou mesmo de maior prática. Em seguida, o autor ensina a<br />

postura corporal para se tocar violão:<br />

“Para bem suster o violão é preciso o executante sentar-se numa cadeira ou<br />

banco e pousar o pé esquerdo sobre um tamborete com 20 centímetros de<br />

altura, mais ou menos. Recua-se um pouco o pé direito, conservando-se a<br />

perna esquerda na posição natural. O corpo deve ficar levemente inclinado<br />

para a frente de modo que o seu peso recaia sobre a perna esquerda e o violão<br />

põe-se transversalmente sobre a coxa esquerda – A posição acima descrita é<br />

preferida a outra qualquer, visto como oferece três pontos de apoio ao violão e<br />

este ficará em equilíbrio sem que as mãos sejam forçadas a mantê-lo”.<br />

Como se observa, nada parecido com a posição corporal na qual, por vezes,<br />

ele se exibiu para sessão de fotos em que aparece tocando o instrumento de costas


ou com o violão deitado sobre uma mesa, posições que poderiam inspirar nos alunos<br />

a idéia de certo malabarismo ao tocar. Note-se, ainda, que o texto é redigido de<br />

forma clara, o que faz supor o auxílio de alguém, visto que nas cartas endereçadas a<br />

seus amigos percebe-se que Canhoto não dominava bem a língua portuguesa. Outro<br />

fato que chama atenção é que a posição recomendada é muito próxima àquela<br />

convencionada até então pelos violonistas de repertório erudito, se considerarmos<br />

que até aquele momento os violonistas amadores e populares costumavam tocar<br />

com a perna cruzada, como se observa até hoje.<br />

Após esta introdução o autor do método escreve pormenorizadamente sobre<br />

como colocar as mãos no instrumento. Vários detalhes chamam a atenção; em primeiro<br />

lugar, o cuidado com relação ao movimento do pulso e polegar da mão esquerda para se<br />

atingir as cordas graves. Com relação à mão direita, o autor pede para se pousar o dedo<br />

mínimo (mindinho) no tampo do instrumento - como na técnica do período clássico - “a<br />

pouca distância do cavalete”. O polegar deverá pousar sobre um dos bordões e os<br />

outros dedos deverão conservar-se “sobre as três cordas de tripa”.<br />

No parágrafo intitulado, o “modo de ferir as cordas”, o que mais chama atenção<br />

é o fato de o autor pedir para se tocar sem unhas, ou seja, com as extremidades dos<br />

dedos. O polegar serviria para se tocarem os bordões, e o indicador e médio para as<br />

demais cordas. O anular seria apenas para os casos de tocar acordes e arpejos de 4, 5 e<br />

6 cordas. Pelo último parágrafo, percebe-se a preocupação do autor com a variedade,<br />

escrevendo que o dedo polegar poderá pinçar até as 2.ª e 3.ª cordas, e os dedos indicador<br />

e médio as 4.ª e 5.ª cordas para acordes, arpejos, passagens de terceiras, sextas e oitavas,<br />

“e ainda nas frases cantantes”.<br />

No subcapítulo “instruções” tem-se a impressão de um equívoco do autor<br />

quando afirma que se devem pinçar as três primeiras cordas com os dedos médio, anular<br />

e indicador, respectivamente, pois pela disposição normal da mão seria o dedo anular<br />

para a primeira corda, médio para a segunda e indicador para a terceira. Em seguida<br />

escreve sobre os sinais convencionais para as posições, como um sinal para a pestana e<br />

círculos brancos para o polegar e pretos para os demais dedos da mão direita. No final,<br />

numa observação, o autor escreve sobre a realização do vibrato: “Para se conseguir as<br />

vibrações é necessário colocar o dedo na corda desejada e balancear com toda a rapidez<br />

a mão, e firmar bem o dedo na corda”. Cabe um parêntese a este respeito, uma vez que<br />

se criou uma lenda a respeito da morte de Américo <strong>Jacomino</strong>, afirmando-se que a


intensidade despendida para a realização de um vibrato de tal natureza poderia ter<br />

ocasionado o problema cardíaco do qual ele veio a falecer em 1928.<br />

Concluindo, Canhoto escreve sobre os sons harmônicos “nos trastes 5, 7 e 12”,<br />

“podendo ser feitos nas 6 cordas de uma em uma”.<br />

Pôde ser observado que o violonista demonstrou cuidado e perspicácia na<br />

elaboração de um manual para os alunos, voltado basicamente para o acompanhamento,<br />

mas com informações úteis para os compositores e uma visão essencialmente inspirada<br />

nos métodos clássicos para violão então disponíveis, sabendo-se que o Método de<br />

Violão do violonista italiano Francesco Molino já havia sido editado em meados do<br />

século dezenove em São Paulo (vide capítulo II).<br />

IV. 5 - Comentários a respeito do violão que pertenceu a Américo <strong>Jacomino</strong>,<br />

utilizado para a gravação do CD anexo<br />

Em agosto de 2002, Luís Américo <strong>Jacomino</strong> nos emprestou um instrumento que<br />

pertenceu a seu pai para que pudéssemos registrar algumas peças em estúdio. No<br />

entanto não é possível afirmar que este tenha sido o mesmo instrumento utilizado por<br />

Canhoto nas gravações e recitais que realizou. O exame de fotografias de Américo<br />

empunhando um instrumento apontam diferenças em relação àquele instrumento<br />

emprestado, o que indicaria a existência de dois violões, pelo menos. A suposição<br />

maior de que não tenha sido o violão principal utilizado pelo violonista reside no fato de<br />

que na maioria das fotografias ele aparece com um violão específico, bastante parecido<br />

com o utilizado na gravação, porém com o ornamento da faixa lateral e da roseta<br />

diferentes. Não é improvável que o violão tenha sido modificado através de todas as<br />

restaurações, porém no caso da roseta é difícil que se faça uma mudança radical, pois<br />

era talhada na própria madeira do tampo. Caso seja realmente o mesmo violão, é, dessa<br />

forma, certeza que o tampo tenha sido trocado. Porém, outra questão ocorre,<br />

relacionada à mão do instrumento – região onde ficam as cravelhas -, que também é<br />

diferente da observada nas fotografias.<br />

O instrumento utilizado para as presentes gravações é o chamado “modelo<br />

carioca”, com as seguintes medidas e madeiras utilizadas:<br />

- Escala Maior: 66,5 cm.<br />

- Aro ou lateral: 6,5 cm. No fundo possui 67 cm.


- Cintura: Parte larga: 67 cm.<br />

Cintura: 24 cm.<br />

Cintura menor: 28 cm.<br />

- Tampo: Abeto europeu.<br />

- Fundo e lateral: Jacarandá da Bahia. Talvez tenham sido utilizadas duas madeiras<br />

distintas, mas não podemos afirmar com exatidão, o que demandaria uma análise mais<br />

aprofundada.<br />

- Espelho: Este foi nitidamente modificado, pois o braço do instrumento afundou com a<br />

ação do tempo. O novo é de jacarandá da Bahia.<br />

Dentro do violão há um cartão de 5,5 por 9,0 cm no qual está escrito:<br />

“Construído especialmente para<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> (Canhoto)<br />

em 1907 conforme atestado<br />

em nosso Poder<br />

Romeu Di Giorgio 90<br />

‘Romeu Di Giogio’ (ass.)<br />

Rua Venâncio Ayres, 309 S. Paulo”<br />

A etiqueta acima refere-se a instrumento fabricado na empresa fundada por<br />

Tranquillo Giannini, um italiano pintor de carros alegóricos que imigrou para o Brasil<br />

entre 1895 e 1900. Inicialmente a fábrica ficava na então Rua São João, número 84, lá<br />

permanecendo até 1912. Com o crescimento das atividades, o estabelecimento mudou-<br />

se para a Rua General Osório, ali permanecendo até 1924. Após este período<br />

construíram uma fábrica com recursos próprios na Rua dos Gusmões, números 64 e 66<br />

e, posteriormente, na Alameda Olga, número 84 (atualmente número 414 / 420), na Rua<br />

Carlos Weber e na cidade de Salto, no interior paulista.<br />

A inauguração da primeira fábrica foi a 15 de novembro de 1900. Inicialmente<br />

possuía 100 metros quadrados, duplicando suas instalações quando da mudança para a<br />

Rua General Osório em 1924. É interessante observar que a construção de violões da<br />

fábrica Di Giorgio está diretamente ligada à de Giannini, já que o mesmo foi casado<br />

90 Etiqueta impressa, grifada “Romeu Di Giorgio” e assinada pelo mesmo.


com uma viúva que possuía 4 filhos, que eram os Di Giorgio. Entre eles estava Romeu,<br />

que trabalhou com o padrasto até montar um negócio paralelo. O principal ramo de<br />

lutherias em larga escala do Brasil no século vinte foi criado, então, por famílias de<br />

mesma origem.<br />

Em entrevista ao Museu da Imagem e do Som de São Paulo é informado que até<br />

1930 teriam sido fabricados 600 violões por mês, saltando para 800 unidades na década<br />

de 1910, número praticamente triplicado na década de 1920, quando a fabricação<br />

atingiu a marca de 2200 violões por mês.<br />

No entanto, a etiqueta que está dentro do instrumento cedido por Luís Américo<br />

<strong>Jacomino</strong> traz o endereço da Rua Venâncio Ayres. Logo, este teria sido fabricado pelo<br />

próprio Romeu, quando estabelecido em outra empresa? A indicação da existência de<br />

um outro instrumento se deve ao depoimento de Ronoel Simões para o mesmo Museu<br />

da Imagem e do Som de São Paulo, em que diz ter ouvido de Paraguaçu que Barrios e<br />

<strong>Jacomino</strong> tocavam na fábrica de Romeu Di Giorgio, instalada na Rua Rangel Pestana,<br />

próximo ao Ministério da Fazenda, na praça da Sé, a partir das 16 horas até o<br />

fechamento do estabelecimento. A dúvida se impõe porque, pelo relato, a prática se<br />

dava durante o ano de 1916 e o endereço de Romeu Di Giorgio é o da Rua Venâncio<br />

Ayres. Resta a possibilidade de que o cartão assinado pelo luthier fornecesse seu<br />

endereço particular enquanto funcionário de Tranquillo Gianinni. Assim, não parece<br />

improvável que o violão tenha sido construído pelo próprio Romeu Di Giorgio, já que<br />

na época os violões eram fabricados de forma mais ou menos artesanal.<br />

Que o instrumento utilizado para esta gravação pertenceu de fato a Américo<br />

<strong>Jacomino</strong> é endossado pelo depoimento de seu filho, Luís Américo, bem como pelo<br />

cartão em seu interior. O instrumento foi construído há quase cem anos, o que<br />

compromete sua afinação, que, como se sabe, é muito afetada pelo deslocamento do<br />

braço do instrumento em decorrência de sua antiguidade. Além disso, é preciso<br />

considerar que possivelmente ele foi modificado por luthiers ou pela ação do próprio<br />

tempo.<br />

IV.6 - Considerações sobre a gravação do CD anexo<br />

Para a gravação do CD anexo foram escolhidas 20 músicas representativas de<br />

compositores-violonistas do início do século vinte. A maior quantidade de músicas de


Américo <strong>Jacomino</strong> explica-se por ser o objeto principal da dissertação e por ser o<br />

violonista com maior quantidade de gravações dentre todos do mesmo período.<br />

As gravações foram feitas no dia 11 de agosto de 2001 no Estúdio GTR, em<br />

Mairiporã, especializado em gravações de violão. Na tentativa de resgatar ao máximo a<br />

sonoridade da época foram escolhidas cordas de tripa por serem bastante usadas pelos<br />

violonistas no período. Estas foram preferidas ao aço, para a gravação, por se entender<br />

que o som metálico do aço não corresponderia à sonoridade escutada nos discos de 78<br />

RPM, quando interpretadas em CD nos equipamentos modernos.<br />

Foram usadas, então, a primeira, segunda e terceira cordas de tripa e os bordões<br />

de aço não-recentes (ou, mais especificamente, "não-novos"). Esta prática, ou seja, o<br />

emprego de bordões “amaciados” era freqüente no início do século vinte. Porém,<br />

houve problemas relacionados à durabilidade das cordas de tripa, principalmente com a<br />

primeira, Mi, a qual foi se desgastando durante a gravação. No final, teve-se, então, que<br />

se utilizar a primeira corda de um material equivalente à tripa e que possui praticamente<br />

o mesmo som, chamado nail-gut, muito utilizado atualmente por intérpretes de<br />

instrumentos de cordas dedilhadas antigas (guitarras barroca, clássica etc.). Assim<br />

sendo, a primeira parte do CD, com obras de Américo <strong>Jacomino</strong> foram inteiramente<br />

interpretadas com as primeiras cordas de tripa, com exceção das duas marchas (Marcha<br />

Triunfal Brasileira e Marcha dos Marinheiros). Em todo o restante do CD a primeira<br />

corda é de nail-gut.<br />

A seleção do repertório – 20 peças, no total, - contemplou principalmente a obra<br />

de Américo <strong>Jacomino</strong>, além de certos compositores, como veremos a seguir. De um<br />

lado, buscou-se a variedade de estilos e obras gravadas pelos intérpretes do período. De<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> foram gravadas duas marchas que, além do caráter patriótico<br />

apontam ainda riqueza de recursos timbrísticos. São elas a Marcha Triunfal Brasileira<br />

e a Marcha dos Marinheiros. Olhos Feiticeiros, um choro, interessa tanto pelo gênero<br />

quanto pelo fato de ter uma escrita cômoda para o intérprete, favorecendo a sonoridade<br />

do instrumento; também um choro, Niterói foi gravado pelo próprio Canhoto. Com o<br />

intuito de apontar a variedade de gêneros, foram selecionadas também duas valsas,<br />

Abismo de Rosas – uma de suas composições mais famosas –, Reminiscências, peça<br />

muito divulgada, bem como uma terceira peça desse gênero, Arrependida, que ainda<br />

apresenta a curiosidade de ter sido muito divulgada como canção por Paraguaçu. Em<br />

relação a ele, conta-se também que este mesmo cantor teria declarado a grande<br />

felicidade por ter cantado a peça com acompanhamento de Canhoto. Alvorada de


Estrelas, uma gavota, apresenta um gênero erudito empregado por Canhoto em escrita<br />

que pede a scordattura do instrumento. Mas, dentre os gêneros preferidos pelo<br />

compositor e violonista, está o tango, que o CD contempla com as faixas Caprichoso,<br />

obra cuja melodia se desenvolve na região grave do instrumento, Guitarra de Mi Tierra<br />

e Amor de Argentina, respectivamente um tango argentino e um tango-milonga. Dentre<br />

as obras divulgadas com mais de uma versão, foram escolhidos o foxtrot Quando os<br />

Corações se Querem, publicado três vezes com nomes diferentes e A Menina do Sorriso<br />

Triste, um fox-tango que também é versão de Quando Os Corações se Querem.<br />

Os compositores que completam a relação do repertório são contemporâneos de<br />

Américo <strong>Jacomino</strong>, caso de Levino Albano da Conceição, Glauco Vianna, Mozart<br />

Bicalho, José Augusto de Freitas, Antonio Giacomino e Theotônio Corrêa. No caso<br />

deste último, apresenta ainda o interesse de ter participado do primeiro trio de violões<br />

de que se tem notícia no Brasil – Os Três Sustenidos – e de ter gravado junto a esse Trio<br />

o maxixe Cruzeiro. Outro compositor gravado, Mário Pinheiro, é cronologicamente<br />

anterior, porém foi o primeiro a entrar em estúdio e fazer uma gravação de violão solo<br />

no Brasil, com o romance Petita. O CD apresenta a seguinte ordem de faixas:<br />

Américo <strong>Jacomino</strong><br />

1- Marcha Triunfal Brasileira<br />

2- Abismo de Rosas (valsa)<br />

3- Nictheroy (choro)<br />

4- Caprichoso (tango)<br />

5- Quando Os Corações Se Querem (fox-trot)<br />

6- Reminiscências (valsa)<br />

7- Olhos Feiticeiros (choro)<br />

8- Arrependida (valsa)<br />

9- Guitarra de Mi Tierra (tango argentino)<br />

10- Amor de Argentina (tango-milonga)<br />

11- Alvorada de Estrelas (gavota)<br />

12- Marcha dos Marinheiros<br />

13- A Menina do Sorriso Triste (fox-tango)<br />

Levino Albano da Conceição<br />

14- Saudades do Rio Grande (valsa-serenata)


Glauco Vianna<br />

15- Pertinho de Meu Bem (polca-choro)<br />

Mozart Bicalho<br />

16- Gotas de Lágrimas (valsa)<br />

Mário Pinheiro<br />

17- Petita (romance)<br />

Theotônio Corrêa<br />

18- Cruzeiro (maxixe)<br />

José Augusto de Freitas<br />

19- Soluços (valsa)<br />

Antonio Giacomino<br />

20- Festa na Fazendo (cateretê)<br />

Para gravarmos o CD, escutamos as obras em discos de 78 rotações e<br />

transcrevemos as peças aqui apresentadas no anexo III. Da audição das obras surgiu a<br />

questão se deveriam ou não ser interpretadas de maneira idêntica à conferida por seus<br />

autores e intérpretes originais. A solução não foi uniforme, uma vez que, como foi dito,<br />

adotamos a pesquisa pela sonoridade da época, mas no caso da interpretação, não<br />

quisemos correr o risco de caricaturizá-las utilizando a interpretação antiga.<br />

A escolha das músicas também obedeceu ao critério relacionado às<br />

características mais marcantes de cada compositor. O maior número de valsas, no caso<br />

de Américo <strong>Jacomino</strong>, deveu-se, portanto à maior quantidade de peças neste estilo<br />

interpretadas pelo violonista.<br />

A inclusão das duas marchas foi em função do sucesso alcançado por essas peças<br />

durante a vida do violonista e a longevidade que ainda obtêm no repertório violonístico<br />

brasileiro. No caso de Levino Albano da Conceição, o violonista viveu um tempo no<br />

sul do país, e esta música lhe era especial, sendo uma das editadas pelo compositor em<br />

vida. De Glauco Vianna, a polca-choro Pertinho de Meu Bem é adequada para se ter


uma idéia dos recursos técnicos do violonista. A valsa Gotas de Lágrimas, de Mozart<br />

Bicalho, foi a peça de maior resposta comercial do violonista e representa uma das<br />

poucas obras do período a entrar no repertório de alguns violonistas durante o século.<br />

Essa peça foi gravada originalmente em dois violões, nitidamente com cordas de aço. O<br />

romance Petita, de Mário Pinheiro, foi incluído por se tratar da peça mais antiga a ser<br />

gravada em violão solo no Brasil, no ano de 1910. O maxixe Cruzeiro, de Theotônio<br />

Corrêa, foi originalmente gravado em três violões com o trio Os Três Sustenidos, o mais<br />

antigo trio de violões a gravar discos no Brasil, tendo entre seus integrantes um dos<br />

mais antigos violonistas solistas que se conhece no país, João Avelino de Camargo, o<br />

Melinho de Piracicaba. A valsa Soluços, de José Augusto de Freitas, é uma boa<br />

referência de como interpretava e compunha o violonista. Por fim, o cateretê Festa na<br />

Fazenda nos mostra um curioso violonista paulista com sobrenome igual ao de<br />

Canhoto, Antonio Giacomino. Para esta gravação foi utilizado o manuscrito do próprio<br />

compositor, o único encontrado nesta pesquisa dentre todos os textos dos violonistas<br />

apresentados neste CD.


Conclusão<br />

Ainda que as primeiras notícias sobre o uso do violão no Brasil sejam esparsas e<br />

um tanto incertas quanto ao tipo de instrumento usado até o início do século vinte, é<br />

claro que o instrumento esteve presente desde o início da colonização portuguesa no<br />

país. A partir das primeiras notícias do violão na vida musical especificamente paulista,<br />

percebe-se sua importância como acompanhante de canções ou manifestações populares<br />

diversas, em festas folclóricas, embora não se tenha certeza de sua prática solista<br />

anterior à segunda metade do século dezenove. No que tange à história do violão em<br />

São Paulo, as notícias de relevo são as que datam da fundação da Faculdade de Direito<br />

do Largo São Francisco. São valiosas as notícias sobre a venda do Método para Violão,<br />

de Francesco Molino, bem como sobre a participação de um certo Professor Lisboa<br />

apresentando-se em recital em São Paulo, violonista que executou ao instrumento as<br />

Variações sobre Temas da Traviata. Não se sabe se estas variações foram escritas por<br />

Francisco Tárrega ou Julian Arcas.<br />

Com o início da comercialização de discos no Brasil, percebe-se que o violão<br />

está presente em muitas gravações, embora como instrumento acompanhador dos<br />

principais cantores do período, Bahiano, Cadete e Eduardo das Neves. Somente em<br />

1910 o instrumento é gravado em solo no Brasil, por Mário Pinheiro, um baixo,<br />

justamente mais conhecido como cantor de ópera. No mesmo período Agustín Barrios<br />

também entra em estúdio, no Paraguai, fato que coloca os dois paises cronologicamente<br />

como os pioneiros das gravações de violão solo em todo o mundo.<br />

Em São Paulo, por volta de 1915, o nome de Américo <strong>Jacomino</strong> começa a se<br />

firmar com prestígio nas salas de concerto e nos jornais, posto que manterá até sua<br />

morte prematura aos 38 anos de idade. Atestam sua popularidade as informações<br />

veiculadas no jornal O Estado de São Paulo, que chegou a publicar uma coluna não<br />

oficial intitulada “Notícias do Canhoto”. Ficou demonstrado que foi ele quem mais<br />

discos gravou e quem mais se apresentou em público e no rádio, pelo menos na capital<br />

paulista. No final de sua vida a repercussão de seu nome recebeu ainda o impulso do<br />

prêmio O Que é Nosso, do Rio de Janeiro, valendo-lhe o título de “O Rei do Violão<br />

Brasileiro”.<br />

Com a morte de <strong>Jacomino</strong> outros violonistas surgem, também solistas, mas que<br />

na falta de uma escola oficial para o instrumento tocavam principalmente de cor e


dedicavam-se ao repertório popular. Apesar da notícia no início do século de recitais do<br />

cubano Gil Orozco, da informação de que havia professores de violão erudito no Brasil,<br />

da vinda de Agustin Barrios e Josefina Robledo para o país na década de 1910 e Sanz<br />

de La Maza e Juan Rodrigues na década de 1920, trazendo consigo as mais recentes<br />

informações sobre o violão erudito na Europa, o Brasil demoraria a assimilar de forma<br />

mais contundente esta prática instrumental, mesmo com o respaldo da pioneira revista<br />

carioca O Violão, que possuía um correspondente paulista de nome Osvaldo Soares,<br />

discípulo da mesma Josefina Robledo, e o respaldo de figuras como Quincas<br />

Laranjeiras, que possuía uma associação de violão erudito no Rio de Janeiro. Isso iria<br />

sistematicamente acontecer apenas na década de 1940, quando do estabelecimento no<br />

Brasil do uruguaio Isaías Sávio, abrindo caminho para um maior estudo do violão<br />

erudito e o início definitivo de uma nova era do violão no país. Isso demonstrou<br />

também uma certa incongruência, no caso de Américo <strong>Jacomino</strong>, pois o local em que o<br />

violonista mais se apresentou foi o salão do Conservatório Dramático e Musical de São<br />

Paulo, justamente o lugar que abriria a primeira cadeira de violão erudito no Brasil, mas<br />

apenas quase duas décadas após a sua morte.<br />

Retrospectivamente podemos apontar para uma primeira geração de violonistas<br />

solistas que passaram pelos palcos de São Paulo ou que aqui nasceram e que deixaram<br />

registros em discos: Américo <strong>Jacomino</strong>, Antonio Giacomino, Mozart Bicalho, Rogério<br />

Guimarães, Henrique Brito, Levino Albano da Conceição, Henrique Xavier Pinheiro,<br />

Glauco Vianna, José Augusto de Freitas, Theotônio Corrêa e João Avelino de Camargo.<br />

Outro ponto em comum foi o fato de terem explorado o instrumento de forma solista,<br />

não apenas como instrumento acompanhador, aqui não importando se os repertórios<br />

veiculados eram de caráter erudito ou popular.<br />

Chama a atenção, também, a atividade intensa de Américo <strong>Jacomino</strong>, o que deve<br />

ter colaborado bastante para sua popularização. Assim como soube absorver e utilizar<br />

todos os meios de comunicação emergentes, desde as gravações em discos de 78 RPM,<br />

no sistema mecânico e, posteriormente, no sistema elétrico, até o rádio, também valeu-<br />

se da imprensa escrita e das apresentações em teatros por todo o Brasil, em especial nos<br />

Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. O violonista também concorreu em concursos<br />

de música carnavalesca, publicando várias destas músicas em partituras para piano,<br />

supostamente porque eram mais fáceis de serem vendidas, o que demonstra mais um<br />

talento para a auto-publicidade. A esse respeito, não foi encontrada nenhuma partitura<br />

publicada para violão por Américo <strong>Jacomino</strong> até sua morte. Isso poderia mostrar que


havia poucos violonistas familiarizados com a escrita em partitura musical para que se<br />

compensasse a edição das mesmas para violão solo. Um outro aspecto a ser destacado é<br />

que Canhoto se mantivesse atualizado a respeito de seu instrumento, considerando-se o<br />

depoimento de Paraguaçu, segundo o qual Agustin Barrios e Canhoto freqüentavam<br />

juntos a oficina de Romeu Di Giorgio. Assim, naturalmente, deve ter comparecido<br />

também a algum recital de Josefina Robledo, já que os ambos estiveram em São Paulo<br />

na mesma época em plena atividade, a partir do que se poderá deduzir uma possível<br />

influência da intérprete espanhola na sua maneira de tocar ou de compor. Apesar de<br />

autodidata, os efeitos utilizados por esse violonista eram os mesmos praticados pelos<br />

violonistas eruditos citados. Com relação à sua técnica instrumental, embora específica<br />

(por ser canhoto), não demonstrava diferenciação sonora se comparada à técnica dos<br />

violonistas citados, e as gravações existentes comprovam isso. O fato de tocar com a<br />

mão esquerda sem inverter a ordem das cordas não alterou a sonoridade das músicas.<br />

O marco principal deste período em São Paulo é o ano de 1916, por ocasião do<br />

recital de Américo <strong>Jacomino</strong>, e 1917, por ocasião dos recitais de Agustín Barrios e<br />

Josefina Robledo, a partir dos quais o violão passa então a ser considerado de outra<br />

forma pela imprensa escrita, com muito menos preconceito e muito mais admiração. As<br />

informações do jornal O Estado de São Paulo contidas antes e após o ano de 1916<br />

demonstram claramente o fato.<br />

Pelas informações subseqüentes ao nascimento de Américo <strong>Jacomino</strong> em 1889 e<br />

posteriores à sua morte em 1928, pode-se concluir que o período que percorre a carreira<br />

artística do violonista corresponde ao início definitivo do desenvolvimento da arte<br />

solística do violão no Brasil.<br />

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GLOEDEN, Edelton. O Ressurgimento do Violão no Século XX: Miguel Llobet,<br />

Emilio Pujol e Andrés Segóvia. Dissertação de Mestrado, ECA-USP, São Paulo,<br />

1996.<br />

MARTINS, José Eduardo. Henrique Oswald: Compositor Romântico. Tese de<br />

Doutoramento, USP, FFLCH, São Paulo, 1988. 3 v.<br />

IV.3 – REVISTAS E PERIÓDICOS (PUBLICAÇÕES ESPECÍFICAS E<br />

JORNAIS)<br />

CASTAGNA, Paulo & ANTUNES, <strong>Gilson</strong>. 1916, O Violão Brasileiro já é uma arte.<br />

Revista Cultura Vozes, n.º 1, ano 88, jan./fev., 1994, p. 37-51.<br />

PUNTO MARGINAL: Revista de Cultura y Politica. En Homenaje a Agustin Barrios.<br />

Ano 1, número 4, agosto-setembro 1994. Assunção, Paraguai.<br />

REVISTA RODA DE CHORO. Volumes 0 a 5. Rio de Janeiro, 1995- 1997<br />

VIOLÃO E MESTRES. São Paulo, Violões Gianinni S. A, 1964-68.<br />

2 - BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA SOBRE AMÉRICO JACOMINO<br />

(INCLUI ARTIGOS DE JORNAIS, REVISTAS E VERBETES DE<br />

DICIONÁRIOS)<br />

A CULTURA do violão em S. Paulo. O Violão, Rio de Janeiro, ano 1, n.º 1, dez.<br />

1928, p. 17.<br />

À SOMBRA de Pixinguinha ( mas tão bons quanto eles) . Jornal<br />

da Tarde, São Paulo, 12 jul. 1979.<br />

AIMORÉ (José Alves da Silva). In:Enciclopédia da música brasileira: erudita,<br />

folclórica, popular. São Paulo, Art. Ed. , 1977. V. 1, p. 8.


ALMEIDA, Sérgio Pinto de. Um violão tocado ao avesso. Folha de São Paulo,<br />

Ilustrada, ano 57, n.º 18.165, p. 35, Quarta-feira, 27 dez. 1978.<br />

AMÉRICO JACOMINO - O trespasse do conhecido violonista brasileiro. Folha da<br />

Noite, São Paulo, ano 8, n.º 2.392, sábado, 08 set. 1928 , p. 5.<br />

ARMANDINHO (Armando Neves ). In: Enciclopédia da música brasileira. Op. Cit.,<br />

v. 1, p. 47.<br />

ARMANDO Neves: o violão no tempo de Canhoto; o conhecido compositor<br />

Armandinho fala da época de ouro das serenatas. Violão e Mestres, São Paulo,<br />

v. 1, p. 20-23.<br />

CANHOTO (Américo <strong>Jacomino</strong>). In: Enciclopédia da música brasileira; erudita,<br />

folclórica, popular. São Paulo, art Ed. , 1977. V. 1, p. 139.<br />

“CANHOTO” ( Américo <strong>Jacomino</strong>). In: IAFELICE, Carlos. Gênios da música:<br />

biografia de compositores célebres; origem e dados completos sobre<br />

instrumentos musicais. São Paulo, Livraria Trio Editora Ltda. , 1974. P 28- 34.<br />

(CANHOTO). Jornal de Jundiai . 07 jan. 1979. P. 5.<br />

CANHOTO e Jundiaí , uma estreita ligação. Jornal de Jundiaí . 07 jan. 1979. p. 1.<br />

CANHOTO do violão, 50 anos depois. Folha de São Paulo, 07 SET. 1978.<br />

NA CIDADE um rico acervo sobre Américo <strong>Jacomino</strong>, o Canhoto. Jornal de Jundiaí ,<br />

07 jan. 1979. P. 7.<br />

CHAGAS, Luiz. A história começou com “Abismo de Rosas “ . Jornal da Tarde, São<br />

Paulo, Suplemento Especial, 27 maio 1989, p. 4.<br />

FERNANDES, Juvenal. O Cartaz da Semana. (?), 19 SET. 1922 e 1983.<br />

FERNANDES, Juvenal. O Cartaz da Semana. In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto. São<br />

Paulo, Fermata do Brasil, s. d. p. 13-14.<br />

FALECEU o maior violonista brasileiro; “Canhoto” foi o vencedor do concurso “o que<br />

é nosso”. Folha da Manhã, São Paulo, 08 SET.1928..<br />

FALLECIMENTO / Fallecimento de um conhecido violonista. A Tribuna, Santos, ano<br />

35, n.º 165, col. São Paulo, sáb.8 set. 1928. p. 1.<br />

FALLECIMENTOS - Américo <strong>Jacomino</strong>. O Estado de S.Paulo, ano 54, n.º 18.026,<br />

sábado, 08 set. 1928, p. 2.<br />

FALLECIMENTOS - Américo <strong>Jacomino</strong>. Diário Nacional, São Paulo, ano 2, n.º<br />

363, Domingo, 09 de setembro 1928, p. 10.


JACOMINO, Américo “Canhoto”. In: PRAT, Domingo. Diccionario biografico,<br />

bibliografico, historico, critico de guitarras ( instrumentos afines), guitarristas (<br />

. . . ) . Buenos Aires, Casa Romero y Fernandes, (1934). P. 167.<br />

( LANCELLOTTI, Sílvio) . Canhoto. In: DENYER, Ralph. Toque; curso completo<br />

de violão & guitarra. Rio de janeiro, Rio Gráfica e Editora, Ltda. , 1982. P.<br />

89-91.<br />

MAGYAR, Vera. A Musa: aos 93 anos, dona Laura das Dores lembra do tempo em<br />

que inspirou o Abismo de Rosas, de Canhoto. Jornal da Tarde, São Paulo, 10<br />

de outubro de 1978. P. 15.<br />

NASSIF, Luís. Toque de mestre; um modesto registro da obra do grande Garoto. Veja,<br />

São Paulo, n.º 551, mar. 1979, p. 77-78.<br />

NECROLOGIA. Diário Popular, São Paulo, ano 44, n.º 14.705, , sábado, 8 de<br />

setembro 1928, p. 12.<br />

NECROLOGIA - Américo <strong>Jacomino</strong>. Diário da Noite, São Paulo, ano 41, n.º 62,<br />

sábado, 08 set. 1928. p. 2.<br />

NOTAS violonísticas. Violão e Mestres, São Paulo, v. 2, n.º 1, dez. 1967, p. 59-61.<br />

(NOTÍCIA sem título ). Jornal do Commercio, São Paulo, ano 12, n.º 267, sábado 08<br />

set. 1928, p. 3.<br />

NUNES, Olavo Rodrigues. Armandinho, chorão paulista, coração brasileiro.<br />

Urubumalandro; Caderno do Clube do Choro de São Paulo, n.º especial, ago<br />

1978. p. 7-11.<br />

O QUE é nosso; O “Correio da Manhã” prosseguirá na defesa do nosso patrimônio. O<br />

Violão, Rio de Janeiro, ano 1, n.º 5, abr. 1929. p. 15-16.<br />

O VIOLÃO entre nós. O Violão, Rio de Janeiro, ano 1, n.º 1, dez. 1928, p. 8-9.<br />

O VIOLÃO nos estados. A Voz do Violão, Rio de Janeiro, ano 1, n.º 1, fev. 1931. p.<br />

17-18.<br />

OS ASTROS brasileiros do violão. A Voz do Violão, Rio de Janeiro, ano 1, n.º 2,<br />

mar. 1931, p. 11-12.<br />

PARAGUAÇU (Roque Ricciardi ). In: Enciclopédia da música brasileira. Op. Cit.,<br />

v.2, p. 587.<br />

REGISTRO - Fallecimentos. Jornal do Commercio, São Paulo, ano 12, n.º 267, sábado,<br />

08 de setembro 1928, p. 3.<br />

REGISTRO – Enterros – <strong>Americo</strong> <strong>Jacomino</strong>. Jornal do Commercio, São Paulo, ano 12,<br />

n.º 268, dom.9 set. 1928, p. 5.


RIBEIRO, Rubens & BORGES, Almir. As mãos que souberam dar beleza ao som.<br />

Periódico não identificado, c. 1968.<br />

SIMÕES, Ronoel. Américo <strong>Jacomino</strong> “Canhoto”. A Gazeta, São Paulo, série de 4<br />

artigos, dez. 1958.<br />

SIMÕES , Ronoel. Américo <strong>Jacomino</strong>, “Canhoto”. In: Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto.<br />

São Paulo, Fermata do Brasil, s.d. p. 5-9.<br />

SIMÕES, Ronoel. Américo <strong>Jacomino</strong> Canhoto (1887-1928); un grande chitarrista<br />

Brasiliano. L’arte chitarristica, Modena, v. 3, n.º 17, p. 3. 1949.<br />

SIMÕES, Ronoel. Américo <strong>Jacomino</strong>, o Canhoto. Violão e Mestres, São Paulo , v. 1,<br />

n.º 1, p. 4-8, mar. 1964; v. 1, n.º 2, ago 1964, p. 24-28.<br />

THOMÉ, Nadra Michel. O violão de Romeu di Giorgio. Violão: suplemento especial<br />

do Jornal da Tarde, São Paulo, 27 de maio 1989, p.7.<br />

TIGRE , Bastos. Como os nossos intellectuaes apreciam o violão. A Voz do Violão,<br />

Rio de Janeiro, ano 1, n.º 2, mar. 1931, p. 21-23.


ANO OBRA COMPOSITOR INTÉRPRETE LOCAL<br />

1904 F. P. Catton Club Germânia<br />

1904 Noturno em mi bemol Chopin Terceto Salão Carlos<br />

Espanhol Gomes<br />

1906 Prelúdio em acordes Tárrega Gil Orozco Salão Steinway<br />

1906 Estúdo em harpejos Tárrega Gil Orozco Salão Steinway<br />

1906 Valsa em Lá Arcas Gil Orozco Salão Steinway<br />

1906 Cantos de Andaluzia Arcas / Tobosso Gil Orozco Salão Steinway<br />

1906 Dança Cubana Tabarez / Orozco Gil Orozco Salão Steinway<br />

1906 Duas Mazurcas Soria / Penella Orozco e Baltar Salão Steinway<br />

1906 Prelúdio Tárrega Gil Orozco Salão Steinway<br />

1906 Minuetto Tárrega Gil Orozco Salão Steinway<br />

1906 Coro de Bispos Meyerber Gil Orozco Salão Steinway<br />

1906 Capricho Árabe Tárrega Gil Orozco Salão Steinway<br />

1906 Jota Aragonesa Arcas / Tárrega Gil Orozco Salão Steinway<br />

1911 Aires Andaluzas Arcas Manuel Gomes Centro<br />

Espanhol<br />

1911 Gallegada Veiga Manuel Gomes Centro<br />

Espanhol<br />

1911 Miserere do Trovador Verdi Manuel Gomes Centro<br />

Espanhol<br />

1911 Sítio de Bilbao Manuel Gomes Manuel Gomes Centro<br />

Espanhol<br />

1911 Serenata Manuel Gomes Manuel Gomes Centro<br />

Espanhol<br />

1911 Fantasia Brilhante Vinhas Manuel Gomes Centro<br />

Espanhol<br />

1911 Tango Americano Damas Manuel Gomes Centro<br />

Espanhol<br />

1911 Bolero Arcas Manuel Gomes Centro<br />

Espanhol<br />

1911 Gran Jota Aragonesa Arcas / Tárrega Manuel Gomes Centro<br />

Espanhol<br />

1914 Ave Maria Gounod F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático<br />

1914 Traumerei Schumann F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático<br />

1914 Reverie Dunkler F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático<br />

1914 Siciliene Pergolesi F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático<br />

1914 Preghiera Stradela F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático<br />

1914 Berceuse de Jocelin Godard F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático<br />

1914 Gavotta Giuliani F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático


1914 Scherzo Becker F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático<br />

1914 Stabat Mater Rossini F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático<br />

1914 Largo Celebre Handel F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático<br />

1914 Minueto Boccherini F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático<br />

1914 L’Absence Dunkler F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático<br />

1914 Marcha / Tannhauser Wagner F. Pistoresi Cons.<br />

Dramático<br />

1916 Suplica de Amor Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1916 Serenata Árabe Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1916 Cigarra na Ponta Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1916 Magia de Olhar Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1916 Sonhando Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1916 Tango da Agarra Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1916 Guarany Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1916 Cateretê Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1916 Campos Sales Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1916 Medrosa Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1916 Alucinação de um Sonho Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1916 Sonho de Amor Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Meditação Garcia Tolsa Barrios Correio Paulist.<br />

1917 Marcha Eróica Giuliani Barrios Correio Paulist.<br />

1917 Recuerdos del Pacífico Barrios Barrios Correio Paulist.<br />

1917 Tarantella Barrios Barrios Correio Paulist.<br />

1917 Nocturno op. 9 n.º 2 Chopin Barrios Correio Paulist.<br />

1917 Rapsódia Americana Barrios Barrios Correio Paulist.<br />

1917 Bicho Feio Barrios Barrios Correio Paulist.<br />

1917 Jota Aragoneza Barrios Barrios Correio Paulist.<br />

1917 Chanson du Printemps Mendelsohnn Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Rondó Brilhante Aguado Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Fantasia de Concerto Arcas Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Fantasia de La Traviata Verdi / Arcas Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Moraima Espinosa Barrios Theatro Mun.


1917 Estudo p/ mão esquerda Coste Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Rapsódia Americana Barrios Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Dança Macabra Regondi Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Andante Haydn Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Tanda deValses Tolsa Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Aminha Mãe Barrios Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Lucia de Lammermoor Donizetti Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Capricho Espanhol Barrios Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Mazurca Chopin Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Romance Barrios Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Serenata Arabe Tarrega Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Tango n.º2 Barrios Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Il Trovatore, Miserere Verdi Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Gavota Romântica Czibulka Barrios Theatro Mun.<br />

1917 Fantasia em Mi Vinas Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Impressões de um Conto Baltar Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Saudades do Rio de Jan. Barrios Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Página de Álbum Barrios Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Minuetto Beethoven Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Scherzo Hípico Barrios Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Polonaise FAntastique Arcas Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Romance sem Palavras Mendelssohnn Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Meditação Tolsa Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Tango n. 3 Barrios Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Marcha Dupuy Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Serenata Espanhola Albeniz Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Valsa Godard Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Trêmulo Gottschalk Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Jota Aragoneza Tárrega Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Priere Squire Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Nina Pergolese Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Sur lê Lac Godard Robledo Cons.


Dramático<br />

1917 Serenata Espanhola Glazounov Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Granada Albeniz Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Bourré Bach Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Nocturno op.9 n.º2 Chopin Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Carnaval de Veneza Paganini Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Capricho Árabe Tárrega Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Recuerdos de Alambra Tárrega Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Cançonetta Mendelssohn Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Carnaval de Veneza Paganini Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Berceuse Godard Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 O Cisne Saint Saens Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Era um sonho Molina Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Canção Andaluza Ros Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Serenata Malats Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Loure Bach Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Astúrias Albeniz Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Air de Ballet Massenet Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Dança Espanhola Granados Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Sueno Tárrega Robledo Automóvel<br />

Club<br />

1917 Berceuse Schumann Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Minuetto de L’Arlesiene Bizet Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Reverie Schumann Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Oriental Cesar Cui Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Ave Maria Schubert Robledo Cons.<br />

Dramático


1917 Canção e Pavana Couperin Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Adágio / Sonata Patética Beethoven Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Danza Mora Tárrega Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1917 Sán Nicolas Schumann Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Alucinação de um Sonho Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Argonautas Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Asta Luego Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Olhar de Deusa Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Em ti Pensando Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Alma Portuguesa Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Abismo de Rosas Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Uma Noite na Roça Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Marcha Eróica Giuliani Barrios Pavilhão<br />

Central<br />

1918 Chant du Printemps Mendelssohn Barrios Pavilhão<br />

Central<br />

1918 Recuerdos del Pacífico Barrios Barrios Pavilhão<br />

Central<br />

1918 Meditação (noturno) Tolsa Barrios Pavilhão<br />

Central<br />

1918 Rapsódia Espanhola Barrios Barrios Pavilhão<br />

Central<br />

1918 Gran Concerto em Lá Arcas Barrios Pavilhão<br />

Central<br />

1918 Noturno op.9 n.º 2 Chopin Barrios Pavilhão<br />

Central<br />

1918 Gavota Romântica Czibulka Barrios Pavilhão<br />

Central<br />

1918 Bicho Feio Barrios Barrios Pavilhão<br />

Central<br />

1918 Jota Aragoneza Barrios Barrios Pavilhão<br />

Central<br />

1918 Fantasia Variada Sor Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Adágio Beethoven Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Rondó Brilhante Aguado Barrios Cons.


Dramático<br />

1918 Gavotte Madrigal Barrios Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Meditação Tolsa Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Capricho Árabe Tárrega Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Chant du Paysan Grieg Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Página de Álbum Barrios Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Minuetto em Lá Bufaleti Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1918 Gran Jota Barrios Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Souvenir d’un Reve Barrios Barrios Teatro S. Pedro<br />

1919 Reverie Schumann Barrios Teatro S. Pedro<br />

1919 Gran Jota Barrios Barrios Teatro S. Pedro<br />

1919 Minueto em Sol Beethoven Barrios Teatro S. Pedro<br />

1919 Bourré Bach Barrios Teatro S. Pedro<br />

1919 Meditação Tolsa Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Berceuse Schumann Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Marcha Eróica Giuliani Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Capricho Árabe Tarrega Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Noturno op.9 n.o.2 Chopin Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Bourre Bach Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Altair (valsa) Barrios Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Gavota Czibulka Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Gran Jota BArrios Barrios Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Serenata Española Malats Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Dança Española n.o. 10 Granados Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Dança Española n.o. 11 Granados Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Recuerdos de Alhambra Tárrega Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Noturno op.9 n.o. 2 Chopin Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Canção Andaluz Ros Robledo Cons.


Dramático<br />

1919 O Cisne Saint Saens Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Oriental Cesar Cui Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Coro de Anjos Cramer Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Serenata Espanhola Glazounov Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Astúrias Albeniz Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Granada Albeniz Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Canção do Berço Pujol Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Bourré Bacho Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Jota Aragonesa Tárrega Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Berceuse Schumann Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Gavota Francisco Braga Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Minuetto Francisco Braga Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Adágio – sonata Patética Beethoven Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Dança Espanhola n.º 5 Granados Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Dança Espanhola n.º12 Granados Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Nina Pergolesi Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Elegia Massenet Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Era um sonho Molina Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Melodia Rubinstein Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Coro de Anjos Cramer Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Cadiz Albeniz Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Minueto Mozart Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Loure Bach Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1919 Sueno Tárrega Robledo Cons.<br />

Dramático


1920 Marcha Triunfal Canhoto Canhoto Cons.<br />

Brasileira<br />

Dramático<br />

1920 Lês Diamants Lichne Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1920 Serenata Árabe Frontini Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1920 Invejoso Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1920 Alucinação de um Sonho Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1920 Favorita Joan Aragones Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1920 Brasil Thiers Cardoso Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1920 Tarantella Albano Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1920 Samba do Norte Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1921 Estudo em Lá maior Coste Benedito S.<br />

Capello<br />

A Cigarra<br />

1921 Canção do Berço Pujol Benedito S.<br />

Capello<br />

A Cigarra<br />

1921 Valsa de Concerto H. Montey Benedito S.<br />

Capello<br />

A Cigarra<br />

1921 Romance sem Palavras Mendelssohn Benedito S.<br />

Capello<br />

A Cigarra<br />

1921 Miserere do Trovador Verdi Benedito S.<br />

Capello<br />

A Cigarra<br />

1921 Adágio da Sonata Beethoven Benedito S. A Cigarra<br />

Patética<br />

Capello<br />

1921 Noturno op.9 n.º 2 Chopin Benedito S. A Cigarra<br />

Capello<br />

1923 Capricho Árabe Tarrega Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1923 Romanzan. 6 e 12 Mendelssohn Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1923 Estudos Tárrega Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1923 Granada Albeniz Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1923 Canção do Berço Pujol Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1923 Sueno Tarrega Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1923 Cadiz Albeniz Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1923 Minueto del Septimino Beethoven Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1923 Loure Bach Robledo Cons.


1923 Valsa op. 34 no.2 Chopin Robledo<br />

Dramático<br />

Cons.<br />

Dramático<br />

1923 Noturno op. 9 n.o. 2 Chopin Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1923 Jota Aragoneza Tárrega Robledo Cons.<br />

Dramático<br />

1924 O Guarany (Fantasia) Carlos Gomes Leopoldo Silva Ass. Salesianos<br />

1924 Himo Nacional Domingos Silva Cons. Dram<br />

1924 Miserere Verdi Domingos Silva Cons. Dram<br />

1924 Fantasia da Solidão Domingos Silva Domingos Silva Cons. Dram<br />

1924 Noite de Estrelas Domingos Silva Domingos Silva Cons. Dram<br />

1924 Tempestade J. Machado Domingos Silva Cons. Dram<br />

1924 Valsa D. Silva Domingos Silva Cons. Dram<br />

1924 Alvorada Levino Albano Domingos Silva Cons. Dram<br />

1924 Fantasia do Guarany Carlos Gomes Domingos Silva Cons. Dram<br />

1924 Alice Domingos Silva Domingos Silva Cons. Dram<br />

1924 Eu Quero Ver Domingos Silva Domingos Silva Cons. Dram<br />

1924 Combate irresistível Domingos Silva Domingos Silva Cons. Dram<br />

1924 O Bicho Feio Barrios Domingos Silva Cons. Dram<br />

Marieta Tarrega A Pistoresi União. Cat. S.<br />

Agostinho<br />

1924 Noturno n.º2 Chopin A Pistoresi União. Cat. S.<br />

Agostinho<br />

1924 Recuerdos de Alhambra Tarrega A Pistoresi União. Cat. S.<br />

Agostinho<br />

1925 Marcha Triunf. Brás. Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Serenata Árabe Frontini Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Abismo de Rosas Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Feiticeiro Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Uma Lágrima Sagreras Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Quando os Corações... Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Favorita Calazans Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Viola, minha viola Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Padre Nuestro (banjo) S. N. Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Sudan (banjo) Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Tico Tico Assanhando Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />

(cavaquinho)<br />

Paul.<br />

1925 Miserere Verdi Canhoto Soc. R. Ed.


Paul.<br />

1925 A Gente se Defende Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Madre Los Valencias Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Caminico de la Fuente Los Valencias Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Los Ojazos de mi negra Los Valencias Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Ya canta el gallo Los Valencias Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Mi Granada Los Valencias Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Serenata Silvestre Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Sombras do Passado Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Do Sorriso das Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Mulheres...<br />

Paul.<br />

1925 Por que te vuelves a mi? Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 3.o. Prelúdio Mendelssohn Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Quando os Corações... Canhoto Canhoto Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

Gavota J. Avelino de C. J. Avelino de C. Um. Cat. S.<br />

Agostinho<br />

1925 Choro Paulista J. Avelino de C. J. Avelino de C. Um. Cat. S.<br />

Agostinho<br />

1925 A Lágrima J. Avelino de C. J. Avelino de C. Um. Cat. S.<br />

Agostinho<br />

1925 Prelúdio em mi Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Marcha T. Br. Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Alucinação de um sonho Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 A Flor é a Fonte Otero Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Do sorriso das<br />

E. Souto Canhoto Cons.<br />

mulheres...<br />

Dramático<br />

1925 Miserere Verdi Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Amor de Argentina Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Tarantella Levino Albano Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Serenata Árabe Frontini Canhoto Cons.<br />

Dramático


1925 Uma Noite na Roça Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Reverie Schumann Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Granada Albeniz Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Gran Vals Tarrega Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Vidalita Sinópoli Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Capricho Árabe Tarrega Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Canção dos Alpes Sinópoli Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Recuerdos de Alhambra Tarrega Osvaldo Soares Soc. R. Ed.<br />

Paul.<br />

1925 Recuerdos de Alhambra Tarrega J. Avelino Un. Cat. S.<br />

Ago.<br />

1925 Marcha Triunfal Bras. Canhoto Canhoto Teatro Mun.<br />

S.P.<br />

1925 Abismo de Rosas Canhoto Canhoto Teatro Mun.<br />

S.P.<br />

1925 Viola Minha Viola Canhoto Canhoto Teatro Mun.<br />

S.P.<br />

1925 A lágrima Sagreras J. Avelino Um. C. S. Ago.<br />

1925 Choro Paulista J. Avelino J. Avelino Um. C. S. Ago.<br />

1925 Recordação Saudosa J. Avelino J. Avelino Um. C. S. Ago.<br />

1925 Marcha dos Marinheiros Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Reminiscências Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Miserere (Trovador) Verdi Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Rondon (Tango Brás.) J. Pernambuco Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Alucinação Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Esmeralda Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Julian Donato Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Uma Lágrima Sagreras Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Uma noite em<br />

Canhoto Canhoto Cons.<br />

Copacabana<br />

Dramático<br />

1925 Serenata Árabe Frontini Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Viola Minha Viola Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático


1925 Mathilde C. Garcia A Pistoresi Ass. Salesianos<br />

1925 Adágio Beethoven A Pistoresi Ass. Salesianos<br />

1925 Sonho Tárrega A Pistoresi Ass. Salesianos<br />

1925 Canção do Berço Pujol A Pistoresi Ass. Salesianos<br />

1925 Tua Imagem Barrios A Pistoresi Ass. Salesianos<br />

1925 Ontem ao Luar Alcântara A Pistoresi Ass. Salesianos<br />

1925 Granada Albeniz A Pistoresi Ass. Salesianos<br />

1925 Miserere (Trovador) Verdi A Pistoresi Ass. Salesianos<br />

1925 Noturno op. 9 n. 2 Chopin A Pistoresi Ass. Salesianos<br />

1925 Capricho Árabe Tarrega A Pistoresi Ass. Salesianos<br />

1925 Marcha Paraguaia Dr. Pinho Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Iparraguirre El Huerfano Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Recuerdos de Zavala Escobar Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Jha! Che valle Barrios Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Madrigal Barrios Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Meditation Garcia Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Capricho Árabe Tarrega Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Valsa n.o. 4 Barrios Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1925 Mathilde Garcia P. Escobar / A Cons.<br />

Pistoresi Dramático<br />

1925 Ontem ao Luar Alcantara P. Escobar / A Cons.<br />

Pistoresi Dramático<br />

1925 Vidalita Sinópoli P. Escobar / A Cons.<br />

Pistoresi Dramático<br />

1925 Recuerdos de Alhambra Tárrega P. Escobar / A Cons.<br />

Pistoresi Dramático<br />

1926 Marcha dos Marinheiros Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Desgraciao Benlock Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Reminiscências Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Feiticeiro Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Favorita Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Luzita Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Serenata Árabe Frontini Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Viola, Minha Viola Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Madrigal Barrios Pablo Escobar S R. Ed. Paul.<br />

1926 Recuerdos de Alhambra Tarrega Pablo Escobar S R. Ed. Paul.<br />

1926 Página de Álbum Barrios Pablo Escobar S R. Ed. Paul.<br />

1926 Estefania Czibulka Pablo Escobar S R. Ed. Paul.<br />

1926 Valsa n.o. 4 Barrios Pablo Escobar S R. Ed. Paul.<br />

1926 Marcha Paraguaia Pablo Escobar Pablo Escobar S R. Ed. Paul.<br />

1926 Marcha Triunfal Bras. Canhoto Canhoto Cons.


Dramático<br />

1926 Alucinação de um sonho Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Desgraciao Belloch Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Serenata Árabe Frontini Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Lábios Roxos Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Do Sorriso das Canhoto Canhoto Cons.<br />

mulheres...<br />

Dramático<br />

1926 Viola Minha Viola Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Natal Pablo Escobar Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 El Huerfano Aieta Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Stephania Cibulka Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Vidalita Sinópoli Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Jha! Che Valle Barrios Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Madrigal Barrios Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Página de Álbum Barrios Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Meditação Garcia Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Aires de América Barrios Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Lágrima Tarrega Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Noturno op. 9 n.º 2 Chopin Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Valsa n.º 4 Barrios Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Recuerdos de Alhambra Tarrega Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Marcha Paraguaia Dr. Pinho Pablo Escobar Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Marcha Triunfal Brás. Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Reminiscências Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Sonsa Frontini Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Uma Lágrima Sagreras Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Uma noite em<br />

Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

Copacabana<br />

1926 Viola minha Viola Canhoto Canhoto S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Natal Pablo Escobar Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.


1926 Lágrima Tarrega Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Desgraciao Julian Benlock Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Capricho Espanhol A. Sinópoli Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Valsa op. 79 n.º 1 Chopin Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Noturno op. 9 n.º1 Chopin Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Astúrias Albeniz Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Choro Brasileiro João Reis Santos Pablo Escobar S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Industrian Larosa Sobrino Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Estudos Originais Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Graciosa Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Guarani (abertura) Carlos Gomes Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Lamentos Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Tarantella Levino Albano Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Marcha Triunfal Brás. Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Reminiscências Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Serenata Árabe Frontini Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Phalena Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Alucinação Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Viola Minha Viola Canhoto Canhoto Cons.<br />

Dramático<br />

1926 Miserere (Trovador) Verdi Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Valsa Clássica Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Casamento na Roça Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 A caminho da Roça Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Recordação Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Melodia Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Samba Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Rosa Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Sonhos de Cardeal Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Todos Dançam Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

Sonsa Raul de los<br />

Hoyos<br />

1926 Murmúrios Larosa Sobriho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Julian Donato Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Simpatia Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Brasil Thiers Cardoso Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Passagens da Vida Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Padre Nuestro Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Fado das Mãos Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 No vai-vem das ondas Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Casamento na Roça Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Rosas Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Meu Primor Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Todos Dançam Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.


1926 Sonho de Cardeal Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Até a Volta Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Soluçando Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Francesita Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1926 Rádio Eduacadora Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Ilusão que morre Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1927 chorão Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Queixumes da fonte Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Serenata Árabe Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Orodisoito Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Primavera José Navarro José Navarro S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Meu violão José Navarro José Navarro S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Cateretê clássico José Navarro José Navarro S. R. Ed. Paul.<br />

1927 São Paulo Chic José Navarro José Navarro S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Recordações Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Samba estilo nortista Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Gavota Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Sonhando Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Vidalita Sinópoli A Pistoresi S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Aieta Pistoresi A Pistoresi S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Miserere (Trovador) Verdi A Pistoresi S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Capricho Árabe Tarrega A Pistoresi S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Ave Maria E. Campos Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Sentimento Crioulo Firpo Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Marcha Militar Chaves Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Tango Cachafaz Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Lágrimas de mãe Chaves Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Madrugando Chaves Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Rimpianto Toselle Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Afeição Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Marcha Triunfal Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Não me Toques Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Pout-pourri lírico Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Fantasia do Guarany Carlos Gomes Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Noturno op. 9 n.o 2 Chopin Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Céu do Paraná Leopoldo Silva Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Abismo de Rosas Canhoto Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Cateretê Paulista Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Gavota Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Canção do Berço Pujol A <strong>Jacomino</strong>/ A<br />

Araújo<br />

S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Reverie Schuman A <strong>Jacomino</strong>/ A<br />

Araújo<br />

S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Uma Lágrima Sagreras A <strong>Jacomino</strong>/ A S. R. Ed. Paul.<br />

Araújo<br />

1927 Recordação Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Serenata Árabe Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Não me Toques Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Ave Maria Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.


1927 Marcha Militar Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Fado das mãos Luiz Buono Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Marcha Triunfal Brás. Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />

1927 Abismo de Rosas Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />

1927 Reminiscências Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />

1927 Viola Mimosa Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />

1927 Ave Maria Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Hora Fatal Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Uma Lágrima Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Sonsa Benedito Chaves S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Em pleno mar Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />

1927 Feiticeiro Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />

1927 Fluminense Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />

1927 Viola Minha Vila Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />

1927 Marcha dos Marinheiros Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />

1927 Brasileiro Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />

1927 Viola Minha Viola Canhoto Canhoto T. Boa Vista<br />

1927 Saudades de Iguape Pedro J. Moraes Pedro J. Moraes S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Saudades de Amparo Pedro J. Moraes Pedro J. Moraes S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Granada Albeniz Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Na tarde triste Zequinha de Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />

Abreu<br />

1927 Céu do Paraná Leopoldo Silva Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Noturno op. 9 n.º 2 Chopin Leopoldo Silva S. R. Ed. Paul.<br />

1927 No reino dos sonhos Hugo Banzatto Hugo Banzatto S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Langosta Filisberto Hugo Banzatto S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Adoração Hugo Banzatto Hugo Banzatto S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Pachá Hugo Banzatto Hugo Banzatto S. R. Ed. Paul.<br />

1927 O polido Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Fumando espero Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Graciosa Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Gavotta Luiz Buono S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Lamento Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Julieta Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1927 Casamento na Roça Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1927 M


1927 Melodia Sentimental Levino Albano Levino Albano S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Dobrado Totó S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Cateretê rebuliço Totó S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Colar de Pérolas Totó S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Hino Nacional Totó S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Amparo Totó S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Julia Totó S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Arrependido Totó S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Hino Nacional Totó S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Patrício J. Sebastião J. Sebastião S. R. Ed. Paul.<br />

Lima<br />

Lima<br />

1928 Loca J. Sebastião J. Sebastião S. R. Ed. Paul.<br />

Lima<br />

Lima<br />

1928 Implorando J. Sebastião J. Sebastião S. R. Ed. Paul.<br />

Lima<br />

Lima<br />

1928 Ora vejam só Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Julieta Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Lamento Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Murmúrios Larosa Sobrinho Larosa Sobrinho S. R. Ed. Paul.<br />

1928 Lágrimas de mãe Pedro<br />

Pedro<br />

S. R. Ed. Paul.<br />

Cavalheiro Cavalheiro<br />

1928 Flor do Sertão Pedro<br />

Pedro<br />

S. R. Ed. Paul.<br />

Cavalheiro Cavalheiro<br />

1928 Um sururu no terreiro Pedro<br />

Pedro<br />

S. R. Ed. Paul.<br />

Cavalheiro Cavalheiro<br />

1928 Allegro da sonata op. 22 Sor Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático<br />

1928 Gran Andante em A Sor Juan Rodrigues Cons.<br />

Maior<br />

Dramático<br />

1928 Cantabile Sor Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático<br />

1928 Andantino Sor Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático<br />

1928 Minueto Sor Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático<br />

1928 Estilo clássico Juan Rodrigues Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático<br />

1928 Coral Del Norte Juan Rodrigues Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático<br />

1928 Chacarera Juan Rodrigues Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático<br />

1928 Maxixe Souto Rodrigues Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático<br />

1928 Solitário Porcel Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático<br />

1928 Canção de Filandeiras Porcel Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático<br />

1928 Dança Oriental Porcel Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático


1928 Divertimento op. 16 Porcel Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático<br />

1928 Célebre Minueto Porcel Juan Rodrigues Cons.<br />

Dramático


ODEON<br />

Número do<br />

disco<br />

Repertório Gênero Número da matriz Intérpretes Autores Data de lançamento<br />

40003 Ter amor não é defeito Modinha RX-279 Mário Pinheiro<br />

10210 Monteiro no sarilho Polca Cavaquinho, violão e flautim<br />

10221 Violetas Choro Flauta, violão e cavaquinho<br />

108069 Rato Rato Choro XR-602 Casemiro Rondo c/ cavaquinho e violão<br />

108748 Os caçadores Lundu XR-1411 Eduardo das Neves Bahiano e Risoleto (violões)<br />

137052 Bahiano dengoso Cançoneta Bahiano H.Retinho Abril/13<br />

137053 Dorisa Polca Antonio F. Rabelo (concertina) Artur Moreira (violão) D.P. Abril/13<br />

137054 Quindins de Iaiá Polca Antonio F. Rabelo(concertina) Artur Moreira (violão) D.P. Abril/13<br />

137088 Descascando o pessoal Samba Clarinete, cavaquinho e violão Arranjos de motivos populares Jan/14<br />

137089 Urubu malandro Samba Clarinete, cavaquinho e violão Arranjos de motivos populares Jan/14<br />

120589 Saci Polca Grupo do Canhoto João Batista do Nascimento<br />

120590 Saudades de Iguape Valsa Grupo do Canhoto João Batista do Nascimento<br />

120591 Suplication Valsa SP.3 Grupo do Canhoto W. J. Peans<br />

120592 Tuim-Tuim Valsa S.P.4 Grupo do Canhoto [Antonio Picucci]<br />

120593 Amores noturnos Mazurca S.P.5 Grupo do Canhoto<br />

120594 Babi Polca Grupo do Canhoto<br />

120595 Belo Horizonte Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> [Américo Jacomi no]<br />

120596 Pisando na mala Polca Américo <strong>Jacomino</strong> [Américo <strong>Jacomino</strong>]<br />

120597 Campos Sales Dobrado Américo <strong>Jacomino</strong> [Américo <strong>Jacomino</strong>]<br />

120598 Devaneio Mazurca Américo <strong>Jacomino</strong><br />

120599 Seiscentos e vinte e três Polca Grupo do canhoto<br />

120600 Adeus Helena Valsa Grupo do Canhoto<br />

120757 Mambira Polca Hugo (gaita) Mabilde (violão) Dez/13<br />

120758 Mimosa Chótis Mabilde (violão) Álvaro Mabilde<br />

121044 Casa Brancato Valsa Banda 52 de caçadores Américo <strong>Jacomino</strong> " Canhoto "<br />

121228 Odeon One-step Grupo do Canhoto Fred Del Ré<br />

121229 O Frederico no choro Tango Grupo do Canhoto Fred Del Ré<br />

121230 Nas asas de um anjo Valsa Grupo do Canhoto [Antonio A.Lemos]<br />

121231 Longe de ti Mazurca Grupo do Canhoto<br />

121232 O último sorriso Valsa Grupo do Canhoto Fred Del Ré<br />

121233 Deixe de luxo Polca Grupo do Canhoto Fred Del Ré<br />

121234 Angústias de amor Valsa Grupo do Canhoto<br />

121235 O Paulista Tango Grupo do Canhoto<br />

121236 Amores na praia Valsa Grupo do Canhoto Américo <strong>Jacomino</strong><br />

121237 Depois do beijo Chótis Grupo do Canhoto Américo <strong>Jacomino</strong><br />

121238 Pensando em ti Valsa Grupo do Canhoto<br />

121239 Ida Valsa Grupo do Canhoto Fred Del ré<br />

121240 Ciúmes de amor Valsa Grupo do Canhoto Fred Del Ré<br />

121241 Noites de farra Polca Grupo do Canhoto Fred Del Ré<br />

121242 Lembranças de Lima Valsa Grupo do Canhoto Luiz Argento


121243 Tudo mexe Polca Grupo do Canhoto Luiz Argento<br />

121244 Beijar depois morrer Valsa Grupo do Canhoto Luiz Argento<br />

121245 Suspirando Mazurca Grupo do Canhoto Luiz Argento<br />

121246 Suplicando amor Valsa Grupo do Canhoto Américo <strong>Jacomino</strong><br />

121247 Sudan Tango Grupo do Canhoto Américo <strong>Jacomino</strong><br />

121248 Beijo e lágrimas Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

121249 Acordes do violão Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

121270 Olhos que falam Valsa Grupo dos chorosos Américo <strong>Jacomino</strong><br />

121371 Samaritana (Olhos que<br />

falam)<br />

Canção Vicente Celestino Américo <strong>Jacomino</strong> Inácio Raposo<br />

121478 Madrugando Tango Américo <strong>Jacomino</strong><br />

121479 Recordações de Cotinha Tango Américo <strong>Jacomino</strong><br />

121514 Nhá Maruca foi<br />

s'imbora<br />

Catira Grupo O Passo no choro Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

121645 Fatalidade de um beijo Chótis Bahiano (acompanhado de Canhoto ao violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

121644 Na coeita Canção<br />

Bahiano (acompanhado de Canhoto ao violão) F.Nascimento Pinto Franc. Ponzio<br />

Sertaneja<br />

Sobrinho<br />

122103 Cuzcuz de Sinhá Chica Bahiano João Pernambuco<br />

122214 Triste carnaval Valsa Vicente Celestino Canhoto - Arlindo Leal<br />

122540 Triste ausência Mazurca<br />

Lírica<br />

Levino da Conceição ( violão) Levino da Conceição<br />

122541 A Carioca P. Tango Levino da Conceição (violão) Levino da Conceição<br />

122924 Saudades do Rio<br />

Grande<br />

Valsa lenta Levino da Conceição (violão) Levino da Conceição<br />

122925 Reminiscências<br />

Bahianas<br />

Maxixe Levino da Conceição (violão) Levino da Conceição<br />

122926 Há quem resista? Maxixe Levino da Conceição ( violão ) Levino da Conceição<br />

122927 El Pasado (Audacioso) Tango<br />

Argent.<br />

Levino da Conceição (violão ) Levino da Conceição<br />

122932 Marcha Triunfal<br />

Brasileira<br />

Marcha Américo <strong>Jacomino</strong> ( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> " Canhoto"<br />

122933 Abismo de Rosas Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> (violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

122934 Porque te vuelve a mi Tango Américo <strong>Jacomino</strong> (violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

122935 Uma noite em<br />

Copacabana<br />

Maxixe Américo <strong>Jacomino</strong> (violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

122937 Feche a porta e leve a<br />

chave<br />

Sambinha Paraguaçu Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

122105 Tiá de Junqueiro Samba Bahiano João Pernambuco<br />

123048 Fado do vagabundo Carlos Serra (acomp. de violões e bandolins) Motivo popular<br />

123049 Alzajama Carlos Serra (acomp. de violões e bandolins)<br />

123070 Mimoso Maxixe João Pernambuco (acomp. de Rogério Guimarães ao<br />

violão)<br />

João Pernambuco<br />

123071 Lágrimas Maxixe João Pernambuco (acomp. de Rogério Guimarães ao<br />

violão)


123076 Martha Valsa Rogério Guimarães (violão) Rogério Guimarães<br />

123077 Marinetti Fox-trot Rogério Guimarães (violão) Rogério Guimarães<br />

123162 Jandaia C. Sertanejo Patrício Teixeira João Pernambuco Nov/26<br />

123163 "Seu Coutinho pegue o<br />

boi"<br />

Embolada Patrício Teixeira João Pernambuco Nov/26<br />

123164 Magoado Choro João Pernambuco (violão) Nelson Alves (cavaq.) João Pernambuco Dez/26<br />

123165 Sons de Carrilhões Choro João Pernambuco (violão Nelson Alves (cavaq.) João Pernambuco Dez/26<br />

123198 Marcha dos<br />

Marinheiros<br />

Marcha 1007 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" (violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Dez/26<br />

123199 A menina do sorriso F.Tango 1009 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" (violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Dez/26<br />

triste<br />

123200 Reminiscências Valsa lenta 1008 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"(violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Dez/26<br />

123201 Alvorada de estrelas Gavota 1010 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Dez/26<br />

123210 O Guarani Fantasia 1031 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"(violão) Carlos Gomes Arr: Canhoto<br />

123211 Sonsa Tango 1013 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto "(violão) Fresedo<br />

123212 Invejoso Maxixe 1012 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

123213 Viloa minha viola Samba 1014 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

123225 Mamãe eu vou com ele! M.Carnav 1053 Frederico Rocha Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

123226 Só na Bahia é que tem Samba 1025 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

123227 A gente se defende Maxixe 1064 Frederico Rocha Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto<br />

123229 Carnaval à noite Maxixe 1065 Frederico Rocha Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto<br />

123246 "Rosas desfolhadas Valsa lenta 1011 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" (violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto<br />

123247 "Guitarra de mi terra Tango 1017 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto "( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

123248 Melancolia Noturno 1015 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

123242 Primeiras Rosas Valsa 1029 Paraguassu Américo <strong>Jacomino</strong> e Roque<br />

Ricciardi<br />

123281 Só na Bahia tem Samba 1137 Francisco Alves Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

123282 "Trepadeira Francisco Alves Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Abril/27<br />

123289 Foi-se embora Maria Oscar Pereira Gomes Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Abril/27<br />

123290 Luizinha Valsa lenta 1103 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto Äbril/27<br />

123291 Fluminense-Tango Tango 1104 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Abril/27<br />

123292 Tico Tico no farelo Choro Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

123293 Um noite em Ipanema Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

123304 Em pleno mar Valsa 1118 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Maio/27<br />

123303 Fantasia s/ Tango "A<br />

média Luz"<br />

Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" (violão ) E. Dorato Maio/27<br />

123305 Tempo Antigo Mazurca 1119 Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto" Maio/27<br />

ODONETE<br />

114 A-Saudade de Portugal<br />

B-Lá vai madeira<br />

COLUM<br />

BIA<br />

Dueto guitarra e violão<br />

Dueto cavaq. E violão<br />

Sem indicação<br />

Luperce Miranda


B-139 O Epifânio brincando Polca Grupo Honório<br />

Jaci e Sertanejo Gavota e<br />

Batuque<br />

João Guimarães ( violão )<br />

PHOENIX<br />

70786 Saudades de minha<br />

Aurora<br />

70790 Saudades de São<br />

Bernardo<br />

Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

Valsa Grupo do Canhoto Antonio Picucci<br />

70796 Tenho pressa Polca Grupo do Canhoto Antonio Picucci<br />

70797 Sempre feliz a teu lado Mazurca Grupo do Canhoto J. Rafaille<br />

70799 Nas asas de um anjo Valsa Grupo do Canhoto Antonio A Lemos<br />

70802 Alda Chótis Grupo do Canhoto<br />

70803 Belo Horizonte Valsa Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão ) Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"<br />

70804 Uiára Polca Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão)<br />

70805 Devaneio Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão )<br />

70806 Sempre teu Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto"( violão)<br />

70814 Onde está Idalina Polca Grupo do Canhoto Antonio Picucci<br />

70815 Tuim,Tuim,Tuim Valsa Grupo do Canhoto Antonio Picucci<br />

70815 Amor constante Valsa Grupo do Canhoto Antonio Picucci<br />

70817 Pierrota Valsa Grupo do Canhoto Antonio Picucci<br />

70818 Não si impressiona Polca Grupo do Canhoto Américo <strong>Jacomino</strong> "Canhoto<br />

GAÚCHO<br />

4042 Nhá Maruca foi<br />

s'imbora<br />

Nhá moça<br />

ODEON<br />

10010 A-Rosas desfolhadas<br />

B-Viola,minha viola<br />

10014 A-Foi s'imbora Maria<br />

B-Dengoso<br />

0015 A-O coco de Iaiá<br />

B-Santa Terezinha<br />

10017 A-Olhos feiticeiros<br />

B-Burgueto<br />

10019 A-Dengoso<br />

B-Reflexos da mina<br />

alma<br />

10020 A-Marcha T Brasileira<br />

B-Reminiscências<br />

10021 A-Abismo de Rosas<br />

B-Marcha dos<br />

Samba<br />

Samba<br />

Valsa<br />

Toada<br />

Samba<br />

P.Choro<br />

Maxixe<br />

Valsa<br />

Tango V<br />

lenta<br />

Toada<br />

Modinha<br />

Marcha<br />

Valsa lenta<br />

Valsa lenta<br />

Marcha<br />

Os Geraldos Américo <strong>Jacomino</strong><br />

?<br />

1242 1211 Canhoto ( violão)<br />

Canhoto<br />

Pilé (acompanhamento do grupo do Canhoto)<br />

Canhoto<br />

1200 1202 Pilé<br />

Canhoto<br />

Canhoto(cavaquinho)<br />

Canhoto<br />

1212 1201 Pilé (acompanhamento do grupo do Canhoto)<br />

Canhoto<br />

Canhoto (cavaquinho)<br />

Canhoto<br />

1223 1235 Canhoto ( violão ) Canhoto<br />

Canhoto<br />

Francisco Alves c/ Canhoto ( violão ) Francisco Alves<br />

Francisco Alves<br />

1243 1231 Canhoto ( violão ) Canhoto<br />

Canhoto<br />

1230 1244 Canhoto ( violão ) Canhoto<br />

Canhoto<br />

Julho/27<br />

Agosto/27<br />

Agosto/27<br />

Agosto/27<br />

Anterior aout/1927


Marinheiros<br />

10022 A-Uma noite em<br />

Ipanema<br />

B-Tico tico no farelo<br />

10024 A-Brasilerita<br />

B-Caprichoso<br />

Valsa<br />

Choro<br />

Tango<br />

Argent<br />

Maxixe<br />

Modinha<br />

V.lenta<br />

Choro<br />

Valsa<br />

Canção<br />

10026 A-Berço e Túmulo<br />

B-Bebê<br />

10027 A-Choça do monte<br />

B-Araci<br />

10028 A-Luar da minha terra<br />

B-A Solina voou Canção<br />

10029 A-Paulista de Taubaté Toada<br />

B-Vamos embora Maria Embolada<br />

10107 A-Prelúdio de violão<br />

B-Atlântico<br />

Tango<br />

10148 A-Sonho de gaúcho Canção<br />

B-Campanha do sul Fox-trot<br />

1236 1237 Canhoto(cavaquinho) Canhoto<br />

Canhoto<br />

1248 1228 Canhoto ( violão) Canhoto<br />

Canhoto<br />

1203 1225 Paraguaçu acompanhado do grupo do Canhoto<br />

Paraguaçu<br />

Canhoto(cavaquinho)<br />

Canhoto<br />

1204 1234 Paraguaçu acompanhado do grupo do Canhoto<br />

Canhoto (cavaquinho)<br />

Catulo Cearense<br />

1210 1213 Pilé acompanhado do grupo do Canhoto Canhoto<br />

Canhoto<br />

1214 1224 Pilé acompanhado do grupo do Canhoto Canhoto<br />

"Jararaca"<br />

1451 1452 Rogério Guimarães(violão) Rogério Guimarães<br />

1553 1558 Francisco Alves<br />

Francisco Alves e Rogério Guimarães (violões)<br />

Sinhô<br />

Rogério Guimarães<br />

Setembro/27<br />

Set/27<br />

Set/27<br />

Março/28

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