Jornal de Umbanda Sagrada - Rubens Saraceni
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Expediente:<br />
Pai <strong>Rubens</strong> <strong>Saraceni</strong><br />
Pai Alan Levasseur<br />
J o r n a l<br />
Q u i n z e n a l<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional da <strong>Umbanda</strong> São Paulo,15 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012. Edição: 36 Ano: 02 contato@jornalnacionaldaumbanda.com.br<br />
JORNAL NACIONAL DA UMBANDA ED. 36<br />
INDICE DE MATÉRIAS<br />
EDITORIAL<br />
13 <strong>de</strong> Maioa aniverssario do Colegio (<strong>Rubens</strong> <strong>Saraceni</strong>) pág. 02<br />
CADERNO DO LEITOR<br />
Oração a Mãe Iansã (Cicera C.Neves) pág. 03<br />
Não achamos o que nunca per<strong>de</strong>mos (Baba Dirce) pág. 03<br />
Pai José o Tata Corongo(E<strong>de</strong>nir Santos) pág. 04<br />
Pai Nosso. O Filho Nosso.(José Carlos Sampaio) pág. 05<br />
Pai Joaquim e Pai Mané (Ogan Juvenal) pág 05<br />
Derrubando as cavernas humanas (Junior Pereira) pág. 06<br />
Preconceito religioso é crime (Renam moyle <strong>de</strong> Oliveira) pág. 06<br />
Coroa <strong>de</strong> Luz (E<strong>de</strong>n Carlos da Silva) pág. 07<br />
O amor e nossos corpos sutis (Ocarlina Lopes Ferreira) pág. 08<br />
Aguas na <strong>Umbanda</strong> (Alan Levasseur) pág. 09<br />
DOUTRINA<br />
Corrente ancia e os Pretos Velhos (João Barbosa Jr.) pág. 11<br />
A nossa jornada espiritual (Pai Laerte Nogiri) pág. 12<br />
Não confunda o medium com a entida<strong>de</strong> (Andrei vinicov) pág. 13<br />
Avida em minha vida (Thiago Paiva Carvalho) pág. 14<br />
Dificulda<strong>de</strong> da homogeneida<strong>de</strong> na <strong>Umbanda</strong> (Denis Moura) pág. 15<br />
PSICOGRAFIA<br />
No tempo do Cativeiro(Pricila <strong>de</strong> Toledo) pág. 16<br />
Mensagem <strong>de</strong> proteção dos Anjos (Vera Vargas) pág. 16<br />
Orai e Vigiai (Eduardo Vicentini) pág. 17<br />
DIVERSOS<br />
Sabe dizer o que é isto?(JNU) pág. 17<br />
Religiosida<strong>de</strong> do povo Africano(Adriana Quadros) pág. 18<br />
Indicação <strong>de</strong> Leitura - Madras (JNU) pág. 19<br />
Perguntas e Respostas Quito Formiga (Sandra Santos) pág. 20<br />
MAGIA, OFERENDAS E TRABALHOS UMBANDISTAS<br />
Magia feita no tempo contra o Cancêr (<strong>Rubens</strong> <strong>Saraceni</strong>) pág. 22<br />
APOIO CULTURAL E EVENTOS<br />
Cursos <strong>de</strong> Magia e Sacerdocio e Outros. pág. 24<br />
ÚLTIMA PÁGINA<br />
Enigma Exu Mirim (<strong>Rubens</strong> <strong>Saraceni</strong>). pág. 27<br />
JNU, INFORMAÇÃO, DOUTRINA, REDE<br />
SOCIAL E MUITO MAIS EM UM SÓ LUGAR.<br />
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13 <strong>de</strong> Maio, aniverssario <strong>de</strong><br />
13 anos do Colegio<br />
<strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong> Pai Benedito<br />
<strong>de</strong> Aruanda.<br />
Em 1999 foi fundado o colégio <strong>de</strong> umbanda<br />
sagrada Pai Benedito <strong>de</strong> Aruanda com a proposta <strong>de</strong><br />
tornar-se uma instituição <strong>de</strong> ensino religioso umbandista.<br />
Em pouco tempo <strong>de</strong> funcionamento eu torneime<br />
um aglutinador único <strong>de</strong> pessoas e po<strong>de</strong>ria ter<br />
procedido <strong>de</strong> forma concentradora ou expansora.<br />
Visite o site: www.madras.com.br<br />
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<strong>Jornal</strong> Nacional da <strong>Umbanda</strong> ● página 01
www.jornalnacionaldaumbanda.com.br São Paulo, 15 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012. Edição: 36 contato@jornal<strong>de</strong>umbanda.com.br<br />
EDITORIAL<br />
13 <strong>de</strong> Maio, aniverssario <strong>de</strong> 13 anos do<br />
Colegio <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong> Pai Benedito <strong>de</strong> Aruanda.<br />
Por <strong>Rubens</strong> <strong>Saraceni</strong><br />
Em 1999 foi fundado o colégio <strong>de</strong> umbanda sagrada Pai Benedito <strong>de</strong> Aruanda com a proposta <strong>de</strong> tornar-se uma<br />
instituição <strong>de</strong> ensino religioso umbandista. Em pouco tempo <strong>de</strong> funcionamento eu tornei-me um aglutinador único <strong>de</strong><br />
pessoas e po<strong>de</strong>ria ter procedido <strong>de</strong> forma concentradora ou expansora.<br />
A forma concentradora e a da maioria dos centros <strong>de</strong> umbanda, on<strong>de</strong> o médium entra e fica ligado a ele para sempre<br />
e a forma expansora é aquela em que a pessoa entra,estuda, <strong>de</strong>senvolve sua mediunida<strong>de</strong>, apren<strong>de</strong> a trabalhar com seus<br />
guias e <strong>de</strong>pois opta por permanecer ou afastar-se da casa que o formou.<br />
Após ouvir muitas orientações dos meus Guias espirituais optei pelo procedimento expansor. Eu explico-me!<br />
Muitas pessoas vinham estudar a <strong>Umbanda</strong> e a Magia comigo e, como os grupos <strong>de</strong> estudos eram formados, cada<br />
um com centenas <strong>de</strong> pessoas, entre elas haviam muitas que, após serem preparadas po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>senvolver gran<strong>de</strong>s trabalhos<br />
<strong>de</strong>ntro da <strong>Umbanda</strong>. Havia um selecionamento natural e sem nenhuma interferência minha, aon<strong>de</strong> os mais aptos<br />
iam sobressaindo-se e exteriorizando seus dons, suas vocações e seus talentos.<br />
Aos poucos cada um ia dando inicio às suas missões e compromissos para com suas forças espirituais e seus orixás<br />
e eu apoiava suas iniciativas torcendo para que prosperassem. E pu<strong>de</strong> ver pessoas crescerem <strong>de</strong> forma única <strong>de</strong>ntro da<br />
<strong>Umbanda</strong> e começarem a realizar um ótimo trabalho, tanto no campo do ensino religioso quanto no <strong>de</strong> auxilio à expansão<br />
da <strong>Umbanda</strong>, levando-a para pessoas que dificilmente eu sozinho alcançaria.<br />
O Colégio <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong> <strong>Sagrada</strong>, como é conhecido carinhosamente o núcleo central <strong>de</strong> um movimento livre<br />
<strong>de</strong> renovação e expansão da <strong>Umbanda</strong> ainda é um referencial para alguns <strong>de</strong>sses talentosos umbandistas, altamente<br />
capacitados para o que se propuseram. Cito só alguns para exemplificar o meu acerto em confiar na capacida<strong>de</strong> e nas<br />
boas intenções <strong>de</strong> pessoas maravilhosas que Deus e os Orixás confiaram-me por um instante <strong>de</strong> suas vidas, instante<br />
esse que foi suficiente para acen<strong>de</strong>r no intimo <strong>de</strong>las a luminosíssima chama da confiança em si mesmos e <strong>de</strong> infinitas<br />
possibilida<strong>de</strong>s.<br />
O que eu quero que entendam é que se eu tivesse optado pela forma concentradora, eu teria me transformado<br />
em uma arvore frondosa on<strong>de</strong> muitos se abrigariam mas daria frutos e quando eu morresse todos ficariam ao relento e<br />
possivelmente só um ou outro vingaria individualmente, como é que tem acontecido tanto na <strong>Umbanda</strong> com os seus<br />
li<strong>de</strong>res concentradores que reteem junto <strong>de</strong> si e por muito tempo médiuns excepcionais mas que eles não <strong>de</strong>ixam sair <strong>de</strong><br />
suas casas, bloqueando neles seus crescimentos como dirigentes <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> umbanda.<br />
Isso escrevo com conhecimento <strong>de</strong> causa porque são muitos os que me procuram justamente porque isso esta<br />
acontecendo com eles.<br />
Como optei pela forma expansora, optando por contribuir com suas formações e estimulando seus crescimentos<br />
pessoais, hoje me sinto como uma arvore, ainda muito frondosa e muito frutífera, mas cercado <strong>de</strong> muitas outras arvores,<br />
também frondosas e frutíferas e que estão criando vicejantes bosques aos seus redores e, assim, com todos nós formando<br />
uma floresta que vem servindo a muitas pessoas necessitadas, constituindo-se em uma força expansora da <strong>Umbanda</strong>,<br />
com cada um formando novos umbandistas e auxiliando-os a, também eles, crescerem frondosos e frutíferos.<br />
Po<strong>de</strong>ria citar os nomes <strong>de</strong> outros dirigentes espirituais umbandistas que me conce<strong>de</strong>ram um instante <strong>de</strong> suas vidas<br />
e juntos, apren<strong>de</strong>mos no Colégio <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong> <strong>Sagrada</strong>.<br />
Mas não há espaço suficiente aqui nesta pagina e não sei se gostariam <strong>de</strong> ser citados nesse contexto, pois assim<br />
como há os que sentem orgulho <strong>de</strong> terem estudado nessa escola impar <strong>de</strong>ntro da <strong>Umbanda</strong>, há os que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terem<br />
adquirido nela tudo o que precisavam para iniciar suas missões e cumprirem seus compromissos espirituais, do Colégio<br />
se afastaram porque <strong>de</strong>le já não precisam mais.<br />
A todos eu peço a Deus que abençoe-os (as) e quero que saibam que sou grato a Ele, aos vossos Orixás e aos<br />
vossos Guias espirituais por terem me concedido a honra e a satisfação <strong>de</strong> ter convivido com vocês por um instante<br />
muito luminoso <strong>de</strong> nossas vidas.<br />
Na comemoração dos treze anos <strong>de</strong> existência do Colégio <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong> <strong>Sagrada</strong>, aceitem os meus sinceros votos<br />
<strong>de</strong> parabéns e <strong>de</strong> muito sucesso a todos!<br />
E-mail: contato@colegio<strong>de</strong>umbanda.com.br<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional da <strong>Umbanda</strong> ● página 02
www.jornalnacionaldaumbanda.com.br São Paulo, 15 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012. Edição: 36 contato@jornal<strong>de</strong>umbanda.com.br<br />
CADERNO DO LEITOR<br />
ORAÇÃO A MÃE IANSÃ<br />
Por: Cicera C. Neves.<br />
<strong>Sagrada</strong> mãe Iansã! Senhora dos ventos e das tempesta<strong>de</strong>s! Senhora guerreira e cheia <strong>de</strong> luz!<br />
Nós vos pedimos sagrada mãe, que os turbilhões <strong>de</strong> seus ventos, passem pelas nossas vidas, recolhendo tudo <strong>de</strong><br />
negativo que age contra nós. E que esses mesmos turbilhões <strong>de</strong> ventos, nos traga, saú<strong>de</strong>, equilíbrio, coragem, discernimento,<br />
sabedoria, amor, alegria e nos impulsione a seguir adiante.<br />
E se nos tropeços <strong>de</strong> nossos caminhos, nós cairmos e nos per<strong>de</strong>rmos em meio a escuridão, que o clarão <strong>de</strong> seus<br />
sagrados raios, purifique, reor<strong>de</strong>ne e ilumine nossos caminhos, nossos corpos, nosso espírito, nossa mente e nosso íntimo.<br />
E se por ignorância nossa, nós per<strong>de</strong>rmos a fé e o amor pela vida, que o troar <strong>de</strong> seus trovões nos <strong>de</strong>sperte, nos<br />
reequilibre, nos reor<strong>de</strong>ne e nos traga a razão.<br />
Pedimos também sagrada mãe Iansã, que no brilho <strong>de</strong> sua espada, seja ofuscada a visão dos nossos inimigos,<br />
para que não nos enxergue e nem nos envie nenhuma ação negativa e que um circulo <strong>de</strong> vento seja formado à nossa<br />
volta, para que nenhum espírito trevoso nos atinja.<br />
Que a senhora nos dê o vosso amparo e proteção divina, para que possamos caminhar <strong>de</strong> corpo, espírito, nossa<br />
mente e coração purificados, reor<strong>de</strong>nados, equilibrados e iluminados.<br />
Que assim seja.<br />
Salve nossa mãe Iansã!<br />
E-mail: cissa.neves@hotmail.com<br />
NÃO AChAMOS O qUE NUNCA PERDEMOS...<br />
por Babá Dirce<br />
Casa <strong>de</strong> Pai Benedito <strong>de</strong> Aruanda<br />
Boa tar<strong>de</strong> ao meu povo <strong>de</strong> UMBANDA, boa tar<strong>de</strong> ao povo que assim como eu tem a fé em nossos Orixás e que<br />
tem orgulho <strong>de</strong> dizer que É UMBANDISTA!<br />
Vinha pensando no que escrever aqui, que mensagem <strong>de</strong>ixar para vocês, então comecei a<br />
refletir sobre a vida, sobre religião foi quando lembrei algo que li: “... <strong>de</strong>pois que eu sai da<br />
<strong>Umbanda</strong>, eu sai do buraco que eu estava, encontrei Jesus e agora estou bem melhor”.<br />
Pensei por algum tempo nessa frase e algumas perguntas me tocaram, a principal foi: “Como encontrar alguém<br />
que jamais <strong>de</strong>víamos ter perdido?”. Afinal, como <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passar tempos pela nossa religião, alguém sai <strong>de</strong>la criticando?<br />
Será mesmo que a culpa <strong>de</strong> uma vida que não está dando certo está em nosso Pai Oxalá, nos sagrados Orixás ou na<br />
UMBANDA? Então pensei que a pergunta para essas pessoas <strong>de</strong>veria ser: “Como estaria minha vida, se eu não tivesse<br />
naquele momento difícil o amparo <strong>de</strong> nossos Orixás? “<br />
Eu ainda sou capaz <strong>de</strong> tocar em um assunto ainda mais <strong>de</strong>licado... Como foi o comportamento da pessoa o tempo<br />
que frequentava uma tenda <strong>de</strong> UMBANDA? Colocar roupa branca e carregar guias não é ser Umbandista, o tempo<br />
que passamos no terreiro é curto, o que importa é nossa postura todos os dias. Será que levamos em nosso coração todos<br />
os dias a FÉ, o AMOR e a CARIDADE? Essa é a ban<strong>de</strong>ira da UMBANDA, mas certamente se encaixa em qualquer<br />
religião. Sermos caridosos com nossos irmãos, sermos gentis e cordiais, nos mantermos sempre com o coração puro e<br />
a postura correta nos fazem pessoas melhores, não é apenas a máxima <strong>de</strong> uma religião.<br />
Como é possível alguém dizer que saiu <strong>de</strong> uma religião e encontrou Jesus em outra? Para encontrar é necessário<br />
ter perdido. Eu nunca perdi Jesus, nunca perdi a fé, nunca perdi a crença. Quem achou quando saiu, é porque per<strong>de</strong>u, e<br />
esse não é o intuito. Não <strong>de</strong>veria ser. A fé está em carregar em nosso coração uma força superior que nos guia, que nos<br />
ampara, isso é fé!<br />
As portas da minha casa, da nossa religião está sempre aberta, como <strong>de</strong> qualquer templo seja qual for o rito,<br />
<strong>de</strong>veria estar. Mas vamos ter sempre em nosso coração que precisamos ter humilda<strong>de</strong> para reconhecer o que foi nossa<br />
fé, sem esnobar como se não fizesse parte da própria história daqueles que seguiram para outro caminho.<br />
Não tem problema trocar, tentar novas possibilida<strong>de</strong>s, mas tenhamos respeito com a religião que lhe amparou,<br />
tenha respeito com a religião do seu irmão, não mais irmão <strong>de</strong> fé, mas irmão que compartilha o mesmo mundo que você.<br />
Estamos em pleno século XXI o homem visitou o espaço, viaja <strong>de</strong> um continente pra outro em horas, fala com<br />
outro por telas <strong>de</strong> computador, e nós ainda temos preconceito religioso?<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional da <strong>Umbanda</strong> ● página 03
www.jornalnacionaldaumbanda.com.br São Paulo, 15 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012. Edição: 36 contato@jornal<strong>de</strong>umbanda.com.br<br />
Eu aceito a minha fé, eu tenho orgulho <strong>de</strong> cada guia que eu carrego no meu pescoço, eu honro o solo sagrado que<br />
eu piso para incorporar as entida<strong>de</strong>s, bato cabeça no altar sagrado para os Orixás, sou guiada por Pai Oxalá e protegida<br />
pelos Exus.<br />
Salve nosso Pai Oxalá bendito, Laroyê todos os Exus.<br />
Diga sim sou Umbandista!<br />
Fonte: http://casa<strong>de</strong>paibenedito.blogspot.com.br<br />
PAI JOSÉ O TATA CORONGO<br />
Por E<strong>de</strong>nir Santos - Ogum Marê Edições<br />
Pai José era o Tatá-Corongo-em-Chefe das falanges dos guerreiros capoeiras do Vale do Paraíba, sua fama <strong>de</strong><br />
lí<strong>de</strong>r transcen<strong>de</strong>u as senzalas e chegou ao conhecimento dos brancos. Depois do levante li<strong>de</strong>rado pelo Pai Manoel Congo,<br />
os senhores passaram a perseguir os tatás. Pai José encontrava-se <strong>de</strong> castigo amarrado ao tronco, ele havia apanhado<br />
muito e estava com fome e com se<strong>de</strong>. O feitor não permitia que ninguém se aproximasse para dar auxílio ao Pai José.<br />
As i<strong>de</strong>ias abolicionistas que circulavam com força na corte, também já haviam chegado à região do Vale do<br />
Paraíba, trazidas pelos sinhozinhos que foram estudar fora e <strong>de</strong>pois retornaram para as fazendas. A notícia do martírio<br />
<strong>de</strong> Pai José correu a região e comoveu os jovens abolicionistas, que resolveram ajudá-lo.<br />
Que Pai José tinha <strong>de</strong> ser liberto do castigo, isso era uma certeza, mas como livrá-lo, já que estava sob vigilância<br />
dia e noite.<br />
Sinhazinha, nunca saiu para estudar fora da fazenda, mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito pequena, nunca gostou que se judiasse<br />
dos pretos. Ela resolveu apoiar os abolicionistas no resgate <strong>de</strong> Pai José.<br />
O plano, qualquer que fosse, tinha <strong>de</strong> ser elaborado e executado com urgência, pois, Pai José não aguentaria<br />
sobreviver àquela tortura por muito tempo.<br />
À noite, somente um homem ficava vigiando Pai José. Seria o momento a<strong>de</strong>quado para a operação? Porém, as<br />
coisas não eram tão fáceis assim. O senhor havia <strong>de</strong>ixado recomendações expressas para que ninguém se aproximasse.<br />
Mariana Crioula <strong>de</strong>scumpriu as or<strong>de</strong>ns do senhor e foi até ao local, levando uma janta para o homem que vigiava<br />
Pai José. A comida estava bem preparada, com bastante sonífero, até a garapa continha um pouco da droga.<br />
O homem ao ver aquele prato bem feito e saboroso, não resistiu, aceitou, comeu, empapuçou-se, lambeu os beiços e<br />
caiu em sono profundo.<br />
Sinhazinha, que estava <strong>de</strong> tocaia, coberta com um manto azul celeste para não ser reconhecida, aproximou-se e<br />
pegou as chaves no bolso do colete do homem, abriu o ca<strong>de</strong>ado das correntes que aprisionavam Pai José. Um grupo <strong>de</strong><br />
abolicionistas levou-o sob escolta em segurança.<br />
O homem <strong>de</strong>spertou e viu uma silhueta <strong>de</strong> uma mulher coberta com um manto azul e as correntes abertas, sem<br />
a presença <strong>de</strong> Pai José. Contudo, ele estava muito grogue e não tinha condições para reagir.<br />
No dia seguinte, o reboliço estava formado. O senhor queria saber quem havia libertado Pai José. O homem,<br />
pressionado, achou melhor não revelar ao patrão que havia sido uma mulher coberta por um manto azul, pois certamente,<br />
o senhor o castigaria com <strong>de</strong>missão ou coisa ainda pior. Ele resolveu dizer.<br />
- Foi Nossa Senhora!<br />
O senhor muito intrigado. – Nossa Senhora? Ela não iria gastar o seu tempo ajudando negros. O homem insistiu<br />
e voltou a afirmar.<br />
- Foi Nossa Senhora, sim patrão! Ela usava um manto azul e libertou Pai José, diante dos meus olhos.<br />
O homem levou o chapéu ao peito em reverência a santa. O senhor encarou-o, pois não estava completamente<br />
convencido.<br />
- Nossa Senhora e Pai José seguiram em qual direção?<br />
- Eles não foram para lado algum senhor, <strong>de</strong>sapareceram na escuridão da noite. Eu nem me atrevi atentar contra<br />
Nossa Senhora, pois quero que ela interceda por mim no dia do juízo.<br />
Diante <strong>de</strong> tamanha convicção do homem, o senhor, que também era <strong>de</strong>voto <strong>de</strong> Nossa Senhora, resolveu acreditar<br />
e aceitar a perda do escravo, tanto que ele nem acionou o capitão-do-mato para realizar a busca e a captura do negro<br />
sumido, dando o caso por encerrado. O fazen<strong>de</strong>iro, no Vale do Paraíba, era senhor <strong>de</strong> café e <strong>de</strong> gente.<br />
Todavia, no plano celeste, certamente, careceria da interseção <strong>de</strong> Nossa Senhora e não seria nada sábio arranjar<br />
uma <strong>de</strong>manda com a santa.<br />
Foi <strong>de</strong>sse jeito, com o apoio dos abolicionistas, da sinhazinha e a interseção <strong>de</strong> Nossa Senhora, que Pai José<br />
livrou-se do castigo, foi liberto do cativeiro e foi viver livre e feliz no quilombo <strong>de</strong> Pai João <strong>de</strong> Angola.<br />
E-mail: e<strong>de</strong>nircosta@bol.com.br<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional da <strong>Umbanda</strong> ● página 04
www.jornalnacionaldaumbanda.com.br São Paulo, 15 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012. Edição: 36 contato@jornal<strong>de</strong>umbanda.com.br<br />
Já pensou como Deus diria o<br />
“PAI NOSSO”? - Ou melhor, o “FILhO MEU”<br />
Enviado por José Carlos Sampaio da Silva.<br />
Filho meu, que estais na terra e se sente preocupado, confuso, <strong>de</strong>sorientado, só, triste e angustiado.<br />
Eu conheço perfeitamente o teu nome e o pronuncio bendizendo-o, porque te amo, e te aceito assim como és.<br />
Juntos construiremos o meu Reino, do qual tu é meu her<strong>de</strong>iro e não estarás sozinho, pois Eu estou em ti, assim<br />
como tu estás em Mim.<br />
Desejo que tu faças sempre a Minha vonta<strong>de</strong>, porque a Minha vonta<strong>de</strong> é que tu sejas humanamente feliz<br />
Terás o pão <strong>de</strong> cada dia… Não te preocupes. Entretanto, lembra-te, não é somente teu, peço-te que divida-o<br />
sempre com o teu próximo, é por isso que o dou a ti, pois sei que tu sabes que é para ti e para todos os teus irmãos…<br />
Perdoo sempre as tuas ofensas, aliás te absolvo antes mesmo que as cometa, sei que as cometerás, mas também<br />
sei que as vezes é o único modo que tens para apren<strong>de</strong>r, crescer e aproximar-te <strong>de</strong> Mim, é a tua vocação...<br />
Te peço somente, que da mesma forma, perdoes a ti mesmo e perdoes aqueles que te ferem…<br />
Sei que terás tentações e Estou certo que as superarás…<br />
Segures a minha mão, agarra-te sempre em Mim, e Eu te darei o discernimento e a força para que te livres do<br />
mal…<br />
Nunca te esqueças que TE AMO antes mesmo que tu nascesses, e que te amarei além do fim dos teus dias,<br />
PORQUE ESTOU EM TI… ASSIM COM TU ESTÁS<br />
EM MIM…<br />
Que a Minha benção <strong>de</strong>sça e permaneça sobre ti para sempre e que a Minha paz e o amor eterno te acompanhem<br />
pela eternida<strong>de</strong>…<br />
Somente por Mim po<strong>de</strong>rás alcançá-la e somente Eu posso dá-la a ti, porque…<br />
EU SOU O AMOR E A PAZ!<br />
“envia a Minha prece a todos aqueles que tu amas e que tu <strong>de</strong>sejas que saibam que os abençôo, como abençoei<br />
a ti...” Amém.<br />
Anônimo.<br />
E-mail: josesampaio@prefeitura.gov.br<br />
PAI JOAqUIM E PAI MANÉ.<br />
Por Ogan Juvenal<br />
Há algum tempo atrás, eu estava num Seminário fazendo uma palestra sobre os Pretos Velhos, e eu fiz um comentário<br />
sobre este ponto:<br />
“Pai Joaquim, cadê Pai Mane? Tá na mata colhendo guiné. Diga a ele que quando vier “que suba a escada e não<br />
bata o pé”.<br />
Esta cantiga, ou como queiram, este ponto, fala <strong>de</strong>stas duas entida<strong>de</strong>s maravilhosas <strong>de</strong> nossa <strong>Umbanda</strong>, Pai<br />
Joaquim e Pai Mane, que eram dois excelentes curan<strong>de</strong>iros, e cuidavam <strong>de</strong> todos os negros com muito carinho.<br />
“Certa vez na senzala, o filho do dono da fazenda ficou muito doente, o fazen<strong>de</strong>iro rico, mandou vir médicos <strong>de</strong><br />
todas as partes, mas nenhum <strong>de</strong>les resolveu o problema daquela criança, foi quando a escrava, a ama <strong>de</strong> leite da criança,<br />
falou para a esposa do fazen<strong>de</strong>iro, que o Pai Joaquim e o Pai Mané po<strong>de</strong>riam curar a criança com suas rezas e com suas<br />
ervas.<br />
A esposa do fazen<strong>de</strong>iro falou jamais, meu marido me mataria se soubesse que um negro escravo pôs a mão em<br />
meu filho. Mas a negra foi muito insistente até que conseguiu convencer a patroa em <strong>de</strong>ixar os escravos cuidarem da<br />
criança.<br />
Daí vem a primeira parte da cantiga (<strong>de</strong>sculpem mais falo cantiga, rs), a negra escrava pergunta ao Pai Joaquim<br />
on<strong>de</strong> está Pai Mane, e ele respon<strong>de</strong> que foi para a mata colher a guiné e as outras ervas para po<strong>de</strong>rem cuidar da criança.<br />
Em seguida a escrava fala para Pai Joaquim avisar ao Pai Mané, quando chegar a casa não bater o pé, não fazer barulho,<br />
para o fazen<strong>de</strong>iro não saber que eles estão ali.<br />
Os dois curan<strong>de</strong>iros conseguem curar a criança, e ai vem a segunda parte da cantiga, on<strong>de</strong> todos os negros da<br />
senzala homenageiam os dois, dizendo que vieram <strong>de</strong> tão longe para trazer a cura para os necessitados: “Pai Joaquim ê<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional da <strong>Umbanda</strong> ● página 05
www.jornalnacionaldaumbanda.com.br São Paulo, 15 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012. Edição: 36 contato@jornal<strong>de</strong>umbanda.com.br<br />
ê, Pai Joaquim ê a, Pai Joaquim vem lá <strong>de</strong> Angola, Pai Joaquim vem <strong>de</strong> Angola, angolá”.<br />
O mais curioso disso tudo, é que a criança foi curada, e ninguém teve a coragem <strong>de</strong> falar para o fazen<strong>de</strong>iro que<br />
foram os dois escravos que curaram a criança.<br />
Vocês viram uma cantiga tão simples, mas com muito fundamento.<br />
Quando narrei essa história no Seminário teve gente que chorou <strong>de</strong> emoção, é isto ai, a humilda<strong>de</strong> dos nossos<br />
Pretos Velhos, rezadores e curan<strong>de</strong>iros.<br />
Adorei as Almas !<br />
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intelectual, cultural, filosófico e espiritual da humanida<strong>de</strong>.<br />
DERRUBANDO AS CAvERNAS hUMANAS!<br />
Por Junior Pereira<br />
Hoje estive pensando no objetivo <strong>de</strong> um trabalho espiritual e me lembrei do mito da caverna...<br />
Cheguei a conclusão que é, primeiramente conhecer uma mundo <strong>de</strong> sombras e ter a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observar que<br />
isso é algo <strong>de</strong> outra realida<strong>de</strong>,<br />
e que <strong>de</strong>ssa forma po<strong>de</strong>mos ir em busca do <strong>de</strong>sconhecido.<br />
É sair <strong>de</strong>ssa caverna humana que somos e, ao mesmo tempo, querer ajudar os que ainda se encontram sobre as<br />
sombras, criando assim condições <strong>de</strong> voltarem a enxergar uma luz em nossa própria realida<strong>de</strong>...<br />
É ser chamado <strong>de</strong> louco... Talvez por conseguir se livrar <strong>de</strong>ssa caverna sombria e ir em busca <strong>de</strong> novos conhecimentos,<br />
quebrando paradigmas dia a dia...<br />
Sim, posso até ser louco! Mas talvez seja louco por uma humanida<strong>de</strong> melhor e que vive em cada pessoa aí a<br />
fora... Talvez loucos pelo <strong>de</strong>sconhecido e pelo conhecimento...<br />
Existe um lugar sombrio, úmido e triste <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós... Muito talvez criado pelo medo do novo, do <strong>de</strong>sconhecido...<br />
Talvez alguns prefiram passar a vida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma escuridão... Dentro <strong>de</strong> uma caverna ou até pior, na caverna<br />
dos outros...<br />
O corajoso está disposto a sair <strong>de</strong> sua própria caverna, escura, fria e triste...<br />
E eu digo mais: há os que vão na caverna dos outros e os chamam <strong>de</strong> volta para a realida<strong>de</strong>!<br />
Há os que esten<strong>de</strong>m a mão para que se inicie esse novo ciclo...<br />
Esse é meu trabalho, essa é minha fé, essa é minha razão, essa é a minha alegria e essa é minha UMBANDA.<br />
PRECONCEITO RELIGIOSO É CRIME.<br />
Por Renan Moyle <strong>de</strong> Oliveira.<br />
E-mail: f.pjunior@uol.com.br com<br />
Caso este texto venha a ser publicado futuramente, gostaria primeiramente <strong>de</strong> estar agra<strong>de</strong>cendo a Ele, nosso<br />
Pai Amado e também aos Sagrados Orixás e aos guias espirituais que sempre estão nos ajudando <strong>de</strong> alguma forma em<br />
nossa jornada no plano material e sem dúvidas continuarão nos ajudando após o nosso retorno ao mundo espiritual.<br />
Eu sempre ouvi falar da <strong>Umbanda</strong> <strong>Sagrada</strong> porque meu irmão e amigos frequentam e fazem um trabalho maravilhoso<br />
como médiuns, sempre visando ajudar o seu semelhante, seja ele negro, índio, branco, alto, baixo, etc.<br />
O que aconteceu é que eu comecei a estudar um pouco sobre essa tal <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong> <strong>Sagrada</strong> e o resultado foi<br />
esse, não consigo me ver em outra religião, <strong>de</strong>scobri o quanto po<strong>de</strong>mos ajudar nossos irmãos através <strong>de</strong>la, além <strong>de</strong> nos<br />
beneficiar também.<br />
Eu sou novo na religião, mas já pu<strong>de</strong> observar algumas coisas, e uma <strong>de</strong>las é sobre esse preconceito que existe<br />
na <strong>Umbanda</strong>, e cheguei a conclusão <strong>de</strong> que existem 2 classes que pessoas que ridicularizam a nossa religião: 1) pessoas<br />
não umbandistas e 2) pessoas que se dizem umbandistas. A classe 1 é meio obvio o porque disso. Em relação a classe<br />
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2 o que tenho a comentar é que tem muitas pessoas por ai que se dizem umbandistas apenas porque são médiuns e<br />
incorporam em seus terreiros e muitas vezes acabam dizendo mentiras a respeito da nossa religião como resultado da<br />
sua ignorância interior.<br />
Eu digo que um umbandista tem que ser mais que um simples médium incorporante, um umbandista tem que<br />
estudar sobre a sua religião, ler livros, pesquisar, ir procura do conhecimento, fazer carida<strong>de</strong>, tem que expandir o bem<br />
que ela nos traz, etc.<br />
Pessoas por exemplo, insistem em dizer que espíritos portadores do Mistério Exu são ex-bandidos e do Mistério<br />
Pombagira são ex prostituta, e para consolidar essa idéia dizem que são umbandista e médiuns a 20 anos.<br />
A mediunida<strong>de</strong> esta sim <strong>de</strong>ntro da <strong>Umbanda</strong>, mas não quer dizer que um médium seja umbandista. Estou estudando<br />
a <strong>Umbanda</strong> <strong>Sagrada</strong> há 6 meses e já posso afirmar que pessoas que dizem essas mentiras sobre a nossa religião<br />
são pessoas ignorantes e nem um pouco umbandistas. Devido a tudo isso que citei temos como resultado o preconceito<br />
religioso no qual nos prejudica diretamente.<br />
An<strong>de</strong>i pesquisando sobre as algumas leis sobre isso e encontrei algumas bem interessantes, todo mundo sabe<br />
que existem essas leis, mas é sempre bom saber mais sobre elas para quando necessário as utilizarem. Preconceito religioso<br />
é CRIME, <strong>de</strong> acordo com as seguintes leis:<br />
Lei nº 16/2001 <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> Junho:<br />
Artigo 1.º - Liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consciência, <strong>de</strong> religião e <strong>de</strong> culto: a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consciência, <strong>de</strong> religião e <strong>de</strong> culto é<br />
inviolável e garantida a todos em conformida<strong>de</strong> com a Constituição, a Declaração Universal dos Direitos do Homem,<br />
o direito internacional aplicável e a presente lei.<br />
Artigo 2.º - Princípio da igualda<strong>de</strong><br />
1 — Ninguém po<strong>de</strong> ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, perseguido, privado <strong>de</strong> qualquer direito ou isento <strong>de</strong><br />
qualquer <strong>de</strong>ver por causa das suas convicções ou prática religiosa.<br />
2 — O Estado não discriminará nenhuma igreja ou comunida<strong>de</strong> religiosa relativamente às<br />
outras.<br />
Decreto Lei nº 2.848 <strong>de</strong> 07 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1940:<br />
Art. 208 - Escarnecer (ridicularizar) <strong>de</strong> alguém publicamente, por motivo <strong>de</strong> crença ou função religiosa; impedir<br />
ou perturbar cerimônia ou prática <strong>de</strong> culto religioso; vilipendiar (<strong>de</strong>sprezar) publicamente ato ou objeto <strong>de</strong> culto religioso<br />
é crime. Pena: <strong>de</strong>tenção, <strong>de</strong> um mês a um ano, ou multa.<br />
Espero que este texto seja <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> agrado aos umbandistas, e que tenha ampliado o conhecimento <strong>de</strong> todos.<br />
Temos que lutar em nome da nossa <strong>Umbanda</strong> <strong>Sagrada</strong>.<br />
Agra<strong>de</strong>ço ao Pai <strong>Rubens</strong> <strong>Saraceni</strong>, porque è através do seu trabalho que nós temos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<br />
a verda<strong>de</strong> sobre o mundo espiritual e estarmos sempre ajudando o próximo.<br />
E-mail: renan_pct@hotmail.com<br />
COROA DE LUZ<br />
Por: E<strong>de</strong>n Carlos da Silva<br />
Certa vez antes <strong>de</strong> começar a reunião espiritual, soube que uma assistida tinha vindo <strong>de</strong> Minas Gerais para<br />
passar nos tratamentos, pois ela estava passando por sérios problemas espirituais <strong>de</strong>vido a magias negras que estavam<br />
sendo feitas por uma ex amiga <strong>de</strong>la.<br />
O que ocorria é que elas tinham uma socieda<strong>de</strong>, um “Centro <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong>” e entraram em <strong>de</strong>savença e uma<br />
<strong>de</strong>spachava contra a outra e a corda arrebentou do lado mais fraco, causando uma série <strong>de</strong> eventos negativos na vida<br />
<strong>de</strong>ssa pessoa, inclusive afetando a sua saú<strong>de</strong> física.<br />
Essa assistida já tinha passado por vários outros centros espíritas e que não obteve sucesso e resolveu vir aqui<br />
pras bandas <strong>de</strong> São Paulo e alguém conhecido <strong>de</strong>la á levou lá na Casa da Cigana, Casa Sara Kali.<br />
Naquela época eu estava trabalhando com a Magia Divina dos 7 Mantos Sagrados e quando chegou a assistida<br />
até mim, recebi a intuição <strong>de</strong> que <strong>de</strong>veria colocar os mantos nela, dar alguns nós e fazer toda ativação.<br />
Pois bem, ajoelhado, <strong>de</strong> olhos fechados, segurando a ponta dos mantos comecei fazer as invocações e logo no<br />
início recebi a intuição <strong>de</strong> que <strong>de</strong>veria abrir os olhos e qual não foi minha surpresa? os mantos estavam todos jogados<br />
no chão.<br />
Achei estranho, mas tudo bem, <strong>de</strong>via ter caído sozinho, levantei coloquei novamente, <strong>de</strong>i os nós e continuei o<br />
trabalho, mas logo em seguida recebi novamente a intuição para abrir os olhos e estava outra vez tudo no chão, aí não<br />
tive dúvida e perguntei para a assistida: por que você está jogando os mantos no chão?<br />
E só foi aí que eu <strong>de</strong>scobri que ela estava incorporada com um Exu que trabalhava para o mal. E ele começou a<br />
dar risada e falou mais ou menos assim: “aqueles caras que estavam lá fora eu já arrebentei todos. Ela já foi em vários<br />
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outros lugares e já venci até Xangô e aqui não têm ninguém que po<strong>de</strong> comigo”.<br />
Como um dos meus <strong>de</strong>feitos é <strong>de</strong> não suportar ser <strong>de</strong>safiado falei pra ele então esperar um pouco que ele já ia<br />
ver uma coisa. Peguei os mantos e eu mesmo os vesti, <strong>de</strong>i vários comandos, mas não acontecia nada, só ouvia a risada<br />
do carcará, eu sabia que tinha que colocar os mantos nele mas isso ele não ia permitir.<br />
Chamei os trabalhadores e fizemos uma roda em volta <strong>de</strong>le e ativamos a Chama Violeta do amado Mestre Saint<br />
Germain e fizemos ela girar com intensida<strong>de</strong> no sentido anti-horário para enfraquecer o tal espírito, mas nada, não fazia<br />
nem cócegas, incrível! e só ouvíamos as risadas <strong>de</strong>le, no fim quem ficou enfraquecido fomos nós e <strong>de</strong>sistimos. O tal<br />
espírito <strong>de</strong>u o tanto <strong>de</strong> risada que quis até ir embora por vonta<strong>de</strong> própria.<br />
Notei que os trabalhadores ficaram <strong>de</strong>sapontados, mas nenhum <strong>de</strong>les ficou como eu, esgotado, arrasado, envergonhado<br />
e impotente.<br />
É até pecado o que vou confessar aqui, mas naquela noite quando fui dormir roguei a Deus que não <strong>de</strong>ixasse<br />
nunca mais aquela mulher ir lá na reunião. Mas qual não foi a minha surpresa, na próxima reunião ela estava lá novamente<br />
sentada na primeira fila.<br />
Antes mesmo <strong>de</strong> começar a reunião, <strong>de</strong>sci sozinho ao salão <strong>de</strong> tratamentos, ajoelhei e roguei ao Mestre Seiman<br />
(Ogum Megê das 7 Espadas da Lei e da Vida) que não <strong>de</strong>ixasse o inimigo entrar novamente na nossa casa, arrebentar<br />
nossas forças e zombar <strong>de</strong> nós.<br />
Naquele exato momento senti uma vibração muito forte e uma pressão gran<strong>de</strong> no chacra coronário e notei que<br />
algo tinha sido colocado na minha cabeça.<br />
Bem, já fiquei mais feliz, pois os céus tinham ouvido a minha prece, mas o que será aquilo que estava na minha<br />
cabeça?<br />
Logo que os trabalhos foram abertos a Cigana Esmeralda já incorporada na minha esposa Elaine, <strong>de</strong>sceu ao<br />
salão <strong>de</strong> tratamentos e aproveitei para perguntar para ela o que tinha na minha cabeça?<br />
E ela respon<strong>de</strong>u: “uma coroa <strong>de</strong> luz”.<br />
Novamente perguntei quais os po<strong>de</strong>res que aquela coroa dava?<br />
E ela respon<strong>de</strong>u: “você é que tem que me falar, pois foi você quem conseguiu”.<br />
Pronto! A minha Felicida<strong>de</strong> durou pouco e se transformou em Preocupação, o que fazer com aquela coroa <strong>de</strong> luz<br />
que estava na minha cabeça?<br />
O plano espiritual maior são sempre assim, eles nos ajudam, nos fornecem as coisas mas ao mesmo tempo não<br />
explicam nada e também não dão manual <strong>de</strong> instrução. Você é que tem que <strong>de</strong>scobrir sozinho.<br />
E agora o que eu faço para ativar os po<strong>de</strong>res <strong>de</strong>ssa coroa <strong>de</strong> luz?<br />
Pois bem, novamente a assistida chegou até mim e quando ia começar o tratamento ela novamente incorporou<br />
aquele Exu do Mal e ele já chegou dando risada até que ele olhou pra mim e como fosse num passe <strong>de</strong> mágica na hora<br />
que ele viu a coroa <strong>de</strong> luz, nem precisei fazer nada, ele simplesmente se calou, abaixou a cabeça e se submeteu ao<br />
tratamento dos 7 Mantos Sagrados, que <strong>de</strong>sta vez o engoliu em pouquíssimos minutos e só Deus sabe pra on<strong>de</strong> ele foi<br />
enviado.<br />
Como esse povo é sábio!<br />
Quem po<strong>de</strong> mais que Deus?<br />
E-mail: casasarakali@uol.com.br<br />
O AMOR E NOSSOS CORPOS SUTIS.<br />
por: Ocarlina Lopes Ferreira.<br />
A ciência vem avançando a passos largos e auxiliando em muito em várias situações complexas da vida cotidiana<br />
do ser humano, mas percebemos que quando se trata do equilíbrio e alegria, sensação da vida bem vivida nossa<br />
existência fica bastante “<strong>de</strong>bilitada”, isto porque em nossa gran<strong>de</strong> maioria, <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> viver no ritmo e na harmonia<br />
que a natureza conduz, <strong>de</strong> relacionar saudavelmente com o mundo a nossa volta, sentir parte do todo, estudar e realizar<br />
experiências sem medo, observar, ouvir, manusear, experimentar, silenciar, <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> perceber a imanência do Criador.<br />
Deixamos também <strong>de</strong> observar que o mundo físico é sustentado pelo mundo sutil, que são as energias mais sutis<br />
que mantêm o ser vivo, que sem o Prana que é absorvido pelos nossos inúmeros chacras não sobreviveriamos nenhum<br />
único tempo.<br />
É importante enten<strong>de</strong>r que o ser vivo é energia pulsante que contém informações, que é um sistema altamente<br />
sensível e perceptivo e é por ele que estamos em comunicação com tudo que nos cerca, absorvendo e irradiando.<br />
Este ser vivo pulsante tem diferentes frequências ou níveis <strong>de</strong> manifestação a que costumamos chamar <strong>de</strong> corpos,<br />
este sistema guarda em si experiências sendo elas felizes ou não. Todas essas sensações ficam impressas nos nossos<br />
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campos e precisam ser bem cuidadas, pois elas contribuem para formação <strong>de</strong> nossos tecidos celulares.<br />
Através da consciência <strong>de</strong>sses corpos e <strong>de</strong> como relacionamos com o mundo <strong>de</strong> forma equilibrada, caminhamos<br />
progressivamente, realizando assim o conhecimento <strong>de</strong> nós mesmos, expandindo a percepção não só dos bloqueios<br />
como também <strong>de</strong> nossas capacida<strong>de</strong>s.<br />
E nesse contexto, a nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar <strong>de</strong>veria ser mais bem observada e expandida. Quando se fala <strong>de</strong><br />
amor a própria palavra já nos remete a um sentimento ou sensação <strong>de</strong> uma energia sublime, mesmo que manifestado<br />
como amor físico, amor materno, fraterno, filial, amor a Deus, mostrando bem o nosso caráter através do fator que nos<br />
motiva a amar, e por manifestá-lo em nós <strong>de</strong>ssa maneira fracionada temos dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste<br />
sentido da vida que traz consigo gran<strong>de</strong> Força e Po<strong>de</strong>r.<br />
O mundo nos impõe situações e verda<strong>de</strong>s e através <strong>de</strong> nossa conduta fazemos nossas escolhas <strong>de</strong> agir com amor<br />
ou com egoísmo e é nessas <strong>de</strong>cisões que po<strong>de</strong>remos nos observar e perceber a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste sentido <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós.<br />
Ter confiança absoluta nos <strong>de</strong>sígnios do Criador, procurar a sabedoria nas verda<strong>de</strong>s Divinas, perdoar, ser tolerante,<br />
indulgente, ter compaixão e <strong>de</strong>sapego, valorizar o que <strong>de</strong>ve ser valorizado, não ficar preso a mágoas e injustiças,<br />
amar e respeitar a natureza são caminhos <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r e valorizar a nossa existência. Acredito que só <strong>de</strong>sta maneira<br />
atingiremos nossa paz interna vivendo na alegria do amor incondicional.<br />
Nosso corpo físico não po<strong>de</strong>ria existir sem os corpos sutis (não visíveis), porque são eles que captam as energias<br />
essenciais que alimentam todo nosso sistema.<br />
Mas todo este sistema só será saudável quando a vibração da energia do amor incondicional estiver ancorada<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós e irradiarmos naturalmente por on<strong>de</strong> passarmos através <strong>de</strong> nossos atos, palavras e mente, neste momento<br />
chegaremos felizes a um importante <strong>de</strong>grau em nosso caminho evolutivo.<br />
ÁGUAS NA UMBANDA.<br />
Por Alan Levasseur.<br />
E-mail: carlinalopes@yahoo.com.br<br />
Sua utilida<strong>de</strong> é variada. Serve para os banhos <strong>de</strong> amacís, para cozinhar, para lavar as guias, para <strong>de</strong>scarregar os<br />
maus fluídos, para o batismo. Depen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> sua procedência (mares, rios, chuvas, poços...), terá um emprego diferente<br />
nas obrigações.<br />
A água po<strong>de</strong>rá concentrar uma vibração positiva ou negativa, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do seu emprego.<br />
A Água é um fator prepon<strong>de</strong>rante na <strong>Umbanda</strong>. Ela mata, cura, pune, redime, enfim ela acha-se presente em todas<br />
as ações e reações no orbe terráqueo, basta exemplificar com as lágrimas, que são água <strong>de</strong>monstrando o sentimento,<br />
quer seja positivo ou negativo.<br />
Sabemos que três quartos do planeta que habitamos, são cobertas por água; 86,9% do corpo humano é composto<br />
<strong>de</strong> água ou carboidratos; mais ou menos 70% <strong>de</strong> tudo que existe na Terra leva água, tornando-se <strong>de</strong>sta forma o fator<br />
predominante da vida no Planeta. Por esta razão, ela é utilizada na Quartinha, no copo <strong>de</strong> firmeza <strong>de</strong> Anjo <strong>de</strong> Guarda.<br />
Ás vezes, um guia indica: Coloque um copo com água do mar ou água com sal atrás da porta.<br />
Qual é o porquê disto?<br />
Por que a água tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> absorver, acumular ou <strong>de</strong>scarregar qualquer vibração, seja benéfica ou maléfica.<br />
Nunca se <strong>de</strong>ve encher <strong>de</strong> água, o copo até a boca, porque ela crepitará. Ao rezar-se uma pessoa com um copo <strong>de</strong> água,<br />
todo o malefício, toda a vibração negativa <strong>de</strong>la passará para a água do copo, tornando-a embaciada; caso não haja mal<br />
algum, a água ficará fluidificada. Nunca se <strong>de</strong>ve acen<strong>de</strong>r vela para o Anjo da Guarda, para cruzar o terreiro, para jogar<br />
búzios, enfim, sem ter um copo <strong>de</strong> água do lado.<br />
A água que se apanha na cachoeira, é água batida nas pedras, nas quais vibra, crepita e livra-se <strong>de</strong> todas as impurezas,<br />
assim como a água do mar, batida contra as rochas e as areias da praia, também acontece o mesmo, por isso<br />
nunca se apanha água do mar quando o mesmo está sem ondas.<br />
A água da chuva, quando cai é benéfica, pura, porém, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cair no chão, torna-se pesada, pois atrai à si as<br />
vibrações negativas do local.<br />
Por esse motivo nunca se <strong>de</strong>ve pisar em bueiros das ruas, porque as águas da chuva, passando pelos trabalhos<br />
nas encruzilhadas, carregam para os bueiros toda a carga e a vibração dos trabalhos; convém notar que os bueiros mais<br />
próximos da encruzilhada são os mais pesados, porém não isenta <strong>de</strong> carga, embora menos intensa, os <strong>de</strong>mais bueiros da<br />
rua.<br />
A importância da água po<strong>de</strong> ser traduzida numa única palavra: ”VIDA!”<br />
Sem água (COABA) a vida é impossível.<br />
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A Água está presente em praticamente todos os trabalhos<br />
<strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong>, e sua função é importantíssima.<br />
Por seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> propiciar vida ela atrai a vida à<br />
sua volta, seja material ou Espiritual.<br />
As águas utilizadas para <strong>de</strong>scarrego, têm funcionamento<br />
parecido com a fumaça, sendo que a fumaça carrega<br />
as energias consigo similar ao vento, e a água absorve estas<br />
energias.<br />
As águas em copos nas obrigações significam energia<br />
vital, e nos copos junto às velas <strong>de</strong> Anjo da Guarda ou<br />
atrás das portas <strong>de</strong> entrada, têm a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrair para<br />
si as energias que por ali passam, atraídas pela Luz ou passando<br />
pela porta.<br />
Os copos <strong>de</strong> água utilizados para estes fins (Anjo<br />
<strong>de</strong> Guarda ou atrás das portas) <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>scarregadas<br />
pelo menos <strong>de</strong> 7 em 7 dias, pois senão ficarão saturadas<br />
e per<strong>de</strong>rão seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> absorção. Esta <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong>ve ser<br />
feita em água corrente (na pia com a bica aberta, por exemplo),<br />
pois simboliza movimento, necessário para transportar<br />
as energias absorvidas por ela.<br />
Po<strong>de</strong>mos fazer uso em rituais <strong>de</strong> água <strong>de</strong> procedência<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>z campos sagrados.<br />
Rocha<br />
Água <strong>de</strong>tida em saliências nas rochas. Ligada a Xangô -<br />
entre suas funções, traz força física, disposição, boa-vonta<strong>de</strong>,<br />
sabedoria.<br />
Mar<br />
Ligada a Yemanjá - imã <strong>de</strong> energias negativas, anti-séptico<br />
e cicatrizante, fertilida<strong>de</strong>, calma.<br />
Mina<br />
Ligada a Oxum e Nanã - força, vitalida<strong>de</strong> - é a mais indicada<br />
para se utilizar nas quartinhas e em assentamentos <strong>de</strong><br />
anjo-<strong>de</strong>-guarda.<br />
Mar Doce<br />
Encontro <strong>de</strong> rio e mar. Ligada a Ewá (Candomblé) - trato<br />
do corpo sentimental, humor, bom senso e in<strong>de</strong>pendência.<br />
Chuva<br />
Ligada a Nana e Iansã - excelente função <strong>de</strong> limpeza e <strong>de</strong>scarrego,<br />
flui<strong>de</strong>z.<br />
Cachoeira<br />
Ligada a Oxum e Xangô - sentimentos, afeto, força <strong>de</strong> pensamento,<br />
alegria, jovialida<strong>de</strong>, equilibrio.<br />
Rio<br />
Ligada a Oxum (na correnteza) e a Obá (nas margens) - <strong>de</strong>terminação,<br />
bons pensamentos, novos caminhos.<br />
Poço<br />
Ligada a Nanã - resistência, sabedoria, <strong>de</strong>cantação.<br />
Lagos e Lagoas<br />
Ligada a Oxumarê - inventivida<strong>de</strong>, imaginação, renovação.<br />
Orvalho<br />
Recolhido das folhas, ao alvorecer do dia. - Ligado a Oxalá<br />
- calma, paciência, fecundida<strong>de</strong>.<br />
Todas po<strong>de</strong>m ser utilizadas em banhos, assim além<br />
<strong>de</strong> portadoras <strong>de</strong> seus próprios axés, serve <strong>de</strong> veículo para<br />
o axé dos <strong>de</strong>mais componentes do banho.<br />
Em especial, o banho é feito usando-se sete <strong>de</strong>stas<br />
águas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do Orixá da pessoa, e no assentamento<br />
<strong>de</strong> Oxalá da casa, enche-se o pote (quartilhão, porrão,<br />
vaso...) com todas as <strong>de</strong>z águas citadas.<br />
Estas águas <strong>de</strong>vem preferencialmente ser recolhidas<br />
e armazenadas, utilizando-se potes <strong>de</strong> louça branca<br />
virgem, e só utilizadas para esse fim, por filhos <strong>de</strong> Oxalá<br />
ou Iabás.<br />
Algumas águas não po<strong>de</strong>m e não <strong>de</strong>vem ser armazenadas<br />
por muito tempo, “água parada apodrece”.<br />
As águas e os orixás femininos (Candomblé)<br />
A água é muito utilizada nas casas <strong>de</strong> Candomblé.<br />
Em muitos ritos ela aparece tendo um significado muito<br />
importante, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o rito do padê, até o ritual das águas <strong>de</strong><br />
Oxalá.<br />
Colocar água sobre a terra significa não só fecundá-la,<br />
mas também restituir-lhe seu sangue branco com o qual<br />
ela alimenta e propicia tudo que nasce e cresce em <strong>de</strong>corrência,<br />
os pedidos e rituais a serem <strong>de</strong>senvolvidos.<br />
Deitar água é iniciar e propiciar um ciclo. As águas <strong>de</strong><br />
Oxalá pelas quais começa o ano litúrgico yorubá tem precisamente<br />
este significado.<br />
É comum ao se chegar a uma entrada <strong>de</strong> uma casa <strong>de</strong><br />
Candomblé vir uma filha da casa com uma quartinha com<br />
água e <strong>de</strong>spejar esta água nos lados direito e esquerdo da<br />
entrada da casa. Este ato é para acalmar Exu e também<br />
para <strong>de</strong>spachar qualquer mal que por ventura possa estar<br />
acompanhando esta pessoa. Neste caso, a água entra como<br />
um escudo contra o mal.<br />
Entre os orixás femininos, <strong>de</strong>stacamos aqui Nana que<br />
está associada à terra, à lama e também às águas. Nana no<br />
antigo Daomé, é consi<strong>de</strong>rada como o ancestral feminino<br />
dos povos fons.<br />
Outro orixá feminino associado à água é a orixá Oxum.<br />
Oxum tem toda a sua história ligada às águas pois, na Nigéria,<br />
Oxum é a divinda<strong>de</strong> do rio que recebe o mesmo<br />
nome do orixá.<br />
Oyá e Iansã, divinda<strong>de</strong>s dos ventos e tempesta<strong>de</strong>s, também<br />
estão ligadas às águas, pois na Nigéria Oyá é dona do<br />
rio Niger, também chamado pelos yorubás <strong>de</strong> Odò Oyá ou<br />
“Rio <strong>de</strong> Oyá”.<br />
Não diferente dos <strong>de</strong>mais orixás femininos, Iemanjá<br />
também está muito ligada às águas. É o orixá que em<br />
terra yorubá é patrona <strong>de</strong> dois rios: o rio Yemonja e o rio<br />
Ogun – não confundir com o orixá Ogum, Deus do ferro.<br />
Daí Yemanja estar associada à expressão Odò Iyá, ou seja,<br />
“Mãe dos Rios”.<br />
Resumindo, a água é um elemento natural aos orixás<br />
femininos. Não só <strong>de</strong>ntro do culto <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong> e Candomblé,<br />
mas como em toda a vida, ela é <strong>de</strong> suma importância<br />
pois, como é dito, a água é o princípio da vida.<br />
E-mail: alan@hakanaa.com<br />
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DOUTRINA<br />
CORRENTE ANCIÃ E OS PRETO-vELhOS<br />
Por João Barbosa Junior<br />
Todas as culturas têm em seus anciãos a imagem <strong>de</strong> conhecimento, todas<br />
as mais tradicionais culturas os respeitam por isso, pelo seu conhecimento e pela<br />
sua inteligência emocional.<br />
Nos do mundo mo<strong>de</strong>rno, dos bits e bytes, das viagens interplanetárias,<br />
da ganância e do falso po<strong>de</strong>r, estamos segredando nossos anciãos ao segundo<br />
plano, muitas vezes, mesmos os que estão sãos, <strong>de</strong>ixando-os em verda<strong>de</strong>iros<br />
<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> velhos, seja com o nome <strong>de</strong> asilo, seja com o nome <strong>de</strong> casa <strong>de</strong> repouso,<br />
seja com o nome <strong>de</strong> retiro, não passam <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> velhos que estão<br />
atrapalhando nossa vida dinâmica e empolgante e jovem.<br />
Nossa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gastar dinheiro à toa, justifica nosso empenho no<br />
trabalho, para ganhá-lo, e muitas vezes sem escrúpulos, apenas para ter o que<br />
mostrar.<br />
Nestas condições, não há tempo para se <strong>de</strong>dicar a família, que dirá <strong>de</strong>dicar-se<br />
a cuidar do velho.<br />
Mas não foi sempre assim, houve uma época, e em algumas culturas ainda há que o velho era venerado, era<br />
consi<strong>de</strong>rado como fonte <strong>de</strong> sabedoria, e nenhum dos membros <strong>de</strong>stas culturas, iniciavam uma nova ativida<strong>de</strong> sem antes<br />
consultar aos anciãos. Os anciãos governavam com sabedoria e o povo os respeitava e viviam felizes.<br />
Na <strong>Umbanda</strong> não é diferente, graças a Deus (diz o Pai Joaquim em meu ouvido direito), a nossa religião é regida<br />
pelo mistério ancião.<br />
No mistério ancião, estão os Orixás revelados ao plano material como ancião, nosso Divino Pai Oxalá, regente<br />
do Trono das Sete Encruzilhadas, Nosso Divino Pai Obaluaiê, regente da evolução, Nossa Divina Mãe Nanã, também<br />
regente da nossa evolução e aclamada em nossos corações como Mãe <strong>de</strong> todos os Orixás, Nosso Divino Pai Omolú<br />
regente da vida.<br />
O nosso respeito por estes Orixás é tão gran<strong>de</strong> que quando se manifestam em seus médiuns são cobertos por<br />
um pano branco, usado somente para esse fim, cobrem-se as cabeças <strong>de</strong>sses Orixás em respeito aos mistérios <strong>de</strong> suas<br />
coroas, preservando assim o mistério que trazem consigo.<br />
No mistério ancião, regido por estes Orixás, se manifestam em nossos terreiros não só os amados pretos velhos,<br />
mas também os caboclos velhos e os exus velhos, formando uma potente corrente <strong>de</strong> cura. Os Caboclos Velhos trazem<br />
consigo o arquétipo dos Pajés, que nas culturas indígenas eram os mais velhos da al<strong>de</strong>ia e profundos conhecedores das<br />
matas, erva e mistérios da pajelança e magia.<br />
Os Pretos Velhos e as Pretas Velhas; é um arquétipo que <strong>de</strong>monstram na sua simplicida<strong>de</strong> toda a mensagem <strong>de</strong><br />
Jesus o Cristo, humilda<strong>de</strong>, amor ao próximo, conhecimento, cura, etc. Neste arquétipo as entida<strong>de</strong>s que se manifestam<br />
em seus médiuns, não necessariamente são nem pretos e nem velhos, mas se utilizam do arquétipo ancião nas suas<br />
manifestações.<br />
Mas na sua gran<strong>de</strong> maioria são espíritos <strong>de</strong> negros escravos, que mesmo com todo o sofrimento que a escravidão<br />
tenha lhes causado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a retirada <strong>de</strong> sua terra natal, o transporte e navios negreiros, as chibata dos senhores<br />
<strong>de</strong> engenho, o ódio dos capitães do mato, a senzala, a separação das famílias, entre outras mais que <strong>de</strong>ixo para vossa<br />
imaginação, pois a historia <strong>de</strong> cada negro é única e recheada <strong>de</strong> maus tratos.<br />
Contudo, hoje se manifestam e se apresentam em nossas vidas sempre com muito Amor; a ajuda e carida<strong>de</strong> são<br />
seus traços fortes, sem falar no conhecimento (O Pai Joaquim da Guiné, preto velho que se manifesta através da minha<br />
mediunida<strong>de</strong>, sempre mostra tanto conhecimento da língua, <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes do corpo humano, que cheguei a pensar que na<br />
sua ultima encarnação ele era medico, mas me enganei, era escravo mesmo, apenas apren<strong>de</strong>u para po<strong>de</strong>r ajudar.).<br />
A <strong>Umbanda</strong> usa o dia 13 <strong>de</strong> maio, em menção a libertação dos escravos, para comemorar o dia do Preto Velho,<br />
toda oferenda <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento a esta magnífica e respeitada corrente, é pouco pelo trabalho que eles têm realizados<br />
nos terreiros <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong> e nas roças <strong>de</strong> Candomblés (Cultos <strong>de</strong> Nação) e a melhor oferenda que po<strong>de</strong>mos fazer é seguir<br />
seus exemplos e ensinamentos, ai sim estaremos retribuindo o amor, com amor.<br />
E-mail: joao.barbosa@terra.com.br<br />
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A NOSSA JORNADA ESPIRITUAL<br />
Por Pai Laerte Nogiri<br />
1ª parte:<br />
Sou filho <strong>de</strong> Japoneses e tive minha infância em uma fazenda até a ida<strong>de</strong> escolar, após minha família se mudou<br />
para a cida<strong>de</strong>.<br />
Em todas as mudanças, <strong>de</strong> costume vinham também às dificulda<strong>de</strong>s financeiras e perturbações espirituais dos<br />
meus pais, on<strong>de</strong> minha mãe era quem mais sofria.<br />
Foi <strong>de</strong>sta forma que ela conhecera um casal <strong>de</strong> idosos, dona Carmem e seu Sebastião que trabalharam espiritualmente<br />
em sua casa, auxiliando a todos os necessitados tanto encarnados quanto <strong>de</strong>sencarnados. Já com doze anos,<br />
voltando para casa na hora do almoço, passava próxima a casa <strong>de</strong> dona Carmem, que estava no portão, quando ela me<br />
chamou e disse:<br />
- Você é filho <strong>de</strong> dona Maria costureira?<br />
Sim! Respondi prontamente.<br />
- Diga a ela para me procurar rapidamente, antes do meio dia <strong>de</strong> hoje, indagou dona Carmem.<br />
Quando cheguei a casa para almoçar, minha mãe não sentia bem, <strong>de</strong>i a ela o recado <strong>de</strong> dona Carmem.<br />
Após o almoço, levei minha mãe até dona Carmem no caminho para o trabalho, vim saber mais tar<strong>de</strong> que da<br />
chegada <strong>de</strong> minha mãe até as 17:00h, foi travado uma batalha para a retirada <strong>de</strong> um obsessor que atormentava minha<br />
mãe.<br />
Em outra oportunida<strong>de</strong>, a pedido <strong>de</strong> minha mãe fui até a casa <strong>de</strong> dona Carmem, vim saber então que minha mãe<br />
era médium, mas não queria assumir este compromisso, mas com minha maturida<strong>de</strong>, assumiria este legado, a mediunida<strong>de</strong>.<br />
Foi dito por um Caboclo incorporado pela dona Carmem.<br />
Em 1974, conheci minha amada esposa.<br />
No dia 10 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1975, seis meses <strong>de</strong>pois, nos casamos na Igreja Matriz <strong>de</strong> Barretos, após três meses <strong>de</strong><br />
casados, iniciaram as perturbações espirituais com minha esposa como: incorporações que a <strong>de</strong>ixaram travada na cama,<br />
visões medonhas, sonambulismo, quando saia <strong>de</strong> casa sozinha, andava sem rumo se per<strong>de</strong>ndo pela cida<strong>de</strong>.<br />
Com o auxílio <strong>de</strong> minha mãe, procuramos em vários terreiros a solução dos problemas, mas não obtivemos êxito. Foi<br />
quando encontramos dona Nair, senhora humil<strong>de</strong> que para seu sustento lia cartas aten<strong>de</strong>ndo as pessoas que a ela buscavam.<br />
Foi assim que conhecemos um grupo espírita formado por familiares e amigos próximos, que realizavam trabalhos,<br />
os quais sitos em forma <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento pelo amparo que <strong>de</strong>ram em nosso início <strong>de</strong> jornada.<br />
Sr Pedro Pucci, esposa e filhos, Sr Willian Salun, Sr Gerson Terense e dona Nair, médium vi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ste grupo espiritual.<br />
Nesta casa ficamos por um ano e meio, minha esposa Cristina já se encontrava equilibrada em sua mediunida<strong>de</strong>.<br />
Foi quando o Sr Pedro Pucci junto com o Sr Gerson Terense vieram conversar comigo dizendo:<br />
- Infelizmente vocês não po<strong>de</strong>rão continuar conosco, pois os guias <strong>de</strong> Cristina são todos <strong>de</strong> terreiro, caberá a<br />
você conduzir sua esposa em procurar um terreiro para seu <strong>de</strong>senvolvimento mediúnico, e você será o responsável, caso<br />
ela não cumpra sua missão.<br />
Nós conhecemos diversos terreiros e não nos encontramos em nenhum, quando voltamos para casa havíamos<br />
tomado a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> não buscar lugar algum, nesta altura dos acontecimentos, tínhamos adquirido nosso estabelecimento<br />
comercial, os anos se passaram com certa tranqüilida<strong>de</strong>, já tínhamos três filhos, dois meninos e uma menina.<br />
Contratamos então uma funcionária conhecida <strong>de</strong> minha mãe, quando em certo dia, conversando com Cristina,<br />
comentou que sua irmã viera <strong>de</strong> São Paulo com a missão <strong>de</strong> conversar conosco. Foi marcada um dia, esta senhora veio<br />
e passou o dia conosco, incorporando pombagira, fumando e bebendo, conversando com Cristina e minha mãe, durante<br />
os sete dias que esta senhora passou conosco, as entida<strong>de</strong>s queriam falar comigo, mas não aceitava falar com elas, no<br />
último dia, minha mãe veio até mim e disse:<br />
- o preto velho está te chamando<br />
A contra gosto e revoltado, fui falar com a entida<strong>de</strong>, que muito me falou e pouco eu guar<strong>de</strong>i em minha memória,<br />
só me lembro que gargalhei sarcasticamente quando me disse:<br />
- Tu és médium!<br />
Quando essa senhora foi embora, Cristina comprou duas peças <strong>de</strong> tecido <strong>de</strong> cores vermelha e preto para presentear-lhe,<br />
e ao receber o presente, esta senhora disse que estava envergonhada pelo fato da entida<strong>de</strong> ter pedido o presente,<br />
se a Cristina não gostaria <strong>de</strong> ficar com ele, no dia seguinte, a Cristina começou a incorporar esta entida<strong>de</strong> diariamente,<br />
ficando quase todo o período <strong>de</strong>sta forma e fazendo todos os trabalhos cotidianos.<br />
Apavorado, procurei Dona Nair pedindo auxilio e como resposta, ela solicitou que procurasse um terreiro, ou<br />
senão estu<strong>de</strong> a doutrina, entre em acordo com esta entida<strong>de</strong> para se ter hora certa <strong>de</strong> incorporação.<br />
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Quando voltei, fui conversar com a entida<strong>de</strong> e ficamos combinados que diariamente das 20:00h as 22:00h estaria<br />
a sua disposição com uma garrafa <strong>de</strong> espumante, um maço <strong>de</strong> cigarros <strong>de</strong> filtro branco e uma taça vermelha, este<br />
acordo durou quatro anos.<br />
No início ela vinha mancando <strong>de</strong> uma perna, com a voz rouca, tomava uma garrafa do espumante e fumava um<br />
maço <strong>de</strong> cigarros, eu ficava muito nervoso e amedrontado, mas com <strong>de</strong>correr do tempo, após estudar bastante e apren<strong>de</strong>ndo<br />
a doutrinar, mudanças ocorreram para melhor em ambas as partes, mas hoje, sei que fui doutrinado por ela e não<br />
o inverso, após três anos, ela solicitou para nos prepararmos para sete provas, a qual para cada uma nos seria dado uma<br />
proteção, a primeira foi uma folha <strong>de</strong> guiné, a segunda foi o guiné mais um galho <strong>de</strong> arruda, a terceira era os elementos<br />
anteriores mais um novo e assim foi até a sexta prova.<br />
Cada prova era um obstáculo a ser passada, uma perda material ou financeira.<br />
Quando passamos pela sexta prova ela nos informou que teríamos um período <strong>de</strong> calmaria e preparação para a<br />
sétima prova que seria muito dolorosa e durante seis meses, todos os dias ela vinha e nos orientava, preparando, falando<br />
do amor, da fé e os <strong>de</strong>sígnios <strong>de</strong> Deus, da união, da razão <strong>de</strong> viver, até que ela nos ensinou que a única <strong>de</strong>fesa existente<br />
para superarmos a sétima prova era a fé em Deus e a razão <strong>de</strong> viver.<br />
No dia seguinte eu levantei com uma dor atrás da orelha on<strong>de</strong> havia um calombo, em consulta a um médico, este<br />
me informou estar com caxumba e que a mesma havia <strong>de</strong>scido na virilha, recomendou repouso absoluto por 30 dias; e<br />
foram 21 dias <strong>de</strong> cama.<br />
Em uma manhã, quando minha esposa Cristina acordou e foi ver nosso filho caçula, fui acordado com um grito<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero, ao chegar ao quarto, nosso filho estava em seus braços <strong>de</strong>sfalecido, da forma em que estávamos, fomos<br />
rapidamente ao hospital, mas já era tar<strong>de</strong>... Ele tinha falecido...<br />
Só então nos <strong>de</strong>mos conta <strong>de</strong> que a sétima prova era como ela havia dito...<br />
Um pedacinho <strong>de</strong> nossos corações.<br />
Continua na próxima edição.<br />
NÃO CONFUNDA O MÉDIUM COM A ENTIDADE!<br />
Autor Desconhecido<br />
É muito comum ver esse tipo <strong>de</strong> confusão sendo feita pelos consulentes, pessoas que vão ali no terreiro para<br />
conversar com as entida<strong>de</strong>s, pedir conselhos ou apenas ouvir uma palavra <strong>de</strong> conforto pois, muitas vezes, elas fixam<br />
em suas cabeças a imagem do médium (que está com o corpo ali presente) proferindo aquelas palavras <strong>de</strong> conforto ou<br />
dando sábios conselhos sem sequer notar que quem na verda<strong>de</strong> está falando (ou <strong>de</strong>veria estar) é a entida<strong>de</strong> que está (ou<br />
<strong>de</strong>veria estar) ali trabalhando.<br />
Há casos em que o consulente que esteve presente em alguma sessão no terreiro encontra um médium no meio<br />
da rua e resolve, sabe-se lá por qual motivo, pedir-lhe conselhos ali mesmo ou até mesmo contar uma longa história<br />
<strong>de</strong> sua vida, achando que ali, no meio da rua, o médium vai po<strong>de</strong>r lhe ajudar da mesma forma que o ajudou no quando<br />
estava em transe mediúnico no terreiro.<br />
É <strong>de</strong> fundamental importância que se tenha consciência que quando você vai a algum terreiro e conversa com<br />
uma entida<strong>de</strong> o médium está ali apenas como um canal <strong>de</strong> comunicação e não é ele (ou não <strong>de</strong>veria ser) que está proferindo<br />
aquelas palavras e, por mais que você se apegue à imagem do médium, você não estava conversando realmente<br />
com ele.<br />
Portanto, se você quer algum conselho, espere até a próxima sessão e vá até o terreiro para conversar com alguma<br />
das entida<strong>de</strong>s, não ache que o médium está sempre com pensamentos positivos o suficiente para lhe dar um bom<br />
conselho. Médiuns são pessoas comuns e, como tal, tem sua vida e seus próprios problemas. Lá no terreiro é outra história,<br />
ele está ali disposto a <strong>de</strong>ixar seus problemas <strong>de</strong> lado e permitir que as entida<strong>de</strong>s venham para, quem sabe, resolver<br />
os problemas <strong>de</strong> outras pessoas.<br />
O Médium<br />
Como diz o sábio ditado, “quando um não quer, dois não brigam” e isso é válido também para os médiuns<br />
que são abordados por pessoas no meio da rua que pe<strong>de</strong>m insistentemente por algum conselho ou, com a <strong>de</strong>sculpa <strong>de</strong><br />
“apenas conversar”, tentam conseguir uma consulta fora <strong>de</strong> hora, em local inapropriado ou até mesmo com assuntos<br />
completamente alheios ao conhecimento do médium. O pior é que em alguns casos, o médium tentando dar uma <strong>de</strong><br />
bom samaritano, acaba caindo na conversa e começa a dar conselhos e pitacos na vida <strong>de</strong> uma pessoa e esquece daquele<br />
outro velho ditado que diz que “se conselho fosse bom, não se dava, vendia”.<br />
O perigo <strong>de</strong> sair dando conselho à revelia é que, vai que o conselho que você <strong>de</strong>u ali na maior das boas intenções<br />
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acabou por <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar uma série <strong>de</strong> acontecimentos que fugiram completamente ao controle tanto do seu “novo amigo”<br />
quanto ao seu próprio controle, se é que alguém alguma vez teve qualquer tipo <strong>de</strong> controle sobre os acontecimentos.<br />
Quando acontece algo <strong>de</strong>ste tipo, você acaba manchando o seu nome, o nome do seu terreiro (claro, porque<br />
quando acontece algo <strong>de</strong> ruim a culpa é do terreiro que não presta, mesmo que o conselho não tenha saído diretamente<br />
lá <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro) e, é aí que vem a pior parte, acaba manchando também o nome da entida<strong>de</strong> pois quando o fulano foi no<br />
terreiro, foi aconselhado por <strong>de</strong>terminada entida<strong>de</strong> e, quando te encontrou no meio da rua e veio lhe pedir conselhos,<br />
na verda<strong>de</strong> estava querendo ouvir um conselho da entida<strong>de</strong> e vai, sem sombra <strong>de</strong> dúvidas, achar que é a entida<strong>de</strong> que a<br />
está aconselhando novamente.<br />
Outro gran<strong>de</strong> perigo para os médiuns é quando, em sua cabeça, ele começa a se confundir com a entida<strong>de</strong> que<br />
está ali trabalhando e começa a achar que ele <strong>de</strong>ve interferir no que está sendo dito. Se você é um médium consciente<br />
(e imagino que muitos sejam) concentre-se ao máximo possível para que você nunca interfira no que a entida<strong>de</strong> está<br />
falando e se você sentir que algo não está certo ou que a entida<strong>de</strong> “se afastou” muito <strong>de</strong> você, é melhor parar a consulta<br />
e falar que a entida<strong>de</strong> foi embora, mesmo que seja no meio <strong>de</strong> uma conversa, vai ser muito melhor para você e para a<br />
pessoa que está ali se consultando.<br />
Volte a se concentrar, peça auxílio para o dirigente da casa ou algum outro médium com mais experiência<br />
para que a entida<strong>de</strong> volte e possa continuar a conversa com o consulente ou apenas para que ela (a entida<strong>de</strong>) fique ali<br />
energizando o seu corpo para que haja novamente o equilíbrio. Nunca tente continuar a conversa caso você sinta que a<br />
entida<strong>de</strong> não está mais ali ou “se afastou” muito.<br />
Há também os que acabam <strong>de</strong>senvolvendo amiza<strong>de</strong> ou contato mais próximo com algum consulente. Não é<br />
nenhum crime ter amiza<strong>de</strong> por alguém, acontece que é muito importante, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, que fique bem claro que uma<br />
coisa é a entida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do terreiro, outra coisa é o médium, a pessoa que serve <strong>de</strong> canal para a entida<strong>de</strong>.<br />
Esse assunto é muito <strong>de</strong>licado e <strong>de</strong>ve sempre ser tratado com o máximo <strong>de</strong> serieda<strong>de</strong> e cuidado.<br />
“A vIDA EM MINhA vIDA”.<br />
Por Thiago Paiva Carvalho<br />
Enviado por Andrei Vinicov Kalazans<br />
E-mail: andreivinicov@hotmail.com<br />
Diariamente seguimos um roteiro, esquema, <strong>de</strong>finições já estabelecidas por nós e inevitavelmente pela “Vida”,<br />
isto é, a natureza das coisas, das posturas sociais, políticas, econômicas e do ambiente físico do panorama <strong>de</strong>ste mundo.<br />
Consequentemente nos habituamos a visualizar, perceber ao redor sob o crivo subjetivo, perdurando os aspectos<br />
rudimentares <strong>de</strong> analise, avaliação, sendo tal fato, comum, natural, pois somos humanos e seguimos os sentidos que o<br />
corpo físico oferece para assim conviver, manter-se em constância em nossas realizações triviais. Com essa afirmação<br />
concebe-se que estamos trilhando parâmetros vistos como meios para expressar <strong>de</strong>sejos, gostos, vonta<strong>de</strong>s, metas e etc..<br />
Logo se conclui que vivemos em uma “Vida” pré-moldada e configurada, e todos sob o efeito semelhante a um<br />
magnetismo acompanha esse fluxo, pois compreen<strong>de</strong> que esta é única via apresentada, ou seja, coliga-se com as transformações<br />
incessantes fixadas na socieda<strong>de</strong>.<br />
Essa perspectiva é cultuada, fertilizada e, sobretudo aperfeiçoada pelos céticos, materialista que cogita e sustentam<br />
tão-somente conceitos, critérios <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong>fasados, obsoleto e reacionário, pois a sensação <strong>de</strong> estar sob o<br />
controle, dominando, estabelecendo, é um gene do espírito humano que em sua <strong>de</strong>vida aplicabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser tornar<br />
útil, porém, é sabido que nossa realida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>scomedida, colaborando com o fenômeno infantil do obter para si, da<br />
proprieda<strong>de</strong>, portanto, torna-se in<strong>de</strong>vido, colocando o individuo marionete dos sentidos elementares, ofuscando outras<br />
camadas <strong>de</strong> sua natureza, infelizmente velada pela ignorância, vaida<strong>de</strong>, orgulho, medo, ciúmes, inveja entre outros estados<br />
emocionais <strong>de</strong>sproporcionais as belezas, revelações, conquistas que nossa era alçou!<br />
A pauta religião, Deus, universo, vida extracorpórea, em <strong>de</strong>corrência da realida<strong>de</strong> mencionada acima, é frequentemente<br />
refutada com malgrado; esnobado, esquecido, pois assim é o ser humano, partindo da premissa que tudo<br />
gravita <strong>de</strong> acordo com suas impressões, captações, sensações, extraindo com isso, a confirmação que o espírito humano<br />
atualmente acredita, respeita somente sob a ótica <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s e conveniências.<br />
Assistimos em todos meios <strong>de</strong> comunicação à pregação, a disseminação <strong>de</strong> varias correntes interpretativas do<br />
mistério Deus, e nota-se que novamente o ser humano expele seu hálito egocêntrico na leitura do Divino, acentuando a<br />
posição dos materialistas, mas por outra doutrina, outros comportamentos que se filtrá-los resultarão na mesma matéria<br />
paralisante, putrefata e corrosiva para a expansão da consciência do ser: a máxima finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes estagiarem na maquina<br />
rotulada como corpo humano!<br />
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Com toda essa balburdia, análoga ao parque <strong>de</strong><br />
diversões; palco <strong>de</strong> um teatro cujo tema é a ignorância,<br />
surge no horizonte como um balsamo com seus <strong>de</strong>rivados:<br />
a <strong>Umbanda</strong>, com a qual apresenta o mistério da Criação<br />
isenta <strong>de</strong> pré-julgamento, códigos <strong>de</strong> conduta pseudo<br />
puritana, restrições, privações, castrações, ou seja, sem a<br />
participação venenosa do “homem”.<br />
Eclodiu genuinamente divina, espiritual, um arrebatamento<br />
sereno nas construções sob a ban<strong>de</strong>ira da vaida<strong>de</strong>!<br />
E-mail: thiagopcarvalho@terra.com.br<br />
A DIFICULDADE DA hOMOGE-<br />
NEIDADE NA UMBANDA.<br />
Enviado por Dênis Moura.<br />
Quando se reflete sobre as práticas umbandistas<br />
sempre há divergências entre o ritual praticado em um terreiro<br />
e o mesmo ritual, com as mesmas finalida<strong>de</strong>s, praticado<br />
em outro. Des<strong>de</strong> que a <strong>Umbanda</strong> foi fundamentada<br />
em 1908 pelo médium Zélio <strong>de</strong> Moraes, as práticas umbandistas<br />
(já que a <strong>Umbanda</strong> existia, porém não era fundamentada)<br />
encontradas em São Paulo e as que seguem os<br />
preceitos da <strong>Umbanda</strong> do caboclo das Sete Encruzilhadas<br />
não são da mesma forma, pensando no modo em que os<br />
rituais se seguem nas sessões.<br />
Já há inúmeras discussões sobre esse assunto que<br />
não se esgota, porém o que quero ressaltar é que a <strong>Umbanda</strong>,<br />
mesmo nas diferentes faces ritualísticas, continua<br />
sendo <strong>Umbanda</strong>. Quando surgiu em 1908 e ainda agora<br />
nos terreiros que seguem os fundamentos do Caboclo das<br />
Sete Encruzilhadas, não há o uso do atabaque, das palmas<br />
ou <strong>de</strong> qualquer outro objeto sonoro, em alguns terreiros <strong>de</strong><br />
<strong>Umbanda</strong> em São Paulo se usa os atabaques e as palmas,<br />
além dos médiuns dançarem quando estão na corrente<br />
igualmente no sul do país em que há o uso dos tambores e<br />
do argê (chocalho).<br />
Então nos perguntamos qual <strong>de</strong>las é <strong>Umbanda</strong>?<br />
Todas essas práticas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da forma como<br />
utilizam para cultuar a <strong>Umbanda</strong>, se seguem os preceitos<br />
<strong>de</strong> humilda<strong>de</strong> e carida<strong>de</strong>, são <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong>.<br />
O importante, nesse momento, é que não se perca<br />
a essência umbandista, as mentes ainda se encontram<br />
fechadas <strong>de</strong>mais para uma discussão <strong>de</strong> conceito, alguns<br />
crêem que a <strong>Umbanda</strong> é <strong>de</strong> origem da cida<strong>de</strong> perdida <strong>de</strong><br />
Atlântida, outros que ela é genuinamente brasileira e outros<br />
que ela é do mundo tanto espiritual como material.<br />
É difícil conceituar uma simples palavra que <strong>de</strong>signe<br />
a mesma coisa em todos os estados brasileiros, o pão<br />
francês no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul é chamado <strong>de</strong> cacetinho e<br />
em outros estados <strong>de</strong> pão d’água. Então se nem nossa língua<br />
é homogênea, como po<strong>de</strong>mos querer que a <strong>Umbanda</strong><br />
<strong>de</strong> caráter universalista seja também homogênea?<br />
Encerro essa reflexão <strong>de</strong>ixando em aberto essa discussão<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>finição, levando em consi<strong>de</strong>ração que estejamos<br />
<strong>de</strong> mentes limpas e abertas para a busca conjunta da<br />
homogeneida<strong>de</strong> da nossa querida <strong>Umbanda</strong>.<br />
E-mail: <strong>de</strong>nis-dp10@hotmail.com<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional da <strong>Umbanda</strong> ● página 15
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PSICOGRAFIAS<br />
NO TEMPO DO CATIvEIRO<br />
No tempo do cativeiro, muitas vezes esse nêgo não<br />
tinha o que comer.<br />
Muitas vezes não podia tomar banho.<br />
Muitas vezes dava o pouco <strong>de</strong> comer que tinha para o que<br />
não tinha nada e estava muito tempo sem comer.<br />
Dividia o pouco <strong>de</strong> farinha e fubá que tinha com os bacuris.<br />
Mas, tinham a benção da Mãe Terra.<br />
A cura da Terra.<br />
As ervas da Terra.<br />
E o amor no coração.<br />
Amor por tudo que Deus criou.<br />
Amor pelos irmãos.<br />
Esse nêgo não tinha nada, mas tinha tudo.<br />
E hoje, esse mesmo nêgo vem fazer o trabalhador nos terreiros.<br />
Ele vê muitos que tem tudo, mas não tem nada.<br />
Não tem o mais importante, amor.<br />
Por Priscilla <strong>de</strong> Toledo<br />
Amor no peito, no coração.<br />
Amor pelos velhos.<br />
Amor pelos bacuris.<br />
Amor pela terra que Deus nos <strong>de</strong>u.<br />
O nêgo velho fica triste.<br />
Todos nós nascemos do amor.<br />
O nêgo velho po<strong>de</strong> trazer o conforto para nós.<br />
Mas não po<strong>de</strong> mudar o mundo.<br />
O mundo só po<strong>de</strong> ser mudado por nós.<br />
Plantando o amor.<br />
Adorei as Almas.<br />
Saravá Vô José <strong>de</strong> Aruanda e toda sua banda.<br />
E-mail: priscilla<strong>de</strong>toledo@gmail.com<br />
MENSAGEM DE PROTEÇÃO DOS<br />
ANJOS DAS ESTRELAS<br />
Por Vera Vargas - Terapeuta Holística<br />
Os Anjos das Estrelas,vem abençoar e proteger<br />
tudo e a todos, com suas asas douradas <strong>de</strong> Luz translúcidas<br />
para a tudo proteger e afugentar as almas perversas, assim<br />
<strong>de</strong>rrubar com suas asas aladas e suas turbinas <strong>de</strong> forças e<br />
energias que são vórtices <strong>de</strong> Luz que a tudo protegerá sempre,<br />
sempre, arrastando tudo que seja <strong>de</strong> energias nefastas<br />
para permanecer somente a Luz Divina e o néctar e o perfume das flores <strong>de</strong> Deus para trazer a Luz tão almejada para<br />
todos e, nós os Anjos das Estrelas trazemos essa cortina <strong>de</strong> Luz translúcida como gotas <strong>de</strong> Luz <strong>de</strong> orvalho da manhã.<br />
Com todo o perfume da relva e da chuva, garoa fina suave para a tudo acalmar, protegermos a todos e com a<br />
suavida<strong>de</strong> das nossas asas que são puras fontes <strong>de</strong> forças protetoras que nada po<strong>de</strong> ultrapassar, pois será totalmente<br />
dissolvida por nossa Luz, por nossos raios <strong>de</strong> força que ofuscarão qualquer ser ou energia nefasta e serão <strong>de</strong>finitivamente<br />
afastados <strong>de</strong> qualquer pessoa que necessite <strong>de</strong> ajuda, ou <strong>de</strong>sse querido planeta Terra, agora mais do que nunca<br />
iluminado por nós os Anjos das Estrelas.<br />
Que estamos <strong>de</strong>finitivamente a<strong>de</strong>ntrando a esse planeta e com nossa Luz e com nossa força, estaremos sempre<br />
em qualquer hora em qualquer momento em qualquer lugar para ajudá-los e protegê-los, assim é e assim será sempre,<br />
pois trabalhamos, atuamos com a chama violeta <strong>de</strong> pura Luz Cristalina.<br />
Agra<strong>de</strong>ço a todos do <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong>, estou enviando mais uma mensagem dos nossos amigos espirituais,<br />
para compartilharmos com nossos irmãos, e que faz um bem enorme a nossa alma, a nossa essência.<br />
beijos e abraços a todos.<br />
Visitem: http://tudoesoterico.blogspot.com/<br />
http://www.elo7.com.br/ateliecarinha<strong>de</strong>gato/<br />
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ORAI E vIGIAI<br />
Enviado por Eduardo Vicentini.<br />
Vocês sabem ou já ouviram falar em <strong>de</strong>manda mental ou até mesmo projeção <strong>de</strong> miasmas e larvas atrais?<br />
Aposto que a resposta da maioria é que sim, sabem do que se trata ou já ouviram falar.<br />
O que vocês não sabem é que quando vocês sentam para almoçar e começam a falar mal daquele colega <strong>de</strong> trabalho,<br />
ou quando sentam para tomar aquela “cervejinha” no final <strong>de</strong> semana e “malham” essa ou aquela pessoa, estão<br />
justamente mandando altas cargas <strong>de</strong> energias negativas para aquela pessoa.<br />
Os maus pensamentos tomam formas horríveis e escurecidas e vão direto ao encontro da pessoa citada nessas<br />
conversinhas “sem malda<strong>de</strong>” e se a pessoa não estiver com suas forças em dia e o seu equilíbrio espiritual em perfeita<br />
harmonia levam um choque energético daqueles.<br />
E vocês sabem que em lugares on<strong>de</strong> geralmente as pessoas se encontram para tomar a cervejinha no final <strong>de</strong><br />
semana esta repleto <strong>de</strong> seres espirituais que adoram se alimentar <strong>de</strong>ssas energias negativas que são <strong>de</strong>sprendidas nessas<br />
conversas “sem malda<strong>de</strong>” e pegam carona nessa onda magnética e vão direto bater no corpo espiritual da pessoa citada?<br />
Sabedores disso tudo, já po<strong>de</strong>m imaginar o quanto mal vocês po<strong>de</strong>m causar a uma pessoa apensas por essas<br />
conversas “<strong>de</strong>spretensiosas”, mas que na verda<strong>de</strong> se tornam armas po<strong>de</strong>rosíssimas do baixo espiritual, então pensem<br />
muito e reflitam antes <strong>de</strong> escolher alguém para “malhar” na sua próxima conversa, e fique também sabendo que aos<br />
olhos da lei e da justiça divina não há diferenciação entre a <strong>de</strong>manda mental ou aquela que se usam elementos.<br />
A lei e a justiça julgam <strong>de</strong> acordo com o malefício causado a um semelhante, portanto fica aqui o meu conselho “ORAI<br />
E VIGIAI”<br />
Laroyê<br />
Exu Marabô.<br />
E-mail: eduvicentini_78@hotmail.com<br />
DIvERSOS<br />
vOCÊ SABE DIZER O qUE É ISTO?<br />
Caso tenha uma sugestão nos envie pelo e-mail contato@colegio<strong>de</strong>umbanda.com.br<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional da <strong>Umbanda</strong> ● página 17
www.jornalnacionaldaumbanda.com.br São Paulo, 15 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012. Edição: 36 contato@jornal<strong>de</strong>umbanda.com.br<br />
RELIGIOSIDADE DO POvO AFRICANO<br />
Adriana Quadros<br />
A religiosida<strong>de</strong> do povo africano, on<strong>de</strong> foram capturados escravos trazidos ao Brasil, toda a sua vida era explicada<br />
pelo sobrenatural, estava atrelada ao além, em dimensões que só os especialistas (Sacerdote), ritos e objetos<br />
sacralizados podiam atingir. Na costa da África que vai do Senegal a Moçambique, localida<strong>de</strong> esta que os portugueses<br />
e outros europeus negociavam o povo africano, como escravo, também em regiões ligadas a esses litorais, quase tudo<br />
era explicado por forças divinas, que eram manipuladas por curan<strong>de</strong>iros, adivinhos, médiuns e sacerdotes, que foram<br />
chamados pelos portugueses que primeiro chegaram à África, <strong>de</strong> feiticeiros.<br />
Pelo ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>stes, no seu vocabulário, chamavam <strong>de</strong> feitiço as práticas mágicas e religiosas que os<br />
africanos utilizavam em sua relação com o sobrenatural. Para o grupo ou linhagem da qual se fazia parte o membro,<br />
era <strong>de</strong>finido o seu lugar no mesmo, no que diz respeito ao conhecimento, a explicação das coisas e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
interferir no rumo <strong>de</strong> sua vida, gerava em torno do mundo natural e sobrenatural.<br />
A orientação <strong>de</strong> como agir em diferentes momentos <strong>de</strong> sua vida, em situações diversas, era traçada <strong>de</strong> acordo<br />
ou valendo-se do sagrado, antepassados, ancestrais, heróis fundadores, <strong>de</strong>uses, espíritos e da gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seres<br />
sobrenaturais que habitavam dimensões com as quais era possível manter contato em certas condições específicas, os<br />
infortúnios eram consi<strong>de</strong>rados fruto <strong>de</strong> ações profanas ou impróprias, conscientes ou inconscientes, que <strong>de</strong>sarmonizavam<br />
o grupo.<br />
Se alguém do grupo ficasse doente, se uma seca atingisse a plantação, se uma mulher não conseguisse engravidar,<br />
ou se fosse preciso <strong>de</strong>scobrir algum furto, os oráculos eram consultados para que as forças divinas mostrassem a<br />
solução, os ritos <strong>de</strong> possessão eram realizados para que os espíritos orientassem os vivos.<br />
A li<strong>de</strong>rança nestas comunida<strong>de</strong>s também era sustentada pelo sobrenatural, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> serem reconhecidos como<br />
li<strong>de</strong>res pelos membros dos seus grupos, os chefes tinham que receber a confirmação pelo sacerdote mais importante,<br />
que prezava pela harmonia e bem estar <strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong>. Os sacerdotes consultavam as entida<strong>de</strong>s sobrenaturais<br />
a<strong>de</strong>quadas, que po<strong>de</strong>riam ser os espíritos ancestrais, <strong>de</strong>uses locais, espíritos chefes fundadores, <strong>de</strong>corrente daquela comunida<strong>de</strong><br />
ou espíritos responsáveis pelos recursos naturais da região.<br />
Era por meio <strong>de</strong> ritos apropriados que os chefes eram confirmados pelas forças divinas e se tornavam intermediários<br />
entre elas e os membros da comunida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> ser autorida<strong>de</strong> máxima, este também representavam <strong>de</strong> maneira<br />
intensa, a relação do divino e os vivos. Consi<strong>de</strong>rando a relação do sobrenatural e todas as crenças, como também as<br />
cerimônias para que ela se estabeleça, são formas <strong>de</strong> religião, po<strong>de</strong>mos dizer que esta era o elemento central em todas<br />
as socieda<strong>de</strong>s africanas.<br />
SOUZA (2007) afirma que “a religião estava presente no exercício do po<strong>de</strong>r, na aplicação <strong>de</strong> normas <strong>de</strong> convivência<br />
do grupo, na garantia da harmonia e do bem estar da comunida<strong>de</strong>”. O mundo era codificado e controlado pela<br />
religião, que nestas socieda<strong>de</strong>s tinham o papel equivalente ao que a tecnologia e a ciência têm para nossa socieda<strong>de</strong>.<br />
E o mundo era dividido em duas partes: uma habitada pelos vivos e outra habitada pelos mortos, espíritos e entida<strong>de</strong>s<br />
sobrenaturais, separando os dois mundos, havia gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> água e um mato fechado, que os especialistas<br />
estabeleciam a comunicação entre o céu e a terra.<br />
Havia uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espíritos que comandava o sobrenatural: espíritos das águas e das terras, das plantas e<br />
dos animais, das doenças e suas curas, das guerras, das alianças, das caçadas e das colheitas. Sobre todos os seres sobrenaturais<br />
pairava o inatingível, uma força que era fonte <strong>de</strong> todas as coisas, e são essas forças que constantemente eram<br />
chamadas para resolver os problemas, e mesmo quando não era solicitado seu auxilio, estes se manifestavam através <strong>de</strong><br />
sonhos e <strong>de</strong> sinais que podiam facilmente ser reconhecido por qualquer membro do grupo. Porém ao mais importante<br />
fazia se necessário à intermediação <strong>de</strong> um especialista, ou seja, um sacerdote religioso.<br />
Diante do exposto, percebemos a gran<strong>de</strong> ligação do povo africano com as divinda<strong>de</strong>s na sua vida cotidiana. A<br />
comunicação entre os dois mundos era fator que nunca se tornava indissociável.<br />
E-mail: adrianaquadro@hotmail.com<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional da <strong>Umbanda</strong> ● página 18
www.jornalnacionaldaumbanda.com.br São Paulo, 15 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012. Edição: 36 contato@jornal<strong>de</strong>umbanda.com.br<br />
INDICAÇÃO DE LEITURA - EDITORA MADRAS<br />
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Adiquira seu livro sem sair <strong>de</strong> casa.<br />
Título: Os Cavaleiros Templários nas Cruzadas<br />
Subtítulo: Prisão, Fogo e Espada<br />
Título Original:<br />
Autor: John J. Robinson<br />
Tradutor:<br />
Assunto/Gênero: História/Templários<br />
Páginas: 592<br />
Formato: 16x23 cm<br />
Orelha: 7 cm<br />
Editora: Madras Editora Ltda.<br />
ISBN: 978-85-370-0685-6¬<br />
Tipo <strong>de</strong> Capa: Laminado Brilhante<br />
Quarta capa: Este livro reconta a excitante saga dos Cavaleiros<br />
Templários, os monges guerreiros que ocuparam o monte sagrado logo<br />
após a carnificina da Primeira Cruzada. Os Templários acumularam gran<strong>de</strong><br />
fortuna, que empregaram para financiar seus 200 anos <strong>de</strong> guerra contra os<br />
muçul¬manos no <strong>de</strong>serto, nas montanhas e ao longo da vasta extensão do vale do Nilo.<br />
Por esses dois séculos <strong>de</strong> martírio militar, sua recompensa constitui em ser presos pelo papa e pelo<br />
rei, além <strong>de</strong> serem torturados pela Inquisição e, por fim, extintos por <strong>de</strong>creto. No entanto, sua lenda e seu<br />
legado não morreriam assim tão simplesmente.<br />
Ao contar a inacreditável história dos Cavaleiros Templários, a clara explicação que o autor faz das<br />
diferenças culturais e religiosas entre os adversários e aliados dos Templários no Oriente Médio proporciona<br />
uma compreensão vívida do povo que habita essa região turbulenta, que figura <strong>de</strong> maneira tão proeminente<br />
nas manchetes atuais. A A semelhança <strong>de</strong> seus antagonismos, <strong>de</strong> hoje e <strong>de</strong> 800 anos atrás, é tão<br />
impressionante quanto perturbadora.<br />
Os Cavaleiros Templários nas Cruzadas – Prisão, Fogo e Espada é uma brilhante obra <strong>de</strong> história<br />
narrativa que po<strong>de</strong> ser lida como uma simples aventura, uma obra <strong>de</strong> moral ou uma lição <strong>de</strong> política <strong>de</strong><br />
guerra.<br />
Orelhas: John J. Robinson trabalhou como executivo e fuzileiro naval. Ele é autor <strong>de</strong> diversos livros,<br />
incluindo a provocativa história medieval Nascidos do Sangue – Os Segredos Perdidos da Maçonaria, publicado<br />
em língua portuguesa pela Madras Editora.<br />
Eis alguns <strong>de</strong>poimentos sobre esta obra <strong>de</strong> sua autoria:<br />
“Os Cavaleiros Templários nas Cruzadas – Prisão, Fogo e Espada é um excelente livro para<br />
todos os que apreciam uma história bem escrita e pesquisada sobre estupi<strong>de</strong>z, ganância, barbárie,<br />
cruel¬da<strong>de</strong> inexprimível, mentiras, frau<strong>de</strong>s, traições e hipocrisia (...) John J. Robinson escreveu<br />
uma história fascinante sobre uma época inacreditável.” – Washington Times<br />
“De grandioso entusiasmo e narrativa vívida (...), essa é uma gran<strong>de</strong> aventura.” – The New York<br />
Times Book Review<br />
“Nesta história extraordinária e cativante dos Cavaleiros Templários, é possível ver, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />
tempos remotos, a origem dos ódios e rivalida<strong>de</strong>s antigos no Oriente Médio (...) Rica em inci<strong>de</strong>ntes<br />
hu¬manos (...), trata-se <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> aventura <strong>de</strong> primeira classe.” – Publishers Weekly<br />
“O relato <strong>de</strong> Robinson sobre uma das Or<strong>de</strong>ns Militares mais famosas do mundo me-dieval<br />
serve para lembrar que a história po<strong>de</strong> ser mais cati¬vante do que a mais imagina-tiva das ficções.”<br />
– Booklist<br />
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PERGUNTAS E RESPOSTAS COM O vEREADOR qUITO FORMIGA<br />
Enviado por Sandra Santos<br />
Foto tirada no prédio da Rádio Mundial, em 24/04/2012, com o escritor e dirigente espiritual <strong>Rubens</strong><br />
<strong>Saraceni</strong>, o vereador Quito Formiga e o escritor, consultor organizacional e palestrante César Romão.<br />
Vereador sabemos que o senhor possui uma larga vivência <strong>de</strong>ntro da religião espírita, gostaríamos<br />
<strong>de</strong> saber como tudo começou?<br />
Resposta: Minha vida <strong>de</strong> frequentador e trabalhador <strong>de</strong>ntro da doutrina espírita se iniciou quando eu tinha<br />
9 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Naquela época eu apresentava manifestações diversas, mas principalmente a incorporação<br />
sem nenhum conhecimento até então. Meus pais, sem idéia do que estava acontecendo comigo, me<br />
encaminharam para médicos especialistas como psicólogos, neurologistas, entre outros, na esperança <strong>de</strong><br />
que aquelas “crises” terminassem sem se darem conta que na verda<strong>de</strong> a questão não era física, mas espiritual.<br />
Depois <strong>de</strong> algum tempo sem obter sucesso em tratamentos, meus pais procuraram ajuda e orientação<br />
junto a amigos que tinham conhecimento das questões que envolviam mediunida<strong>de</strong>, o que possibilitou o<br />
início <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> tratamentos e o começo dos meus trabalhos mediúnicos. A partir daí nunca mais me<br />
afastei do caminho espiritual, on<strong>de</strong> estou até os dias <strong>de</strong> hoje.<br />
Hoje, qual é o trabalho que o senhor <strong>de</strong>senvolve?<br />
Resposta: Tenho trabalhado hoje em duas frentes mediúnicas, sendo a primeira uma atuação junto ao<br />
Centro Espírita Perseverança on<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvo um trabalho <strong>de</strong> psicografia todas as semanas, aten<strong>de</strong>ndo<br />
diversas pessoas que buscam notícias <strong>de</strong> seus familiares já <strong>de</strong>sencarnados. Lá ainda participo <strong>de</strong> diversas<br />
reuniões doutrinárias como reunião <strong>de</strong> trabalhadores da casa e reuniões para orientação às mães que per<strong>de</strong>ram<br />
o contato com seus filhos neste plano. Já no Lar Espírita Estrela da Paz, faço trabalhos <strong>de</strong> sustentação<br />
e proteção espiritual com a incorporação dos meus guias, na linha da <strong>Umbanda</strong>.<br />
Qual a importância do trabalho espiritual tem para sua vida pessoal?<br />
Resposta: O trabalho espiritual, como tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dizer em uma das perguntas anteriores, faz<br />
parte da minha vida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ainda era garoto. Não sei como classificar a importância do meu trabalho<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional da <strong>Umbanda</strong> ● página 20
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mediúnico porque a vida espiritual tem sido a minha própria vida. Não sei como viver sem ele. A espiritualida<strong>de</strong><br />
faz parte não só da minha vida, como também da vida do meu pai carnal Eurícle<strong>de</strong>s Formiga, já<br />
<strong>de</strong>sencarnado, da minha mãe que é <strong>de</strong>tentora <strong>de</strong> uma mediunida<strong>de</strong> intuitiva maravilhosa, minha irmã e<br />
irmão que também trabalham com suas mediunida<strong>de</strong>s tanto no kar<strong>de</strong>cismo como também incorporando<br />
seus guias na <strong>Umbanda</strong>. O que posso dizer é que tudo o que sei e tudo o que sou <strong>de</strong>vo a doutrina espírita.<br />
Aprendi <strong>de</strong>ntro do espiritismo valores como a carida<strong>de</strong>, abnegação, amor ao próximo, renúncia e <strong>de</strong>sprendimento<br />
das coisas terrenas. Dar ao próximo sem nada esperar em troca, ser paciente e solidário principalmente<br />
com os mais necessitados, enfim, muito que está em mim é fruto <strong>de</strong>sta religião maravilhosa que<br />
aprendi a amar, respeitar e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r.<br />
Agora gostaríamos que o senhor nos dissesse: Política e Religião se misturam?<br />
Resposta: Essa é uma excelente pergunta. Não acho que política e religião se misturam, melhor que isso,<br />
elas se completam, necessitam uma da outra e vou explicar porque penso assim. As religiões espíritas seja<br />
ela da vertente que for prega valores fundamentais para a boa convivência entre as pessoas: a carida<strong>de</strong> e<br />
amor ao próximo, a verda<strong>de</strong> e compreensão, a paz. Como seria bom se todos os políticos compactuassem<br />
<strong>de</strong>sses valores. A religião po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve estar cada vez mais presente na vida política <strong>de</strong>ste país, porque<br />
<strong>de</strong>sta forma po<strong>de</strong>remos lutar com muito mais força contra questões fundamentais como a intolerância religiosa,<br />
o preconceito <strong>de</strong> todas as formas, a corrupção, a falta <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong>, e compromisso com os menos<br />
necessitados. O po<strong>de</strong>r público será cada vez melhor, a medida em que tenhamos em todos os níveis pessoas<br />
afins aos princípios religiosos. Precisamos lutar para que no futuro tenhamos uma classe política mais<br />
humana, mais atuante junto a questões que possam contribuir para uma redução das diferenças sociais. A<br />
política <strong>de</strong>ve fazer pelo nosso país o que as religiões fazem por seus seguidores: o bem, somente o bem.<br />
O senhor acredita que a classe política <strong>de</strong>sse país melhorará, ou seja, se tornará mais preocupada<br />
com as necessida<strong>de</strong>s do povo em geral ?<br />
Resposta: Veja, antes <strong>de</strong> mais nada eu acredito no ser humano. Vejo que a política brasileira já evoluiu<br />
muito, obtivemos uma gran<strong>de</strong> reformulação, e existem aí muitas caras novas na nossa política com idéias<br />
e i<strong>de</strong>ais verda<strong>de</strong>iramente importantes para nossa socieda<strong>de</strong>. Muito ainda precisamos fazer, temos ainda<br />
muito a evoluir, mas isso só será possível com a participação do povo, do voto. Nós Espíritas e Umbandistas<br />
temos um papel muito importante com relação a isso. Precisamos participar mais, precisamos apoiar<br />
aqueles que pensam e sentem o que sentimos, temos que acreditar naqueles que acreditam no que acreditamos,<br />
precisamos enfim incentivar na verda<strong>de</strong> uma maior participação <strong>de</strong> pessoas do bem para que tenhamos<br />
uma política cada vez melhor e mais voltada para o povo. Cá entre nós, acho que todas as religiões<br />
precisam já a muito tempo <strong>de</strong> um maior número <strong>de</strong> representantes na política brasileira, porque somente<br />
po<strong>de</strong>remos cobrar algo do po<strong>de</strong>r público se tivermos lá nossos representantes.<br />
E com relação ao espiritismo, a <strong>Umbanda</strong> propriamente dita, o senhor acha que está crescendo,<br />
evoluindo como religião junto à socieda<strong>de</strong> brasileira?<br />
Resposta: Não tenho absolutamente nenhuma dúvida disso. A <strong>Umbanda</strong> é uma religião brasileira, diga-se<br />
<strong>de</strong> passagem, que vem crescendo <strong>de</strong> forma incontestável, se organizando cada dia mais, conquistando<br />
a<strong>de</strong>ptos, e principalmente, conquistando o respeito e a admiração que merece.<br />
O seu espaço junto à socieda<strong>de</strong> já está solidificado.<br />
É claro que muito ainda há <strong>de</strong> se fazer, até porque se trata <strong>de</strong> uma religião nova se a compararmos com as<br />
<strong>de</strong>mais, ou principais do país, mas entendo que o excelente nível <strong>de</strong> suas associações, <strong>de</strong> seus dirigentes<br />
e sacerdotes tem contribuído muito para sua evolução. A lei que tivemos oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promulgar – O Dia<br />
Municipal da <strong>Umbanda</strong> e do Umbandista foi para mim motivo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> satisfação, pois para ser aprovada<br />
teve <strong>de</strong> contar com o apoio da maioria dos vereadores <strong>de</strong> São Paulo e isso ocorreu com muita tranquilida<strong>de</strong>.<br />
Isso significa que a <strong>Umbanda</strong> é uma realida<strong>de</strong> incontestável na vida <strong>de</strong> todos e seu caminho está aberto<br />
para um crescimento sempre maior.<br />
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MAGIA PARA O APARELhO CIRCULATÓRIO<br />
NA FORÇA DO ORIXA TEMPO<br />
1º Pegar um tomate maduro e abrir em duas partes sem separá-las.<br />
2º Colocar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le 1 foto 3x4 ( rosto)<br />
3º Colocar o tomate <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma tigela e cobri-la com água<br />
4º colocar a tigela no tempo em um local <strong>de</strong>scoberto sem teto (quintal, área fora etc.), e ascen<strong>de</strong>r uma vela<br />
branca ao lado.<br />
5° Fazer o Clamor:<br />
Sagrado Orixá Tempo eu o saúdo e clamo que atue em meu beneficio ou no beneficio <strong>de</strong> (nome da pessoa<br />
para a qual for fazer ), auxiliando na cura e regeneração do meu aparelho circulatório e do meu coração,<br />
assim como da cura <strong>de</strong> outras doenças que estejam no seu corpo energético. Amém.<br />
Obs.: Após 24 horas o tomate com a foto <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le, <strong>de</strong>ve ser retirado da tigela e colocado em um local<br />
aberto para o tempo on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>teriorará naturalmente.<br />
Esta magia <strong>de</strong>ve ser acompanhada do consumo <strong>de</strong> um tomate maduro antes <strong>de</strong> dormir (sempre).<br />
Para dissolver coágulos e <strong>de</strong>sentupir as veias e preservar as artérias e toda parte circulatória (coração).<br />
Comer toda noite antes <strong>de</strong> dormir, 30 a 60 dias para ter resultado e melhora.<br />
A tigela e a foto po<strong>de</strong>m ser guardadas <strong>de</strong>pois para outra utilida<strong>de</strong>.<br />
Por <strong>Rubens</strong> <strong>Saraceni</strong><br />
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JORNAL vIRTUAL DE UMBANDA DO BRASIL.<br />
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lutar por nossa religião, venha juntar-se a<br />
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a <strong>Umbanda</strong> crescer e <strong>de</strong> valorizar nossas<br />
práticas religiosas e nosso sacerdócio.<br />
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Não <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> nos enviar suas<br />
matérias, textos e informações sobre<br />
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Colocaremos no jornal virtual e<br />
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Lembrando que ao enviar sua<br />
matéria, não se esqueça <strong>de</strong> colocar<br />
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Título: Espadas Sacras<br />
Subtítulo: Jihad na Terra Santa 1097-1291<br />
Título Original:<br />
Autor: James Waterson, Prefácio <strong>de</strong> Terry Jones<br />
Tradutor:<br />
Assunto/Gênero: História<br />
Páginas: 256<br />
Formato: 16x23 cm<br />
Orelha: 7 cm<br />
Editora: Madras Editora Ltda.<br />
ISBN: 978-85-370-0760-0<br />
Tipo <strong>de</strong> Capa: Laminado Brilhante<br />
Quarta capa: Espadas Sacras é uma história essencial das<br />
invasões dos cruzados e mongóis no Oriente Médio, recheada <strong>de</strong> narrativas<br />
<strong>de</strong> teste¬munhas oculares <strong>de</strong> batalhas e cercos, <strong>de</strong> intrigas políticas,<br />
mo¬mentos <strong>de</strong> nobreza e extrema coragem.<br />
Descreve cada batalha e campanha <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>struição da Cruzada Popular em 1097 até a conquista<br />
do Acre em 1291 e <strong>de</strong>ixa claro o modo islâmico <strong>de</strong> guer¬ra e dos guerreiros. Ao fazer isso, abrange os<br />
gran<strong>de</strong>s temas da história medieval e relata eventos que retêm relevância especial nos dias <strong>de</strong> hoje.<br />
O livro mostra que, na Ida<strong>de</strong> Média, a Igreja estereotipava os muçulmanos como “idólatras”, o que<br />
<strong>de</strong>nota <strong>de</strong> forma nítida como eles conheciam (ou não) seu inimigo. O autor traz à luz o mundo islâmico dos<br />
séculos XI a XIII, bem como suas tenta¬tivas <strong>de</strong> se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r contra os mongóis do leste e os cristãos do<br />
oeste.<br />
Conheça essa história fascinante, focada no aspecto militar e nas campanhas políticas, mas que<br />
também contém uma rique¬za <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes que traz o mundo islâmico da época à vida.<br />
Orelhas: James Waterson graduou-se na Escola <strong>de</strong> Estudos Orientais e Africanos da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Londres e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u seu mestrado na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dun<strong>de</strong>e. Ele viajou e trabalhou no Oriente Médio<br />
e na China por alguns anos, mas agora mora na Toscana. Espadas Sacras é seu terceiro livro. Seu primeiro<br />
trabalho, Knights of Islam, foi recomendado para tradução para o árabe pelo Conselho do Egito. The Ismaili<br />
Assassins, sua outra obra, foi publicada em 2008.<br />
Terry Jones é escritor, diretor <strong>de</strong> cinema e ator, mais conhecido por seu trabalho televisivo e cinematográfico<br />
com o Monty Python’s Flying Circus. Ele dirigiu, em companhia <strong>de</strong> Terry Gilliam, Monty Python em<br />
Busca do Cálice Sagrado, e coescreveu e estrelou em A Vida <strong>de</strong> Brian, O Sentido da Vida, Erik - o Viking,<br />
Amigos para Sempre, entre outros. Os créditos televisivos incluem Crusa<strong>de</strong>s, Hid<strong>de</strong>n Histories e Medieval<br />
Lives.<br />
Terry escreveu muitos livros, incluindo The Saga of Erik the Viking, Nicobobinus e Chaucer’s Knight.<br />
Atualmente, ele está trabalhando com Anne Dudley em uma pequena ópera para a Royal Opera House.<br />
“James Waterson oferece-nos uma narrativa inspirada (…) com uma riqueza <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes que<br />
dá vida ao mundo muçulmano daqueles tempos.” (TERRY JONES)<br />
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ÚLTIMA PAGINA<br />
O ENIGMA EXU MIRIM<br />
Pai <strong>Rubens</strong> <strong>Saraceni</strong>.<br />
No <strong>de</strong>correr dos milênios, todas ou quase todas as religiões organizadas tiveram nos gêmeos infantis<br />
um dos seus mistérios, e eles ocuparam e ainda ocupam um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque em muitas <strong>de</strong>las.<br />
Na África, em várias religiões, os gêmeos estão presentes ou, quando não aparecem juntos, pelo<br />
menos um se faz presente. Assim como ocorre entre os índios brasileiros, em que a criança é chamada <strong>de</strong><br />
curumim e há seres sobrenaturais infantis ou mirins.<br />
Se assim foi, é e será, en tão temos que i<strong>de</strong>ntificar me lhor esse mistério e <strong>de</strong>scobrir al gumas <strong>de</strong> suas<br />
funções na Criação, porque a partir daí ele fica fundamentado e o enten dimento sobre ele torna-se acessível<br />
a todos os umban distas que, quer queiram ou não, têm à esquerda uma entida<strong>de</strong> “infantil” cuja companhia<br />
não recomenda ao seu filhinho, pois preferem colocá-lo num jardim <strong>de</strong> infância fre qüentados só por<br />
criancinhas da “direita”.<br />
Afinal, essas crianças da “esquerda” (os Exus e as Pom bagiras Mirins) fumam, bebem, e ainda atazanam<br />
a vida <strong>de</strong> quem os ofen<strong>de</strong> ou os <strong>de</strong>sagrada, não é mesmo?<br />
São crianças con<strong>de</strong>nadas ao purgatório ou ao abandono<br />
nas “ruas”, largadas não se sabe por quem, pois<br />
nenhum Orixá assumiu a paternida<strong>de</strong> <strong>de</strong>las e nenhum<br />
os recolheu aos seus Domínios na Criação, preferindo<br />
enviá-los para os <strong>de</strong> Exus que, ao contrário dos outros<br />
Orixás, não nega abrigo em seus domínios a ninguém.<br />
A todos Exu acolhe e com todos se relaciona amigavelmente.<br />
E assim foi na <strong>Umbanda</strong>, quando ninguém sabia o<br />
que fazem com os infantes da esquerda, Exu <strong>de</strong>u-lhes<br />
casa e comida, digo, domínio e campo <strong>de</strong> ação.<br />
Firmado no lado <strong>de</strong> fora dos templos <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong>,<br />
mas ganhando aqui e acolá um “ebozinho” minguado<br />
para resolver complicações indissolúveis, Exu Mirim<br />
foi sobrevivendo à mingua e entre a própria sorte... ou<br />
azar quem sabe? Isolado no gueto ou no cortiço dos<br />
meninos mal educados e <strong>de</strong>sbocados, Exu Mirim raramente entra na “casa gran<strong>de</strong>” (no templo) e, ainda<br />
assim, é para limpar e levar embora a sujeira alheia (dos consulentes). Afinal, só raramente o chamam para<br />
realizar um trabalho <strong>de</strong> ponta a ponta, ou seja, do começo ao fim! Mas, boa parte da má educação e do<br />
“<strong>de</strong>sbocamento” <strong>de</strong>ssas entida<strong>de</strong>s infantes da esquerda <strong>de</strong>ve-se ao comportamento dos seus médiuns e<br />
não ao Orixá Exu Mirim.<br />
Afinal , que melhor momento há para fazer “artes” do que quando incorporado com seu Exu Mirim,<br />
não é mesmo?<br />
Que melhor oportunida<strong>de</strong> há para falar palavrões do que quando incorporado por um espírito “<strong>de</strong>sbocado<br />
e mal educado?” Há médiuns que chegam a enfiar os <strong>de</strong>dos nas narinas e comer ou fingirem que<br />
comem “ronhas”, chocando quem os vêem fazendo tal coisa.<br />
Há outros que fazem micagens (gestos <strong>de</strong> macacos) e mos tram a língua para os assistentes, além<br />
<strong>de</strong> gestos obsce nos impublicáveis quando incorporados com seus Exus Mirins, fazendo uma pantomima<br />
nada religiosa.<br />
Mas isso não é inerente aos Exus Mirins, e sim, à falta <strong>de</strong> informações dos seus médiuns, pois não<br />
se doutrinam nem aos espíritos que incorporam e os usam para extravasarem o que têm em seus íntimos.<br />
Exu Mirim é superior a tudo isso e, mesmo sendo re legado à mingua na maioria dos centros e por<br />
um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> médiuns umbandistas, vem sobrevivendo com um dos mais fechados dos mistérios<br />
da <strong>Umbanda</strong> e vem resistindo a comentários mais absurdos possíveis já publicados por pessoas que não<br />
só o <strong>de</strong>sconhecem como nada sabem sobre ele.<br />
Texto extraído do livro “Orixá Exu Mirim” <strong>de</strong> <strong>Rubens</strong> <strong>Saraceni</strong>, Editora Madras.<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional da <strong>Umbanda</strong> ● página 27