15.04.2013 Views

Jornal de Umbanda Sagrada - Rubens Saraceni

Jornal de Umbanda Sagrada - Rubens Saraceni

Jornal de Umbanda Sagrada - Rubens Saraceni

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

www.jornalnacionaldaumbanda.com.br São Paulo, 15 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012. Edição: 36 contato@jornal<strong>de</strong>umbanda.com.br<br />

Eu aceito a minha fé, eu tenho orgulho <strong>de</strong> cada guia que eu carrego no meu pescoço, eu honro o solo sagrado que<br />

eu piso para incorporar as entida<strong>de</strong>s, bato cabeça no altar sagrado para os Orixás, sou guiada por Pai Oxalá e protegida<br />

pelos Exus.<br />

Salve nosso Pai Oxalá bendito, Laroyê todos os Exus.<br />

Diga sim sou Umbandista!<br />

Fonte: http://casa<strong>de</strong>paibenedito.blogspot.com.br<br />

PAI JOSÉ O TATA CORONGO<br />

Por E<strong>de</strong>nir Santos - Ogum Marê Edições<br />

Pai José era o Tatá-Corongo-em-Chefe das falanges dos guerreiros capoeiras do Vale do Paraíba, sua fama <strong>de</strong><br />

lí<strong>de</strong>r transcen<strong>de</strong>u as senzalas e chegou ao conhecimento dos brancos. Depois do levante li<strong>de</strong>rado pelo Pai Manoel Congo,<br />

os senhores passaram a perseguir os tatás. Pai José encontrava-se <strong>de</strong> castigo amarrado ao tronco, ele havia apanhado<br />

muito e estava com fome e com se<strong>de</strong>. O feitor não permitia que ninguém se aproximasse para dar auxílio ao Pai José.<br />

As i<strong>de</strong>ias abolicionistas que circulavam com força na corte, também já haviam chegado à região do Vale do<br />

Paraíba, trazidas pelos sinhozinhos que foram estudar fora e <strong>de</strong>pois retornaram para as fazendas. A notícia do martírio<br />

<strong>de</strong> Pai José correu a região e comoveu os jovens abolicionistas, que resolveram ajudá-lo.<br />

Que Pai José tinha <strong>de</strong> ser liberto do castigo, isso era uma certeza, mas como livrá-lo, já que estava sob vigilância<br />

dia e noite.<br />

Sinhazinha, nunca saiu para estudar fora da fazenda, mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito pequena, nunca gostou que se judiasse<br />

dos pretos. Ela resolveu apoiar os abolicionistas no resgate <strong>de</strong> Pai José.<br />

O plano, qualquer que fosse, tinha <strong>de</strong> ser elaborado e executado com urgência, pois, Pai José não aguentaria<br />

sobreviver àquela tortura por muito tempo.<br />

À noite, somente um homem ficava vigiando Pai José. Seria o momento a<strong>de</strong>quado para a operação? Porém, as<br />

coisas não eram tão fáceis assim. O senhor havia <strong>de</strong>ixado recomendações expressas para que ninguém se aproximasse.<br />

Mariana Crioula <strong>de</strong>scumpriu as or<strong>de</strong>ns do senhor e foi até ao local, levando uma janta para o homem que vigiava<br />

Pai José. A comida estava bem preparada, com bastante sonífero, até a garapa continha um pouco da droga.<br />

O homem ao ver aquele prato bem feito e saboroso, não resistiu, aceitou, comeu, empapuçou-se, lambeu os beiços e<br />

caiu em sono profundo.<br />

Sinhazinha, que estava <strong>de</strong> tocaia, coberta com um manto azul celeste para não ser reconhecida, aproximou-se e<br />

pegou as chaves no bolso do colete do homem, abriu o ca<strong>de</strong>ado das correntes que aprisionavam Pai José. Um grupo <strong>de</strong><br />

abolicionistas levou-o sob escolta em segurança.<br />

O homem <strong>de</strong>spertou e viu uma silhueta <strong>de</strong> uma mulher coberta com um manto azul e as correntes abertas, sem<br />

a presença <strong>de</strong> Pai José. Contudo, ele estava muito grogue e não tinha condições para reagir.<br />

No dia seguinte, o reboliço estava formado. O senhor queria saber quem havia libertado Pai José. O homem,<br />

pressionado, achou melhor não revelar ao patrão que havia sido uma mulher coberta por um manto azul, pois certamente,<br />

o senhor o castigaria com <strong>de</strong>missão ou coisa ainda pior. Ele resolveu dizer.<br />

- Foi Nossa Senhora!<br />

O senhor muito intrigado. – Nossa Senhora? Ela não iria gastar o seu tempo ajudando negros. O homem insistiu<br />

e voltou a afirmar.<br />

- Foi Nossa Senhora, sim patrão! Ela usava um manto azul e libertou Pai José, diante dos meus olhos.<br />

O homem levou o chapéu ao peito em reverência a santa. O senhor encarou-o, pois não estava completamente<br />

convencido.<br />

- Nossa Senhora e Pai José seguiram em qual direção?<br />

- Eles não foram para lado algum senhor, <strong>de</strong>sapareceram na escuridão da noite. Eu nem me atrevi atentar contra<br />

Nossa Senhora, pois quero que ela interceda por mim no dia do juízo.<br />

Diante <strong>de</strong> tamanha convicção do homem, o senhor, que também era <strong>de</strong>voto <strong>de</strong> Nossa Senhora, resolveu acreditar<br />

e aceitar a perda do escravo, tanto que ele nem acionou o capitão-do-mato para realizar a busca e a captura do negro<br />

sumido, dando o caso por encerrado. O fazen<strong>de</strong>iro, no Vale do Paraíba, era senhor <strong>de</strong> café e <strong>de</strong> gente.<br />

Todavia, no plano celeste, certamente, careceria da interseção <strong>de</strong> Nossa Senhora e não seria nada sábio arranjar<br />

uma <strong>de</strong>manda com a santa.<br />

Foi <strong>de</strong>sse jeito, com o apoio dos abolicionistas, da sinhazinha e a interseção <strong>de</strong> Nossa Senhora, que Pai José<br />

livrou-se do castigo, foi liberto do cativeiro e foi viver livre e feliz no quilombo <strong>de</strong> Pai João <strong>de</strong> Angola.<br />

E-mail: e<strong>de</strong>nircosta@bol.com.br<br />

<strong>Jornal</strong> Nacional da <strong>Umbanda</strong> ● página 04

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!