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uma análise crítica do método kumon à luz da perspectiva

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Para essa criança que foi matricula<strong>da</strong> no Kumon pelos seus pais com o objetivo de<br />

se preparar, adequa<strong>da</strong>mente, para as provas <strong>do</strong>s vestibulares, a realização <strong>do</strong>s<br />

exercícios, com esse objetivo, apresenta-se como um fim muito distante, porque<br />

ela possuía apenas oito anos no perío<strong>do</strong> <strong>da</strong>s observações. Acreditamos que se a<br />

aluna possuísse um fim para essas tarefas [realização <strong>do</strong>s bloquinhos], talvez ela<br />

compreendesse o motivo de suas ações, ações aqui defini<strong>da</strong>s como "(...) um<br />

processo cujo motivo não coincide com o seu objeto (isto é, com aquilo que visa),<br />

pois pertence <strong>à</strong> ativi<strong>da</strong>de em que entra a ação considera<strong>da</strong>" (LEONTIEV, s/d: 316-<br />

7).<br />

Nesse caso, existiria <strong>uma</strong> classe de motivos que Leontiev intitula de "motivos<br />

apenas compreendi<strong>do</strong>s" e não poden<strong>do</strong> caracterizar, ain<strong>da</strong>, como "motivos que<br />

agem realmente" (LEONTIEV, s/d: 318).<br />

É possível indicar que a ativi<strong>da</strong>de que a aluna estava no Kumon não contribui, <strong>do</strong><br />

ponto de vista psicológico, para que o sujeito esteja em ativi<strong>da</strong>de. As tarefas que a<br />

aluna realiza no Kumon representam, pois, um processo de aprendizagem<br />

semelhante <strong>à</strong> Instrução Programa<strong>da</strong> (SKINNER, 1961, WILLIAMS, 1963; GREEN,<br />

1965; JACOBS, MAIER e STOLUROW, 1965, WITTER, 1976), n<strong>uma</strong> <strong>perspectiva</strong><br />

comportamentalista, estrutura<strong>da</strong> na auto-instrução e no aprendiza<strong>do</strong> a partir <strong>da</strong><br />

experiência, de cujas vantagens destaca-se, segun<strong>do</strong> (WITTER, 1976):<br />

(...) a aprendizagem rápi<strong>da</strong> e altamente eficiente, garantia <strong>da</strong> participação ativa <strong>do</strong><br />

estu<strong>da</strong>nte no processo de ensino, verificação imediata <strong>da</strong> aprendizagem,<br />

atendimento ao ritmo individual de ca<strong>da</strong> aluno e programação feita a partir <strong>do</strong>s<br />

padrões de respostas de membros <strong>da</strong> população que se destina o programa. (p.3)<br />

Da<strong>da</strong>s as condições objetivas, seria pouco provável que se tratasse de um motivo<br />

que age realmente, devi<strong>do</strong> <strong>à</strong> distância entre o objeto e a criança. Ou seja, o objeto<br />

[Vestibular] não coincide com o motivo que a leva a agir, e isso por várias razões.<br />

Matriculá-la no Kumon corresponderia, então, a <strong>uma</strong> necessi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s pais, e estar<br />

inseri<strong>da</strong> nesse ambiente poderia ser por ela interpreta<strong>do</strong> como um "reforço" <strong>da</strong><br />

escola para manter o bom desempenho ou para explorar as capaci<strong>da</strong>des que não<br />

são devi<strong>da</strong>mente explora<strong>da</strong>s na escola, como o desenvolvimento de habili<strong>da</strong>des<br />

como atenção e memória, por exemplo.<br />

A aquisição <strong>da</strong> atenção e <strong>da</strong> memória no méto<strong>do</strong> Kumon se dá semelhante <strong>à</strong><br />

Instrução Programa<strong>da</strong> (WITTER, 1976; CECCHINI,1977), na qual utiliza-se o<br />

esquema "drill" de treinamento e aprendizagem pela experiência, que enfatiza,<br />

entre outros, a memória e atenção, o binômio estímulo-resposta (E-R), bem como<br />

a presença de estímulos externos. Desses estímulos externos presentes no Kumon,<br />

podemos destacar a existência de tempo para resolução <strong>do</strong>s exercícios; o critério<br />

avaliativo de se avançar no material e os elogios no momento <strong>do</strong> feedback<br />

com a<br />

professora-orienta<strong>do</strong>ra; a realização de eventos realiza<strong>do</strong>s para entrega de<br />

me<strong>da</strong>lhas aos alunos, que contam com a participação de pais, familiares e amigos<br />

para prestigiar esses alunos.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, a questão que se apresenta não se relaciona ao desenvolvimento <strong>da</strong><br />

atenção e <strong>da</strong> memória, mas ao mo<strong>do</strong> como isto é proposto, particularmente no<br />

Kumon. A teoria histórico-cultural compreende que o desenvolvimento <strong>da</strong>s<br />

chama<strong>da</strong>s Funções Psicológicas Superiores (VYGOTSKY, 2001), <strong>da</strong>s quais<br />

destacamos, nesse caso, a atenção e a memória, estão relaciona<strong>da</strong>s ao

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