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SEGURANÇA<br />
Com o crescimento dos investimentos no ramo de segurança privada, as salas de aula dos cursos de formação de vigilantes ganham cada vez mais alunos<br />
Vigilantes são opção de tranquilidade<br />
Com um efetivo maior que o da Brigada Militar, o crescimento da profissão indica o aumento da criminalidade<br />
MARCO MATOS<br />
marco.matos@ucs.br<br />
Estima-se, segundo o Sindicato Profissional<br />
dos Vigilantes de Caxias do Sul e da Região<br />
da Serra (SINVICXS), que haja mais de 3<br />
mil pessoas <strong>em</strong>pregadas na área <strong>em</strong> Caxias do<br />
Sul. O aumento da criminalidade e os altos índices<br />
de violência estimulam os investimentos<br />
<strong>em</strong> segurança privada.<br />
Com tamanha oferta de <strong>em</strong>prego, os<br />
profissionais precisam estar cada vez mais atualizados.<br />
Para o exercício da profissão é necessário<br />
fazer um curso de formação de vigilantes,<br />
regulamentado pela Polícia Federal.<br />
Para ser vigilante não basta apenas ter<br />
vontade, pois, para fazer o curso de formação,<br />
é preciso ser idôneo, ou seja, não apresentar<br />
antecedentes criminais; ter 21 anos completos;<br />
apresentar comprovante de escolaridade, no<br />
mínimo, da 4a série do ensino básico; e realizar<br />
exames médico e psicotécnico. Após a conclusão<br />
do curso, o certificado é homologado pela<br />
Polícia Federal.<br />
Quando o vigilante começa a trabalhar<br />
na área, a <strong>em</strong>presa a qual ele estará vinculado<br />
deve encaminhar para a Polícia Federal o pedido<br />
de <strong>em</strong>issão da Carteira Nacional de Vigilante<br />
(CNV), que serve como uma habilitação<br />
para o exercício da função, e é uma obrigatoriedade<br />
da <strong>em</strong>presa contratante providenciá-la.<br />
Em 2010, foram solicitadas apenas 137 carteiras<br />
na delegacia da Polícia Federal de Caxias<br />
do Sul.<br />
O curso de formação é de 160 horas/<br />
aulas, divididas entre as disciplinas de armamento<br />
e tiro, noções de Direito Penal, defesa<br />
pessoal, relações humanas no trabalho, sist<strong>em</strong>a<br />
nacional de segurança pública e crime orga-<br />
nizado, criminalística e técnica de entrevista,<br />
prevenção e combate a incêndios e primeiros<br />
socorros, rádio-comunicação e alarmes, vigilância<br />
e noções de segurança privada. O custo<br />
do curso na região da Serra gaúcha é, <strong>em</strong> média,<br />
R$ 730.<br />
A PROFISSIONALIZAÇÃO<br />
Em 2010, <strong>em</strong> Caxias, 215 pessoas concluíram<br />
o curso de formação de vigilantes, e<br />
682 realizaram o curso de reciclag<strong>em</strong>, atualização<br />
que deve ser feita a cada dois anos por<br />
todos os profissionais que exerc<strong>em</strong> a função.<br />
A psicóloga Monica Boone, 37 anos, é<br />
coordenadora da escola de formação de vigilantes<br />
e gerente de gestão de pessoas da Protesul.<br />
Segundo ela, o público que busca o curso<br />
é, na maioria, composto de pessoas entre 25 e<br />
40 anos, e cerca de 70% de homens contra 30%<br />
de mulheres, diferença que v<strong>em</strong> diminuindo<br />
nos últimos t<strong>em</strong>pos. Além dessas estatísticas,<br />
Monica ainda diz que a maior parte dos alunos<br />
não é natural de Caxias do Sul. “A maioria v<strong>em</strong><br />
de fora, principalmente pessoas da fronteira,<br />
pois lá a formação militar é muito presente, e<br />
trabalhar com a área de segurança é uma das<br />
profissões de maior status para eles.”<br />
O mercado de trabalho está aquecido e,<br />
cada vez mais, oferece oportunidades para os<br />
vigilantes. “Nos últimos anos, as pessoas passaram<br />
a investir <strong>em</strong> segurança privada. Infelizmente,<br />
isso acontece devido ao aumento da criminalidade.”<br />
E completa: “Todas as <strong>em</strong>presas<br />
de segurança estão contratando profissionais.”<br />
Monica não acredita que a segurança<br />
privada possa, um dia, substituir a presença do<br />
Estado no setor, já que a função de vigilante é<br />
apenas a prevenção e não a ação contra a cri-<br />
Números<br />
78<br />
Tiros efetuados no curso de formação<br />
de vigilante<br />
137*<br />
Solicitações da Carteira Nacional<br />
de Vigilante (CNV)<br />
215*<br />
Pessoas que fizeram o curso de<br />
formação<br />
682*<br />
Vigilantes que fizeram o curso de<br />
reciclag<strong>em</strong><br />
R$ 730<br />
Valor médio do curso de formação<br />
R$ 903,96<br />
Piso da categoria na Região da<br />
Serra Gaúcha<br />
* Dados da Delegacia de Polícia<br />
Federal de Caxias do Sul.<br />
minalidade. “Hoje o efetivo da segurança privada<br />
é maior do que o da segurança pública,<br />
entretanto não acredito que possa haver uma<br />
substituição”, diz.<br />
Quanto ao uso de armas de fogo no local<br />
do trabalho, Monica é cautelosa e diz que é<br />
preciso fazer uma análise <strong>em</strong> cada caso, pen-<br />
sando se a utilização do armamento irá mesmo<br />
ser eficaz. “Os shoppings, por ex<strong>em</strong>plo, têm<br />
grande circulação de pessoas. Dessa forma,<br />
é provável que a utilização de armas não seja<br />
uma boa opção”, conclui.<br />
ARMAMENTO E TIRO<br />
Uma das disciplinas do curso de formação<br />
de vigilantes, e também da reciclag<strong>em</strong>, é a<br />
de armamento e tiro. Os instrutores da disciplina<br />
de armamento e tiro são credenciados pela<br />
Polícia Federal, e, para isso, passam por testes<br />
e avaliações criteriosas para ser<strong>em</strong> aprovados.<br />
Douglas Cioato, 37 anos, é instrutor de<br />
tiro credenciado pela Polícia Federal e professor<br />
do curso de formação de vigilantes. Ele afirma:<br />
“Na instrução de armamento e tiro é mais<br />
interessante habilitar o aluno a usar a arma de<br />
forma legal e defensiva do que, simplesmente,<br />
usar armas.”<br />
O uso do armamento pelo vigilante<br />
deve ocorrer só <strong>em</strong> casos extr<strong>em</strong>os, quando a<br />
vida dele ou a de pessoas sob sua responsabilidade<br />
estiver<strong>em</strong> <strong>em</strong> risco. “Para questão de patrimônio,<br />
eles não são orientados a reagir com<br />
o uso de força letal”, diz Cioato.<br />
As mulheres que procuram a profissão,<br />
cada vez mais, normalmente têm um bom des<strong>em</strong>penho<br />
com a utilização de armamento nas<br />
provas para a formação. “Quanto ao tiro, as<br />
mulheres chegam a ser melhores que os homens,<br />
pois são mais dedicadas”, afirma.<br />
A função do vigilante não é agir contra<br />
a criminalidade, mas sim tentar inibi-la. “A<br />
função básica do vigilante é alertar as autoridades<br />
competentes, visto que o vigilante deve<br />
vigiar, já a polícia que t<strong>em</strong> o dever de policiar”,<br />
define.<br />
Foto: Marco Matos