Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
1000 Universos <strong>03</strong><br />
terra, adormeça até que alguém que a ame eternamente a <strong>de</strong>sperte<br />
com um beijo!<br />
Um tapa <strong>de</strong> um dos guardas e silêncio. Aquela mulher não mais<br />
falaria contra o rei.<br />
As palavras da mulher – cigana ou bruxa, segundo o povo –<br />
tornaram-se verda<strong>de</strong>iras. Em menos <strong>de</strong> um inverno a rainha adoecera,<br />
nenhum remédio sendo capaz <strong>de</strong> curá-la. Após sua morte, o rei<br />
procurou consolo em outros dois casamentos, mas em ambos a recém<br />
<strong>de</strong>sposada também perecera – uma das vezes com um filho no ventre.<br />
O rei tornou-se amargo, protegendo ainda mais a princesa, cuidando<br />
para que jamais se ferisse <strong>de</strong> qualquer maneira.<br />
Com os anos, o <strong>de</strong>sabrochar da formosura feminina em Aurora<br />
<strong>de</strong>spertou em vários preten<strong>de</strong>ntes o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> tomá-la para si. Ela,<br />
porém, <strong>de</strong>sprezava a todos, especialmente o filho do cavalariço, que<br />
por ela nutria mais que paixão – verda<strong>de</strong>iro amor que somente<br />
aqueles que o sentem <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m percebê-lo. Ainda assim ele a<br />
cortejava – longe dos olhos do rei –, procurando fazer todas as suas<br />
vonta<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sejos.<br />
E Aurora o usava. Todavia, mesmo sabendo disso, o filho do<br />
cavalariço tentava fazer com que ela sentisse por ele o que ele<br />
carregava no peito.<br />
Até que, certa manhã <strong>de</strong> outono, chegou ao castelo o marquês,<br />
vindo <strong>de</strong> outras terras.<br />
Tinha a mesma ida<strong>de</strong>, um jeito galante e uma aparência<br />
sedutora. As mulheres da corte o queriam, e ele as queria <strong>de</strong> volta.<br />
Aurora, pela primeira vez, cobiçou um homem – o marquês –<br />
passando a encontrá-lo nos bailes que os conselheiros reais insistiam<br />
que fossem feitos, tanto pelo prestígio como pelo fato <strong>de</strong> a princesa já<br />
estar na ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um preten<strong>de</strong>nte escolhido pelo rei. E foi num<br />
<strong>de</strong>sses bailes, após algumas taças <strong>de</strong> vinho e muita dança, que o<br />
marquês a cobiçou <strong>de</strong> volta.<br />
E, ao longe, vinha o filho do cavalariço que, <strong>de</strong> pajem a<br />
escu<strong>de</strong>iro, almejava se tornar cavaleiro um dia, sonhando com uma<br />
donzela para ser salva por ele – uma donzela como Aurora, a mulher<br />
que sempre amara. Carregava uma única rosa, vermelha, para<br />
5