15.04.2013 Views

03 - Café de Ontem

03 - Café de Ontem

03 - Café de Ontem

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1000 Universos <strong>03</strong><br />

...pela <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira vez.<br />

Primeiro ele sentiu a falta <strong>de</strong> ar, <strong>de</strong>pois o enrijecer <strong>de</strong> sua pele.<br />

Ele levou a mão ao pescoço, mas seus músculos já estavam duros. Sua<br />

pele tornou-se rocha, e a rocha tornou-se areia, e a areia se <strong>de</strong>sfez.<br />

Seus ossos saltaram <strong>de</strong> seu corpo, e nada mais restou, exceto o cheiro<br />

<strong>de</strong> morte no aposento.<br />

— Alguém que a ame eternamente... – balbuciou o rei, em<br />

<strong>de</strong>sespero, ao saber do ocorrido.<br />

Foi então que o escu<strong>de</strong>iro, antes pajem, antes filho do cavalariço,<br />

pediu permissão ao rei para tentar salvá-la. Ele não era um nobre, mas<br />

po<strong>de</strong>ria ser a única esperança <strong>de</strong> sua filha – e <strong>de</strong> sua linhagem real.<br />

Ele subiu as escadas, viu sua amada e a beijou. Os olhos <strong>de</strong><br />

Aurora se abriram.<br />

— O que faz aqui? – perguntou ela, assustada.<br />

E o susto tinha razão <strong>de</strong> ser, pois para a princesa nenhum tempo<br />

tinha se passado. Ela ainda esperava estar nos braços do marquês, sem<br />

saber que a maldição a afetara.<br />

Mas estava ela, finalmente, livre.<br />

O rei, satisfeito, or<strong>de</strong>nou que fosse organizada a festa <strong>de</strong><br />

casamento. Seda do oriente, tesouros do setentrião, perfumes do<br />

oci<strong>de</strong>nte... nada seria o bastante para comemorar aquela ocasião.<br />

Aurora não estava feliz, mas compreendia a situação. Talvez ela<br />

apren<strong>de</strong>sse a amá-lo...<br />

Na noite <strong>de</strong> núpcias, como esperado, ela pediu ao escu<strong>de</strong>iro,<br />

agora príncipe por laço matrimonial, que aguardasse numa antessala<br />

enquanto se perfumava para ele. O príncipe o fez, certo <strong>de</strong> que aquela<br />

seria a noite mais feliz <strong>de</strong> sua vida...<br />

Mas nos aposentos on<strong>de</strong> Aurora se preparava o marquês havia<br />

se escondido. Vendo-a só, ele se aproximou e a enlaçou – a princesa<br />

não lutou: ao contrário, permitiu que seu <strong>de</strong>sejo se satisfizesse...<br />

E foi quando, estranhando a <strong>de</strong>mora <strong>de</strong> sua recém <strong>de</strong>sposada<br />

mulher, o príncipe, antes escu<strong>de</strong>iro, a<strong>de</strong>ntrou o lugar. Vendo sua<br />

amada nos braços <strong>de</strong> outro, sua voz ficou embargada, seus olhos<br />

marejados... mas só por um momento. A mágoa <strong>de</strong>u lugar à fúria, e a<br />

fúria ao <strong>de</strong>sprezo.<br />

7

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!