O JOCA BRINCA COM AS CORES
O JOCA BRINCA COM AS CORES
O JOCA BRINCA COM AS CORES
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
P<br />
O <strong>JOCA</strong> <strong>BRINCA</strong><br />
<strong>COM</strong> <strong>AS</strong> <strong>CORES</strong><br />
António Torrado<br />
escreveu e<br />
Cristina Malaquias ilustrou<br />
erguntava o Joca:<br />
– Mãe, de que cor são os pintainhos?<br />
– Os pintainhos são amarelos.<br />
O Joca ficou silencioso, mas só por um instante.<br />
– E de que cor é aquilo que o ovo cozido tem dentro?<br />
– Aquilo chama-se gema e a cor é amarela.<br />
– Ó mãe, o que é isso que está a beber?<br />
– É limonada.<br />
– A limonada é feita com o quê, mãe?<br />
– É feita com sumo de limão.<br />
– E de que cor é o limão?<br />
– Amarelo – respondeu a mãe, cheia de paciência.<br />
O Joca engoliu o último bocado do bolo e comentou:<br />
1<br />
© APENA - APDD – Cofinanciado pelo POSI e pela Presidência do Conselho de Ministros
– Há muito amarelo por aí, não há? – e fez um gesto que<br />
abrangia a esplanada, o toldo, as pessoas que passavam na<br />
rua, os automóveis, os prédios em frente, as outras ruas, as<br />
casas das outras ruas, a cidade, o país, a terra e o céu.<br />
Enfim, gesto largo, muito largo...<br />
A mãe esclareceu:<br />
– Claro que há coisas amarelas, outras azuis, outras<br />
vermelhas, outras verdes. E há cores intermédias: cor de<br />
laranja, azul marinho, violeta, cor-de-rosa... As cores estão<br />
espalhadas pelo mundo, para alegria dos olhos dos<br />
meninos e dos homens. Tu ainda não conheces todas as<br />
cores, mas hás-de conhecê-las.<br />
– Todas? – pergunta o Joca, ansioso.<br />
Um ventinho ligeiro enfunava o toldo verde escuro da<br />
esplanada, arrepiava as folhas verdes, de um verde<br />
clarinho, das acácias, agitava uma blusa verde-garrafa, a<br />
secar numa janela. Mas há mais verdes, tantos mais que<br />
nós não contamos por preguiça...<br />
A mãe do Joca via o que nós víamos. Por isso respondeu<br />
assim:<br />
– Nunca conseguimos conhecer as cores todas, porque<br />
não há duas cores iguais. É fácil dizer: aquilo é azul, mas<br />
há tantos azuis... Baptizar uma cor é, afinal, muito difícil.<br />
Percebeste, Joca?<br />
De olhos muito abertos, virados para a mãe, o Joca só os<br />
pestanejou quando, à pergunta, respondeu que não<br />
percebera.<br />
– Vou comprar-te uma caixa de tintas – disse-lhe a mãe.<br />
– Hás-de aprender por ti.<br />
É o que está a acontecer. O Joca mais a sua caixa de<br />
aguarelas andam a aprender. O Joca aprende a trabalhar<br />
© APENA - APDD – Cofinanciado pelo POSI e pela Presidência do Conselho de Ministros<br />
2
com os pincéis e a estender as cores sobre a folha branca.<br />
Por sua vez, as cores, que acordaram dos quadradinhos<br />
apertados, onde dormiam, aprendem a viajar sobre<br />
desenhos e paisagens.<br />
E aprendem também – o que não é menos importante –<br />
a viver umas com as outras, a conviver, a relacionarem-se...<br />
Põe-se o amarelo à conversa com o encarnado e aparece o<br />
cor de laranja... Está o encarnado à conversa com o verde<br />
e descobrem o castanho...<br />
É uma festa para o Joca. É uma festa para as cores.<br />
FIM<br />
3<br />
© APENA - APDD – Cofinanciado pelo POSI e pela Presidência do Conselho de Ministros