Infernus #16 - Associação Portuguesa de Satanismo
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Conta-me esses vícios<br />
“Eu realmente presenciara<br />
um local ilegal<br />
<strong>de</strong> jogo? Um negócio<br />
ilegal camuflado<br />
numa mercearia tida<br />
como querida e exemplar<br />
por todas as<br />
pessoas?”<br />
Ai, uau, que <strong>de</strong>lírio! Produto aprovado,<br />
por isso vamos fazer um gran<strong>de</strong> dinheiro<br />
com os nossos clientes. Não <strong>de</strong>ixes<br />
<strong>de</strong> controlar as pessoas para que, mal<br />
isto acabe daqui a dois dias, possas voltar<br />
a mim. O teu pagamento está no local<br />
do costume, po<strong>de</strong>s já dirigir-te lá. A<br />
cocaína e o haxixe irão fazer agora o seu<br />
caminho. A<strong>de</strong>us, põe-te a milhas.<br />
- Entendido. Disponha, o fornecimento<br />
não morrerá. Boas sensações.<br />
- Boas sensações.<br />
A Sra. Maria fechou a porta com<br />
calma, assim que o homem <strong>de</strong>sapareceu<br />
na luz. No bolso do avental que<br />
tinha vestido, colocou os sacos da cocaína<br />
e a pedra <strong>de</strong> haxixe. Engoliu em<br />
seco, bateu os <strong>de</strong>ntes, olhou em frente<br />
como que <strong>de</strong>svairada e saiu apressada<br />
10 ~ <strong>Infernus</strong> XVI<br />
do anexo.<br />
- Vou meter para <strong>de</strong>ntro a safada,<br />
<strong>de</strong>pois a venda aos safados. – Balbuciou…<br />
Já quase no final da tar<strong>de</strong>, o padre<br />
João chegou ao anexo, cumprimentando<br />
os jogadores na mesa:<br />
- Então, Carlos, tudo bem? – Virando-se<br />
para o homem.<br />
- Sim, padre João, tudo em cima. E<br />
o padre, como é que se sente? – Perguntou<br />
Carlos com agitação.<br />
- Sinto-me bem, sinto-me bem. Estive<br />
a receber uma família lá na paróquia,<br />
para ouvir os queixumes <strong>de</strong>les e<br />
procurar ajudar a melhorar a vida. Um<br />
pai, uma mãe e dois rapazes novinhos,<br />
ainda no ensino básico. Os adultos mostravam<br />
mesmo aquelas caras <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgraça,<br />
mas os rapazes eram alegria pura.<br />
Soube tão bem ter aqueles rabinhos<br />
fofos no meu colo, colados nas texturas<br />
grossas do fecho das minhas calças…<br />
traquinas, a saltar… passei-lhes os carinhos<br />
para a fé…<br />
- Sente-se connosco. Já po<strong>de</strong>mos ir<br />
ao nosso joguinho. Até já me babo… –<br />
disse o Carlos.<br />
- Sim, sim, vamos lá. É tempo e<br />
hora! Eva, como é que estás hoje? Foste<br />
às compras <strong>de</strong> roupa?<br />
- Sim, padre João, fui! Não existe falha<br />
<strong>de</strong> um dia. Hoje comprei pares <strong>de</strong><br />
sapatos, lingeries, calças e saias, cintos<br />
e também um discreto lenço <strong>de</strong> pescoço…<br />
muito na moda! – Respon<strong>de</strong>u, com<br />
excitação, a Eva.<br />
- Apostas na mesa, vou preparar as<br />
cartas para começar a acção… – gritou<br />
o Carlos.<br />
- Parem! – Gritou o Sr. Manuel, entrado<br />
recentemente no anexo. – Primeiro,<br />
tenho que vos apresentar em condições<br />
o Joaquim, que tem estado a meu<br />
convite aqui e tem admitido os vossos<br />
movimentos com astúcia e admiração.<br />
E dar-vos as novida<strong>de</strong>s!<br />
Conversámos por bons minutos,<br />
nos quais o padre João, o Carlos e a Eva<br />
souberam que aceitei tratar das corridas<br />
e apostas em competições <strong>de</strong> carros à<br />
noite. Conheceram o novo elemento do<br />
bando e o lí<strong>de</strong>r avançou para o agra<strong>de</strong>cimento<br />
inicial.<br />
- Bem-vindo sejas, meu filho! Saúdote<br />
por estares connosco. Antecipo uma<br />
jornada <strong>de</strong> bonança para ti, para nós, no<br />
mundo nocturno dos amantes <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>.<br />
Estou muito honrado… vai ser<br />
canja para os nossos lados, ahaha!<br />
- Seu filho?! Joaquim prefiro…<br />
- Nunca confessei a tua mãe, <strong>de</strong>veras,<br />
daí não ter existido condições para<br />
que o título que empreguei fosse real e<br />
justo. Uma coisa leva a outra… Perdão,<br />
Joaquim. – Declarou o padre João.<br />
- Sinto-me capaz <strong>de</strong> fazer o que é<br />
para ser feito. Aceitei o convite. Aceitei<br />
a surpresa. Aceitei as capacida<strong>de</strong>s. – Asseverei<br />
com a voz pesada.<br />
- Vamos jogar, foda-se? – Resmungou<br />
o Carlos.<br />
- Calma! Per<strong>de</strong>ste uma companheira<br />
por a trocares pelos vi<strong>de</strong>ojogos<br />
em casa, não faças também força para<br />
per<strong>de</strong>r dinheiro <strong>de</strong> mais um tentáculo<br />
do nosso negócio pelo póquer que não