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Infernus #16 - Associação Portuguesa de Satanismo

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Abel Ferrara’s<br />

THE ADDICTION<br />

The Addiction, <strong>de</strong> Abel Ferrara, é o equivalente<br />

para o Heart of Darkness, <strong>de</strong> Joseph Conrad, e foi escrito<br />

em mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> filme, uma película cinematográfica<br />

que retrata uma jornada <strong>de</strong>sesperada em direcção<br />

ao mal.<br />

Esta é a história horrível <strong>de</strong> uma<br />

mulher jovem prestes a graduar-se no<br />

doutoramento <strong>de</strong> filosofia <strong>de</strong> nome<br />

Kathleen, uma mulher jovem <strong>de</strong> alma<br />

atormentada forçada a sofrer um <strong>de</strong>stino<br />

irreparável seguidamente ao ter<br />

sido vítima do ataque <strong>de</strong> uma sugadora<br />

<strong>de</strong> sangue. A subsequente mutação dolorosa<br />

envolve conjuntamente o corpo e<br />

a mente da vítima e na companhia do<br />

contágio vampírico ela começa a questionar-se<br />

a si própria acerca do <strong>de</strong>stino<br />

14 ~ <strong>Infernus</strong> XVI<br />

con<strong>de</strong>nado que partilha com toda a raça<br />

humana. Na verda<strong>de</strong> a <strong>de</strong>sgraça vampírica<br />

é o pretexto usado por Ferrara<br />

para pensamentos e reflexões sobre a<br />

natureza do mal, consi<strong>de</strong>rada como um<br />

tipo <strong>de</strong> droga que cria vício. Este não é<br />

um simples filme <strong>de</strong> terror, visto que o<br />

vampirismo e a toxico<strong>de</strong>pendência são<br />

claramente metáforas para falar acerca<br />

da violência e <strong>de</strong>ssas coisas negras que<br />

fluem nas nossas veias <strong>de</strong>ntro do nosso<br />

sangue assaz humano. Em The Addiction<br />

Devis DeV <strong>de</strong>viLs g<br />

a se<strong>de</strong> <strong>de</strong> sangue por parte da raça humana<br />

é claramente manifestada através<br />

<strong>de</strong> sequências <strong>de</strong> imagens que pintam<br />

atrocida<strong>de</strong>s perpetradas nos campos<br />

nazis, operações <strong>de</strong> guerra no Vietname<br />

contra a população civil e massacres<br />

bósnios infames. Crimes, <strong>de</strong>feitos<br />

e doenças são todos feitos da mesma<br />

substância, manifestações do mesmo<br />

princípio. A própria história é con<strong>de</strong>nada,<br />

o mal é tão cósmico que até mesmo a<br />

história não existe. Como Kathleen diz:<br />

“O velho ditado <strong>de</strong> Santayana, que diz que<br />

aqueles que não apren<strong>de</strong>m a partir da história<br />

estão con<strong>de</strong>nados a repeti-la, é uma mentira.<br />

Não existe história. Tudo o que somos<br />

está eternamente connosco”. De acordo<br />

com este ponto <strong>de</strong> vista ninguém escapa<br />

do <strong>de</strong>stino feito <strong>de</strong> sofrimento e <strong>de</strong>sespero,<br />

da natureza humana ser corrupta<br />

e da vonta<strong>de</strong> própria conduzir a escolher<br />

o que é justamente o mal. Kathleen<br />

diz: “Eu peco portanto Eu sou”. Indubitavelmente<br />

este pensamento <strong>de</strong> Ferrara é

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