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4. Guilherme Rodrigues Lima: Artesão, Marceneiro, Embutidor

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<strong>4.</strong> <strong>Guilherme</strong> <strong>Rodrigues</strong> <strong>Lima</strong>: <strong>Artesão</strong>, <strong>Marceneiro</strong>,<br />

<strong>Embutidor</strong><br />

Inácio Beirão<br />

Nasceu em Mafra em 25 de Fevereiro de 1931. Filho de Jorge<br />

Amadeu <strong>Lima</strong> (natural de Mafra) e de Mariana de Jesus <strong>Rodrigues</strong> Serra<br />

(natural da Arrebenta, Sobreiro) <strong>Guilherme</strong> <strong>Lima</strong> teve cinco irmãos,<br />

nomeadamente, Natália, Manuela, Etelvina, Jorge e Maria Fernanda.<br />

Ficou órfão de mãe aos 9 anos de idade. Seu pai, trabalhava com<br />

sacrifício para sustentar a família e esforçou-se para que os filhos<br />

<strong>Guilherme</strong> e Jorge fossem aprender música na antiga Banda dos<br />

Bombeiros, cujas aulas eram dadas no Convento. Ali tiveram como<br />

professor o maestro Tenente Homero Apolinário e depois de terem passado<br />

meses no solfejo, o jovem <strong>Guilherme</strong> <strong>Lima</strong> começou a aprender a tocar<br />

clarinete enquanto seu irmão Jorge dava os primeiros passos no trompete.<br />

Fig. 1<br />

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No entanto, as dificuldades da vida naquela época obrigaram<br />

<strong>Guilherme</strong> <strong>Lima</strong> a sair de Mafra aos 11 anos de idade, indo viver para<br />

Lisboa, onde ficou até aos 19 anos em casa de uma das suas irmãs. Ali<br />

estudou, na Escola Secundária Machado de Castro, e trabalhou na<br />

Serralharia da Companhia Previdente e na carpintaria de Galiano Tostões,<br />

no Casal de Santa Luzia.<br />

Passados oito anos voltou para Mafra onde, em 28 de Novembro<br />

de 1950, assentou praça na Escola Prática de Infantaria como aprendiz na<br />

Banda de Música Militar que era chefiada pelo Sub-Chefe António Costa;<br />

foi na Banda da EPI que voltou a tocar o instrumento que largou aos 11<br />

anos: o clarinete.<br />

Em 1956, com 25 anos de idade, casou com Ricarda da Conceição<br />

<strong>Lima</strong> (natural da Murgeira) de quem ficou viúvo. Deste primeiro<br />

casamento nasceram três filhos, a Ana Paula Duarte <strong>Lima</strong> (já falecida), o<br />

António José <strong>Lima</strong> e a Filomena <strong>Lima</strong>.<br />

Em 19 de Agosto de 1973 casou com Esmeralda da Purificação<br />

Ribeiro Cardoso <strong>Lima</strong> (de Viseu) sua actual esposa. Deste segundo<br />

casamento que dura há 34 anos, nasceu uma filha, a Carla <strong>Lima</strong>.<br />

Depois de assentar praça na EPI, <strong>Guilherme</strong> <strong>Lima</strong> ficou em Mafra<br />

até 1957, ano em que foi colocado numa Unidade Militar na Madeira.<br />

Mais tarde regressou ao Continente para o Regimento de Caçadores 5 e,<br />

em 1962, regressou à Casa Mãe da Infantaria onde ficou até 1985, data em<br />

que foi para o Regimento de Infantaria de Tomar, onde permaneceu 18<br />

meses.<br />

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Foi em Tomar que <strong>Guilherme</strong> <strong>Lima</strong> se lembrou de começar a<br />

ocupar os seus tempos livres explorando uma vocação que já vinha de<br />

família, principalmente, de seu tio e padrinho <strong>Guilherme</strong> (irmão de seu<br />

pai), e que consistia na execução de miniaturas em madeira.<br />

Na realidade, o pai de <strong>Guilherme</strong> <strong>Lima</strong> também fez algumas<br />

miniaturas e ele próprio aos 18 anos já tinha experimentado a execução de<br />

uma pequena cómoda que pouco mais ocupava que a palma da mão.<br />

Assim, <strong>Guilherme</strong> <strong>Lima</strong> soube aproveitar a sua estadia<br />

profissional em Tomar revelando-se um verdadeiro <strong>Artesão</strong> <strong>Marceneiro</strong><br />

<strong>Embutidor</strong> e nunca mais deixou de projectar as pequenas peças de<br />

madeira que têm maravilhado muita gente.<br />

Em finais de 1986 <strong>Guilherme</strong> <strong>Lima</strong> regressou à EPI e em Fevereiro<br />

de 1987 passou à situação de Reserva como Sargento-Ajudante Músico o<br />

que lhe deixou ainda mais tempo livre para a arte.<br />

Actualmente, já reformado da sua vida de militar, continua a<br />

sentir-se atraído pelas propriedades da madeira e confessa que todas as<br />

peças lhe dão prazer a executar porque em todas elas consegue imaginar<br />

um contexto, viajar no passado e sonhar com uma época.<br />

Na verdade, <strong>Guilherme</strong> <strong>Lima</strong> ao transformar a madeira em<br />

pequenas obras de arte, revela-se um artesão cheio de histórias e emoções<br />

que vai registando nas suas miniaturas, não só porque retratam usos e<br />

costumes ancestrais, mas também porque algumas delas foram feitas em<br />

pedaços de madeira que lhe tinham sido dados por seus pais e avós.<br />

Ninguém consegue ficar insensível à beleza e perfeição das peças<br />

que <strong>Guilherme</strong> <strong>Lima</strong> executa em madeira de pau santo, pau roxo, pau<br />

preto, mogno, buxo, pau cetim e também em osso, quando as miniaturas<br />

ostentam motivos decorativos utilizando a técnica do embutido.<br />

Este experiente artesão aplica os acabamentos em função das<br />

características da peça, executa os encaixes segundo as técnicas antigas da<br />

arte de marcenaria e só não faz as dobradiças, os puxadores e os espelhos.<br />

De resto, as miniaturas que tem feito são idealizadas e executadas por si<br />

até ao mais ínfimo pormenor e todas elas resultam do seu gosto pessoal e<br />

do amor à arte.<br />

Como a sua vocação resulta de uma verdadeira paixão pela<br />

madeira que nas suas mãos ganha um enorme poder de criação artística,<br />

<strong>Guilherme</strong> <strong>Lima</strong> nunca fez nada para vender e por isso, tem em casa um<br />

verdadeiro museu de miniaturas desde cómodas e escrivaninhas estilo<br />

D. Maria, meias-cómodas estilo D. João V, cómodas com tampos em<br />

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pedra, mobílias de sala e de cozinha, oficinas completas de marcenaria<br />

com toda a instrumentação da época que retratam, e até relógios de pé e<br />

de parede (com a instrumentação que lhes permite darem as horas).<br />

Quanto a exposições, <strong>Guilherme</strong> <strong>Rodrigues</strong> <strong>Lima</strong> expôs na última<br />

FAPI e por duas vezes na EPI; também já expôs as suas peças numa edição<br />

da Feira do Artesanato em Lisboa (FIL) e na Malveira. Contudo, as únicas<br />

datas de que tem memória viva são as seguintes:<br />

- 1996 (de 11 a 31 de Maio) - Museu Municipal Professor Raul de Almeida;<br />

- 2000 (de 26 a 27 de Agosto) - 15.ª Feira da Pêra e 2.ª Mostra de Artesanato<br />

Tradicional que teve lugar no Sporting Clube do Livramento (a convite do<br />

conhecido artesão Firmino Adão Canhoto);<br />

- 2003 (14 de Agosto) - 1.ª Exposição de Artes Plásticas da Escola Prática<br />

de Infantaria no âmbito do Dia da Arma da Infantaria e da Escola Prática.<br />

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