16.04.2013 Views

“a um grande homem”, de olavo bilac, e - UEM

“a um grande homem”, de olavo bilac, e - UEM

“a um grande homem”, de olavo bilac, e - UEM

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Seguindo os níveis da recepção literária no ensino, propostos por Kügler<br />

(apud MARTHA, 1987), os alunos começaram com <strong>um</strong>a leitura silenciosa, seu primeiro<br />

contato com o texto. Assim que todos acabaram, questões que caracterizam a Leitura<br />

primária <strong>de</strong> Kügler foram feitas: “Quais as sensações que o texto provocou em você?<br />

Essas sensações pu<strong>de</strong>ram ser sentidas claramente durante a leitura do texto?”; “Como é<br />

a sua relação com a família e com os seus amigos? É <strong>um</strong>a relação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte ou<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte?”; “Você tem sonhos? Quais?”; “Esses sonhos são consi<strong>de</strong>rados por você<br />

como sendo <strong>gran<strong>de</strong></strong>s ou pequenos? O que faz com que você pense nisso?”; “Como você<br />

acha que será a lembrança <strong>de</strong> sua vida presente no futuro? Como você irá olhar para a<br />

sua vida?”; “Você acredita que vale tudo para conseguir algo na vida? Por quê?”.<br />

Ao respon<strong>de</strong>rem a essas questões, os alunos não fizeram remissão ao texto lido<br />

e procuraram respon<strong>de</strong>r somente o que era perguntado, apesar <strong>de</strong> terem percebido que<br />

as questões estavam <strong>de</strong> acordo com a temática do texto. Dessa forma, a Leitura nãoduplicada<br />

e a Projeção e auto-inserção simulativa (relação do texto com a experiência<br />

<strong>de</strong> vida do leitor) foram fases que não duraram <strong>um</strong> <strong>gran<strong>de</strong></strong> período <strong>de</strong> tempo e que não<br />

ficaram evi<strong>de</strong>ntes, visto que os alunos sabiam que o texto tinha algo mais a dizer e<br />

evitaram fazer a relação entre o texto e a vida <strong>de</strong>les.<br />

Por extensão, as fases do Deslocamento e da Con<strong>de</strong>nsação também foram<br />

bastante rápidas, sendo que a primeira foi praticamente imperceptível. A fase da<br />

Con<strong>de</strong>nsação começou com as questões que nortearam a Constituição coletiva do<br />

significado. Na verda<strong>de</strong>, não se tem <strong>um</strong>a divisão clara do início e do término <strong>de</strong> cada<br />

fase. Todas elas ocorrem segundo <strong>um</strong>a seqüência, mas como frutos <strong>de</strong> <strong>um</strong> processo<br />

geral em que <strong>um</strong>a é importante para a ocorrência da seguinte e assim por diante.<br />

Entrou-se, aqui, na segunda fase: a Constituição coletiva do significado.<br />

Alg<strong>um</strong>as perguntas nortearam a articulação do significado: “O que o autor quis dizer<br />

com ‘era <strong>um</strong> tênue fio <strong>de</strong> água escassa’?”; “O ‘eu’ do poema expressa sentimentos sobre<br />

‘alguém’. Quem é esse alguém? Com quem esse alguém é comparado?”; “Essa<br />

comparação é explícita ou implícita no poema?”; “Que característica h<strong>um</strong>ana o autor<br />

retrata no poema?”; “Sobre o que o autor fala no poema?”; “Qual será a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse<br />

tema no movimento parnasiano? Esse movimento não prega o ‘culto à forma’ e a<br />

impassibilida<strong>de</strong> diante da vida?”; “Depois <strong>de</strong> ler atentamente o texto, po<strong>de</strong>mos dizer<br />

que esse poema po<strong>de</strong> ser <strong>um</strong> exemplo das características parnasianas que vocês<br />

conhecem? Por quê?”.<br />

Conforme os alunos eram indagados, eles acionavam os elementos que já<br />

tinham sido elaborados e discutidos durante o <strong>de</strong>bate em grupo. Em seus comentários,<br />

as respostas foram as mais variadas, no entanto, eles perceberam que o “rio” do poema é<br />

o “<strong>homem”</strong> que está no título. Além disso, disseram ser a comparação explícita, já que,<br />

no final do texto, o autor coloca a palavra “<strong>homem”</strong> e passe a se dirigir a ele.<br />

Os motivos da vaida<strong>de</strong>, da soberba, do egoísmo, da inveja, da hipocrisia, da<br />

falsida<strong>de</strong> e da arrogância foram levantados como sendo as características h<strong>um</strong>anas mais<br />

evi<strong>de</strong>ntes no poema. Nesse momento, <strong>um</strong>a aluna indagou: “Mas, se tem tudo isso, o<br />

poema é parnasiano?”. Chegado a esse ponto crucial, po<strong>de</strong>mos dizer que chegamos<br />

também aos Modos secundários <strong>de</strong> ler, fase em que o texto passa a ter <strong>um</strong> significado e<br />

leva a <strong>um</strong>a compreensão crítica do que se está lendo.<br />

Dessa forma, questionou-se o movimento parnasiano e o modo como ele é<br />

visto na escola. O trabalho formal no poema foi recuperado pelos alunos que<br />

i<strong>de</strong>ntificaram o trabalho com a linguagem (jogo <strong>de</strong> linguagem e hipérbatos) e o<br />

vocabulário rebuscado (foram ao dicionário buscar o significado <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as palavras).<br />

961

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!