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carta do leitor na revista ciência hoje das crianças - Programa de ...

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LEITURA E ANÁLISE LINGÜÍSTICA: CARTA DO LEITOR NA<br />

REVISTA CIÊNCIA HOJE DAS CRIANÇAS<br />

Sandra Regi<strong>na</strong> CECILIO (PG – UEL)<br />

Lílian Cristi<strong>na</strong> Buzato RITTER (UEM)<br />

REFERÊNCIA:<br />

CECILIO, Sandra Regi<strong>na</strong>; RITTER, Lílian Cristi<strong>na</strong><br />

Buzato. Leitura e análise lingüística: <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong><br />

<strong>na</strong> Revista Ciência Hoje <strong>das</strong> Crianças. In: CELLI –<br />

COLÓQUIO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E<br />

LITERÁRIOS. 3, 2007, Maringá. A<strong>na</strong>is... Maringá,<br />

2009, p. 2059-2069.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

ISBN: 978-85-99680-05-6<br />

O presente trabalho tem como objetivo expor análises <strong>de</strong> exemplares <strong>do</strong> gênero<br />

“<strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong>” <strong>na</strong> <strong>revista</strong> <strong>de</strong> divulgação científica Ciência Hoje <strong>das</strong> Crianças. Nosso<br />

foco é a<strong>na</strong>lisar possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenção <strong>na</strong> quarta série <strong>do</strong> ensino fundamental ao<br />

abordarmos nos textos as marcas lingüísticas e as marcas enunciativas para verificar<br />

como são responsáveis pela produção <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as condições<br />

<strong>de</strong> produção, o tema e a configuração textual <strong>do</strong> gênero.<br />

Optamos pelas <strong>carta</strong>s <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> veicula<strong>das</strong> nesta <strong>revista</strong> em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> seu<br />

público-alvo e também por ser um material a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo MEC (Ministério da<br />

Educação) e distribuí<strong>do</strong> trimestralmente para 107 mil escolas como recurso<br />

paradidático. Além disso, nossa opção se justifica pelo fato <strong>de</strong> observamos no conteú<strong>do</strong><br />

<strong>das</strong> <strong>carta</strong>s da seção que a <strong>revista</strong> incentiva a correspondência entre os <strong>leitor</strong>es<br />

colaboran<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta forma, com o exercício autêntico da leitura e da produção <strong>de</strong> textos.<br />

Enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> linguagem como espaço <strong>de</strong> interação entre os sujeitos,<br />

consi<strong>de</strong>ramos relevante o trabalho pedagógico com <strong>carta</strong>s <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> <strong>na</strong> escola quan<strong>do</strong><br />

relacio<strong>na</strong>mos o ensino <strong>de</strong> leitura e produção textual, e conseqüentemente, o <strong>de</strong> análise<br />

lingüística, às práticas sociais. Esta prática po<strong>de</strong> ocorrer ao associarmos o estu<strong>do</strong> <strong>das</strong><br />

<strong>carta</strong>s a notícias e reportagens publica<strong>das</strong> <strong>na</strong>s <strong>revista</strong>s e jor<strong>na</strong>is <strong>de</strong> on<strong>de</strong> provêm.<br />

As análises foram elabora<strong>das</strong> a partir <strong>do</strong>s diagnósticos <strong>de</strong> pesquisa <strong>do</strong> projeto<br />

Escrita e ensino gramatical: um novo olhar para um velho problema, em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>na</strong> Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong> (UEL) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 2003,<br />

que envolve <strong>do</strong>centes da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong>, da Universida<strong>de</strong> Norte <strong>do</strong><br />

Paraná (Londri<strong>na</strong>) e da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá, alunos <strong>de</strong> graduação e pósgraduação<br />

e professores, com seus alunos <strong>de</strong> quarta e oitava séries (séries fi<strong>na</strong>is <strong>de</strong> cada<br />

2059


ciclo) <strong>do</strong> ensino fundamental <strong>de</strong> escolas públicas e uma particular <strong>de</strong> três cida<strong>de</strong>s<br />

para<strong>na</strong>enses - Londri<strong>na</strong>, Maringá e Apucara<strong>na</strong>. Ancoran<strong>do</strong>-se no percurso meto<strong>do</strong>lógico<br />

<strong>de</strong> pesquisa em LA, o projeto procura aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> reflexão<br />

mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s ao estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> práticas contextualiza<strong>das</strong> <strong>de</strong> ensino gramatical, investin<strong>do</strong><br />

<strong>na</strong> formação contínua <strong>do</strong> professor.<br />

Em um primeiro momento, investigou-se etnograficamente, em situação <strong>de</strong> sala<br />

<strong>de</strong> aula, o trabalho gramatical <strong>do</strong>cente no ensino fundamental, suas relações com a<br />

leitura e escrita no que tange às concepções <strong>de</strong> linguagem a<strong>do</strong>ta<strong>das</strong>. De forma geral,<br />

apesar <strong>de</strong> se saber, pelo menos no plano teórico, da existência <strong>de</strong> três práticas<br />

inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes a serem trabalha<strong>das</strong> <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> língua portuguesa – leitura, análise<br />

lingüística, incluin<strong>do</strong>-se a gramática e produção textual (GERALDI, 1993; BRASIL,<br />

1998) – o diagnóstico revelou que há uma <strong>de</strong>sarticulação entre elas, uma vez que não se<br />

consi<strong>de</strong>ra o texto como ponto <strong>de</strong> partida e chegada <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> ensinoaprendizagem<br />

e, ainda, que o tratamento didático gramatical em termos <strong>de</strong><br />

categorizações, <strong>de</strong>finições e prescrições continua presente <strong>na</strong>s salas <strong>de</strong> aula.<br />

Na etapa atual da pesquisa, os sujeitos envolvi<strong>do</strong>s no projeto discutem e<br />

produzem instrumentos teórico-pedagógicos <strong>de</strong> intervenção <strong>na</strong> prática <strong>do</strong> ensino<br />

gramatical, ou mais amplamente, <strong>de</strong> análise lingüística, leitura e produção <strong>de</strong> textos.<br />

Essa etapa <strong>de</strong> intervenção não tem o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sacreditar o trabalho <strong>do</strong>s professoressujeitos<br />

da pesquisa, mas <strong>de</strong> criar um momento <strong>de</strong> reflexão sobre a prática pedagógica,<br />

via discussões e comparações entre a realida<strong>de</strong> diagnosticada e as propostas <strong>de</strong> trabalho<br />

diferencia<strong>das</strong>, no intuito <strong>de</strong> aprimorar a formação profissio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> professor-sujeito e,<br />

por conseguinte, o ensino-aprendizagem <strong>de</strong> língua mater<strong>na</strong>, sobretu<strong>do</strong> no que diz<br />

respeito ao trabalho com a análise lingüística.<br />

2. APORTES TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA PROPOSTA DE<br />

INTERVENÇÃO<br />

As propostas <strong>de</strong> intervenção pautam-se <strong>na</strong> concepção interacionista <strong>de</strong><br />

linguagem, a qual postula um sujeito que se constitui “nos processos interativos <strong>de</strong> que<br />

participa, elegen<strong>do</strong> o fluxo <strong>de</strong> movimento como seu território” (GERALDI, 1993, p.<br />

132). A base <strong>de</strong> tais idéias encontra-se <strong>na</strong> obra bakhtinia<strong>na</strong> (1998), <strong>na</strong> qual a linguagem<br />

é concebida a partir <strong>de</strong> sua <strong>na</strong>tureza sócio-histórica, enfatizan<strong>do</strong>-se sua ação interativa,<br />

uma vez que a língua é constituída pelo fenômeno social da interação verbal, realizada<br />

pela enunciação.<br />

O texto se transforma <strong>na</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino e, nessa perspectiva, é fundamental<br />

para a formação <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> língua portuguesa o <strong>de</strong>senvolvimento da percepção <strong>de</strong><br />

que, no uso social da língua, os significa<strong>do</strong>s que se po<strong>de</strong>m produzir para um texto são<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> uma complexa inter-relação entre os aspectos constitutivos da<br />

enunciação <strong>de</strong>sse texto e a seleção <strong>do</strong>s recursos textuais, lexicais e gramaticais para<br />

compô-lo. Esse percurso <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> texto clarifica bem a<br />

dimensão social <strong>do</strong> gênero discursivo, circunscreven<strong>do</strong> a não dicotomia entre as três<br />

práticas, e no caso específico <strong>de</strong>ste artigo, a leitura e a análise lingüística.<br />

Por isso, a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s gêneros discursivos indicada por Bakhtin (1992) é<br />

funda<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> pesquisa, optan<strong>do</strong>-se pelo agrupamento <strong>do</strong>s<br />

gêneros elabora<strong>do</strong> por Dolz e Schneuwly (2004), em função <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio social, da<br />

tipologia e <strong>das</strong> capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> linguagem. De acor<strong>do</strong> com esse agrupamento, os gêneros<br />

po<strong>de</strong>m pertencer à or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> <strong>na</strong>rrar, relatar, argumentar, expor, instruir.<br />

2060


A partir da categorização <strong>do</strong>s gêneros em grupos e <strong>das</strong> características <strong>de</strong> um<br />

gênero (contexto <strong>de</strong> produção/conteú<strong>do</strong> temático, forma composicio<strong>na</strong>l e estilo),<br />

Barbosa (2003) elaborou uma coleção paradidática para o ensino fundamental, elegen<strong>do</strong><br />

como objeto <strong>de</strong> ensino gêneros discursivos <strong>de</strong> algumas or<strong>de</strong>ns (<strong>na</strong>rrar, instruir,<br />

argumentar, relatar). Por sua vez, Perfeito (2006, p. 9) fez uma adaptação <strong>de</strong>ssa proposta<br />

pedagógica para ser utilizada <strong>na</strong> análise <strong>de</strong> varia<strong>do</strong>s gêneros, <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns distintas, no<br />

processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem <strong>de</strong> língua portuguesa:<br />

contexto <strong>de</strong> produção e relação autor/<strong>leitor</strong>/texto:observação<br />

<strong>do</strong> autor/enuncia<strong>do</strong>r, <strong>do</strong> <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>tário, <strong>do</strong> provável objetivo,<strong>do</strong><br />

local e da época <strong>de</strong> publicação e <strong>de</strong> circulação; exploração <strong>das</strong><br />

inferências, <strong>das</strong> críticas, <strong>das</strong> emoções suscita<strong>das</strong> e criação <strong>de</strong><br />

situações-problema, veicula<strong>das</strong> a efeitos <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> texto<br />

etc.<br />

conteú<strong>do</strong> temático: temas que são trata<strong>do</strong>s em textos<br />

pertencentes ao gênero em questão.<br />

organização geral (construção composicio<strong>na</strong>l): a antiga<br />

superestrutura textual, redimensio<strong>na</strong>da.<br />

marcas lingüísticas e enunciativas: características <strong>do</strong> gênero e<br />

<strong>do</strong> autor, o qual veicula seu texto em <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong> gênero<br />

(recursos lingüístico-expressivos mobiliza<strong>do</strong>s).<br />

Consi<strong>de</strong>ramos, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Perfeito (2006), a não dicotomia entre as práticas<br />

<strong>de</strong> leitura e análise lingüística, pois ao se observar em um texto - <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong> gênero<br />

- a relação existente entre suas condições <strong>de</strong> produção e a forma <strong>do</strong> arranjo textual e <strong>das</strong><br />

marcas lingüístico-enunciativas, promove-se o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista essa breve <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> gênero e fundamenta<strong>do</strong>s nos estu<strong>do</strong>s<br />

bakhtinianos, nos <strong>de</strong> Dolz e Schneuwly (2004), e nos <strong>de</strong> Barbosa (2001, 2003),<br />

passamos a a<strong>na</strong>lisar as marcas lingüístico-enunciativas <strong>na</strong>s <strong>carta</strong>s <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> da Revista<br />

Ciência Hoje <strong>das</strong> Crianças.<br />

3. A CARTA DO LEITOR<br />

A <strong>carta</strong> é um gênero discursivo que ao longo da história tem servi<strong>do</strong> <strong>de</strong> meio <strong>de</strong><br />

comunicação para diferentes fins – agra<strong>de</strong>cimento, informações, cobrança, intimação,<br />

notícias familiares, prestação <strong>de</strong> contas, propaganda, solicitação, reclamação etc. Para<br />

Bazerman (2006), este gênero foi cria<strong>do</strong> para mediar a distância entre <strong>do</strong>is indivíduos e<br />

está liga<strong>do</strong> às relações sociais.<br />

De acor<strong>do</strong> com Paiva (2004), a <strong>carta</strong> surgiu <strong>na</strong> Grécia antiga e foi utilizada para<br />

questões militares, administrativas e políticas expandin<strong>do</strong>-se para mensagens<br />

particulares e, aos poucos, para propósitos varia<strong>do</strong>s como religião, <strong>do</strong>cumentação,<br />

petição, manifestação, registro <strong>de</strong> histórias familiares etc.<br />

Devi<strong>do</strong> à di<strong>na</strong>micida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s gêneros discursivos em função <strong>das</strong> necessida<strong>de</strong>s<br />

sócio-culturais <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong>, o gênero <strong>carta</strong> originou outros gêneros - uma<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>carta</strong>s - como a <strong>carta</strong> familiar, a <strong>carta</strong> íntima, a <strong>carta</strong> <strong>de</strong> amor, a <strong>carta</strong><br />

circular, a <strong>carta</strong> propaganda, a <strong>carta</strong> aberta, a <strong>carta</strong> <strong>de</strong> solicitação, a <strong>carta</strong> <strong>de</strong> reclamação,<br />

a <strong>carta</strong> ao <strong>leitor</strong>, a <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong>, <strong>de</strong>ntre outras.<br />

Segun<strong>do</strong> o agrupamento <strong>de</strong> gêneros proposto por Dolz e Schneuwly (2004), a<br />

<strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> pertence ao agrupamento <strong>de</strong> gêneros da or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> argumentar, situan<strong>do</strong>se<br />

<strong>na</strong> esfera <strong>de</strong> comunicação (<strong>do</strong>mínio social) <strong>de</strong> assuntos/temas controversos. É um<br />

2061


gênero <strong>de</strong> texto que circula no contexto jor<strong>na</strong>lístico, em seções específicas <strong>de</strong> <strong>revista</strong>s<br />

(sema<strong>na</strong>is/mensais) e jor<strong>na</strong>is. A estrutura básica da <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Silva<br />

(1997, apud Bezerra, 2002) apresenta seção <strong>de</strong> contato, núcleo da <strong>carta</strong> e a seção <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>spedida. Acrescentamos aqui o título que se caracteriza como uma forma <strong>de</strong><br />

sumarização <strong>do</strong> assunto exposto <strong>na</strong>s <strong>carta</strong>s.<br />

Bezerra (2002) caracteriza a <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> como um texto utiliza<strong>do</strong> em situação<br />

<strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> contato imediato entre remetente e <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>tário que não se conhecem,<br />

aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a diversos propósitos comunicativos como opi<strong>na</strong>r, agra<strong>de</strong>cer, reclamar,<br />

solicitar, elogiar, criticar etc.<br />

Para Costa (2005), a <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> é um termômetro que afere o grau <strong>de</strong><br />

sucesso <strong>do</strong>s artigos publica<strong>do</strong>s nos jor<strong>na</strong>is (ou <strong>revista</strong>s), pois os <strong>leitor</strong>es escrevem<br />

reagin<strong>do</strong>, positiva ou negativamente, ao que leram; além <strong>de</strong> propiciar a interação entre<br />

<strong>leitor</strong> e jor<strong>na</strong>l/<strong>revista</strong>, dan<strong>do</strong> a estes uma idéia <strong>das</strong> expectativas daqueles em relação à<br />

linha editorial. Mas, a autora ressalta que a <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> constitui, sobretu<strong>do</strong>, um<br />

dispositivo eficaz <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> problemas nos quais muitas vezes, pessoas<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m-se <strong>de</strong> serviços mal presta<strong>do</strong>s ameaçan<strong>do</strong> <strong>de</strong>nunciar seus responsáveis ao<br />

“escrever para os jor<strong>na</strong>is”. Assim, a <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> po<strong>de</strong> configurar-se com teor <strong>de</strong><br />

queixa, crítica e/ou <strong>de</strong>núncia.<br />

Às idéias <strong>de</strong> Costa (2005) acrescentamos que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> suporte, a <strong>carta</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>leitor</strong> apresenta outros teores como o estabelecimento <strong>de</strong> contato com outros<br />

<strong>leitor</strong>es, via divulgação <strong>de</strong> clubes, troca <strong>de</strong> correspondência entre <strong>leitor</strong>es etc. Fato<br />

observa<strong>do</strong> <strong>na</strong>s <strong>carta</strong>s <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> da <strong>revista</strong> Ciência Hoje <strong>das</strong> Crianças (<strong>do</strong>ravante CHC).<br />

Esta <strong>revista</strong> é uma publicação <strong>do</strong> Instituto Ciência Hoje (ICH), organização<br />

social <strong>de</strong> interesse público sem fins lucrativos vinculada à Socieda<strong>de</strong> Brasileira para o<br />

Progresso da Ciência (SBPC). O instituto é responsável pelo projeto <strong>de</strong> divulgação<br />

científica da socieda<strong>de</strong>, através <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> publicações como a <strong>revista</strong> Ciência<br />

Hoje, publicada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 1982, a <strong>revista</strong> CHC, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1986, e os livros da série<br />

Ciência Hoje <strong>na</strong> Escola, 1996. A partir <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1997, o Instituto mantém um sítio <strong>de</strong><br />

divulgação científica <strong>na</strong> Internet intitula<strong>do</strong> Ciência Hoje On-line<br />

De acor<strong>do</strong> com as informações obti<strong>das</strong> no sítio <strong>do</strong> ICH, a CHC mostra ao<br />

público infantil que a <strong>ciência</strong> faz parte da vida <strong>de</strong> cada um e po<strong>de</strong> ser muito divertida. A<br />

<strong>revista</strong> apresenta matérias que estimulam a curiosida<strong>de</strong> e a compreensão <strong>do</strong>s fenômenos<br />

<strong>do</strong> dia-a-dia, com a ajuda <strong>de</strong> ilustrações e experiências que po<strong>de</strong>m ser realiza<strong>das</strong> pelas<br />

próprias <strong>crianças</strong>. Para o IHC, a publicação é um importante instrumento em sala <strong>de</strong><br />

aula como fonte <strong>de</strong> pesquisa aos professores e alunos <strong>na</strong> elaboração <strong>de</strong> <strong>de</strong>veres e<br />

projetos escolares.<br />

Nas últimas pági<strong>na</strong>s da <strong>revista</strong> há a seção “Cartas”. Nela os <strong>leitor</strong>es<br />

(especificamente as <strong>crianças</strong>) escrevem <strong>carta</strong>s elogian<strong>do</strong> e opi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> acerca <strong>das</strong> matérias<br />

da <strong>revista</strong>, solicitan<strong>do</strong> reportagens, divulgan<strong>do</strong> seu interesse em manter contato /<br />

correspondência com outros <strong>leitor</strong>es etc. Logo abaixo <strong>das</strong> <strong>carta</strong>s <strong>das</strong> <strong>crianças</strong> há sempre<br />

uma resposta escrita pelos editores da <strong>revista</strong>, conforme exemplos a seguir que serão o<br />

suporte <strong>de</strong> nossas análises:<br />

2062


Carta 1<br />

REVISTA NOTA 1.000<br />

Querida CHC! É a primeira vez que escrevo para dizer que essa <strong>revista</strong> é nota<br />

1.000! Tenho 13 anos e estou cursan<strong>do</strong> a 7ª série. Gostei muito da matéria “A<br />

linguagem <strong>do</strong>s códigos”, publicada <strong>na</strong> CHC 154. Gostaria que vocês publicassem uma<br />

matéria falan<strong>do</strong> sobre correios e como organizar um diário. Seria muito diverti<strong>do</strong><br />

pesquisar os diários <strong>das</strong> a<strong>do</strong>lescentes brasileiras. Quero pedir para toda a galera <strong>do</strong><br />

Brasil que escreva para mim. Com carinho...<br />

Danielli Araújo Monteiro. Rua Principal 170, Tutóia Velha, 65580-000,<br />

Tutóia/MA<br />

Muito bem, Danielli, vamos anotar suas idéias. Quem sabe para as próximas<br />

edições? Abraços!<br />

CHC, 170 – julho <strong>de</strong> 2006, p.29.<br />

Carta 2<br />

LEITORA ANSIOSA<br />

Querida CHC, eu me chamo A<strong>na</strong> Caroli<strong>na</strong> e é um prazer escrever esta peque<strong>na</strong><br />

<strong>carta</strong>. Fico ansiosa esperan<strong>do</strong> a <strong>revista</strong> chegar para ler e ver se a minha <strong>carta</strong> foi<br />

publicada. Quan<strong>do</strong> fico sem <strong>na</strong>da para fazer, vou ler bem rapidinho, pois me distraio<br />

bastante. O artigo que mais gostei foi “Cheirinho bom no ar”, publica<strong>do</strong> <strong>na</strong> CHC 153.<br />

Um abraço para to<strong>do</strong>s da turma e parabéns pela linda <strong>revista</strong>. Tchau!<br />

A<strong>na</strong> Caroli<strong>na</strong> Dias Batista. Contagem/MG.<br />

Veja a sua <strong>carta</strong> publicada, A<strong>na</strong> Caroli<strong>na</strong>! A turma toda está retribuin<strong>do</strong> o abraço.<br />

Carta 3<br />

CHC, 162 – outubro <strong>de</strong> 2005, p.29.<br />

PALEONTÓLOGO<br />

Eu me apresento como um <strong>do</strong>s mais novos <strong>leitor</strong>es. Minha amiga me <strong>de</strong>u uma<br />

assi<strong>na</strong>tura <strong>de</strong> presente <strong>de</strong> Natal. O meu sonho é ser paleontólogo, já li várias matérias<br />

<strong>de</strong> vocês sobre o assunto. Se possível, gostaria que publicassem mais textos sobre<br />

dinossauros e também sobre os museus que existem no Brasil. Man<strong>do</strong> um abraço para<br />

o Rex, a Diná, o Zíper e para to<strong>do</strong> o pessoal da CHC.<br />

Davi Felipe <strong>de</strong> Oliveira. São Paulo/SP<br />

A CHC 128 traz uma matéria sobre a profissão <strong>de</strong> paleontólogo, Davi. Estu<strong>de</strong><br />

bastante. Quem sabe um dia você não escreve um artigo sobre paleontologia para a<br />

CHC! Abraços <strong>do</strong> Rex e <strong>de</strong> toda a turma!<br />

CHC, 162 – outubro <strong>de</strong> 2005, p.29.<br />

2063


Carta 4<br />

POR QUÊ?<br />

Nós, alunos <strong>do</strong> terceiro ano da E.M. Prof. Amilton Suga Gallego, viemos por<br />

meio <strong>de</strong>sta fazer uma pergunta à <strong>revista</strong> Ciência Hoje <strong>das</strong> Crianças. A CHC é ótima,<br />

traz bastante temas interessantes, ensi<strong>na</strong> a proteger a <strong>na</strong>tureza e os animais, então... Por<br />

que a <strong>revista</strong> <strong>de</strong>sperdiça plástico – que leva um tempão para se <strong>de</strong>compor – embalan<strong>do</strong><br />

<strong>revista</strong> por <strong>revista</strong>, se a maioria <strong>das</strong> pessoas joga os saquinhos no lixo?<br />

Bianca <strong>de</strong> Souza Mamed e mais 81 assi<strong>na</strong>turas.<br />

Que bom saber que você e seus amigos, Bianca, usaram os conhecimentos que<br />

têm a respeito <strong>do</strong> meio ambiente para fazer uma crítica construtiva e, assim tentar<br />

evitar qualquer <strong>de</strong>sperdício que possa prejudicar a <strong>na</strong>tureza. A CHC agra<strong>de</strong>ce pelo<br />

alerta e informa que o uso <strong>de</strong> plástico para embalar cada edição da <strong>revista</strong> está sen<strong>do</strong><br />

reavalia<strong>do</strong>.<br />

CHC, 174 – novembro <strong>de</strong> 2006, p.29.<br />

4. ANÁLISE DAS CARTAS<br />

A<strong>na</strong>lisaremos nesta seção as <strong>carta</strong>s <strong>do</strong> <strong>leitor</strong>, previamente selecio<strong>na</strong><strong>das</strong>, escritas<br />

para a <strong>revista</strong> CHC. O público-alvo <strong>de</strong>sta <strong>revista</strong> são <strong>crianças</strong> e nesse senti<strong>do</strong>, a<br />

linguagem e a forma <strong>de</strong> tratamento <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong> divulgação científica são<br />

apropria<strong>das</strong> para o público infantil. As <strong>carta</strong>s publica<strong>das</strong> aparecem <strong>na</strong>s últimas pági<strong>na</strong>s<br />

em seção intitulada “Cartas”. Algumas recebem ilustrações infantis que caracterizam os<br />

assuntos trata<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s <strong>carta</strong>s <strong>do</strong>s <strong>leitor</strong>es.<br />

As <strong>carta</strong>s publica<strong>das</strong> abordam temas que remetem a edições anteriores da <strong>revista</strong><br />

ou a solicitações <strong>de</strong> reportagens. Quase sempre <strong>na</strong> resposta <strong>do</strong>s editores há indicação <strong>de</strong><br />

que o assunto em tela já foi trabalha<strong>do</strong> pela <strong>revista</strong>, com a apresentação <strong>do</strong> número da<br />

publicação em que se <strong>de</strong>u a matéria (A CHC 128 traz uma matéria sobre a profissão <strong>de</strong><br />

paleontólogo, Davi. - <strong>carta</strong> 3). Quan<strong>do</strong> a sugestão ainda não foi uma matéria da <strong>revista</strong><br />

há o comentário <strong>de</strong> que a sugestão <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> po<strong>de</strong>rá tor<strong>na</strong>r-se reportagem em edições<br />

posteriores (Muito bem, Danielli, vamos anotar suas idéias. Quem sabe para as<br />

próximas edições? Abraços! - <strong>carta</strong> 1).<br />

Os exemplos aqui selecio<strong>na</strong><strong>do</strong>s mostram que a escrita da <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> <strong>de</strong>sta<br />

<strong>revista</strong> tem objetivo <strong>de</strong> correspondência e interacio<strong>na</strong>l, o que dá o “tom”, ou seja, o<br />

direcio<strong>na</strong>mento da mensagem ao <strong>de</strong>monstrar práticas <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> <strong>carta</strong>s para aten<strong>de</strong>rem às<br />

necessida<strong>de</strong>s pessoais <strong>de</strong> cada remetente como ver matérias publica<strong>das</strong> (<strong>carta</strong>s 1, 3), ver<br />

seus en<strong>de</strong>reços divulga<strong>do</strong>s para correspondência com outros <strong>leitor</strong>es (<strong>carta</strong>s 1, 2),<br />

criticar algo (<strong>carta</strong> 4) ou elogiar e opi<strong>na</strong>r acerca da <strong>revista</strong> no intuito <strong>de</strong> estabelecer a<br />

interação entre <strong>leitor</strong> e editores. Neste último item, <strong>de</strong>stacamos a menção feita aos<br />

mascotes – Rex, Diná e Zíper – <strong>na</strong> <strong>carta</strong> 3, também como uma maneira <strong>de</strong> interagir com<br />

a <strong>revista</strong>. Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa característica, as <strong>carta</strong>s <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> da <strong>revista</strong> CHC se<br />

assemelham à <strong>carta</strong> pessoal pelo grau <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> entre <strong>leitor</strong> e <strong>revista</strong>, como vimos<br />

nos exemplares aqui selecio<strong>na</strong><strong>do</strong>s.<br />

No que tange à interação, os editores da <strong>revista</strong> CHC não <strong>de</strong>ixam a <strong>de</strong>sejar, pois<br />

respon<strong>de</strong>m as <strong>carta</strong>s publica<strong>das</strong> no próprio espaço da seção. A resposta aparece logo<br />

abaixo da <strong>carta</strong>, em itálico, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> rapidamente ao pedi<strong>do</strong> ou ape<strong>na</strong>s como forma <strong>de</strong><br />

manter a interação, fazen<strong>do</strong> com que um <strong>do</strong>s objetivos da escrita <strong>de</strong> <strong>carta</strong>s seja atingi<strong>do</strong>:<br />

a correspondência. Isso acarreta o efeito <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> aproximação, <strong>de</strong> mostrar ao <strong>leitor</strong><br />

2064


que ele é importante e tem participação <strong>na</strong>s edições da <strong>revista</strong>. As <strong>crianças</strong> (<strong>leitor</strong>es)<br />

po<strong>de</strong>m se sentir valoriza<strong>das</strong> ven<strong>do</strong> suas <strong>carta</strong>s publica<strong>das</strong> e respondi<strong>das</strong>. Para a <strong>revista</strong> é<br />

também uma maneira <strong>de</strong> fazer com que a leitura se concretize a cada mês e assim<br />

mantêm seu público <strong>leitor</strong>, além <strong>de</strong> atrair outros <strong>leitor</strong>es. É importante <strong>de</strong>stacar que,<br />

apesar <strong>de</strong> a <strong>revista</strong> ser a<strong>do</strong>tada pelo MEC e ser distribuída gratuitamente para as escolas<br />

ela é também vendida em bancas e por assi<strong>na</strong>turas e isto po<strong>de</strong> acarretar em uma<br />

estratégia <strong>de</strong> marketing em prol da <strong>revista</strong>.<br />

Uma <strong>das</strong> marcas lingüísticas que garantem a informalida<strong>de</strong>, a aproximação entre<br />

<strong>revista</strong>/<strong>leitor</strong> e a familiarida<strong>de</strong> com a <strong>carta</strong> pessoal é o uso <strong>do</strong> vocativo, verifica<strong>do</strong> tanto<br />

<strong>na</strong>s respostas <strong>do</strong>s editores como <strong>na</strong>s <strong>carta</strong>s <strong>das</strong> <strong>crianças</strong> (Muito bem, Danielli... – <strong>carta</strong><br />

1; Veja a sua <strong>carta</strong> publicada, A<strong>na</strong> Caroli<strong>na</strong>! – <strong>carta</strong> 2; A CHC 128 traz uma matéria<br />

sobre a profissão <strong>de</strong> paleontólogo, Davi – <strong>carta</strong> 3; Que bom saber que você e seus<br />

amigos, Bianca... – <strong>carta</strong> 4). Nas respostas, o vocativo garante a aproximação com o<br />

<strong>leitor</strong>, uma vez que este po<strong>de</strong> se sentir valoriza<strong>do</strong> ao ver sua <strong>carta</strong> publicada com seu<br />

nome escrito <strong>na</strong> <strong>revista</strong> pelos editores. Já <strong>na</strong>s <strong>carta</strong>s <strong>das</strong> <strong>crianças</strong>, o uso <strong>do</strong> vocativo<br />

garante o tom <strong>de</strong> informalida<strong>de</strong>, afetivida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> ser parte <strong>do</strong> arranjo textual <strong>das</strong><br />

<strong>carta</strong>s em geral (Querida CHC... – <strong>carta</strong>s 1 e 2).<br />

A escolha <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> pontuação como as exclamações e as interrogações<br />

também marcam a informalida<strong>de</strong> e a aproximação <strong>na</strong>s <strong>carta</strong>s (...essa <strong>revista</strong> é nota<br />

1.000! – <strong>carta</strong> 1; Tchau! – <strong>carta</strong> 5). Outro recurso lingüístico que <strong>de</strong>nota informalida<strong>de</strong><br />

nestas <strong>carta</strong>s é o uso <strong>de</strong> perío<strong>do</strong>s curtos, simples e menos elabora<strong>do</strong>s, os quais assi<strong>na</strong>lam<br />

a linguagem espontânea <strong>das</strong> <strong>crianças</strong>. As respostas também são escritas apresentan<strong>do</strong><br />

construções menos elabora<strong>das</strong>. Em algumas <strong>carta</strong>s o <strong>leitor</strong> faz uso <strong>do</strong> futuro <strong>do</strong> pretérito<br />

<strong>do</strong> indicativo garantin<strong>do</strong> ao discurso um tom <strong>de</strong> poli<strong>de</strong>z (gostaria que vocês<br />

publicassem uma matéria ... seria muito diverti<strong>do</strong> ... <strong>carta</strong> 1; se possível, gostaria que...<br />

– <strong>carta</strong> 3). Isso – a marca <strong>de</strong> poli<strong>de</strong>z – <strong>de</strong>nota ao discurso a garantia <strong>de</strong> aproximação <strong>na</strong><br />

abordagem ao outro. Estas marcas lingüísticas comprovam a semelhança <strong>de</strong>stas <strong>carta</strong>s<br />

<strong>do</strong> <strong>leitor</strong> com <strong>carta</strong>s pessoais, o que acarreta a este gênero, especificamente neste<br />

suporte, uma característica híbrida.<br />

To<strong>das</strong> as <strong>carta</strong>s são escritas em primeira pessoa. Assim, o remetente se assume<br />

como sujeito <strong>de</strong> seu discurso, como <strong>na</strong>s <strong>carta</strong>s pessoais. As marcas lingüísticas que<br />

caracterizam esse efeito são os pronomes pessoais e as <strong>de</strong>sinências <strong>do</strong>s verbos, além <strong>das</strong><br />

marcas enunciativas presentes <strong>na</strong> escolha lexical que <strong>de</strong>notam a subjetivida<strong>de</strong> afetiva e<br />

avaliativa <strong>do</strong>s remetentes.<br />

É comum o uso <strong>de</strong> processos intensifica<strong>do</strong>res como o uso <strong>do</strong> advérbio <strong>de</strong><br />

intensida<strong>de</strong> muito, bastante (Gostei muito da matéria / Será muito diverti<strong>do</strong> – <strong>carta</strong> 1; a<br />

CHC é ótima, traz bastante temas interessantes – <strong>carta</strong> 4) e processos intensifica<strong>do</strong>res<br />

como a prefixação e sufixação. Na <strong>carta</strong> 2, <strong>de</strong>stacamos o uso da escolha lexical<br />

rapidinho com valor <strong>de</strong> advérbio <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> (Quan<strong>do</strong> fico sem <strong>na</strong>da para fazer, vou ler<br />

bem rapidinho, pois me distraio bastante.). O uso <strong>do</strong> sufixo –inho aqui utiliza<strong>do</strong> não<br />

passa a idéia <strong>de</strong> algo pequeno ou com menos valor, mas, ao contrário, valoriza a<br />

distração da <strong>leitor</strong>a e o prazer da leitura que a <strong>revista</strong> lhe proporcio<strong>na</strong>.<br />

Ao realizarem-se elogios confirma<strong>do</strong>s pelo uso <strong>de</strong> adjetivos e processos<br />

intensifica<strong>do</strong>res, assi<strong>na</strong>lamos que este po<strong>de</strong> ser entendi<strong>do</strong> como uma forma <strong>de</strong> sedução<br />

<strong>do</strong> remetente da <strong>carta</strong> que preten<strong>de</strong> ver seu texto publica<strong>do</strong> <strong>na</strong> <strong>revista</strong>. Mesmo a <strong>carta</strong><br />

que apresenta críticas faz o elogio anteriormente (<strong>carta</strong> 4). Diante disso, inferimos que<br />

esta atitu<strong>de</strong> possivelmente seja uma estratégia por parte <strong>do</strong> remetente para a publicação<br />

2065


<strong>das</strong> <strong>carta</strong>s. Estratégia esta que parece ter se sedimenta<strong>do</strong> neste gênero discursivo da<br />

<strong>revista</strong> CHC.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> Lima (2002), a <strong>revista</strong>, ao selecio<strong>na</strong>r uma <strong>de</strong>ntre as<br />

inúmeras <strong>carta</strong>s envia<strong>das</strong> à redação, dar o título, cortar trechos, enfim, ao fazer a edição<br />

<strong>das</strong> <strong>carta</strong>s, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seus protocolos discursivos, se auto-referencia a partir da fala<br />

<strong>do</strong> <strong>leitor</strong>, crian<strong>do</strong> para si uma imagem positiva.<br />

Também Bezerra (2002, p. 211) lembra que<br />

Por razões <strong>de</strong> espaço físico da seção ou por direcio<strong>na</strong>mento argumentativo<br />

(em prol da <strong>revista</strong>/jor<strong>na</strong>l), po<strong>de</strong>m ser resumi<strong>das</strong>, parafrasea<strong>das</strong> ou ter<br />

informações elimi<strong>na</strong><strong>das</strong>. O que acaba por configurar-se como uma <strong>carta</strong> com<br />

co-autoria: o <strong>leitor</strong>, <strong>de</strong> quem partiu o texto origi<strong>na</strong>l, e o jor<strong>na</strong>lista, que o<br />

reformulou.<br />

Assim, verificamos que o elogio constante <strong>na</strong>s <strong>carta</strong>s po<strong>de</strong> ser um<br />

direcio<strong>na</strong>mento argumentativo em prol da <strong>revista</strong>, já que são edita<strong>das</strong> pela redação. No<br />

espaço que, em tese, seria ape<strong>na</strong>s para a fala <strong>do</strong> <strong>leitor</strong>, a <strong>revista</strong> consegue imprimir sua<br />

presença.<br />

Destacamos a <strong>carta</strong> 4 por apresentar um tom mais formal. Seu objetivo é fazer<br />

críticas, via questio<strong>na</strong>mentos, acerca <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> sacos plásticos como embalagem <strong>das</strong><br />

<strong>revista</strong>s. Notamos que nesta <strong>carta</strong> a afetivida<strong>de</strong> fica mais distante; o texto segue um<br />

mo<strong>de</strong>lo formal, talvez pelo fato <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> escrito no coletivo da sala <strong>de</strong> aula,<br />

possivelmente, com auxílio <strong>do</strong> professor, situação que se manifesta <strong>na</strong> <strong>carta</strong> pelo uso <strong>do</strong><br />

aposto e da expressão “por meio <strong>de</strong>sta”, distancian<strong>do</strong> o locutor afetivamente <strong>do</strong> fato<br />

critica<strong>do</strong>. Mesmo com um tom mais formal, a <strong>carta</strong> é iniciada como as outras que tecem<br />

elogios à <strong>revista</strong>, mas muda o tom <strong>do</strong> discurso com o uso da palavra então seguida <strong>de</strong><br />

reticências para <strong>de</strong>pois fazer a crítica em forma <strong>de</strong> questio<strong>na</strong>mento (...A CHC é ótima,<br />

traz bastante temas interessantes, ensi<strong>na</strong> a proteger a <strong>na</strong>tureza e os animais, então...<br />

Por que a <strong>revista</strong> <strong>de</strong>sperdiça plástico – que leva um tempão para se <strong>de</strong>compor –<br />

embalan<strong>do</strong> <strong>revista</strong> por <strong>revista</strong>, se a maioria <strong>das</strong> pessoas joga os saquinhos no lixo?).<br />

Para esta <strong>carta</strong> a resposta <strong>do</strong>s editores ocupa um espaço maior. Primeiramente, a<br />

<strong>revista</strong> elogia o uso <strong>do</strong>s conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s acerca <strong>do</strong> meio ambiente<br />

(possivelmente por meio da <strong>revista</strong>) para se fazer uma crítica construtiva. Em seguida,<br />

como forma <strong>de</strong> preservação da imagem da <strong>revista</strong>, agra<strong>de</strong>ce o alerta e informa que a<br />

situação será reavaliada. O tom da resposta também é mais formal, diferente <strong>do</strong>s outros<br />

exemplares aqui a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>s (Que bom saber que você e seus amigos, Bianca, usaram os<br />

conhecimentos que têm a respeito <strong>do</strong> meio ambiente para fazer uma crítica construtiva<br />

e, assim tentar evitar qualquer <strong>de</strong>sperdício que possa prejudicar a <strong>na</strong>tureza. A CHC<br />

agra<strong>de</strong>ce pelo alerta e informa que o uso <strong>de</strong> plástico para embalar cada edição da<br />

<strong>revista</strong> está sen<strong>do</strong> reavalia<strong>do</strong>). Assim, <strong>de</strong>stacamos que esta <strong>carta</strong>, difere <strong>das</strong> <strong>de</strong>mais<br />

aqui a<strong>na</strong>lisa<strong>das</strong>, por não apresentar as características da <strong>carta</strong> pessoal.<br />

Ainda <strong>de</strong>stacamos que muitas <strong>carta</strong>s <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> e, especificamente <strong>na</strong>s <strong>carta</strong>s da<br />

<strong>revista</strong> CHC, há a atribuição <strong>de</strong> um título que praticamente é a sumarização <strong>do</strong> assunto<br />

da <strong>carta</strong>. O título não é parte <strong>do</strong> arranjo textual <strong>de</strong> <strong>carta</strong>s em geral, mas é uma<br />

especificida<strong>de</strong> no gênero <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong>. Por meio <strong>do</strong> título, os <strong>leitor</strong>es visualizam<br />

rapidamente o assunto trata<strong>do</strong> <strong>na</strong>s <strong>carta</strong>s a até <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m se farão a leitura ou não.<br />

Conforme dito anteriormente, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Dolz e Schneuwly (2004), a <strong>carta</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>leitor</strong> pertence ao agrupamento <strong>de</strong> gêneros da or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> argumentar, cujo <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong><br />

comunicação social é o da discussão <strong>de</strong> assuntos controversos, visan<strong>do</strong> as capacida<strong>de</strong>s<br />

2066


<strong>de</strong> sustentar, refutar e negociar posições. Contu<strong>do</strong>, no caso específico da <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong><br />

<strong>na</strong> CHC, a nosso ver, a intenção da escrita <strong>das</strong> <strong>carta</strong>s pelos <strong>leitor</strong>es parece ser a <strong>de</strong><br />

interagir e manter correspondência com a <strong>revista</strong> e outros <strong>leitor</strong>es e isso reforça a idéia<br />

<strong>de</strong> aproximação da <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> com a <strong>carta</strong> pessoal, neste suporte, <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s por<br />

nós, no <strong>de</strong>correr da análise.<br />

No geral, vale <strong>de</strong>stacar que a <strong>revista</strong> lança mão da operação <strong>de</strong> autoreferenciação<br />

uma vez que a maioria <strong>das</strong> <strong>carta</strong>s publica<strong>das</strong> <strong>na</strong> seção tecem elogios<br />

mostran<strong>do</strong> o quanto os <strong>leitor</strong>es gostam <strong>das</strong> matérias, <strong>do</strong>s mascotes da <strong>revista</strong> (Rex, Diná<br />

e Zíper), bem como da leitura periódica.<br />

5. SUGESTÕES DIDÁTICAS<br />

Defen<strong>de</strong>mos um ensino <strong>de</strong> Língua Portuguesa que tenha como fio condutor os<br />

gêneros discursivos por enten<strong>de</strong>rmos que o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> língua mater<strong>na</strong> seja a<br />

linguagem. Nesse contexto, os gêneros, por serem construções histórico-sociais, são<br />

perpassa<strong>do</strong>s pela linguagem e elabora<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as condições <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

cada enunciação. Acreditamos que tomar os gêneros como objeto <strong>de</strong> ensino implica <strong>na</strong><br />

transposição didática e assi<strong>na</strong>lamos que neste processo talvez não seja possível explorar<br />

to<strong>do</strong>s os elementos encontra<strong>do</strong>s em uma análise aprofundada <strong>de</strong> um texto. A escolha<br />

<strong>do</strong>s elementos a serem aborda<strong>do</strong>s vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> professor e <strong>do</strong> nível <strong>do</strong>s<br />

alunos.<br />

Diante disso, apresentamos algumas sugestões <strong>de</strong> encaminhamento didático a<br />

serem leva<strong>das</strong> a efeito em uma 4ª série ensino fundamental, relativas ao gênero <strong>carta</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>leitor</strong> que abor<strong>de</strong>m o conteú<strong>do</strong> temático e as condições <strong>de</strong> produção juntamente ao<br />

arranjo textual e às marcas lingüístico-enunciativas, elegen<strong>do</strong> alguns aspectos que<br />

po<strong>de</strong>m ser explora<strong>do</strong>s como marcas enunciativas <strong>na</strong> construção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s textos<br />

a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>s. É importante <strong>de</strong>stacar que o trabalho <strong>de</strong>ve ser direcio<strong>na</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a não<br />

apresentar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scontextualiza<strong>das</strong>, refletin<strong>do</strong> sobre a utilização:<br />

<strong>de</strong> vocativos, <strong>de</strong> exclamações e interrogações, <strong>de</strong> intensifica<strong>do</strong>res (processo <strong>de</strong><br />

prefixação e sufixação), <strong>de</strong> adjetivações, <strong>do</strong> futuro <strong>do</strong> pretérito <strong>do</strong> indicativo<br />

como forma <strong>de</strong> poli<strong>de</strong>z, conferin<strong>do</strong> ao gênero neste suporte, o tom <strong>de</strong><br />

informalida<strong>de</strong> e afetivida<strong>de</strong>. Levar os alunos a refletirem sobre essa opção <strong>de</strong><br />

materialida<strong>de</strong> lingüística como uma atitu<strong>de</strong> estratégica <strong>do</strong> remetente para a<br />

publicação <strong>de</strong> suas <strong>carta</strong>s e a proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> configuração <strong>de</strong>stas <strong>carta</strong>s às <strong>carta</strong>s<br />

pessoais;<br />

<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> auto-referenciação, estratégia <strong>de</strong> edição <strong>das</strong> <strong>carta</strong>s que cria para<br />

a <strong>revista</strong> uma imagem positiva;<br />

<strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo mais formal <strong>na</strong> <strong>carta</strong> 4, característica estilística em função <strong>do</strong><br />

papel social assumi<strong>do</strong> pelo locutor da <strong>carta</strong> e <strong>de</strong> seu objetivo que é criticar.<br />

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Nosso intuito neste artigo foi apresentar como contribuição pedagógica uma<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho gramatical contextualiza<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s/realida<strong>de</strong>s<br />

diagnostica<strong>das</strong> em salas <strong>de</strong> aula. Acreditamos que o ensino <strong>de</strong> língua mater<strong>na</strong><br />

viabiliza<strong>do</strong> <strong>na</strong> proposta <strong>do</strong>s gêneros discursivos privilegia ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura, análise<br />

lingüística e produção <strong>de</strong> textos associa<strong>das</strong> às situações <strong>de</strong> enunciação e relacio<strong>na</strong><strong>das</strong> às<br />

marcas lingüístico-enunciativas <strong>do</strong>s textos.<br />

2067


Pela análise empreendida, concluímos que a <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong> neste suporte<br />

apresenta familiarida<strong>de</strong> com o gênero <strong>carta</strong> pessoal pelo grau <strong>de</strong> aproximação,<br />

informalida<strong>de</strong> e interação entre <strong>leitor</strong> e <strong>revista</strong> - fato i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> por meio <strong>das</strong> marcas<br />

lingüísticas e enunciativas como a construção <strong>de</strong> perío<strong>do</strong>s curtos, simples e menos<br />

elabora<strong>do</strong>s, os quais assi<strong>na</strong>lam a linguagem espontânea <strong>das</strong> <strong>crianças</strong>, escolha lexical que<br />

marca subjetivida<strong>de</strong> afetiva e avaliativa, linguagem informal e uso <strong>de</strong> vocativos. Assim,<br />

a análise revelou que estas <strong>carta</strong>s configuram-se em um gênero discursivo híbri<strong>do</strong>.<br />

Em sala <strong>de</strong> aula, como já foi sugeri<strong>do</strong>, o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas marcas lingüísticoenunciativas<br />

<strong>de</strong>ve ser atrela<strong>do</strong> às condições <strong>de</strong> produção, à temática e ao arranjo textual<br />

<strong>do</strong> gênero discursivo <strong>carta</strong> <strong>do</strong> <strong>leitor</strong>. Além disso, para a formação <strong>de</strong> <strong>leitor</strong>es críticos,<br />

será muito produtivo a reflexão sobre o processo <strong>de</strong> co-autoria <strong>de</strong>ssas <strong>carta</strong>s e a<br />

estratégia <strong>de</strong> auto-referenciação utilizada pela <strong>revista</strong>.<br />

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2069

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