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Revista 2011 - Beija-Flor

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EXPRESSÃO DO SAMBA<br />

O TALENTO É O PASSAPORTE DO ARTISTA<br />

MIRO LOPES<br />

– “Sabe com quem está falando?” É a forma arrogante como as ‘otoridades’ continuam intimidando as pessoas. Enquanto<br />

esse abuso não acaba, é bom que se tenha nome e sobrenome de pai e mãe (afinal, se precisa de dois para fazer um) para<br />

ser identificado.<br />

Essa exigência não vale para um artista de verdade. Para ele ser reconhecido, basta-lhe o talento. Identifica, abre portas<br />

e fronteiras. O sucesso é a assinatura da sua arte. E o passaporte para a fama aqui e lá fora.<br />

Nesse universo pluralista que é o samba, pode-se reconhecer “com quem se está falando” de duas maneiras simples:<br />

pela arte ou pelo codinome – que ofusca a identidade oficial, mas que revela verdadeiros gênios e grandes composições.<br />

Assim, Dominguinhos é do Estácio. Moacyr é o de “Saudades da Guanabara”, considerado o hino oficial do efêmero<br />

Estado. Elza é a “mulata assanhada, que ainda passa com graça fazendo pirraça”. Paulinho Rezende é o inspirado poeta<br />

que perdeu a conta de tanto que compôs. Marcos Moran é o samba de verão, maneiro e com muito balanço. Todos são<br />

facilmente identificados pelo seu talento e pela sua arte.<br />

– Sabe com quem falamos?! Com intérpretes e compositores que são a verdadeira “Expressão do Samba”.<br />

PAULINHO REZENDE<br />

E tudo começa com samba<br />

Paulinho Rezende tem mais de mil músicas gravadas. Além<br />

de sambas, compôs outros gêneros. Depois da gravação<br />

da sua primeira composição – “O Surdo” – que ocupou<br />

durante duas décadas as listas dos mais vendidos, se não<br />

dos mais ouvidos sambas românticos. Na década seguinte,<br />

dominada pelos cantores sertanejos, trabalhou com Daniel,<br />

Chitãozinho e Xororó, Leonardo, entre outros, que<br />

gravaram mais de 20 músicas suas. “De samba, então, eu<br />

perco assim de vista, o tanto que já gravei”, afirma ele.<br />

De origem humilde, o pai era pintor de parede e a mãe<br />

trabalhava com tecelagem numa<br />

fábrica de tecidos, ficou órfão com<br />

apenas 22 dias de nascido. Como o<br />

pai tinha problemas com bebida e<br />

nenhuma condição financeira, sua<br />

avó, que morava em Bom Jesus de<br />

Itaboapana, buscou o ainda menino<br />

para ser criado no interior do<br />

Estado, onde ficou até os 15 anos.<br />

Depois foi estudar em Campo dos<br />

Goytacazes, num colégio interno e<br />

voltou para o Rio de Janeiro. Desde<br />

garoto sonhava em ser cantor e no<br />

colégio aprendeu a tocar piano, violão<br />

e a escrever músicas.<br />

O primeiro grande sucesso foi em 1975 com um samba<br />

gravado pela cantora Alcione, “Amigo que ironia desta<br />

vida/ Você passa na avenida...” De lá até hoje não teve um<br />

ano sequer sem ter uma música de sucesso. Em tempos<br />

que o samba não era admirado pelos jovens, o sucesso<br />

da Alcione foi maravilhoso. Depois disso veio uma série<br />

de outras músicas gravadas por sambistas. Paulinho se<br />

considera um ‘reprecursor’ do samba numa época que o<br />

samba não estava tão bem.<br />

Paulinho prefere trabalhar com parceiros mandando a<br />

melodia para se colocar a letra em<br />

cima, porque acredita que a melodia<br />

chama a letra, vem com a letra implícita<br />

nela.<br />

Mangueirense de coração, a ligação<br />

com o samba e o Carnaval é forte<br />

porque vem do berço. Paulinho gosta<br />

do espetáculo do Carnaval, e mesmo<br />

quando a Mangueira não vem bem na<br />

avenida torce pela vitória daquela que<br />

vier melhor.<br />

Apaixonadíssimo pelo carnaval, Carnaval,<br />

admite que o do Rio de Janeiro<br />

é imbatível porque não existe nada<br />

igual no mundo. “Já tive a opor-<br />

100 <strong>Revista</strong> <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> de Nilópolis www.beija-flor.com.br

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