16.04.2013 Views

Revista 2011 - Beija-Flor

Revista 2011 - Beija-Flor

Revista 2011 - Beija-Flor

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O MISTÉRIO DAS ESCOLAS DE SAMBA<br />

FELIPE FERREIRA<br />

Um mistério parece rondar os primeiros anos das escolas<br />

de samba no Rio de Janeiro, além da famosa discussão sobre<br />

a origem de seu nome. Como explicar o fato de que um<br />

regulamento “oficial” tornando obrigatória a ala de baianas<br />

e proibindo a participação de instrumento de sopro na<br />

bateria tenha sido elaborado e reconhecido pelas próprias<br />

escolas apenas um ano após o primeiro concurso divulgado<br />

oficialmente (aquele organizado em 1932 pelo jornal<br />

Mundo Sportivo que reuniu os grupos recém-formados)?<br />

Qual o sentido de se regulamentar algo que nem bem tinha<br />

nascido? O que haveria por trás deste verdadeiro, e<br />

aparentemente inocente, paradoxo? A possível resposta a<br />

essas questões pode estar no próprio surgimento desses<br />

grupos no final dos anos 20.<br />

Diferentemente das brincadeiras carnavalescos populares,<br />

que formavam o chamado Pequeno Carnaval e<br />

enchiam as ruas do Rio de Janeiro desde<br />

finais do século XIX, as escolas<br />

de samba se organizaram com<br />

formato de desfile e nome<br />

específico num curto<br />

período de tempo. A<br />

confusão que misturava<br />

os grupos<br />

populares<br />

(por muitas<br />

décadas<br />

chamados indistintamente de ranchos, blocos, cordões<br />

ou sociedades) e que persistiu até as primeiras décadas<br />

do século XX contrasta de forma marcante com o súbito<br />

aparecimento do termo “escola de samba” e a determinação<br />

regulamentada de sua organização e composição. Em<br />

suma, as escolas de samba parecem surgir de um processo<br />

“consciente” e de um sentimento de urgência bastante diferentes<br />

daqueles que organizaram lentamente as demais<br />

brincadeiras carnavalescas cariocas.<br />

Estes processos e estes sentimentos são consequências de<br />

certo sentimento de desapontamento com o carnaval popular<br />

manifestado por parte da elite cultural do início do<br />

século XX. Procurando algum tipo de manifestação carnavalesca<br />

que fosse mais simples e popular que os ran-<br />

74 <strong>Revista</strong> <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> de Nilópolis www.beija-flor.com.br

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!