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necessário nos deu uma mesada”.<br />
Em pouco tempo, Victor sentiu vontade<br />
de ter seu próprio ganho, e já<br />
interessado em Carnaval foi trabalhar<br />
no barracão da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> em Nilópolis<br />
como aderecista, e depois como<br />
chefe de chapelaria. Nesse momento<br />
é que Victor considera ter iniciado<br />
realmente seu contato com o Carnaval.<br />
“Não conhecia nada. Nessa época,<br />
aos 16 anos, conheci o Joãozinho<br />
Trinta, o Laíla e o Viriato Ferreira, que<br />
era o grande desenhista. Um dia vi<br />
um desenho dele e fiquei fascinado.<br />
Nunca havia visto um figurino assim<br />
tão pertinho, tão vivo. Comecei,<br />
então, a me exercitar para tentar desenhar,<br />
pelo menos, um pouco próximo<br />
daquela arte do Viriato”, relembra.<br />
Percebendo a vocação de Victor para o desenho, Nelson o<br />
chamou para desenhar com o Joãozinho Trinta.. “Depois<br />
veio o Carnaval do lixo, aí fiz chapéu de baiana, chapéu<br />
de bateria, etc. Eu comecei a entender o que era Carnaval<br />
quando comecei a desenhar na equipe do Joãozinho Trinta,<br />
que tinha o Cid Carvalho, o Luciano, até o Paulo Barros”.<br />
Com o fim da era Joãozinho Trinta e o início de carnavais<br />
mais democráticos e participativos, Victor foi convidado<br />
para participar da Comissão de Carnaval da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> de<br />
Nilópolis, que havia sido criada por Laíla e estava em fase de<br />
implantação, onde permaneceu por pouco tempo, seguindo<br />
seus planos de realizar voos solos. Colaborou, então, na Vai-<br />
Vai e na Águia de Ouro, ambas agremiações de São Paulo.<br />
Hoje, fazendo o caminho de volta, e como bom filho, é novamente<br />
um dos carnavalescos da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> de Nilópolis.<br />
BIRA E A ARTE DE SE RECRIAR<br />
Ubiratan Silva é um performer por excelência. Mais do que<br />
viver do teatro, dirigindo e interpretando, Bira tem o dom<br />
de criar personagens e se recriar quando sua arena é a Passarela<br />
do Samba Professor Darcy Ribeiro. “Na verdade, eu<br />
entrei para o Carnaval por causa do teatro”, acentua Bira,<br />
integrante da comissão de carnavalescos da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> de<br />
Nilópolis desde 1997. “Eu assistia o desfile e via aqueles<br />
figurinos maravilhosos, aqueles cenários maravilhosos,<br />
que são os carros alegóricos, e queria trazer essa qualidade<br />
de execução que o carnaval tem para o teatro. Então eu<br />
queria aprender como se fazia isso”.<br />
Ultrapassando os limites do tablado, Bira mesclou suas<br />
habilidades teatrais com o carnaval, tornando-se o re-<br />
sponsável pelas dramatizações e performances de alas e<br />
alegorias, transformando passistas em “atores do samba”.<br />
Nesse elenco, Bira tem sido o grande destaque individual.<br />
Por serem surpreendentes e intrigantes, suas performances<br />
- numa perfeita comunhão das artes de maquiagem e<br />
interpretação, – são sempre aguardadas com expectativa,<br />
embora nunca se tenha certeza da uma nova atuação nos<br />
desfiles da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> no Sambódromo.<br />
Bira sempre procurou incluir o teatro no Carnaval, a dramatização<br />
de um ponto forte do enredo e para isso preparou<br />
um grupo de passistas que ensaiaram exaustivamente “os<br />
seres de pele azul” para o enredo de “Patu-Anu”. O pessoal<br />
desfilou com o corpo totalmente maquiado: “Começamos<br />
com 30 componentes, e hoje temos cerca de 600 pessoas<br />
transformadas em ‘atores’. Foi exatamente com essa vontade<br />
de inserir o teatro no Carnaval que começaram as minhas<br />
‘performances’ durante o desfile”, conta Bira. Mesmo assim<br />
foi acidentalmente. Em 2004, no Carnaval de “Manôa<br />
Manaus” – Bira não recebeu sua roupa de desfile, e na hora<br />
– “veio assim, uma iluminação artística” – se automaquiou<br />
inteiro de onça. Foi um sucesso. No ano seguinte, maquiado<br />
pelo premiado Marcelo Augusto, que detinha uma nova<br />
técnica, Bira apareceu na “pele de lagarto”. Em 2006, fez<br />
performances especiais para os três ensaios técnicos, maquiado<br />
de zebra, bandeira da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> e, no desfile principal,<br />
de Sol. A última performance de Bira para o Carnaval foi<br />
no desfile sobre Macapá, quando saiu de saco garimpeiro.<br />
Sua intimidade peculiar com a arte da maquiagem artística<br />
fez o diferencial em diversos trabalhos de Bira, dentre eles o<br />
lançamento da TV Sony Bravia - Japão, episódios da “Turma<br />
do Didi” e “Zorra Total”, e suas belíssimas maquiagens corporais,<br />
que ficaram marcadas na história do Carnaval Carioca.<br />
Maquiado de “homem-formiga para a novela “Os Mutantes”<br />
da TV Record, Ubitaran, o performativo, invadiu a televisão.<br />
18 <strong>Revista</strong> <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> de Nilópolis www.beija-flor.com.br