Rosa Yasuko Yamashita - Condições de trabalho no ... - Fundacentro
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CONDIÇÕES DE TRABALHO NO CULTIVO DA MANDIOCA, EM SANTA<br />
MARIA DA SERRA/SP.<br />
<strong>Rosa</strong> <strong>Yasuko</strong> <strong>Yamashita</strong>, FUNDACENTRO/MTE; Ila Maria Corrêa, INSTITUTO<br />
AGRONÔMICO/SAA, Roberto do Valle Giulia<strong>no</strong>, FUNDACENTRO/MTE; Maria<br />
Aparecida Buzzini Moura, FUNDACENTRO/MTE; Eduardo Figueiredo <strong>de</strong> Moraes<br />
Rego, CENTRO DE SAÚDE DE SANTA MARIA DA SERRA.<br />
Palavras-chave: colheita <strong>de</strong> mandioca, segurança; farinha.<br />
1. JUSTIFICATIVA<br />
O Brasil é o maior produtor <strong>de</strong> mandioca <strong>no</strong> continente, (<strong>no</strong> mundo é o continente<br />
africa<strong>no</strong>) e ocupa o segundo lugar <strong>no</strong> mundo, com produção <strong>de</strong> 24 milhões <strong>de</strong> toneladas. O<br />
Estado <strong>de</strong> São Paulo responsável por 984 mil toneladas em 2005 e apesar <strong>de</strong> estar em 7ª<br />
posição <strong>no</strong> ranking da produção, apresenta maior produtivida<strong>de</strong> em área. A mandioca é uma<br />
cultura característica da maioria dos países em <strong>de</strong>senvolvimento e por isso apresenta uma<br />
diversificação dos métodos <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> conforme a região produtora, indo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os sistemas<br />
mais primitivos à <strong>de</strong> média tec<strong>no</strong>logia. Uma das suas vantagens é que ela não apresenta<br />
mo<strong>no</strong>pólios, sendo característica <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s e médios produtores e arrendatários.<br />
O município <strong>de</strong> Santa Maria da Serra foi eleito para o estudo <strong>de</strong> caso, apesar <strong>de</strong> sua<br />
produção não ser tão expressiva, para aten<strong>de</strong>r uma <strong>de</strong>manda local e também por representar<br />
um me<strong>no</strong>r custo para o <strong>de</strong>senvolvimento do projeto. Apesar <strong>de</strong> estar localizada a apenas 170<br />
km da Capital <strong>de</strong> São Paulo, a aplicação <strong>de</strong> seus resultados po<strong>de</strong>rá abranger áreas com<br />
métodos <strong>de</strong> produção semelhantes ou <strong>de</strong> sugerir a adoção <strong>de</strong> práticas bem sucedidas em<br />
locais <strong>de</strong> produção diferenciada.<br />
2. OBJETIVO<br />
Caracterizar as condições <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> <strong>no</strong> cultivo da mandioca <strong>no</strong> Município <strong>de</strong> Santa Maria<br />
da Serra, SP, i<strong>de</strong>ntificando e caracterizando os riscos presentes <strong>no</strong>s diferentes métodos <strong>de</strong><br />
<strong>trabalho</strong>, das máquinas e equipamentos utilizados.<br />
3. METODOLOGIA<br />
O <strong>trabalho</strong> foi realizado mediante observação “in loco” incluindo as várias etapas <strong>de</strong><br />
cultivo como o preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita, carregamento e transporte.<br />
As ativida<strong>de</strong>s foram realizadas em parceria com três empresas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> farinha<br />
<strong>de</strong> mandioca do Município, que também cultivam mandioca, seja em terras próprias ou em<br />
terras arrendadas, ou ainda, por meio <strong>de</strong> parceria com peque<strong>no</strong>s produtores.<br />
Dados adicionais foram coletados, com a colaboração do Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do<br />
Município, pelos registros <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes dos trabalhadores <strong>no</strong> período <strong>de</strong> 2006 a 2007.<br />
4. RESULTADOS<br />
Foram i<strong>de</strong>ntificadas as seguintes etapas na condução do cultivo da mandioca: preparo<br />
do solo, plantio, tratos culturais e colheita (ou arranquio). As observações realizadas mostram<br />
que o preparo do solo e o plantio são mecanizados, usando-se tratores <strong>de</strong> porte médio sem<br />
dispositivos <strong>de</strong> proteção. Os trabalhadores usam luvas, calçados e roupas <strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong>,<br />
que não são a<strong>de</strong>quados às suas tarefas. As formas usuais <strong>de</strong> tratos culturais são por método<br />
químico, manual ou por mecânico com tração animal ou motorizada. A colheita é realizada <strong>de</strong><br />
forma manual precedida <strong>de</strong> uma operação mecanizada para afofar o solo. O arranquio é feito<br />
com uma ferramenta manual e exige bastante esforço do trabalhador, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das<br />
características do solo. A seguir é feita a <strong>de</strong>spinicagem, que por ser me<strong>no</strong>s exigente é<br />
realizada por mulheres. Após <strong>de</strong>spinicadas as raízes são amontoadas e <strong>de</strong>pois são jogadas<br />
manualmente para a caçamba do caminhão, que levam as raízes para a fábrica <strong>de</strong> farinha.<br />
4.1. Preparo do solo: O preparo do solo é realizado <strong>de</strong> forma mecanizada, com uso <strong>de</strong><br />
trator <strong>de</strong> porte médio. As máquinas utilizadas são do do<strong>no</strong> da fábrica <strong>de</strong> farinha e os<br />
operadores são empregados próprios da empresa. Os tratores utilizados apresentam apenas o
toldo <strong>de</strong> proteção solar, sem cabine ou arco <strong>de</strong> segurança. A tomada <strong>de</strong> potência e o eixo<br />
cardam não apresentam proteção. O trabalhador é exposto ao ruído do trator e não utiliza o<br />
protetor auricular. Como a topografia local é suavemente ondulada, não apresenta gran<strong>de</strong> risco<br />
<strong>de</strong> tombamento da máquina, em especial, porque o preparo do solo é feito <strong>de</strong> forma correta,<br />
acompanhando as curvas <strong>de</strong> nível.<br />
4.2 Plantio: A época <strong>de</strong> plantio recomendada para a região é <strong>de</strong> setembro a outubro,<br />
período das águas, porém o período <strong>de</strong> melhor controle <strong>de</strong> invasoras é <strong>de</strong> julho a agosto.<br />
Período <strong>no</strong> qual escolhemos para o acompanhamento <strong>de</strong> campo. Vale ressaltar que <strong>no</strong>s<br />
cultivos industriais <strong>de</strong> mandioca é necessário combinar as épocas <strong>de</strong> plantio com os ciclos dos<br />
cultivares e com as épocas <strong>de</strong> colheita, visando garantir um fornecimento contínuo <strong>de</strong> matériaprima<br />
para o processamento industrial.<br />
O plantio da mandioca na região é semi-mecanizado, com uso <strong>de</strong> trator com o<br />
implemento para plantio engatado <strong>no</strong>s três pontos do trator, mas necessita <strong>de</strong> dois operadores<br />
para alimentar o sistema, além do tratorista. No mercado, há plantadoras com assentos para<br />
quatro operadores, abrangendo quatro linhas <strong>de</strong> plantio.<br />
O sistema faz o sulcamento, o corte das manivas, a sua <strong>de</strong>rrubada sobre o sulco e a<br />
cobertura com o movimento <strong>de</strong> dois discos. O implemento observado é composto por duas<br />
caixas <strong>de</strong> adubação, dois tubos por on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sce a maniva e é cortada em três partes, <strong>de</strong><br />
aproximadamente 20cm cada. O sulco é aberto pelo implemento, a maniva é <strong>de</strong>rrubada sobre<br />
o sulco e <strong>de</strong>pois coberto com o movimento <strong>de</strong> dois discos.<br />
A adubação não é realizada <strong>no</strong> momento do plantio, somente <strong>de</strong>pois que ocorre o<br />
brotamento, para evitar o crescimento excessivo <strong>de</strong> plantas daninhas, conforme informação do<br />
técnico que <strong>no</strong>s acompanhou <strong>no</strong> campo.<br />
Os dois trabalhadores que alimentam a plantadora seguem sentados, porém há<br />
implemento com assento <strong>no</strong>rmal e outros adaptados sobre as caixas <strong>de</strong> adubo, sem encosto.<br />
As manivas são empilhadas na lateral <strong>de</strong> cada operador e à medida que o trator segue a linha,<br />
elas são colocadas uma a uma <strong>no</strong>s tubos que apresentam um sistema para o para corte em<br />
três partes. As manivas caem na horizontal, que é a posição mais a<strong>de</strong>quada para que as raízes<br />
cresçam mais na superfície, <strong>de</strong> forma a facilitar a colheita. O alimentador da plantadora <strong>de</strong>ve<br />
observar quando é necessário colocar a próxima. O trator trabalha a uma velocida<strong>de</strong> controlada<br />
para o espaçamento necessário entre as plantas/h e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material sobre a<br />
plantadora é mais ou me<strong>no</strong>s o suficiente para que a próxima alimentação coincida com o local<br />
on<strong>de</strong> se inicia o <strong>trabalho</strong>, <strong>no</strong> início das linhas, on<strong>de</strong> as manivas estão empilhadas.<br />
Posteriormente, os trabalhadores seguem a pé pelas linhas para coletar as manivas que<br />
ficaram sobre o solo ou para enterrar melhor, aquelas que ficaram <strong>de</strong>scobertas. Em algumas<br />
organizações, há um trabalhador adicional para ir acompanhando as linhas conforme o<br />
<strong>trabalho</strong> é realizado.<br />
O tratorista segue monitorando o <strong>trabalho</strong> executado pelo conjunto trator-implemento e<br />
o <strong>trabalho</strong> que está sendo efetuado pelos trabalhadores, girando seu corpo constantemente<br />
para trás.<br />
Os dois trabalhadores realizam o <strong>trabalho</strong> com tranqüilida<strong>de</strong>, permitindo inclusive<br />
conversa entre ambos. Porém, o assento parece não oferecer segurança, caso haja algum<br />
solavanco da máquina, apesar dos <strong>de</strong>poimentos dos trabalhadores não confirmar esta<br />
hipótese.<br />
Numa das empresas, o grupo <strong>de</strong> plantio era contratado, sendo o tratorista e<br />
responsável pela empreitada da mão-<strong>de</strong>-obra, pois era a pessoa que havia feito o contrato <strong>de</strong><br />
parceria com a fábrica. O terre<strong>no</strong> era arrendado pelo do<strong>no</strong> da fábrica, o trator era <strong>de</strong><br />
proprieda<strong>de</strong> da fábrica. O parceiro conseguia pagar os custos da contratação da mão-<strong>de</strong>-obra,<br />
pois o do<strong>no</strong> da fábrica fazia adiantamentos periódicos.<br />
4.3. Tratos culturais: Após o plantio, na pré-emergência, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do caso, é feito<br />
o controle <strong>de</strong> invasoras por meio <strong>de</strong> herbicidas. Posteriormente, com o <strong>de</strong>correr <strong>de</strong><br />
aproximadamente três meses, em que as mudas já possuem já folhas <strong>de</strong>finitivas, é feita a<br />
primeira capina entre as linhas da plantação para controlar as plantas invasoras. O crescimento<br />
vegetativo da mandioca <strong>no</strong>s primeiros quatro a cinco meses após o plantio é sensível à<br />
concorrência <strong>de</strong> nutrientes e também por tratar-se <strong>de</strong> um período em que é possível fazer a<br />
capina nas entre linhas<br />
O controle químico é feito na pré-emergência, que po<strong>de</strong> ser com uso <strong>de</strong> aplicador<br />
costal ou mecanizado. Uma das formas observadas foi a mecanizada, em que o trator
apresenta cabine <strong>de</strong> proteção na capotagem, mas é aberta, expondo os trabalhadores ao<br />
produto. O trator não possui lugar para um segundo trabalhador, sendo o ajudante do operador<br />
transportado <strong>de</strong> forma ina<strong>de</strong>quada e perigosa. Durante o reabastecimento do tanque <strong>de</strong><br />
herbicida, apesar dos trabalhadores utilizarem máscaras e luvas, <strong>no</strong> momento <strong>de</strong> maior<br />
exposição, não estão protegidos a<strong>de</strong>quadamente.<br />
Alguns produtores tem optado pelo uso da tração animal, por ser me<strong>no</strong>s agressiva e<br />
promover a escarificação do solo, aumentando a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infiltração <strong>de</strong> água e<br />
beneficiando as condições <strong>de</strong> arejamento para o <strong>de</strong>senvolvimento das raízes tuberosas. O<br />
animal arrasta um implemento <strong>de</strong> capina que contém três facas. O trabalhador também <strong>de</strong>ve<br />
ser treinado para conduzir o animal nas entrelinhas, sem danificar a cultura.<br />
O passo para acompanhar o animal é acelerado e o trabalhador <strong>de</strong>ve sempre estar<br />
atento para que o implemento não saia da linha. Ao mesmo tempo em que as facas cortam as<br />
plantas invasoras, o implemento amontoa a terra em direção à base da planta, tarefa<br />
necessária para proteger as raízes que virão.<br />
A jornada inicia-se às 07:00H da manhã e encerra-se às 16:00H. Durante a jornada o<br />
trabalhador pára alguns momentos para que o animal possa <strong>de</strong>scansar e comer um pouco <strong>de</strong><br />
capim e beber água. Nesses momentos o trabalhador pára também para tomar sua água, mas<br />
<strong>no</strong>s horários das refeições – por volta das 10:00H e 13:00H, o trabalhador pega a sua marmita<br />
que trouxe consigo pela manhã e come-o frio. As áreas <strong>de</strong> plantio são pequenas <strong>de</strong> 10 a 20 ha,<br />
não há local para alimentação e nem sanitários. Sentam-se à sombra das árvores, on<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>scansam e se alimentam.<br />
Alguns trabalhadores são oriundos da colheita da cana, preferem trabalhar na<br />
mandioca, por ser me<strong>no</strong>s estafante e o ganho ser melhor. Há trabalhadores <strong>de</strong> toda ida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> jovens <strong>de</strong> <strong>de</strong>zoito a<strong>no</strong>s a adultos <strong>de</strong> trinta a sessenta. Na maioria dos casos, são<br />
trabalhadores que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> crianças trabalham na roça.<br />
A capina manual é feita por grupo <strong>de</strong> trabalhadores e trabalhadoras. Em geral, os<br />
homens caminham com maior velocida<strong>de</strong> e em silêncio. Já as mulheres e os trabalhadores<br />
mais idosos caminham mais lentos e vão conversando durante o trajeto na linha. A capina não<br />
<strong>de</strong>manda muito esforço físico, pois a terra mais are<strong>no</strong>sa facilita a tarefa. Mas a operação é<br />
realizada sob sol e com curvatura constante da coluna.<br />
4.4. Colheita: Antes <strong>de</strong> iniciar a colheita é feita uma poda na cultura, <strong>de</strong>ixando-se uma<br />
altura aproximada <strong>de</strong> 20cm <strong>de</strong> rama, para facilitar o processo <strong>de</strong> colheita. A poda é realizada<br />
<strong>de</strong> forma manual com uso <strong>de</strong> facão ou mecanizada, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
máquina e <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, ou mesmo das características da planta, ser mais ou me<strong>no</strong>s velha.<br />
Em áreas com plantações mais velhas, em que não houve um controle <strong>de</strong> invasoras, e que a<br />
invasora é um tipo <strong>de</strong> gramínea que forma uma gran<strong>de</strong> touceira, é realizada a queima, antes<br />
<strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r a poda do mandiocal para colheita.<br />
A colheita na região estudada é feita <strong>de</strong> forma manual, porém há uma etapa anterior,<br />
<strong>no</strong>s casos em que o solo está mais compactado, que é uma espécie <strong>de</strong> subsolagem, o trator<br />
passa um implemento chamado afofador, nas entre linhas da plantação que tem por objetivo<br />
afofar a terra para facilitar o arranquio manual. Em seguida, os trabalhadores fazem o<br />
arranquio, puxando os galhos para a retirada do conjunto <strong>de</strong> raízes. Há casos em que o<br />
mandiocal é mais velho, utiliza-se um trator com um conjunto <strong>de</strong> implemento que poda as<br />
ramas e afofa a terra para posterior arranquio das raízes.<br />
Quando há necessida<strong>de</strong>, é utilizada uma ferramenta que contém uma ponta <strong>de</strong> um lado<br />
e <strong>de</strong> outro uma enxadinha. A parte pontuda é fincada <strong>no</strong> solo por baixo das raízes e puxada<br />
para cima para soltar as raízes e puxadas pelos galhos e amontoadas em leiras. Em seguida,<br />
um outro trabalhador, vem fazendo a <strong>de</strong>spinicagem.<br />
A <strong>de</strong>spinicagem, por não exigir muita força, <strong>no</strong>rmalmente é uma operação realizada por<br />
mulheres, porém a postura assumida ao longo da jornada <strong>de</strong>ve comprometer a saú<strong>de</strong> da<br />
trabalhadora. A média <strong>de</strong> trabalhadores <strong>no</strong> campo era <strong>de</strong> seis a oito, contando inclusive o<br />
encarregado da mão-<strong>de</strong>-obra, que trabalha na colheita. Ao final da tar<strong>de</strong>, vem o caminhão para<br />
levar as raízes para o galpão da fábrica. Os trabalhadores que realizaram a colheita são os<br />
mesmos que abastecem os caminhões manualmente.<br />
4.5 Relação, jornada, transporte e condições <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>: As proprieda<strong>de</strong>s<br />
visitadas, em sua maioria, eram arrendadas e os trabalhadores eram contratados por terceiros,<br />
que é consi<strong>de</strong>rado o parceiro do produtor <strong>de</strong> farinha, ou em outro caso, eram contratados pela<br />
fábrica. Porém, nenhum <strong>de</strong>les tinha vínculo formal. Todos recebiam por semana, o montante <strong>de</strong>
R$23,00 a R$25,00 por dia. Segundo o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> alguns trabalhadores vindos da colheita<br />
<strong>de</strong> cana, o <strong>trabalho</strong> na cultura da mandioca é mais leve e remunera melhor, além <strong>de</strong> permitir<br />
parada para as refeições e pausas durante ao longo da jornada. A jornada <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> é <strong>de</strong> oito<br />
horas, das sete horas da manhã às <strong>de</strong>zesseis horas.<br />
A faixa etária dos trabalhadores na colheita variava <strong>de</strong> 18 a 25 a<strong>no</strong>s, mas havia<br />
trabalhadores <strong>de</strong> até 75 a<strong>no</strong>s. Os mais jovens, em sua maioria, são habitantes da zona urbana<br />
e <strong>de</strong>senvolvem seu <strong>trabalho</strong> na área rural. Vale <strong>de</strong>stacar que a zona urbana é extremamente<br />
pequena e o <strong>trabalho</strong> é essencialmente agrícola, a não ser as pequenas fábricas <strong>de</strong> farinha<br />
que empregam em media 8 a 10 funcionários, e as <strong>de</strong> serviço, como o peque<strong>no</strong> comércio local,<br />
o centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, hospital, escola e prefeitura.<br />
O transporte é feito em peruas tipo Kombi on<strong>de</strong> são levadas também as ferramentas, água<br />
e alimentação. E em algumas situações, também são carregados produtos químicos. Não há<br />
lugar para higienização e a alimentação é feita à sombra <strong>de</strong> árvores ou da própria perua.<br />
Os trabalhadores não recebem equipamentos <strong>de</strong> proteção individual e nem uniforme<br />
para <strong>de</strong>senvolver o <strong>trabalho</strong>. Alguns vindos da agroindústria canavieira trabalham equipados<br />
com calçados <strong>de</strong> segurança, com perneira, bonés com aba traseira e luvas <strong>de</strong> raspa. Outros<br />
improvisam, utilizando luvas <strong>de</strong> tecido para proteger as mãos e para a proteção da cabeça,<br />
utilizam bonés em sua maioria e alguns utilizam chapéu <strong>de</strong> palha ou couro. As mulheres usam<br />
lenço na cabeça sob o chapéu, blusas <strong>de</strong> mangas compridas e calças compridas sob as saias<br />
para melhor proteção dos raios solares.<br />
5. CONCLUSÕES<br />
Em relação a outras culturas <strong>de</strong> expressão econômica na região, como as culturas <strong>de</strong><br />
cana-<strong>de</strong>-açúcar, laranja e reflorestamento <strong>de</strong> eucalipto, a cultura da mandioca ainda mantém<br />
uma característica <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> e <strong>de</strong> relação <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> mais tranqüila. A maioria dos contratos<br />
<strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> é <strong>de</strong> parceria com os do<strong>no</strong>s das fábricas <strong>de</strong> farinha e outras <strong>de</strong> contrato formal com<br />
as empresas e também <strong>de</strong> contratos <strong>de</strong> diaristas. Os trabalhadores não recebem por produção.<br />
São assalariados ou diaristas que têm <strong>de</strong> cumprir uma jornada <strong>de</strong> 8 horas diárias. Na maioria<br />
das vezes o contratante da mão-<strong>de</strong>-obra (<strong>no</strong> caso do meeiro) trabalha junto com os<br />
empregados na realização das tarefas.<br />
Esta forma <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> induz a uma jornada mais tranqüila e com me<strong>no</strong>r chance <strong>de</strong><br />
ocorrer aci<strong>de</strong>ntes do <strong>trabalho</strong>, apesar do uso <strong>de</strong> ferramentas manuais e máquinas. Entretanto,<br />
é necessária a maior conscientização dos empregadores para oferecer melhores condições <strong>de</strong><br />
<strong>trabalho</strong> e ter uma preocupação maior com as doenças que os trabalhadores po<strong>de</strong>m sofrer <strong>no</strong><br />
futuro, em conseqüência à exposição a agentes <strong>no</strong>civos durante a execução <strong>de</strong> suas tarefas,<br />
bem como, em assumir movimentos e posturas ina<strong>de</strong>quadas durante toda a jornada <strong>de</strong><br />
<strong>trabalho</strong>.<br />
Ainda é rara a consciência <strong>no</strong> meio rural sobre os direitos dos trabalhadores a áreas <strong>de</strong><br />
vivência para suas refeições e <strong>de</strong>scanso, bem como <strong>de</strong> locais para higienização e instalações<br />
sanitárias. Os trabalhadores envolvidos <strong>no</strong> cultivo da mandioca necessitam, portanto, <strong>de</strong> mais<br />
apoio dos empregadores para melhorar suas condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e segurança <strong>no</strong> <strong>trabalho</strong><br />
6. BIBLIOGRÁFICA CONSULTADA<br />
EMBRAPA: Disponível em Acesso em 23/05/2007<br />
Projeto <strong>de</strong> Lei <strong>de</strong> 2002, <strong>de</strong> Elcione Barbalho que <strong>de</strong>termina a adição <strong>de</strong> fécula <strong>de</strong> mandioca à<br />
farinha <strong>de</strong> trigo pura e dá outras providências.<br />
GAMEIRO, A. H. Mandioca: <strong>de</strong> alimento básico à matéria prima industrial.<br />
CEPEA/ESALQ/USP. São Paulo, 2002. Disponível em < http://www.cepea.esalq.usp.br/<br />
mandioca/?id_page=472%20-%2014k>. Acesso em 06/072006.<br />
FUKUDA, S. E OTSUBO. Cultivo da mandioca na região centro sul do Brasil. A.A. Disponível<br />
em . Acesso em 30 /08/2007.<br />
LORENZI, J. O. Mandioca. 1ª ed. Campinas, CATI, 2003. 116p. Boletim Técnico, 245.