16.04.2013 Views

Manoel Bomfim (1868-1932) e a escrita da história do Brasil

Manoel Bomfim (1868-1932) e a escrita da história do Brasil

Manoel Bomfim (1868-1932) e a escrita da história do Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

exemplos <strong>da</strong>s críticas as quais os historia<strong>do</strong>res eram submeti<strong>do</strong>s; <strong>da</strong>s deman<strong>da</strong>s<br />

que os pressionavam e <strong>do</strong>s problemas que deveriam enfrentar. Deve-se levar em<br />

conta que a reflexão desse autor sobre a <strong>história</strong> e a historiografia não se<br />

apresenta como uma teoria <strong>da</strong> <strong>história</strong> ou um projeto historiográfico<br />

meto<strong>do</strong>logicamente guia<strong>do</strong>. Seu texto toca em problemas de ordem epistemológica<br />

e política, formula<strong>do</strong>s a partir de pressupostos científicos, nortea<strong>do</strong>s por noções<br />

extraí<strong>da</strong>s <strong>da</strong> biologia, <strong>da</strong> psicologia, <strong>da</strong> sociologia e <strong>da</strong> <strong>história</strong>, assim como, por<br />

valores morais.<br />

O <strong>Brasil</strong> na História retoma algumas idéias desenvolvi<strong>da</strong>s pelo autor no início<br />

<strong>do</strong> século XX, visan<strong>do</strong> discutir problemas considera<strong>do</strong>s urgentes no <strong>Brasil</strong>, após a<br />

Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Momento em que pre<strong>do</strong>minavam discussões<br />

sobre as formas de inserção <strong>do</strong> país na moderni<strong>da</strong>de, haven<strong>do</strong> uma significativa<br />

deman<strong>da</strong> pela reinterpretação <strong>da</strong> <strong>história</strong> nacional. <strong>Bomfim</strong> discor<strong>da</strong>va <strong>da</strong>s<br />

explicações vigentes sobre o atraso brasileiro. Desde o fim <strong>do</strong> século XIX e ao longo<br />

<strong>da</strong>s primeiras déca<strong>da</strong>s <strong>do</strong> século XX, tais explicações apontavam os determinismos<br />

naturais <strong>do</strong> meio e <strong>da</strong> raça como razões principais <strong>do</strong> atraso. <strong>Bomfim</strong>, no entanto,<br />

seguiu outro caminho ao privilegiar os conteú<strong>do</strong>s históricos. Na concepção deste<br />

“pensa<strong>do</strong>r <strong>da</strong> <strong>história</strong>”, os problemas sociais, os “males” <strong>da</strong> nação brasileira<br />

originaram-se <strong>da</strong>s relações históricas que aqui se desenvolveram e cuja<br />

compreensão só poderia ser alcança<strong>da</strong> pelo conhecimento <strong>da</strong> <strong>história</strong>.<br />

No início <strong>do</strong> século XX, a <strong>história</strong> brasileira apresentava-se “sem cor ou<br />

brilho”. Isso causava grande desconforto, uma vez que a essa disciplina atribuía-se<br />

uma função nobre: a de ensinar aos ci<strong>da</strong>dãos a “cartilha <strong>do</strong> patriotismo”.<br />

Acreditava-se que a <strong>história</strong> deveria fornecer um conjunto coerente de tradições a<br />

serem partilha<strong>da</strong>s e, ao mesmo tempo, promover a ruptura com a tradição colonial,<br />

que, desde o fim <strong>do</strong> século XIX, era considera<strong>da</strong> por alguns como sinônimo de<br />

atraso. A tarefa de reescrever a <strong>história</strong> pátria era vista como imperativa diante de<br />

um quadro que, para muitos, era caracteriza<strong>do</strong> pela falta de patriotismo e, até<br />

mesmo, pela inexistência ou inviabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> própria nação (LUCA, 1999:86-87).<br />

Diante dessa constatação, O <strong>Brasil</strong> na História surge apontan<strong>do</strong> duas razões básicas<br />

para as deficiências <strong>da</strong> <strong>história</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>: a influência <strong>da</strong> sociologia francesa –<br />

especialmente <strong>do</strong> positivismo – e as ações de historia<strong>do</strong>res considera<strong>do</strong>s<br />

antinacionalistas. Apesar de valorizar a contribuição <strong>do</strong>s franceses na luta pelas<br />

liber<strong>da</strong>des políticas; a herança intelectual <strong>do</strong>s enciclopedistas e <strong>da</strong> Revolução de<br />

1789, <strong>Bomfim</strong> observa que a influência <strong>do</strong> pensamento francês no <strong>Brasil</strong> produzira,<br />

14

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!