16.04.2013 Views

Manoel Bomfim (1868-1932) e a escrita da história do Brasil

Manoel Bomfim (1868-1932) e a escrita da história do Brasil

Manoel Bomfim (1868-1932) e a escrita da história do Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

“deturpa<strong>do</strong>r <strong>da</strong> <strong>história</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>”. Segun<strong>do</strong> <strong>Bomfim</strong>, Varnhagen teria contribuí<strong>do</strong><br />

para a construção de um “orto<strong>do</strong>xismo histórico” dedica<strong>do</strong> a “<strong>da</strong>r corpo a tu<strong>do</strong> que<br />

pudesse valer como prestígio para os que exploravam esta pátria”. Varnhagen<br />

aparece como exemplo máximo <strong>do</strong> mau historia<strong>do</strong>r, pois, segun<strong>do</strong> <strong>Bomfim</strong>, não<br />

possuía “capaci<strong>da</strong>de reconstrutora”, “poder evoca<strong>do</strong>r” ou “tom humano” (1930:122<br />

e 132). Em suas páginas e nas de seus segui<strong>do</strong>res, a Insurreição Pernambucana foi<br />

esqueci<strong>da</strong>; a uni<strong>da</strong>de nacional foi confirma<strong>da</strong> como resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> independência<br />

promovi<strong>da</strong> pela monarquia bragantina; e os bandeirantes paulistas foram<br />

difama<strong>do</strong>s.<br />

Outro tipo de historia<strong>do</strong>r que mereceu sua crítica foi aquele que se apoiava<br />

em alega<strong>da</strong>s competências e no peso de uma vasta produção para defender<br />

determina<strong>da</strong>s opiniões desfavoráveis à nação. Por isso ele criticou Oliveira Lima<br />

(1867-1928) – autor de D. João VI (1909) e <strong>da</strong> História <strong>do</strong> reconhecimento <strong>do</strong><br />

Império (1901). Considerou-o um exemplo de historia<strong>do</strong>r que se sentia desobriga<strong>do</strong><br />

<strong>da</strong> tarefa de alcançar a ver<strong>da</strong>de histórica, evitan<strong>do</strong> assumir os interesses por trás<br />

<strong>da</strong> prática historiográfica.<br />

Outro que não lhe escapou foi Euclides <strong>da</strong> Cunha (1866-1909). Mesmo<br />

reconhecen<strong>do</strong> o prestígio intelectual em torno de seu nome e predispon<strong>do</strong>-se a<br />

considerar seus conceitos com atenção, afirmou que ele abusara <strong>do</strong> seu grande e<br />

justo prestígio literário para, a pretexto de resumir os antecedentes <strong>da</strong> República,<br />

recapitular a <strong>história</strong> bragantina até o ponto de relacioná-la com a uni<strong>da</strong>de nacional<br />

brasileira.<br />

Capistrano de Abreu e João Ribeiro representariam exceções dignas de<br />

destaque. Capistrano é considera<strong>do</strong> como “um grande pensamento vota<strong>do</strong> à<br />

<strong>história</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, superior a <strong>do</strong>utrinas e a consagrações”, que “timbra em ser<br />

apenas, um lúci<strong>do</strong> e incansável pesquisa<strong>do</strong>r, a organizar bom material para a<br />

ver<strong>da</strong>deira <strong>história</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>”. Porém, não é poupa<strong>do</strong> <strong>da</strong> observação de que,<br />

embora pudesse ter aceita<strong>do</strong> ser o autor <strong>da</strong> “ver<strong>da</strong>deira <strong>história</strong> nacional”, a<br />

“modéstia e um rigoroso objetivismo o tem afasta<strong>do</strong> de tal tarefa” (1930:137).<br />

Quanto a João Ribeiro (1860-1934), <strong>Bomfim</strong> destaca que preferiu limitar-se à<br />

produção de manuais escolares, sen<strong>do</strong> sua obra <strong>do</strong>ta<strong>da</strong> de boa orientação.<br />

Contu<strong>do</strong>, Ribeiro também não escapa de ser critica<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> acusa<strong>do</strong> de escrever<br />

“páginas exíguas”, que favorecem generalizações e esquematismos, às vezes<br />

utiliza<strong>do</strong>s por aqueles que deturpam a <strong>história</strong> nacional (1930:137).<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!