Gossip Girl - O Início - Só Podia Ser Você - Webnode
Gossip Girl - O Início - Só Podia Ser Você - Webnode
Gossip Girl - O Início - Só Podia Ser Você - Webnode
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
- Tenho que passar rapidinho num lugar - anunciou Vanessa vagamente enquanto<br />
localizava o que procurava. Ela entrou na Lexington Avenue, andou meio quarteirão e<br />
abriu a porta de uma barbearia minúscula.<br />
- Mas o que... - Blair hesitou e a seguiu para dentro. A barbearia tinha cheiro de<br />
aromatizante de ar e cano de descarga de ônibus, e o barbeiro estava usando imensos<br />
sapatos brancos de enfermeiro e um cinto de couro vermelho, como um serial killer que<br />
fazia serão como palhaço. Ele colocou uma coisa que parecia uma toalha de mesa de<br />
poliéster nos ombros de Vanessa e a sentou em uma das duas cadeiras de barbeiro de<br />
couro sintético marrom e puído.<br />
Com relutância, Blair se empoleirou na outra cadeira para esperar. Não havia revistas na<br />
loja, nem mesmo uma Sports lllustrated. <strong>Só</strong> um exemplar de um jornal qualquer<br />
chamado Il Recordo que nem era em inglês. Era melhor que isso fosse rápido.<br />
- Seu cabelo é tão saudável - observou Blair, tentando uma conversa amistosa para não<br />
enlouquecer de tédio. - Estava pensando que você deve cortar a cada poucas semanas<br />
para manter esse visual.<br />
Mas num chiqueiro como esse?<br />
Vanessa ignorou a colega de turma e olhou a parede espelhada com um sorriso<br />
malicioso nos lábios vermelhos e finos. O barbeiro acionou uma alavanca com o pé para<br />
levantar a cadeira e passou as mãos pelo cabelo grosso e preto na altura da cintura.<br />
- <strong>Só</strong> uma aparada, senhorita? Talvez 5 ou 7 centímetros? – perguntou ele educadamente.<br />
Vanessa respirou fundo.<br />
- Na verdade, gostaria que raspasse, por favor - ordenou ela. - Raspe tudo.<br />
Pode repetir, por favor?<br />
Ela pegou o olhar chocado de Blair no espelho. Com as mechas castanhas e luxuriantes<br />
bem-cuidadas, casaco verde de grife, botas de couro cinza-escuro e biquinho rosa com<br />
gloss, Blair parecia completamente deslocada na barbearia mínima e masculina. Até<br />
Vanessa parecia deslocada. Mas não por muito tempo.<br />
O barbeiro assentiu e cortou o ar com a tesoura algumas vezes orno se estivesse louco<br />
para retalhar todo aquele cabelo. Pegou as pontas e se preparou para atacar.<br />
- Pare! - Blair arfou, como se fosse o cabelo dela. - Não pode fazer isso!<br />
Vanessa virou-se na cadeira.<br />
- E por que não? O cabelo é meu.<br />
Corta, corta! Um maço enorme de fios pretos e grossos caiu no piso de linóleo cinza.<br />
Não era mais seu cabelo.<br />
Blair encarou o cabelo, numa pilha desordenada perto da ponta do feio sapato branco do<br />
barbeiro. Ela nem conseguia imaginar cortar todo seu cabelo daquele jeito, em especial<br />
se fosse tão comprido e abundante como o de Vanessa. Parte dele ainda devia ser cabelo<br />
de quando era bebê!<br />
- Devia pelo menos guardar - aconselhou ela, cruzando e descruzando as pernas, pouco<br />
à vontade. - Ou doar para a caridade. <strong>Ser</strong>ena e eu demos mechas ao Kute Kuts da<br />
Madison no quarto ano, e se você tiver pelo menos 10 centímetros de cabelo, eles doam<br />
a uma organização de caridade que faz perucas para crianças com leucemia. Acho que<br />
se chama Braid Aid. É uma causa muito boa.<br />
O sorriso de Vanessa se enrugou no espelho. Doar o cabelo não era má ideia, mas<br />
eliminava parte do choque de raspar a cabeça. A não ser que ela conseguisse que Blair<br />
raspasse a dela também. Mas por que não a turma toda, melhor, toda a escola raspava a<br />
cabeça para essa porra de boa causa? Ela já podia imaginar as manchetes na Page Six do<br />
New York Post: “Altruístas da Constance Billard raspam cabeça por crianças doentes!”<br />
Como se isso um dia fosse acontecer.