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Gossip Girl - O Início - Só Podia Ser Você - Webnode

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ecoou fora da porta. Sua abordagem à comida não era diferente de sua abordagem à<br />

moda: inventiva e completamente apavorante.<br />

Jenny olhou a triste metade de um ovo.<br />

- Mas pai, não está entendendo? Não é mais um ovo à la diable. É só... nojento.<br />

- Aposto que você ainda nem provou. Anda. Prove, prove!<br />

Jenny cheirou o ovo de novo e o atirou na pequena lixeira sob a pia. Colocou a cabeça<br />

novamente na boca vermelha e fechou os olhos.<br />

- Humm. Humm. Caramba. Na verdade, pai, acha que eu podia levar uns desses para a<br />

escola amanhã, para dar a meus professores? Aposto que consigo um A em tudo se eu<br />

disser a eles que tenho de comer isso toda noite no jantar.<br />

- Deixa pra lá - murmurou Rufus antes de se retirar para a cozinha.<br />

Jenny abriu os olhos novamente para colocar mais água quente na banheira e ficou<br />

desanimada ao descobrir que as bolhas já estavam quase completamente evaporadas. Lá<br />

estava ele – seu peito pálido e côncavo com aquelas duas coisinhas rosadas que mais<br />

pareciam olhos de camundongo numa ilustração de Beatrix Potter, do que peitos. Até<br />

Marx, o gato preto e gordo dos Humphrey, tinha peitos maiores do que os dela, e ele era<br />

macho. Talvez ela devesse se acostumar com isso. Estava condenada. Ou talvez não.<br />

Segundo os folhetos que ela recebeu com os suplementos para aumentar os seios que<br />

chegou esta tarde por FedEx da sempeitos.com, no início era possível que ela não<br />

percebesse nada. Então, ela ia se medir e descobriria que aumentou pelo menos um<br />

pouco mais de meio centímetro. Se acontecesse duas vezes por mês, ela seria tamanho<br />

M até a primavera! <strong>Podia</strong> até usar um sutiã normal ou até um biquíni de tamanho de<br />

mulher normal em vez do tamanho infantil.<br />

Ansiosa para medir seu progresso, Jenny saiu da banheira e enrolou no corpo o roupão<br />

rosa-chiclete desnecessariamente grosso de chenile. Andou pelo corredor até seu quarto,<br />

fechou a porta e empurrou a cadeira na direção da porta para travá-la. Depois se abaixou<br />

e puxou de lado a colcha rosa-clara para pegar a caixa de papelão branca embaixo da<br />

cama. Dentro dela havia um imenso frasco de plástico branco com uma ilustração de<br />

uma mulher ruiva com um decote perfeito. Jenny abriu a tampa, colocou dois<br />

suplementos orgânicos na palma da mão e os engoliu a seco. Depois abriu a fita métrica<br />

branca e elegantemente enrolada que veio dentro da caixa ao lado do frasco. Baixando<br />

os ombros do roupão de chenile rosa felpudo e gigante, ela passou a fita pelas costas e<br />

pelos dois olhinhos de camundongo. Teve o cuidado de não apertar demais e reduzir a<br />

chance de um aumento mínimo desde a última vez em que se mediu, que aconteceu esta<br />

manhã.<br />

- Setenta e sete ponto oito - disse ela em voz alta. Ela verificou a fita de novo. Estava<br />

torcida? Não. Setenta e sete ponto oito. Esta manhã ela mediu exatamente 77,5. Ela só<br />

tomou uma dose. <strong>Ser</strong>ia possível que os suplementos já estivessem fazendo efeito? Ela<br />

correu para o armário e pegou uma coisa que a fazia corar de vergonha e culpa cada vez<br />

que tocava nela. O sutiã de Hanro de algodão azul-claro meio que pendia da única fenda<br />

acessível no armário de <strong>Ser</strong>ena quando Jenny precisou colocar o poema de Dan na<br />

véspera. Ela puxou o sutiã e ele caiu. O armário estava trancado, então em vez de<br />

simplesmente deixar o sutiã no chão, Jenny o substituiu pelo poema e enfiou o sutiã na<br />

bolsa. O que mais ela devia fazer, arrastar <strong>Ser</strong>ena da aula de francês e dizer que estava<br />

com seu sutiã? Ela um dia o devolveria.<br />

Talvez.<br />

A etiqueta dizia M. Não era grande demais, nem pequeno demais, simplesmente<br />

perfeito. Jenny o colocou pela cabeça e empurrou os braços pelos buracos. O bojo de<br />

tecido macio e azul ficou tão frouxo que ela parecia uma garotinha brincando de usar as<br />

roupas da mãe. Ainda assim, havia algo de tranquilizador em vestir o sutiã. Talvez, só

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