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(GPR) na detecção de estruturas no âmbito nas Ciências Forenses

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Departamento <strong>de</strong> Física<br />

Utilização do Radar <strong>de</strong> Penetração<br />

<strong>no</strong>s Solos (<strong>GPR</strong>) <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong><br />

<strong>Forenses</strong><br />

Ground Penetrating Radar for Forensic Applications<br />

Vânia Lopes Lourenço<br />

Lic. Física – Departamento <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Évora<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor: Prof. Bento Cal<strong>de</strong>ira ( 1 , 2 )<br />

( 1 ) Centro <strong>de</strong> Geofísica <strong>de</strong> Évora e Departamento <strong>de</strong> Física, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Évora<br />

( 2 ) Departamento <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Évora<br />

Centro Geofísica<br />

<strong>de</strong> Évora


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Para a elaboração <strong>de</strong>ste trabalho agra<strong>de</strong>ço à FCT pela bolsa BII concedida; ao<br />

projecto SISMOD/LISMOT PTDC/CTE-GIN/82704/2006 e ao CGE pelo<br />

acolhimento e cedência do equipamento <strong>de</strong> Georadar; à Socieda<strong>de</strong> Agrícola ZEA pela<br />

disponibilização do campo <strong>de</strong> ensaios e abertura da cova; ao Hospital Veterinário da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Évora pela cedência dos cadáveres dos porcos; ao Professor Bento<br />

Cal<strong>de</strong>ira da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Évora que sempre esteve disponível para ajudar apoiar<br />

neste projecto <strong>de</strong> investigação; aos Professores Mourad Bezzeghoud e José Borges<br />

pelo incentivo, i<strong>de</strong>ias que muito contribuíram para enriquecer o projecto; ao<br />

Engenheiro João P. Rocha por toda ajuda <strong>na</strong> preparação dos ensaios e interpretação<br />

dos dados; aos auxiliares dos laboratórios <strong>de</strong> Física (Sérgio Aranha e Teresa Foito) da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Évora pela ajuda <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> alguns materiais utilizados<br />

laboratorialmente <strong>no</strong> processo da investigação; e a todos aqueles que sempre<br />

estiveram comigo e me apoiaram <strong>no</strong>s bons e maus momentos, conforme o projecto ia<br />

avançando.<br />

- 2 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Índice<br />

INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------- 4<br />

GEORADAR(<strong>GPR</strong>) --- ---------------------------------------------------------------------- 6<br />

FUNDAMENTOS ------------------------------------------------------------------- 6<br />

APLICAÇÕES FORENSE --------------------------------------------------------- 11<br />

SITUAÇÕES ESTUDADAS -------------------------------------------------------------- 13<br />

METODOLOGIA E EQUIPAMENTO------------------------------------------- 13<br />

CARACTERIZAÇÃO DE ENSAIOS ---------------------------------------------14<br />

ENSAIOS LABORATORIAIS------------------------------------------------ 14<br />

ENSAIOS DE CAMPO ------------------------------------------------------ 17<br />

SEPULTURA ---------------------------------------------------------- 19<br />

ARMAS --------------------------------------------------------------- 20<br />

“PISTOLA” ---------------------------------------------------- 20<br />

“BAZUCA” ---------------------------------------------------- 21<br />

TRATAMENTO DE DADOS E A ANÁLISE DOS RESULTADOS --------------22<br />

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------24<br />

BIBLIOGRAFIA -----------------------------------------------------------------------------28<br />

ANEXOS ---------------------------------------------------------------------------------------29<br />

Anexo I ---------------------------------------------------------------------------------30<br />

Anexo II---------------------------------------------------------------------------------31<br />

Anexo III--------------------------------------------------------------------------------34<br />

- 3 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Introdução<br />

A ciência forense surge <strong>na</strong> investigação crimi<strong>na</strong>l especializada com o<br />

objectivo <strong>de</strong> pesquisar indícios que possam conduzir às provas fi<strong>na</strong>is <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

submetidos a exames laboratoriais. A sua aplicação justifica-se porque parte dos<br />

indícios encontrados durante os trabalhos <strong>de</strong> campo não são visíveis a olho nu, e/ou<br />

precisam <strong>de</strong> algum tratamento. [12]<br />

Os crimi<strong>no</strong>sos apresentam esquemas cada vez mais engenhosos <strong>de</strong> fuga à lei e<br />

ao <strong>de</strong>ver cívico, que as <strong>no</strong>vas forças policiais (crimi<strong>na</strong>listas), <strong>de</strong> modo a submetê-los<br />

ao po<strong>de</strong>r judicial, precisam <strong>de</strong> <strong>de</strong>smontar, i<strong>de</strong>alizando <strong>no</strong>vos métodos <strong>de</strong> investigação.<br />

Actualmente, apesar da sofisticação usada <strong>na</strong> camuflagem <strong>de</strong> indícios pelos<br />

crimi<strong>no</strong>sos, as forças policiais, mercê da utilização <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas técnicas <strong>de</strong>senvolvidas,<br />

consegue malograr essas as tentativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>spiste, encontrando indícios, como<br />

contactos estabelecidos, lugares frequentados, objectos manuseados, etc., servindo<br />

estes, após os <strong>de</strong>vidos tratamentos, como provas, utilizadas posteriormente para<br />

provar ou refutar a presença <strong>de</strong> um suspeito. [12]<br />

Um dos campos da investigação forense pren<strong>de</strong>-se com a localização <strong>de</strong><br />

provas ocultadas <strong>no</strong> subsolo on<strong>de</strong> as buscas através <strong>de</strong> escavações são inviáveis por<br />

várias razões (envolverem <strong>estruturas</strong> complexas, risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir evidências,<br />

dimensão das áreas <strong>de</strong> investigação...). A investigação em Geofísica Forense tem por<br />

missão localizar, i<strong>de</strong>ntificar, recolher e catalogar essas provas (físicas) com a<br />

fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as apresentar em tribu<strong>na</strong>l. Qualquer método não invasivo, capaz <strong>de</strong><br />

reduzir o tempo gasto em pesquisas e escavações, que aumente a probabilida<strong>de</strong> da<br />

localização física das provas, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> primordial interesse para a aplicação da lei<br />

<strong>na</strong> comunida<strong>de</strong>. [11]<br />

Um dos métodos que se enquadra nesse campo é o <strong>GPR</strong> (Ground Penetrating<br />

Radar), que ultimamente tem vindo a dar provas da sua eficácia. Este método é<br />

utilizado numa larga gama <strong>de</strong> aplicações, tais como [1]:<br />

• <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção e localização (incluindo profundida<strong>de</strong>) <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong><br />

metal e plástico, condutas, cabos, e outros objectos, sendo capaz <strong>de</strong><br />

- 4 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r a sua orientação, tamanho e forma (por exemplo, barris e<br />

fundações);<br />

• <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> massas rochosas; investigação das <strong>estruturas</strong><br />

<strong>de</strong> solos e sedimentos, distinguindo entre áreas homogéneas e não<br />

homogéneas;<br />

• mapeamento <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong> lagos e leitos <strong>de</strong> rio;<br />

• investigação geológica dos <strong>de</strong>pósitos glaciares;<br />

• localização <strong>de</strong> falhas, juntas, e fissuras <strong>na</strong> rocha consolidada;<br />

• localização <strong>de</strong> lentes <strong>de</strong> argila, cunhas <strong>de</strong> gelo, peque<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong><br />

turfa, etc;<br />

• <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção da profundida<strong>de</strong> da água (tabela do cascalho, areia e<br />

arenito);<br />

• mapeamento do aquífero base;<br />

• <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção da estrutura rochosa em mi<strong>na</strong>s <strong>de</strong> sal a serem<br />

investigadas para utilização como um <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> resíduos;<br />

• <strong><strong>de</strong>tecção</strong> e controlo da contami<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> plumas, a estimativa do teor <strong>de</strong><br />

humida<strong>de</strong> do solo;<br />

• investigações em “permafrost” (congelação permanente, solo abaixo<br />

0º);<br />

• inquéritos <strong>de</strong> glaciologia (por exemplo, mapeamento da espessura do<br />

gelo), i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> mi<strong>na</strong>s terrestres e munições não <strong>de</strong>flagradas<br />

enterradas (UXO);<br />

• análises rodoviárias;<br />

• ensaios e integrida<strong>de</strong> da humida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção;<br />

• ensaios <strong>de</strong> cimento e verificar a localização das barras reforço (<br />

"Varões para betão") <strong>no</strong> mesmo, e localização <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> e objectos<br />

ocultos antes e / ou entre escavações arqueológicas.<br />

Neste trabalho, utilizando a informação disponível sobre todas estas áreas <strong>de</strong><br />

aplicação, procurámos estudar a aplicabilida<strong>de</strong> da técnica <strong>GPR</strong> em situações<br />

semelhantes às encontradas <strong>na</strong> investigação forense. Para isso concebemos e<br />

<strong>de</strong>senvolvemos um conjunto <strong>de</strong> situações experimentais que envolveram o<br />

enterramento <strong>de</strong> artefactos metálicos e cadáveres <strong>de</strong> animais para posterior <strong><strong>de</strong>tecção</strong><br />

por <strong>GPR</strong> mediante diferentes condições <strong>de</strong> terre<strong>no</strong> e das amostras enterradas.<br />

- 5 -


Fundamentos:<br />

Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

GeoRadar (<strong>GPR</strong>)<br />

O <strong>GPR</strong> é actualmente o método geofísico activo mais indicado para análise da<br />

estrutura em superfícies pla<strong>na</strong>s, apresentando excelentes resultados sobre muitas<br />

características/tipos geológicos. Diferencia-se dos <strong>de</strong>mais métodos geofísicos pela<br />

visualização <strong>de</strong>talhada das camadas próximas da superfície, possibilitada pelas ondas<br />

electromagnéticas utilizadas. Outra característica que <strong>de</strong>staca este método geofísico é<br />

a e<strong>no</strong>rme versatilida<strong>de</strong> operacio<strong>na</strong>l (equipamento leve e portátil) que permite a<br />

cobertura <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s áreas num curto intervalo <strong>de</strong> tempo, visualizando <strong>de</strong>sta forma<br />

uma amostragem espacial bastante <strong>de</strong>talhada. [ 4]<br />

A tec<strong>no</strong>logia <strong>GPR</strong> é constituída por um gerador que emite impulsos <strong>de</strong> energia<br />

electromagnética para o subsolo através <strong>de</strong> uma ante<strong>na</strong> transmissora (Tx); esse si<strong>na</strong>l<br />

ao penetrar <strong>no</strong> subsolo sofre refracção, e também reflexão, ao atingir as<br />

<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s presentes <strong>no</strong> meio <strong>de</strong> propagação. A radiação reflectida é <strong>de</strong>pois<br />

captada ao retor<strong>na</strong>r à superfície por uma ante<strong>na</strong> receptora (Rx). Tal como <strong>na</strong> sísmica<br />

<strong>de</strong> reflexão, a informação que se obtém das <strong>estruturas</strong> é obtida da interpretação do<br />

tempo que o si<strong>na</strong>l <strong>de</strong>mora a ser <strong>de</strong>tectado após ter sido reflectido numa interface. [ 4]<br />

- 6 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Figura 1 - Diagrama ilustrando a aquisição <strong>de</strong> dados <strong>GPR</strong><br />

O <strong>GPR</strong> po<strong>de</strong> operar com diversas frequências, a cada uma <strong>de</strong>ssas frequências é<br />

correspondida uma ante<strong>na</strong>. A escolha da ante<strong>na</strong> a utilizar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do objectivo do<br />

levantamento (dimensões e profundida<strong>de</strong> do alvo) assim como das condições<br />

geológicas locais. Si<strong>na</strong>is <strong>de</strong> alta - frequência produzem alta resolução com pouca<br />

penetração, ocorrendo o inverso para si<strong>na</strong>is <strong>de</strong> baixa frequência (tabela 1).<br />

Tabela 1 – Opções <strong>de</strong> Ante<strong>na</strong>s [13]<br />

Frequência Aplicações Profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

penetração<br />

aproximada (m)<br />

2.6 GHz Inspecções em Cimento<br />

0 – 0.30<br />

1.5 / 1.6 GHz Inspecções em Cimento<br />

900 MHz Inspecções em Cimento, I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

vazios, Solos superficiais<br />

400 MHz Engenharia, Meio Ambiente, I<strong>de</strong>ntificação<br />

<strong>de</strong> vazios, Arqueologia<br />

270 MHz Geologia, Engenharia, Meio Ambiente,<br />

Arqueologia<br />

200 MHz Geologia, Engenharia, Mineração, Meio<br />

Ambiente, Arqueologia<br />

100 MHz Geologia, Meio Ambiente, Mineração,<br />

Arqueologia<br />

16 – 80 MHz Geologia<br />

As proprieda<strong>de</strong>s electromagnéticas dos materiais, relacio<strong>na</strong>das com a sua<br />

composição e teor <strong>de</strong> água, controlam tanto a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagação das ondas<br />

electromagnéticas (<strong>de</strong> rádio) como a sua atenuação em materiais. [9]<br />

A velocida<strong>de</strong> das ondas <strong>de</strong> rádio (Vm) em qualquer meio é função da<br />

velocida<strong>de</strong> da luz <strong>no</strong> vazio (c = 0.3 m/ns), da constante dieléctrica relativa (K –<br />

valores tabelados, ver tabela 2), e da permeabilida<strong>de</strong> magnética relativa (µ =1, para<br />

materiais não magnéticos).<br />

Vm = c /{ (K µ/2)[(1+P 2 )+1]} 1/2 (1)<br />

- 7 -<br />

0 – 0.50<br />

0 - 1<br />

0 - 4<br />

0 - 6<br />

0 – 9<br />

0 - 15<br />

0 - 50


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Em que P é o factor <strong>de</strong> perda, <strong>de</strong> tal forma que P = σ/ωε; σ é a condutivida<strong>de</strong>,<br />

ω=2πf on<strong>de</strong> f é a frequência e ε é a permissivida<strong>de</strong> do meio, ε = K ε0, on<strong>de</strong> ε0 é a<br />

permissivida<strong>de</strong> do vazio (8.854 x 10 -12 F/m).<br />

Em materiais <strong>de</strong> perdas baixas, P ≈ 0, a velocida<strong>de</strong> das ondas <strong>de</strong> rádio,<br />

Vm = c / √K. (2)<br />

A aplicabilida<strong>de</strong> dos métodos <strong>de</strong> radar em <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do local <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

permeabilida<strong>de</strong> 1 do terre<strong>no</strong> para permitir a transmissão das ondas electromagnéticas<br />

<strong>de</strong> <strong>GPR</strong>. [9]<br />

1 Permeabilida<strong>de</strong> – Sendo a constante dieléctrica relativa da água elevada (81) relativamente à da rocha<br />

seca, uma peque<strong>na</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água po<strong>de</strong> aumentar a permeabilida<strong>de</strong> da rocha. Ou seja, a<br />

permeabilida<strong>de</strong> é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não receber água.<br />

- 8 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Tabela 2 – Tabela da constante dieléctrica relativa e das velocida<strong>de</strong>s das ondas<br />

electromagnéticas usadas pelo <strong>GPR</strong> para uma gama <strong>de</strong> materiais geológicos e<br />

sintéticos. [9]<br />

Material Const. Diel. Relativa - K Velocida<strong>de</strong> (mm/ns)<br />

Ar 1 300<br />

Água <strong>de</strong> <strong>na</strong>scente 81 33<br />

Água do mar 81 33<br />

Neve Polar 1.4 - 3 194 – 252<br />

Gelo Polar 3 – 3.15 168<br />

Gelo Temperado (Temperate ice) 3.2 167<br />

Gelo Puro 3.2 167<br />

Lago gelado 4 150<br />

Mar gelado (Sea ice) 2.5 – 8 78 – 157<br />

“Permafrost” ( solo abaixo dos 0º) 1 – 8 106 – 300<br />

Areia seca da costa 10 95<br />

Areia (seca) 3 – 6 120 – 170<br />

Areia (molhada) 25 – 30 55 – 60<br />

Sedimentos (molhados) 10 95<br />

Argila (molhada) 8 – 15 86 – 110<br />

Solo argiloso seco 3 173<br />

Pânta<strong>no</strong> 12 86<br />

Terra Agrícola 15 77<br />

Terra Pastoral 13 83<br />

Solo ame<strong>no</strong> 16 75<br />

Granito 5 – 8 106 – 120<br />

Pedra Calcaria 7 – 9 106 – 113<br />

Dolomite 6.8 – 8 106 – 115<br />

Basalto (molhado) 8 106<br />

Xisto (molhado) 7 113<br />

Arenito (molhado) 6 112<br />

Carvão 4 – 5 134 – 150<br />

Quartzo 4.3 145<br />

Cimento 6 – 30 55 – 112<br />

Asfalto 3 – 5 134 – 173<br />

- 9 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

PVC, Poliésteres, Epoxy 3 173<br />

É o contraste do valor da constante dieléctrica entre camadas adjacentes que<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong> a reflexão da radiação electromagnética inci<strong>de</strong>nte. Quanto maior for esse<br />

contraste, maior será a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia electromagnética aí reflectida. [9]<br />

Em gran<strong>de</strong> parte das utilizações <strong>de</strong> <strong>GPR</strong>, e também neste estudo, os dados são<br />

adquiridos mediante uma técnica <strong>de</strong><strong>no</strong>mi<strong>na</strong>da por perfil <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> radar (Radar<br />

reflection profiling), em que uma ou mais ante<strong>na</strong>s <strong>de</strong> radar são <strong>de</strong>slocadas ao longo da<br />

superfície do solo em simultâneo. O equipamento faz leituras dos tempos <strong>de</strong> percurso<br />

até ao reflector, exibidos <strong>no</strong> eixo vertical; a distância percorrida pela ante<strong>na</strong> é<br />

mostrada <strong>no</strong> eixo horizontal. [9]<br />

A rapi<strong>de</strong>z com que o levantamento po<strong>de</strong> ser conduzido permite uma excelente<br />

cobertura espacial, produzindo imagens com maior ou me<strong>no</strong>r resolução (esta<br />

resolução <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> penetração da ante<strong>na</strong>, tabela 1) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da<br />

ante<strong>na</strong> usada. Qualquer objecto <strong>de</strong>tectado <strong>no</strong> perfil surge, <strong>na</strong> representação digital dos<br />

respectivos tempos <strong>de</strong> percurso, sob a forma <strong>de</strong> uma meia hipérbole (a<strong>no</strong>malia).<br />

Figura 2 – Ilustração <strong>de</strong> como se obtém a imagem <strong>de</strong> uma hipérbole<br />

(a<strong>no</strong>malia) quando é feita aquisição <strong>de</strong> dados. [17]<br />

O tempo das reflexões representado numa secção po<strong>de</strong> ser convertido em<br />

profundida<strong>de</strong> se se conhecer a velocida<strong>de</strong> da onda electromagnética <strong>no</strong> meio <strong>de</strong><br />

propagação. Este procedimento para ser feito com um bom ajuste, envolve a aplicação<br />

<strong>de</strong> um algoritmo que se <strong>de</strong><strong>no</strong>mi<strong>na</strong> migração. [4]<br />

- 10 -


Aplicação Forense:<br />

Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

A polícia e os serviços <strong>de</strong> aplicação da lei frequentemente têm necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

realizar pesquisas que envolvem a localização <strong>de</strong> objectos ocultos ou enterrados, tais<br />

como restos huma<strong>no</strong>s (sepulturas clan<strong>de</strong>sti<strong>na</strong>s), armas, e drogas. [2]<br />

A extensão da pesquisa irá <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r os potenciais custos a suportar. Por<br />

exemplo, se a pesquisa é para um único cadáver huma<strong>no</strong> num jardim típico<br />

suburba<strong>no</strong>, vai exigir a investigação numa diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> locais. Um jardim po<strong>de</strong><br />

conter canteiros, relvado, <strong>estruturas</strong> construídas solo com revestimento, pátios,<br />

caminhos, etc. A pesquisa irá exigir que todos estes potenciais escon<strong>de</strong>rijos sejam<br />

investigados. A polícia e os investigadores crimi<strong>na</strong>is dispõem <strong>de</strong> um certo número <strong>de</strong><br />

métodos que po<strong>de</strong>m ser empregues para ajudar a diminuir os sítios a serem escavados;<br />

incluem cães (conhecidos como cães cadáveres), arqueólogos forenses usando outras<br />

técnicas geofísicas e as provas iniciais obtidas. Geralmente são métodos úteis para<br />

usar sobre solos soltos, mas, em superfícies compactas, tal como cimento, são <strong>de</strong><br />

pouca ajuda pois, <strong>na</strong> maioria dos casos, é necessária uma completa escavação. O local<br />

<strong>de</strong>ve ser cuidadosamente escavado, e caso <strong>na</strong>da seja encontrado o jardim tem que ser<br />

reposto. [2]<br />

O <strong>GPR</strong> é um meio para a realização rápida das investigações <strong>de</strong> subsolo<br />

através <strong>de</strong> um método não <strong>de</strong>strutivo, que po<strong>de</strong> aliviar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar<br />

extensas e dispendiosas escavações. Em mãos experientes, o <strong>GPR</strong> po<strong>de</strong> ser usado para<br />

pesquisar e localizar os objectos típicos procurados pelos investigadores forenses. [2]<br />

Contrariamente à maioria das utilizações em que o <strong>GPR</strong> é aplicado, on<strong>de</strong> as<br />

assi<strong>na</strong>turas do radar são bem <strong>de</strong>finidas, sob a forma <strong>de</strong> hipérboles como atrás foi<br />

referido, as assi<strong>na</strong>turas do radar em alvos forenses são variadas, <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong><br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cenários e objectivos, que nunca são os mesmos. No entanto, um<br />

operador com experiência irá acostumar-se aos padrões gerais <strong>de</strong>ntro das imagens do<br />

radar.[2]<br />

No caso da utilização para procura <strong>de</strong> cadáveres <strong>de</strong>ve ser salientado que o<br />

<strong>GPR</strong> não po<strong>de</strong> fornecer uma imagem nítida do corpo (cadáver). É comum ouvir-se e<br />

ler-se <strong>no</strong>s meios <strong>de</strong> comunicação social, quando se referem a utilização do <strong>GPR</strong><br />

<strong>na</strong>lguma investigação forense, <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> imagens maravilhosamente nítidas <strong>de</strong><br />

restos ósseos "a sorrir" ao operador. Isto é um disparate. O <strong>GPR</strong> é simplesmente mais<br />

- 11 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

uma ferramenta, que exige cuidado e utilização qualificada. No entanto, po<strong>de</strong> ser uma<br />

forma muito útil e rentável para pesquisar locais, reduzindo as escavações<br />

<strong>de</strong>snecessárias. [2]<br />

- 12 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Metodologia e equipamento:<br />

Situações Estudadas<br />

Com este trabalho, preten<strong>de</strong>-se estudar as potencialida<strong>de</strong>s do <strong>GPR</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong><br />

da investigação forense, mais concretamente <strong>na</strong> procura <strong>de</strong> cadáveres e armas.<br />

Aten<strong>de</strong>ndo à reduzida base <strong>de</strong> conhecimento que <strong>de</strong>tínhamos sobre a técnica <strong>no</strong><br />

princípio do projecto, foi necessário <strong>de</strong>senvolver uma metodologia que contemplasse<br />

essa falha. Assim, a fase inicial foi <strong>de</strong>lineada <strong>de</strong> forma a permitir ganhar experiência<br />

<strong>na</strong> utilização do método geofísico <strong>GPR</strong>, tanto a nível das técnicas <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong><br />

dados, como <strong>de</strong> leitura e tratamento <strong>de</strong>sses dados para obtenção <strong>de</strong> resultados úteis <strong>no</strong><br />

<strong>âmbito</strong> da investigação forense. Por fim planearam-se e <strong>de</strong>senvolveram-se um<br />

conjunto <strong>de</strong> ensaios com situações próximas da realida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> o conhecimento<br />

adquirido foi aplicado para produzir resultados.<br />

O equipamento usado foi um sistema <strong>GPR</strong>, SIR System-3000 (equipamento da<br />

GSSI), com as ante<strong>na</strong>s assi<strong>na</strong>ladas <strong>na</strong> tabela 3, tudo disponibilizado pelo Centro <strong>de</strong><br />

Geofísica <strong>de</strong> Évora (CGE). O tratamento dos dados foi feito com a utilização do<br />

software RADAN 6.5.<br />

Tabela 3 – Ante<strong>na</strong>s adquiridas pelo CGE. (Só foram usadas as duas primeiras ante<strong>na</strong>s<br />

<strong>na</strong> investigação)<br />

Mo<strong>de</strong>lo Série Frequência Profundida<strong>de</strong><br />

- 13 -<br />

(aproximadamente)<br />

Aplicações<br />

5100 1573 1,5/1,6 GHz 0,5 m Inspecções em Cimento<br />

5103 A 0373 400 MHz 4 m Engenharia, meio<br />

ambiente,<br />

I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> vazios,<br />

arqueologia<br />

5106 A 0102 200 MHz 7 m Geologia, ambiente,<br />

mineração


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Assim, para conhecer o aparelho e ganhar experiência <strong>na</strong> aquisição dos dados,<br />

foram planeados e realizados dois conjuntos <strong>de</strong> ensaios:<br />

1) Laboratoriais - on<strong>de</strong> se procurou criar um meio experimental i<strong>de</strong>al<br />

e <strong>de</strong> fácil manuseamento;<br />

2) Campo - on<strong>de</strong> foram criadas situações semelhantes às encontradas<br />

<strong>na</strong> prática forense.<br />

Caracterização dos ensaios:<br />

Ensaios Laboratoriais<br />

Os ensaios laboratoriais foram feitos sobre uma estrutura <strong>de</strong> areia da praia,<br />

<strong>de</strong>positada <strong>no</strong> interior <strong>de</strong> uma caixa acrílica transparente com aproximadamente 45cm<br />

<strong>de</strong> comprimento, 25cm <strong>de</strong> largura e 25cm <strong>de</strong> altura. No interior da estrutura <strong>de</strong> areia<br />

foi enterrado um cilindro metálico com cerca <strong>de</strong> 5cm <strong>de</strong> diâmetro e massa <strong>de</strong> 1Kg.<br />

Devido às reduzidas dimensões da caixa e à baixa profundida<strong>de</strong> a que o cilindro po<strong>de</strong><br />

ser enterrado, optámos por utilizar a ante<strong>na</strong> <strong>de</strong> 1.5/1.6 GHz (ver figura 3).<br />

a) b) c)<br />

Figura 3 – Experiência laboratorial. a) Cilindro utilizado, b) caixa <strong>de</strong> acrílico com<br />

cilindro metálico enterrado, c) Pa<strong>no</strong>râmica <strong>de</strong> todo o método experimental.<br />

- 14 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

As figuras 3.b e 4 mostram a estrutura criada e o cilindro utilizado. A figura<br />

5.a mostra uma fotografia do ecrã do <strong>GPR</strong> <strong>no</strong> momento da aquisição <strong>de</strong> dados sobre a<br />

estrutura <strong>de</strong>scrita, com o cilindro enterrado a 7cm da superfície, conforme mostrado<br />

<strong>na</strong>s figuras 3 e 4. É uma imagem obtida sem qualquer tratamento. A figura 5.b<br />

correspon<strong>de</strong> a uma imagem obtida com os mesmos dados mas tratados com o<br />

software RADAN 6.5. Como se po<strong>de</strong> observar, esta imagem embora ainda com um<br />

tratamento incompleto que consistiu em aplicar <strong>de</strong>convolução e uma boa escolha <strong>de</strong><br />

cores <strong>de</strong> contraste bem como alteração do ganho, permite já o reconhecimento com<br />

uma boa formação do objecto escondido. As imagens “fantasma” do cilindro que se<br />

encontram <strong>no</strong>s níveis inferiores da figura correspon<strong>de</strong>m a interferências que po<strong>de</strong>m<br />

ser elimi<strong>na</strong>das com a aplicação dos filtros a<strong>de</strong>quados.<br />

a) b)<br />

Figura 4 – Fazendo aquisição <strong>de</strong> dados<br />

<strong>no</strong> laboratório<br />

Figura 5 – a) Dados <strong>no</strong> <strong>GPR</strong> em bruto, b) Dados tratados em RADAN da imagem a).<br />

- 15 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Foram ensaiadas múltiplas configurações do equipamento tendo em vista a<br />

obtenção da aquisição <strong>de</strong> dados com melhor informação, e conhecer a melhor resposta<br />

que este oferecia (figura 2 e 5). Para testar a <strong>de</strong>pendência do teor em água,<br />

começamos por usar a areia molhada da praia, e à medida que o tempo passava e a<br />

areia ia secando, a<strong>na</strong>lisarmos as alterações das leituras. Quando a areia se encontra<br />

molhada a imagem apresenta um nível <strong>de</strong> perturbação muito superior que <strong>na</strong>s<br />

situações ensaiadas com areia seca. Estas perturbações que se manifestam pela<br />

existência <strong>de</strong> um alargamento das zo<strong>na</strong>s <strong>de</strong> contraste tor<strong>na</strong> essas zo<strong>na</strong>s algo<br />

in<strong>de</strong>finidas. Quanto mais seca a areia está, se bem que o contraste seja me<strong>no</strong>r, há uma<br />

melhor <strong>de</strong>finição dos contor<strong>no</strong>s do objecto e consequentemente uma melhor<br />

correspondência entre a posição real do objecto e a posição revelada pela imagem.<br />

Estas diferenças <strong>de</strong>vem-se às alterações da constante dieléctrica produzidas em função<br />

<strong>no</strong> teor <strong>de</strong> água <strong>na</strong> areia.<br />

a) b) c)<br />

Figura 6 – a) garrafas que foram enterradas <strong>no</strong> aquário, para estudo da aquisição <strong>de</strong><br />

dados em diferentes meios; b) aquário com garrafa enterrada e areia da costa seca; c)<br />

aquário com a areia molhada.<br />

A gran<strong>de</strong> importância da constante dieléctrica <strong>de</strong>ve-se ao facto <strong>de</strong> ela ser um<br />

parâmetro que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong> o cálculo das profundida<strong>de</strong>s a que se encontram os<br />

reflectores, neste caso o <strong>no</strong>sso objecto. Por isso inicialmente quando enterramos o<br />

objecto fazemo-lo <strong>de</strong> forma a conhecermos com precisão a sua posição (colocamo-lo<br />

junto do vidro para que possamos medir a profundida<strong>de</strong>). Como o aquário estava em<br />

cima <strong>de</strong> uma mesa fomos arranjar um <strong>no</strong>vo objecto que inicialmente passávamos por<br />

<strong>de</strong>baixo do aquário a fim <strong>de</strong> conseguirmos ter uma leitura <strong>no</strong> aparelho e ficarmos a<br />

conhecer o limite inferior do aquário <strong>na</strong> imagem obtida. As perturbações apresentadas<br />

por baixo do cilindro que a figura 5 mostra <strong>de</strong>vem-se ao ar. Assim sabendo a leitura<br />

- 16 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

após o termi<strong>no</strong> do aquário e a profundida<strong>de</strong> do objecto, pela tabela 2 que <strong>no</strong>s oferece<br />

os valores aproximados da constante dieléctrica fomos então alterar estes valores até<br />

conseguirmos um bom ajuste entre a profundida<strong>de</strong> medida com o <strong>GPR</strong> e o valor real a<br />

que o reflector se encontra. Uma constante dieléctrica i<strong>na</strong><strong>de</strong>quada <strong>de</strong>volve medidas<br />

erradas para as profundida<strong>de</strong>s dos objectos.<br />

Como adiante se irá a<strong>na</strong>lisar em mais porme<strong>no</strong>r, as imagens dos ensaios <strong>de</strong><br />

campo levantaram dúvidas relativas ao surgimento <strong>de</strong> manchas que sugeriam a<br />

existência <strong>de</strong> líquidos (ver figura AIII.5, perfil 2, anexo III). Para investigar esta<br />

hipótese resolveu-se levar a cabo mais um conjunto <strong>de</strong> ensaios laboratoriais, <strong>de</strong>sta vez<br />

usando amostras que envolvem a presença ou ausência <strong>de</strong> água. Assim, foram<br />

enterradas garrafas <strong>de</strong> plástico, que alter<strong>na</strong>damente foram cheias <strong>de</strong> água, gelo e ar,<br />

materiais <strong>de</strong> constante dieléctrica diferente (consultar tabela 2). Os resultados <strong>de</strong>stes<br />

ensaios (ver figura AI.1, anexo I) levaram-<strong>no</strong>s a concluir que a a<strong>no</strong>malia verificada<br />

<strong>no</strong>s ensaios <strong>de</strong> campo se <strong>de</strong>via a uma concentração <strong>de</strong> fluidos, provavelmente<br />

libertados da <strong>de</strong>composição dos animais e que <strong>de</strong>vido à impermeabilização própria do<br />

terre<strong>no</strong> estes fluidos se tenham acumulado <strong>na</strong>quele local.<br />

Ensaios <strong>de</strong> Campo<br />

Depois dos ensaios <strong>de</strong> laboratório, on<strong>de</strong> tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trei<strong>na</strong>r a<br />

utilização da técnica <strong>de</strong> aquisição e tratamento <strong>de</strong> dados assim como ganhar<br />

sensibilida<strong>de</strong> à configuração do aparelho <strong>na</strong>s diversas condições <strong>de</strong> operação,<br />

começamos então com a investigação <strong>de</strong> campo, a investigação forense propriamente<br />

dita, para localização <strong>de</strong> cadáveres e <strong>de</strong> armas.<br />

Para testar a sua utilização com cadáveres em diferentes fases <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>composição, <strong>de</strong>cidimos usar dois cadáveres <strong>de</strong> porco. A razão <strong>de</strong>sta escolha resi<strong>de</strong><br />

<strong>no</strong> facto da constituição dos seus tecidos biológicos <strong>de</strong> superfície ter um<br />

comportamento bastante similar ao do corpo huma<strong>no</strong> [10]. Também foram preparadas<br />

situações que simulam armas enterradas. Tanto num caso como <strong>no</strong> outro o local <strong>de</strong><br />

estudo foi a Herda<strong>de</strong> da Mitra, pertencente á Universida<strong>de</strong> Évora (figura 7), em<br />

terre<strong>no</strong> i<strong>de</strong>ntificado pela geologia com a <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> granito alterado.<br />

- 17 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Figura 7 – Na esquerda: mapa <strong>de</strong> satélite do campo experimental [Google Earth,<br />

2008]; <strong>na</strong> direita: mapeamento da distribuição dos objectos enterrados <strong>no</strong> terre<strong>no</strong>.<br />

A primeira fase <strong>de</strong>ste trabalho <strong>de</strong> campo correspon<strong>de</strong>u ao reconhecimento do<br />

terre<strong>no</strong>, à escolha do sítio e sua marcação para escavação (figuras 8). Após a escolha<br />

foi feita uma primeira leitura com <strong>GPR</strong> <strong>no</strong> local escolhido para o enterramento dos<br />

porcos. Seguidamente, uma retroescavadora abriu a cova com uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

1,30m.<br />

a) b) c)<br />

Figura 8 – Marcação do terre<strong>no</strong>: a) Colocação <strong>de</strong> estacas, b) Medição do sitio das<br />

estacas (arma), c) <strong>de</strong>marcação do sitio dos porcos (sus domesticus). Ponto <strong>de</strong><br />

referência a árvore.<br />

Dias mais tar<strong>de</strong> foram enterrados os porcos, cedidos pelo hospital veterinário após<br />

experiencias <strong>de</strong> laparoscopia <strong>na</strong> sequência das quais os animais tiveram que ser<br />

abatidos.<br />

Uma vez que a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,30m a que a cova foi aberta era <strong>de</strong>masiada<br />

tendo em vista um cenário <strong>de</strong> sepultura clan<strong>de</strong>sti<strong>na</strong>, colocámos alguma terra antes <strong>de</strong><br />

- 18 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

enterrar os porcos, ficando assim com uma profundida<strong>de</strong> aproximada <strong>de</strong> 1,15m à qual<br />

os enterramos (figura 9). Para a aquisição <strong>de</strong> dados nesta experiência foi seleccio<strong>na</strong>da<br />

a ante<strong>na</strong> <strong>de</strong> 400MHz, <strong>de</strong>vido a ter como alcance padrão máximo <strong>de</strong> 4m (Tabela 3) e<br />

ser a que <strong>no</strong>s dá garantia <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> melhores imagens face às condições<br />

experimentais: alcance pretendido e dimensão dos objectos em análise.<br />

No caso dos porcos foi <strong>de</strong>finido um programa <strong>de</strong> leituras <strong>no</strong>s mesmos perfis,<br />

durante as 12 sema<strong>na</strong>s após o enterramento, para acompanhar a evolução da imagem<br />

<strong>GPR</strong> durante a <strong>de</strong>composição (ver Anexo II -ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong> <strong>de</strong> campo), este tempo foi<br />

<strong>de</strong>cidido <strong>de</strong>vido a um estudo já efectuado anteriormente pela Electrical Resistivity<br />

Tomography (ERT) para po<strong>de</strong>rmos fazer algumas comparações mais tar<strong>de</strong> sobre os<br />

resultados obtidos por ambos os métodos [16]. Para garantir que as leituras fossem<br />

feitas exactamente <strong>no</strong>s mesmos perfis, foi fixada uma alcatifa sobre as sepulturas,<br />

on<strong>de</strong> previamente foi impressa uma matriz (Figura 9.f).<br />

- Sepultura:<br />

a) b) c)<br />

d) e) f)<br />

Figura 9 - Imagens captadas <strong>no</strong> dia do enterramento dos porcos. a) Cova aberta, b)<br />

enterramento do primeiro porco (+/- 1,15m), c) enterramento do segundo porco (+/-<br />

0.80m), d) enchimento fi<strong>na</strong>l da cova, e) localização da sepultura, logo após a<br />

- 19 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

cobertura da cova, e f) tapete grelha com quadriculas <strong>de</strong> 0.50m sobre a sepultura.<br />

Medições <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> feita <strong>na</strong> base do terre<strong>no</strong>.<br />

- Armas:
<br />

Para levar a efeito estes ensaios com objectos com potencial para produzirem<br />

assi<strong>na</strong>turas <strong>no</strong> <strong>GPR</strong> semelhantes a armas, montámos por simples aproximação dos<br />

objectos metálicos cedidos <strong>na</strong> ofici<strong>na</strong> duas <strong>estruturas</strong> metálicas, uma com a forma e<br />

dimensões próximas <strong>de</strong> uma pistola, que <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>remos por “pistola” 3 (figura 10.a) e<br />

outra maior com uma forma que faz lembrar um lança morteiros, que <strong>de</strong><strong>no</strong>minámos<br />

por “bazuca” 3 (figura 11.a). Para implementar estes ensaios foram abertas cavida<strong>de</strong>s<br />

<strong>no</strong> solo com aproximadamente 30cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> foram <strong>de</strong>positados os<br />

referidos artefactos (Figuras 10 e 11), sendo posteriormente cobertos com terra. As<br />

ante<strong>na</strong>s usadas foram as <strong>de</strong> 400MHz e a <strong>de</strong> 1.5/1.6 GHz. A <strong>de</strong> 400MHz foi usada para<br />

a<strong>na</strong>lisar se com esta ante<strong>na</strong> se conseguiria resolução para os objectos usados, isto é, se<br />

seria possível registar <strong>na</strong> aquisição uma hipérbole bem <strong>de</strong>marcada relativa à presença<br />

dos objectos. A ante<strong>na</strong> <strong>de</strong> 1.5/1.6 GHz foi usada <strong>de</strong>vido aos objectos se encontrarem a<br />

um profundida<strong>de</strong> compatível com esta ante<strong>na</strong>, e para posteriormente se po<strong>de</strong>rem<br />

comparar as imagens produzidas com a utilização das duas ante<strong>na</strong>s. [Ver as figuras do<br />

anexo III, correspon<strong>de</strong>ntes às armas].<br />


 
 .
“Pistola”<br />

a) b) c)<br />

Figura 10 - Imagem da exposição dos materiais que simulam uma arma. a) Tamanho<br />

da arma e indicação numérica dos diferentes materiais, b) profundida<strong>de</strong> a que a arma<br />

foi enterrada (base da cavida<strong>de</strong>), c) comparação do tamanho da arma com a do<br />

martelo.<br />

- 20 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />


<br />

3<br />

Pistola e Bazuca 
 - Nomes estipulados pelo autor (Vânia Lourenço) para que durante o relatório<br />

se possa enten<strong>de</strong>r melhor a que arma propriamente se está a <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>r.<br />

.
 “Bazuca”<br />


<br />

a) b) c)<br />

Figura 11 – Imagem <strong>de</strong> simulação <strong>de</strong> uma outra arma. a) Tamanho da arma, b)<br />

profundida<strong>de</strong> a que a arma foi enterrada (base da cavida<strong>de</strong>), c) enterramento da arma.<br />

- 21 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Tratamento <strong>de</strong> dados e a análise dos resultados<br />

Para a<strong>na</strong>lisar os dados adquiridos com o <strong>GPR</strong>, foi utilizado o software RADAN 6.5.<br />

Após a leitura dos dados comecei por procurar o sistema <strong>de</strong> cores mais favorável à<br />

interpretação das imagens produzidas; a etapa seguinte consistiu em aplicar uma<br />

<strong>de</strong>convolução (filtro). Para potenciar a imagem utilizei um “stacking” 2<br />

(empacotamento), configurado em função do tamanho da imagem da aquisição <strong>de</strong><br />

dados efectuada com o <strong>GPR</strong>, quando necessário utilizei o filtro “IIR Filters”- Infinite<br />

Impulse Response Filters - , assim como a filtragem espacial (Spatial 2D [duas<br />

dimensões] Filtering – spacial FFT filter), por fim fiz uma migração em Kirchhoff e<br />

alterei os ganhos.<br />

Ganho: Como o si<strong>na</strong>l é rapidamente atenuado <strong>no</strong> subsolo, para uma melhor<br />

visualização da informação é necessário aplicar funções <strong>de</strong> ganho, para realçar as<br />

amplitu<strong>de</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes aos reflectores em maior profundida<strong>de</strong>. [8]<br />

Deconvolução: Este processo comprime o pulso <strong>de</strong> radar, aumentando com<br />

isso a resolução temporal do si<strong>na</strong>l. [8]<br />

Migração: Nesta etapa, os dados registados e processados <strong>no</strong> domínio (x, t),<br />

são transferidos para o domínio (x, z). Os reflectores são posicio<strong>na</strong>dos <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

‘subsuperficie’ e as difracções são colapsadas num ponto. Assim, a migração dos<br />

dados do radar posicio<strong>na</strong> os reflectores quanto à sua posição, <strong>de</strong>slocamento e<br />

profundida<strong>de</strong>. [8]<br />

“Stacking” (empacotamento): “Stacking” combi<strong>na</strong> as digitalizações adjacentes<br />

seleccio<strong>na</strong>das e saídas <strong>de</strong> um único exame. No entanto, quando são alterados os<br />

valores <strong>de</strong> “stacking” <strong>no</strong> RADAN, o programa irá manter as marcas <strong>no</strong> arquivo. [5]<br />

Ou seja, o “stacking” faz uma compressão dos dados adquiridos.<br />

“IIR Filters”: O filtro IIR encontra uma característica <strong>no</strong>s dados do radar, que<br />

produz uma saída que <strong>de</strong>cai exponencialmente para zero, mas nunca o alcança, daí o<br />

<strong>no</strong>me "infinito". Filtros IIR não são necessariamente simétricos e quando atingem<br />

uma excelente resposta <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>, a sua resposta <strong>de</strong> fase é não-linear e assim eles<br />

po<strong>de</strong>m causar mudanças <strong>de</strong> fase ligeira <strong>no</strong>s dados. O RADAN usa filtros IIR que<br />

- 22 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

contenham ape<strong>na</strong>s um pólo, para que não haja uma ruptura brusca <strong>na</strong> frequência <strong>de</strong><br />

corte, que po<strong>de</strong>rá proporcio<strong>na</strong>r a redução do ruído limitado. Como consequência,<br />

po<strong>de</strong> ser benéfico para executar o mesmo filtro mais <strong>de</strong> uma vez. [5]<br />

Filtragem Espacial: O filtro <strong>de</strong> FFT (Filter Fourier Transformation) espacial,<br />

que é um filtro <strong>de</strong> frequência 2D e tem lugar <strong>no</strong> domínio do tempo <strong>no</strong> espaço. É<br />

muitas vezes chamado <strong>de</strong> frequência-número <strong>de</strong> onda, ou F-K, <strong>no</strong> domínio. Esta<br />

abordagem gera uma matriz bidimensio<strong>na</strong>l, em que os elementos do complexo,<br />

representam a fase e a amplitu<strong>de</strong> das várias ondas espaciais presentes <strong>no</strong>s dados do<br />

radar. Ele permite ao usuário <strong>de</strong>senvolver um filtro 2D para atenuar o ruído. [5]<br />

As imagens obtidas após o tratamento com o RADAN 6.5 encontram-se <strong>no</strong>s anexos<br />

I e III<br />

A observação dos radargramas obtidos durante todo o período <strong>de</strong> leituras revela com<br />

clareza a presença dos cadáveres. A imagem obtida antes do enterro apresentava uma<br />

formação homogénea, si<strong>na</strong>l que se alterou completamente após a colocação dos<br />

animais e do enchimento do buraco. Nota-se agora uma boa visualização dos limites<br />

da sepultura e uma nítida assi<strong>na</strong>tura <strong>no</strong> local on<strong>de</strong> os porcos foram <strong>de</strong>positados. A<br />

observação das imagens obtidas ao longo da <strong>de</strong>composição revela uma alteração <strong>no</strong>s<br />

contor<strong>no</strong>s dos cadáveres. A partir da 5ª sema<strong>na</strong> começou a observar-se a presença <strong>de</strong><br />

uma <strong>no</strong>va assi<strong>na</strong>tura a uma profundida<strong>de</strong> aproximada <strong>de</strong> 1,15m <strong>no</strong>s perfis ao longo da<br />

largura da sepultura que <strong>no</strong>s sugeriu <strong>de</strong>ver-se a acumulação <strong>de</strong> líquidos. Para testar<br />

esta hipótese foram feitos os ensaios laboratoriais atrás <strong>de</strong>scritos.<br />

- 23 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Discussão e Conclusão<br />

Quando a aplicação das técnicas <strong>de</strong> investigação crimi<strong>na</strong>l implicam o acesso<br />

directo à <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> restos huma<strong>no</strong>s são um pouco dificultadas pelos costumes<br />

sociais, e também cada vez mais restringidas pela lei e licenciamentos. [3]. A<br />

aplicação das técnicas geofísicas às ciências forenses por evitarem o acesso directo<br />

mas possibilitarem o acesso à informação, introduzem um potencial inestimável <strong>de</strong><br />

mais valia para a investigação crimi<strong>na</strong>l e por conseguinte para a justiça. Os <strong>no</strong>ssos<br />

resultados mostram que a aplicação do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> investigação crimi<strong>na</strong>l tem<br />

potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor. [Ver anexo III]<br />

Como é possível observar <strong>na</strong>s figuras 5.b, e das imagens do anexo III, através<br />

da inserção certa dos dados <strong>no</strong> <strong>GPR</strong>, obtemos uma boa localização da profundida<strong>de</strong> a<br />

que os objectos se encontram enterrados. Quanto à localização horizontal, como não<br />

temos o carrinho próprio que contém um sistema que permite uma leitura precisa da<br />

posição ao longo dos perfis, admitimos haver uma imprecisão <strong>de</strong> alguns centímetros<br />

<strong>na</strong> i<strong>de</strong>ntificação dos locais. A aquisição <strong>de</strong> dados foi feita por arraste da ante<strong>na</strong> (neste<br />

caso <strong>de</strong> 400MHz) com bastão e marcação manual das posições.<br />

Encontrámos pela frente o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> reduzir a imprecisão da <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção da<br />

posição da ante<strong>na</strong>, usando o único modo <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> dados que <strong>no</strong>s foi permitido<br />

com o equipamento disponível: o modo <strong>de</strong> tempo que posteriormente é convertido em<br />

distância através da introdução <strong>de</strong> algumas marcas <strong>de</strong> posição conhecida (posições<br />

padrão). Para garantir uma boa conversão tempo/distancia vimo-<strong>no</strong>s obrigados a<br />

<strong>de</strong>ixar bem <strong>de</strong>marcada a distância que percorremos com a ante<strong>na</strong>. Para facilitar a<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção das posições padrão e ao mesmo tempo melhorarmos o arraste da<br />

ante<strong>na</strong> preparámos uma cobertura do terre<strong>no</strong> formada por um tapete <strong>no</strong> qual<br />

<strong>de</strong>senhámos grelhas com distâncias bem <strong>de</strong>finidas (figura 9f). Tendo o cuidado <strong>de</strong><br />

tentar manter velocida<strong>de</strong> constante, levámos em dois dias um cronómetro para<br />

contabilizar o tempo que <strong>de</strong>moramos a percorrer uma <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da distância. Sabendo<br />

da física clássica que:<br />

v = Δx / Δt , (3)<br />

- 24 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

em que v (m/s) é a velocida<strong>de</strong> a que nós <strong>no</strong>s <strong>de</strong>slocamos, Δx (m) a distância<br />

percorrida e Δt (s) o tempo que se <strong>de</strong>morou a percorrer. Assim, pela tabela 4 vimos<br />

que realmente a velocida<strong>de</strong> que percorremos a distância pretendida é bastante<br />

aceitável e que o erro é bastante peque<strong>no</strong> [Ver anexo III – sepultura].<br />

Tabela 4 – Tabela do estudo do percurso a velocida<strong>de</strong>s constantes<br />

Data Posição Tempo [t<br />

16 - Julho -<br />

(seg.)]<br />

- 25 -<br />

Velocida<strong>de</strong> [v<br />

(m/seg.)]<br />

Erro da velocida<strong>de</strong><br />

(m/seg.)<br />

1 8,16 0,429 0,429 ± 0,042<br />

2 7,76 0,450 0,450 ± 0,021<br />

2009 3 7,72 0,453 0,453 ± 0,018<br />

04- Agosto -<br />

1 7,09 0,494 0,494 ± 0,023<br />

2 7,06 0,50 0,500 ± 0,029<br />

2009 3 6,94 0,50 0,500 ± 0,029<br />

Velocida<strong>de</strong><br />

média (m/s)<br />

0,471<br />

Observando as figuras da sepultura do anexo III , po<strong>de</strong>mos concluir que o si<strong>na</strong>l<br />

<strong>de</strong>tectado inicialmente (antes da abertura da sepultura) apresentava uma assi<strong>na</strong>tura<br />

contínua, enquanto que após a abertura e fecho da sepultura observamos várias<br />

perturbações associadas à colocação dos animais e do enchimento da sepultura que<br />

mudou a estrutura.<br />

As figuras AIII.2, AIII.3 e AIII.4 fornecem-<strong>no</strong>s uma boa visualização dos<br />

limites da sepultura. Aqui, também <strong>no</strong>s é dada uma boa informação quando<br />

comparamos as várias imagens com a leitura que esta oferece <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr da<br />

<strong>de</strong>composição dos porcos. Essa informação advém do facto dos tecidos biológicos<br />

oferecerem uma elevada condutivida<strong>de</strong> (ver tabela 5).


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Tabela 5 - Proprieda<strong>de</strong>s atribuídas às regiões mo<strong>de</strong>lo para a simulação do <strong>GPR</strong> para<br />

uma frequência <strong>de</strong> 450MHz. [7]<br />

Tecidos biológicos K<br />

Pele 38<br />

Ossos 13<br />

Cérebro (massa cinzenta) 60<br />

Matéria Branca (White matter) 47<br />

Cartilagem 48<br />

Musculo 56<br />

De acordo com [16], que seguindo uma metodologia semelhante à aqui usada<br />

(acompanhamento da <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> cadáveres <strong>de</strong> porcos em enterros simulados),<br />

mas com tomografia eléctrica, foi verificado que a condutivida<strong>de</strong> dos fluidos da<br />

<strong>de</strong>composição aumenta linearmente com o tempo. Nesses ensaios inicialmente não<br />

aparecia praticamente nenhuma informação sobre a presença dos porcos. Só à medida<br />

que a <strong>de</strong>composição avançava passou a ser <strong>no</strong>tada a sua existência. Para explicar estes<br />

resultados concluem haver uma variação da resistivida<strong>de</strong> do terre<strong>no</strong> ao longo do<br />

tempo <strong>de</strong>vido á <strong>de</strong>composição. Com o <strong>GPR</strong>, embora as proprieda<strong>de</strong>s dieléctricas<br />

possam também variar ao longo da <strong>de</strong>composição, é possível <strong>de</strong>tectar a existência dos<br />

corpos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento em que estes são sepultados.<br />

As figuras relativas ás armas <strong>no</strong> anexo III, que se relacio<strong>na</strong> com materiais<br />

metálicos semelhantes a armas, apresenta as hipérboles bem <strong>de</strong>marcadas. Esse facto<br />

<strong>de</strong>ve-se aos metais serem excelentes condutores 4 .<br />

Aqui é <strong>no</strong>s possível também distinguir diferenças <strong>no</strong>s dados adquiridos com as<br />

duas ante<strong>na</strong>s. Os dados cuja aquisição foi feita com a ante<strong>na</strong> <strong>de</strong> 400MHz (figuras<br />

AIII.6 e AIII10), monstram-<strong>no</strong>s que inequivocamente está presente um objecto, porém<br />

a sua forma é pouco <strong>de</strong>talhada e a profundida<strong>de</strong> pouco precisa. Quanto à ante<strong>na</strong> <strong>de</strong><br />

1.5/1.6GHz (figuras AIII.7 e AIII.11.a) para além <strong>de</strong> <strong>no</strong>s oferecer uma boa indicação<br />

do objecto quanto á sua profundida<strong>de</strong> também permite uma avaliação aproximada da<br />

dimensão e forma do objecto escondido.<br />

A partir das observações efectuadas ao longo dos ensaios sentimos a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprofundar mais o conhecimento <strong>de</strong> leitura do <strong>GPR</strong>, <strong>no</strong>meadamente <strong>no</strong><br />

que respeita a variações das proprieda<strong>de</strong>s dieléctricas do terre<strong>no</strong>. Para isso molhámos<br />

- 26 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

o terre<strong>no</strong> on<strong>de</strong> as armas <strong>de</strong> encontravam enterradas. As primeiras imagens obtidas<br />

após essa operação revelam-se bastante ruidosas (figuras AIII.8.a e AIII.8.b), facto<br />

que atribuímos ao terre<strong>no</strong> não ter ficado homogeneizado quanto humida<strong>de</strong>. Porém,<br />

através dos tratamentos efectuados obtivemos informações <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> (figuras<br />

AIII.9 e AIII.11.b).<br />

Através <strong>de</strong> vários textos e das experiências realizadas, é-<strong>no</strong>s possível concluir<br />

que este método é bastante eficiente e rápido, tanto <strong>na</strong> aquisição <strong>de</strong> dados como <strong>no</strong><br />

seu tratamento, dando informações quase exactas dos tipos <strong>de</strong> materiais escondidos<br />

(quando o operador é já bastante experiente) assim como <strong>na</strong> localização <strong>de</strong>sses<br />

mesmos materiais. Relativamente à <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> restos huma<strong>no</strong>s, através da<br />

leitura é <strong>no</strong>s possível também dar informação do estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição do corpo<br />

tendo um bom conhecimento do terre<strong>no</strong>, e po<strong>de</strong> dar-se uma perspectiva aproximada<br />

<strong>de</strong> há quanto tempo a pessoa foi enterrada. Para este estudo temos o <strong>no</strong>sso exemplo<br />

dos porcos, figuras AIII.2, AIII.3 e AIII.4, ao qual observamos as suas diferenças <strong>de</strong><br />

leitura ao longo das doze sema<strong>na</strong>s estudadas.<br />

4 Metais bons condutores - Os metais são bons condutores <strong>de</strong> energia (térmica e elétrica) porque<br />

possuem eléctrões livres quando constituem uma malha (<strong>no</strong>me do agrupamento <strong>de</strong> várias moléculas <strong>de</strong><br />

metal juntas). Esses eléctrões ten<strong>de</strong>m a ficar <strong>na</strong> superfície do condutor (o sistema tem tên<strong>de</strong>ncia a<br />

manter o equilíbrio eletrostático) e po<strong>de</strong>m percorrer livremente a malha, por isso são eléctrões livres.<br />

Essa "liberda<strong>de</strong>", <strong>no</strong> caso da energia térmica, faz com que o metal atinja o equilíbrio térmico<br />

rapidamente pois estes eléctrões facilitam a troca <strong>de</strong> calor entre as regiões da malha. No caso da energia<br />

eléctrica o que ocorre é que estes eléctrões são acelerados quando uma tensão, ou diferença <strong>de</strong><br />

- 27 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

potencial, é aplicada <strong>no</strong> metal, pois nesse caso estão <strong>na</strong> presença <strong>de</strong> um campo eléctrico que gera uma<br />

força sobre eles para que se movam <strong>na</strong> direcção <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r potencial.[14]<br />

Bibliografia<br />

• [1] Blindow, N.; Knö<strong>de</strong>l, K.; Lange, G.; Vight, H.-J.; Ground Penetrating<br />

Radar; Environmental Geology (Handbook of field methods and case<br />

studies); Springer; p: 283-336<br />

• [2] Daniels, D. J. (1997); Chapter12- Forensic Applications; Ground<br />

Penetrating Radar; IET; London p:423-436<br />

• [3] Freeland, R. S.; Miller, M. L.; Yo<strong>de</strong>r, R. E.; Koppenjan, S. K.; Forensic<br />

Application of FM-CW and Pulse Radar<br />

• [4] Gandolfo, O. C.; Sousa, L. A.; Tessler, M. G.; Rodrigues, M. (2001);<br />

Estratigrafia Rasa daIlha Comprida (SP): Um exemplo <strong>de</strong> aplicação do<br />

<strong>GPR</strong><br />

• [5] GSSI(2007); RADAN 6.5 User’s Manual; GSSI; Estados Unidos<br />

• [6] GSSI(2006); SIR System-3000 User’s Manual; GSSI; Estados Unidos; 93 pp.<br />

• [7] Hammon III, W. S.; McMechan, G. A.; Zeng, X. (2000); Forensic <strong>GPR</strong>:<br />

finite-difference Simulations of Responses from buried humans remains;<br />

Jour<strong>na</strong>l of Applied Geophysics (45); Nº 171-186<br />

• [8] Melo, M. S. (2007); Geofísica Aplicada à Arqueologia: Investigação <strong>no</strong><br />

sitio histórico engenho MURUTUCU, em Belém, Pará<br />

• [9] Rey<strong>no</strong>lds, J. M. (1997); Chapter 12- Ground Penetrating Radar; An<br />

Introduction To Applied and Environmental Geophysics; WILEY,<br />

Toronto, p:681-749<br />

• [10] Powell, K (2004); Detecting buried human remains using near-surface<br />

Referencias em:<br />

geophysical instruments<br />

• [11] http://www.necrosearch.org/geophysics_01.htm<br />

• [12] http://www.discoverybrasil.com/guia_crime/crime_pratica/in<strong>de</strong>x.shtml<br />

• [13] http://www:alphageofisica.com.br/gssi/gpr.htm<br />

• [14] www.cefetsp.br/edu/sertaozinho/professores/.../OS%20METAIS.ppt<br />

• [15] http://pt.wikipedia.org/wiki/Sus_domesticus<br />

• [16] http://www.esci.keele.ac.uk/geophysics/Research/forensic<br />

- 28 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

• [17] http://www.geosurvey.co.nz/services.html<br />

Anexos<br />

- 29 -


a)<br />

Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Anexo
I<br />

Dados laboratoriais tratados <strong>no</strong> RADAN<br />

b) c)<br />

Figura AI.1 – Dados obtidos com as garrafas <strong>de</strong> água leitura com igual ganho (areia<br />

ainda se encontrava húmida mas “homogénea”). a) com ar, b) com água, e c) com<br />

gelo.<br />

- 30 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Anexo
II
<br />


<br />

Ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>
<strong>de</strong>
Campo
<br />

Data Observações<br />

Maio 2009 Marcações do terre<strong>no</strong> e aquisições <strong>de</strong> dados do<br />

mesmo antes <strong>de</strong> ser aberta a cova.<br />

26 - Junho - 2009 Enterramento dos porcos (congelados) e<br />

aquisições <strong>de</strong> dados <strong>no</strong> terre<strong>no</strong> – <strong><strong>de</strong>tecção</strong> dos<br />

cadáveres.<br />

1 - Julho - 2009 Primeira visita à sepultura<br />

10 - Julho - 2009 Segunda visita à sepultura<br />

16 - Julho - 2009 Terceira visita à sepultura – Enterro <strong>de</strong> artefactos<br />

(simulação <strong>de</strong> armas, objectos metálicos)<br />

24 - Julho - 2009 Quarta visita à sepultura<br />

4 - Agosto - 2009 Quinta visita à sepultura – aquisição <strong>de</strong> dados das<br />

armas com as ante<strong>na</strong>s <strong>de</strong> 1,5/1,6 GHz e <strong>de</strong> 400MHz<br />

11 - Agosto - 2009 Sexta visita à sepultura, aquisição <strong>de</strong> dados <strong>na</strong><br />

direcção <strong>de</strong> sul para <strong>no</strong>rte e <strong>de</strong> <strong>no</strong>rte para sul<br />

14 - Agosto - 2009 Sétima visita à sepultura – aquisição <strong>de</strong> dados <strong>de</strong><br />

armas com grelha e ante<strong>na</strong> 1,5/1,6GHz, sem e com<br />

água<br />

21 - Agosto - 2009 Oitava visita à sepultura<br />

28 - Agosto - 2009 No<strong>na</strong> visita à sepultura<br />

4 - Setembro - 2009 Décima visita à sepultura<br />

11 - Setembro - 2009 Décima primeira visita à sepultura<br />

18 - Setembro - 2009 Décima segunda visita à sepultura<br />

- 31 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Sem <strong>na</strong>da Quando feita aquisição <strong>no</strong><br />

modo <strong>de</strong> largura da sepultura (perfil)<br />

Dia do Enterro 1ª visita 2ª visita 3ª visita<br />

4ª visita 5ª visita 6ª visita<br />

3 2 1<br />

1 2 3<br />

N<br />

- 32 -<br />

2 1 3<br />

3 2 1 3 2 1<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

N<br />

3 2 1<br />

3 2 1<br />

N<br />

N


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

7ª visita 8ª visita 9ª visita 10ª visita<br />

3 2 1 3 2 1<br />

11ª visita 12ª visita<br />

3 2 1 3 2 1<br />

N<br />

- 33 -<br />

3 2 1<br />

3 2 1<br />

N


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Anexo
III<br />

Dados <strong>de</strong> campo tratados <strong>no</strong> RADAN<br />

. Sepultura (Aquisição <strong>de</strong> dados efectuada <strong>de</strong> Sul para Norte – ver Anexo II)<br />

Mediante o seguimento das linhas do Anexo II<br />

Figura AIII.1 – Dados obtidos <strong>no</strong> sítio da<br />

sepultura dos porcos em leitura anterior à<br />

movimentação <strong>de</strong> terra (antes da abertura da<br />

cova).<br />

2ª visita 3ª visita 4ª visita<br />

5ª visita 6ª visita 7ª visita<br />

8ª visita 9ª visita 10ª visita<br />

- 34 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

11ª visita 12ª visita<br />

2ª visita 3ª visita 4ª visita<br />

5ª visita 6ª visita 7ª visita<br />

8ª visita 9ª visita 10ª visita<br />

- 35 -<br />

Figuras AIII.2 –<br />

Radargramas obtidos <strong>no</strong><br />

perfil 1 durante a<br />

<strong>de</strong>composição dos porcos<br />

(começa <strong>na</strong> 2ª visita, pois<br />

este foi o dia em que se<br />

colocou o tapete da grelha<br />

– figura 8.f)


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

11ª visita 12ª visita<br />

As figuras AIII.2 e AIII.3 têm todas o mesmo tratamento <strong>de</strong> dados ( ou seja,<br />

<strong>de</strong>convolução seguido <strong>de</strong> um IIR com passa baixa <strong>de</strong> frequência 400 MHz e <strong>de</strong>pois<br />

uma migração Kirchhoff corrido a 2D) assim como o ganho <strong>de</strong> 16.<br />

No dia do enterro dos porcos (Sus domesticus)<br />

a) b)<br />

Dia do enterro dos animais<br />

Ganho 16 Ganho8<br />

1ª visita<br />

- 36 -<br />

Figuras AIII.3 – Perfil 3<br />

(começa <strong>na</strong> 2ª visita, pois<br />

este foi o dia em que se<br />

colocou o tapete da grelha<br />

– figura 8.f)<br />

Duas imagens tratadas<br />

com <strong>de</strong>convolução e<br />

migração Kirchhoff, em<br />

que a) contém um ganho<br />

<strong>de</strong> 16 e b) um ganho <strong>de</strong> 8


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Ganho 16 Ganho8<br />

2ª visita<br />

Ganho16 Ganho8<br />

3ª visita<br />

- 37 -<br />

Ganho 16<br />

Limites da sepultura


4ª visita<br />

5ª visita<br />

Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

- 38 -<br />

Ganho 16<br />

Ganho 16 Ganho 30<br />

6ª visita<br />

Ganho 16


7ª visita<br />

Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Ganho 16 Ganho 30<br />

8ª visita<br />

Ganho 16 Ganho 8<br />

9ª visita<br />

Ganho 16 Ganho 12<br />

- 39 -


10ª visita<br />

Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Ganho 16 Ganho 8<br />

11ª visita<br />

Ganho 16 Ganho 8<br />

12ª visita<br />

Ganho 16 Ganho 8<br />

Figuras AIII.4 – Imagens tratadas <strong>de</strong> todos os dias que se foi visitar a sepultura<br />

- 40 -


Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

- Do ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong> <strong>de</strong> campo Anexo II (aquisição feita em largura)<br />

Perfil 1 Perfil 2 Perfil 3<br />

A<strong>no</strong>malia adquirida em<br />

campo que foi tentada ser<br />

representada em<br />

laboratório<br />

Perfil 4 Perfil 5 Perfil 6<br />

Figuras AIII.5 – Imagens tratadas da aquisição <strong>de</strong> dados que foi efectuada <strong>na</strong><br />

sepultura em perfis <strong>de</strong> largura da mesma.<br />

- 41 -


. Armas<br />

Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

“Pistola”<br />

Ante<strong>na</strong> <strong>de</strong> 400MHz<br />

Ganho 16 Ganho 8<br />

Figura AIII.6 – Imagem tratada da pistola da aquisição <strong>de</strong> dados feita com a ante<strong>na</strong><br />

<strong>de</strong> 400MHz<br />

- Terre<strong>no</strong> seco<br />

Ante<strong>na</strong> <strong>de</strong> 1.5/1.6GHz<br />

Ganho 16 Ganho 16<br />

a) b)<br />

Figura AIII.7 – Imagem da pistola aquisição <strong>de</strong> dados feita com a ante<strong>na</strong> <strong>de</strong><br />

1.5/1.6GHz. a) imagem do ca<strong>no</strong> para a “mão”, b) só do ca<strong>no</strong>.<br />

Tratamentos da AIII.6 e da AIII.7: <strong>de</strong>convolução, IIR <strong>de</strong> passa baixo do mesmo valor<br />

da ante<strong>na</strong> usada acabando com a migração Kirchhoff<br />

- 42 -


-Terre<strong>no</strong> molhado<br />

Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

Ante<strong>na</strong> <strong>de</strong> 1.5/1.6GHz<br />

a) b) c)<br />

Figura AIII.8 – A imagem real que aqui não está <strong>de</strong>monstrada mas é possível ser<br />

observado pela a) tinha bastante ruído. As situações <strong>de</strong>monstradas já sofreram algum<br />

tratamento. a) efectuado ape<strong>na</strong>s <strong>de</strong>convolução e migração, b) <strong>de</strong>convolução e<br />

filtragem espacial, c) a obtenção <strong>de</strong> melhor imagem mediante o meio em que <strong>no</strong>s<br />

encontramos a junção das alíneas anteriores, ou seja, <strong>de</strong>convolução, migração por fim<br />

filtragem espacial.<br />

Ante<strong>na</strong> <strong>de</strong> 1.5/1.6GHz<br />

Figura AIII.9 – Imagem que <strong>de</strong>monstra “fortemente” a<br />

localização da pistola em terre<strong>no</strong> molhado.<br />

- 43 -


“Bazuca”<br />

Ante<strong>na</strong> 400MHz<br />

Utilização do <strong>GPR</strong> <strong>na</strong> <strong><strong>de</strong>tecção</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>na</strong>s <strong>Ciências</strong> <strong>Forenses</strong><br />

- 44 -<br />

Ganho 16<br />

Figura AIII.10 – Imagem tratada da bazuca da aquisição <strong>de</strong> dados feita com a ante<strong>na</strong><br />

<strong>de</strong> 400MHz<br />

-Terre<strong>no</strong> seco -Terre<strong>no</strong> molhado<br />

Ante<strong>na</strong> 1.5/1.6GHz Ante<strong>na</strong> 1.5/1.6GHz<br />

Ganho 8 Ganho 16<br />

a) b)<br />

Figura AIII.11 – Imagem da bazuca aquisição <strong>de</strong> dados feita com a ante<strong>na</strong> <strong>de</strong><br />

1.5/1.6GHz. a) em terre<strong>no</strong> seco, b) em terre<strong>no</strong> molhado.

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