16.04.2013 Views

A guerra do caju e as relações Moçambique-Ìndia na ... - Lusotopie

A guerra do caju e as relações Moçambique-Ìndia na ... - Lusotopie

A guerra do caju e as relações Moçambique-Ìndia na ... - Lusotopie

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

298 Joa<strong>na</strong> LEITE<br />

tradicio<strong>na</strong>l fluxo de exportação 6. As estatístic<strong>as</strong> disponíveis confirmam<br />

<strong>as</strong>sim, desde 1975, a interrupção <strong>do</strong> comércio externo da c<strong>as</strong>tanha de <strong>caju</strong><br />

moçambica<strong>na</strong> (Quadro I.4), no momento em que se regista uma queda<br />

progressiva <strong>na</strong> disponibilidade inter<strong>na</strong> de c<strong>as</strong>tanha de <strong>caju</strong> :<br />

PRODUÇÃO DE CASTANHA EM MOÇAMBIQUE 1970-1997 (em 1 000 ton)<br />

1970 145 1984 25<br />

1971 182 1985 29<br />

1972 216 1986 40<br />

1973 196 1987 35<br />

1974 190 1988 45<br />

1975 160 1989 50<br />

1976 120 1990 22<br />

1977 102 1991 31<br />

1978 174 1992 54<br />

1979 183 1993 24<br />

1980 185 1994 29<br />

1981 190 1995 33<br />

1982 157 1996 67<br />

1983 118 1997 43<br />

Fonte : SECRETARIA DE ESTADO DO CAJU 1998.<br />

No entanto, nem a ruptura <strong>do</strong> circuito de exportação, nem a intervenção<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ao nível <strong>do</strong> estabelecimento d<strong>as</strong> « norm<strong>as</strong> de comercialização da<br />

c<strong>as</strong>tanha de <strong>caju</strong> » no início de cada campanha, inverteria o quadro<br />

recessivo que se instala no sector 7. Com efeito, paralelamente a uma<br />

tendência crescente <strong>na</strong> evolução <strong>do</strong>s preços de c<strong>as</strong>tanha pagos ao produtor,<br />

que se instala a partir da campanh<strong>as</strong> de 1984-85 e se acentua com a<br />

introdução <strong>do</strong>s program<strong>as</strong> de ajustamento estrutural e de estabilização<br />

(PRE-1987 e PRES-1990, ver Quadro II), constata-se, no contexto da<br />

6. A Caju de <strong>Moçambique</strong>, Empresa estatal, viria a reunir sob gestão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> 7 d<strong>as</strong> unidades<br />

industri<strong>as</strong> que constituíam o parque industrial <strong>do</strong> <strong>caju</strong> <strong>na</strong> época colonial (3 em Maputo, uma<br />

em Gaza, Inhambane, Sofala e Nampula), de acor<strong>do</strong> com fontes disponíveis, num total de 11<br />

fábric<strong>as</strong> em actividade e 3 em f<strong>as</strong>e de instalação (LEITE 1995 : Quadro I). Por intervencio<strong>na</strong>r<br />

permaneceram a Companhia de <strong>caju</strong> <strong>do</strong> Mo<strong>na</strong>po, <strong>na</strong> provincia de Nampula, pertencente ao<br />

grupo Entreposto, <strong>as</strong> du<strong>as</strong> fábric<strong>as</strong> da Anglo América (a Mocita, uma unidade em Gaza e<br />

outra em Angoche), a So<strong>caju</strong>, em Nacala, <strong>do</strong> grupo português CUF, a Companhia de<br />

cultur<strong>as</strong> de Angoche e fi<strong>na</strong>lmente a Indu<strong>caju</strong>, Indústri<strong>as</strong> de Caju Gordhand<strong>as</strong> Valabhd<strong>as</strong>,<br />

SARL, no Lumbo/Sancul. Esta última, não mencio<strong>na</strong>da pel<strong>as</strong> fontes coloniais disponíveis, só<br />

entraria em laboração após a independência, socorren<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de desc<strong>as</strong>que manual<br />

semelhante ao sistema indiano. (Entrevista junto a Mahendr<strong>as</strong>ing Gordhand<strong>as</strong>. Ver no<br />

Quadro VI a informação relativa ao parque industrial Caju <strong>na</strong> época pós colonial.<br />

7. Sob proposta <strong>do</strong> Secretaria<strong>do</strong> de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Caju, instituição ligada ao ministério da<br />

Agricultura, a Comissão <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de salários e preços aprovava no início de cada campanha<br />

os preços a aplicar <strong>na</strong> comercialização da c<strong>as</strong>tanha. Estabeleciam-se os preços mínimos a<br />

praticar <strong>na</strong> compra ao produtor apanha<strong>do</strong>r e os preços a praticar pela indústria, à portada<br />

da fábrica ou pelos agentes da fábrica. Regulava-se sobre os critérios que presidiam ao<br />

estabelecimento <strong>do</strong>s preços intermédios a praticar pelos comerciantes bem como quais os<br />

agentes a quem era autorizada a compra da c<strong>as</strong>tanha : comercio priva<strong>do</strong>, comércio estatal,<br />

comércio cooperativo e outr<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> ou entidades (ver, a título de exemplo, SEC 1989).<br />

No entanto a partir da campanha 1991-92, no contexto <strong>do</strong> PRES, apen<strong>as</strong> se fixaria o preço a<br />

pagar ao produtor apanha<strong>do</strong>r. Convém ainda referir que até à campanha de 1992-93 o<br />

ab<strong>as</strong>tecimento prioritário à indústria era regulamenta<strong>do</strong> (CORREIA 1994).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!