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Abrindo os olhos… observações sobre o texto “Eu não sou anglicano”

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<strong>Abrindo</strong> <strong>os</strong> olh<strong>os</strong>…<br />

<strong>observações</strong> <strong>sobre</strong> o <strong>texto</strong> <strong>“Eu</strong> <strong>não</strong> <strong>sou</strong> <strong>anglicano”</strong><br />

Carl<strong>os</strong> Eduardo Calvani<br />

As reflexões escritas pelo Revd. Luiz Caetano G. Teixeira n<strong>os</strong> últim<strong>os</strong> meses deveriam<br />

ser objeto de atenta leitura em todas as n<strong>os</strong>sas Paróquias e Dioceses. O <strong>texto</strong> “Revendo<br />

paradigmas”, em virtude de sua profundidade analítica, foi aprovado pelo Concílio da<br />

DARJ e recomendado como documento oficial de reflexão naquela Diocese. É um <strong>texto</strong><br />

perturbador e que disseca n<strong>os</strong>sas entranhas institucionais, tal como a Palavra que divide<br />

juntas e medulas, atingindo o âmago de n<strong>os</strong>sa vida eclesiástica e eclesial.<br />

Algumas semanas atrás, a publicação de um novo <strong>texto</strong> n<strong>os</strong> chama a uma profunda<br />

reflexão <strong>sobre</strong> n<strong>os</strong>sa identidade. Muit<strong>os</strong> talvez tenham se assustado com o título<br />

provocativo: “eu <strong>não</strong> <strong>sou</strong> anglicano!” e tenham imaginado que o colega renunciara à<br />

IEAB. Graças a Deus, <strong>não</strong> é esse o caso. O rev. Caetano continua cada vez mais<br />

comprometido, fiel e provocativo. Aliás, essa é uma das funções e dons d<strong>os</strong> profetas:<br />

provocar a reflexão, abrir as cortinas (revelar, ou “tirar o véu”) para que meditem<strong>os</strong><br />

<strong>sobre</strong> o que se passa n<strong>os</strong> bastidores eclesiástic<strong>os</strong> e em camadas mais profundas de n<strong>os</strong>sa<br />

própria vida espiritual.<br />

<strong>“Eu</strong> <strong>não</strong> <strong>sou</strong> <strong>anglicano”</strong> é um artigo com o qual muit<strong>os</strong> se identificaram. O <strong>texto</strong> é<br />

temperado por uma salutar n<strong>os</strong>talgia só compreendida por quem se encantou com a<br />

Igreja Episcopal do Brasil antes de ela assumir a designação “anglicana”, no início d<strong>os</strong><br />

an<strong>os</strong> 90. Até então, n<strong>os</strong>sa Igreja era simplesmente conhecida como “Igreja Episcopal”.<br />

Essa também foi a Igreja que conheci n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 80 quando era aspirante a seminarista<br />

presbiteriano. Naturalmente, eu já sabia que era uma igreja de tradição anglicana,<br />

herdeira d<strong>os</strong> princípi<strong>os</strong> que motivaram à reforma na Igreja da Inglaterra, mas as<br />

paróquias que conheci naquele tempo eram simplesmente da “Igreja Episcopal do<br />

Brasil”. O primeiro culto do qual participei na “Igreja Episcopal” foi na Paróquia da<br />

Santíssima Trindade em São Paulo, em mead<strong>os</strong> d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 80. Xico Esvael cantou<br />

“Preci<strong>os</strong>as são as horas na presença de Jesus”, e o Revd. Saulo dirigiu o ofício com uma<br />

profunda solenidade, reverência e dignidade inesquecíveis e que me cativaram<br />

perpetuamente.<br />

O que percebem<strong>os</strong> em tudo isso apontado pelo <strong>texto</strong> do rev. Caetano é uma profunda<br />

crise de identidade. Ao dizer “eu <strong>não</strong> <strong>sou</strong> <strong>anglicano”</strong>, Caetano está muito sabiamente<br />

n<strong>os</strong> provocando a reconsiderar em que model<strong>os</strong> n<strong>os</strong> espelham<strong>os</strong>. Tal como ele bem<br />

coloca em seu <strong>texto</strong>, muit<strong>os</strong> encontram no termo “<strong>anglicano”</strong> um nome-fantasia para<br />

uma estratégia de marketing a fim de atrair a classe-média decadente a freqüentar a<br />

“igreja da rainha” ou “a igreja onde o príncipe se ca<strong>sou</strong>”. Muit<strong>os</strong> desses colegas<br />

desconhecem que a maior parte do clero da Igreja da Inglaterra sequer sabe que existe<br />

“igreja anglicana” no Brasil. Vári<strong>os</strong> de n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> colegas brasileir<strong>os</strong> já passaram pela<br />

experiência de, ao conhecer um colega clérigo da Church of England, ouvi-lo dizer:<br />

“mas o que a Igreja da Inglaterra está fazendo no Brasil?”. Observem o sublinhado:<br />

para <strong>os</strong> ingleses, a “Church of England” é apenas a Igreja da Inglaterra.


Temp<strong>os</strong> atrás, um clérigo inglês solicitou licença de 1 ano em sua diocese e mudou-se<br />

para Londrina (PR) com o namorado. Durante <strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> meses de adaptação, ele<br />

nunca <strong>sou</strong>be que havia uma igreja de tradição anglicana naquela cidade, até o dia em<br />

que resolveu procurar na internet se havia alguma Igreja “Episcopal” no Brasil e acabou<br />

descobrindo que, em Londrina, cidade na qual ele morava já há quase um ano, havia<br />

uma Igreja “Episcopal” e muito se surpreendeu. Talvez ele jamais chegasse à n<strong>os</strong>sa<br />

comunidade se pesquisasse “Igreja da Inglaterra” no Brasil.<br />

Durante muit<strong>os</strong> an<strong>os</strong>, a designação “anglicana” foi desnecessária no Brasil. As pessoas<br />

que freqüentavam e se filiavam à Igreja descobriam a tradição anglicana durante a<br />

própria caminhada espiritual; o “ser-<strong>anglicano”</strong> vinha depois, mas <strong>não</strong> antes, como uma<br />

propaganda. Era na forja da oração comunitária, no manuseio do LOC, no aprendizado<br />

paciente e gradativo d<strong>os</strong> hin<strong>os</strong> do Hinário Episcopal e n<strong>os</strong> encontr<strong>os</strong> de reflexão bíblica<br />

que, a<strong>os</strong> pouc<strong>os</strong>, o freqüentador se interessava mais pela história dessa tradição, e acaba<br />

puxando o novelo e chegando à ponta inicial. Dizer que o “ser-<strong>anglicano”</strong> vinha<br />

“depois” da convivência significava simplesmente reafirmar um caro princípio<br />

teológico latino-americano: “a teologia é ato segundo”; ou seja, a reflexão teológica<br />

sempre vem após a prática devocional, litúrgica e missionária; nunca “antes”, como um<br />

projeto a ser seguido, mas “depois”, em um momento já maduro de auto-compreensão<br />

eclesial e eclesiástica.<br />

Alguns colegas mais antig<strong>os</strong>, têm até hoje certas resistências a utilizar o termo<br />

“<strong>anglicano”</strong> ou a definir-se como tais. Eles são de uma época em que eram<br />

simplesmente “episcopais” ou “episcopalian<strong>os</strong>” e <strong>não</strong> tinham a necessidade de afirmarse<br />

como “anglican<strong>os</strong>”. O revd. J<strong>os</strong>é Luongo, por exemplo, comentando o <strong>texto</strong> do rev.<br />

Caetano lembra que o bispo Olavo visitava as pessoas utilizando ônibus-circular,<br />

levando apenas <strong>os</strong> pouc<strong>os</strong> e básic<strong>os</strong> parament<strong>os</strong> e apetrech<strong>os</strong> para a comunhão em uma<br />

pequena maleta. Nada mais era necessário. Na maioria das vezes, o cerimonial completo<br />

era reservado a alguns moment<strong>os</strong> específic<strong>os</strong> (concíli<strong>os</strong>, ordenações e as festas do<br />

calendário litúrgico).<br />

Outr<strong>os</strong> colegas da “velha guarda” recordam que a maioria d<strong>os</strong> cult<strong>os</strong> nas Paróquias se<br />

iniciava sempre no horário e a estética era marcada pela sobriedade e simplicidade. Não<br />

havia excess<strong>os</strong> de parament<strong>os</strong> além das vestes básicas (batina, <strong>sobre</strong>peliz e estola); <strong>os</strong><br />

hin<strong>os</strong> eram entoad<strong>os</strong> com um forte senso de reverência; as orações eram pronunciadas<br />

calmamente entermeadas por silênci<strong>os</strong> que favoreciam a contemplação de mistéri<strong>os</strong>; o<br />

momento do sermão era vivido em um clima de dignidade, pronunciado sem arroub<strong>os</strong><br />

ou sentimentalism<strong>os</strong> e acompanhado pela congregação como momento de reflexão séria<br />

na tradição viva das Escrituras Sagradas do povo de Deus. Não era necessário importar<br />

c<strong>os</strong>tumes, hábit<strong>os</strong> e vestes mais identificas com a tradição católica-romana nem<br />

tampouco imitar <strong>os</strong> trejeit<strong>os</strong> e frivolidades de algumas igrejas evangélicas.<br />

Infelizmente muitas de n<strong>os</strong>sas comunidades (<strong>sobre</strong>tudo as mais jovens) formaram-se à<br />

margem dessa tradição. Estão ainda tentando formatar e moldar sua própria<br />

“identidade” mas sem conhecer a história da Igreja Episcopal no Brasil. Os problemas<br />

maiores se refletem na hinologia, no momento do sermão, nas orações e no momento<br />

eucarístico.<br />

Temp<strong>os</strong> atrás publiquei o artigo “Como está a música em n<strong>os</strong>sas Paróquias?”,<br />

lembrando que o saud<strong>os</strong>o revd. Jaci Maraschin dizia que n<strong>os</strong>sa Igreja está


emburrecendo musicalmente. De fato, muitas de n<strong>os</strong>sas Paróquias já <strong>não</strong> mais utilizam<br />

o Hinário Episcopal; aliás, boa parte do clero talvez conheça no máximo 10 ou 15 d<strong>os</strong><br />

345 hin<strong>os</strong>, e também <strong>não</strong> fazem questão alguma de aprendê-l<strong>os</strong>. Muitas dessas<br />

paróquias abdicaram há an<strong>os</strong> do Hinário Episcopal, ap<strong>os</strong>tando que <strong>os</strong> cântic<strong>os</strong> do<br />

universo g<strong>os</strong>pel ou d<strong>os</strong> padres cantores, atrairia jovens para a Igreja ou <strong>não</strong> assustaria <strong>os</strong><br />

visitantes. Vã e tola ilusão. As gerações mais jovens já têm acesso a essas músicas nas<br />

igrejas evangélicas ou católicas e <strong>não</strong> buscariam em n<strong>os</strong>sa Igreja o que já lhes é<br />

oferecido com bastante qualidade em outras igrejas. N<strong>os</strong>sas paróquias tentam imitá-las,<br />

mas imitam mal, cantam mal, acompanhadas por violões desafinad<strong>os</strong> e tristemente<br />

espancad<strong>os</strong> por iniciantes.<br />

Corais? Temp<strong>os</strong> atrás muitas de n<strong>os</strong>sas Paróquias estimulavam <strong>os</strong> grup<strong>os</strong> corais que se<br />

reuniam para aprender hin<strong>os</strong> nov<strong>os</strong> a quatro vozes ou simplesmente para ensaiar <strong>os</strong><br />

hin<strong>os</strong> do domingo seguinte. Hoje, muit<strong>os</strong> ridicularizam a música coral e preferem <strong>os</strong><br />

estridentes microfones empunhad<strong>os</strong> falicamente por jovens desej<strong>os</strong><strong>os</strong> de visibilidade e<br />

auto-afirmação.<br />

Em muitas Paróquias o momento do sermão (ou “homilia”) é vago e desinteressante. Há<br />

paróquias em que o púlpito <strong>não</strong> é mais utilizado sob o argumento de que o clérigo deve<br />

ficar próximo do povo. Assim, no momento do sermão, muit<strong>os</strong> pregadores passeiam<br />

pelo meio da congregação, contam piadas, fazem o povo rir, comentam algum episódio<br />

da semana e, quando finalmente chegam ao <strong>texto</strong>, <strong>não</strong> sabem muito o que dizer e fazem<br />

alguma “paráfrase livre” do <strong>texto</strong>, demonstrando total desinteresse pelo estudo prévio, a<br />

exegese e a preparação do sermão. Naturalmente, quando convocam a congregação a<br />

um momento de estudo bíblico, pouc<strong>os</strong> se interessam em participar. Afinal, em muit<strong>os</strong><br />

cas<strong>os</strong> a Bíblia parece ser lida rapidamente, apenas como <strong>texto</strong> litúrgico previsto para o<br />

dia e <strong>não</strong> como <strong>texto</strong> de orientação, vivo e eficaz.<br />

Em muitas Paróquias o momento das orações do povo (intercessões) é desprezado ou<br />

substituído pelas chamadas “orações expontâneas” dirigidas pel<strong>os</strong> própri<strong>os</strong> clérig<strong>os</strong> ou<br />

outras pessoas que só vislumbram algumas necessidades locais (enferm<strong>os</strong> ou<br />

aniversariantes ligad<strong>os</strong> à própria comunidade) mas <strong>não</strong> a totalidade das orações<br />

previstas no LOC (pela paz no mundo, pela preservação da criação, pela unidade da<br />

Igreja, pela justiça social, pela missão, etc). Em muit<strong>os</strong> cas<strong>os</strong>, o momento das orações é<br />

rápido demais e feito apressadamente.<br />

Em muitas paróquias o desejo de popularização ou de tornar o povo mais “participante”<br />

da eucaristia tem feito até mesmo com que o altar <strong>não</strong> seja mais utilizado. Alguns<br />

argumentam que o altar distancia o povo e o substituem por uma pequena mesa,<br />

colocada à frente d<strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> banc<strong>os</strong>, sem perceber que há todo um sentido espiritual<br />

no altar, n<strong>os</strong> degraus que dão acesso ao mesmo e no ambiente sereno que envolve <strong>os</strong><br />

mistéri<strong>os</strong> da santa mesa.<br />

Muit<strong>os</strong> colegas reclamam que a Igreja está em crise porque o povo <strong>não</strong> contribui. Isso é<br />

verdade apenas em parte. O povo é gener<strong>os</strong>o, sim, e contribui sim, quando é desafiado<br />

mas, <strong>sobre</strong>tudo, quando sabe que sua preci<strong>os</strong>a oferta é bem administrada. Muita gente<br />

deixa de contribuir porque se desilude ao pensar que sua oferta será utilizada <strong>não</strong> para<br />

expandir o trabalho missionário ou para a ação social, educação cristã para crianças, etc,<br />

e sim para manter a estrutura e, sabiamente, raciocinam: “a estrutura só tem sentido se<br />

estiver a serviço do povo; do contrário, é melhor que a estrutura se quebre”. Não deixa


de ser um pensamento lógico, pois essencialmente, a Igreja <strong>não</strong> é a estrutura. Pode ser<br />

que a estrutura se quebre totalmente e se afunde em dívidas que só serão pagas com a<br />

venda do patrimônio imóvel; mas a Igreja <strong>não</strong> se acaba. O povo fiel preferirá reunir-se<br />

nas casas ou em pequenas salas para renovar sua fé na beleza da simplicidade e assim<br />

reinventar a Igreja.<br />

Em um determinado parágrafo, o rev.Caetano, toca ainda em duas situações bastante<br />

relevantes para a reflexão atual:<br />

A Igreja se expressava através das dioceses, e o conceito de Província era muito<br />

mais um símbolo de unidade eclesial que burocracia estrutural eclesiástica e curial!<br />

Essa observação é um convite a repensar a estrutura da Secretaria-Geral. Pouc<strong>os</strong> an<strong>os</strong><br />

atrás, a SG ocupava um grande escritório com várias sub-salas e departament<strong>os</strong>. O peso<br />

financeiro da manutenção dessa estrutura (inclusive salário de funcionári<strong>os</strong>) era muito<br />

alto. Foi preciso experimentar uma profunda crise financeira para iniciar um processo<br />

de reestruturação que ainda está em curso, enxugando a estrutura. Esperam<strong>os</strong> que <strong>os</strong><br />

próxim<strong>os</strong> an<strong>os</strong> sejam melhores.<br />

Como na maioria das Igrejas Históricas, a reflexão teológica existia e se expandia a<br />

partir do Seminário,<br />

Essa outra observação toca em um assunto crucial – a educação teológica. N<strong>os</strong> últim<strong>os</strong><br />

an<strong>os</strong>, foram feitas várias tentativas de reestruturar a educação teológica e uma nova<br />

tentativa está em curso. O idealismo e boa-vontade das pessoas interessadas em uma<br />

educação teológica séria, exigente e presencial sempre esbarra em argument<strong>os</strong> que <strong>não</strong><br />

estão ligad<strong>os</strong> diretamente à educação teológica, mas à manutenção das estruturas<br />

diocesanas. As Dioceses <strong>não</strong> abrem mão de receber a pequena verba mensal da JUNET<br />

para manter <strong>os</strong> Centr<strong>os</strong> de Educação Teológica que, na maior das parte d<strong>os</strong> cas<strong>os</strong>,<br />

funciona muito precariamente se comparado ao que deveria ser um CET. O resultado<br />

dessa fragilidade na educação teológica é visível no momento em que as Juntas de<br />

Capelães se reúnem para avaliar <strong>os</strong> candidat<strong>os</strong> à ordenação – muit<strong>os</strong> <strong>não</strong> sabem<br />

manusear o LOC, <strong>não</strong> sabem citar um teólogo anglicano, nem distinguir especificidades<br />

de n<strong>os</strong>sa liturgia ou eclesiologia. Muit<strong>os</strong> <strong>não</strong> frequentaram o Seminário e nem mesmo<br />

conseguiram cumprir as exigências do curso à distância e, mesmo assim, são ordenad<strong>os</strong>.<br />

O rev. Luiz Caetano finaliza citando Amós 4.4-13. Temp<strong>os</strong> atrás esbocei semelhante<br />

paralelismo no pequeno artigo “Prepara-te, IEAB, para te encontrares com o teu Deus”<br />

(ver abaixo, neste mesmo Forum). A Bíblia sempre reflete n<strong>os</strong>sa vida e estam<strong>os</strong> vivendo<br />

este momento – de encarar com seriedade a responsabilidade por n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> err<strong>os</strong> do<br />

passado, pois recebem<strong>os</strong> uma herança muito preci<strong>os</strong>a (patrimônio material e espiritual)<br />

que <strong>não</strong> pode ser dilapidado, mas deve ser multiplicado, como na parábola d<strong>os</strong> talent<strong>os</strong>.<br />

Talvez necessitam<strong>os</strong> rever outr<strong>os</strong> text<strong>os</strong> bíblic<strong>os</strong> também, especialmente a carta à Igreja<br />

de Laodicéia (Ap 3.14-22): “você diz: estou rico, adquiri riquezas e <strong>não</strong> preciso de<br />

nada.. <strong>não</strong> reconhece, porém, que é miserável, pobre, cego e nu… repreendo e<br />

disciplino aqueles que eu amo. Por isso, seja diligente e arrependa-se… eis que estou à<br />

porta e bato…”


Onde está Igreja Episcopal, hoje? Ela <strong>não</strong> morreu. Está viva. Continua existindo,<br />

embora seja pequena em muitas cidades. Mas são pequenas comunidades de resistência,<br />

que <strong>não</strong> se vendem a<strong>os</strong> modism<strong>os</strong> popularesc<strong>os</strong> que transformam a liturgia em show e a<br />

espiritualidade em comércio com Deus. São freqüentadas por poucas pessoas,<br />

resistentes e fieis que às vezes, em virtude do crescimento numérico e expl<strong>os</strong>ivo de<br />

outras comunidades, se perguntam se vale a pena manter essa tradição.<br />

De minha parte, continuo acreditando que vale a pena, sim. É por isso que sempre<br />

reafirmo meus própri<strong>os</strong> vot<strong>os</strong> de ordenação, peço a Deus, conforme a Oração<br />

Eucarística A que “abra n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> olh<strong>os</strong> para ver sua mão agindo no mundo que n<strong>os</strong> cerca”<br />

e me surpreendo ao ver que <strong>os</strong> olh<strong>os</strong> de muita gente estão sendo abert<strong>os</strong> e, tal como o<br />

cego curado por Jesus (João 9), uma vez abert<strong>os</strong>, já <strong>não</strong> mais se fecharão. Encontrarão<br />

op<strong>os</strong>ição sim, mas também a clareza de ter visto o que antes <strong>não</strong> se via, e dizer: “eu era<br />

cego; agora vejo!”.

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