revista Promotores - Missões Nacionais

O Senhor está fazendo uma grande
obra entre os povos indígenas brasileiros,
e fazer com que todas as etnias
conheçam e ouçam a mensagem da
graça é uma questão de tempo; é um
processo irreversível, dinâmico, e todos
nós devemos participar deste momento
histórico.
É mister que destaquemos algumas
informações básicas antes de elaborarmos
uma resposta ao nosso ilustre
indagador e com certeza milhares de
outros gostariam de fazer esta mesma
pergunta. Estou convicto de que a ignorância
a respeito deste assunto tem
inibido o esforço missionário destinado
a estes povos e, como há um esforço
missionário latente na vida de cada
crente, que não pode ser destruído,
esta força missionária tem sido desviada
para outros ministérios.
Uma adolescente, em um trabalho
de sua escola, me entrevistou e fez a
seguinte pergunta: o que é o indígena
para você? Deram a ela só duas linhas
para escrever a minha resposta.
Como poderia sintetizar uma definição
em poucas palavras? Por fim resumi
da seguinte forma: “Indígena é
aquele que tem uma Cultura própria,
uma língua diferenciada, Terras definidas
e um Biótipo característico.”
Embora a semântica da palavra “indígena”
signifique somente o nativo,
o nascido em determinado lugar,
é o termo usado para definir as etnias
que foram encontradas por aqui
quando da chegada dos descobridores
europeus.
O novo censo sobre as tribos no
Brasil, coordenado pelo Instituto Anthropos,
afirma que são 345 grupos indígenas,
com uma população estimada
em 700.000 e, destes, 48% vivendo
nas periferias das cidades, conhecidos
como não aldeados, e este número só
tende a crescer se políticas governamentais
não forem elaboradas para
segurar este êxodo em busca de melhores
condições de vida.
Além disto, o Brasil é o país com
maior número de grupos indígenas
isolados, ainda sem contatos com a
sociedade envolvente, embora tenham
contatos interétnicos, ou seja, se relacionam
com outros grupos indígenas
da própria região. Todos estes grupos
já se encontram devidamente localizados,
plotados em mapas, pelo menos
a mais de 15 anos. As reportagens da
descoberta de novos grupos indígenas
isolados é um artifício usado pelo governo
federal e por ONgs estrangeiras
para chamar a atenção dos menos avisados.
Isto não diminui o fato extraordinário
de que, em pleno século 21,
ainda há quase 50 grupos isolados em
nosso território nacional. São grupos
pequenos, seminômades, e possivelmente
a língua falada por eles é semelhante
a de algum grupo que vive por
perto. linguistas creem que não haverá
descobertas de novas línguas, além
das 182 faladas em terras brasileiras.
Todos sabemos que a obra da Salvação
é uma operação exclusiva da
Santíssima Trindade, um milagre divino,
não é humano. Ao homem cabe
somente a exposição da mensagem
com clareza e entendimento e isto não
pode ser feito sem um grande conhecimento
da língua materna e da cultura
que são alvos da pregação. Digo,
com convicção, que não haverá entendimento
da mensagem se ela não for
pregada na língua materna e dentro
do contexto cultural. Não é sem razão
que o primeiro milagre no dia do nascimento
da igreja, em Atos 2, foi que
pessoas de 17 povos ouviram as grandezas
de Deus em sua própria língua.
A conclusão chega fácil: a comunicação
é o grande obstáculo para qualquer
pessoa entender o evangelho. Quando
esta barreira é vencida pelo missionário,
evidentemente depois de anos de
estudos da língua, ele atua com liberdade,
com fluência, como se estivesse
em seu bairro e falando aos seus patrícios.
Este é o nosso dever: pregar a
mensagem na língua materna, tendo o
NT traduzido naquela língua e sendo
ele, o missionário, aceito como um do
povo que ele quer alcançar. Nenhum
missionário fará isto se não tiver sido
treinado para tal proceder. Demanda
persistência, orientação específica por
consultores de aprendizado de línguas
e cultura; respeito e amor ao povo;
identificação real, contextualização inteligente
e apoio irrestrito da sua igreja
e agência missionária. Hoje os recursos
tecnológicos são extraordinários.
Desde gravadores e filmadoras digitais.
Computadores com programas
que facilitam o aprendizado da língua.
GPS para localização segura e internet
a rádio ou por satélite. O que precisamos
fazer, então, para termos os 500
missionários necessários para alcançar
todas as etnias em território nacional?
Uma campanha para desafiar candidatos
seria um grande começo. Parceria
com instituições que já atuam e que
são reconhecidamente sérias e que
fazem um trabalho. Desafiar as igrejas
para um envolvimento consciente
em apoio integral destes missionários.
Os batistas brasileiros têm pessoal em
muitas agências missionárias realizando
um excelente trabalho, mas este
número pode aumentar consideravelmente
se houver um envolvimento de
cada igreja, de cada crente.
Pr. Edward Luz
Antropólogo, presidente da Missão
Novas Tribos no Brasil
REFlExÃO
Os indígenas representam o primeiro
grupo étnico no Brasil. Por que o
avanço tão lento em sua evangelização?
O que a dúvida do personagem citado
no início do artigo demonstra?
O que tem atravancado a evangelização
dos indígenas de nossa nação?
O que a igreja pode fazer para mudar
este quadro e verdadeiramente causar
impacto aos indígenas?
Revista da Campanha | 9