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Manual do Professor - Atica Educacional

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ESCRITA<br />

GRAMÁTICA<br />

ORTOGRAFIA<br />

3<br />

<strong>Manual</strong> <strong>do</strong> <strong>Professor</strong><br />

Carmen Silvia C. Torres de Carvalho<br />

Déborah Panachão<br />

Sarina Bacellar Kutnikas<br />

Silvia Maria de Almeida Salmaso


Índice<br />

Distribuição das atividades <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno em módulos ................................................ 6<br />

Carta ao <strong>Professor</strong> .................................................................................................................... 8<br />

Apresentação da coleção ......................................................................................................... 9<br />

Dinâmica <strong>do</strong> trabalho ............................................................................................................... 10<br />

ORTOGRAFIA<br />

Módulo I — Investigan<strong>do</strong> a letra X 10<br />

Considerações sobre a postura diante da pesquisa ortográfica .......................................... 11<br />

Pesquisa sobre a letra X .......................................................................................................... 11<br />

Objetivos............................................................................................................................ 11<br />

Estratégia .......................................................................................................................... 12<br />

Primeiro momento............................................................................................................ 12<br />

Palavras iniciadas pela letra X .................................................................................... 12<br />

Palavras terminadas pela letra X ................................................................................ 13<br />

Segun<strong>do</strong> momento — A letra X no meio da palavra ..................................................... 13<br />

Palavras com consoante + X ....................................................................................... 13<br />

Terceiro momento ............................................................................................................ 15<br />

Palavras com vogal + X + consoante ......................................................................... 15<br />

Quarto momento .............................................................................................................. 16<br />

Palavras com vogal + X + vogal .................................................................................. 16<br />

E + X + vogal no início da palavra .......................................................................... 16<br />

Vogal + X + vogal no meio da palavra ................................................................... 17<br />

Atividades de sistematização .................................................................................................. 17<br />

2


Módulo II — Investigan<strong>do</strong> a letra Z 22<br />

Pesquisa sobre a letra Z ........................................................................................................... 22<br />

Estratégia .......................................................................................................................... 22<br />

Descobertas gerais sobre o Z .......................................................................................... 22<br />

Primeiro momento ........................................................................................................... 23<br />

Palavras iniciadas por Z .............................................................................................. 23<br />

Palavras terminadas por Z .......................................................................................... 23<br />

Segun<strong>do</strong> momento — Z no meio da palavra .................................................................. 24<br />

Palavras com consoante + Z ....................................................................................... 24<br />

Palavras com vogal + Z ................................................................................................ 24<br />

Terceiro momento............................................................................................................. 25<br />

Palavras com vogal + Z + consoante ......................................................................... 25<br />

Palavras com vogal + Z + vogal ................................................................................. 25<br />

Atividades de sistematização .................................................................................................. 26<br />

Módulo III — Investigan<strong>do</strong> a letra S 28<br />

Preparan<strong>do</strong> o material ............................................................................................................. 28<br />

A investigação .......................................................................................................................... 28<br />

Primeiro momento ........................................................................................................... 28<br />

Palavras iniciadas por S .............................................................................................. 28<br />

Palavras terminadas por S .......................................................................................... 29<br />

Segun<strong>do</strong> momento — S no meio da palavra .................................................................. 29<br />

Palavras com consoante + S ....................................................................................... 29<br />

Palavras com consoante + S + consoante ................................................................. 29<br />

Palavras com consoante + S + vogal .......................................................................... 30<br />

Terceiro momento — Vogal + S ...................................................................................... 30<br />

Palavras com vogal + S + consoante .......................................................................... 30<br />

Palavras com vogal + S + vogal .................................................................................. 30<br />

SS entre vogais ........................................................................................................ 31<br />

S entre vogais ........................................................................................................... 31<br />

Atividades de sistematização .................................................................................................. 32<br />

Módulo IV — Investigan<strong>do</strong> as sílabas iniciais CE/SE e CI/SI 34<br />

Primeira etapa — Pesquisa sobre CE/SE ................................................................................. 34<br />

Segunda etapa — Pesquisa sobre CI/SI .................................................................................. 37<br />

Atividades de sistematização .................................................................................................. 38<br />

GRAMÁTICA<br />

Módulo V — Acentuação 40<br />

Trabalhan<strong>do</strong> com a tonicidade e a acentuação ..................................................................... 40<br />

Atividades de sistematização ................................................................................................... 41<br />

3


Módulo VI — Pontuação e paragrafação 44<br />

Pontuação ................................................................................................................................. 44<br />

Como decidir qual das pontuações usar? ..................................................................... 44<br />

As marcas de oralidade .......................................................................................................... 45<br />

O discurso direto ..................................................................................................................... 46<br />

Organizan<strong>do</strong> o discurso direto ...................................................................................... 47<br />

O parágrafo ............................................................................................................................... 48<br />

Módulo VII — Como introduzir as classes gramaticais 49<br />

Algumas considerações .......................................................................................................... 49<br />

Palavras variáveis e invariáveis — Uma introdução ao trabalho<br />

com classes gramaticais ..................................................................................................... 50<br />

Atividades de sistematização ................................................................................................. 52<br />

Módulo VIII — Substantivo e adjetivo 55<br />

Introdução ................................................................................................................................ 55<br />

Como introduzir o conceito de substantivo ........................................................................... 55<br />

Relacionan<strong>do</strong> substantivos e adjetivos ................................................................................ 57<br />

Compreenden<strong>do</strong> a função textual <strong>do</strong>s adjetivos — Estratégias ......................................... 59<br />

Classifican<strong>do</strong> os substantivos ............................................................................................... 61<br />

Substantivos próprios e comuns ................................................................................... 61<br />

Substantivos coletivos .................................................................................................... 63<br />

Substantivos simples e compostos ............................................................................... 63<br />

Módulo IX — Artigo 64<br />

Como introduzir o conceito de artigo ................................................................................... 65<br />

Como introduzir a classificação <strong>do</strong>s artigos em defini<strong>do</strong>s e indefini<strong>do</strong>s .......................... 66<br />

Módulo X — Pronome 67<br />

Considerações .......................................................................................................................... 67<br />

Função textual <strong>do</strong>s pronomes ................................................................................................ 67<br />

Amplian<strong>do</strong> o conceito de pronome ........................................................................................ 69<br />

Atividades de sistematização ................................................................................................. 70<br />

Módulo XI — Verbo 71<br />

Considerações .......................................................................................................................... 71<br />

Retoman<strong>do</strong> o conceito de verbo .................................................................................... 72<br />

Como introduzir o conceito de verbo .................................................................................... 72<br />

Atividades para sistematizar a idéia de presente, passa<strong>do</strong> e futuro ......................... 73<br />

Introduzin<strong>do</strong> a idéia de pessoa e número nos verbos .......................................................... 74<br />

Atividades para sistematizar a idéia de pessoa e número ......................................... 74<br />

Introduzin<strong>do</strong> os infinitivos ...................................................................................................... 75<br />

Sistematização da formação <strong>do</strong> infinitivo ..................................................................... 75<br />

Atividades de sistematização de questões ortográficas<br />

relativas à grafia de verbos ................................................................................................. 77<br />

4


Módulo XII — Numeral 79<br />

Considerações .......................................................................................................................... 79<br />

Introduzin<strong>do</strong> o conceito de numeral ....................................................................................... 79<br />

Classifican<strong>do</strong> os numerais ...................................................................................................... 81<br />

Atividades de sistematização .................................................................................................. 81<br />

Módulo XIII — Interjeição 85<br />

Introdução <strong>do</strong> conceito de interjeição .................................................................................... 85<br />

Confronto interjeição x onomatopéia ..................................................................................... 86<br />

Módulo XIV — Preposição 86<br />

Como introduzir o conceito de preposição ............................................................................ 86<br />

Atividades de sistematização................................................................................................... 87<br />

Apêndice 89<br />

Usan<strong>do</strong> o dicionário ................................................................................................................ 89<br />

Como introduzir novas informações contidas no dicionário ...................................... 89<br />

Sugestões de jogos ortográficos para sistematização ......................................................... 90<br />

Jogos de Stop .................................................................................................................. 90<br />

Bingo ortográfico ............................................................................................................. 93<br />

Jogo das dicas .................................................................................................................. 94<br />

Palavras cruzadas ............................................................................................................ 94<br />

Soletran<strong>do</strong> ........................................................................................................................ 94<br />

Jogo <strong>do</strong>s animais ............................................................................................................ 95<br />

Bibliografia ............................................................................................................................... 96<br />

5


Stop ou “Xtop“? ................................................................ 6<br />

Xeque-mate ....................................................................... 7<br />

Cruzadex ............................................................................ 10<br />

Mexe e remexe .................................................................. 12<br />

Grand prix .......................................................................... 13<br />

Não tenha chiliques!!! ...................................................... 14<br />

O cair das letras ................................................................ 17<br />

Jogo-da-velha .................................................................... 18<br />

Stop múltiplo ..................................................................... 20<br />

Mico micho ........................................................................ 21<br />

Tômbola ............................................................................. 22<br />

Reduzin<strong>do</strong>… ...................................................................... 24<br />

Dúvida cruel ...................................................................... 26<br />

Cadê o resto? ..................................................................... 28<br />

Bata já! ............................................................................... 30<br />

Rosa cheirosa .................................................................... 33<br />

Confusão no porto!!! ........................................................ 35<br />

Trio calafrio… .................................................................... 37<br />

Tabela <strong>do</strong> ziguezague ....................................................... 38<br />

Encruzilhada ...................................................................... 40<br />

Cercan<strong>do</strong> com cerca ......................................................... 42<br />

Colores Colorez ................................................................. 43<br />

Resta uma! ........................................................................ 44<br />

Charada .............................................................................. 47<br />

Exkizitu?!!! ......................................................................... 48<br />

Caracoleza Caracolosa ...................................................... 49<br />

Tabela de investigação — CE/SE ..................................... 52<br />

Coquetel de letras ............................................................. 54<br />

Congela!!! .......................................................................... 55<br />

Tabela de investigação — CI/SI ....................................... 56<br />

Torto ................................................................................... 58<br />

Passo a passo ................................................................... 60<br />

Quanto mais, melhor! ...................................................... 61<br />

Desembaraçan<strong>do</strong> .............................................................. 62<br />

Pintan<strong>do</strong> as sete ............................................................... 64<br />

Exkizitu — O retorno ......................................................... 65<br />

Tabelógica .......................................................................... 66<br />

Tome assento e acentue .................................................. 69<br />

Xeretan<strong>do</strong> .......................................................................... 70<br />

Forman<strong>do</strong>, reforman<strong>do</strong> e transforman<strong>do</strong> ...................... 72<br />

Jogo da forca .................................................................... 74<br />

Stop de lacunas ................................................................ 75<br />

Prrriiirr!!! ............................................................................ 76<br />

Reescreven<strong>do</strong> .................................................................... 77<br />

Cada um na sua ................................................................ 79<br />

Filman<strong>do</strong> a piada .............................................................. 80<br />

Bocão ................................................................................. 82<br />

A vitória-régia ................................................................... 83<br />

6<br />

Distribuição das atividades <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno em módulos<br />

Livro <strong>do</strong> Aluno Módulos<br />

ORTOGRAFIA<br />

GRAMÁTICA<br />

Módulo I<br />

Investigan<strong>do</strong><br />

a letra X<br />

Módulo II<br />

Investigan<strong>do</strong><br />

a letra Z<br />

Módulo III<br />

Investigan<strong>do</strong><br />

a letra S<br />

Módulo IV<br />

CE/SE e CI/SI<br />

Módulo V<br />

Acentuação<br />

Módulo VI<br />

Pontuação e<br />

paragrafação


Circo Vira-vira ................................................................... 86<br />

Dentro da lei ..................................................................... 89<br />

Casal Simpatia .................................................................. 90<br />

Peneiran<strong>do</strong>… palavras!? .................................................. 93<br />

A vara de São Marmelo — 1ª parte ................................ 94<br />

A vara de São Marmelo — 2ª parte ................................ 96<br />

A vara de São Marmelo — 3ª parte ................................ 97<br />

Labirinto ............................................................................ 98<br />

Complete com esperteza, espertamente ....................... 100<br />

As duas faces de Danival ................................................ 102<br />

Eu duvi<strong>do</strong>! ........................................................................ 104<br />

Um qualquer... o próprio ................................................. 105<br />

O Grande Circo Internacional .......................................... 106<br />

Juntos somos mais .......................................................... 108<br />

Somos ainda mais... ........................................................ 110<br />

Simplesmente compostos .............................................. 111<br />

Decompon<strong>do</strong> .................................................................... 113<br />

Esse Pedrinho!... .............................................................. 114<br />

Completan<strong>do</strong> a tabela ..................................................... 115<br />

João e Maria ..................................................................... 116<br />

Ah! Que pena! .................................................................. 118<br />

Clarissa Dallas — O início ................................................ 119<br />

A volta de Clarissa ........................................................... 121<br />

O fim de Clarissa Dallas ................................................... 122<br />

Irmã é fogo! ...................................................................... 123<br />

Isso não é problema! ...................................................... 124<br />

A tinta de escrever ........................................................... 126<br />

Caminhan<strong>do</strong> e montan<strong>do</strong> ................................................ 127<br />

Bicicletan<strong>do</strong> — 1ª parte ................................................... 128<br />

Bicicletan<strong>do</strong> — 2ª parte ................................................... 129<br />

Momento na delegacia .................................................... 130<br />

Aqui e agora! ................................................................... 132<br />

Haza Rádu e Péfriu Dana<strong>do</strong> — 1ª parte .......................... 134<br />

Haza Rádu e Péfriu Dana<strong>do</strong> — 2ª parte .......................... 136<br />

Haza Rádu e Péfriu Dana<strong>do</strong> — 3ª parte .......................... 137<br />

Correspondência .............................................................. 139<br />

Problemas ......................................................................... 140<br />

O maravilhoso mun<strong>do</strong> ártico .......................................... 142<br />

Resolveu? .......................................................................... 144<br />

Aukê .................................................................................. 145<br />

Parece e é! ........................................................................ 146<br />

Idéias ou ...................................................................... 149<br />

Tetra .................................................................................. 151<br />

Emplacan<strong>do</strong> informações ................................................ 152<br />

Numerais em quatro cores .............................................. 154<br />

Notícias numéricas ........................................................... 156<br />

Que coragem!!! ................................................................ 157<br />

Numeran<strong>do</strong> ....................................................................... 158<br />

Hein?... Hã?... Como?... .................................................... 160<br />

Oba! Achei mais uma!!! .................................................. 162<br />

Durma com esse barulho!!! ............................................ 163<br />

Quem ri por último... Ih! Esqueci!!! ................................ 165<br />

Ligan<strong>do</strong> os fatos ............................................................... 166<br />

Mímica ............................................................................... 168<br />

Quem com quem? ............................................................ 170<br />

Para criar, de criação, com criatividade ......................... 171<br />

Encaixe perfeito ................................................................ 172<br />

Use e abuse ....................................................................... 173<br />

Referências bibliográficas ................................................ 174<br />

Módulo VII<br />

Palavras variáveis e<br />

invariáveis<br />

Módulo VIII<br />

Substantivo e adjetivo<br />

Módulo IX<br />

Artigo<br />

Módulo X<br />

Pronome<br />

Módulo XI<br />

Verbo<br />

Módulo XII<br />

Numeral<br />

Módulo XIII<br />

Interjeição<br />

Módulo XIV<br />

Preposição<br />

7


Carta ao <strong>Professor</strong><br />

Este material é o produto de catorze anos de trabalho experimental. Nestes anos<br />

to<strong>do</strong>s, tenho busca<strong>do</strong> compreender de que forma uma pessoa se apropria de um objeto<br />

de conhecimento para, através desse saber, pensar um meio de ajudar professores<br />

e alunos a realizarem uma apropriação da língua que seja efetiva e gratificante.<br />

Algumas idéias nortearam o trabalho. Em primeiro lugar, a consciência de que<br />

to<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, qualquer que seja ele, nunca é um fim em si mesmo. Ele é, sim, apenas<br />

um pretexto para se aprender a pensar o próprio conhecimento, para se compreender<br />

que aprender não é reproduzir verdades alheias, mas sim aprender a olhar<br />

para o mun<strong>do</strong> colhen<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s, transforman<strong>do</strong>-os e tiran<strong>do</strong> conclusões. Enfim, conhecer<br />

é produzir, e não reproduzir conhecimento. Essa descoberta da própria capacidade<br />

de produção de conhecimento tem si<strong>do</strong> fonte de energia interna para as pessoas<br />

olharem o mun<strong>do</strong> através de seus próprios olhos (e não através <strong>do</strong>s olhos de outrem...),<br />

acreditan<strong>do</strong> no valor daquilo que vêem e pensam. Só desta forma acredito que<br />

possamos formar gente crítica e forte o bastante para saber-se capaz de ser agente<br />

transforma<strong>do</strong>r de sua própria vida e da realidade que a cerca.<br />

Para que esse objetivo pudesse ser atingi<strong>do</strong>, era necessário que a língua fosse<br />

vista como um objeto a ser descoberto, analisa<strong>do</strong> nas suas múltiplas possibilidades de<br />

recortes, organizações e relações. Não mais como um conjunto de modelos e regras<br />

a serem introjeta<strong>do</strong>s, mas um sistema articula<strong>do</strong> a ser desvenda<strong>do</strong>. Como uma teia<br />

onde o aluno pudesse ir se aproprian<strong>do</strong> de cada fio e gradativamente tecen<strong>do</strong> a trama<br />

das relações e significações. Para tal seria necessário agir sobre a língua e não se submeter<br />

a ela. Seria preciso reinventá-la a to<strong>do</strong> instante para descobri-la.<br />

Essa postura de investigar o conhecimento em geral e a língua em particular só<br />

seria possível de acontecer se houvesse uma forma diferenciada de transformar em<br />

ação to<strong>do</strong>s esses ideais dentro da sala de aula. E transformar idéias em realidade não<br />

é uma tarefa nada simples. (Vocês, professores, bem o sabem!!!)<br />

Para empreendê-la, ao longo destes anos pude contar com uma equipe enorme<br />

de trabalho a quem agradeço muito. Teoricamente, fundamentan<strong>do</strong>-me, ensinan<strong>do</strong>-me<br />

a pensar e olhar pela perspectiva da teoria de Jean Piaget, pude ter o orgulho e o prazer<br />

de ter si<strong>do</strong> formada por meu grande mestre, Prof. Lino de Mace<strong>do</strong>, que mais <strong>do</strong><br />

que uma perspectiva teórica ensinou-me um mo<strong>do</strong> de olhar para a vida. Na prática, fui<br />

auxiliada por um número grande de professores de várias escolas onde trabalhei ou trabalho<br />

como assessora e que foram pesquisa<strong>do</strong>res ao meu la<strong>do</strong>, experimentan<strong>do</strong> estratégias,<br />

ajudan<strong>do</strong>-me a conhecer a realidade das crianças, a analisar sucessos e fracassos<br />

para que o trabalho pudesse ser aperfeiçoa<strong>do</strong>. Contei também com centenas<br />

de crianças que, investiga<strong>do</strong>ras inatas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, ajudaram-me a enxergar coisas que<br />

não via e que, através de seu entusiasmo, iam me apontan<strong>do</strong> a direção a seguir.<br />

Hoje, finalmente, um antigo sonho — o de partilhar com um número maior de<br />

pessoas toda minha reflexão — está se tornan<strong>do</strong> realidade. Sonhos são coisas muito<br />

sérias e por isso vê-los acontecer é sempre muito emocionante. O primeiro impulso<br />

para escrever deu-me minha amiga Guila, cuja fé na possibilidade <strong>do</strong> meu trabalho vir<br />

a se tornar um livro foi decisiva. Meus agradecimentos também à Déborah, à Sarina e<br />

à Silvia, minhas co-autoras, que partilharam comigo este sonho e ajudaram-me a fazer<br />

dele realidade.<br />

Espero que esta coleção possa ajudá-los a manter o prazer de aprender sempre<br />

vivo dentro da sala de aula.<br />

8


APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO<br />

Esta coleção de 1ª a 4ª série é formada de 8 volumes. Apresenta para cada série:<br />

a) 1 livro com a proposta de leitura e análise de textos de livros publica<strong>do</strong>s; e<br />

b) 1 livro com as atividades de sistematização da Gramática e da Ortografia.<br />

Em relação ao livro de Gramática e Ortografia, o Livro <strong>do</strong> <strong>Professor</strong> corresponde perfeitamente<br />

ao Livro <strong>do</strong> Aluno, que virá acompanha<strong>do</strong> deste <strong>Manual</strong> <strong>do</strong> <strong>Professor</strong>, com as orientações,<br />

reflexões e sugestões de estratégias para a melhor utilização <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno. É de extrema importância<br />

que o professor acompanhe, paralelamente a seu trabalho em sala de aula, a leitura das<br />

orientações <strong>do</strong> <strong>Manual</strong> <strong>do</strong> <strong>Professor</strong>, a fim de compreender os objetivos e a postura de trabalho<br />

propostos.<br />

Esta coleção tem como pressuposto teórico uma perspectiva construtivista de aprendizagem.<br />

Portanto, o conhecimento não é visto como algo posto para dentro <strong>do</strong> aprendiz em <strong>do</strong>ses controladas,<br />

mas sim como algo a ser produzi<strong>do</strong>, construí<strong>do</strong> por ele enquanto sujeito e não enquanto objeto<br />

da aprendizagem. Assim sen<strong>do</strong>, as atividades propostas são vistas como desencadea<strong>do</strong>ras de<br />

reflexões sobre a forma como a língua escrita se organiza e se articula para produzir diferentes<br />

significa<strong>do</strong>s e emoções.<br />

A idéia central <strong>do</strong> trabalho é a compreensão de que a língua escrita é um outro sistema de<br />

representação em relação à língua falada. Falar e escrever são objetos de conhecimento diferentes,<br />

que exigem que o sujeito se aproxime de cada um de forma diferenciada. Assim sen<strong>do</strong>, aprender<br />

a escrever é compreender as leis de composição <strong>do</strong> sistema de representação da escrita.<br />

A Gramática e a Ortografia são, assim, vistas como sistemas a serem desvenda<strong>do</strong>s e compreendi<strong>do</strong>s<br />

como um conjunto de leis e articulações possíveis, impossíveis, prováveis ou pouco<br />

prováveis. Aprendê-las não é memorizar regras arbitrárias às quais o sujeito deve se submeter,<br />

mas é agir sobre a língua, pensar suas propriedades, recortá-la em suas múltiplas facetas para ir<br />

gradativamente construin<strong>do</strong> sua teia de relações.<br />

Por termos neste trabalho busca<strong>do</strong> um olhar diferencia<strong>do</strong> sobre a língua, o <strong>Manual</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Professor</strong> traz toda uma discussão teórica de como a compreendemos, e estratégias para desenvolver<br />

em sala de aula que possam propiciar essa reflexão e suas descobertas.<br />

Em relação à Ortografia, nossa postura se mantém a mesma que em relação à Gramática. A<br />

Ortografia tem si<strong>do</strong> analisada e trabalhada pela maior parte <strong>do</strong>s educa<strong>do</strong>res como uma questão<br />

de imitação, memorização ou introjeção de um modelo. O erro ortográfico tem si<strong>do</strong> visto dentro<br />

desta linha, como mera falta de memória e de atenção por parte da criança e, em conseqüência,<br />

o trabalho baseia-se apenas na repetição exaustiva de um modelo ortográfico.<br />

Mas, se a questão da Ortografia fosse apenas uma questão de memória, não deveria haver<br />

erro, uma vez que a criança se depara a primeira vez e inúmeras vezes depois com essa mesma<br />

palavra, escrita corretamente. No entanto, ela erra. Erra porque reflete, busca regularidades, trabalha<br />

sobre hipóteses de como se constituiria esse sistema ortográfico.<br />

Na coleção Construin<strong>do</strong> a escrita, o trabalho com Ortografia se propõe a discutir com os<br />

alunos como se organiza esse sistema, levan<strong>do</strong>-os a operar sobre a grafia das palavras, observar<br />

identidades, classificar e relacionar as informações da língua em busca de maior compreensão <strong>do</strong><br />

sistema.<br />

A estrutura <strong>do</strong> trabalho compõe-se de atividades de descoberta e de sistematização através<br />

de jogos lógicos. As atividades de descoberta estão descritas no <strong>Manual</strong> <strong>do</strong> <strong>Professor</strong> e devem<br />

ser realizadas antes das atividades de sistematização, que são apresentadas no Livro <strong>do</strong> Aluno.<br />

Nossa escolha por uma sistematização através de jogos lógicos fundamenta-se no trabalho desenvolvi<strong>do</strong><br />

no LaPp (Laboratório de Psicopedagogia <strong>do</strong> Instituto de Psicologia da USP) coordena<strong>do</strong><br />

pelo Prof. Lino de Mace<strong>do</strong>, que pesquisa a influência da utilização de jogos lógicos (em sala de aula<br />

e em clínica) como elementos de desenvolvimento da inteligência e estruturação <strong>do</strong> pensamento,<br />

além de propiciarem um trabalho de relacionamento humano. A utilização de jogos lógicos lingüísticos<br />

tem possibilita<strong>do</strong> aos alunos uma relação mais ativa com o sistema da língua, além da ampliação<br />

<strong>do</strong> universo vocabular e uma relação afetiva com um conteú<strong>do</strong> geralmente tão ári<strong>do</strong>.<br />

Além <strong>do</strong>s jogos e atividades já conti<strong>do</strong>s no Livro <strong>do</strong> Aluno, no <strong>Manual</strong> <strong>do</strong> <strong>Professor</strong> há a descrição<br />

de mais jogos, de sistema aberto, ou seja, jogos cuja estrutura o professor pode adaptar ao<br />

universo vocabular e ao assunto que estiver desenvolven<strong>do</strong>. Podem ser auxiliares no trabalho de<br />

sistematização das descobertas <strong>do</strong>s alunos. Viven<strong>do</strong> a Ortografia e a Gramática sob este outro enfoque,<br />

esperamos que você e seus alunos possam redescobrir o prazer de aprendê-la.<br />

9


Dinâmica <strong>do</strong> trabalho<br />

Para que o material possa proporcionar um trabalho mais rico e eficiente é importante que<br />

algumas posturas sejam garantidas. Desta maneira, observe:<br />

1 – As atividades estão agrupadas pelo assunto da Gramática ou da Ortografia a ser trabalha<strong>do</strong><br />

e não por ordem de uso. Portanto, não devem ser utilizadas na seqüência em que aparecem.<br />

É acompanhan<strong>do</strong> o ritmo e o interesse da classe que o professor vai construin<strong>do</strong> a prática<br />

proposta nesta coleção.<br />

2 – Nosso objetivo não foi esgotar os assuntos com as atividades propostas. Cabe ao professor,<br />

a partir das características e necessidades de sua classe, criar outras atividades que preencham<br />

essas lacunas propositadamente deixadas por nós. Este material pretende ser uma espinha<br />

<strong>do</strong>rsal que norteia o trabalho, deven<strong>do</strong> o professor, através da observação das necessidades específicas<br />

da classe, ampliá-lo, completá-lo, adequá-lo. Apresentamos, no final deste livro, um<br />

apêndice com sugestões de jogos que podem ser adapta<strong>do</strong>s ao assunto a ser trabalha<strong>do</strong>.<br />

3 – As atividades foram pensadas como desencadea<strong>do</strong>ras de discussão sobre propriedades<br />

<strong>do</strong> sistema da língua e devem ser tratadas como tal, ou seja, nosso grande objetivo é a discussão<br />

em si mesma, a reflexão que emerge dela, a possibilidade de se fazer generalizações, e não simplesmente<br />

a obtenção de uma resposta correta. Para que isto aconteça efetivamente, é necessário<br />

que o professor mantenha uma postura coerente com esta proposta:<br />

a) postura de investigação através de perguntas abertas. Através destas perguntas o professor<br />

dirige o olhar <strong>do</strong> aluno para aspectos relevantes <strong>do</strong> objeto de investigação, mas não dá as respostas.<br />

Estas, o aluno deve buscar dentro de si, na troca com a língua.<br />

b) diante de uma hipótese levantada por uma criança, pedir confirmação <strong>do</strong> grupo ou da própria<br />

língua. Colocações <strong>do</strong> tipo: "O que você observou para chegar a esta conclusão?" ou "Como<br />

você pensou para concluir isso?" ou "Alguém mais também observa isto em suas palavras?"<br />

são procedimentos que levam as crianças a desenvolverem uma postura de investigação de<br />

conhecimento, que logo é ampliada em extensão a outros conteú<strong>do</strong>s, escolares e de vida.<br />

4 – As descobertas feitas devem ser registradas para que não se percam. Por esta razão, sugerimos<br />

que as crianças tenham um caderno de registro das descobertas, onde possam organizar<br />

o conhecimento e utilizar como fonte de pesquisa na hora de estudar. As descobertas devem<br />

ser redigidas pelo grupo-classe juntamente com o professor.<br />

5 – A maior parte das atividades deve ser desenvolvida em duplas ou em pequenos grupos.<br />

A troca resultante <strong>do</strong> trabalho em equipe permite a ampliação de perspectiva e o desenvolvimento<br />

da capacidade de argumentação <strong>do</strong> aluno, além de dinamizar o processo de aprendizagem.<br />

6 – O trabalho de investigação pode ser organiza<strong>do</strong> parte em sala de aula e parte em casa.<br />

Essa dinâmica agiliza o trabalho e vem descrita em seus passos ao longo <strong>do</strong> <strong>Manual</strong> <strong>do</strong> <strong>Professor</strong>.<br />

7 – As perguntas feitas pelas crianças devem ser objeto de reflexão <strong>do</strong> professor. Ouça-as<br />

com atenção, pois é através delas que em geral o aluno revela seu pensamento. Ao "saber ouvilas",<br />

o professor descobre qual o caminho de interferência que pode ser toma<strong>do</strong>.<br />

Gostaríamos que o professor tivesse também, dentro de si, a clareza de que a construção de<br />

um conhecimento é um processo e, enquanto tal, que há um caminho de aquisição onde o objeto,<br />

parcialmente construí<strong>do</strong>, ainda não se mostra em sua totalidade. Isto não significa que não tenha<br />

havi<strong>do</strong> aprendizagem ou evolução. Não temos a intenção de que, através deste trabalho, o<br />

aluno termine o ano sem errar. Nosso objetivo é que, ao tratar a Gramática e a Ortografia desta<br />

forma, eles aprendam a pensar o conhecimento específico e a própria vida como conjunto de possíveis,<br />

e que saibam que é através da reflexão e da ação sobre o mun<strong>do</strong> que ele é apropria<strong>do</strong> e<br />

transforma<strong>do</strong>.<br />

MÓDULO I — Investigan<strong>do</strong> a letra X<br />

O uso da letra X costuma suscitar uma série de dúvidas. Quem já não ficou inúmeras vezes<br />

pensan<strong>do</strong> se tal palavra é escrita com X ou CH, com X ou Z, com X ou S? Normalmente o trabalho<br />

desenvolvi<strong>do</strong> com as crianças leva-as a constatar a existência de vários sons para a letra X, sen<strong>do</strong><br />

o recurso da memória o único utiliza<strong>do</strong> para resolver esse impasse. Neste livro, procuraremos enfocar<br />

a questão por outros ângulos.<br />

Nossa proposta inicial será estendida ao longo <strong>do</strong> ano, recortada em diversos níveis.<br />

Iniciaremos por uma pesquisa da letra X e, gradativamente, iremos amplian<strong>do</strong> as descobertas em<br />

confronto com as letras que costumam gerar dúvidas. Assim sen<strong>do</strong>, confrontaremos X com Z, com<br />

CH e com S. A pesquisa sobre a letra S se estenderá para CE, CI no início de palavras. Essas difi-<br />

10


culdades ortográficas constituirão a base <strong>do</strong> trabalho ortográfico a ser desenvolvi<strong>do</strong> neste volume.<br />

As pesquisas sobre Ç, SC, CE, CI no meio de palavras farão parte <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> próximo<br />

volume.<br />

Considerações sobre a postura diante da pesquisa ortográfica<br />

Antes de iniciar as pesquisas ortográficas, gostaríamos de fazer algumas observações relativas<br />

à nossa postura em relação a esse trabalho:<br />

1 – As conclusões apresentadas foram tiradas a partir da análise da amostra de nossas<br />

palavras e posterior confirmação em dicionário, quan<strong>do</strong> possível. Muitas vezes a amostra nos indicava<br />

uma conclusão geral, útil para uma decisão ortográfica, porém, no dicionário, encontrávamos<br />

uma ou algumas palavras que não se encaixavam. Essas palavras, em geral, faziam parte de<br />

um vocabulário de área específica (por exemplo, biologia, física, medicina e outras) e tinham senti<strong>do</strong><br />

e uso pouco comuns. Por essa razão, não destacamos esses casos. Nossa intenção nesse momento<br />

é levá-los a compreender o sistema. Por isso, não vemos utilidade em invalidar as conclusões<br />

com exceções que não farão parte <strong>do</strong> cotidiano da criança. Acreditamos que elas surgirão<br />

naturalmente, quan<strong>do</strong> eles forem mais velhos e estiverem lidan<strong>do</strong> com os conceitos trabalha<strong>do</strong>s<br />

por essas palavras de vocabulário específico de cada área.<br />

2 – Como essas palavras poderão surgir em algum grupo-classe, as conclusões apresentadas<br />

foram relativizadas, para dar conta dessas exceções, mas consideramos inútil e desnecessário<br />

levar as crianças a observá-las, caso a observação não seja feita espontaneamente. Acreditamos<br />

que, se assim procedêssemos, as crianças ficariam com uma quantidade enorme de da<strong>do</strong>s que<br />

não saberiam como organizar por relevância, perden<strong>do</strong>-se em conclusões inúteis.<br />

3 – Como há uma grande variação de grafias em nomes próprios, aconselhamos o professor<br />

a não utilizá-los na amostra da pesquisa. Essas variações muitas vezes correspondem mais a<br />

"criações ortográficas" <strong>do</strong> que a possibilidades <strong>do</strong> sistema, além de muitas serem nomes estrangeiros.<br />

A utilização desses nomes confundiria desnecessariamente a observação das crianças.<br />

4 – Procuramos colocar neste <strong>Manual</strong> as conclusões que consideramos mais prováveis de<br />

serem tiradas naturalmente na classe. Não citamos todas as conclusões possíveis e, por isso, o<br />

professor deverá estar sempre atento às colocações <strong>do</strong>s alunos e verificar se aquilo que eles estão<br />

dizen<strong>do</strong> é procedente ou não, mesmo que não conste em nosso <strong>Manual</strong>.<br />

5 – Para facilitar a seleção de conclusões, destacamos em negrito as mais relevantes para<br />

uma decisão ortográfica. Essas conclusões devem ser necessariamente observadas pelas crianças.<br />

Caso não observem espontaneamente, o professor deverá fazer perguntas como as sugeridas ao<br />

longo das pesquisas, para que as crianças dirijam seu olhar para esses aspectos destaca<strong>do</strong>s.<br />

6 – Se as conclusões que não estiverem em negrito forem levantadas espontaneamente, ótimo.<br />

O professor registra com as crianças, pois são elementos constitutivos <strong>do</strong> sistema. Mas, se<br />

as crianças não observarem, não há razão para o professor insistir. O melhor é dar prosseguimento<br />

ao trabalho.<br />

7 – Ao final de cada momento da pesquisa, diante de todas as conclusões tiradas pelos grupos,<br />

é importante que o professor converse com a classe e pergunte: Bem, diante de tu<strong>do</strong> isso que<br />

nós descobrimos, o que poderia ser interessante para nos ajudar a decidir quan<strong>do</strong> usar uma letra<br />

ou outra na hora de escrever a palavra? A partir dessas observações, professor e classe vão sublinhan<strong>do</strong><br />

as conclusões mais importantes de serem gravadas.<br />

8 – Aconselhamos o professor a realizar as pesquisas antes de pedir aos alunos que o façam.<br />

Isso vai ajudá-lo a compreender o trabalho, a tirar conclusões próprias, a observar o que aparece<br />

com maior clareza no sistema, a perceber as dificuldades que poderão ser encontradas pelas<br />

crianças e a conferir as descobertas colocadas por nós. Afinal, a ortografia é um sistema a ser<br />

desvenda<strong>do</strong>, inclusive por nós, professores.<br />

Pesquisa sobre a letra X<br />

Objetivos<br />

Nosso objetivo é colocar os alunos em contato direto com o sistema ortográfico, numa relação<br />

de investigação, de tal forma que possam compreender as relações, as propriedades e as<br />

leis de composição internas desse sistema.<br />

Ao proceder dessa forma, acreditamos estar desenvolven<strong>do</strong> nas crianças uma relação ativa<br />

diante <strong>do</strong> conhecimento, ensinan<strong>do</strong>-lhes que aprender é produzir e não reproduzir conhecimento.<br />

Além disso, estaremos lhes proporcionan<strong>do</strong> a possibilidade de descobrir regras que possam<br />

ajudá-las a tomar uma decisão ortográfica no momento de escrever.<br />

11


Estratégia<br />

Comunique às crianças que vocês vão iniciar uma pesquisa sobre a letra X, para ajudá-las a<br />

saber quan<strong>do</strong> usar essa letra ao escrever uma palavra. Peça-lhes, como lição de casa, que pesquisem<br />

em jornais, revistas e livros palavras com X (não importa a posição que o X ocupe na palavra).<br />

Cada criança deverá encontrar no mínimo quinze palavras e escrevê-las no caderno.<br />

Importante:<br />

Não ofereça um texto único nem listas de palavras para as crianças retirarem as palavras<br />

solicitadas. É fundamental que a pesquisa seja feita em material amplo, para que se obtenha<br />

um universo vasto de palavras evitan<strong>do</strong>-se, assim, as falsas generalizações.<br />

No outro dia, reúna-as em pequenos grupos e proceda da seguinte maneira:<br />

1 – Distribua folhas de papel sulfite e canetinhas de três cores diferentes.<br />

2 – Peça-lhes que copiem na folha, com uma letra que não seja pequena, todas as palavras<br />

encontradas pelo grupo, dan<strong>do</strong> espaço entre uma palavra e outra. As palavras repetidas devem<br />

ser desprezadas.<br />

3 – As crianças devem pintar cada palavra da seguinte forma:<br />

– com uma das cores, a letra X;<br />

– com outra cor, a vogal anterior ou posterior ao X (apenas as vizinhas);<br />

– e com a terceira cor, a consoante anterior ou posterior ao X (apenas as vizinhas). Dessa forma,<br />

a letra X e suas vizinhas ficarão destacadas na palavra.<br />

4 – Peça-lhes em seguida que cortem a folha de tal forma que cada palavra fique escrita em<br />

um retângulo separa<strong>do</strong>. Estamos agora com o material prepara<strong>do</strong> para começar a investigação.<br />

Feito isso, peça que arrumem todas as palavras, uma ao la<strong>do</strong> da outra, sobre as carteiras e<br />

pergunte-lhes se, ao prepararem o material, observaram alguma coisa interessante. Ouça-as, e a<br />

cada colocação feita, peça que todas verifiquem em sua amostra de palavras se a colocação é válida.<br />

Uma vez que a análise necessária <strong>do</strong> X é muito complexa, proponha-lhes um caminho que<br />

deve ser percorri<strong>do</strong> lentamente, jamais feito em um único dia. Nós daremos a seqüência de como<br />

realizar a investigação toda de uma só vez, mas ela não deverá ser realizada assim. Organize-a<br />

em partes, de acor<strong>do</strong> com as possibilidades de sua classe e a distribuição das aulas.<br />

A meto<strong>do</strong>logia proposta por nós envolve uma organização sempre binária: observamos as<br />

palavras e as organizamos em <strong>do</strong>is grupos, de acor<strong>do</strong> com alguma característica. Em seguida, escolhemos<br />

o grupo menos numeroso e analisamos suas propriedades, pegan<strong>do</strong> depois o grupo<br />

mais numeroso e fazen<strong>do</strong> nova classificação, se necessário. Por último, selecionamos as descobertas<br />

mais importantes enquanto instrumentos de decisão numa dúvida ortográfica, e passamos<br />

à sistematização.<br />

Primeiro momento<br />

O professor deve pedir às crianças que observem a posição da letra X nas palavras e que as<br />

organizem em <strong>do</strong>is grupos: um de palavras iniciadas pela letra X, e outro, de palavras com X no<br />

meio ou no final.<br />

Depois de organiza<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>is grupos, o professor pedirá que observem qual grupo é menos<br />

numeroso. As crianças concluirão que é o grupo das palavras iniciadas por X. O professor sugere,<br />

então, que observem primeiro as palavras iniciadas pela letra X.<br />

Palavras iniciadas pela letra X<br />

Ao analisar a amostra de palavras, as crianças poderão fazer as seguintes observações:<br />

1 – Há poucas palavras iniciadas por X.<br />

2 – Depois <strong>do</strong> X sempre vem uma vogal.<br />

3 – Todas as vogais são possíveis.<br />

4 – O som <strong>do</strong> X nessa posição é igual ao som <strong>do</strong> CH.<br />

5 – É difícil saber quan<strong>do</strong> a palavra é escrita com X ou com CH, nessa situação.<br />

A tomada de decisão entre X e CH inicial não é possível a partir de nenhuma dessas descobertas,<br />

pois constatar que os <strong>do</strong>is têm som pareci<strong>do</strong> não ajuda a saber quan<strong>do</strong> usar um ou outro.<br />

Só posteriormente é que as coisas ficarão mais claras, quan<strong>do</strong> fizerem a atividade Não tenha<br />

chiliques!!! e confrontarem X com CH no início de palavras. Mas, como a atividade apresenta<br />

outras questões simultâneas, aconselhamos que seja realizada depois de concluída a pesquisa.<br />

12


Depois que tiverem acaba<strong>do</strong> a análise <strong>do</strong> X como primeira letra da palavra, o professor deverá<br />

dirigir o olhar das crianças para o outro grupo de palavras.<br />

O professor pedirá novamente aos alunos que organizem as palavras de sua amostra em<br />

<strong>do</strong>is grupos: palavras terminadas em X e palavras com X no meio. Separa<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>is grupos, dará<br />

prosseguimento à análise, trabalhan<strong>do</strong> agora com as palavras terminadas por X.<br />

Palavras terminadas pela letra X<br />

Ao analisar esse grupo de palavras, as crianças poderão fazer as seguintes descobertas:<br />

1 – Há poucas palavras que terminam em X.<br />

2 – Antes <strong>do</strong> X sempre vem uma vogal, jamais uma consoante (pirex, inox, durex, durepox,<br />

xerox, fax, etc.)<br />

3 – O som <strong>do</strong> X nessa posição é [CS].<br />

4 – Nessa posição o X só pode ser confundi<strong>do</strong> com "quis " (“tóraquis”, “duréquis”, etc.), mas<br />

esse tipo de erro já não é comum nesse nível de escolaridade.<br />

5 – As palavras sem acento, terminadas em X, são oxítonas.<br />

Para o X nessa posição não preparamos nenhuma atividade especial. A análise, contu<strong>do</strong>, é<br />

válida porque as crianças não sabem de antemão se haverá ou não descobertas que envolvam<br />

uma decisão ortográfica e, de qualquer forma, é possível compreender o sistema no qual a letra<br />

aparece.<br />

Segun<strong>do</strong> momento — A letra X no meio da palavra<br />

Este é o grupo ao qual pertence o maior número de palavras com a letra X. Os alunos logo<br />

constatarão isso. Depois dessa constatação, o professor deverá proceder da seguinte forma:<br />

1 – Peça-lhes que observem se antes <strong>do</strong> X aparece vogal ou consoante. Observarão que podem<br />

aparecer tanto vogais quanto consoantes. Proponha, então, que separem as palavras em <strong>do</strong>is<br />

grupos: um de consoante + X e outro de vogal + X.<br />

2 – Peça que observem os <strong>do</strong>is grupos e vejam que conclusões podem tirar. Dentre as conclusões<br />

possíveis, a mais importante para a seqüência da pesquisa é a de que há muito mais<br />

palavras com vogal + X. Peça, então, que observem a seguir o grupo menos numeroso, de consoante<br />

+ X, e vejam tu<strong>do</strong> o que podem descobrir.<br />

Palavras com consoante + X<br />

Deixe que os alunos digam espontaneamente o que estão observan<strong>do</strong>. Caso ainda não tenham<br />

prática nesse tipo de análise, faça perguntas que possam levá-los a observar alguns aspectos<br />

importantes. Perguntas que costumam ser interessantes:<br />

• Qualquer consoante pode aparecer antes <strong>do</strong> X?<br />

• O X aparece em que posição dentro da palavra: na primeira, na segunda, na terceira sílaba<br />

ou em todas as sílabas, indiferentemente?<br />

• O X é a primeira, a segunda ou a terceira letra da sílaba?<br />

• Qual é o som <strong>do</strong> X nessa posição?<br />

• Depois <strong>do</strong> X pode aparecer tanto vogal quanto consoante, ou apenas uma delas?<br />

• Todas as vogais aparecem indiferentemente ou só algumas?<br />

A cada pergunta <strong>do</strong> professor, as crianças deverão observar as palavras, analisar e tirar suas<br />

conclusões. Quan<strong>do</strong> um grupo de alunos chega a alguma conclusão, o professor pergunta: Isso<br />

que Fulano está falan<strong>do</strong> também acontece com as palavras de vocês? Se eles responderem afirmativamente,<br />

e, portanto, a conclusão for uma regra, o professor deverá registrá-la na lousa, para<br />

que depois os alunos copiem no Caderno de Descobertas.<br />

Essa postura é essencial para que as crianças aprendam a trabalhar com a verificação da<br />

hipótese e para que ocorra um mínimo de falsas generalizações.<br />

Se o professor achar conveniente, para ganhar tempo em sala de aula, poderá depois registrar<br />

as conclusões em papel craft e fixá-lo na parede. Assim, as crianças poderão copiar em<br />

outro momento e não ocuparão o tempo de aula com esse trabalho. Se o professor achar interessante,<br />

sugerimos também que copie as conclusões em uma folha, tire cópias e distribua entre<br />

os alunos.<br />

13


Algumas descobertas possíveis:<br />

1 – Há poucas palavras com consoante antes <strong>do</strong> X.<br />

2 – A única consoante que aparece é o N e ele está sempre antecedi<strong>do</strong> de E (ou seja, temos<br />

EN + X).<br />

3 – Em nossa amostra, o EN era sempre a primeira sílaba da palavra e o X a primeira letra<br />

da segunda sílaba.<br />

4 – O som <strong>do</strong> X nessa série de letras é [CH].<br />

5 – Depois <strong>do</strong> X vem sempre uma vogal.<br />

6 – As vogais A, E, O, U podem aparecer depois <strong>do</strong> X. A vogal I nunca aparece.<br />

Para confirmar essa última observação, peça às crianças que abram o dicionário na série<br />

EN + X e verifiquem as vogais que aparecem.<br />

As descobertas em negrito são as mais interessantes para a tomada de decisões ortográficas.<br />

Por isso, são as mais importantes de serem destacadas para as crianças.<br />

Outras descobertas importantes:<br />

Ajude-as a perceber que antes de X vem EN. Será que existe também EN + CH? Como será<br />

que poderão verificar? Ouça-as e, caso ninguém sugira nada, diga-lhes para procurar no dicionário.<br />

1 – Verificarão que existem poucas palavras. São os deriva<strong>do</strong>s de: cheio (encher, enchente,<br />

enchedeira, encheção, enchimento, enchi<strong>do</strong>); chacota (enchacotar); chafurdar (enchafurdar);<br />

chapéu (enchapela<strong>do</strong>); charco (encharcar); chiqueiro (enchiqueirar, enchiqueira<strong>do</strong>r); e alguns outros<br />

vocábulos. Assim sen<strong>do</strong>, todas as outras palavras são escritas com EN + X.<br />

O professor poderá perguntar em seguida: Será que as palavras que começam com AN, IN,<br />

ON, UN serão sempre seguidas de CH?<br />

Divida a classe em quatro grupos de pesquisa e peça que cada grupo procure palavras no<br />

dicionário com uma daquelas séries: AN + X; AN + CH; IN + X; IN + CH e assim por diante.<br />

2 – Concluirão que só existe EN + X; AN + CH; IN + CH e que ON e UN não existem nem<br />

com X nem com CH.<br />

3 – Outra conclusão possível é que, como não apareceu EN + X no meio da palavra (esta série<br />

apareceu sempre no início), dentro da palavra teremos sempre A, E, I, O, U + N + CH (como em<br />

gancho, aconchego, etc.). Só encontramos guanxuma com N + X dentro da palavra. Mas isso não<br />

invalida a conclusão tirada.<br />

Como essas descobertas são importantes, à medida que oferecem uma decisão ortográfica,<br />

sugerimos a estratégia Bingo ortográfico para sistematizá-las.<br />

Bingo ortográfico<br />

Este Bingo é para ser joga<strong>do</strong> individualmente. O professor pedirá que cada aluno pegue uma<br />

folha de papel e faça uma tabela com 25 (5 x 5) quadra<strong>do</strong>s grandes. Em seguida, explicará as regras<br />

<strong>do</strong> Bingo, caso as crianças ainda não as conheçam.<br />

Regras:<br />

1 – Serão ditadas 25 palavras com X ou CH e cada aluno deverá escrever cada palavra ditada<br />

em um <strong>do</strong>s quadra<strong>do</strong>s da tabela.<br />

2 – É importante que cada aluno escreva na tabela sem se preocupar com a ordem em que<br />

os quadra<strong>do</strong>s aparecem. Assim, as crianças ficarão com tabelas diferentes ao final <strong>do</strong> dita<strong>do</strong>.<br />

3 – Depois de completar a tabela, o professor irá sortear as palavras e "cantá-las", uma a uma.<br />

4 – A cada palavra que o professor disser, os alunos marcarão na tabela a palavra “cantada”.<br />

Pode ser sublinhan<strong>do</strong>, circulan<strong>do</strong> ou de outra forma qualquer.<br />

5 – Quan<strong>do</strong> alguém completar uma linha, uma coluna ou a diagonal de palavras sorteadas,<br />

fala "Bingo!" e mostra a cartela para o professor.<br />

6 – O professor olha a cartela e verifica se as palavras foram mesmo sorteadas e se todas estão<br />

grafadas corretamente.<br />

7 – Se estiverem corretas, o aluno será o vence<strong>do</strong>r e o jogo poderá continuar até surgir o segun<strong>do</strong>,<br />

o terceiro ou o quarto coloca<strong>do</strong> (o professor decidirá até que ponto o jogo prosseguirá).<br />

8 – Se houver alguma palavra errada na linha, na coluna ou na diagonal da tabela que o aluno<br />

está mostran<strong>do</strong> para a conferência, o professor dirá que tem erro mas não apontará em qual<br />

palavra. O aluno voltará para o seu lugar, não poden<strong>do</strong> mais concorrer com aquela linha, coluna<br />

ou diagonal. Mas poderá continuar concorren<strong>do</strong> com as outras palavras para bingar em outra<br />

linha, coluna ou diagonal. Aconselhamos o professor a marcar a seqüência errada para facilitar o<br />

seu controle.<br />

9 – O aluno que já ganhou uma vez pode continuar na brincadeira, mas não poderá ganhar<br />

novamente com outra linha, coluna ou diagonal.<br />

14


Sugestão de palavras para o Bingo:<br />

lancheira enchimento ponche guincho caruncho<br />

enxotar rancho enxoval concha inchaço<br />

enxuguei enxeri<strong>do</strong>s enxurrada enxofre preencha<br />

enganchar aconchego encheção enxergarmos enxame<br />

prancheta enxadada enxaqueca desmancha enxuto<br />

Além <strong>do</strong> Bingo ortográfico, sugerimos que os alunos joguem Soletran<strong>do</strong>, para continuar sistematizan<strong>do</strong><br />

as conclusões.<br />

Soletran<strong>do</strong><br />

Organize a classe em grupos de quatro alunos e explique cuida<strong>do</strong>samente as regras <strong>do</strong> jogo:<br />

1 – Peça aos alunos que pesquisem em casa palavras com A, E, I, O, U + N + X ou A, E, I, O,<br />

U + N + CH. As palavras pesquisadas deverão ser diferentes das que foram usadas no Bingo ortográfico.<br />

Cada aluno deverá trazer quatro palavras.<br />

2 – No dia seguinte, o professor divide a classe em equipes de três ou quatro elementos, que<br />

serão, daqui por diante, chama<strong>do</strong>s de aluno número 1, 2, 3, 4 de cada equipe.<br />

3 – O joga<strong>do</strong>r número 1 escolhe uma de suas palavras e pede ao joga<strong>do</strong>r número 2 que a soletre.<br />

Este deverá "escrever" a palavra na cabeça e soletrá-la, dizen<strong>do</strong> letra por letra na seqüência<br />

certa. Enquanto isso, o joga<strong>do</strong>r número 1 (o que ditou) vai escreven<strong>do</strong> cada letra que está sen<strong>do</strong><br />

ditada pelo número 2.<br />

4 – Quan<strong>do</strong> o joga<strong>do</strong>r número 2 terminar de soletrar, o número 1 dirá se ele acertou ou errou.<br />

Se o joga<strong>do</strong>r 2 acertou, ganhará um ponto e ditará uma palavra para o 3. Se o 2 errou, o<br />

número 1 dirá que está erra<strong>do</strong> e pedirá que o joga<strong>do</strong>r 3 soletre a palavra. Caso este acerte, o ponto<br />

será dele.<br />

5 – Mesmo que tenha erra<strong>do</strong>, o joga<strong>do</strong>r 2 ditará uma de suas palavras para o 3, que tentará<br />

novamente. Depois o 3 ditará para o 4, que ditará para o 1, fechan<strong>do</strong> assim o círculo.<br />

6 – Se a palavra tiver acento e o aluno que a estiver soletran<strong>do</strong> não falar dele, a palavra é<br />

considerada errada.<br />

7 – O jogo termina quan<strong>do</strong> todas as palavras selecionadas tiverem si<strong>do</strong> ditadas ou depois de<br />

um tempo determina<strong>do</strong> pelo professor ou combina<strong>do</strong> com a classe.<br />

8 – Vence quem obtiver o maior número de pontos.<br />

Terceiro momento<br />

Depois de sistematizadas as descobertas poderemos prosseguir com a pesquisa.<br />

Peça-lhes que observem as palavras com vogal + X (são as únicas palavras que restam agora).<br />

Depois de vogal + X poderá aparecer tanto vogal quanto consoante ou só uma delas? Verificarão<br />

que aparecem tanto vogais quanto consoantes.<br />

Peça, então, que dividam as palavras em <strong>do</strong>is novos grupos: vogal + X + vogal e vogal +<br />

X + consoante. Observarão que o grupo com consoante depois <strong>do</strong> X é menor. Proponha que comecem<br />

a investigação por esse grupo.<br />

Palavras com vogal + X + consoante<br />

A partir da investigação feita, as crianças poderão fazer as seguintes descobertas:<br />

1 – Depois <strong>do</strong> X aparecem P, T, C. Existem poucas palavras com X + F (por exemplo: exfoliação)<br />

e X + S (exsurgir, exsudar). Como essas palavras não são comuns, não costumam aparecer<br />

na amostra das crianças. Continuaremos nossas conclusões sem considerar essas palavras,<br />

usan<strong>do</strong> apenas as da amostra da pesquisa.<br />

2 – A maior parte das palavras é com P ou T. As palavras com C são poucas.<br />

3 – Praticamente todas as palavras começam com E e o X é a segunda letra (EX + consoante).<br />

Não apareceu nenhuma outra vogal antes <strong>do</strong> X.<br />

4 – Nessa série o X é sempre a última letra da sílaba.<br />

5 – O som <strong>do</strong> X é [S] (exclamação, exportar, extremo), menos quan<strong>do</strong> temos EX + CE ou CI<br />

(exceção, excitante).<br />

6 – Quan<strong>do</strong> o som for [ES], segui<strong>do</strong> de qualquer outra consoante, a palavra será sempre escrita<br />

com S e não com X (esfaquear, esgota<strong>do</strong>, etc.)<br />

7 – Também existem palavras com ES + P, T, C. Nesses casos é necessário saber cada palavra.<br />

8 – O X não é a segunda letra em palavras como texto, sexta e seus deriva<strong>do</strong>s (contexto,<br />

pretexto, bissexto, etc.). Nesses casos é necessário conhecer cada palavra. Sugerimos que o professor<br />

mostre a diferença de significa<strong>do</strong> entre texto e testo.<br />

15


No Livro <strong>do</strong> Aluno encontramos o jogo Stop ou "Xtop"? para sistematizar parte dessas<br />

descobertas.<br />

Stop ou "Xtop"?<br />

As regras <strong>do</strong> jogo não foram escritas no Livro <strong>do</strong> Aluno para evitar que as crianças completassem<br />

antes. O melhor é resolver o jogo individualmente, mas o trabalho também poderá ser<br />

realiza<strong>do</strong> em equipe.<br />

Regras <strong>do</strong> jogo:<br />

1 – A um sinal <strong>do</strong> professor to<strong>do</strong>s deverão completar os espaços, forman<strong>do</strong> uma palavra.<br />

Apenas os espaços possíveis serão completa<strong>do</strong>s.<br />

2 – Não é permiti<strong>do</strong> usar o dicionário.<br />

3 – Poderá ficar combina<strong>do</strong> que o jogo terminará depois de um tempo determina<strong>do</strong> pelo professor,<br />

quan<strong>do</strong> ele gritará Stop!<br />

4 – Quan<strong>do</strong> o jogo acabar, o professor fará a correção na lousa. Nessa hora, os alunos deverão<br />

trocar suas listas, <strong>do</strong>is a <strong>do</strong>is.<br />

5 – Um aluno fala uma palavra que está na lista. To<strong>do</strong>s os que também escreveram aquela<br />

palavra ganham cinco pontos. Outro aluno fala outra palavra formada naquele mesmo espaço,<br />

diferente da primeira, e é feita nova verificação. O mesmo procedimento continua até que<br />

todas as palavras sejam conferidas. Quem escrever uma palavra que ninguém colocou ganha<br />

10 pontos.<br />

6 – Vence o aluno que fizer o maior número de pontos.<br />

Termina<strong>do</strong> o jogo, há uma questão pedin<strong>do</strong> dicas que as crianças dariam a um amigo. Na<br />

verdade, elas escreverão as descobertas que fizeram: EX só pode ser segui<strong>do</strong> de P, T, C. Se tiverem<br />

descoberto as palavras com EX segui<strong>do</strong> de F e S, essas duas consoantes também serão mencionadas.<br />

Não existem palavras com EX segui<strong>do</strong> das demais consoantes. Portanto, não adianta<br />

tentar encontrar palavras para preencher as lacunas.<br />

Algumas lacunas na primeira coluna (ES + consoante) não serão preenchidas. Pergunte para<br />

as crianças se não existem palavras escritas daquele jeito ou se elas é que não se lembram. Peça<br />

que procurem no dicionário aquelas séries em especial. Assim, poderão descobrir que não existem<br />

palavras com ES + H, J, R, X, Z.<br />

Quarto momento<br />

Palavras com vogal + X + vogal<br />

Nesse grupo os alunos poderão fazer algumas descobertas importantes, que os ajudarão a<br />

tomar decisões ortográficas:<br />

1 – Há um grande número de palavras com essa série (vogal + X + vogal).<br />

2 – A vogal que aparece com maior freqüência antes <strong>do</strong> X é a E.<br />

3 – Na maior parte das palavras o E é a primeira letra, e o X é a segunda.<br />

Nesse momento <strong>do</strong> trabalho, o professor deverá pedir às crianças que façam nova subdivisão<br />

da amostra de palavras: de um la<strong>do</strong>, E + X + vogal, sen<strong>do</strong> E a primeira letra da palavra; <strong>do</strong><br />

outro la<strong>do</strong>, vogal + X + vogal no meio de palavras.<br />

E + X + vogal no início de palavra<br />

1 – Nesse caso o som <strong>do</strong> X é sempre [Z].<br />

2 – Depois <strong>do</strong> X podem aparecer quaisquer vogais.<br />

3 – Quan<strong>do</strong> o X tem som [Z], ele é sempre a primeira letra da sílaba.<br />

4 – O X nunca tem som [Z] em qualquer outra posição na palavra. Em palavras como reexaminar,<br />

a primitiva é examinar, portanto, a regra continua.<br />

Peça que verifiquem se existem palavras com EZ. Ao procurar no dicionário, verificarão que<br />

não existem (a única palavra que consta no Aurélio é ezequielense, termo pouco comum e deriva<strong>do</strong><br />

de Ezequiel). Assim, poderão concluir que:<br />

5 – Não existem palavras iniciadas por EZ, à exceção de ezequielense.<br />

Observação: Existem palavras com E + S + vogal. São menos numerosas que as palavras<br />

com E + X + vogal, e na maior parte a vogal é a letra O. (Por exemplo: esôfago, esotérico, etc.<br />

Apresentan<strong>do</strong> as outras vogais depois, encontramos apenas eserina, esipra, ésura e esurino, todas<br />

palavras estranhas ao vocabulário comum.) Essa descoberta será feita apenas mais adiante,<br />

quan<strong>do</strong> estivermos estudan<strong>do</strong> a letra S. Nesse momento eles concluem apenas que não existem<br />

palavras com EZ inicial.<br />

16


Atividades de sistematização<br />

Xeque-mate<br />

É uma proposta já conhecida de organização de letras dadas para formar palavras. Há um<br />

número grande de combinações possíveis, já que para cada situação eles poderão descobrir mais<br />

de uma palavra. Por exemplo, em EXA__ __ , exame, exato, exala. Por isso, é interessante que o<br />

professor faça a correção na lousa, para que os alunos tenham a oportunidade de entrar em contato<br />

com todas as palavras possíveis. Caso eles peçam, deixe que consultem o dicionário.<br />

A última questão dessa atividade retoma a descoberta de que não existem palavras iniciadas<br />

por EZ + vogal.<br />

É uma proposta que pode ser realizada como lição de casa.<br />

Vogal + X + vogal no meio da palavra<br />

1 – Depois <strong>do</strong> X podem aparecer quaisquer vogais.<br />

2 – O som <strong>do</strong> X pode ser [CS], [CH] e [S] (táxi, peixe, explicar).<br />

3 – Há outras possibilidades de se representar esses sons, o que torna difícil decidir quan<strong>do</strong><br />

usar X nesse contexto.<br />

4 – Depois de ME sempre vem X. Às vezes a amostra traz tão poucas palavras com ME que<br />

as crianças não conseguem enxergar essa regra. Por isso, propusemos adiante a atividade Mexe<br />

e remexe, na qual poderão fazer a generalização.<br />

5 – Depois de ditongo sempre vem X, mas a amostra dificilmente apresenta palavras em<br />

número suficiente para se fazer essa generalização. No volume 4, ao estudarmos encontros vocálicos,<br />

os alunos terão a oportunidade de retomar esse item.<br />

Cruzadex<br />

Nesta atividade pretendemos que os alunos façam uma revisão de conceitos gramaticais<br />

já estuda<strong>do</strong>s em séries anteriores, ao mesmo tempo que aplicam as descobertas feitas na pesquisa.<br />

Do ponto de vista cognitivo, as crianças têm que trabalhar com intersecção de classes, aplicada<br />

diretamente à leitura das instruções.<br />

Nas três questões propostas no final, procuramos trazer à tona palavras que são escritas com<br />

CÇ ou CC para confrontá-las com as palavras escritas com X. Acreditamos que esse confronto possa<br />

ajudar o aluno a tomar consciência da maior freqüência <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> X e de quais são as palavras<br />

mais freqüentes com as outras grafias.<br />

Optamos por um jogo <strong>do</strong>s sete acertos para expor as várias soluções de grafia que as<br />

crianças costumam apresentar espontaneamente em seus textos. Ao ver as três grafias diferentes<br />

e ter que escolher quais são as corretas, verificarão que nenhuma das palavras é com quici. O professor<br />

deve abrir a discussão com elas, perguntan<strong>do</strong> se existem palavras com quici e caso afirmem<br />

que sim, pedir que digam quais são elas. Encaminhar, então, a discussão comentan<strong>do</strong> o que as<br />

crianças trouxerem para a classe.<br />

As questões 3 a) e b) buscam a tomada de consciência das diferentes grafias desse som [CS].<br />

Questão 4<br />

Além da grafia, a divisão silábica dessas palavras costuma oferecer inúmeras dúvidas para<br />

as crianças. Poder discuti-las é o objetivo dessa questão: CC e CÇ ficam em sílabas separadas, o X<br />

forma sílaba com a vogal que o segue. Esperamos que a partir dessa discussão esse aspecto possa<br />

ficar mais claro para eles.<br />

Mexe e remexe<br />

Este é um tipo de jogo de senha (o nome clássico é palavra oculta), interessantíssimo para<br />

o desenvolvimento <strong>do</strong> pensar. Propomos que as crianças resolvam esse jogo em duplas ou trios,<br />

para que umas ajudem às outras. Se necessário, o professor poderá ajudá-las a pensar, solucionan<strong>do</strong><br />

o jogo com a classe toda.<br />

Como se trata de um jogo pouco conheci<strong>do</strong> e difícil, descreveremos aqui uma forma de dedução<br />

possível. É importante que o professor tente resolvê-lo sozinho, antes mesmo de ler o que<br />

escrevemos, pois é possível pensar por muitos caminhos e o que consta aqui é apenas um deles.<br />

M A R I A 2<br />

P E D R O 2<br />

L A U R A 3<br />

L Í D I A 0<br />

17


Observe as palavras escritas em cada fileira e o número escrito à direita de cada palavra. Os<br />

números indicam quantas letras são iguais e ocupam a mesma posição na palavra oculta.<br />

Vamos agora descrever os passos de um caminho de pensamento:<br />

1 – É sempre interessante pensar pela negação: todas as letras de Lídia não são possíveis.<br />

Isto significa que todas as letras iguais e que estão na mesma posição nas outras palavras também<br />

estão erradas.<br />

2 – Assim sen<strong>do</strong>, na primeira posição só pode ser M ou P.<br />

3 – Na última coluna o A é impossível, portanto a última letra só pode ser O.<br />

4 – Observan<strong>do</strong> a quarta coluna, concluímos que só há possibilidade de ser o R, pois o I de<br />

Lídia já foi cancela<strong>do</strong>.<br />

5 – Em Pedro só há duas letras em comum com a palavra oculta, que são o R e o O. Portanto,<br />

P, E e D são canceladas.<br />

6 – Na primeira coluna, se não é possível ser L nem P, só pode ser M.<br />

7 – No nome Laura há três letras da palavra oculta. Se o L e o último A foram elimina<strong>do</strong>s, sobram<br />

A, U, R. Descobrimos, portanto, que a palavra oculta é Mauro!<br />

Como você pode verificar, este é um jogo que propicia muita reflexão e que usamos como<br />

um meio de destacar a seqüência MEX e depois pedir aos alunos que tragam um vocabulário maior<br />

de palavras com MEX, para que possam concluir a regra ortográfica. Com MECH só há mecha e<br />

deriva<strong>do</strong>s e mechoacão. Todas as outras palavras são com MEX.<br />

É interessante que em um primeiro momento os alunos tentem lembrar-se, de memória, de<br />

algumas palavras e só depois procurem no dicionário.<br />

Até agora as atividades estiveram relacionadas com descobertas específicas. A partir daqui<br />

apresentamos atividades que trabalham com várias descobertas simultâneas.<br />

Grand prix<br />

Esta atividade, que pode ser realizada como lição de casa, se propõe a destacar uma das conclusões<br />

gerais: a de que o X pode ter vários sons.<br />

A proposta é simples: pintar da mesma cor as palavras que têm o X com o mesmo som e escrever<br />

mais duas palavras que possam se encaixar em cada grupo. O momento da correção é o<br />

mais rico. É quan<strong>do</strong> o professor pode perceber o que ainda não está claro para as crianças, ajudan<strong>do</strong>-as<br />

a organizar seu pensamento.<br />

Não tenha chiliques!!!<br />

É uma cruzadinha formada de palavras com X e CH, no início, depois de EN e depois de duas<br />

vogais. O objetivo é que apliquem as descobertas feitas ao longo da pesquisa, para decidir entre as<br />

duas letras, e depois trabalhem por classificação da série em que aparecem o X e o CH para reescrever<br />

as regras principais.<br />

Esse momento de retomar as regras principais é fundamental. Ao longo da pesquisa os<br />

alunos fazem muitas observações que são corretas, pois constituem o sistema, mas não são importantes<br />

enquanto possibilidade de uma decisão ortográfica. Assim sen<strong>do</strong>, ao fazerem a atividade<br />

e serem convida<strong>do</strong>s a escrever o que concluíram, eles retomam apenas as regras principais.<br />

Ao compararem a amostra de palavras iniciadas por X e por CH, poderão concluir que há<br />

mais palavras iniciadas por CH. O professor, nesse momento, pedirá que procurem no dicionário<br />

a confirmação dessa observação. E eles constatarão que ela é verdadeira.<br />

Comparan<strong>do</strong> as palavras que apresentam duas vogais antes <strong>do</strong> X ou <strong>do</strong> CH, poderão verificar<br />

que na amostra não há nenhuma palavra com CH. Vale a pena lembrar que existem palavras<br />

como gaúcho, que têm um hiato antes <strong>do</strong> CH e que isso pode ser confundi<strong>do</strong> com a regra que levantamos.<br />

Para esclarecer essa confusão teríamos de ter trabalha<strong>do</strong> com os conceitos de vogal e<br />

semivogal, ditongo e hiato. O fato de não termos discuti<strong>do</strong> esses conceitos impossibilita-nos de<br />

fazer uma análise mais eficiente. Nessa situação, separan<strong>do</strong> as sílabas da palavra, é possível leválos<br />

a perceber que nas palavras escritas com X as duas vogais que precedem essa consoante ficam<br />

juntas na mesma sílaba (bai-xo) e nas palavras com CH, as vogais ficam em sílabas separadas<br />

(ga-ú-cho) , além de a segunda vogal levar acento. Acreditamos que, mesmo assim, como o universo<br />

de palavras com hiato antes de CH não é tão vasto, isso não apareça. Quan<strong>do</strong> o professor<br />

estiver trabalhan<strong>do</strong> com os devi<strong>do</strong>s conceitos, ele ampliará e retomará a generalização parcial.<br />

Ao confrontar as palavras <strong>do</strong> grupo inicia<strong>do</strong> por EN, as crianças retomarão a regra já descoberta<br />

ao longo da análise, fechan<strong>do</strong> um ciclo da investigação.<br />

Jogo-da-velha<br />

Este é o tradicional jogo-da-velha, mas dessa vez para ser completa<strong>do</strong> com palavras e não<br />

com símbolos. O fato de não poder repetir palavras de uma partida para a outra obriga os joga<strong>do</strong>res<br />

a utilizarem to<strong>do</strong> o universo de palavras e não apenas as que já sabem escrever.<br />

18


Para decidir com certeza qual palavra deverá utilizar, a criança terá de aplicar as regras descobertas<br />

até então. Aí o desafio é duplo: vence quem é melhor em ortografia e em jogo-da-velha.<br />

Stop múltiplo<br />

Os jogos de Stop, velhos conheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> professor e das crianças, são sempre interessantes<br />

por trabalharem com um universo aberto de palavras, garantin<strong>do</strong> um amplo vocabulário, significativo<br />

para o grupo, e aciona<strong>do</strong> em uma situação sempre emocionante.<br />

Se o professor realizar essa atividade no início <strong>do</strong> ano, sugerimos que nomeie as colunas<br />

com os títulos: dissílabas, trissílabas e polissílabas. Se realizá-la mais para o final <strong>do</strong> ano, depois<br />

de ter trabalha<strong>do</strong> vários tópicos gramaticais, sugerimos que use os títulos: substantivos, adjetivos<br />

e verbos.<br />

Vale a pena observar que quem souber as descobertas saberá em que espaços concentrar<br />

sua energia. Quem não souber, ficará desperdiçan<strong>do</strong> memória em coisas impossíveis.<br />

Caso surjam palavras como gaúcho e miúcha, que têm duas vogais seguidas de CH, destaque<br />

com eles que a segunda vogal leva acento, o que não acontece com as palavras que têm duas vogais<br />

seguidas de X. Destaque também que a separação silábica é diferente.<br />

O cair das letras<br />

Este é um jogo clássico, que solicita uma preciosa elaboração de pensamento a ser desenvolvida<br />

pelas crianças e um conhecimento da língua que será o facilita<strong>do</strong>r da solução.<br />

As regras são simples, mas muitas vezes difíceis de serem compreendidas pelo joga<strong>do</strong>r novato.<br />

Na parte de cima há letras que devem ser utilizadas na parte inferior, apenas na coluna à<br />

qual pertencem. Quan<strong>do</strong> tiver coloca<strong>do</strong> as letras em seus lugares corretos, o joga<strong>do</strong>r obterá uma<br />

frase que é um dita<strong>do</strong> popular.<br />

Assim como no Mexe e remexe, há muitos caminhos de pensamento. Mostraremos algumas<br />

idéias de como pensar, apenas a título de exemplo:<br />

V D L H<br />

J E G O<br />

A O A<br />

1 – Na primeira coluna da esquerda para a direita, já é possível descobrir que V e J<br />

não podem “cair” e preencher a quarta linha da parte inferior <strong>do</strong> quadro, pois são letras que não<br />

podem ficar no final de uma palavra. Resta, assim, apenas a letra A como possível para a quarta<br />

linha.<br />

2 – A segunda linha da parte inferior <strong>do</strong> quadro tem uma palavra com duas letras. Olhan<strong>do</strong><br />

simultaneamente para a segunda e a terceira colunas da parte superior, vemos que só é possível<br />

ser DA, pois as outras combinações são impossíveis.<br />

3 – Observan<strong>do</strong> a quarta coluna da parte inferior, percebemos que a letra H só pode ficar na<br />

terceira linha, pois não há palavra terminada por H.<br />

4 – Deduzimos, então, que na terceira coluna, antes <strong>do</strong> H, só pode vir a letra L, pois não há<br />

palavra com GH.<br />

5 – A letra que resta para completar a primeira linha da quarta coluna é O.<br />

6 – A letra a ser escrita na primeira linha da terceira coluna só pode ser G.<br />

A partir daí, a descoberta é feita pela seqüência possível de formar uma palavra com significa<strong>do</strong>:<br />

jogo-da-velha.<br />

Mico micho<br />

Este é um jogo de Mico que montamos com o objetivo de trabalhar palavras que, por terem<br />

algum tipo de semelhança (na grafia ou no som), costumam ser escritas com erro pelas crianças.<br />

A lista <strong>do</strong>s pares foi tirada da análise de erros freqüentes em crianças com esse nível de escolaridade.<br />

Nosso objetivo é, portanto, que associem a grafia ao significa<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> esse o critério de formação<br />

<strong>do</strong>s pares <strong>do</strong> Mico. Sugerimos que o professor confeccione o baralho com as crianças. Para<br />

tanto damos as instruções na página 22.<br />

19


20<br />

ROXA<br />

ROCHA<br />

XEQUE<br />

CHEQUE<br />

FICHA<br />

FIXA<br />

MECHA<br />

MEXA<br />

TAXA<br />

TACHA<br />

XALE<br />

CHALÉ<br />

QUANDO<br />

COANDO<br />

CALDA<br />

CAUDA<br />

CHÁ<br />

XÁ<br />

CESTA<br />

SEXTA<br />

ASSENTO<br />

ACENTO<br />

DIVAGAR<br />

DEVAGAR


A mesma cor<br />

da violeta.<br />

Pedra muito<br />

dura.<br />

A jogada mais<br />

importante no<br />

jogo de xadrez.<br />

É usa<strong>do</strong> como<br />

dinheiro; vem<br />

em forma de<br />

talão.<br />

É usada para<br />

fazer ligações<br />

no telefone<br />

público.<br />

Que é imóvel.<br />

Pequena<br />

quantidade de<br />

cabelos que se<br />

sobressai pela<br />

tonalidade.<br />

Mova, misture.<br />

Imposto ou<br />

tarifa.<br />

Pequeno prego<br />

de cabeça<br />

chata.<br />

Usa<strong>do</strong> pelas<br />

mulheres<br />

para cobrir<br />

os ombros e<br />

agasalhar.<br />

Casa de campo.<br />

Em que época?<br />

Ato de coar.<br />

Água e açúcar<br />

fervi<strong>do</strong>s juntos;<br />

usada para<br />

molhar<br />

alimentos.<br />

Rabo<br />

de animais.<br />

Bebida que<br />

se prepara<br />

ferven<strong>do</strong><br />

ervas.<br />

Título <strong>do</strong><br />

soberano da<br />

Pérsia.<br />

Serve para<br />

carregar coisas.<br />

Dia da semana<br />

que precede o<br />

sába<strong>do</strong>.<br />

Local em que<br />

nos sentamos.<br />

Sinal usa<strong>do</strong><br />

para marcar a<br />

sílaba tônica da<br />

palavra.<br />

Sonhar;<br />

devanear.<br />

Lento.<br />

21


Instruções para a confecção <strong>do</strong> baralho <strong>do</strong> Mico:<br />

1 – Compre folhas de cartolina branca ou colorida.<br />

2 – Tire cópias xerox <strong>do</strong> baralho que damos como modelo neste manual ou faça as cartas<br />

você mesmo, como achar mais conveniente.<br />

3 – Cole as cópias xerox na cartolina e recorte as cartas.<br />

4 – Ofereça um baralho (48 cartas) para cada grupo de 4 crianças jogar.<br />

5 – As regras já estão escritas no Livro <strong>do</strong> Aluno. Bom jogo!<br />

É mais funcional que o professor monte o baralho para que as crianças só recortem e<br />

colem. Nesse caso, rever as instruções.<br />

Acreditamos que depois desse jogo, ninguém erre mais ao escrever as palavras trabalhadas.<br />

Podemos continuar o trabalho investigan<strong>do</strong> a letra Z e exploran<strong>do</strong> outras situações com X,<br />

apenas como manutenção.<br />

MÓDULO II — Investigan<strong>do</strong> a letra Z<br />

O emprego da letra Z costuma constituir mais uma das dificuldades ortográficas das crianças<br />

(e <strong>do</strong>s adultos também!). O Z costuma ser confundi<strong>do</strong> com o X e com o S entre vogais. Escolher<br />

uma dessas letras na hora de escrever é, em geral, uma decisão difícil. Na investigação da letra X,<br />

a confusão entre X e Z pôde ser resolvida: o X só tem o som [Z] em palavras iniciadas por EX +<br />

vogal, e nesses casos nunca se escreve EZ. Mas a dificuldade ainda permanece entre o Z e o S,<br />

portanto, proporemos uma investigação da letra Z para que, descobrin<strong>do</strong> suas propriedades, as<br />

crianças possam encontrar meios de decisão na hora de escrever.<br />

Pesquisa sobre a letra Z<br />

Estratégia<br />

O procedimento ao longo da pesquisa é o mesmo proposto para a letra X:<br />

1 – Peça-lhes, como lição de casa, que procurem em livros, jornais e revistas palavras que<br />

tenham a letra Z (não importa em que posição). Cada um deve encontrar no mínimo quinze palavras<br />

e escrevê-las em uma folha de sulfite.<br />

2 – No dia seguinte reúna-os em pequenos grupos e peça que pintem a letra Z e as vogais e<br />

consoantes anteriores ou posteriores a ela, como fizeram com a letra X. O professor poderá pedir<br />

que tragam as letras pintadas de casa para ganhar tempo em sala de aula.<br />

3 – Peça que organizem as palavras <strong>do</strong> grupo sobre a mesa, colocan<strong>do</strong> uma ao la<strong>do</strong> da outra,<br />

e que observem tu<strong>do</strong> o que for comum entre elas.<br />

Ao longo da investigação, que deve ser realizada em vários dias e nunca em um único dia,<br />

o professor deverá ir fazen<strong>do</strong> perguntas que dirijam o olhar das crianças para aspectos importantes<br />

e que talvez não sejam observa<strong>do</strong>s espontaneamente por elas. Sugerimos perguntas <strong>do</strong><br />

tipo:<br />

• Qual a letra que aparece antes <strong>do</strong> Z?<br />

• Qualquer consoante vem antes <strong>do</strong> Z ou apenas algumas?<br />

• Há algo a verificar em relação à tonicidade?<br />

• Qual a classe gramatical dessas palavras?, etc.<br />

A cada pergunta feita pelo professor, os alunos verificam nas palavras de sua amostra como<br />

o sistema se comporta e chegam a alguma forma de generalização. Essas conclusões das<br />

crianças é que vão se constituir em conhecimento.<br />

Descobertas gerais sobre o Z<br />

1 – O Z pode ser a primeira letra da palavra, a última, ou pode aparecer no meio dela.<br />

2 – No maior número de palavras de nossa amostra, o Z aparece no meio da palavra.<br />

Peça-lhes que organizem suas palavras em três grupos:<br />

a) palavras iniciadas por Z,<br />

b) palavras terminadas em Z,<br />

c) Z no meio da palavra.<br />

Depois que os grupos estiverem dividi<strong>do</strong>s, poderão verificar que o conjunto com Z no meio<br />

da palavra é o mais numeroso. Escolha o grupo de palavras iniciadas por Z e peça que guardem<br />

as restantes em envelopes para analisá-las posteriormente.<br />

22


Primeiro momento<br />

Palavras iniciadas por Z<br />

Deixe primeiramente que descubram sozinhos o que puderem. Caso fique faltan<strong>do</strong> alguma<br />

descoberta importante, faça perguntas que possam dirigir o olhar <strong>do</strong>s alunos naquela direção,<br />

para que enxerguem a regularidade. Neste <strong>Manual</strong>, as descobertas mais importantes estão em<br />

negrito, para facilitar sua localização pelo professor. Se as crianças deixarem de observar as descobertas<br />

que não estão em negrito, não perca tempo em fazê-las descobrir, mas se falarem espontaneamente,<br />

registre no Caderno de Descobertas, pois são observações sobre a estrutura <strong>do</strong> sistema<br />

ortográfico.<br />

Os alunos poderão verificar que:<br />

1 – É pequeno o número de palavras iniciadas por Z.<br />

2 – Todas as vogais podem aparecer depois <strong>do</strong> Z.<br />

3 – Nessa posição o Z não é confundi<strong>do</strong> com nenhuma outra letra, pois não há nem X nem<br />

S com som de Z no início de palavras.<br />

Como não há nenhuma descoberta significativa, não preparamos atividades especiais.<br />

Palavras terminadas por Z<br />

Os alunos poderão verificar que:<br />

1 – Antes <strong>do</strong> Z virá sempre uma vogal.<br />

2 – Todas as vogais podem aparecer antes de Z, mas as mais freqüentes são A, E e I.<br />

3 – O som <strong>do</strong> Z nessa posição é igual ao <strong>do</strong> S.<br />

4 – As palavras estão no singular.<br />

5 – O plural das palavras terminadas por Z se faz acrescentan<strong>do</strong> ES.<br />

6 – São todas oxítonas quan<strong>do</strong> não acentuadas.<br />

7 – Há muitos monossílabos termina<strong>do</strong>s em Z (fez, giz, dez, paz, etc.) e nesses casos as<br />

crianças confundem com S.<br />

Para trabalhar a diferenciação entre monossílabos termina<strong>do</strong>s em S ou Z, propusemos as<br />

atividades Cata-vento e Recortan<strong>do</strong>, no volume 2 dessa coleção. Caso seus alunos ainda não<br />

tenham feito essas atividades, é interessante retomá-las.<br />

8 – Quan<strong>do</strong> se acrescenta algum sufixo depois <strong>do</strong> Z, ele permanece. Exemplos: feroz–ferozmente;<br />

luz – luzona, luzinha; cruz – cruzar, etc.<br />

9 – O Z nunca é a última letra da sílaba, a não ser nas situações citadas no item 8.<br />

Para sistematizar essa descoberta sugerimos, na página 28 deste livro, a Gincana <strong>do</strong> S e <strong>do</strong> Z.<br />

Segun<strong>do</strong> momento – Z no meio da palavra<br />

Este é o grupo mais numeroso. Peça-lhes que observem se antes <strong>do</strong> Z aparecem vogais e<br />

consoantes. Constatarão que aparecem as duas. O próximo passo será organizar as palavras em<br />

<strong>do</strong>is grupos: vogal + Z e consoante + Z.<br />

Palavras com consoante + Z<br />

Ao analisar as palavras desse grupo, os alunos poderão verificar que:<br />

1 – Nesta posição o Z é sempre a primeira letra da sílaba.<br />

2 – Antes <strong>do</strong> Z só aparecem as consoantes N, R e C. O N e o R são freqüentes e o C é pouco<br />

comum. Podemos citar como exemplos: enzima, onze, franzi<strong>do</strong>, quatorze, czarina.<br />

Existem as palavras dzeta e wurtzita, que, por serem desconhecidas das crianças, não levaremos<br />

em consideração nesse momento.<br />

3 – Quan<strong>do</strong> o C aparece antes <strong>do</strong> Z, ele é mu<strong>do</strong>. Ex.: czar, eczema. Ao dividirmos as sílabas<br />

dessas palavras, o C e o Z ficam em sílabas separadas, menos em czar, que é monossílabo.<br />

4 – Dessas consoantes, a que aparece com maior freqüência é o N.<br />

5 – Depois de consoantes o Z não se confunde com o S, pois o S precedi<strong>do</strong> de consoante<br />

não tem som de Z.<br />

Como não há problemas de grafia liga<strong>do</strong>s ao Z nessa posição, não preparamos nenhuma<br />

atividade especial.<br />

Palavras com vogal + Z<br />

1 – Nesta posição encontramos depois <strong>do</strong> Z tanto vogais quanto consoantes.<br />

2 – O Z pode ser tanto a primeira quanto a última letra da sílaba.<br />

23


3 – O Z nessa posição é confundi<strong>do</strong> com S pelas crianças.<br />

Peça-lhes que dividam as palavras em <strong>do</strong>is novos grupos para facilitar a análise: vogal + Z +<br />

vogal e vogal + Z + consoante.<br />

Terceiro momento<br />

Palavras com vogal + Z + consoante<br />

Ao analisar esse grupo de palavras, os alunos poderão verificar que:<br />

1 – Há poucas palavras neste grupo.<br />

2 – O Z é sempre a última letra da sílaba.<br />

3 – Todas as palavras que apareceram em nossa amostra tinham o Z segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> sufixo<br />

-mente. Exemplos: infelizmente, vorazmente, capazmente, etc.<br />

4 – Todas as palavras são advérbios forma<strong>do</strong>s a partir de adjetivos (as crianças a essa altura<br />

ainda não sabem disso, mas se a atividade for realizada com crianças mais velhas, esta pode ser<br />

mais uma descoberta).<br />

5 – Nessa posição o Z se confunde com o S, pois o som das duas letras é semelhante.<br />

A análise que pretendemos fazer para ajudá-los nessa situação é uma generalização que só<br />

será possível após a análise das palavras com vogal + Z + vogal. Assim, a sistematização dessas<br />

descobertas ficará para depois.<br />

Palavras com vogal + Z + vogal<br />

Os alunos poderão descobrir que:<br />

1 – O Z é sempre a primeira letra da sílaba.<br />

2 – Nessa posição o Z se confunde com o S entre vogais, pois o som é o mesmo.<br />

3 – Antes e depois <strong>do</strong> Z podem aparecer todas as vogais.<br />

4 – Todas as palavras que encontramos iniciadas por vogal e seguidas de Z (Z como segunda<br />

letra da palavra) começavam com A. Exemplos: azedume, azeite, etc.<br />

Peça às crianças que verifiquem no dicionário se existem ou não palavras iniciadas por EZ,<br />

IZ, OZ, UZ. Verificarão que:<br />

5 – Não há palavra iniciada por EZ. Todas começam com EX (à exceção de Ezequiel e deriva<strong>do</strong>s).<br />

6 – Há poucas palavras iniciadas por OZ, UZ, e são pouco conhecidas.<br />

7 – Não há nenhuma palavra iniciada por IZ.<br />

8 – Há muitas palavras terminadas pelo sufixo -eza. Exemplo: riqueza.<br />

Como também existem palavras terminadas em ESA, peça que façam a atividade Tômbola<br />

para que possam descobrir quan<strong>do</strong> usar S ou Z nessa terminação.<br />

9 – Há muitas palavras terminadas pelo sufixo forma<strong>do</strong>r de diminutivo -zinho.<br />

As palavras terminadas em S + inho são as que tinham S na grafia da palavra primitiva, à<br />

qual se acrescentou o sufixo -inho. Exemplo: princesinha. O professor deverá pedir que façam a<br />

atividade Reduzin<strong>do</strong>…, no Livro <strong>do</strong> Aluno, para que verifiquem essa possibilidade de decisão.<br />

10 – Os numerais de 10 a 19 são to<strong>do</strong>s escritos com Z.<br />

A sistematização dessa descoberta está incluída no módulo de Numerais. Como também<br />

existe des, propor que façam a atividade Cadê o resto? para descobrirem uma forma de decisão<br />

entre des- e dez.<br />

Sugestões<br />

Como há um número muito grande de descobertas possíveis, sugerimos os seguintes procedimentos:<br />

1 – Depois da investigação geral <strong>do</strong>s grupos e subgrupos de palavras com Z, o professor verifica<br />

com as crianças quais são as descobertas mais importantes para que possam decidir que<br />

letra usar em caso de dúvida ortográfica. Essas descobertas devem ser sublinhadas, e as atividades<br />

de sistematização que as focalizam poderão ser aplicadas.<br />

2 – Como o caminho de utilização <strong>do</strong> material varia de um grupo para outro, há várias relações<br />

possíveis de serem estabelecidas, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s que já tiverem si<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong>s<br />

pela classe. Sugerimos que o professor focalize o olhar das crianças para essas descobertas<br />

no momento em que achar que elas são possíveis para eles.<br />

3 – Para a sistematização das palavras terminadas em Z, sugerimos que os monossílabos sejam<br />

trabalha<strong>do</strong>s por significação (pás, paz), e que as demais palavras sejam trabalhadas pela tonicidade,<br />

como foi sugeri<strong>do</strong> no volume 2, além das atividades já propostas por nós.<br />

24


Atividades de sistematização<br />

Descreveremos a seguir os objetivos e procedimentos das atividades de sistematização das<br />

descobertas desse módulo. Acreditamos que após esse trabalho o número de dúvidas ortográficas<br />

relativas à letra Z seja bastante reduzi<strong>do</strong>.<br />

Tômbola<br />

Nosso objetivo ao escolher essa estrutura <strong>do</strong> jogo Tômbola é oferecer uma grande amostra<br />

de palavras terminadas em -esa ou -eza, o que permitirá às crianças aprender a decidir entre as<br />

duas letras (S ou Z) nesse tipo de situação ortográfica.<br />

As regras <strong>do</strong> jogo são as tradicionais:<br />

1 – O professor dita quarenta palavras e cada aluno escolhe dezessete para escrever nos espaços<br />

de sua tabela, na ordem que quiser. Essas palavras ditadas devem estar escritas em papeizinhos,<br />

para serem sorteadas a seguir.<br />

2 – Quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s tiverem completa<strong>do</strong> a cartela, o professor começa o sorteio e os alunos<br />

vão marcan<strong>do</strong> na tabela as palavras sorteadas.<br />

3 – Quan<strong>do</strong> algum aluno preencher a tabela toda, avisa e mostra para o professor, que verificará<br />

se todas as palavras já foram efetivamente sorteadas e se estão grafadas corretamente. Se<br />

aquele aluno não cometeu nenhum erro, será o vence<strong>do</strong>r.<br />

4 – Se houver erro de grafia na tabela apresentada pelo aluno, o professor diz: Tem erro, mas<br />

não avisa em que palavra. O aluno volta para sua carteira e tem uma chance de corrigir o erro e<br />

reapresentar a tabela. Se agora ela estiver totalmente correta, ele vence. Se ainda apresentar algum<br />

erro, ele é desclassifica<strong>do</strong>, e o jogo continua até que surja um vence<strong>do</strong>r.<br />

A correção deve ser coletiva. O professor vai escrever as palavras na lousa organizan<strong>do</strong>-as<br />

em duas colunas: a da letra S e a da letra Z. Em seguida o professor e os alunos vão investigar<br />

juntos para descobrir o maior número de regularidades entre as palavras de cada coluna.<br />

As descobertas possíveis dependem de alguns conteú<strong>do</strong>s gramaticais que os alunos já tenham<br />

visto ou não, por isso é importante que o professor verifique o que é o possível para a sua<br />

classe. Eis algumas conclusões possíveis:<br />

Palavras com -eza:<br />

1 – Todas as palavras terminadas em -esa são substantivos.<br />

Peça aos alunos que observem como se formaram as palavras e verão que é sempre de um<br />

adjetivo + -eza (belo + eza, claro + eza, etc.).<br />

2 – Esses substantivos são forma<strong>do</strong>s por um adjetivo + eza.<br />

3 – To<strong>do</strong>s são femininos.<br />

Palavras com -esa:<br />

1 – Todas as palavras da lista terminadas em -esa são adjetivos.<br />

2 – To<strong>do</strong>s indicam o lugar de origem de alguém (são os chama<strong>do</strong>s adjetivos pátrios).<br />

3 – Algumas palavras indicam títulos de nobreza.<br />

4 – São to<strong>do</strong>s femininos.<br />

É possível destacar mais regularidades, por exemplo, que são paroxítonas, mas, como não<br />

são descobertas que possam ajudar em uma decisão ortográfica, nos abstivemos de enumerá-las.<br />

Se surgirem espontaneamente na classe, o professor deve registrá-las e depois marcar junto com<br />

os alunos as descobertas mais importantes.<br />

Sugestão de palavras para a Tômbola:<br />

irlandesa inglesa beleza fortaleza<br />

escocesa portuguesa clareza natureza<br />

japonesa baronesa dureza realeza<br />

francesa consulesa pobreza franqueza<br />

dinamarquesa duquesa certeza frieza<br />

polonesa princesa delicadeza fraqueza<br />

norueguesa camponesa nobreza destreza<br />

tailandesa chinesa riqueza firmeza<br />

holandesa montanhesa estranheza alteza<br />

libanesa burguesa tristeza moleza<br />

javanesa finlandesa malvadeza gentileza<br />

Questão 3<br />

Uma vez que cada criança escreveu em sua tabela apenas 17 das 40 palavras ditadas, o professor<br />

escreverá as 40 palavras <strong>do</strong> jogo na lousa para a correção, e os alunos utilizarão esse uni-<br />

25


verso vocabular para descobrir a palavra escolhida por nós. É uma atividade de " Resta um", que<br />

trabalha basicamente por negação, uma forma de raciocínio importante de ser desenvolvida nas<br />

crianças.<br />

Os alunos deverão observar a primeira pista: Não é polissílaba, e escrever no livro apenas<br />

as palavras que restam (ou seja, as di ou trissílabas). A cada nova dica deverão riscar na lista as<br />

palavras excluídas, de tal forma que após a última ordem restará apenas a palavra frieza.<br />

Sugerimos que o professor peça às crianças que não falem em voz alta a palavra descoberta<br />

para que to<strong>do</strong>s possam, a seu tempo, descobri-la.<br />

Reduzin<strong>do</strong>...<br />

O objetivo dessa atividade é fazer com que os alunos percebam quan<strong>do</strong> a palavra no diminutivo<br />

é escrita com S ou com Z. Os alunos poderão fazê-la como lição de casa.<br />

Poderão descobrir que quan<strong>do</strong> a palavra primitiva já tinha S, como mesa, o S se mantém.<br />

Caso contrário, o diminutivo será forma<strong>do</strong> com Z, como em nó.<br />

Para completar o diagrama com as palavras no diminutivo <strong>do</strong> exercício 1, as crianças terão<br />

que pensar no número de letras de cada palavra e no cruzamento das letras das palavras que se<br />

cruzam. É muito mais um exercício de raciocínio <strong>do</strong> que de ortografia. E por isso vale a pena!<br />

Dúvida cruel<br />

Novamente nosso objetivo é que os alunos tenham um instrumento de decisão quan<strong>do</strong> estiverem<br />

escreven<strong>do</strong> palavras que terminem em isar ou izar.<br />

Questão 1:<br />

O pedi<strong>do</strong> para que escrevam as palavras tem dupla intenção: por um la<strong>do</strong>, despertar a angústia,<br />

para que o desejo de encontrar uma forma de resolvê-la mobilize a busca; por outro la<strong>do</strong>, trazer<br />

uma amostra de palavras que permita a observação e generalização em forma de regra, solucionan<strong>do</strong><br />

a angústia gerada.<br />

Questão 2:<br />

Pedimos a organização em colunas para facilitar a visualização e generalização que será pedida<br />

na questão 3.<br />

Questão 3:<br />

Atingimos aqui o objetivo da atividade: ao observar as palavras das duas colunas, as crianças<br />

poderão concluir que haven<strong>do</strong> S na palavra primitiva, o S se mantém; não haven<strong>do</strong>, acrescenta-se<br />

-izar, com Z.<br />

Questão 4:<br />

Ao observarem as palavras das duas colunas, faça-os perceber, por meio de perguntas, que<br />

todas são verbos.<br />

Depois que os alunos tiverem chega<strong>do</strong> a essa conclusão, o professor pode pedir que observem<br />

que essa questão <strong>do</strong> S na palavra primitiva já apareceu antes. Onde? Será que esta é uma<br />

regra? Sempre que a palavra primitiva tiver S a palavra derivada manterá o S, e quan<strong>do</strong> não tiver<br />

S, a palavra derivada será com Z? Poderão lembrar-se de que já viram o mesmo com o sufixo<br />

-inho e -mente.<br />

Cadê o resto?<br />

Nosso objetivo é ajudá-los a tomar uma decisão de quan<strong>do</strong> escrever des ou dez no início<br />

de palavras. Pretendemos que cheguem à conclusão de que as palavras com dez são poucas e<br />

todas são derivadas de dez (10). Mesmo dezembro, que as crianças não reconhecem nessa regra,<br />

faz parte, pois dezembro era o décimo mês <strong>do</strong> ano, só passan<strong>do</strong> a décimo segun<strong>do</strong> por uma<br />

alteração posterior <strong>do</strong> calendário. Se houver interesse das crianças, sugerimos que seja feita uma<br />

pesquisa sobre a história <strong>do</strong> calendário e <strong>do</strong>s meses.<br />

Outra observação interessante de se fazer é pela negação: se apenas palavras derivadas de<br />

dez são escritas com Z, todas as outras serão com S.<br />

Poderão também observar que o des pode pertencer ao radical da palavra ou ser um prefixo.<br />

Se for prefixo, traz um senti<strong>do</strong> de desmanchar, desfazer e existe uma palavra primitiva sem<br />

ele. Aos poucos as crianças vão construin<strong>do</strong> a teia da língua, onde gramática, ortografia e significa<strong>do</strong><br />

formam um to<strong>do</strong>, e nesse to<strong>do</strong> cada componente dá sustentação para o outro.<br />

Bata já!<br />

É um jogo de percurso que exige das crianças rapidez para tomar uma decisão entre isar ou<br />

izar. As regras já estão no Livro <strong>do</strong> Aluno, e o professor deve ir acompanhan<strong>do</strong> os joga<strong>do</strong>res apenas<br />

para contornar problemas que possam surgir. Como já realizaram atividades que ajudam a<br />

saber quan<strong>do</strong> escrever um ou outro, acreditamos que será tranqüilo formar as palavras.<br />

26


Adiante, haverá outras atividades que retomarão a letra Z, estabelecen<strong>do</strong> novas relações ou<br />

jogos gerais <strong>do</strong>s quais o Z é mais um componente. Vá observan<strong>do</strong> se sua interferência tem produzi<strong>do</strong><br />

uma diminuição quantitativa de erros com essa letra e vá <strong>do</strong>san<strong>do</strong> as atividades. Sempre<br />

que necessário, o professor deverá criar novas atividades, aproveitan<strong>do</strong> o interesse e o universo<br />

vocabular de seu grupo.<br />

MÓDULO III — Investigan<strong>do</strong> a letra S<br />

Iniciaremos agora nossa terceira pesquisa <strong>do</strong> ano: a investigação sobre a letra S. O S já apareceu<br />

em confronto com o X quan<strong>do</strong> estudamos situações em que ambos têm a mesma produção<br />

sonora e, portanto, são freqüentemente confundi<strong>do</strong>s. A pesquisa aqui será feita nos mesmos<br />

moldes das anteriores. Lembramos o professor de que ela é muito extensa e minuciosa, deven<strong>do</strong><br />

ser realizada paulatinamente, em dias diferentes.<br />

Preparan<strong>do</strong> o material<br />

1 – Peça que cada aluno procure em casa, em jornais, livros e revistas, cerca de vinte palavras<br />

que tenham a letra S. Mais uma vez ressaltamos a importância de se pesquisar em material diversifica<strong>do</strong>.<br />

Assim, além de garantir uma amostragem grande de palavras, evitamos falsas generalizações.<br />

2 – As palavras encontradas devem ser escritas em uma folha de sulfite, com letra não muito<br />

pequena e espaço razoável entre elas, porque serão recortadas posteriormente.<br />

3 – Peça que pintem a letra S de uma cor, as vogais anterior e/ou posterior de outra cor, e as<br />

consoantes anterior e/ou posterior de uma cor diferente das anteriores. Lembramos que, à semelhança<br />

<strong>do</strong> que foi realiza<strong>do</strong> com o X, deverão ser pintadas apenas as letras vizinhas ao S.<br />

4 – É comum uma palavra ter a letra S em mais de uma posição, como ocorre em sossego.<br />

Nesse caso, a palavra deve ser escrita duas vezes e, em cada uma, um <strong>do</strong>s esses e seus vizinhos<br />

são pinta<strong>do</strong>s.<br />

To<strong>do</strong> esse trabalho pode ser realiza<strong>do</strong> em casa, pois as crianças já são grandes, e já fizeram<br />

essa tarefa outras vezes, ten<strong>do</strong>, portanto, condições de executá-la com independência. No dia<br />

seguinte, em sala de aula, inicia-se a pesquisa.<br />

A investigação<br />

1 – Reúna os alunos em grupos de quatro ou cinco participantes.<br />

2 – Peça que juntem todas as palavras que encontraram, que eliminem as repetidas e espalhem<br />

pela carteira as que sobraram.<br />

3 – Depois de observar as palavras, as crianças começam a tirar conclusões.<br />

Poderão concluir que o S aparece no início, no meio ou no final das palavras. Peça-lhes, então,<br />

que organizem as palavras em três grupos:<br />

• palavras iniciadas por S;<br />

• palavras terminadas por S;<br />

• e palavras com S no meio.<br />

Depois que os três grupos estiverem separa<strong>do</strong>s, peça que observem as palavras iniciadas<br />

por S e tirem conclusões.<br />

Primeiro momento<br />

Palavras iniciadas por S<br />

Depois de observar as palavras deste grupo, as crianças poderão tirar as seguintes conclusões:<br />

1 – Depois <strong>do</strong> S sempre virá uma vogal.<br />

2 – Todas as vogais podem aparecer.<br />

3 – Quan<strong>do</strong> depois <strong>do</strong> S aparecem as vogais A, O, U, ele não se confunde com nenhuma<br />

outra letra.<br />

4 – Antes das vogais E, I, o som [S] também pode ser representa<strong>do</strong> pelas sílabas CE/CI.<br />

Como a decisão entre SE/CE e SI/CI é difícil, e as crianças cometem uma série de erros de<br />

grafia, propomos uma investigação específica sobre estas sílabas. Por ser uma investigação extensa,<br />

será tratada num módulo à parte.<br />

27


Aconselhamos o professor a tratar essa questão somente depois de ter concluí<strong>do</strong> a análise<br />

<strong>do</strong> S, para que a visão <strong>do</strong> to<strong>do</strong> não se perca.<br />

Concluída a análise das palavras iniciadas pela letra S, peça que passem para o grupo de<br />

palavras terminadas em S.<br />

Palavras terminadas por S<br />

Se houver poucas palavras desse grupo na amostra das crianças, peça-lhes que procurem<br />

mais palavras. Um universo maior possibilitará que elas observem algumas particularidades:<br />

1 – Na maior parte das palavras o S como última letra é uma marca de plural (cadeiras,<br />

grandes, nossos, vamos, rápi<strong>do</strong>s, etc.).<br />

2 – Algumas palavras em que o S não é marca de plural não variam em número (mas, mais,<br />

Vênus, atlas, etc.).<br />

3 – Outras palavras que terminam em S no singular variam em número (português – portugueses;<br />

camponês – camponeses).<br />

4 – Antes da letra S nessa posição, podem aparecer tanto vogais (aliás) quanto consoantes<br />

(fórceps).<br />

5 – O S nessa posição pode ser confundi<strong>do</strong> com a letra Z (erro freqüente entre as crianças).<br />

Essa questão já foi abordada no Módulo XII — As letras S e Z em final de palavra, <strong>do</strong> volume 2.<br />

Sugerimos o jogo Gincana <strong>do</strong> S e <strong>do</strong> Z para sistematizar essas descobertas. Se houver<br />

necessidade de mais atividades de sistematização, sugerimos que o professor crie situações específicas<br />

para a classe.<br />

Gincana <strong>do</strong> S e <strong>do</strong> Z<br />

Esta gincana deve ser realizada em um espaço amplo, como o pátio. Se for realizada na sala<br />

de aula, as carteiras devem ser arrumadas nos cantos deixan<strong>do</strong> uma área livre no centro.<br />

Como montar o jogo:<br />

1 – O professor divide a classe em três equipes.<br />

2 – Escreve na lousa ou em um cartaz quatro grupos diferentes de palavras:<br />

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4<br />

tesouras veloz simples pôs<br />

anos avestruz férias país<br />

luzes capaz atrás cortês<br />

3 – O professor dá uns 5 minutos para que as equipes descubram que lei organizou a escolha<br />

das palavras de cada grupo. As leis levantadas pelas equipes devem ficar em segre<strong>do</strong>. Portanto,<br />

uma equipe não deve contar para a outra.<br />

As leis são:<br />

• grupo 1 → palavras no plural;<br />

• grupo 2 → palavras terminadas em Z (singular);<br />

• grupo 3 → o S faz parte da palavra, não é indica<strong>do</strong>r de plural e as palavras são invariáveis<br />

em número; ou simplesmente palavras que não variam em número;<br />

• grupo 4 → palavras terminadas em S, no singular, e que variam em número.<br />

4 – Terminada a discussão, cada equipe se organiza em fila, e o professor oferece uma caixinha<br />

com novas palavras para o primeiro elemento da fila de cada equipe. As palavras devem estar<br />

escritas em papeizinhos para serem sortea<strong>do</strong>s.<br />

5 – To<strong>do</strong>s a postos, vai começar a gincana! O aluno que está no primeiro lugar da fila lê a<br />

palavra que sorteou, escreve ou cola no grupo a que a palavra pertence, bate na mão <strong>do</strong> colega<br />

de equipe que está atrás dele e vai para o último lugar da fila.<br />

6 – O aluno que agora é o primeiro vai até a caixinha, sorteia uma nova palavra, lê e classifica;<br />

bate na mão <strong>do</strong> próximo colega e vai para o último lugar da fila, e assim por diante até que<br />

to<strong>do</strong>s da equipe tenham organiza<strong>do</strong> uma das palavras.<br />

7 – Vence a equipe que terminar primeiro.<br />

8 – Caso alguma equipe não tenha elabora<strong>do</strong> uma boa lei, vai fazer classificações indevidas.<br />

Ao longo de to<strong>do</strong> o jogo, o professor observará se cada palavra colocada está correta ou não, e<br />

vai marcan<strong>do</strong> os pontos para cada equipe.<br />

28


9 – Caso ache mais fácil, monte três caixinhas com palavras em papéis de cores diferentes<br />

(todas as caixinhas devem ter as mesmas palavras). Assim é possível observar, só pelas cores, se<br />

a classificação foi correta ou não, pois a cor vai permitir determinar a qual equipe a palavra pertence.<br />

Acreditamos que essa forma de controle seja mais fácil e eficiente.<br />

10 – O número de vezes que o jogo será realiza<strong>do</strong> e a quantidade de palavras ficam a critério<br />

<strong>do</strong> professor. Quanto mais palavras e mais vezes eles jogarem, melhor!<br />

Sugestão de palavras para a Gincana <strong>do</strong> S e <strong>do</strong> Z:<br />

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4<br />

perigos voz ônibus escocês<br />

pavês atriz pires freguês<br />

sons capuz lápis montanhês<br />

narizes cuscuz jamais camponês<br />

canetas estupidez vírus gás<br />

capas feroz pois português<br />

bezerros arroz invés convés<br />

mortais cicatriz detrás burguês<br />

perdizes chafariz após norueguês<br />

poderosos assaz aliás marquês<br />

Segun<strong>do</strong> momento — S no meio da palavra<br />

Concluída a investigação <strong>do</strong> S no início e no final de palavras, passemos para o S no meio<br />

da palavra. É o grupo mais numeroso e que exige uma análise mais pormenorizada. Peça, como<br />

sempre, que observem se antes <strong>do</strong> S podem aparecer tanto vogais quanto consoantes, ou apenas<br />

uma delas. Verificarão que ambas podem aparecer. Peça-lhes, então, que organizem as palavras<br />

nos <strong>do</strong>is grupos para análise. Escolheremos primeiro o grupo de palavras com consoante + S por<br />

ser o menos numeroso.<br />

Palavras com consoante + S<br />

Com relação a esse grupo, poderão observar que:<br />

1 – Há poucas palavras com consoante + S.<br />

2 – Antes <strong>do</strong> S aparecem apenas as consoantes N, R, L, B, P, D (consagra<strong>do</strong>, constrangi<strong>do</strong>,<br />

corsa, Celso, observar, obstáculo, psicologia, adstringente).<br />

3 – As consoantes que aparecem com maior freqüência são N e R. Com L, B, P e D, encontramos<br />

poucas palavras.<br />

4 – Depois <strong>do</strong> S pode vir tanto vogal quanto consoante.<br />

Feitas essas observações, peça que organizem as palavras nestes <strong>do</strong>is subgrupos: consoante<br />

+ S + consoante e consoante + S + vogal.<br />

Palavras com consoante + S + consoante<br />

O trabalho com esse subgrupo leva às seguintes observações:<br />

1 – Há poucas palavras nesse conjunto.<br />

2 – Antes <strong>do</strong> S só aparecem as consoantes N (inspiração), R (perspectiva), B (substantivo).<br />

3 – A consoante mais freqüente é o N, que forma sílabas como trans, cons, ins (transformar,<br />

conspiração, inspiração).<br />

4 – Depois <strong>do</strong> S podem aparecer as consoantes B, C, F, G, I, M, P, T, V (transbordar, inscrever,<br />

transfigurar, transgredir, translação, transmutação, inspiração, transpirar, conspirar,<br />

transtorno, transvasar).<br />

5 – Só encontramos R antes <strong>do</strong> S na sílaba pers (perspectiva).<br />

6 – Quan<strong>do</strong> antes <strong>do</strong> S vier B, o B é mu<strong>do</strong> e depois <strong>do</strong> S a consoante é T ou C (substância,<br />

abstrair, abstenção, obstrução, abscesso, obscuro e outras).<br />

7 – Quan<strong>do</strong> o S é segui<strong>do</strong> de outra consoante, ele é sempre a última letra da sílaba: obstru-ção.<br />

8 – O S nessa posição não se confunde com nenhum outro som.<br />

29


Como as crianças não costumam errar ao trabalhar com o S nessa posição, não preparamos<br />

nenhuma atividade específica de sistematização. No entanto, com freqüência acrescentam vogais<br />

às consoantes mudas, regularizan<strong>do</strong> a sílaba. Exemplo: obscuro escrevem obiscuro. Caso observe<br />

esse tipo de erro, chame a atenção deles para essa estrutura de sílaba.<br />

Palavras com consoante + S + vogal<br />

Algumas descobertas possíveis:<br />

1 – Antes <strong>do</strong> S podem vir apenas as consoantes N (ensino), R (curso), L (pulso), P (psicologia).<br />

Talvez as crianças queiram classificar o SS neste grupo, mas nós o analisamos no grupo<br />

vogal + S + vogal.<br />

2 – Nesta série o S se confunde com Ç, CE e CI. (Confrontamos o S com CE, CI no meio da<br />

palavra e não descobrimos nada que pudesse ser decisivo para saber quan<strong>do</strong> usar uma ou outra<br />

letra.)<br />

O Ç será pesquisa<strong>do</strong> no volume 4, quan<strong>do</strong> estaremos trabalhan<strong>do</strong> com erros no meio de<br />

palavras.<br />

3 – Depois <strong>do</strong> S podem vir todas as vogais (ensacar, ensejo, ensino, imenso, insubordina<strong>do</strong>).<br />

4 – O S é a primeira letra da sílaba (den-so), menos quan<strong>do</strong> antes dele vier a consoante P.<br />

Nesse caso ele será a letra <strong>do</strong> meio (psi-co-lo-gia).<br />

Concluída a análise <strong>do</strong> S precedi<strong>do</strong> de consoante, peça aos alunos que observem as palavras<br />

com vogal antes <strong>do</strong> S.<br />

Terceiro momento — Vogal + S<br />

Poderão chegar às seguintes observações:<br />

1 – Há um número grande de palavras com vogal + S.<br />

2 – Antes <strong>do</strong> S aparecem todas as vogais.<br />

3 – Depois <strong>do</strong> S pode aparecer tanto vogal (asa) quanto consoante (história).<br />

Peça-lhes que dividam as palavras em <strong>do</strong>is subgrupos: vogal + S + vogal e vogal + S + consoante.<br />

Palavras com vogal + S + consoante<br />

Algumas descobertas possíveis:<br />

1 – Há um número grande de palavras com vogal + S + consoante.<br />

2 – Todas as vogais aparecem em abundância antes <strong>do</strong> S.<br />

3 – Depois <strong>do</strong> S podem aparecer as consoantes B, C, D, F, G, L, M, N, P, Q, R, T, V. Exemplos:<br />

esbarrar, escorregar, descer, desde, desfazer, desgrudar, desligar, esmagar, esnobar, disputar,<br />

disque, Israel, distância, desviar.<br />

4 – As consoantes H, J, X, Z não aparecem depois <strong>do</strong> S.<br />

No caso de ES + consoante, há uma atividade de sistematização no módulo de investigação<br />

da letra X, que confronta o uso das duas letras: S e X. Optamos por incluí-la naquele módulo porque<br />

as crianças costumam colocar S no lugar <strong>do</strong> X (por exemplo, escrevem "esperiência", mas não escrevem<br />

"exfaquear"). É a atividade Stop ou "Xtop", que, se até esse momento ainda não tiver si<strong>do</strong><br />

realizada, seria adequa<strong>do</strong> realizá-la agora.<br />

As demais situações estão inseridas em atividades gerais que descreveremos no final dessa<br />

investigação.<br />

A representação <strong>do</strong> som [S] nessa posição não traz confusão com as outras letras (X e Z),<br />

porém no caso de SC e SÇ (cresça, descer) o aluno confunde com SS, CE, CI ou com Ç. Eles escrevem<br />

"cresse" ou "crece", "deci" ou "deça".<br />

Para esclarecer essa confusão, é necessário realizar uma análise confrontan<strong>do</strong> todas essas<br />

possibilidades, o que será objeto de estu<strong>do</strong>s posteriores.<br />

Palavras com vogal + S + vogal<br />

É a esse grupo que pertence o maior número de palavras com S e é também nesse universo<br />

de palavras que aparecem as maiores dificuldades na grafia com essa letra. Por essa razão,<br />

deixamos a análise desse grupo para o final e preparamos um maior número de situações de sistematização.<br />

Quan<strong>do</strong> o S está entre duas vogais, ele aparece como S ou como SS. Por isso, pedimos que<br />

façam essa primeira classificação e selecionem as palavras com SS para serem analisadas em<br />

primeiro lugar.<br />

30


SS entre vogais<br />

A partir da análise das palavras com SS entre vogais, poderão fazer as seguintes descobertas:<br />

1 – A maior parte das palavras que encontramos com SS pertence a três classes de palavras:<br />

verbos, pronomes ou numerais. Mas há, também, muitos substantivos e adjetivos.<br />

2 – Os pronomes são escritos sempre com SS e nunca com C. Veja: essa, esse, isso, nossa,<br />

desse, etc. (Exceção feita a você.)<br />

3 – Os verbos no presente são escritos com C (aparece) e no subjuntivo com SS (aparecesse).<br />

4 – Os numerais são escritos com SS e não com C. Veja: dezessete, dezesseis, sessenta, etc.<br />

5 – Quan<strong>do</strong> a palavra tem SS, ao dividir as sílabas fica um S em cada sílaba.<br />

Vale a pena deixar claro que os conceitos das classes gramaticais são nosso assunto de<br />

Gramática neste volume. Portanto, as descobertas relacionadas com as diferentes classes gramaticais<br />

poderão acontecer durante o trabalho de pesquisa <strong>do</strong> S. Caso eles ainda não tenham trabalha<strong>do</strong><br />

com alguma das classes gramaticais citadas nas descobertas, não se preocupe. Pode ser<br />

que eles digam a descoberta sem usar a terminologia adequada, mas explican<strong>do</strong> de outra forma.<br />

(Em vez de numerais, podem dizer, por exemplo, palavras que são os números, ou algo semelhante.)<br />

Se não conseguirem observar, o professor poderá retomar a grafia e ajudá-los a descobrir,<br />

quan<strong>do</strong> estiver trabalhan<strong>do</strong> a classe gramatical. Além disso, no Livro <strong>do</strong> Aluno, há exercícios<br />

e jogos específicos para a retomada e a sistematização das descobertas mais importantes, e neste<br />

momento poderão rever e fixar essas regras.<br />

Para que eles possam descobrir as propriedades que levantamos, é necessário que o professor<br />

lhes peça que aumentem a amostra de palavras com SS, e depois que as classifiquem pelas<br />

classes gramaticais ou por semelhança de tipo de informação. Propusemos atividades específicas<br />

para sistematizá-las: Caminhan<strong>do</strong> e montan<strong>do</strong>, no módulo de Pronomes, Numeran<strong>do</strong>, no módulo<br />

de Numeral, e Parece e é no módulo de Verbos.<br />

S entre vogais<br />

Em relação ao grupo de palavras com vogal + S + vogal, é possível fazer as seguintes descobertas:<br />

1 – Todas as vogais aparecem em abundância antes e depois <strong>do</strong> S.<br />

2 – Nesta posição a letra S tem som de Z e é bastante confundida com ele.<br />

3 – Muitas palavras terminam em -oso, sufixo que forma adjetivos e traz uma idéia de intensidade.<br />

Provavelmente o número de palavras terminadas em -oso na mostra das crianças será pequeno<br />

demais para que façam essa generalização. E esta é uma generalização importante, pois as<br />

crianças erram muito a grafia dessas palavras. Por isso, criamos uma atividade intitulada Rosa<br />

cheirosa, que tem por objetivo ajudá-las a fazer essa descoberta. Sugerimos que as crianças façamna<br />

logo depois de tirar suas conclusões.<br />

4 – A terminação -isar aparece em muitas palavras e costuma gerar dúvidas se é escrita com<br />

S ou Z.<br />

No Livro <strong>do</strong> Aluno propusemos duas atividades — Dúvida cruel e Bata já! — que estão no<br />

módulo de investigação da letra Z e que, se ainda não foram feitas, deverão ser realizadas agora.<br />

5 – Outra terminação que aparece com freqüência é -são.<br />

Como essa terminação é confundida com -zão, preparamos a atividade Confusão no porto!!!<br />

para sistematizá-la.<br />

6 – Há muitas palavras começadas por vogal + S.<br />

Como na nossa amostra a maior parte das palavras iniciadas pela vogal E vinha seguida da<br />

letra X, e a grande maioria das palavras com Z era precedida da letra A, resolvemos analisar como<br />

se comportariam cada uma das vogais + S.<br />

Sugerimos que o professor levante para os alunos esse questionamento. Eles deverão juntar<br />

as palavras iniciadas por vogal + S pesquisadas pela classe toda e trazer novas palavras para<br />

aumentar a amostragem. Feito isso, o professor pedirá que observem a amostra de palavras, que<br />

levantem hipóteses e confirmem em dicionário. Acreditamos que na amostra das crianças não<br />

apareça nenhuma palavra com OS + vogal. O professor perguntará para a classe se há poucas<br />

palavras escritas dessa maneira ou se não existe nenhuma, e pedirá que verifiquem no dicionário.<br />

Poderão descobrir que existem duas, mas são palavras desconhecidas. Dessa forma chegarão às<br />

seguintes conclusões:<br />

31


7 – Há poucas palavras com AS + vogal (Ásia, asilo, asa), as outras são escritas com Z (azeitona,<br />

azar, aze<strong>do</strong>, etc.).<br />

8 – Com ES + vogal há apenas esotérico e esôfago. Todas as outras palavras são escritas com<br />

EX + vogal.<br />

9 – Com IS + vogal há muitas palavras (isolar, isopor, etc.).<br />

10 – Não há palavras com OS + vogal, exceção de osoriense (quem nasce na cidade de Osório)<br />

e osana (substância química).<br />

11 – Com US + vogal há várias palavras (usar, usina, uso, usuário, usurpar, etc.).<br />

Para sistematizar essas descobertas das vogais + S em início de palavras, temos as atividades<br />

Tabela <strong>do</strong> ziguezague e Trio calafrio... que descreveremos depois de Confusão no porto!!!<br />

Atividades de sistematização<br />

Rosa cheirosa<br />

Nosso objetivo é que possam descobrir e sistematizar a grafia <strong>do</strong> sufixo -oso, sempre com<br />

S e não com Z, como escrevem com freqüência.<br />

Pedroso é um homem apaixona<strong>do</strong> e romântico. (E brega!) Ao reduzirem o número de<br />

palavras, todas terão a terminação oso. As perguntas propostas os levarão a perceber que todas<br />

são adjetivos. Aproveite a ocasião para retomar o conceito com eles, se necessário.<br />

Além da classe gramatical, nas questões 3 e 4 compreenderão que o sufixo -oso traz a idéia<br />

de "cheio de", "com muita".<br />

Na questão 5 são leva<strong>do</strong>s a observar que não existem adjetivos termina<strong>do</strong>s em ozo. Aliás,<br />

nem palavras de outras classes gramaticais (apenas gozo e Bozo são escritas com Z). A partir dessa<br />

constatação poderão tirar uma conclusão útil e importante num momento de dúvida ortográfica:<br />

todas as palavras terminadas em -oso são com S e não com Z.<br />

Na questão 7 Rosa Cheirosa responde à carta de Pedroso. Aconselhamos o professor a conversar<br />

com as crianças sobre ela. Como é a Rosa? Como será que reagirá à carta? Será que ela<br />

fala tu<strong>do</strong> “em três palavras”? Ou é mais lacônica e prefere o sufixo -oso? Ou é muito delicadinha<br />

e fala tu<strong>do</strong> no diminutivo? Ou é muito brava e escolhe palavras pesadas? Antes de mais nada,<br />

aproveite a ocasião para ajudá-los a pensar o quanto da personalidade <strong>do</strong> personagem é revela<strong>do</strong><br />

na escolha das palavras que ele diz.<br />

Depois, vale a pena as crianças lerem suas respostas em voz alta. Além de dar senti<strong>do</strong> para<br />

a escrita, acreditamos que to<strong>do</strong>s se divertirão muito.<br />

Confusão no porto!!!<br />

Nosso objetivo é fornecer uma amostra de palavras e um caminho de classificação para que<br />

possam perceber quan<strong>do</strong> usar S ou Z em palavras terminadas em ÃO. A atividade é simples e<br />

pode ser realizada como tarefa de casa, desde que o professor, no dia seguinte, faça a correção<br />

em classe e registre no Caderno de Descobertas a conclusão a que chegaram.<br />

Como as questões são objetivas, nós nos abstivemos de comentar uma a uma. Destacamos<br />

apenas na questão 2 a importância de o professor perguntar o que as palavras que formaram o<br />

aumentativo com S têm em comum. Poderão verificar que todas terminavam em S no grau normal<br />

(português, francês, chinês, adeus). E as palavras que fizeram o aumentativo com Z, o que<br />

têm em comum? Nenhuma delas tem o S no grau normal. Dessa forma as crianças terão um critério<br />

de decisão para escolher S ou Z quan<strong>do</strong> formarem aumentativos.<br />

Trio calafrio...<br />

Nessa atividade aplicamos as descobertas das vogais iniciais em relação ao X, Z e S. Damos<br />

dicas que possibilitam trabalhar com sinônimos e antônimos. Quem tiver compreendi<strong>do</strong> bem sairá<br />

dessa, sem dúvida!<br />

Tabela <strong>do</strong> ziguezague<br />

É uma situação que pode ser trabalhada em casa, pois pede apenas que se confrontem<br />

descobertas já feitas ao longo <strong>do</strong> ano. Ao pedirmos que completem a tabela com palavras que<br />

cumpram as exigências, acionaremos todas as descobertas simultâneas.<br />

Provavelmente terão dificuldade em preencher alguns espaços e não conseguirão fazê-lo,<br />

pois não existem palavras que caibam nesses espaços, como por exemplo palavras com EZ. Quem<br />

estiver atento às descobertas, resolverá com facilidade.<br />

Chamamos a atenção <strong>do</strong> professor para a importância de serem quatro palavras escritas.<br />

Caso não haja quatro, deixar o espaço em branco.<br />

32


Encruzilhada<br />

Para realizar essa atividade as crianças precisarão:<br />

1 – descobrir pelo número de letras quais palavras podem ser colocadas em cada espaço.<br />

2 – quan<strong>do</strong> couber mais de uma palavra no mesmo espaço, precisarão decidir a partir da letra<br />

que é comum às duas palavras que se cruzam.<br />

3 – como o número de palavras é grande, a atividade pede que organizem uma estratégia de<br />

execução, fundamental para o cumprimento da atividade e de outras tarefas longas pedidas pela<br />

escola ou pela vida.<br />

Enfim, acima de tu<strong>do</strong>, essa “encruzilhada” é um desafio ao raciocínio das crianças.<br />

Cercan<strong>do</strong> com cerca<br />

Pensar por família de palavras é uma boa estratégia para decidir a ortografia de algumas<br />

palavras. É, no mínimo, uma atitude econômica.<br />

Nossa intenção é que percebam que se casa, casa<strong>do</strong>, etc. são escritas com S, casebre e casamento<br />

também o serão. Queremos que percebam, por exemplo, que de sócio (com S e depois C)<br />

formamos sociedade, social, sociável, associa<strong>do</strong>, etc.<br />

Aproveite o pensamento e amplie, pedin<strong>do</strong> que encontrem outras famílias de palavras.<br />

Colores colorez<br />

Assim como uma mesma letra pode representar diferentes sons, um mesmo som pode ser<br />

representa<strong>do</strong> por mais de uma letra. (Evitamos utilizar o termo fonema por não estarmos trabalhan<strong>do</strong><br />

com o conceito nesse nível de escolaridade.) É isso o que mostra a atividade proposta: pintan<strong>do</strong><br />

as palavras com o som [S] de uma cor e o som [Z] de outra, poderão observar todas as possibilidades<br />

de grafia desses fonemas, ao responderem às questões 1 e 2. Na questão 3, observarão<br />

como as letras S, X e Z aparecem na representação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is sons. A questão 4 procura retomar o<br />

contexto de cada uma.<br />

Resta uma!<br />

É o já conheci<strong>do</strong> jogo Resta um, só que agora envolven<strong>do</strong> palavras. O pensamento é de exclusão,<br />

e o recurso de decisão é o conhecimento ortográfico. Parece fácil, mas não é!<br />

Ao combinarmos a pontuação dan<strong>do</strong> 1 ponto pela escolha e 2 pontos pela justificativa, levamos<br />

as crianças a tomarem consciência das regras <strong>do</strong> sistema ortográfico e a buscarem um mo<strong>do</strong><br />

de verbalizá-las.<br />

Em várias palavras é possível fazerem a justificativa de mais de uma forma, e o grupo deve<br />

aceitar qualquer delas, desde que esteja correta.<br />

Na cartela 1, por exemplo, a palavra “dezintoxicação” está errada porque o sufixo -des é com<br />

S e não com Z; ou porque dez é usa<strong>do</strong> em palavras que venham <strong>do</strong> numeral dez, o que não é o<br />

caso dessa palavra. Ao longo das cartelas os alunos farão uma revisão geral de todas as regras<br />

ortográficas estudadas ao longo das três séries. Mas atenção! Não jogar todas as cartelas de uma<br />

só vez.<br />

Charada<br />

Esta é uma charada que, além de quebrar a cabeça de qualquer joga<strong>do</strong>r, exige que ele aplique<br />

seu conhecimento ortográfico. Para resolvê-la terão de trabalhar por correspondência e dedução pelo<br />

contexto.<br />

O professor deverá pedir que resolvam a charada em casa. Por ser uma atividade muito desafia<strong>do</strong>ra,<br />

os alunos demoram para resolvê-la.<br />

Exkizitu?!!!<br />

A ortografia é um sistema forma<strong>do</strong> por leis de composição interna que o estruturam. É este<br />

sistema que temos tenta<strong>do</strong> desnudar para as crianças. Ao elaborarmos atividades como esta, de<br />

uma língua inexistente, queremos ressaltar o quanto o sistema tem sustentação própria, nem sempre<br />

dependente <strong>do</strong> significa<strong>do</strong>. É o caso por exemplo da regra que diz que antes da letra D marca-se<br />

a nasalização com N. Esta regra é válida independentemente <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> da palavra na<br />

qual ela é utilizada.<br />

Ao procedermos assim, rompemos com uma idéia arraigada nas crianças e adultos de que<br />

a ortografia é algo inconsistente, sem organização interna e sobre a qual não é possível refletir nada,<br />

apenas decorar regras ou memorizar palavras.<br />

33


Para fechar o módulo de investigação da letra S com chave de ouro, nada melhor <strong>do</strong> que um<br />

jogo. Caracoleza Caracolosa é um jogo de formação de palavras a partir de sufixos, prefixos e radicais<br />

que são confundi<strong>do</strong>s pelas crianças. As regras estão no Livro <strong>do</strong> Aluno, e o objetivo é conseguir<br />

alcançar o maior número de pontos.<br />

Pretendemos que as crianças usem o conhecimento adquiri<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> trabalho, além<br />

de desenvolver estratégias de jogo, o que propicia uma mobilidade de pensamento operatório. O<br />

professor deve ir circulan<strong>do</strong> pela classe para interferir na dinâmica das relações, quan<strong>do</strong> necessário,<br />

garantin<strong>do</strong> a compreensão das regras por to<strong>do</strong>s.<br />

Se achar necessário, o professor deverá criar mais estratégias de sistematização dessas dificuldades.<br />

Poderá aproveitar a estrutura das atividades como ponto de partida para elaborar outras.<br />

MÓDULO IV — Investigan<strong>do</strong> as sílabas iniciais CE/SE e CI/SI<br />

Nós, autoras, fizemos uma exaustiva investigação sobre possíveis regularidades na utilização<br />

das sílabas CE/SE e CI/SI em início de palavra. Pretendíamos descobrir algo que pudesse ajudar<br />

os alunos a tomarem uma decisão nos inúmeros momentos de dúvida que essas sílabas suscitam<br />

quan<strong>do</strong> vamos escrevê-las. O resulta<strong>do</strong> foi inespera<strong>do</strong>: há uma série de regularidades de<br />

grande valor e gostaríamos que as crianças pudessem conhecê-las.<br />

Como se trata de uma investigação longa, iremos dividi-la em duas etapas, que deverão ser<br />

cumpridas em dias diferentes. A primeira etapa terá a dupla CE/SE como objeto de análise, e a segunda<br />

etapa terá o CI/SI. As descobertas devem ser acompanhadas pelas atividades de sistematização,<br />

propostas no Livro <strong>do</strong> Aluno. A postura ao longo da investigação é a mesma já descrita<br />

nas investigações anteriores, mas o procedimento neste módulo envolverá pesquisa em dicionário.<br />

Primeira etapa – Pesquisa sobre CE/SE<br />

Nosso objetivo nesse primeiro momento é despertar nas crianças a curiosidade sobre essas<br />

sílabas no início da palavra, para que se lancem à investigação com uma pergunta interna a ser<br />

resolvida. Para tanto propusemos o Jogo <strong>do</strong> Stop, que deverá ser realiza<strong>do</strong> conforme instruções<br />

a seguir.<br />

Jogo <strong>do</strong> Stop<br />

O professor organiza a classe em grupos, pede que peguem uma folha de papel e façam uma<br />

tabela igual à apresentada a seguir. (Neste momento a tabela <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno não deve ser<br />

usada.)<br />

Tabela <strong>do</strong> Stop<br />

34<br />

Caracoleza Caracolosa<br />

CE + ... SE + ... CONSOANTES<br />

B<br />

C<br />

D<br />

F<br />

G<br />

H<br />

J<br />

L<br />

M<br />

N<br />

P<br />

Q<br />

R<br />

S<br />

T<br />

V<br />

X<br />

Z


Se os alunos ainda não souberem as regras <strong>do</strong> jogo, o professor deverá explicá-las:<br />

1 – Cada equipe deve preencher cada espaço com uma palavra que cumpra o que se pede (por<br />

exemplo, que comece com CEB ou SEB). Só é permiti<strong>do</strong> escrever uma única palavra por espaço.<br />

2 – O professor determinará um tempo para o preenchimento da tabela. É importante que<br />

nessa situação o tempo seja da<strong>do</strong> pelo professor e não que seja medi<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com o tempo<br />

gasto pelo primeiro grupo a concluir o trabalho, pois não é possível preencher to<strong>do</strong>s os espaços<br />

da tabela. Ao final <strong>do</strong> tempo estabeleci<strong>do</strong>, ninguém mais pode acrescentar nenhuma palavra.<br />

3 – Não é permiti<strong>do</strong> usar o dicionário durante o preenchimento da tabela.<br />

4 – Um <strong>do</strong>s elementos de cada equipe mudará de grupo para fiscalizar a correção, evitan<strong>do</strong><br />

que os alunos acrescentem novas palavras depois de esgota<strong>do</strong> o prazo.<br />

5 – O professor vai perguntan<strong>do</strong> a cada equipe que palavra foi colocada em cada espaço, e<br />

vai escreven<strong>do</strong> em uma folha de papel craft fixada na lousa. Após a correção o professor deverá<br />

guardar essa lista de palavras para usá-la posteriormente na continuação da análise.<br />

6 – Vencerá a equipe que obtiver o maior número de pontos.<br />

Como fazer a contagem <strong>do</strong>s pontos:<br />

• 10 pontos, se apenas uma equipe colocou aquela palavra;<br />

• 5 pontos, se mais de uma equipe colocou a mesma palavra;<br />

• 0 ponto, se houver espaço em branco ou erro de grafia;<br />

• 15 pontos, se uma equipe preencher corretamente o espaço e todas as outras deixarem em<br />

branco.<br />

Termina<strong>do</strong> o jogo, a classe obterá uma tabela com alguns espaços em branco, outros<br />

preenchi<strong>do</strong>s com a mesma palavra e outros preenchi<strong>do</strong>s com palavras diferentes. O professor<br />

fará, então, algumas perguntas para que reflitam e pesquisem em seguida. Sugerimos que o professor<br />

pergunte:<br />

1 – Em relação aos espaços que ficaram em branco, será que não existem mesmo palavras<br />

iniciadas com essa série de letras, ou vocês é que não se lembraram de nenhuma? (Esta pergunta<br />

poderá ser feita, por exemplo, em relação ao CEC ou CEJ.)<br />

2 – Será que não existe nenhuma palavra ou apenas algumas pouco conhecidas?<br />

3 – Nesse espaço (relativo ao CEB, por exemplo) to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> pôs cebola. Terá si<strong>do</strong> coincidência<br />

ou só existe cebola mesmo?<br />

Ao formular essas questões, o professor estará dirigin<strong>do</strong> o olhar das crianças para algumas<br />

palavras da tabela <strong>do</strong> Stop, que poderão se tornar alvo de investigação. Pedirá, então, como lição<br />

de casa, que cada aluno procure no dicionário outras palavras iniciadas pelas séries de letras propostas<br />

em uma linha da tabela (um procura CEB/SEB; outro, CEC/SEC, e assim por diante). Feito<br />

isso, cada aluno deverá anotar no caderno, no mínimo, cinco palavras da série que lhe coube para,<br />

no dia seguinte, trocar suas descobertas com os colegas de classe. Acreditamos que, organizan<strong>do</strong><br />

dessa forma a pesquisa, ganharemos tempo e tornaremos a investigação mais leve.<br />

No dia seguinte, to<strong>do</strong>s terão alguma observação a respeito das letras pesquisadas, e o professor<br />

pedirá que cada um diga o que encontrou.<br />

A correção deverá ser feita em uma tabela grande de papel craft ou outro similar, fixa<strong>do</strong> na<br />

lousa. Essa tabela deve ter as colunas <strong>do</strong> CE + .../SE + ... e <strong>do</strong> CI + .../SI + ..., porém nessa primeira<br />

etapa o professor só usará as duas primeiras colunas (CE + .../SE + ...).<br />

Tabela completa:<br />

CE + … SE + … CI + … SI + … CONSOANTES<br />

B<br />

C<br />

D<br />

F<br />

...<br />

Enquanto o professor completa a tabela fixada na lousa, os alunos vão preencher a Tabela<br />

de investigação no Livro <strong>do</strong> Aluno. Vale a pena a classe combinar um código para o preenchimento<br />

da tabela. Isso tornará o trabalho mais produtivo. Sugerimos o seguinte código:<br />

• XXX no espaço onde não existir nenhuma palavra.<br />

• ??? onde houver apenas palavras desconhecidas e estranhas.<br />

• Se houver poucas palavras primitivas e suas derivadas, escreva apenas as primitivas e<br />

coloque + derivadas (por exemplo: selva; sela + derivadas).<br />

• Se houver muitas palavras primitivas conhecidas, escreva cinco primitivas, coloque +<br />

derivadas + ETC., para que fique evidente que o universo de palavras é maior.<br />

W<br />

35


Observação:<br />

Como nosso objetivo não é trabalhar com formação de palavras e as crianças dessa faixa de<br />

escolaridade nem sempre conseguem distinguir entre primitivas e derivadas, não estamos usan<strong>do</strong><br />

aqui os termos primitiva e derivada com rigor gramatical. Por exemplo, a palavra secundário<br />

é derivada de segun<strong>do</strong> (com G), mas nem sempre as crianças estabelecem a relação entre elas,<br />

achan<strong>do</strong> que secundário não é derivada. Caso ocorram situações assim, não se preocupe. Aceite<br />

sem questionar pois as crianças terão oportunidade de aprofundar e rever o conceito em séries<br />

posteriores.<br />

É importante que as crianças completem suas tabelas individuais <strong>do</strong> livro juntamente com<br />

o professor. Ao final das descobertas a tabela ficará assim:<br />

CE + ... SE + ... CONSOANTES<br />

cebola + derivadas sebo + derivadas B<br />

???<br />

seco, secreto, século,<br />

secundário + derivadas<br />

C<br />

ce<strong>do</strong>, cedro, cédula,<br />

cedilha, ceder + derivadas<br />

sede, sedentário, seda,<br />

sedução + derivadas + ETC.<br />

D<br />

??? ??? F<br />

cego, cegonha + derivadas segre<strong>do</strong>, segunda, seguro,<br />

seguinte + derivadas + ETC.<br />

G<br />

XXX XXX H<br />

XXX seja J<br />

célula, celebrar, cela, celeste,<br />

celofane + derivadas + ETC.<br />

selva, sela + derivadas<br />

L<br />

cem, cemitério + derivadas sempre, semblante, semáforo,<br />

semana + derivadas + ETC.<br />

M<br />

cena, censura, centro,<br />

centavo + derivadas + ETC.<br />

sentença, senhor, sentir, sentar,<br />

sensação + derivadas + ETC.<br />

N<br />

??? separar, sepultar + derivadas P<br />

???<br />

seqüestro, sequilho,<br />

seqüência + derivadas<br />

Q<br />

cera, cereal, cereja, cerâmica,<br />

cérebro + derivadas + ETC.<br />

ser, serenata, sereia, série,<br />

sertão + derivadas + ETC.<br />

R<br />

cesta, cessar,<br />

cesariana + derivadas<br />

sessão, sessenta + derivadas<br />

S<br />

??? sete, seta + derivadas T<br />

cevada severo + derivadas V<br />

XXX<br />

sexta, sexagésimo,<br />

sexo + derivadas<br />

X<br />

XXX ??? Z<br />

Nesse momento o professor deve pedir que os alunos observem a tabela preenchida e retirem<br />

todas as regras que puderem para ajudá-los a decidir quan<strong>do</strong> usar CE/SE no início de palavras.<br />

Este é o momento mais importante, pois a simples coleta de da<strong>do</strong>s não implica necessariamente<br />

aprendizagem alguma. Como se trata de uma análise muito extensa, colocaremos apenas as conclusões<br />

que podem auxiliar numa decisão. Existem outras conclusões que não foram incluídas<br />

neste <strong>Manual</strong>, porque não transformam a compreensão.<br />

Algumas conclusões possíveis:<br />

1 – Há mais palavras iniciadas por SE <strong>do</strong> que por CE.<br />

2 – Existem poucas palavras iniciadas por CEB/SEB; a maioria, desconhecidas. As mais<br />

conhecidas são cebola e suas derivadas.<br />

3 – Quan<strong>do</strong> depois da sílaba inicial vierem as consoantes C, J, P, Q, T, X, Z, escolha S, pois<br />

não há palavras com CE + essas letras, ou há apenas palavras desconhecidas.<br />

4 – Com CE + D há as palavras ce<strong>do</strong>, cedro, cedilha, ceder, cédula e derivadas. Portanto, as<br />

outras são com SE.<br />

36


5 – Com CE + G, há cego, cegonha + derivadas. Portanto, as outras são com SE.<br />

6 – Com L há selva, sela e derivadas. Portanto, as outras são com CE.<br />

7 – Com M há cem, cemitério e derivadas. Portanto, as outras são com SE.<br />

8 – Com V há poucas palavras: cevada e severo.<br />

Depois que as crianças tiverem termina<strong>do</strong> de levantar as conclusões, devem registrá-las no<br />

Caderno de Descobertas e fazer os jogos Coquetel de letras e Congela!!! para sistematizá-las.<br />

Sugerimos que, além <strong>do</strong> jogo Congela!!!, o professor, juntamente com as crianças, confeccione<br />

um baralho de Jogo da Memória com as palavras citadas nas conclusões 4, 5, 6, 7 e 8. O objetivo<br />

<strong>do</strong> jogo é ajudar na memorização dessas palavras.<br />

Para confeccionar o baralho, sugerimos que seja utilizada cartolina cortada em retângulos de<br />

4 x 6 cm e que as palavras sejam escritas em pares de cartas. As regras são as tradicionais: cada<br />

joga<strong>do</strong>r vira duas cartas a cada jogada, em busca <strong>do</strong> par de correspondência. Se conseguir, fica<br />

com o par e joga novamente. Se não conseguir, esconde as cartas outra vez e passa a jogada.<br />

Coquetel de letras<br />

Nosso objetivo nessa atividade é a sistematização de algumas descobertas feitas na pesquisa<br />

<strong>do</strong> CE/SE. É como o jogo O cair das letras, com palavras. Sua solução demanda a utilização de<br />

conhecimentos ortográficos, além de muito raciocínio.<br />

Nele procuramos enfocar as consoantes Q, G, L e P que apresentam uma regularidade importante<br />

de ser observada pelas crianças.<br />

Como não é a primeira vez que jogam, acreditamos que a estrutura <strong>do</strong> jogo não oferecerá<br />

problema.<br />

Congela!!!<br />

Esse jogo sistematiza as descobertas feitas na investigação <strong>do</strong> CE/SE no início de palavras.<br />

Para jogá-lo os alunos deverão usar somente os registros <strong>do</strong> Caderno de Descobertas e não a tabela<br />

coletiva da investigação, pois nesse momento é importante que apliquem o que descobriram.<br />

O professor deverá organizar a classe em equipes de quatro elementos e sortear cartões que<br />

indicarão a letra com a qual cada grupo deverá preencher as 21 palavras da lista. Para que o jogo<br />

fique equilibra<strong>do</strong>, metade <strong>do</strong>s cartões deve ser com a letra S e a outra metade com a letra C.<br />

O objetivo <strong>do</strong> jogo é que a equipe encontre na lista as 21 palavras que devem ser completadas<br />

com a letra sorteada (S ou C), no menor tempo possível.<br />

Procedimento durante o jogo:<br />

1 – Cada grupo completa com a letra sorteada 21 palavras das 42 da lista.<br />

2 – O grupo que encontrar e completar primeiro as 21 palavras grita: Congela! Imediatamente<br />

to<strong>do</strong>s os grupos congelam (ninguém pode escrever mais nada), enquanto o professor confere<br />

se as palavras foram completadas corretamente.<br />

3 – Se as palavras estiverem grafadas corretamente, este grupo é o vence<strong>do</strong>r, e o jogo pode<br />

prosseguir até que surjam o 2º e o 3º coloca<strong>do</strong>s.<br />

4 – Se houver alguma palavra errada na lista, o professor avisa que há erro, mas não diz<br />

onde. O grupo tem uma nova chance e a classe toda descongela, retoman<strong>do</strong> a partida.<br />

5 – Cada grupo tem no máximo duas chances de gritar Congela! Na terceira vez, se houver<br />

erro, o grupo será desclassifica<strong>do</strong>.<br />

6 – Termina<strong>do</strong> o jogo, a correção é feita coletivamente e to<strong>do</strong>s completam corretamente suas<br />

listas. Nesse momento to<strong>do</strong>s completam a lista inteira, tanto das palavras com S quanto das com C.<br />

O professor poderá utilizar essa estratégia com diferentes palavras e diferentes dificuldades<br />

ortográficas.<br />

Segunda etapa – Pesquisa sobre CI/SI<br />

Uma vez concluída a investigação das sílabas CE/SE, daremos início à pesquisa sobre as<br />

sílabas CI/SI. Proponha para as crianças um jogo de Stop, com as sílabas CI/SI em início de palavras<br />

+ as consoantes. A tabela, as regras e a contagem de pontos são as mesmas já descritas no início<br />

<strong>do</strong> módulo com o Stop <strong>do</strong> CE/SE.<br />

Termina<strong>do</strong> o jogo, a correção coletiva e a contagem de pontos, o professor determina uma<br />

ou mais de uma consoante para cada aluno pesquisar no dicionário, como foi realiza<strong>do</strong> na primeira<br />

etapa com o CE/SE. Essa pesquisa pode ser feita em casa para otimizar o tempo de sala de aula.<br />

No dia seguinte o professor pede que cada um exponha suas observações e complete a tabela<br />

no papel craft, enquanto os alunos completam a sua no Livro <strong>do</strong> Aluno, na Tabela de Investigação<br />

– CI/SI.<br />

37


Após a pesquisa obterão uma tabela assim:<br />

Tabela <strong>do</strong> CI/SI<br />

CI + ... SI + ... CONSOANTES<br />

???<br />

Sibéria + derivadas B<br />

ciclo, cicatriz, ciclone + derivadas ???<br />

C<br />

cidra, cidade + derivadas siderurgia, sideral + derivadas D<br />

cifra sifão F<br />

cigarro, cigano, cigarra + derivadas sigilo, signo, sigla + derivadas G<br />

XXX<br />

XXX<br />

H<br />

XXX<br />

XXX<br />

J<br />

cilada, cilindro, cílio + derivadas sílaba, silhueta, silêncio,<br />

silvestre + derivadas + ETC.<br />

L<br />

cimento, cima + derivadas símbolo, simula<strong>do</strong>r, simples,<br />

simpático + derivadas + ETC.<br />

M<br />

cinema, cinto, cinco, cinta,<br />

cinza + derivadas + ETC.<br />

sino, sinal, sinagoga, sincero,<br />

singular + derivadas + ETC.<br />

N<br />

cipó, cipreste + derivadas ???<br />

P<br />

XXX ???<br />

Q<br />

circo, cirurgia, círculo, ciranda, sirene, siri, sírio + derivadas<br />

R<br />

+ derivadas + ETC.<br />

cisco, cisne, cisma + derivadas sistema, sisu<strong>do</strong> + derivadas S<br />

cita, cítrico + derivadas sítio, situar + derivadas T<br />

civil + derivadas ???<br />

V<br />

XXX ???<br />

X<br />

XXX ???<br />

Z<br />

Preenchida a tabela, os alunos fazem a síntese e levantam as regras que poderão ajudá-los<br />

a tomar uma decisão ortográfica. Não se esqueça de registrá-las no Caderno de Descobertas.<br />

Algumas regras possíveis:<br />

1 – É mais ou menos equivalente o número de palavras iniciadas por CI/SI.<br />

2 – Com B só há Sibéria + derivadas.<br />

3 – Há poucas palavras primitivas iniciadas por CI/SI seguidas das letras D, F, G, S, T.<br />

4 – Com C, escolha CIC.<br />

5 – Com H, J, Q, X e Z não há palavras ou são desconhecidas.<br />

6 – Com as letras L e M há cilada, cilindro, cílio, cimento, cima. As outras palavras são<br />

com SI.<br />

7 – Com P, escolha CIP.<br />

8 – Com a letra R há sirene, siri, sírio. As outras palavras são com CI.<br />

9 – Com V há civil. As palavras com SI + V são desconhecidas.<br />

Apresentamos, a seguir, algumas atividades de sistematização que procuram integrar todas<br />

as descobertas de CE/SE e CI/SI e constam <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno.<br />

Atividades de sistematização<br />

Torto<br />

A resolução desse jogo exige a utilização de pensamento operatório e um excelente nível de<br />

conhecimento da estrutura ortográfica da língua, além de trabalhar com a percepção e a organização<br />

espacial. É uma atividade que leva a criança a buscar sempre novas estratégias de solução<br />

diante de uma dificuldade, o que é um procedimento fundamental em relação às situações da vida.<br />

Nessa medida, mais ainda <strong>do</strong> que pelo universo de palavras que ele levanta, é um jogo rico<br />

pelo conjunto de aspectos que desenvolve.<br />

Encontra<strong>do</strong> o universo de palavras iniciadas com CE/SE e CI/SI, pedimos na questão 2 que<br />

escrevam somente as palavras que tenham estas sílabas iniciais seguidas de G, para que possam<br />

observar novamente a regularidade: SEG/CIG .<br />

Se o professor desejar, poderá pedir, como lição de casa, que as crianças encontrem mais<br />

palavras para essa tabela. No dia seguinte, reunirá os alunos em grupos para que socializem as<br />

palavras e façam as descobertas solicitadas nas perguntas. Com esse procedimento, o professor<br />

ganhará tempo em sala de aula, sem perder os objetivos propostos.<br />

38


Nas questões 3 e 4 o objetivo é que eles percebam que há muito mais palavras iniciadas por<br />

SEG <strong>do</strong> que por CEG.<br />

Passo a passo<br />

Essa proposta foi elaborada a partir de uma simplificação de um jogo antigo chama<strong>do</strong> Eleusis.<br />

Para solucionar o jogo os alunos devem se reunir em equipes. Quan<strong>do</strong> alguma descobrir qual o<br />

segre<strong>do</strong> da seqüência, chama o professor e fala baixinho para que os outros também possam pensar<br />

e encontrá-la.<br />

Enquanto os grupos estiverem discutin<strong>do</strong> o professor vai circulan<strong>do</strong> pela classe, mas não<br />

deve dar dicas que facilitem, a não ser que ninguém descubra e ele observe que os alunos estão<br />

angustia<strong>do</strong>s com a dificuldade de encontrar a resposta.<br />

Como jogar:<br />

1 – No Passo a passo um <strong>do</strong>s joga<strong>do</strong>res pensa uma seqüência e coloca duas cartas.<br />

2 – O joga<strong>do</strong>r seguinte levanta uma hipótese de qual seria a seqüência e coloca uma carta.<br />

3 – Se a carta estiver correta, põe mais uma. Se estiver errada, é anulada. O joga<strong>do</strong>r deve reformular<br />

sua hipótese e tentar uma nova carta.<br />

4 – O jogo prossegue assim até que o joga<strong>do</strong>r adivinhe o segre<strong>do</strong> da seqüência.<br />

É, sem dúvida, um excelente exercício de raciocínio e um delicioso divertimento!<br />

Quanto mais, melhor!<br />

Nosso objetivo aqui é que a criança crie em vez de responder. Para montar o caça-palavras,<br />

são necessárias algumas condições:<br />

1 – Para fazer a escolha entre CEL e SEL, terão que aplicar a descoberta feita na pesquisa: há<br />

mais palavras com CEL, portanto, esta é a melhor seqüência a ser escolhida. Caso escolham a seqüência<br />

SEL, perceberão, na correção coletiva, que esse universo de palavras é muito menor.<br />

2 – Para selecionar as palavras da cruzada os alunos precisarão fazer um levantamento das<br />

palavras de seu vocabulário que satisfaçam as exigências dadas: que comecem por CEL ou SEL.<br />

3 – Para distribuir as palavras no diagrama terão que organizá-las em posições possíveis dentro<br />

<strong>do</strong> espaço <strong>do</strong> diagrama.<br />

4 – Pensar em possíveis interseções de letras nas palavras que se cruzam.<br />

5 – Criar uma estratégia de montagem, caso contrário o caça-palavras ficará inviável.<br />

6 – Criar regras e escrevê-las: Valem apenas palavras na horizontal? Vale na horizontal e na<br />

vertical? Vale da esquerda para a direita ou apenas da direita para a esquerda? E de baixo para<br />

cima, vale?<br />

Antes que as crianças comecem a fazer a atividade, o professor deverá conversar com elas<br />

sobre todas as formas possíveis de se organizar as palavras em um caça-palavras. Assim, poderão<br />

escolher as formas que utilizarão. Depois, o grande exercício será escrever as regras, um para o<br />

outro, com precisão.<br />

Essa primeira parte da atividade pode ser discutida na classe, e a montagem <strong>do</strong> caça-palavras<br />

poderá ser feita como lição de casa. No dia seguinte as crianças trocarão os caça-palavras e terão,<br />

como lição de casa, de resolver o jogo <strong>do</strong> colega. No outro dia, em classe, um comentará com o<br />

outro o que achou <strong>do</strong> caça-palavras elabora<strong>do</strong> pelo colega, e o professor resolverá com a classe<br />

a última pergunta, que busca a generalização da regra já aplicada individualmente.<br />

A montagem desse caça-palavras integra atividades desenvolvidas em sala de aula e em<br />

casa, uma complementan<strong>do</strong> a outra.<br />

Desembaraçan<strong>do</strong><br />

O objetivo desse jogo é preencher as lacunas (os “cabelos” das perucas <strong>do</strong>s palhaços) com<br />

o maior número possível de palavras que satisfaçam as condições exigidas.<br />

Nosso objetivo pedagógico é que as crianças sistematizem as regras descobertas na pesquisa.<br />

Regras <strong>do</strong> jogo:<br />

1 – Todas as palavras devem começar por CE/SE e CI/SI seguidas de M.<br />

2 – Vale repetir a mesma sílaba inicial em quantas palavras quiser.<br />

3 – Quem acabar primeiro grita Stop! e to<strong>do</strong>s param imediatamente de escrever.<br />

Regras para a correção e a contagem <strong>do</strong>s pontos:<br />

1 – Termina<strong>do</strong> o jogo, cada equipe envia um elemento para outro grupo, para fiscalizar a correção.<br />

2 – A correção deve ser feita na lousa, sob coordenação <strong>do</strong> professor, para que to<strong>do</strong>s saibam<br />

contar seus pontos.<br />

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3 – A contagem <strong>do</strong>s pontos deve obedecer ao seguinte critério:<br />

• Cada palavra inédita vale 2 pontos.<br />

• Palavra repetida por mais de um grupo vale 1 ponto.<br />

• Palavra com erro de grafia vale 0 ponto.<br />

Terminada a contagem, acrescenta-se um bônus ao total de pontos obti<strong>do</strong>s, da seguinte forma:<br />

• 4 pontos a mais, se o grupo tiver usa<strong>do</strong> as quatro sílabas iniciais (CE, CI, SE, SI);<br />

• 3 pontos a mais, se o grupo tiver usa<strong>do</strong> três das quatro sílabas iniciais;<br />

• 2 pontos a mais, se o grupo tiver usa<strong>do</strong> duas das quatro sílabas iniciais;<br />

• nenhum ponto a mais, se o grupo tiver usa<strong>do</strong> apenas uma das quatro sílabas iniciais.<br />

É importante que as regras da contagem <strong>do</strong>s pontos sejam explicadas para os alunos antes<br />

<strong>do</strong> início <strong>do</strong> jogo, pois elas vão determinar as estratégias de preenchimento. É importante, também,<br />

que o professor escreva as regras na lousa para que não haja dúvidas.<br />

O objetivo das questões é levá-los a perceber a diferença quantitativa entre as palavras iniciadas<br />

por CEM/SEM e CIM/SIM.<br />

Pintan<strong>do</strong> as sete<br />

Quan<strong>do</strong> temos possibilidades equivalentes de uma palavra ser iniciada por C ou S, uma estratégia<br />

de pensamento bastante econômica é pensar por família de palavras. Levá-los a usar essa<br />

possibilidade de solução é nosso objetivo nessa atividade, que pode ser realizada como lição<br />

de casa.<br />

É interessante que o professor crie outras situações para que eles verifiquem a eficiência<br />

desse recurso de pensamento em outras palavras. Sugerimos, por exemplo, que o professor peça,<br />

como lição de casa, que descubram mais duas palavras que tenham mais três derivadas; ou que<br />

descubram a palavra com o maior número possível de derivadas.<br />

Exkizitu — O retorno<br />

Esta é uma brincadeira muito louca. O aluno tem que trabalhar por exclusão até encontrar a<br />

palavra dessa língua estranha que obedeça a todas as regras ortográficas da nossa língua. É impossível<br />

solucionar o Exkizitu sem o auxílio da tabela das descobertas sobre as sílabas CE/SE e<br />

CI/SI.<br />

O pensamento das crianças deve seguir um caminho mais ou menos semelhante a este:<br />

Primeiro grupo de palavras:<br />

• sequanom – é possível;<br />

• sehmanuvo – não é possível porque o H no meio da palavra só é antecedi<strong>do</strong> por C, N ou L;<br />

• ciquorante – não é possível porque não existe nenhuma palavra com CIQ;<br />

• cenpo – não é possível porque antes de P tem que vir M;<br />

• sijreco – não é possível porque não existe nenhuma palavra com SIJ ou porque não existe<br />

a série JR.<br />

E assim por diante.<br />

<strong>Professor</strong>, se achar necessário, crie e proponha novas situações de sistematização para sua<br />

classe. A <strong>do</strong>sagem, você decide!!!<br />

MÓDULO V — Acentuação<br />

Trabalhan<strong>do</strong> com a tonicidade e a acentuação<br />

No volume 2 as crianças puderam fazer uma investigação sobre o sistema de tonicidade da<br />

língua e descobri-lo como um sistema coerente e simples. Iniciaram esse processo de investigação<br />

por um desequilíbrio provoca<strong>do</strong> pela música Meu caro barão, de Chico Buarque de Holanda, que<br />

apresentava palavras proparoxítonas pronunciadas como paroxítonas.<br />

Ao constatarem isso, começam a investigar como se comporta essa "coisa" das palavras<br />

terem sílabas mais fortes. São todas? Algumas? Quais? Investigam e descobrem que todas as<br />

palavras têm uma sílaba mais forte, chamada tônica. (Não estamos discutin<strong>do</strong> nesse momento os<br />

monossílabos átonos.) Aprendem também que só pode haver uma tônica por palavra e que ela<br />

cai sempre nas três últimas sílabas da palavra, nunca antes. E mais: quan<strong>do</strong> a tônica se encontra<br />

na última sílaba a palavra é chamada de oxítona; quan<strong>do</strong> cai na penúltima é chamada de paroxítona<br />

e quan<strong>do</strong> cai na antepenúltima é chamada de proparoxítona. Descobrem também que a sílaba<br />

fraca é chamada de átona e que pode haver uma ou mais de uma sílaba átona por palavra.<br />

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Compreendidas essas questões gerais, começam a aprofundar a análise e verificam que:<br />

1 – Quan<strong>do</strong> a palavra tem acento, a tônica está na sílaba acentuada.<br />

2 – A maior parte das palavras é paroxítona.<br />

3 – Todas as palavras proparoxítonas são acentuadas.<br />

4 – As palavras sem acento terminadas por A(s), E(s), O(s), EM(ens), AM são paroxítonas.<br />

5 – As palavras sem acento terminadas por R, L, Z, X, I(s), U(s), Ã(s), ÃO (ãos, ões, ães),<br />

IM(ins), OM(ons), UM(uns) são oxítonas.<br />

6 – A maior parte das palavras não tem acento, portanto o natural é não ter acento na palavra.<br />

7 – Se eu precisar indicar graficamente que uma palavra é pronunciada fora da regularidade<br />

<strong>do</strong> sistema tônico, preciso avisar o leitor que ela é irregular através <strong>do</strong> acento. Assim sen<strong>do</strong>, o<br />

acento é uma marca de irregularidade no sistema de tonicidade. Por exemplo: ímpar é acentuada<br />

porque as palavras terminadas por R são naturalmente oxítonas. Se ímpar está fora da regularidade,<br />

é preciso avisar o leitor através <strong>do</strong> acento.<br />

Depois de toda a investigação, foram feitos exercícios para a sistematização das descobertas,<br />

especialmente as de tonicidade, e passaram a utilizar esse conhecimento para tomar decisões<br />

ortográficas.<br />

Ao fazerem essas aplicações puderam compreender que ortografia e tonicidade formam sistemas<br />

inter-relaciona<strong>do</strong>s, poden<strong>do</strong>, assim, o conhecimento de um ajudar o outro. Dessa forma<br />

descobriram que podem tomar as seguintes decisões:<br />

1 – Em final de palavras sem acento, usar E quan<strong>do</strong> a palavra é paroxítona e I quan<strong>do</strong> é oxítona.<br />

Exemplo: balde/guri.<br />

2 – Em final de palavras sem acento:<br />

a) usamos Z quan<strong>do</strong> for oxítona, qualquer que seja a vogal anterior. Exemplos: capaz, xadrez,<br />

feliz, feroz, capuz.<br />

b) usamos S nas palavras no plural.<br />

c) existem algumas palavras que, mesmo no singular, apresentam S. Quan<strong>do</strong> a letra anterior<br />

ao S for A, E, O, a palavra é paroxítona; quan<strong>do</strong> for I, U, é oxítona. Exemplos: apenas, atlas,<br />

pires, menos, cosmos, dermos (verbo); anis, depois, adeus.<br />

3 – Em final de palavras sem acento, usar O quan<strong>do</strong> for paroxítona e U quan<strong>do</strong> for oxítona.<br />

Exemplo: pano/tatu.<br />

O trabalho proposto no volume 2, apesar de ter aberto espaço para a investigação da acentuação<br />

e de ter feito o levantamento das regras das oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas, não<br />

se dedicou muito a sistematizar. Neste volume 3 iremos trabalhar basicamente com essa sistematização.<br />

É importante ressaltarmos aqui que as outras regras, como as <strong>do</strong>s ditongos e <strong>do</strong>s hiatos,<br />

serão deixadas para o volume 4, quan<strong>do</strong> entraremos com esse assunto. Gostaríamos de antecipar<br />

que, uma vez que a NGB abre a possibilidade de considerarmos os ditongos orais crescentes<br />

de final de palavra como hiatos, optamos por essa possibilidade – considerá-los como hiatos –<br />

mesmo cientes de que essa não é a posição mais usual. As razões de nossa escolha estão explicitadas<br />

no volume 4 desta coleção.<br />

Caso sua classe não tenha realiza<strong>do</strong> esse trabalho de tonicidade na série anterior, é importante<br />

que você o retome conforme está descrito no <strong>Manual</strong> <strong>do</strong> <strong>Professor</strong> <strong>do</strong> volume 2.<br />

Atividades de sistematização<br />

Eis aqui algumas sugestões de atividades de sistematização que estão no Livro <strong>do</strong> Aluno:<br />

Tabelógica<br />

Nosso objetivo é que retomem todas as descobertas de tonicidade e acentuação. Essa atividade<br />

deve ser realizada em sala de aula e em grupo. Depois que as crianças tiverem acentua<strong>do</strong> as<br />

palavras da tabela, o professor deve fazer uma correção coletiva. Nessa correção poderão refazer<br />

as descobertas de tonicidade propostas no volume 2, e até retomar as regras. Não se esqueça de<br />

registrá-las no Caderno de Descobertas.<br />

Feito o registro, o professor deve pedir às crianças que pintem com lápis colori<strong>do</strong> os quadra<strong>do</strong>s<br />

com as palavras não acentuadas. Poderão tirar algumas conclusões ao observá-lo:<br />

1 – Quan<strong>do</strong> a coluna da oxítona não tiver acento, a da paroxítona terá e vice-versa: quan<strong>do</strong><br />

a paroxítona não tiver acento, a da oxítona terá.<br />

2 – Todas as palavras proparoxítonas são acentuadas.<br />

Obs.: Encontramos apenas proparoxítonas terminadas por A, E, O, US, IM e L. Como não<br />

verificamos exaustivamente se as outras terminações não existem ou se são raras, fica apenas co-<br />

41


mo uma observação. Caso a pergunta surja na classe, proponha como pesquisa. No mínimo eles<br />

aprenderão muito!<br />

3 – Pelo quadro, poderão levantar todas as terminações de oxítonas e paroxítonas não acentuadas,<br />

resgatan<strong>do</strong> o princípio <strong>do</strong> sistema de tonicidade, que será retoma<strong>do</strong> detalhadamente depois,<br />

nas perguntas da atividade.<br />

Nas questões 1 e 2 as crianças podem resgatar o sistema de tonicidade.<br />

Questão 1:<br />

As paroxítonas sem acento terminam em A(s), E(s), O(s), AM, EM (ens).<br />

Logo as crianças descobrem que basta saber quais são as terminações das paroxítonas não<br />

acentuadas para poder concluir que as outras palavras sem acento são oxítonas. É importante<br />

que eles cheguem a esta generalização porque ela é muito econômica.<br />

Questão 2:<br />

As oxítonas sem acento terminam em I(s), U(s), Ã(s), ÃO(s, ões, ães), IM (ins), OM (ons), UM<br />

(uns), R, L, X, Z, E, U(s).<br />

Questão 3:<br />

Nesse pedi<strong>do</strong> retomamos a regra das proparoxítonas: todas têm no mínimo três sílabas, todas<br />

têm acento e em todas a tônica é na antepenúltima sílaba da palavra.<br />

Questão 4:<br />

Retiramos as regras das oxítonas e paroxítonas. Boa situação para recordar. Neste momento,<br />

várias conclusões são possíveis:<br />

1 – Eles poderão observar que, comparan<strong>do</strong> as colunas das oxítonas e paroxítonas, quan<strong>do</strong><br />

não tem acento em uma coluna, tem acento na outra.<br />

2 – A partir dessa constatação, poderão concluir que o acento é usa<strong>do</strong> para marcar a irregularidade.<br />

3 – Outra conclusão a que poderão chegar é a da própria regra: acentuam-se as oxítonas terminadas<br />

em A(s), E(s), O(s), EM (ens) e as paroxítonas terminadas em I(s), U(s), Ã(s), ÃO(s, ões,<br />

ães), R, L, X, N.<br />

Charada: Essa é só para brincar. Você já adivinhou?<br />

É possível que as crianças levantem palavras como chapéu, que são terminadas por U, ou<br />

por duas vogais, são oxítonas e portanto não deveriam ter acento, mas têm. Na verdade esse acento<br />

é diferente <strong>do</strong>s que estão sen<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>s porque ele não muda a posição da tônica, só o timbre.<br />

Se isso acontecer, confronte com meu, aconteceu, etc. O natural é o som ser fecha<strong>do</strong>, portanto<br />

é preciso avisar o leitor que naquela palavra o som é aberto. Se as crianças não levantarem<br />

a questão espontaneamente, não toque no assunto pois será discuti<strong>do</strong> na quarta série.<br />

Tome assento e acentue<br />

Novamente nosso objetivo é a sistematização da acentuação.<br />

Questão 1:<br />

Para retirar a palavra que não faz parte <strong>do</strong> grupo é preciso observar que as 5 primeiras palavras<br />

são paroxítonas acentuadas, enquanto a última é proparoxítona.<br />

Questão 2:<br />

É uma situação que visa ampliarmos o vocabulário de palavras paroxítonas acentuadas. Pode<br />

ser que alguma criança pergunte se para pertencer ao conjunto basta ser paroxítona acentuada<br />

ou se tem também que terminar pelas mesmas letras das palavras <strong>do</strong> conjunto da<strong>do</strong>. Caso essa<br />

dúvida surja, responda que basta ser paroxítona acentuada. Ao fazer a correção coletiva estarão<br />

trabalhan<strong>do</strong> com um número enorme delas.<br />

Questão 3:<br />

Aplicação da regra de acentuação das oxítonas terminadas por A. Aproveite para saborear<br />

a poesia de Mário Quintana, ela é belíssima.<br />

Xeretan<strong>do</strong><br />

Depois da revisão de tonicidade e acentuação que as crianças fizeram com a atividade<br />

Tabelógica, pretendemos que usem as redescobertas nessa proposta de classificação de palavras<br />

por esses <strong>do</strong>is critérios.<br />

Realizar a tarefa implica construir uma forma de organização a ser mantida ao longo de toda<br />

a atividade.<br />

Quem estiver com o sistema de tonicidade claro na cabeça arrumará a coleção <strong>do</strong> Aurélio<br />

com facilidade!<br />

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Forman<strong>do</strong>, reforman<strong>do</strong> e transforman<strong>do</strong><br />

Nosso objetivo é que retomem a regra das oxítonas e aprendam a ler enuncia<strong>do</strong>s com atenção.<br />

Questão 1:<br />

Propositadamente colocamos no caça-palavras palavras oxítonas e outras que não são. Dessa<br />

forma eles terão que estar atentos ao enuncia<strong>do</strong>, pois as outras que estão lá não interessam nessa<br />

situação.<br />

Questão 2:<br />

Depois que selecionarem, de todas as palavras possíveis de serem encontradas no caçapalavras,<br />

apenas as que são oxítonas, devem agora classificá-las novamente em <strong>do</strong>is grupos: acentuadas<br />

e não acentuadas, para que possam observar a regularidade, que será pedida na questão 3.<br />

Questão 3:<br />

Justifique, ou pela regularidade (as que não têm acento), ou pela irregularidade (as acentuadas).<br />

As crianças poderão justificar de mais de uma forma. Por exemplo:<br />

— Não acentuadas: não se acentuam as oxítonas terminadas por I(s), U(s), IM(ins), OM(ons),<br />

UM(uns), Ã(ãs, ões, ães), R, L, X, N, porque são naturalmente oxítonas, ou oxítonas regulares.<br />

— Acentuadas: acentuam-se as oxítonas terminadas por A(s), E(s), O(s), EM (ens); ou justificar<br />

que são acentuadas porque são paroxítonas irregulares.<br />

Jogo da forca<br />

Esse jogo pode ser realiza<strong>do</strong> com <strong>do</strong>is ou três alunos, que poderão jogar um pensan<strong>do</strong> a<br />

palavra e o outro adivinhan<strong>do</strong>; ou poderão jogar um pensan<strong>do</strong> a palavra e a dupla adivinhan<strong>do</strong>.<br />

De lição de casa, peça que cada aluno descubra uma palavra que caiba em cada uma das<br />

propostas de forca. Depois, coloque-os para jogar. Não é necessário que to<strong>do</strong>s joguem ao mesmo<br />

tempo; você pode deixar como proposta para irem fazen<strong>do</strong> aos poucos, no tempo que sobra<br />

quan<strong>do</strong> terminam uma atividade em sala de aula e precisam ficar esperan<strong>do</strong> que os outros acabem,<br />

ou outros momentos assim.<br />

As regras <strong>do</strong> jogo são as tradicionais:<br />

1 – Um joga<strong>do</strong>r pensa uma palavra que caiba nos espaços da<strong>do</strong>s por nós e que tenha a tônica<br />

acentuada na posição marcada pelo quadradinho nas quatro primeiras palavras ou sem acento<br />

nas quatro últimas.<br />

2 – O outro joga<strong>do</strong>r ou a dupla devem ir arriscan<strong>do</strong> letras que possam formar uma palavra<br />

com todas as características determinadas pelo jogo.<br />

3 – A cada acerto o joga<strong>do</strong>r que sabe a palavra preenche to<strong>do</strong>s os espaços onde aquela letra<br />

aparece.<br />

4 – Se não houver na palavra a letra cantada pelo joga<strong>do</strong>r que adivinha, uma parte <strong>do</strong> corpo<br />

<strong>do</strong> boneco vai sen<strong>do</strong> desenhada até que, com o corpo completo, ele é enforca<strong>do</strong>. Combine antecipadamente<br />

com eles quantas e quais serão as partes <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> boneco que entrarão no jogo.<br />

5 – Vence o joga<strong>do</strong>r ou dupla que conseguir descobrir mais palavras.<br />

Stop de lacunas<br />

Este jogo é um velho conheci<strong>do</strong> das crianças. Já foi usa<strong>do</strong> nos volumes 1 e 2, mas é sempre<br />

novo, sempre cria surpresas e muita aprendizagem. Por sua estrutura aberta possibilita o trabalho<br />

com um número grande de palavras, garantidamente <strong>do</strong> universo vocabular <strong>do</strong> grupo e significativas<br />

para a faixa. Enfim, mãos à obra.<br />

Aqui estão as regras:<br />

1 – Pode ser joga<strong>do</strong> em grupo ou individualmente.<br />

2 – O tempo de duração é determina<strong>do</strong> pelo professor.<br />

3 – Cada aluno ou equipe preenche os espaços com alguma palavra que caiba nele.<br />

4 – O número de letras ou sílabas não importa, desde que se tenha, por exemplo, na segunda<br />

lacuna uma palavra terminada por L e acentuada.<br />

5 – A contagem de pontos é a tradicional <strong>do</strong> Stop.<br />

Termina<strong>do</strong> o jogo o professor corrige na lousa como já foi explica<strong>do</strong> anteriormente e os<br />

alunos copiam todas ou algumas das palavras que surgiram (depende <strong>do</strong> número de palavras que<br />

surgir). Pode-se aproveitá-las para outras atividades depois.<br />

Crie outras situações de jogos e sistematização para acentuação. Sugerimos:<br />

1 – Jogos <strong>do</strong>s sete erros são interessantes com palavras com acento faltan<strong>do</strong>, com acento<br />

na sílaba errada ou com acento a mais.<br />

2 – Soletran<strong>do</strong> (descrito no final deste <strong>Manual</strong>) também é interessante.<br />

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3 – Stop no texto: peça em um texto qualquer que as crianças encontrem todas as palavras<br />

acentuadas de determinada página. Vence quem conseguir sublinhar todas primeiro e gritar STOP!<br />

Depois, peça que copiem no caderno apenas as oxítonas, ou apenas as paroxítonas, etc.<br />

4 – Pregue um papel craft na parede da classe para to<strong>do</strong>s irem escreven<strong>do</strong> palavras acentuadas<br />

que descubram nos textos, nos out-<strong>do</strong>ors, em revistas, etc.<br />

Dê asas à imaginação e crie com eles!!!<br />

MÓDULO VI — Pontuação e paragrafação<br />

Pontuação<br />

O trabalho de pontuação teve início na primeira série quan<strong>do</strong>, através da história <strong>do</strong> príncipe<br />

Harum, procuramos torná-la algo observável para a criança. Naquele momento, nosso principal<br />

objetivo era fazer as crianças descobrirem que ela pode ser um <strong>do</strong>s recursos para se traduzir a<br />

emoção por escrito.<br />

Ainda na primeira série, elas conheceram o nome <strong>do</strong>s sinais de pontuação e começaram a<br />

refletir sobre quan<strong>do</strong> é que se coloca uma pontuação interna em um parágrafo.<br />

Na segunda série, a pontuação com função expressiva se estabiliza, usam-na com fluência<br />

e correção, e a pontuação interna, que denominaremos lógica porque é a organiza<strong>do</strong>ra das idéias<br />

<strong>do</strong> texto, passa a ser o centro de nosso enfoque. Vírgulas, pontos e travessões são assunto cotidiano<br />

de nossa sala de aula de segunda série.<br />

O trabalho da segunda série teve por objetivo principal que os alunos descobrissem onde<br />

colocar uma pontuação: entre duas informações. Mas para se saber como pensar para decidir qual<br />

das pontuações colocar, é preciso percorrer outros caminhos. Dificilmente as crianças, naquele<br />

momento, conseguem pensar de forma integrada sobre onde e qual pontuação colocar.<br />

Consideran<strong>do</strong>-se tu<strong>do</strong> isso é que o centro de nosso recorte no volume 3 será para que saibam<br />

decidir qual das pontuações usar.<br />

A dificuldade para tomar essa decisão fica claramente espelhada no fato de, em geral, privilegiarem<br />

uma das pontuações, que passam a usar sempre. Há crianças que só usam pontos e<br />

outras que só usam vírgulas, ou ainda às vezes alternam as duas, mas de forma inadequada.<br />

Esses procedimentos são naturais nessa faixa etária. Para decidir onde ponho a pontuação<br />

tenho que pensar no que ela isola, separa, diferencia; para decidir qual pontuação usar tenho que<br />

pensar no que ela liga, relaciona, aproxima. Ora, não é nada simples compreender que um sinal<br />

arbitrário cumpra duas funções aparentemente opostas!<br />

Assim sen<strong>do</strong>, propomos que o trabalho tenha início pela estratégia que apresentamos a<br />

seguir.<br />

Como decidir qual das pontuações usar?<br />

Esse trabalho é minucioso e vai exigir muita sensibilidade por parte <strong>do</strong> professor. Para<br />

realizá-lo propomos que as crianças façam a atividade Prrriiirrr!!! <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno.<br />

Prrriiirrr!!!<br />

Apresentamos um texto sem pontuação. Em primeiro lugar pedimos que coloquem uma barrinha<br />

separan<strong>do</strong> cada informação. Na escrita, as informações são separadas por pontuações ou<br />

por conjunções. Ao fazerem as barrinhas, estarão trabalhan<strong>do</strong> com um critério para decidir onde<br />

se colocará uma pontuação. Quanto às conjunções, eles logo percebem que há palavras que costumam<br />

aparecer no lugar onde as barrinhas são colocadas.<br />

Essa etapa costuma gerar conflitos nas crianças, por isso é importante que o professor vá<br />

circulan<strong>do</strong> pela classe e orientan<strong>do</strong> os grupos em relação às dúvidas que vão surgin<strong>do</strong>. Com freqüência<br />

eles colocam barrinhas separan<strong>do</strong> cada palavra, ou ainda trechos que não chegam a formar<br />

um significa<strong>do</strong>. O professor, nesses casos, deve pedir que a criança explique o que pensou<br />

para achar que era daquela forma e, a partir da explicação que ela der, oferecer alguma forma de<br />

reflexão que possa orientá-la em outra direção.<br />

Depois que os grupos tiverem termina<strong>do</strong>, é importante que se faça uma correção coletiva na<br />

lousa, e que a postura <strong>do</strong> professor seja a de analisar formas possíveis e não de dar respostas certas<br />

ou erradas.<br />

44


Concluída a etapa das barrinhas, vem a discussão principal: qual pontuação colocar? Deixe<br />

que tentem colocar sozinhos, mas na hora da correção, realize-a com a classe toda e vá discutin<strong>do</strong><br />

com eles como decidir qual pontuação colocar.<br />

O que gostaríamos que descobrissem é que: a) quan<strong>do</strong> a informação da segunda oração (ou<br />

da que vem depois da barrinha) completa a informação da primeira (ou da que vem antes da barrinha),<br />

usa-se vírgula; b) quan<strong>do</strong> a segunda oração muda de enfoque, fala de outra informação,<br />

usa-se ponto.<br />

É importante não esquecermos que, em inúmeras situações, mais de uma pontuação é possível.<br />

Ao discutir as respostas, devemos considerar as duas possibilidades nesses casos e analisar<br />

pelo senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> texto se haveria uma melhor, ou quais os jogos discursivos que produzimos<br />

com cada escolha.<br />

Vamos colocar uma discussão hipotética sobre o início <strong>do</strong> texto para exemplificar o que estamos<br />

dizen<strong>do</strong>. Imagine que foram colocadas as barrinhas e o texto ficou assim:<br />

Os meninos tinham um campinho de futebol ao la<strong>do</strong> da estação de ferro / tanto treinaram<br />

/ e tanto jogaram / que acabaram organizan<strong>do</strong> um time direitinho / com camiseta / chuteiras<br />

/ traves / e juiz...<br />

Decidi<strong>do</strong> onde colocar as barrinhas, discutir se tanto treinaram complementa a informação<br />

de ter um campinho de futebol ou é uma outra informação, nova. Se complementa, deve-se colocar<br />

vírgula, se não, deve-se colocar ponto. Nesse caso, a nosso ver, é ponto, pois a informação de<br />

treinar não é um complemento da informação de ter. Já entre as informações de treinar, jogar e<br />

organizar um time temos uma seqüência de fatos encadea<strong>do</strong>s, portanto, que seriam separa<strong>do</strong>s<br />

por vírgula para mostrar essa relação interna. É claro que toda essa discussão deve acontecer de<br />

forma simples, através <strong>do</strong> olhar deles, com as palavras deles. No início eles ficam um pouco confusos,<br />

mas logo depois compreendem o princípio de pensamento e, a partir daí, a decisão sobre<br />

a pontuação torna-se mais fácil.<br />

Depois dessa atividade, sempre que for utilizar um texto, aproveite para analisar as opções<br />

de pontuação <strong>do</strong> autor. Discuta com eles, em vários momentos, por que eles acham que o autor<br />

colocou ponto ou colocou vírgula. Tentan<strong>do</strong> adivinhar o pensamento <strong>do</strong>s autores podemos organizar<br />

o nosso.<br />

Crie outras situações semelhantes a essa. Escolha um texto ou um trecho de texto <strong>do</strong> interesse<br />

de sua turma, retire a pontuação, escreva tu<strong>do</strong> em seguida, sem letras maiúsculas, e peça<br />

que façam barrinhas separan<strong>do</strong> as informações, e, depois, que coloquem as pontuações<br />

necessárias. É importante que o professor observe se a pontuação <strong>do</strong> trecho que está escolhen<strong>do</strong><br />

segue um padrão mais convencional, pois há autores que pontuam muito “fora <strong>do</strong> padrão", o<br />

que complicaria muito a discussão nesse momento.<br />

Outra consideração importante é em relação à postura de análise durante as atividades. O<br />

professor não deve trabalhar com certo ou erra<strong>do</strong>, mas com as pontuações possíveis ou impossíveis<br />

dentro <strong>do</strong> sistema.<br />

Além dessas atividades mais técnicas, nas quais eles aprendem a pensar como pontuar, nos<br />

textos apresenta<strong>do</strong>s no livro Construin<strong>do</strong> a escrita – Leitura e Interpretação de Textos, volume 3,<br />

estaremos discutin<strong>do</strong> jogos de pontuação interna.<br />

As marcas de oralidade<br />

As marcas de oralidade são os famosos E, DAÍ, AÍ e ENTÃO que as crianças costumam usar<br />

quan<strong>do</strong> começam a escrever, e que têm a função de ir "colan<strong>do</strong> uma informação na outra" para<br />

estabelecer a progressão textual.<br />

Há um primeiro momento em que essas marcas são um sinal de progresso. É quan<strong>do</strong> o texto<br />

<strong>do</strong> aluno deixa de ser uma simples cena para começar a articular-se ao re<strong>do</strong>r da ação. Nesse<br />

momento em que muitas coisas começam a acontecer dentro da história, a marca de oralidade<br />

surge de forma intensa, e o professor deve ficar feliz ao observá-la: ela é uma marca de evolução.<br />

Conforme eles vão crescen<strong>do</strong>, vão aprenden<strong>do</strong> que a escrita se utiliza de outras marcas específicas<br />

para estabelecer essa progressão: são as pontuações, os parágrafos, os adjuntos adverbiais<br />

e algumas conjunções. Nossa postura é de — nesse momento em que o texto aumenta, encorpa<br />

— oferecer-lhes esse novo conhecimento. Por essa razão, pontuação e paragrafação são assuntos<br />

constantes de nossas salas de aula.<br />

Conforme as crianças vão conquistan<strong>do</strong> a pontuação e o parágrafo, vão aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> as<br />

marcas de oralidade. Mas há um momento em que elas coexistem com esses <strong>do</strong>is novos ele-<br />

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mentos da escrita que estão começan<strong>do</strong> a fazer parte intrínseca <strong>do</strong> texto. Por isso é interessante,<br />

nesse momento, que ajudemos as crianças a superar o uso das marcas de oralidade com atividades<br />

específicas.<br />

Para tal, tem se mostra<strong>do</strong> muito eficiente a utilização da estratégia de reescrita de textos com<br />

marcas de oralidade. Optamos por adaptar um texto de autor já publica<strong>do</strong> para garantirmos textos<br />

qualitativamente bons, o que nos permite focar nossa atenção nesse único elemento. Se trabalhássemos<br />

com um texto de criança, outros aspectos textuais emergeriam e a atenção seria dispersada.<br />

Nossa proposta é que seja executada a reescrita da fábula de Esopo da atividade<br />

Reescreven<strong>do</strong> em três momentos: o primeiro, coletivo, gera novos conhecimentos; o segun<strong>do</strong>,<br />

em grupo, para que um aluno ensine o outro; e o terceiro, individual, para que o professor possa<br />

observar, depois <strong>do</strong> trabalho realiza<strong>do</strong>, o que cada um conseguiu apreender.<br />

Reescreven<strong>do</strong><br />

A lebre e a tartaruga – 1ª parte<br />

Como dinâmica da atividade, sugerimos que o professor reúna as crianças em grupos e peça<br />

que reescrevam o trecho apresenta<strong>do</strong> retiran<strong>do</strong> as marcas de oralidade. Para fazer isso, é<br />

necessário alterar frases, mudar tempos verbais, acrescentar novas palavras, às vezes. Avise-os<br />

de que isso é permiti<strong>do</strong>, aliás, que devem fazê-lo!<br />

Depois que to<strong>do</strong>s tiverem encontra<strong>do</strong> uma solução, faça a reescrita coletiva na lousa. Esse<br />

momento é o mais importante, pois é nele que o professor poderá conhecer o pensamento <strong>do</strong>s<br />

alunos e ajudá-los a encontrar uma solução mais adequada ao sistema da escrita. Colocamos um<br />

trecho curto, mas com muitos problemas e várias possibilidades de solução, para que a discussão<br />

pudesse ser bastante rica.<br />

Na parte das respostas deste módulo encontra-se o texto original. Ele deve ser considera<strong>do</strong><br />

como uma das soluções possíveis e não como a única.<br />

As crianças, com certeza, darão outras soluções diferentes da <strong>do</strong> autor, mas que devem ser<br />

analisadas como outras possibilidades. A discussão deve ser encaminhada para uma solução melhor<br />

ou mais clara, e não simplesmente para um modelo certo.<br />

A questão que colocamos depois da reescrita é um convite a registrarem o que aprenderam<br />

sobre como evitar as marcas de oralidade ao escrever. O professor, nesse momento, estará ajudan<strong>do</strong><br />

os alunos a fazer a generalização sobre a própria ação.<br />

A lebre e a tartaruga – 2ª e 3ª partes<br />

Na 2ª parte, as crianças farão em grupo a reescrita, mas a correção será na folha avulsa ou<br />

no caderno entregue, apenas pelo professor. Seria interessante se cada grupo escrevesse sua<br />

solução em uma folha e, depois, fosse feito um confronto enfocan<strong>do</strong> os momentos de semelhança<br />

e de diferença entre as formas de reescrever de cada grupo. O quadro mural é um espaço interessante<br />

para se fixarem os trabalhos.<br />

Na 3ª parte, cada aluno resolve o texto individualmente e depois entrega para o professor.<br />

O professor deve usar a situação como um diagnóstico para perceber o que já foi ou não conquista<strong>do</strong><br />

pelas crianças e, a partir daí, montar novas atividades específicas. Se necessário, ofereça<br />

novos trechos, à semelhança <strong>do</strong> que apresentamos aqui.<br />

Sugestão: No final da atividade, ler para a classe o texto original, que se encontra no Livro<br />

<strong>do</strong> <strong>Professor</strong>, junto com as respostas, para comparar a solução dada por eles e pelo autor.<br />

O discurso direto<br />

O discurso direto também foi objeto de estu<strong>do</strong> por parte das crianças desde a primeira série.<br />

Logo na primeira série elas descobrem que nos textos há narra<strong>do</strong>r e personagem, e a<strong>do</strong>ram<br />

reproduzir as falas de personagens ao escrever. Mas escrever um discurso direto estrutura<strong>do</strong><br />

adequadamente é conquista de muito trabalho.<br />

As crianças passam por vários momentos ao longo desse percurso:<br />

1 – Primeiramente escrevem sem nenhuma diferenciação entre narra<strong>do</strong>r e personagem.<br />

Passam de um para o outro sem qualquer tipo de marca distintiva.<br />

2 – Começam a diferenciá-los através da pontuação. Algumas colocam <strong>do</strong>is-pontos, outras<br />

colocam travessão, outras ainda usam <strong>do</strong>is-pontos e travessão, mas tu<strong>do</strong> na mesma linha, sem<br />

organização em parágrafos.<br />

3 – Nesse terceiro momento, o parágrafo surge, mas ainda instável. Há crianças que deixam<br />

parágrafo, um travessão, e nele colocam todas as falas <strong>do</strong>s personagens, sem isolar cada uma;<br />

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outras crianças usam o travessão, colocam na outra linha com ou sem parágrafo, mas depois da<br />

fala <strong>do</strong> personagem o narra<strong>do</strong>r continua sem qualquer distinção.<br />

4 – No quarto momento, elas organizam o discurso direto com adequação à esquerda, ou seja,<br />

colocam parágrafo, travessão, fala <strong>do</strong> personagem, mas nem sempre conseguem decidir adequadamente<br />

quan<strong>do</strong> o narra<strong>do</strong>r permanece na mesma linha da fala <strong>do</strong> personagem e quan<strong>do</strong> deve<br />

fazer parágrafo.<br />

5 – Em geral, simultaneamente a este quarto momento, costumam acreditar que é sempre<br />

necessário colocar E ele disse: e Ele respondeu: para que o leitor saiba quem está falan<strong>do</strong>.<br />

6 – O momento seguinte, em termos de evolução, vai marcar a libertação <strong>do</strong> Ele disse. Os<br />

alunos descobrem que existem outras formas de indicar para o leitor quem está falan<strong>do</strong>, e passam<br />

a usá-las.<br />

Eles costumam terminar a segunda série no nível três ou quatro, e é consideran<strong>do</strong> esse<br />

conhecimento prévio que iniciaremos nosso trabalho.<br />

Organizan<strong>do</strong> o discurso direto<br />

Para começarmos a desencadear a discussão <strong>do</strong> discurso direto sugerimos que as crianças<br />

façam a atividade Cada um na sua...<br />

Cada um na sua...<br />

Reúna os alunos em grupos e peça que reescrevam o trecho da<strong>do</strong>, organizan<strong>do</strong>-o. Não é<br />

necessário que cada um faça uma cópia, basta uma para o grupo to<strong>do</strong>.<br />

Escolhemos esse texto porque apresenta um diálogo puro, sem qualquer interferência de<br />

narra<strong>do</strong>r. Se o diálogo não estiver organiza<strong>do</strong> em parágrafos e travessões, torna-se quase impossível<br />

compreendê-lo. Acreditamos que as crianças vão discutir muito para reescrevê-lo, e terão<br />

que rever idéias falsas que têm a respeito desse assunto.<br />

Quan<strong>do</strong> terminarem a discussão, na hora da correção, o professor lê para eles o final <strong>do</strong> texto<br />

(apresenta<strong>do</strong> no Livro <strong>do</strong> <strong>Professor</strong>, com as respostas das atividades), e depois pergunta-lhes<br />

como é que nós, leitores, sabemos quem é que fala, se em nenhum momento alguém avisa isso.<br />

Discuta com eles e veja o que observam. Leia uma das falas e discuta com eles: Quem fala aqui,<br />

o pai ou o filho? Como sabemos, o que nos indica isso?<br />

Nessa análise poderão fazer um levantamento <strong>do</strong>s elementos que nos dão essas indicações:<br />

a simples alternância (se o pai perguntou, só pode ser agora o filho responden<strong>do</strong>); o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

texto (se alguém pergunta Posso ficar ven<strong>do</strong> televisão? só pode ser o filho, pois o pai jamais pediria<br />

essa permissão); se na fala aparece Filho, vá <strong>do</strong>rmir só pode ser o pai, pois o filho não diria isso;<br />

e assim por diante.<br />

Esses elementos, que parecem óbvios para o adulto, são invisíveis para os jovens escritores.<br />

Eles conseguem compreendê-los quan<strong>do</strong> lêem, mas não têm consciência de onde retiraram a informação.<br />

Por isso mesmo, essas descobertas costumam deixá-los perplexos, mas depois usamnas<br />

com tranqüilidade.<br />

Depois da discussão aproveitamos para trabalhar com a interjeição.<br />

Questão 2:<br />

Nosso objetivo é que percebam que a presença ou ausência <strong>do</strong> H muda to<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> da<br />

expressão. Se já tiverem trabalha<strong>do</strong> com interjeição, faça com que observem que Ora essa é uma<br />

interjeição; se não tiverem trabalha<strong>do</strong> explore o sentimento expresso pela interjeição. Deixe que<br />

as crianças encontrem uma forma própria de se expressar, mesmo que não seja a mais correta<br />

gramaticalmente.<br />

Questões 3 e 4:<br />

Além de explorar o sentimento <strong>do</strong> pai e o que o filho entendeu e pensou sobre isso, discuta<br />

com as crianças o jogo de humor que se estabelece através da confusão. Um fala com um senti<strong>do</strong>,<br />

o outro entende com outro senti<strong>do</strong>, e está armada a confusão...<br />

Filman<strong>do</strong> a piada<br />

Essa atividade foi elaborada com o objetivo de criar uma situação para que os alunos possam<br />

discutir como pensar para decidir como escrever a fala <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r: na mesma linha da <strong>do</strong><br />

personagem ou como um novo parágrafo?<br />

Como as crianças estão habituadas desde a primeira série a ler imaginan<strong>do</strong> o que lêem, a<br />

expressão "fazer um filme na cabeça e mudar a câmera de foco" são familiares para eles. Depois<br />

de lerem e compreenderem a piada (geralmente eles entendem de forma bem diferente da nossa!!)<br />

proponha-lhes que respondam às questões.<br />

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Questão 1:<br />

Ao destacar com cores as falas, fazemos com que deixem clara a diferenciação entre narra<strong>do</strong>r<br />

e personagem. Os trechos foram propositadamente escolhi<strong>do</strong>s para trazerem as três possibilidades:<br />

narra<strong>do</strong>r na outra linha, narra<strong>do</strong>r intercala<strong>do</strong> e narra<strong>do</strong>r depois da fala <strong>do</strong> personagem.<br />

Com a diferenciação de cor, essas três organizações ficarão evidenciadas.<br />

Questão 2:<br />

Ao pedirmos que verbalizem o que observaram, levamos os alunos a tomar consciência de<br />

elementos que em geral eles usam como um to<strong>do</strong>, mas que não distinguem em suas partes. Ao<br />

não fazerem essa distinção, na hora de escrever deixam de registrá-las.<br />

Questão 3:<br />

Nas situações b e c o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> que o narra<strong>do</strong>r fala é uma explicação sobre a própria fala<br />

<strong>do</strong> personagem (como se sentia ao falar, com que tom de voz disse, o que pensava...). Apenas na<br />

situação a o narra<strong>do</strong>r inicia nova cena, com outras ações inclusive: o personagem se desloca, sai,<br />

etc.<br />

Questão 4:<br />

É justamente porque a câmera muda de foco que a fala <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r tem que estar na outra<br />

linha. Temos outra cena, portanto: parágrafo!<br />

Questão 5:<br />

Queremos aqui a síntese de toda a análise. Aconselhamos o professor a fazer esse registro<br />

em uma situação de escrita coletiva e depois que se passe para o Caderno de Descobertas. Quanto<br />

mais completo e claro for o registro, melhor como fonte de pesquisa para as crianças.<br />

Esperamos que digam algo mais ou menos assim: "Quan<strong>do</strong> o narra<strong>do</strong>r fala de outra coisa,<br />

e a câmera muda de foco, muda-se também de parágrafo; quan<strong>do</strong> o narra<strong>do</strong>r fala da própria fala,<br />

e a câmera não muda de foco, a fala <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r fica na mesma linha."<br />

A situação de se dar um trecho de texto para que as crianças mudem a posição <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r,<br />

antepon<strong>do</strong>-o, intercalan<strong>do</strong>-o ou pospon<strong>do</strong>-o, é extremamente rica e deve acontecer várias vezes<br />

para que fique bem estabiliza<strong>do</strong> para as crianças. Aconselhamos que sejam situações de lição de<br />

casa, e que os trechos sejam escolhi<strong>do</strong>s de textos que as crianças estejam len<strong>do</strong> em sala de aula<br />

ou outros, à escolha <strong>do</strong> professor.<br />

Bocão<br />

Nessa atividade pretendemos que as crianças utilizem as conclusões tiradas nas anteriores.<br />

Temos novamente um texto para ser reescrito e organiza<strong>do</strong> em parágrafos.<br />

Procuramos escolher um que tivesse situações de discurso direto com a fala <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r em<br />

todas as posições.<br />

É interessante que esta atividade seja realizada individualmente e em classe, para que o professor<br />

possa tomar consciência de quais os conhecimentos que estão incorpora<strong>do</strong>s e quais ainda<br />

precisam ser mais sistematiza<strong>do</strong>s com a classe. A partir desse diagnóstico, o professor poderá<br />

criar situações para uma interferência precisa no processo de aquisição <strong>do</strong> grupo.<br />

Na parte de respostas encontra-se o texto original <strong>do</strong> autor. A organização <strong>do</strong> discurso direto<br />

não permite outra solução que não seja a <strong>do</strong> autor, mas a pontuação, que também foi retirada,<br />

deve ser discutida como possibilidade de solução, da forma como aconselhamos nas atividades<br />

anteriores. Essa postura é fundamental para que a atividade seja efetivamente um pretexto para<br />

a reflexão e não um simples modelo.<br />

Não ofereceremos novas situações de sistematização no Livro <strong>do</strong> Aluno por acreditarmos<br />

que, a partir deste ponto, a interferência deve ser precisa naquilo que é necessário; e isso, só você,<br />

professor, é que pode avaliar e criar uma situação para trabalhar a dúvida específica de seus alunos.<br />

O parágrafo<br />

O trabalho com o parágrafo teve início no volume 1 e já passou por várias etapas.<br />

Conversaremos um pouco sobre elas para que você, professor, ao saber o que aconteceu antes,<br />

possa entrar de maneira harmônica no processo das crianças.<br />

Na primeira série, as crianças escreviam sem nenhum parágrafo e, por isso, nosso trabalho<br />

esteve centra<strong>do</strong> em fazê-las observar que ele existia, levan<strong>do</strong>-os a levantar hipóteses de qual ou<br />

quais seriam suas funções. Foi um trabalho mais solto, que procurava acima de tu<strong>do</strong> problematizar<br />

o parágrafo.<br />

Na segunda série, acreditávamos que os alunos estivessem com um texto de maior fôlego,<br />

e começamos a discutir de forma sistemática o parágrafo. O conceito sobre o qual nos ativemos<br />

foi o de que o parágrafo tem a função de marcar passagens de cena, mudanças de recorte no<br />

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texto, à semelhança de um movimento de câmera de filmar ao produzir as imagens. O trabalho<br />

desenvolvi<strong>do</strong> foi fortemente marca<strong>do</strong> pelo confronto entre a linguagem imagética e a verbal.<br />

Nossa experiência mostra que as crianças costumam terminar o volume 2 utilizan<strong>do</strong> parágrafos<br />

simples (uma ou duas frases por parágrafo), ou já usan<strong>do</strong> parágrafos complexos, que sintetizam<br />

um número maior de informações. O trabalho neste volume é, assim, dar acabamento,<br />

adequar esse parágrafo que ainda não está formalmente estabiliza<strong>do</strong>.<br />

É interessante que o professor da terceira série leia o <strong>Manual</strong> <strong>do</strong> <strong>Professor</strong> <strong>do</strong> livro<br />

Construin<strong>do</strong> a escrita – Gramática/Ortografia, volume 2, no módulo de paragrafação, para que<br />

faça um trabalho coerente e que se aproprie da linguagem proposta nele.<br />

Não entraremos em novas discussões sobre o parágrafo. Gostaríamos que o professor<br />

aproveitasse o texto Circuito Fecha<strong>do</strong> <strong>do</strong> livro Construin<strong>do</strong> a escrita – Leitura e Interpretação de<br />

Textos, volume 3, para mostrar aos alunos a ausência <strong>do</strong> parágrafo enquanto produtor de efeitos<br />

textuais.<br />

A atividade proposta por nós, no Livro <strong>do</strong> Aluno, é:<br />

A vitória-régia<br />

A lenda da vitória-régia foi toda desmontada por nós. As partes foram misturadas e a proposta<br />

é que, levan<strong>do</strong> em consideração o significa<strong>do</strong> e os conhecimentos de parágrafo, pontuação<br />

e letras maiúsculas, os alunos possam reconstruir o texto corretamente.<br />

Para fazer a remontagem, eles terão que observar nas tirinhas se elas começam por maiúscula<br />

ou minúscula, se estão paragrafadas ou não, qual a pontuação <strong>do</strong> trecho anterior, além da<br />

lógica <strong>do</strong> significa<strong>do</strong>.<br />

Depois que tiverem remonta<strong>do</strong> o texto, sugerimos ao professor as seguintes questões:<br />

1. Peça aos alunos que copiem os <strong>do</strong>is primeiros parágrafos <strong>do</strong> texto no caderno. Nossa intenção<br />

ao fazer esse pedi<strong>do</strong> é obrigá-los a observar os espaços da escrita, pois terão de refletir sobre<br />

situações tais como: ao encontrarem um trecho que termina no meio da linha, como reescrevêlo?<br />

Eles deverão decidir se o trecho seguinte é ou não um novo parágrafo.<br />

2. Terminada a cópia, converse com eles sobre o que pensaram para ordenar os parágrafos,<br />

pois no momento em que explicam, são obriga<strong>do</strong>s a organizar e tomar consciência <strong>do</strong> próprio<br />

pensamento. Não se preocupe se a explicação é certa ou errada. Nosso principal objetivo é convidá-los<br />

a olhar para dentro de si, para que se habituem a buscar as razões pelas quais agem.<br />

3. Peça finalmente que marquem no texto as palavras ou os elementos que cada um observou<br />

para descobrir a ordem <strong>do</strong>s parágrafos. Os elementos observa<strong>do</strong>s são textuais: pontuação,<br />

letra maiúscula, parágrafo, determinadas palavras, o conteú<strong>do</strong>.<br />

A partir dessa discussão, a classe pode fortalecer a idéia de como pensar para saber onde<br />

colocar o parágrafo.<br />

Ao fazer a correção, o professor deve levar em consideração outras possibilidades de organização,<br />

diferentes da <strong>do</strong> autor, mas que sejam coerentes.<br />

É importante, para o desenvolvimento <strong>do</strong> parágrafo nesse estágio de conhecimento das<br />

crianças, que o professor esteja atento para, a cada situação que surgir nos textos que estiver trabalhan<strong>do</strong><br />

com as crianças, discutir com eles: "O que será que o autor pensou para paragrafar desse<br />

jeito? Como está a câmera aqui? E agora, que mu<strong>do</strong>u de parágrafo, como ela ficou?" É nessas discussões<br />

que a compreensão <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> parágrafo se estabilizará.<br />

MÓDULO VII — Como introduzir as classes gramaticais<br />

O trabalho com as classes gramaticais que será proposto nesse livro parte de algumas premissas<br />

pouco usuais, sen<strong>do</strong> importante, portanto, que o professor leia atentamente nossos apontamentos<br />

e reveja seus conceitos a respeito desses conteú<strong>do</strong>s.<br />

Algumas considerações<br />

Para uma palavra pertencer a uma determinada classe gramatical é necessário que ela tenha<br />

um conjunto de propriedades que a definam. Dizer que "Substantivo é a palavra que dá nome<br />

aos seres", "Adjetivo é a palavra que dá uma qualidade ao substantivo", "Verbo é a palavra que<br />

exprime uma idéia de ação", etc. é definir essas classes por apenas uma de suas propriedades, e<br />

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não por seu conjunto de atributos. Esse procedimento traz para as crianças uma série de confusões<br />

que serão analisadas em cada módulo específico. Em busca de uma visão mais ampla desses conceitos<br />

procuraremos analisá-los a partir de diversos aspectos, que possam traduzir o conjunto de<br />

suas propriedades.<br />

Os aspectos que serão verifica<strong>do</strong>s, para cada classe gramatical, são:<br />

a) as palavras são variáveis ou invariáveis?<br />

b) qual é o tipo de variabilidade: gênero, grau, número, tempo, pessoa?<br />

c) as palavras dessa classe formam um conjunto finito como os artigos, ou um conjunto infinito<br />

como os substantivos?<br />

d) que tipo de informação as palavras dessa classe oferecem para o falante?<br />

e) qual é a função textual que exercem?<br />

No final <strong>do</strong> volume 2 foi proposto um trabalho de análise das palavras variáveis e invariáveis.<br />

Por ser essa idéia fundamental para o início <strong>do</strong> trabalho com classes gramaticais, sugerimos que<br />

seja realiza<strong>do</strong> de novo, juntamente com as atividades de sistematização.<br />

Palavras variáveis e invariáveis – Uma introdução ao trabalho com<br />

classes gramaticais<br />

Para que o aluno possa vir a trabalhar com as classes gramaticais é preciso que comece a refletir<br />

sobre a possibilidade de flexão das palavras, pois esta é uma das propriedades relevantes das diversas<br />

classes.<br />

Pensar em variabilidade implica fazermo-nos algumas perguntas: o que varia? de que forma<br />

varia? de onde para onde? por que varia? Ao buscar as respostas para estas questões, aspectos<br />

essenciais das palavras têm que ser desvenda<strong>do</strong>s, e são considerações relevantes para utilização<br />

posterior.<br />

Retome com eles o que seria uma coisa que varia e uma coisa que não varia. Que coisas no<br />

mun<strong>do</strong> são variáveis e que coisas são invariáveis? Procure você a resposta em pensamento...<br />

Provavelmente você achará mais fácil pensar coisas que variam. A primeira sensação é a de que<br />

só há elementos variáveis no mun<strong>do</strong>. Mas, pense bem. To<strong>do</strong>s os dias são diferentes entre si, e<br />

portanto variáveis; mas o dia ser o momento da luz, ser depois da noite, isto é invariável; to<strong>do</strong>s<br />

os olhos são diferentes entre si e portanto variáveis; mas serem órgãos <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, servirem<br />

para ver, filtrarem luz, etc., isto é invariável. Ou seja, tu<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> é variável na forma, no conteú<strong>do</strong>,<br />

e invariável na estrutura.<br />

E as palavras, são variáveis ou invariáveis? Ouça as respostas das crianças. Costumam surgir<br />

opiniões variadas. Aproveite o que disserem e depois peça que façam a atividade Circo Viravira<br />

no Livro <strong>do</strong> Aluno.<br />

Circo Vira-vira<br />

O objetivo da atividade é que os alunos percebam que há palavras variáveis em número,<br />

gênero e tempo, e palavras invariáveis.<br />

É uma atividade para ser realizada em pequenos grupos, sempre em sala de aula.<br />

Primeira reescrita:<br />

O objetivo é que as crianças façam uma transformação em relação ao gênero das palavras.<br />

Deixe que realizem a tarefa com o conhecimento de falantes da língua. Em caso de divergência,<br />

peça que decidam pela forma que for mais provável pelo senti<strong>do</strong> da frase. No momento da correção<br />

aproveite para ouvir as diversas opiniões e compreender como estão pensan<strong>do</strong>.<br />

Pode ser que surjam discussões em relação à palavra cachorro. Aceite tanto cachorra quanto<br />

cadela.<br />

Segunda reescrita:<br />

O objetivo é que façam uma transformação em relação ao número. Proceda da mesma forma<br />

que na primeira reescrita.<br />

Não se esqueça de que o significa<strong>do</strong> é que determina se a palavra vai ou não para o plural,<br />

haven<strong>do</strong> situações com mais de uma possibilidade de resposta. Nesse trecho, acreditamos que<br />

possa surgir discussão em momentos como "uns homens com uma(s) barba(s) enorme(s)… "Leveos<br />

a refletir sobre os senti<strong>do</strong>s e aceite mais de uma interpretação, se houver coerência.<br />

Terceira reescrita:<br />

Pedimos uma transformação em relação ao tempo para que percebam outra possibilidade<br />

de flexão. Neste momento não é interessante introduzir o termo flexão, pois pretendemos que estejam<br />

concentra<strong>do</strong>s em compreender o conceito.<br />

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Questão 1:<br />

A resposta de que tiveram que alterar as palavras é um tanto óbvia, mas queremos que<br />

afirmem para que possamos garantir que observaram.<br />

Questão 2:<br />

Não, em cada uma das vezes apenas algumas palavras variaram. É uma verificação importante,<br />

pois a partir dela é que encaminharemos a análise nas questões seguintes.<br />

Questão 3:<br />

Ao fazerem as diversas passagens, a maior parte das palavras variáveis terão sofri<strong>do</strong> algum<br />

tipo de transformação, e assim podemos destacar concretamente a existência das palavras variáveis<br />

e invariáveis.<br />

Questão 4:<br />

Esperamos que digam que variaram de sexo, ou <strong>do</strong> masculino para o feminino. Depois que<br />

responderem, diga-lhes como a Gramática chama esse tipo de variação: gênero. É muito importante<br />

que nesse momento o professor esclareça para os alunos que gênero não é a mesma coisa<br />

que sexo. Mesa é uma palavra <strong>do</strong> gênero feminino, mas não <strong>do</strong> sexo feminino. Essa confusão é<br />

freqüente entre as crianças. Para poder ampliar essa discussão, escreva outras palavras na lousa.<br />

Escolha palavras que não têm gênero, e palavras variáveis e invariáveis em gênero, como por<br />

exemplo que, quan<strong>do</strong>, médico, vende<strong>do</strong>r, caderno, parede, rua, compramos, etc. Em seguida,<br />

verifique com eles <strong>do</strong>is aspectos: Todas essas palavras têm gênero? Se tiverem, são masculinas<br />

ou femininas? Como as palavras da lousa não serão todas substantivos, eles chegarão à conclusão<br />

de que há palavras que não têm gênero, e outras palavras que têm gênero. Peça que verifiquem<br />

se todas que têm gênero variam de gênero. Ao tentarem, verificarão que há palavras que têm<br />

gênero, mas não variam de gênero. Discuta com eles a diferença entre gênero e sexo. Peça que<br />

observem a diferença entre as que variam e as que não variam. Poderão descobrir que o sexo é<br />

<strong>do</strong> ser e o gênero é da palavra.<br />

Em seguida, registre no Caderno de Descobertas todas as conclusões tiradas.<br />

Como lição de casa, é interessante pedir que sublinhem em algum trecho, previamente escolhi<strong>do</strong><br />

por você, as palavras que têm gênero de uma cor, e as que não têm, de outra. Depois, que<br />

escolham uma terceira cor para sublinharem, das que têm gênero, as que variam em gênero. Preste<br />

atenção à ordem dada por você, pois nem todas as palavras que têm gênero variam em gênero,<br />

por isso é importante que desde já os alunos trabalhem fazen<strong>do</strong> essa distinção.<br />

Questão 5:<br />

Nosso objetivo é que observem que o texto mu<strong>do</strong>u de singular para plural, ou seja, mu<strong>do</strong>u<br />

o número. Peça que observem se todas as palavras mudaram ou não. Verificarão que nem todas<br />

mudaram, e poderão concluir que há palavras que variam em número e outras que não variam.<br />

Registre no Caderno de Descobertas.<br />

Questão 6:<br />

Na última reescrita, alteramos o tempo: de presente passamos a passa<strong>do</strong>. É importante que<br />

possam verificar que também dessa forma as palavras variam, pois é a partir da idéia de tempo<br />

que trabalharemos o conceito de verbos mais adiante. Ao fazerem esse exercício, peça-lhes que<br />

verifiquem se há muitas palavras que variam no tempo, se descobrem outras coisas em comum<br />

entre elas. Anote tu<strong>do</strong> o que forem descobrin<strong>do</strong> e registre no Caderno de Descobertas.<br />

Se perguntarem o que há em comum entre elas, pode ser que respondam que não têm<br />

gênero, mas que têm número. Se isso surgir, fantástico! Peça daí que observem que quan<strong>do</strong> variam<br />

em gênero, não variam em tempo; quan<strong>do</strong> variam em tempo, não variam em gênero.<br />

Questão 7:<br />

Neste desafio, pretendemos verificar se descobrem a transformação de grau. Nesse momento,<br />

mais <strong>do</strong> que a descoberta da solução <strong>do</strong> desafio, vá desenvolven<strong>do</strong> neles o espírito de investigação.<br />

A cada sugestão de solução das crianças, peça que verifiquem se ela é verdadeira ou<br />

não. Caso ninguém descubra, diga-lhes que mais para a frente descobrirão. Deixe a questão no ar<br />

e passe para a atividade seguinte, intitulada Casal Simpatia, para descobrirem mais coisas.<br />

Questão 8:<br />

Nosso objetivo é destacar essas palavras para poder levá-los a refletir sobre suas propriedades.<br />

Questão 9:<br />

Ao pedirmos para copiá-las, queremos organizá-las para que possam fazer a questão 10, que<br />

é nosso verdadeiro objetivo.<br />

51


Questão 10:<br />

De todas as palavras que sobraram sem nenhuma transformação nesse trecho, algumas<br />

são verdadeiramente invariáveis, outras não variaram apenas nesse trecho, por uma<br />

questão de significa<strong>do</strong>. Ao pedirmos que façam essa verificação, gostaríamos que o professor<br />

os ajudasse a concluir que, quan<strong>do</strong> alteramos o tempo, o número ou o gênero de algum<br />

trecho, são alteradas apenas as palavras que o senti<strong>do</strong> pede, o que não significa que as outras<br />

não sejam variáveis. Exemplo: bicicleta, que é variável em número, mas que no trecho<br />

não se alterou.<br />

Questão 11:<br />

Sobraram, então, as invariáveis. O que todas têm em comum? Eles podem responder de várias<br />

maneiras: "são pequenas", "não querem dizer nada que existe no mun<strong>do</strong>", "fazem falta quan<strong>do</strong> são<br />

retiradas", e talvez até digam que "ligam a palavra que vem antes e a que vem depois".<br />

Atividades de sistematização<br />

Dentro da lei<br />

Nosso objetivo nesse jogo é sistematizar a diferença entre ter gênero e variar em gênero, já<br />

discutida na atividade Circo Vira-vira.<br />

Para que as crianças descubram a regra, é necessário que consigam analisar quais são as<br />

propriedades comuns a todas as palavras de cada um <strong>do</strong>s conjuntos.<br />

Não escrevemos a dica no Livro <strong>do</strong> Aluno para evitar que alguém descubra a solução antes<br />

e fique em vantagem em relação aos demais.<br />

A dica é: Para escolher as palavras nós pensamos em gênero.<br />

Casal Simpatia<br />

O objetivo dessa atividade é que descubram mais uma forma de flexão: o grau. É um texto<br />

descritivo e começamos o trabalho por levá-los a imaginar como seriam os personagens da história.<br />

Desenhá-los faz com que tenham a necessidade de observar os detalhes de cada um. Uma vez<br />

com a imagem construída, vamos mexer com ela...<br />

Nesse momento seguinte, ao pedirmos que completem as lacunas com as palavras que deram<br />

origem às palavras destacadas no texto, pedimos indiretamente que coloquem no grau normal<br />

para que possam descobrir mais essa possibilidade de flexão de algumas palavras.<br />

Questão 1:<br />

Aqui eles podem traduzir sua descoberta de várias formas. O mais provável é que digam que<br />

alterou o tamanho. Não é essa exatamente a idéia de grau, mas por enquanto aceite, pois ela será<br />

ampliada nas questões seguintes.<br />

Questão 2:<br />

Ao fazer essa alteração <strong>do</strong> texto, a imagem <strong>do</strong> casal se transforma, e a sensação traduzida<br />

também. O aumentativo traduz um certo humor que se perde quan<strong>do</strong> se passa para o grau normal,<br />

e o diminutivo traduz um carinho que também se perde no grau normal. Se necessário, leia<br />

os <strong>do</strong>is textos em voz alta e peça que observem as sensações produzidas.<br />

Questão 3:<br />

Discuta com atenção essa questão, pois o grau pode traduzir uma mudança no tamanho <strong>do</strong><br />

ser, mas nem sempre é o que acontece. Acima de tu<strong>do</strong>, o grau traduz emoções: afeto, ironia, humor...<br />

Questão 4:<br />

Nosso objetivo é que ampliem a verificação anterior. Ao dizer "amorzinho", não há mudança<br />

de tamanho, há a expressão de afeto. A partir dessa constatação, pode-se fazer o Jogo das emoções,<br />

que será descrito mais adiante.<br />

Questão 5:<br />

Ouça as sugestões. Freqüentemente surgem nomes interessantíssimos, e que têm toda a relação<br />

lógica com o conteú<strong>do</strong>. Em seguida, caso ninguém sugira, informe-lhes que a Gramática<br />

chama essa flexão de grau. Faça-os pensar em grau de óculos, em grau de escolaridade (1º, 2º, 3º<br />

graus), em grau de termômetro e peça que expliquem por que é justamente esse o nome dessa<br />

forma de variação das palavras.<br />

Questão 6:<br />

Neste momento, queremos que verifiquem se as palavras que variam em grau também<br />

variam em número, gênero e tempo. Poderão descobrir que elas variam em grau e número; têm<br />

gênero, algumas variam em gênero, outras, não; mas não têm nem variam em tempo. Essas<br />

observações são importantes para preparar o trabalho com as classes gramaticais.<br />

52


Questão 7:<br />

Nosso objetivo é que utilizem as descobertas feitas e apliquem à outra situação. Aproveite<br />

para analisar os erros e perceber quais aspectos <strong>do</strong> conceito ainda estão confusos, para retomá-los.<br />

Questão 8:<br />

Idem à questão 7.<br />

Jogo das emoções<br />

Para trabalhar com os alunos o significa<strong>do</strong> da flexão de grau, sugerimos a seguinte estratégia:<br />

O professor escreve em pedaços de papel algumas emoções tais como carinho, ironia, humor,<br />

e sorteia uma palavra para cada grupo. Em seguida, diz um substantivo para cada grupo<br />

(pode ser a mesma palavra para to<strong>do</strong>s os grupos). Exemplo: moça, casa, cachorro, livro, etc.<br />

Cada equipe, de posse de seu substantivo e da emoção que deve traduzir, tem que criar e<br />

escrever um pequeno texto onde aquela palavra apareça no aumentativo ou diminutivo traduzin<strong>do</strong><br />

aquela emoção. Por exemplo, um grupo escreve um texto em que a palavra casinha aparece<br />

como ironia; outro grupo, como expressão de carinho, etc.<br />

Concluí<strong>do</strong>s os textos, cada grupo lê ou dramatiza seu texto para os outros, e to<strong>do</strong>s devem<br />

descobrir qual era o sentimento que deveria ter si<strong>do</strong> traduzi<strong>do</strong>.<br />

Essa atividade é extremamente rica para se trabalhar a pontuação expressiva. Ao escrever,<br />

essas emoções estarão traduzidas basicamente pelos aumentativos e diminutivos em um contexto,<br />

e marcadas pelas pontuações. Dessa forma, integramos texto e gramática numa dimensão<br />

única.<br />

Peneiran<strong>do</strong>... palavras!?<br />

Nessa atividade pretendemos que utilizem o conhecimento adquiri<strong>do</strong> para sistematizá-lo.<br />

Como as crianças, a essa altura, não estão ainda trabalhan<strong>do</strong> com variação de tempo, sugerimos<br />

que o professor peça-lhes que digam se essa história está contada no passa<strong>do</strong>, no presente<br />

ou no futuro. Acreditamos que não terão problema em reconhecer que está no passa<strong>do</strong>.<br />

Peça que contem a história no presente ou no futuro, e que marquem as palavras que mudaram<br />

quan<strong>do</strong> alteraram o tempo. Estarão automaticamente retiran<strong>do</strong> os verbos, mesmo que não saibam<br />

dizê-lo.<br />

Caso surja a palavra sempre na peneira <strong>do</strong> tempo, leve-os a perceber que ela traz uma idéia<br />

de tempo, mas não varia no tempo, não traduz uma idéia de passa<strong>do</strong>, presente ou futuro.<br />

Após a primeira peneira, sem os verbos, o senti<strong>do</strong> começa a ser comprometi<strong>do</strong>. A partir dela<br />

as palavras devem ser analisadas por si mesmas, sem se levar em conta o contexto. No restante,<br />

como sempre, aproveite os erros das crianças para verificar como estão pensan<strong>do</strong>. Lembre-se<br />

sempre de perguntar como chegaram àquela conclusão, pois ao darem a explicação, o raciocínio<br />

utiliza<strong>do</strong> por eles se desnuda.<br />

Ao passarem pela peneira <strong>do</strong> gênero, é possível que queiram segurar palavras como colo<br />

ou cargo, alegan<strong>do</strong> que existe cola e carga. Caso isso aconteça, faça-os perceber, através de perguntas,<br />

que as palavras existem, mas não são o masculino e o feminino uma da outra.<br />

Observamos que um erro de grafia freqüente entre as crianças é a omissão da última letra,<br />

especialmente o S de plural, o R de final de verbos e o M ou U de final de verbos. Ora, são justamente<br />

letras que marcam as flexões, e por essa razão incluímos esse aspecto ortográfico interrelaciona<strong>do</strong><br />

nesse assunto.<br />

Recomendamos que façam a atividade A vara de São Marmelo, 1ª, 2ª e 3ª partes, que se<br />

encontra no Livro <strong>do</strong> Aluno.<br />

A vara de São Marmelo – 1ª parte<br />

O objetivo dessa atividade é que observem que a ausência das letras finais de uma palavra<br />

produz modificações de vários níveis: parece a fala de uma pessoa de pouca cultura, muda a sílaba<br />

tônica de várias palavras (levanta – paroxítona; levantar – oxítona); deixa de haver concordância<br />

(as vaca).<br />

Gostaríamos de fazer uma ressalva: não acentuamos as palavras <strong>do</strong> texto ao retirar os R<br />

finais para manter a regra de tonicidade, porque nosso objetivo não é a reprodução da fala <strong>do</strong>s<br />

personagens, mas a reprodução da escrita das crianças (e as crianças escrevem assim: omitin<strong>do</strong><br />

a última letra e sem acento).<br />

Questão 1:<br />

As letras são o R e o S.<br />

53


Questão 2:<br />

Escrever as duas formas das palavras leva-os a tomar consciência da presença da letra que<br />

costumam omitir.<br />

Questão 3:<br />

Deixar de escrevê-las muda o som, reproduz uma linguagem mais popular, da oralidade. Ao<br />

tratar desses aspectos é importante que não se trabalhe com critério de linguagem certa ou errada,<br />

mas de formas diferentes apenas. Discutir com eles o quanto a escrita não é uma forma de reprodução<br />

da fala e, portanto, mesmo que se fale de uma determinada forma, a maneira de representá-la<br />

por escrito é outra.<br />

Questão 4:<br />

Ao deixar de escrever o S no final das palavras <strong>do</strong> texto deixa-se de marcar o plural e, além<br />

disso, de se fazer a concordância nominal. Observe que alterações seus alunos vêem. Se não virem<br />

nenhuma alteração é porque, para eles, parece que foi só deixar de escrever uma letra, e não deixar<br />

de dar uma informação.<br />

Questão 5:<br />

Deixan<strong>do</strong> de colocar o R no final das palavras <strong>do</strong> texto deixa-se de informar que o verbo está<br />

no infinitivo. Como eles ainda não estudaram verbos, provavelmente não conseguirão perceber<br />

essa diferença, mas podem perceber que se escreverem levantar, a palavra é oxítona, se escreverem<br />

levanta ela é paroxítona, além de outros aspectos que não estão previstos aqui.<br />

A vara de São Marmelo – 2ª parte<br />

Questão 1:<br />

Dessa vez deixamos de escrever a letra U, outra freqüentemente omitida pelas crianças.<br />

Questão 2:<br />

São várias as alterações possíveis de serem observadas, mas acreditamos que as crianças<br />

não consigam percebê-las todas:<br />

a) passa-se a reproduzir a linguagem oral na escrita;<br />

b) sem o U a palavra que deveria ser oxítona (acor<strong>do</strong>u) passa a ser paroxítona (acor<strong>do</strong>);<br />

c) sem o U muda-se de "ele acor<strong>do</strong>u" para "eu acor<strong>do</strong>" (há uma alteração na pessoa que fala);<br />

d) sem o U altera-se o tempo. Com U é passa<strong>do</strong>, sem U é presente. Exemplo: "Ensino/ensinou<br />

línguas de forma atrasada" e outras observações que as crianças fizerem. Nosso objetivo é,<br />

acima de tu<strong>do</strong>, que estejam atentas ao fato de que esquecer de escrever uma letra não é simplesmente<br />

deixar de escrever uma letra, mas deixar de dar uma informação para o leitor.<br />

Depois de concluída a atividade, o professor conversa com as crianças e pede-lhes que tentem<br />

imaginar como vai terminar a história. Ouve as opiniões deles (é um exercício de raciocínio,<br />

de antecipação). Em seguida pede que imaginem como termina a história e, depois, que leiam a<br />

3ª parte no Livro <strong>do</strong> Aluno para conferir se acertaram.<br />

A vara de São Marmelo – 3ª parte<br />

Ao trazermos a irmã da Filomena para a história, passamos a trabalhar com os verbos no plural<br />

exatamente na terceira pessoa. Isso nos abre a possibilidade de discutir mais uma vez que no<br />

plural costuma-se escrever AM quan<strong>do</strong> é passa<strong>do</strong> ou presente, e não ÃO como costumam fazer.<br />

Labirinto<br />

Para conseguir encaixar as palavras nos seus lugares, é necessário poder agrupá-las pelo<br />

critério de ser ou não variável, e da forma como varia (em gênero? em número? em grau? em tempo?).<br />

Na prática terão que aplicar to<strong>do</strong> o conhecimento adquiri<strong>do</strong> até então. Pode ser realiza<strong>do</strong> em<br />

grupo, individualmente ou como lição de casa.<br />

Para poder completar o labirinto, terão, na primeira etapa, que selecionar as palavras que<br />

variam em gênero, número e grau.<br />

Na segunda etapa, sobram vinte palavras para serem selecionadas em <strong>do</strong>is grupos. Um será<br />

das palavras invariáveis e outro, das que variam apenas em número e grau. É importante que seja<br />

esse o critério utiliza<strong>do</strong>, pois ele foi determina<strong>do</strong> pelas instruções, não haven<strong>do</strong> possibilidade<br />

de outro.<br />

Na terceira questão, pedimos que tragam à consciência a lei que utilizaram para organizar<br />

as palavras. É importante o professor ter claro que as crianças podem argumentar sobre sua organização<br />

pela afirmação (por exemplo: palavras invariáveis), ou pela negação (por exemplo:<br />

palavras que não têm gênero). Poder des<strong>do</strong>brar com eles todas as possibilidades de classificação<br />

é um excelente exercício de pensamento.<br />

O conceito de palavras variáveis e invariáveis e o tipo de variação serão retoma<strong>do</strong>s a cada<br />

classe gramatical que eles forem estudan<strong>do</strong>, pois será um <strong>do</strong>s aspectos para delimitá-las.<br />

54


MÓDULO VIII — Substantivo e adjetivo<br />

Introdução<br />

Ao longo da terceira série, trabalharemos com o conceito das diferentes classes gramaticais,<br />

sempre investigan<strong>do</strong>-as nos mesmos aspectos para que se mantenham os critérios de classificação.<br />

Serão eles:<br />

1 – É um conjunto de palavras variáveis ou invariáveis?<br />

2 – Se forem variáveis, variam em quê: gênero, número, grau, tempo, pessoa? (A variação<br />

de pessoa será introduzida no módulo <strong>do</strong>s pronomes.)<br />

3 – É formada por um conjunto finito ou infinito de palavras?<br />

4 – Que tipo de informação as palavras dessa classe trazem?<br />

5 – Qual é a função textual que exercem?<br />

Dessa forma, utilizan<strong>do</strong> os mesmos princípios, procuraremos verificar as propriedades de<br />

cada classe e construir os conceitos de substantivo, adjetivo, artigo, pronome, numeral, verbo, interjeição<br />

e preposição. Algumas dessas classes serão organizadas por suas subclasses. A classe<br />

<strong>do</strong>s substantivos, por exemplo, será organizada em substantivos próprios, comuns, coletivos, etc.<br />

Mas as flexões, quaisquer delas, só serão trabalhadas no volume 4. As funções textuais são investigadas<br />

no Livro de Leitura e Interpretação de Textos, volume 3, desta coleção.<br />

Os advérbios e conjunções não serão objeto de análise nesse momento por apresentarem<br />

uma complexidade conceitual e de abordagem que seria excessiva para a faixa etária.<br />

Iniciaremos nosso percurso pelos substantivos e adjetivos.<br />

Como introduzir o conceito de substantivo<br />

Peça aos alunos que, em uma folha de papel, desenhem mesa.<br />

Cada aluno desenhará a mesa que lhe vier à cabeça. Peça, então, que desenhem outra, diferente<br />

da primeira e depois, mais uma, diferente das duas anteriores. Concluí<strong>do</strong>s os desenhos, convide-os<br />

a pendurá-los pelas paredes da classe e to<strong>do</strong>s analisam as diferentes mesas. Desafie-os a<br />

desenharem alguma outra mesa, diferente de todas as que surgiram na classe. Quanto maior a<br />

variedade de mesas representadas, melhor.<br />

Terminada a etapa <strong>do</strong>s desenhos, peça que olhem bem a variedade de mesas possíveis que<br />

cabia dentro da palavra mesa. Ajude-os a observar as diferentes características das mesas: podem<br />

ser escuras, velhas, bonitas, pesadas, leves, grandes, pequenas, etc. O que eles diriam que é, então,<br />

uma mesa?<br />

Com certeza todas as crianças sabem de sobra o que é mesa, mas nem por isso defini-la é<br />

fácil. Conforme eles forem tentan<strong>do</strong> defini-la, vá problematizan<strong>do</strong> de forma que descubram o que<br />

é essencial dentro da idéia de mesa. Por exemplo, se disserem: "Mesa é uma tábua com quatro<br />

pés", pergunte-lhes: "Se for de vidro ou ferro, então não é mesa? E se tiver um, <strong>do</strong>is, três, cinco<br />

ou sei lá quantos pés, então não é mesa? Se disserem que é "uma superfície com um ou mais pés",<br />

você pode perguntar o que diferencia uma mesa de um banco?" e assim por diante.<br />

Com certeza eles ficarão confusos e você poderá ajudá-los dizen<strong>do</strong> algo assim: Vejam, quan<strong>do</strong><br />

digo mesa, é fácil para to<strong>do</strong>s nós pensarmos mesa, desenharmos mesa, mas não é fácil, apesar<br />

de sabermos o que é mesa, explicar o que é uma mesa. Isso é assim, porque existe uma idéia<br />

de mesa dentro da gente, que é uma idéia pura, a essência, a substância. É por isso que a gente<br />

só consegue desenhar mesa com suas características. A idéia de mesa não pode ser desenhada,<br />

nem falada sem os seus atributos. É por isso que, para as pessoas poderem falar essas idéias das<br />

coisas umas para as outras, elas tiveram que dar um nome para cada idéia. Existem, assim, palavras<br />

que nos informam o nome dessa idéia <strong>do</strong> que é algo (substantivo) e palavras que informam de<br />

que jeito esse algo é (adjetivo). Até então não falamos a palavra substantivo ou adjetivo.<br />

Vale a pena, em seguida, começar a colecionar alguns substantivos. Vá perguntan<strong>do</strong>-lhes<br />

qual o nome que se dá àquele animal que late, ao sentimento que experimentamos quan<strong>do</strong> alguém<br />

nos dá um tapa na cara, ao que comemos ao meio-dia, etc. Vá fazen<strong>do</strong> uma lista de palavras<br />

retiradas dessa atividade oral e depois peça que, em grupos, busquem em textos quais as palavras<br />

que informam o nome de idéias das coisas.<br />

Não imagine que as crianças realizarão essa atividade com tranqüilidade. Vários problemas<br />

deverão surgir. Vamos relatar uma situação que, a nosso ver, traduz a complexidade <strong>do</strong> conceito<br />

55


que temos em mãos. Uma professora contou-nos, certa vez, que trabalhava com classes gramaticais<br />

e, em um determina<strong>do</strong> momento, um <strong>do</strong>s alunos disse que ontem era substantivo. Essa professora<br />

perguntou-lhe por que achava que ontem era substantivo e ele respondeu: Você não disse<br />

que substantivo é a palavra que dá nome às coisas, pessoas, sentimentos? Qual é o nome que<br />

você dá ao dia que aconteceu antes <strong>do</strong> dia de hoje? Ontem. Então ontem é substantivo! As crianças<br />

costumam fazer esse tipo de confusão e é por essa razão que ainda não dissemos o nome<br />

substantivo.<br />

Quan<strong>do</strong> uma criança faz uma colocação dessas, a melhor postura a ser a<strong>do</strong>tada é a da ampliação<br />

<strong>do</strong> conceito. O que ela está nos dizen<strong>do</strong> ao "errar" é que o conceito que está sen<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong><br />

não é suficiente para resolver esse impasse. Nesse momento, sugerimos que se faça o<br />

que está proposto para todas as crianças no parágrafo seguinte:<br />

Quan<strong>do</strong> os alunos estiverem com um número razoável de palavras, organize-os em grupos<br />

e peça que reúnam as palavras que colecionaram e analisem tu<strong>do</strong> o que elas têm em comum.<br />

Primeiramente, deixe que percebam espontaneamente as características das palavras e, depois,<br />

vá fazen<strong>do</strong> perguntas que dirijam o olhar das crianças para atributos relevantes. Pergunte-lhes,<br />

por exemplo:<br />

— Essas palavras são variáveis ou invariáveis? (Verificarão que são variáveis.)<br />

— Variam em quê? Podem variar em gênero? (Deixar que verifiquem.)<br />

— Podem variar em número?<br />

— Podem variar em grau?<br />

— Podem variar em tempo?<br />

É muito importante que você os ajude a verificar cada possibilidade, por isso vá perguntan<strong>do</strong>,<br />

uma a uma, as formas de flexão possíveis.<br />

Depois, verifique se o conjunto é finito ou infinito. A variedade de substantivos deve remetêlos<br />

à idéia de que este é um conjunto infinito de palavras. Mais importante <strong>do</strong> que acertar a resposta<br />

ou ter certeza de que sua resposta é certa, é que os alunos comecem a refletir sobre essa<br />

possibilidade, que busquem razões para uma ou outra resposta. Caso não cheguem sozinhos à<br />

idéia de infinito, pergunte-lhes se antes de inventarem o foguete já existia a palavra foguete, se<br />

antes de inventarem o computa<strong>do</strong>r já existia a palavra computa<strong>do</strong>r, e se eles inventarem uma<br />

coisa nova, como ela se chamaria? Ou seja, sempre se pode inventar algo novo e por isso, sempre<br />

pode surgir mais um substantivo...<br />

Quan<strong>do</strong> trabalharam com palavras variáveis e invariáveis, observaram o que é gênero de<br />

uma palavra. Entretanto, mesmo assim, costumam fazer algumas confusões. Por isso, por último,<br />

pergunte-lhes como fazem para saber se dente, por exemplo, é masculino ou feminino. A resposta<br />

que costumam dar de forma intuitiva é: "Você diz O dente e não A dente. Peça que verifiquem<br />

se todas as palavras da amostra que conseguiram juntar são masculinas ou femininas.<br />

Nesse momento pode surgir uma confusão, pois as crianças, com freqüência, confundem gênero<br />

com sexo, e quan<strong>do</strong> você pergunta se mesa é masculino ou feminino, acham que ela é unissex!<br />

Por isso, é importante que você ressalte que o gênero é da palavra e não <strong>do</strong> ser. Ache o gênero<br />

de algumas palavras com eles, e peça que verifiquem se to<strong>do</strong>s os substantivos têm gênero. Espere<br />

que verifiquem e concluirão que sim. Creio que agora temos condições de começar a lidar com o<br />

conceito. Diga-lhes, então, que as palavras que têm essas propriedades que eles verificaram são<br />

chamadas de substantivos. Redija com eles a definição, e vá escreven<strong>do</strong> na lousa conforme forem<br />

ditan<strong>do</strong>. Acreditamos que ficará algo mais ou menos assim:<br />

Substantivo é uma palavra que:<br />

a) tem gênero, varia em número e grau;<br />

b) pertence a um conjunto infinito de palavras;<br />

c) informa para as pessoas o nome das idéias das coisas.<br />

Em um primeiro momento é importante que apliquem esse conceito descobrin<strong>do</strong> substantivos<br />

em trechos de textos. Apresentamos a seguir algumas sugestões para essa sistematização.<br />

Quem acha primeiro?<br />

Organize a classe em pequenos grupos e escolha um <strong>do</strong>s parágrafos de um <strong>do</strong>s textos <strong>do</strong><br />

livro Construin<strong>do</strong> a escrita – Leitura e Interpretação de Textos, volume 3. Diga-lhes que nesse<br />

parágrafo há tantos (um número x) substantivos. Ganha um ponto o grupo que encontrar to<strong>do</strong>s<br />

os substantivos daquele parágrafo, em primeiro lugar. Repita a proposta em vários parágrafos<br />

diferentes, para que se torne de fato um jogo.<br />

Você pode ir varian<strong>do</strong> a ordem e o desafio ao dizer: Descubram to<strong>do</strong>s os substantivos de tal<br />

parágrafo.<br />

56


Nessa atividade, quan<strong>do</strong> as crianças errarem, é importante que o professor descubra como<br />

pensaram: por que colocaram palavras de outra classe? ou por que deixaram de encontrar algum<br />

substantivo? É nessas situações que o professor pode ir, gradativamente, fazen<strong>do</strong> interferências<br />

que ajudem as crianças a perceberem o que de seu pensamento está geran<strong>do</strong> a confusão.<br />

Relacionan<strong>do</strong> substantivos e adjetivos<br />

Depois que as crianças tiverem trabalha<strong>do</strong> um pouco com o reconhecimento de substantivos,<br />

vale a pena organizá-las em grupos ou duplas para propor-lhes o jogo Quem dá mais?<br />

Quem dá mais?<br />

O objetivo <strong>do</strong> jogo é que percebam a riqueza de atributos que um substantivo pode ter. Para<br />

tal, sugerimos que:<br />

1 – Peça-lhes que descubram e anotem no caderno o maior número possível de características<br />

que alguma coisa pode ter, to<strong>do</strong>s os jeitos possíveis de uma criança ser, por exemplo.<br />

2 – Cada característica vale um ponto e ganha o grupo que obtiver o maior número de pontos.<br />

3 – Caso queira sofisticar, dê <strong>do</strong>is pontos para características inéditas, que nenhum outro<br />

grupo colocou, e um ponto para as outras características.<br />

Corrija o jogo na lousa e vá marcan<strong>do</strong> os pontos.<br />

4 – Se achar necessário, repita o jogo com outras palavras, como sonho, amor e outras à sua<br />

escolha ou <strong>do</strong> grupo.<br />

Depois, escreva na lousa uma coleção de adjetivos encontra<strong>do</strong>s por eles. Peça que verifiquem<br />

tu<strong>do</strong> o que aquelas palavras têm em comum. Se todas as propriedades surgirem espontaneamente,<br />

melhor. Caso não surjam, vá fazen<strong>do</strong> perguntas como foi feito com os substantivos, e eles<br />

vão analisan<strong>do</strong> as palavras e dan<strong>do</strong> as respostas.<br />

Conte-lhes que a Gramática chamou as palavras com essas propriedades de adjetivos.<br />

Convide-os a redigir com você o que são, então, adjetivos. Depois to<strong>do</strong>s copiam o conceito no<br />

Caderno de Descobertas. Acreditamos que ficará algo mais ou menos assim:<br />

Adjetivo é uma palavra que:<br />

a) varia em gênero, número e grau;<br />

b) pertence a um conjunto infinito de palavras;<br />

c) informa de que jeito a idéia <strong>do</strong> substantivo é; ou informa de que jeito as coisas são. Ele<br />

aparece sempre se referin<strong>do</strong> a um substantivo.<br />

Quan<strong>do</strong> se trabalha de forma mais aberta, a locução adjetiva aparece inevitavelmente. Ao<br />

pedirmos todas as formas de ser de uma criança, casa ou mesa, aparecerão características como<br />

quadrada ou de madeira. Ao surgirem as locuções, faça-os observar que essa função de "dar forma<br />

à idéia", de dizer como as coisas são, pode ser cumprida por uma ou mais de uma palavra. No<br />

caso de ser cumprida por mais de uma palavra, essa expressão chama-se locução adjetiva.<br />

Complete a definição de adjetivo, acrescentan<strong>do</strong>:<br />

A função de dar forma ao substantivo, de dizer como o ser é, pode ser realizada por uma expressão<br />

formada por mais de uma palavra. Essa expressão chama-se locução adjetiva.<br />

Importante:<br />

Não se esqueça de que to<strong>do</strong>s esses conceitos devem ser registra<strong>do</strong>s com as palavras das<br />

crianças e não exatamente da forma como temos escrito aqui neste <strong>Manual</strong>.<br />

Para a sistematização <strong>do</strong> conceito de locução adjetiva sugerimos a atividade apresentada no<br />

Livro <strong>do</strong> Aluno Complete com esperteza, espertamente...<br />

Complete com esperteza, espertamente...<br />

O objetivo <strong>do</strong> jogo é que as crianças descubram o maior número possível de atributos para<br />

um mesmo substantivo. Ao fazer como jogo, através da contagem de pontos, levamos as crianças<br />

a buscar adjetivos mais interessantes, menos comuns <strong>do</strong> que bonito, grande, etc.<br />

Pretendemos, também, sistematizar os conceitos de adjetivo e locução adjetiva introduzi<strong>do</strong>s<br />

nas aulas anteriores.<br />

Como jogar:<br />

Reúna a classe em pequenos grupos e explique todas as regras antes <strong>do</strong> início <strong>do</strong> jogo.<br />

1 – Os alunos devem preencher a segunda coluna com adjetivos e a terceira coluna com<br />

locuções adjetivas que caracterizem os substantivos da primeira coluna.<br />

2 – O tempo de duração <strong>do</strong> preenchimento da tabela deve ser previamente avisa<strong>do</strong>: 10, 15<br />

ou 20 minutos para preencher a tabela. Ao sinal <strong>do</strong> professor devem parar de escrever.<br />

57


3 – Para iniciar a correção, um aluno de cada equipe vai para a equipe seguinte, para funcionar<br />

como fiscal. (Evita-se, dessa forma, muito atrito entre eles.)<br />

4 – A contagem de pontos é a <strong>do</strong> Stop:<br />

— só uma equipe colocou a palavra: ganha 2 pontos;<br />

— mais de uma equipe escreveu a mesma palavra, 1 ponto;<br />

— tem erro de qualquer natureza (inclusive ortográfico): 0 ponto;<br />

— só uma das equipes preencheu, as outras deixaram em branco: 3 pontos.<br />

Depois que completarem a tabela e for feita a correção na lousa, peça-lhes que respondam<br />

as perguntas para que possam retomar os conceitos utiliza<strong>do</strong>s.<br />

Questão 1:<br />

Adjetivos e locuções adjetivas têm a mesma função: caracterizar os substantivos e, portanto,<br />

são semelhantes. No entanto, adjetivos são forma<strong>do</strong>s por uma única palavra, enquanto locuções<br />

adjetivas são formadas por mais de uma palavra. Quais são as classes das palavras que a constituem<br />

é uma questão que neste momento não será abordada.<br />

Questão 2:<br />

Todas as palavras da primeira coluna são substantivos. Esperamos que digam três de seus<br />

atributos:<br />

1 – têm gênero;<br />

2 – variam em número;<br />

3 – em grau;<br />

4 – formam um conjunto infinito;<br />

5 – nomeiam a idéia <strong>do</strong>s seres.<br />

Eles podem ainda partir essa última idéia, dizen<strong>do</strong>:<br />

6 – dão nome às pessoas;<br />

7 – dão nome às coisas;<br />

8 – dão nome aos sentimentos;<br />

9 – dão nome aos animais; ou ainda<br />

10 – dão nome a tu<strong>do</strong> o que existe.<br />

Cada um desses aspectos é um atributo diferente <strong>do</strong>s substantivos.<br />

Questões 3 e 4:<br />

Insistimos mais uma vez na diferença entre ter gênero e variar em gênero. A essa altura <strong>do</strong><br />

trabalho, acreditamos que as crianças não encontrarão dificuldades em respondê-las.<br />

Questão 5:<br />

É importante que os alunos saibam que uma mesma palavra pode pertencer a mais de uma<br />

classe. Decidir se uma palavra é ou não adjetivo é algo que depende <strong>do</strong> contexto. As palavras não<br />

são, elas funcionam em um determina<strong>do</strong> contexto como determinada classe. Esse é o objetivo da<br />

questão. Caso queira ampliar essa idéia, o que seria bastante interessante, peça — de lição de casa<br />

— para cada aluno descobrir mais uma palavra que possa funcionar como substantivo e<br />

como adjetivo e que escreva duas frases, uma em que ela apareça como substantivo e outra, como<br />

adjetivo.<br />

Atribuir adjetivos e locuções adjetivas fora <strong>do</strong> contexto <strong>do</strong> texto é mais simples <strong>do</strong> que dentro<br />

dele, por isso começamos por uma situação isolada. Queríamos introduzir os conceitos e dar<br />

a nomenclatura. Nosso objetivo não é que as crianças saibam toda essa nomenclatura, mas<br />

acabarão por decorá-la de tanto encontrá-la e utilizá-la, como conseqüência e não como fim. Uma<br />

vez que tenham se apropria<strong>do</strong> <strong>do</strong> conceito de adjetivo e de locução adjetiva, é importante que<br />

trabalhem com o reconhecimento a fim de podermos limpar um pouco as arestas que sempre ficam<br />

no início. Para tanto, sugerimos que, da mesma forma que foi feito com os substantivos, os<br />

alunos encontrem, em parágrafos à sua escolha, substantivos e adjetivos. Sugerimos que se peça<br />

sempre que façam uma flecha ligan<strong>do</strong> substantivos e adjetivos. Para a sistematização, sugerimos<br />

a atividade Eu duvi<strong>do</strong>!, apresentada no Livro <strong>do</strong> Aluno.<br />

Eu duvi<strong>do</strong>!<br />

Nosso objetivo é que possam aplicar os conceitos de substantivo, adjetivo e locução adjetiva<br />

trabalha<strong>do</strong>s no texto da piada.<br />

Questão 1:<br />

Temos insisti<strong>do</strong> no procedimento de marcar primeiramente os substantivos para que sempre<br />

vejam o adjetivo em relação a ele.<br />

Pode ser que algum aluno sublinhe manhã, no trecho “café da manhã”, como substantivo,<br />

e outros que deixem de sublinhar para marcar como locução adjetiva, e outros que marquem du-<br />

58


plamente. Caso isso aconteça, considere as três possibilidades como corretas, e discuta com eles<br />

por que seriam possíveis.<br />

Questão 2:<br />

Insistimos na importância de que façam flechas ligan<strong>do</strong> substantivos e adjetivos para que a<br />

função fique sempre evidenciada. Esse procedimento também evita que façam confusões<br />

desnecessárias, como por exemplo entre adjetivos e advérbios, que por funcionarem como se fossem<br />

"adjetivos de verbos" costumam ser confundi<strong>do</strong>s.<br />

O trabalho com o reconhecimento de substantivos e adjetivos em parágrafos de textos, e não<br />

com frases soltas, é fundamental, a fim de evitar vários problemas posteriores. Um deles é que, nas<br />

frases soltas, costuma-se colocar sempre o substantivo e imediatamente após o adjetivo. As crianças<br />

acham, a partir dessa realidade, que o adjetivo tem que estar necessariamente nessa posição, o que<br />

não é verdadeiro. Outro problema é que algumas vezes há vários adjetivos para um mesmo substantivo,<br />

alguns deles distancia<strong>do</strong>s, e as crianças, então, não conseguem reco-nhecê-los.<br />

Peça-lhes que encontrem substantivos e adjetivos em outros parágrafos, à sua escolha.<br />

Procure variar de material: peça que procurem em reportagens, em textos de livros de literatura,<br />

em textos de outras áreas <strong>do</strong>s livros utiliza<strong>do</strong>s por eles, em out-<strong>do</strong>ors, etc. Analise depois, com<br />

eles, se há ou não adjetivos, que imagem <strong>do</strong> substantivo eles sugerem para o leitor, e qual a relação<br />

entre os adjetivos encontra<strong>do</strong>s e o tipo de texto que está sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> para a pesquisa. Dessa<br />

forma, encontrar substantivos e adjetivos passa a ser um meio de se refletir para conhecer melhor<br />

as propriedades <strong>do</strong>s diversos textos.<br />

Depois de trabalharem um pouco com o reconhecimento, o próximo passo é perceberem<br />

que a escolha de um adjetivo ultrapassa a mera colocação de uma palavra. Para isso sugerimos,<br />

a seguir, uma série de estratégias.<br />

Compreenden<strong>do</strong> a função textual <strong>do</strong>s adjetivos – Estratégias<br />

A escolha de um adjetivo implica dar forma a uma idéia geral, abstrata <strong>do</strong> substantivo, e nessa<br />

medida, lançar o leitor em um imaginário com os contornos que o autor deseja. Por não compreenderem<br />

a importância dessa escolha, as crianças colocam qualquer atributo, e, ao ler um texto,<br />

deixam de observar a riqueza e a propriedade das escolhas <strong>do</strong>s autores na colocação <strong>do</strong>s adjetivos.<br />

Queremos formar autores e leitores diferencia<strong>do</strong>s, que enxerguem dimensões da linguagem<br />

nem sempre vistas por to<strong>do</strong>s. Sugerimos, assim, que o professor faça a atividade<br />

Imaginan<strong>do</strong> ou Complete com esperteza, espertamente, com o objetivo de sensibilizá-los para a<br />

importância da escolha <strong>do</strong>s adjetivos.<br />

Imaginan<strong>do</strong><br />

Peça aos alunos que deitem a cabeça na carteira, com os olhos fecha<strong>do</strong>s. Escolha um <strong>do</strong>s<br />

substantivos que eles tenham utiliza<strong>do</strong> para fazer o jogo <strong>do</strong> Quem dá mais? para o qual, portanto,<br />

foram levanta<strong>do</strong>s muitos adjetivos. Vamos dar um exemplo com o substantivo noite. Escolha<br />

duas noites bem diferentes, como noite de tempestade e noite de festa, e inicie a sensibilização.<br />

To<strong>do</strong>s de olhos fecha<strong>do</strong>s, vá dirigin<strong>do</strong> a imaginação <strong>do</strong>s alunos.<br />

Imaginem-se em uma noite de tempestade. Onde vocês se vêem? Estão sozinhos ou acompanha<strong>do</strong>s?...<br />

Ouçam os ruí<strong>do</strong>s... quais os ruí<strong>do</strong>s que uma noite de tempestade sugere dentro de<br />

vocês?... e o cheiro? Sintam o cheiro dessa noite... e a temperatura. Imaginem-se nesse lugar, como<br />

em um filme. É uma noite clara ou escura? Sintam seu cheiro e sua temperatura, ouçam seus<br />

ruí<strong>do</strong>s, ouçam seu coração... Quais os sentimentos que uma noite de tempestade desperta em<br />

vocês?...<br />

Vá falan<strong>do</strong> com eles baixinho, mansamente, de forma que possam ir construin<strong>do</strong> a imagem<br />

dentro de si. Depois, convide-os a acordar e contar, uns para os outros, como imaginaram a noite.<br />

Repita to<strong>do</strong> o processo com a noite de festa. Onde se vêem?... Com quem?... Quais os ruí<strong>do</strong>s,<br />

cheiros e temperatura?... Que sentimentos essa noite desperta em você?...<br />

Concluída a fase de imaginar, as crianças trocam suas sensações, e o professor conversa<br />

com elas, ajuda-as a compreender que, quan<strong>do</strong> escolhemos um adjetivo, não é uma simples palavra<br />

que está sen<strong>do</strong> acrescentada, mas um imaginário completo, to<strong>do</strong> um mar de emoções, sensações...<br />

Após a sensibilização, peça-lhes que escolham uma das duas noites e escrevam o que imaginaram.<br />

Como é o meu nariz?<br />

Em outro dia, peça-lhes, de lição de casa, que observem e desenhem vários narizes que vêem<br />

pelo mun<strong>do</strong>. No dia seguinte, to<strong>do</strong>s penduram seus desenhos pela sala, e as crianças vão observan<strong>do</strong><br />

os narizes e dizen<strong>do</strong> adjetivos ou locuções adjetivas que possam caracterizá-los. Em segui-<br />

59


da, o professor pede que cada aluno escolha algum deles e imagine um personagem que tenha<br />

aquele nariz, dan<strong>do</strong>-lhe um rosto, um corpo, uma personalidade. Como você imagina alguém com<br />

um nariz de batata? e um nariz pontu<strong>do</strong>? e um nariz de tucano? Dê asas à sua imaginação. Coloque<br />

esse personagem em uma situação difícil, amorosa, ou de terror. Bom texto!!!<br />

Adivinhe, se puder!<br />

Podemos propor-lhes, também, que se organizem em equipes e tragam algum objeto dentro<br />

de um saco grosso. Um elemento de outra equipe vem, coloca a mão dentro <strong>do</strong> saco e vai falan<strong>do</strong><br />

como é o objeto para seus colegas de equipe, até adivinharem o que seja. Em seguida, invertem-se<br />

as posições: a equipe que adivinhava oferece seu saco para algum elemento da equipe<br />

anterior descobrir que objeto trouxeram. As crianças costumam curtir muito essa atividade!<br />

Descreven<strong>do</strong> e desenhan<strong>do</strong><br />

Outra situação muito rica para ser criada em sala de aula é a <strong>do</strong> professor propor que cada<br />

aluno traga de casa uma gravura e uma descrição dela. Na aula o professor pede que to<strong>do</strong>s entreguem<br />

suas gravuras e descrições, mistura todas as gravuras e guarda. Depois distribui as descrições,<br />

todas misturadas também. Cada aluno deve ler a descrição feita pelo colega e desenhar<br />

a imagem que ela descreve. Em seguida, o professor pendura as gravuras pelas paredes da sala<br />

e cada aluno deve reconhecer qual é a gravura descrita no texto que leu. Compara, então, a gravura<br />

com o desenho feito pelo aluno.<br />

Na primeira vez que as crianças fazem essa atividade costumam ser muito imprecisas em<br />

suas descrições, e o leitor nem sempre consegue fazer correspondência texto/gravura. Como costumam<br />

descobrir essa falha, na segunda vez que a brincadeira acontece, já se observa uma grande<br />

diferença de desempenho, um cuida<strong>do</strong> ao escolher as palavras e caracterizar adequadamente a<br />

imagem. É fundamental desenvolver essa precisão, pois é justamente a falta dela que os professores<br />

das outras áreas costumam reclamar!<br />

Nesse terceiro volume não trabalharemos com a flexão das classes gramaticais e por isso,<br />

fecha<strong>do</strong> o conceito de adjetivo e sua importância textual, ampliaremos o trabalho em duas direções:<br />

por um la<strong>do</strong> analisaremos os jogos de escolhas de adjetivos nos textos — este aspecto<br />

está incluí<strong>do</strong> no Livro de Interpretação de Textos — volume 3; por outro la<strong>do</strong>, analisaremos algumas<br />

questões ortográficas relacionadas a essa classe gramatical, em atividades <strong>do</strong> Livro de<br />

Gramática/Ortografia — volume 3. São elas: Caracoleza caracolosa (no Módulo I — Investigan<strong>do</strong><br />

a letra S), Tômbola (no Módulo II — Investigan<strong>do</strong> a letra Z ) e Resolveu? (no Módulo XI — Verbo).<br />

No Livro <strong>do</strong> Aluno, no Módulo VIII — Substantivos e adjetivos, encontramos também a atividade<br />

As duas faces de Danival.<br />

As duas faces de Danival<br />

Nessa atividade temos <strong>do</strong>is objetivos: que observem adjetivos e que percebam a formação<br />

de palavras através <strong>do</strong>s prefixos I, IN, IM.<br />

Questão 1:<br />

Relacionar to<strong>do</strong>s os adjetivos que se referem a um único substantivo. O adjetivo não precisa<br />

estar ao la<strong>do</strong>, apenas se referir a ele.<br />

Questão 2:<br />

As crianças já verificaram, em outras situações, que os prefixos trazem mudanças de senti<strong>do</strong><br />

às palavras, por isso não terão dificuldade em observar que esse prefixo traz uma idéia de negação.<br />

Questão 3:<br />

Chamamos a atenção das crianças para as palavras que dão origem às palavras com I, IN,<br />

IM, pois a escolha <strong>do</strong> prefixo depende da letra inicial da palavra. Com esse procedimento,<br />

preparamos as questões seguintes, ajudan<strong>do</strong>-as a perceber que, para I, IN, IM serem prefixo, sempre<br />

existe uma palavra anterior à qual se acrescenta o prefixo.<br />

Questão 4:<br />

Se o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> prefixo é o mesmo, por que há tantas formas? Esse é o objetivo dessa questão:<br />

dependen<strong>do</strong> da letra inicial da palavra de origem, é escolhida uma forma ou outra. Teremos, assim,<br />

uma síntese de quan<strong>do</strong> usar cada forma:<br />

a) I + R, L, M ou N;<br />

b) IM + P ou B;<br />

c) IN + todas as outras consoantes.<br />

Boa ocasião para lembrá-los novamente de que antes de P e B usa-se M!<br />

60


É possível que a classe destaque a presença <strong>do</strong> R duplo, como em IRREAL, onde tínhamos a<br />

palavra real e acrescentamos I (não IR). Esse segun<strong>do</strong> R é coloca<strong>do</strong> apenas para não ficar "ireal"<br />

(R fraco), o que alteraria a própria palavra. Se isso acontecer, discuta com eles.<br />

Esta questão também propicia um alerta para as crianças em relação a certos erros que cometem:<br />

falam e escrevem "inrita<strong>do</strong>", "inreal" e outras. A partir dessa atividade poderão compreender<br />

por que não escrever assim.<br />

Questão 5:<br />

As crianças costumam fazer grandes generalizações. Quan<strong>do</strong> descobrem, por exemplo, que os<br />

prefixos I, IN, IM, trazem idéia de negação, acham que toda palavra que começa dessa forma tem o<br />

prefixo, mas isso não é verdade. Nessa questão deixamos isso claro. Aproveite o espaço aberto por<br />

nossa colocação e peça de lição de casa que descubram outras palavras que comecem por essas letras.<br />

No dia seguinte, faça a lista das palavras que encontraram e organize com eles as palavras em<br />

duas colunas: uma em que o I, IN , IM é prefixo e outra em que ele não é. Aproveite a amostra de<br />

palavras e investigue: Quan<strong>do</strong> a palavra primitiva começa por vogal, o que colocamos: I, IN, ou IM?<br />

Questão 6:<br />

Vamos brincar de transformar o Danival em um outro homem? Para isso, terão que alterar<br />

suas qualidades, mudan<strong>do</strong> os adjetivos. Bom trabalho!!!<br />

Depois que os alunos tiverem saborea<strong>do</strong> um pouco os adjetivos, podemos voltar aos substantivos<br />

para aprofundar o trabalho inicia<strong>do</strong>.<br />

Classifican<strong>do</strong> os substantivos<br />

Classificar os substantivos em próprio e comum é, <strong>do</strong> ponto de vista prático, algo simples:<br />

os próprios aparecem com letra maiúscula e os comuns, com minúscula, portanto, é só olhar e reconhecê-los.<br />

Mas, <strong>do</strong> ponto de vista conceitual, essa questão não é tão simples assim.<br />

Os professores costumam dizer para as crianças que o substantivo próprio dá nome a um<br />

ser único e o comum, a um ser qualquer. Elas entram em conflito porque não compreendem que<br />

único é o ser evoca<strong>do</strong>, única é a essência, a substância <strong>do</strong> ser e não o nome. Eles acham que o<br />

nome é único, e fazem comentários <strong>do</strong> tipo: Você diz que Ana é substantivo próprio porque é único,<br />

mas só aqui na classe tem três Anas! Quan<strong>do</strong> fazem esse tipo de comentário, revelam que estão<br />

confundin<strong>do</strong> o nome com o ser. Quan<strong>do</strong> digo criança, evoco delas o que há de comum, igual<br />

a todas e que faz com que, desprezan<strong>do</strong> todas as diferenças possíveis entre todas as crianças <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, eu possa reconhecer alguém como criança. Quan<strong>do</strong> digo Ana, podem existir centenas de<br />

Anas, o que eu evoco dentro de mim é o que torna aquela Ana especial, diferente e única no mun<strong>do</strong>.<br />

O nome pode ser o mesmo, a substância evocada é que é única. Por essa razão, vale a pena<br />

trabalhar essa classificação com uma situação bem concreta em sala de aula.<br />

Substantivos próprios e comuns<br />

Diga para a classe que a sala está cheia de crianças. Quan<strong>do</strong> vocês dizem isso, o que significa?<br />

Deixe que tentem se explicar como quiserem e puderem. Caso não consigam, vá fazen<strong>do</strong><br />

perguntas desencadea<strong>do</strong>ras, que dirijam o olhar deles para determina<strong>do</strong>s aspectos. É ser vivo? É<br />

pessoa, animal ou planta? Que mais há em comum a todas elas? Ou seja, quan<strong>do</strong> digo "criança",<br />

to<strong>do</strong>s pensam no que faz to<strong>do</strong>s vocês serem iguais, entre si e com todas as crianças <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Escolha <strong>do</strong>is alunos que tenham o mesmo nome (caso isso não ocorra, escolha um de sua<br />

classe e outro de outra classe que seja conheci<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s, ou ainda um artista). Olhe para um<br />

deles e pergunte: Quan<strong>do</strong> você diz "João", que características você dá para ele? Deixe que falem<br />

e tome cuida<strong>do</strong> com as brincadeiras de mau gosto que possam surgir. Peça depois que digam as<br />

características <strong>do</strong> outro aluno João. Quan<strong>do</strong> você diz esse nome, cada um pensa naquilo que faz<br />

o João ser único, diferente. Mesmo que o nome seja igual, a idéia evocada é diferente. Por isso<br />

os gramáticos dividiram os substantivos em próprios e comuns.<br />

Não se esqueça de que a definição deve ser redigida com as palavras <strong>do</strong>s alunos, e não<br />

exatamente como está neste <strong>Manual</strong>.<br />

Redija com eles a definição e peça que copiem no Caderno de Descobertas. Acreditamos que<br />

fique mais ou menos assim:<br />

Substantivo próprio é aquele que nos faz pensar em algo ou alguém especial, que só existe<br />

um no mun<strong>do</strong>. Ele é sempre inicia<strong>do</strong> com letra maiúscula.<br />

Substantivo comum é aquele que nos faz pensar em algo ou alguém qualquer, que pode ser<br />

qualquer um daquele tipo. Quan<strong>do</strong> escrevemos, ele é inicia<strong>do</strong> por letra minúscula, a não ser que<br />

seja a primeira palavra <strong>do</strong> parágrafo ou que venha depois de algumas pontuações.<br />

Para sistematizar essa idéia, sugerimos que façam a atividade <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno Um qualquer...o<br />

próprio.<br />

61


Um qualquer... o próprio<br />

Nosso objetivo é sistematizar os conceitos de substantivo próprio e comum.<br />

Ao completarem a lista com substantivos próprios, estamos preparan<strong>do</strong> a reflexão que virá<br />

a seguir. Essa parte da atividade deve ser realizada individualmente.<br />

Questão 1:<br />

Pedimos que confrontem os substantivos próprios escolhi<strong>do</strong>s para preparar as questões<br />

seguintes.<br />

Questão 2:<br />

Imaginamos que possa haver coincidência de alguns nomes da lista. Essa igualdade pode<br />

ser de duas formas: ou os <strong>do</strong>is pensaram na mesma coisa, como por exemplo os <strong>do</strong>is colocam a<br />

cidade onde moram; ou os <strong>do</strong>is colocam o mesmo nome para o pai porque os <strong>do</strong>is pais têm o<br />

mesmo nome, mas são pessoas diferentes. Acreditamos que nessa troca entre eles essas idéias<br />

emergirão.<br />

Questão 3:<br />

Nela pedimos que organizem as idéias que discutiram. Imaginamos que respondam mais ou<br />

menos assim: a resposta foi a mesma porque pensamos na mesma pessoa ou na mesma coisa; o<br />

nome era igual, mas a pessoa era diferente porque pensamos em pessoas diferentes.<br />

Questão 4:<br />

Voltamos à comparação de diferenças: um é um ser especial, outro um ser qualquer, um é<br />

escrito com maiúscula, outro com minúscula.<br />

Peça que as crianças tragam diferentes textos para a sala de aula. Peça que tragam certidão<br />

de nascimento, anúncios de revistas, livros, regras de jogos, carteiras de identidade, folhetos de<br />

depósito de banco, revistas especializadas, jornais, etc. Quanto maior a variedade de material que<br />

você obtiver, melhor. No dia combina<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s trazem seus textos e as crianças, reunidas em grupos,<br />

vão analisan<strong>do</strong> neles se há substantivos próprios e comuns. Depois, converse com eles em<br />

que tipo de textos os substantivos próprios costumam aparecer com maior freqüência, e por quê.<br />

Certidões de nascimento, formulários de banco, registros de cartório, etc. são muito ricos em substantivos<br />

próprios. E não é à toa: são <strong>do</strong>cumentos que garantem a identidade ou posse de algo para<br />

alguém. Deixe que observem que nos anúncios o substantivo próprio, por exemplo Helmann's,<br />

vem em destaque maior <strong>do</strong> que o <strong>do</strong> produto, maionese, por exemplo. Por que será? Deixe que<br />

pensem...<br />

No Livro <strong>do</strong> Aluno há a proposta O Grande Circo Internacional para sistematizar essa idéia.<br />

O Grande Circo Internacional<br />

Nossos objetivos são a utilização <strong>do</strong>s conceitos trabalha<strong>do</strong>s e a observação <strong>do</strong>s detalhes na<br />

leitura das ordens. Quantos são os erros que as crianças cometem porque não lêem adequadamente<br />

as ordens <strong>do</strong>s exercícios!<br />

Leia o texto com eles, converse sobre circos e depois peça que resolvam a atividade. Esteja<br />

atento aos pedi<strong>do</strong>s de cada questão:<br />

Questão 1:<br />

Pedimos só os substantivos próprios <strong>do</strong> texto to<strong>do</strong>.<br />

Questão 2:<br />

Pedimos to<strong>do</strong>s os substantivos (não importa se próprios ou comuns) de alguns parágrafos<br />

apenas.<br />

Questões 3, 4 e 5:<br />

Pedimos apenas os substantivos comuns e seus adjetivos de um único parágrafo, unin<strong>do</strong>os<br />

com setas.<br />

O professor não deve ler as ordens nem explicar para os alunos o que fazer. Se fizer isso, estará<br />

impedin<strong>do</strong>-os de aprender a ler e de crescer enquanto leitores. Se fizerem sozinhos e errarem,<br />

poderão descobrir onde é que estão interpretan<strong>do</strong> mal.<br />

Depois de localizarem tantos substantivos, vamos brincar um pouco com eles. Deixe que<br />

descubram os cinco substantivos que são variáveis em gênero, e completem o diagrama. Bom<br />

trabalho!<br />

Uma vez realizada a atividade, centre seu olhar no texto literário escrito por eles. Caso observe<br />

que ainda escrevem nomes próprios com minúscula, ou que colocam a maiúscula apenas<br />

no nome <strong>do</strong> personagem principal, ou que colocam maiúscula apenas na primeira vez que ele<br />

aparece, escolha um texto que tenha vários substantivos próprios e peça que marquem to<strong>do</strong>s eles.<br />

Depois, peça que marquem com outra cor todas as letras maiúsculas. Discuta com eles em que<br />

situações a maiúscula aparece, que diferença faz colocá-la ou não. Aproveite para retomar a questão<br />

da pontuação e <strong>do</strong> parágrafo, que surgirão inevitavelmente!<br />

62


Substantivos coletivos<br />

Para trabalhar com os substantivos coletivos sugerimos a atividade Juntos somos mais, <strong>do</strong><br />

Livro <strong>do</strong> Aluno.<br />

Juntos somos mais<br />

O objetivo dessa atividade é introduzir o conceito de substantivo coletivo.<br />

Iniciamos a atividade pedin<strong>do</strong> que desenhem. Pretendemos, assim, que visualizem a diferença<br />

das idéias representadas, para poderem refletir sobre elas depois.<br />

Escolhemos coletivos <strong>do</strong> cotidiano das crianças para que enfrentem apenas a dificuldade<br />

conceitual, pois os coletivos eruditos têm significa<strong>do</strong> desconheci<strong>do</strong> para eles, o que criaria mais<br />

uma dificuldade para compreenderem o conceito.<br />

Como é muito sutil a diferença conceitual entre o substantivo comum e o coletivo, optamos<br />

por trabalhar de uma forma mais diretiva, através de perguntas.<br />

Questão 1:<br />

Observarão que todas são substantivos.<br />

Questão 2:<br />

São to<strong>do</strong>s comuns.<br />

Questão 3:<br />

Estão todas no singular. Até aqui observamos as semelhanças na palavra.<br />

Questão 4:<br />

Começamos a comparar a idéia <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is desenhos.<br />

a) Esperamos que observem que aparece a mesma coisa nos <strong>do</strong>is desenhos; por exemplo,<br />

nas duas colunas aparece "joga<strong>do</strong>r".<br />

b) Na coluna da esquerda aparece um só, na da direita aparecem vários.<br />

Questão 5:<br />

Esperamos que depois de compararem os <strong>do</strong>is desenhos — na palavra e na idéia — definam<br />

substantivo coletivo mais ou menos assim: Substantivo coletivo é um tipo de substantivo comum<br />

que, mesmo no singular, representa uma idéia de vários seres ao mesmo tempo, ou uma idéia no<br />

plural.<br />

Não se esqueça de que essa definição deve ser elaborada pelo professor juntamente com as<br />

crianças, e não dada pelo professor com suas palavras.<br />

Somos ainda mais...<br />

Nosso objetivo ao elaborar essa atividade foi ampliar o universo de coletivos interessantes<br />

para as crianças conhecerem. Dentre os eruditos, esses são os mais facilmente encontra<strong>do</strong>s em<br />

textos ou na linguagem cotidiana.<br />

Optamos por uma lista em que, às vezes, o coletivo está omiti<strong>do</strong>, às vezes o substantivo comum,<br />

às vezes os <strong>do</strong>is estão presentes e o trabalho é relacioná-los. Ao proceder dessa forma,<br />

damos pistas suficientes para que trabalhem por dedução, fazen<strong>do</strong> inferências e, ao proceder assim,<br />

ampliem o universo de coletivos.<br />

Caso o professor deseje ampliar ainda mais a lista de coletivos de sua turma ou sistematizar<br />

mais a lista fornecida por nós nas atividades, sugerimos que faça um Jogo da Memória com os<br />

coletivos e substantivos comuns correspondentes. No mais, para o momento não vemos necessidade<br />

de outras extensões conceituais.<br />

Substantivos simples e compostos<br />

No Livro <strong>do</strong> Aluno encontramos a atividade Simplesmente compostos que tem por objetivo<br />

introduzir os conceitos de substantivo simples e substantivo composto. Depois de realizada a<br />

atividade, discutir com eles as propriedades de cada um e registrar no Caderno de Descobertas.<br />

Este assunto poderá ser mais aprofunda<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> discutirem a formação de palavras.<br />

Simplesmente compostos<br />

Questão 1:<br />

Ao escreverem o nome <strong>do</strong>s objetos abaixo <strong>do</strong>s desenhos, acreditamos que surgirão dúvidas<br />

<strong>do</strong> tipo " é junto ou separa<strong>do</strong>?". Essas perguntas já são um pretexto para você começar a discutir<br />

com eles por que essas palavras têm hífen. Traga frases onde essas palavras podem ser<br />

vizinhas sem por isso serem substantivos compostos, como por exemplo Para quedas de cabelo,<br />

use Araldite! Sem hífen, senão...<br />

63


Questão 2:<br />

Ao observarem o que as palavras têm em comum, estarão levantan<strong>do</strong> o conceito de substantivos<br />

compostos. Esperamos que digam: são substantivos, são forma<strong>do</strong>s por duas palavras,<br />

estão no singular, têm hífen. Em atividade posterior vamos relativizar a presença <strong>do</strong> hífen, pois<br />

nem to<strong>do</strong>s os compostos são hifeniza<strong>do</strong>s. Como primeiro contato achamos que os hifeniza<strong>do</strong>s<br />

deixavam mais evidente a composição e a identidade de cada uma das palavras.<br />

Questão 3:<br />

Por confronto o que será que imaginam que seja um substantivo simples? Esperamos que<br />

digam que é um substantivo forma<strong>do</strong> por uma só palavra.<br />

Questão 4:<br />

Vamos juntar palavras para formar novas? Encontramos 18 palavras possíveis de serem formadas<br />

com esses radicais. E as crianças, quantas encontrarão?<br />

Decompon<strong>do</strong><br />

Além <strong>do</strong>s substantivos compostos com hífen, há os que não são hifeniza<strong>do</strong>s. São eles nosso<br />

objetivo nessa atividade.<br />

Questão 1:<br />

Damos algum elemento da tabela e pedimos o terceiro ou os outros <strong>do</strong>is, de tal forma que,<br />

em cada linha, formem a palavra composta sem hífen, as palavras que a formaram e seu significa<strong>do</strong><br />

a partir de sua formação. Proceden<strong>do</strong> dessa forma, rompemos a generalização indevida <strong>do</strong><br />

início da formação <strong>do</strong> conceito de substantivos compostos, amplian<strong>do</strong>-o.<br />

Questão 2:<br />

A diferença entre os substantivos da tabela e da lista é a presença ou ausência de hífen. No<br />

restante, são iguais, e o professor deve aproveitar a ocasião para destacar essas semelhanças também.<br />

Esse Pedrinho!…<br />

É uma brincadeira matemática com pontuação e hífen. Como Pedrinho copiou o problema<br />

sem vírgulas e hifens, Eulália acaba compran<strong>do</strong> um número diferente de coisas. E aí, que confusão!<br />

Trabalhamos assim a importância desses <strong>do</strong>is elementos na escrita.<br />

Pretendemos que, através <strong>do</strong> problema e da situação <strong>do</strong> sofá, as crianças percebam a importância<br />

da presença <strong>do</strong>s hifens e vírgulas como integrantes da significação. Se não puser, dá<br />

problema!<br />

Completan<strong>do</strong> a tabela<br />

Normalmente as crianças têm dificuldade em integrar todas as possibilidades de classificação<br />

<strong>do</strong>s substantivos e acham que, se ele é comum, não pode ser mais nada, por exemplo. Nessa<br />

atividade pretendemos confrontar todas as possibilidades de classificação <strong>do</strong>s substantivos simultaneamente.<br />

Além desse objetivo gramatical, usamos as palavras da tabela para trabalhar com leitura de<br />

ordens. Quem não ler com bastante atenção os pedi<strong>do</strong>s para preenchimento das lacunas não descobre<br />

a adivinha e dança!!!<br />

O assunto de substantivos compostos às vezes remete ao de prefixos. Caso alguém traga essa<br />

confusão, mostre-lhes que os prefixos não existem sozinhos como palavras, e nas compostas<br />

as duas existem como palavras independentes. Caso a confusão não surja, deixe barato, e não<br />

toque no assunto...<br />

Simultaneamente ao trabalho gramatical proposto nessa unidade, ao longo <strong>do</strong> Livro de<br />

Leitura e Interpretação de Textos — volume 3, há situações de análise de jogos discursivos com<br />

substantivos e adjetivos. Ao discuti-los, fechamos a rede da linguagem. Aqui, nosso objetivo era<br />

compreender suas características e propriedades, para que lá, substantivos e adjetivos pudessem<br />

estar inseri<strong>do</strong>s no texto e produzin<strong>do</strong> jogos de linguagem. Ao viverem essa passagem <strong>do</strong> que era<br />

fim tornar-se meio, as crianças puderam reanalisar to<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> já estuda<strong>do</strong>, mas com um novo<br />

olhar, descobrin<strong>do</strong>, "ressignifican<strong>do</strong>", fazen<strong>do</strong> a sua releitura...<br />

MÓDULO IX — Artigo<br />

Os artigos emergem <strong>do</strong> trabalho de substantivos de forma natural. Seu conceito não é de<br />

difícil apreensão pelas crianças, portanto, vamos direto ao trabalho.<br />

64


Como introduzir o conceito de artigo<br />

Todas as vezes que trabalhamos com uma nova classe de palavras, temos proposto uma estratégia<br />

em que os alunos descobrem um universo de palavras daquela determinada classe e, depois,<br />

retiram o que as palavras têm em comum para descobrir a idéia, o conceito. Em relação aos<br />

artigos, propomos o contrário: Reunimos os alunos em grupos e damos o conceito to<strong>do</strong>. Depois<br />

eles devem descobrir quais as palavras que podem fazer parte desse conjunto. Mãos à obra?! O<br />

professor pode iniciar escreven<strong>do</strong> na lousa:<br />

Essa classe gramatical apresenta as seguintes características:<br />

a ) é um conjunto finito de palavras;<br />

b) as palavras dessa classe são todas variáveis em gênero e número;<br />

c) essas palavras informam se o substantivo é masculino ou feminino, singular ou plural.<br />

Em seguida, o professor pode incentivar os alunos, dizen<strong>do</strong>:Vamos ver se vocês descobrem<br />

todas as palavras que podem fazer parte desse grupo. São apenas oito palavras que existem.<br />

Deixe que procurem. Provavelmente farão confusão com outras classes gramaticais como<br />

numerais ou pronomes (dizem um lápis, <strong>do</strong>is lápis, etc. ou dizem seu lápis e não “sua lápis”, etc.).<br />

É interessante discutir com os alunos esses erros, que podem ser utiliza<strong>do</strong>s para sintetizar o conceito.<br />

Você pode dizer para eles: Mas quan<strong>do</strong> digo “três lápis“eu fico saben<strong>do</strong> se “lápis” é masculino<br />

ou feminino? Veja, essa palavra informa uma quantidade, mas não informa o gênero, então<br />

não serve. Gradativamente vá limpan<strong>do</strong> as arestas com a classe. Quan<strong>do</strong> um aluno sugerir<br />

uma determinada palavra, coloque-a em discussão com o grupo to<strong>do</strong>. Ao procedermos dessa forma,<br />

acima de tu<strong>do</strong> estaremos instigan<strong>do</strong> as crianças a pensar, a levantar hipóteses, a argumentar<br />

em busca de suas razões. Terminada a discussão, os artigos devem ter surgi<strong>do</strong>. Caso não surjam,<br />

escolha um trecho de texto, sublinhe os substantivos e vá analisan<strong>do</strong> palavra a palavra com eles,<br />

observan<strong>do</strong> qual ou quais cumpririam as propriedades dadas na definição.<br />

Além dessa estratégia, o professor pode também proceder da seguinte maneira:<br />

Coloque alguns substantivos na lousa, toman<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> para que apareçam entre eles os<br />

que não são femininos ou masculinos termina<strong>do</strong>s em A/O (como pele, tatu, ator, herói, gigante,<br />

etc.), ou que tenham o singular em S (como pires, lápis, Vênus, etc.). Pergunte às crianças a que<br />

classe gramatical aquelas palavras pertencem, e eles dirão que são substantivos. Diga-lhes, então:<br />

Nós vimos que to<strong>do</strong>s os substantivos têm gênero e número, são palavras masculinas ou femininas,<br />

no singular ou plural, não é? Pois então vamos verificar qual é o gênero e o número<br />

desses substantivos.<br />

As crianças realizam essa atividade com facilidade. Ao responderem, pergunte-lhes o que<br />

observaram para saber qual era o gênero e o número. Costumam dizer coisas mais ou menos<br />

assim: Oras, você diz "a" pele e não "o" pele, diz o "lápis" ou os "lápis", etc. A partir daí você retira<br />

com eles a lista <strong>do</strong>s artigos, diz o nome que a gramática dá a esse conjunto de palavras e redige<br />

com eles a definição, que já foi dada no início da atividade, mas que vale a pena ser agora<br />

redigida com as palavras das crianças.<br />

Caso tragam como forma de solução outras classes de palavras como numerais ou pronomes,<br />

sugerimos que o professor vá fazen<strong>do</strong> perguntas que possam desequilibrar essas sugestões, como<br />

citamos alguns parágrafos acima.<br />

Após a descoberta <strong>do</strong>s artigos, é importante trabalharem um pouco com localização de artigos<br />

para estabilizarem o conceito. Escolha trechos de textos e peça que encontrem os artigos.<br />

Não faça essa sistematização com frases isoladas. Geralmente, nas frases prontas, os os e as são<br />

sempre artigos, o que não acontece na realidade da língua. Ao trabalharem com trechos de textos,<br />

serão obriga<strong>do</strong>s a pensar pela definição. No Livro <strong>do</strong> Aluno encontramos a atividade Ah! Que<br />

pena!, que desenvolve essa idéia.<br />

Ah! Que pena!<br />

Nosso objetivo é que aprendam a reconhecer os artigos utilizan<strong>do</strong> um pensamento por negação.<br />

Questão 1:<br />

Nosso objetivo é que pensem assim: para ser artigo tem que estar informan<strong>do</strong> se o substantivo<br />

é masculino, feminino, singular ou plural. Se não estiver dan<strong>do</strong> esse tipo de informação<br />

não é artigo.<br />

Para fazer a classificação pedida poderão verificar que no trecho "sem saber o que fazer" não<br />

há substantivo, portanto, não pode ser artigo; em "recolher as coisas", coisas é substantivo e o as<br />

está dizen<strong>do</strong> que é feminino e plural, portanto é artigo.<br />

65


Acreditamos que muitas confusões possam surgir. Por exemplo, em "com os <strong>do</strong>is braços" é<br />

possível e até provável que muitas crianças digam que os é artigo e <strong>do</strong>is o substantivo, pois é a<br />

palavra que está imediatamente após os. Esse tipo de situação gera discussões interessantíssimas<br />

nos grupos, e permite que os conceitos sejam “limpa<strong>do</strong>s”, sistematiza<strong>do</strong>s na discussão com a<br />

classe toda. Por essa razão consideramos o momento da correção de uma riqueza incalculável:<br />

não dê simplesmente a resposta certa, mas alimente a reflexão através da discussão das dúvidas<br />

e erros das crianças.<br />

Deixe que se reúnam em grupos de três ou quatro elementos para fazer a classificação, a fim<br />

de que possam discutir bem. Na hora da correção, vá pedin<strong>do</strong> que argumentem: Quem acha que<br />

é artigo, diga por que acha isso. Quem acha que não é artigo, diga por que acha que não é. Ao<br />

proceder assim, você estará ajudan<strong>do</strong>-os a pensar por exclusão.<br />

Questões 2 e 3:<br />

Ao pedir para explicarem o que observaram, nosso objetivo é que tomem consciência <strong>do</strong>s<br />

elementos que observaram, pois muitas vezes pensam, mas não têm consciência <strong>do</strong> que<br />

pensaram.<br />

Repita outras vezes essa atividade de encontrar os artigos em algum trecho, à sua escolha,<br />

para que o conceito fique bem estabiliza<strong>do</strong>.<br />

No Módulo VIII — Substantivos e Adjetivos, há as atividades O Grande Circo Internacional<br />

e Eu duvi<strong>do</strong>!. Nas duas, as crianças destacaram os substantivos <strong>do</strong> texto ou de alguns trechos.<br />

Sugerimos que voltem a elas e destaquem agora os artigos, ligan<strong>do</strong>-os ao substantivo a que se<br />

referem. A análise das palavras <strong>do</strong> texto vai fican<strong>do</strong>, assim, cada vez mais completa.<br />

Depois disso, podemos ampliar mais o conceito de artigo ao classificá-lo em artigos defini<strong>do</strong>s<br />

e indefini<strong>do</strong>s.<br />

Gostaríamos de ressaltar que não destacaremos os artigos que estão em contração com<br />

as preposições. Quan<strong>do</strong> virem preposição é que eles serão destaca<strong>do</strong>s e terão sua identidade<br />

garantida.<br />

Como introduzir a classificação <strong>do</strong>s artigos em<br />

defini<strong>do</strong>s e indefini<strong>do</strong>s<br />

Os artigos podem informar se o substantivo é masculino ou feminino, singular ou plural,<br />

definin<strong>do</strong> ou indefinin<strong>do</strong> o substantivo. Esses <strong>do</strong>is conceitos podem ser introduzi<strong>do</strong>s através da<br />

estratégia que apresentamos a seguir.<br />

O professor pode retomar com as crianças a estratégia sugerida para introduzir o conceito<br />

de substantivo. Escreve na lousa pedin<strong>do</strong>-lhes que desenhem um cachorro. Surgirão cachorros<br />

diferentes. Pendura to<strong>do</strong>s os desenhos e conversa sobre a diversidade de cachorros que surgiram.<br />

Em seguida, escolhe um <strong>do</strong>s desenhos que tiver se destaca<strong>do</strong> por alguma razão e escreve<br />

na lousa pedin<strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s desenhem o cachorro de fulano (o <strong>do</strong>no <strong>do</strong> desenho escolhi<strong>do</strong>).<br />

Surgirão desenhos semelhantes. Pendura-os e pede que observem as semelhanças <strong>do</strong>s desenhos.<br />

Depois conversa com eles sobre qual foi a diferença na formulação <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> que originou<br />

desenhos iguais ou diferentes entre eles. Acreditamos que observem o artigo.<br />

Ao responderem à pergunta já estarão definin<strong>do</strong> os conceitos de defini<strong>do</strong> e indefini<strong>do</strong>. O<br />

professor coloca agora outras situações para eles:<br />

Se eu disser: “Vi uma menina passan<strong>do</strong>" ou "Vi a menina passan<strong>do</strong>" há diferença de senti<strong>do</strong><br />

para quem ouve? Qual? E assim por diante. No mais, agora, além de localizar os artigos, é parar<br />

para classificá-los. Não insistiremos nessa localização porque a grande importância <strong>do</strong> trabalho<br />

estará em analisar os jogos de senti<strong>do</strong> possíveis de serem produzi<strong>do</strong>s através deles dentro de um<br />

texto. A mera localização de artigos, como um fim em si mesma, é uma atividade vazia.<br />

Sugerimos que o professor faça a atividade João e Maria para sistematizar essas descobertas.<br />

João e Maria<br />

Questão 1:<br />

Acentuar as palavras que estão sem acento tem por objetivo manter acesa a preocupação<br />

das crianças em relação à acentuação. Se não a mantivermos viva eles se esquecem sistematicamente<br />

de acentuar as palavras.<br />

Questão 2:<br />

Para localizar os artigos, terão que aplicar to<strong>do</strong> o conhecimento adquiri<strong>do</strong> até então.<br />

Acreditamos que haja uma tendência a marcar to<strong>do</strong>s os as que encontram sem maiores reflexões.<br />

66


Se isso ocorrer, provavelmente marcarão o a de "a perguntar" como artigo. Pergunte-lhes de<br />

qual substantivo ele determina o gênero e o número. Uma vez que esse a não se refere a nenhum<br />

substantivo, não pode ser artigo. A mesma reflexão é válida para o o de "o que" <strong>do</strong> último verso.<br />

Questão 3:<br />

Substantivos, adjetivos e artigos formam uma unidade de significação: princesa pode ser<br />

qualquer uma, mas você era a princesa que eu fiz coroar, e isso te fazia toda especial. Além disso<br />

era linda. Não nos era possível formular perguntas para explorar to<strong>do</strong>s esses aspectos, o que<br />

tornaria o trabalho longo demais, mas você, professor, aproveite a situação e discuta com eles<br />

oralmente. É nesse trabalho informal, ouvin<strong>do</strong> o que trazem de compreensão espontânea, que o<br />

crescimento <strong>do</strong>s alunos enquanto leitores se efetiva.<br />

Questão 4:<br />

Nas questões 4 e 5 tentamos levá-los a perceber a mudança de significa<strong>do</strong> e de relação entre<br />

as pessoas que pode estar marcada na escolha de um artigo defini<strong>do</strong> ou indefini<strong>do</strong>. É uma ousadia<br />

de nossa parte levantar esse tipo de reflexão e, por isso, queremos deixar bem marca<strong>do</strong> que<br />

deve ser realizada em grupo e discutida em grupão, sem preocupação de certo ou erra<strong>do</strong>, apenas<br />

como pretexto para a reflexão.<br />

Questão 5:<br />

Não afirmamos que haja mudança de significa<strong>do</strong>, pois essa conclusão não pode ser nossa,<br />

deve ser deles. Caso achem que não há mudança, isso deve ser respeita<strong>do</strong>. Mas, se conseguirem<br />

perceber, qual é ela? Com o artigo defini<strong>do</strong>, o herói é especial, e os <strong>do</strong>is personagens <strong>do</strong> texto<br />

sabem qual é esse herói, como se aquela brincadeira fosse freqüente entre eles. Ao reescrever<br />

com o artigo indefini<strong>do</strong>, passa a ser um herói qualquer, que o outro não sabe qual é. O que será<br />

que os alunos conseguirão perceber? Ouça-os com atenção e conheça um pouco mais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

deles.<br />

MÓDULO X — Pronome<br />

Considerações<br />

O capítulo <strong>do</strong>s pronomes é vasto e de grande importância textual. Os pronomes são um <strong>do</strong>s<br />

recursos usa<strong>do</strong>s para evitar a repetição de palavras em um texto, possibilitan<strong>do</strong> maior leveza e<br />

prazer na leitura. O <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s pronomes pressupõe um conjunto complexo de conhecimentos.<br />

É preciso saber seu conceito, sua classificação, sua função textual, os jogos discursivos e, além<br />

disso, é preciso ter muito conhecimento sintático para saber escolher um pronome e colocá-lo na<br />

frase. Assim sen<strong>do</strong>, não pretendemos que as crianças terminem o volume 3 <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> o assunto.<br />

Neste volume desenvolveremos o conceito, a função textual, a escrita e a leitura adequada <strong>do</strong>s<br />

pronomes. No volume 4 iniciaremos a classificação <strong>do</strong>s primeiros pronomes.<br />

Função textual <strong>do</strong>s pronomes<br />

Nossa proposta é que as crianças iniciem o trabalho pela função textual <strong>do</strong>s pronomes.<br />

Para tal, sugerimos que seja feita em sala de aula a atividade <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno Clarissa Dallas —<br />

O início.<br />

Clarissa Dallas — O início<br />

Este é o trecho de um texto que reescrevemos repetin<strong>do</strong> propositadamente o substantivo<br />

Clarissa. O texto ficou estranho, houve inegavelmente perda da literariedade, mas quisemos reproduzir<br />

a forma como as crianças escrevem. Por que será que elas escrevem assim? Acreditamos<br />

que seria interessante refletir sobre isso, para compreendê-las e, assim, ajudá-las de uma maneira<br />

mais eficiente.<br />

Para escrever um texto, é necessário que algum elemento se mantenha, de forma a garantir<br />

o fio textual e, ao mesmo tempo, que coisas novas aconteçam para que o texto se constitua. Dos<br />

elementos que costumam manter o fio textual, o personagem é o mais freqüente: sempre acontecem<br />

coisas novas, mas o personagem permanece ao longo da narrativa, manten<strong>do</strong> a unidade.<br />

Portanto, mantê-lo significa a descoberta de conhecimentos importantes da estrutura da narrativa!<br />

Por outro la<strong>do</strong>, repetir o nome <strong>do</strong> personagem ou o pronome ele, como as crianças fazem,<br />

torna o texto cansativo. Por que, então, elas procedem assim?<br />

Para evitar a repetição, é necessário que as crianças vejam que Clarissa, ela, a, lhe, sua, dela,<br />

a professora, a velha, ou até mesmo não ter nada escrito no lugar <strong>do</strong> nome <strong>do</strong> personagem (elipse),<br />

67


epresentam o mesmo elemento dentro <strong>do</strong> texto, apesar de serem palavras e sons tão diferentes.<br />

Ou seja, precisam conseguir enxergar o que se mantém em um contexto de transformação. Mas<br />

perceber a identidade de um objeto tão simbólico não é algo simples, nem algo da<strong>do</strong> de antemão.<br />

Por isso, nosso papel é ajudá-las a descobrir, a desvendar essas possibilidades que a língua oferece,<br />

e não cobrar delas essa solução como se fosse óbvia ou natural.<br />

Sugerimos para isso que o professor reúna a classe em pequenos grupos e peça que reescrevam<br />

o texto, evitan<strong>do</strong> sempre que possível a repetição <strong>do</strong> nome Clarissa. É importante que o<br />

professor vá circulan<strong>do</strong> pelos grupos, ouvin<strong>do</strong>-os e fazen<strong>do</strong> perguntas que possam ajudá-los a<br />

verificar coisas significativas. Por exemplo, é comum as crianças substituírem o nome Clarissa por<br />

ela e passarem a repetir ela exaustivamente. Nesse caso o professor poderá perguntar de que<br />

outras formas, além dessa, podemos evitar a repetição <strong>do</strong> nome Clarissa, obrigan<strong>do</strong>-as a buscar<br />

outras soluções possíveis. Depois, abra a discussão para a classe toda e ouça as respostas<br />

<strong>do</strong>s diversos grupos, fazen<strong>do</strong> uma reescrita coletiva que reúna as soluções da classe.<br />

Esse momento é muito importante. Deixe que os grupos falem e discutam suas soluções.<br />

Não se preocupe se é a solução "certa" ou a melhor <strong>do</strong> ponto de vista lingüístico. Nesse momento<br />

nosso objetivo é problematizar, levá-los a refletir e, como sempre, vamos trabalhar com soluções<br />

possíveis, sem um julgamento de valor.<br />

Depois que a classe tiver produzi<strong>do</strong> suas soluções, confronte com a da autora (apresentada<br />

junto com as respostas das atividades desse módulo), novamente não com o julgamento de certo<br />

ou erra<strong>do</strong>, mas como duas possibilidades de escrita. Como as crianças estão habituadas a analisar<br />

jogos discursivos, durante o confronto enfoque os jogos produzi<strong>do</strong>s. Por exemplo, suponha<br />

que as crianças resolvam o início <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> parágrafo dessa forma:<br />

... para eriçar seus cabelos cor-de-rato, quan<strong>do</strong> levou para dentro a garrafa,<br />

ou que resolvam assim:<br />

... para eriçar seus cabelos cor-de-rato, ela (ou aí) levou para dentro a garrafa.<br />

Ao confrontar a solução das crianças com a da autora:<br />

Ainda estava de roupão e de rolinhos para eriçar seus cabelos cor-de-rato, a velha professora<br />

levou para dentro a garrafa...<br />

procure destacar quais as sensações que cada forma de escrever produz no leitor. Não se contente<br />

em dizer simplesmente certo ou erra<strong>do</strong>. Poderão, nessa hora, perceber que o quan<strong>do</strong> destaca a<br />

simultaneidade das ações; que ela ou daí tornam a linguagem infantil ou menos culta, e, ainda,<br />

que na solução da autora a linguagem é menos coloquial e as características de antipatia de Clarissa<br />

ficam mais evidenciadas.<br />

Ao agir dessa forma, o professor não só estará amplian<strong>do</strong> a visão das crianças, como também<br />

estará garantin<strong>do</strong> que aquilo que não observaram sozinhas torne-se visível para elas. Em<br />

seguida, estarão preparadas para fazer o fechamento da atividade.<br />

Questão 2:<br />

Para concluir a atividade, peça que analisem as diversas soluções, agrupem as que são comuns<br />

e descubram, assim, de que forma é possível evitar a repetição de palavras. Poderão chegar<br />

às seguintes conclusões:<br />

• Podemos não pôr nada (elipse).<br />

• Podemos utilizar uma expressão equivalente (a professora).<br />

• Podemos usar pronomes (como eles não sabem o termo, deixe que se expressem<br />

como puderem).<br />

• Podemos mudar a estrutura da frase.<br />

Alguns dias depois reúna-os em grupos novamente e peça que façam a atividade A volta de<br />

Clarissa. Esse é um trabalho importante para que possam trocar idéias e utilizar os conhecimentos<br />

adquiri<strong>do</strong>s. É nesse momento que novas dificuldades aparecem e o que ainda não estava muito<br />

claro se organiza dentro deles.<br />

Veja a seguir a atividade <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno A volta de Clarissa.<br />

A volta de Clarissa<br />

Iniciamos o trabalho desse trecho pedin<strong>do</strong> que confiram se acertaram ou não quem era<br />

Clarissa.<br />

Um bom leitor, atento, terá sabi<strong>do</strong> reconhecer em “a velha professora”, da primeira parte,<br />

a resposta. Outro, só agora verá com nitidez quem era ela. Será que a imagem sugerida na primeira<br />

parte é a mesma neste trecho? O professor pode aproveitar para discutir a importância da caracterização<br />

para formar a imagem que o leitor vai construir <strong>do</strong> personagem, <strong>do</strong> lugar, etc. Voltamos<br />

aqui à importância <strong>do</strong> detalhe e da transformação operada através <strong>do</strong> leitor.<br />

68


É importante que nesse momento os alunos possam realizar em grupo a tarefa de retirar as<br />

repetições <strong>do</strong> texto. A primeira atividade teve o objetivo de gerar novos conhecimentos, de ampliar<br />

a visão das crianças com diferentes possibilidades de solução. Nessa segunda atividade nosso<br />

objetivo é possibilitar a troca — entre os alunos — <strong>do</strong> que cada um compreendeu e que pode<br />

auxiliar o outro. Muitas vezes, nesse momento, muitos aspectos que foram discuti<strong>do</strong>s com a classe<br />

e passaram desapercebi<strong>do</strong>s podem ser realmente observa<strong>do</strong>s e compreendi<strong>do</strong>s por algumas<br />

crianças.<br />

Essa atividade deve ser discutida nos pequenos grupos e to<strong>do</strong>s os alunos devem reescrever<br />

a continuação da história na folha avulsa onde foi reescrita a primeira parte <strong>do</strong> texto.<br />

Atenção: to<strong>do</strong>s devem reescrever a história e não apenas um representante <strong>do</strong> grupo. Os<br />

textos reescritos serão entregues para o professor corrigir e analisar. (A correção não deve ser<br />

coletiva.)<br />

É interessante que o professor grampeie juntos to<strong>do</strong>s os textos da equipe, pois esse procedimento<br />

poderá:<br />

• facilitar a correção;<br />

• ajudá-lo a observar problemas específicos como, por exemplo, um elemento <strong>do</strong> grupo que<br />

reescreve com erros de grafia ou que não coloca a mesma pontuação que os outros.<br />

Vale a pena, também, deixar claro que, não haven<strong>do</strong> consenso entre os elementos <strong>do</strong> grupo<br />

sobre qual a melhor solução, eles poderão apresentar reestruturas com trechos diferentes.<br />

Sugerimos que nesse caso o professor peça aos alunos que marquem o que está diferente. Isso<br />

facilitará a correção.<br />

O fim de Clarissa Dallas<br />

Esse trecho apresenta poucas situações para uso de pronomes, mas como queríamos que<br />

as crianças conhecessem a história para manter o senti<strong>do</strong>, utilizamos o final para uma atividade<br />

de reescrita <strong>do</strong> tipo jogo de erros, a fim de estimular no aluno o papel <strong>do</strong> revisor.<br />

Amplian<strong>do</strong> o conceito de pronome<br />

Concluídas as reestruturas, o professor pede que as crianças façam uma lista das palavras<br />

usadas — que não eram sinônimos — para evitar a repetição.<br />

Ao voltarem ao texto selecionarão: seu, ela, dela, sua(s).<br />

Peça-lhes em seguida que, reunidas em grupos, procurem em livros, jornais e revistas outras<br />

palavras que, segun<strong>do</strong> elas, poderiam fazer parte desse conjunto.<br />

Vá circulan<strong>do</strong> e observan<strong>do</strong> o que os alunos pensam ser os pronomes. Esta é uma boa oportunidade<br />

para o professor conhecer o pensamento deles. Quan<strong>do</strong> selecionarem alguma palavra,<br />

pergunte-lhes O que vocês observaram para achar que essa palavra também faz parte desse grupo?<br />

Quan<strong>do</strong> os alunos explicam o que pensaram o professor pode conhecer o pensamento deles.<br />

Quan<strong>do</strong> achar que o conjunto de pronomes já está razoável, o professor escreverá na lousa<br />

to<strong>do</strong>s os pronomes encontra<strong>do</strong>s e pedirá que, juntos, descubram todas as propriedades daquelas<br />

palavras. Poderão chegar às seguintes conclusões:<br />

• É um conjunto finito de palavras. (Concluirão isso a partir <strong>do</strong> fato de que os pronomes sempre<br />

se repetem.)<br />

• São palavras variáveis em gênero. (Logo encontrarão ele/ela, etc.).<br />

• São palavras variáveis em número.<br />

• São palavras variáveis em pessoa. (Essa conclusão é mais sutil, mas o professor poderá<br />

ajudá-los pedin<strong>do</strong> que observem transformações em frases. Mais adiante daremos sugestões<br />

de como o professor poderá proceder para ajudá-los a descobrir a variação de pessoa.)<br />

• Estão no lugar de outra palavra ou no lugar de um substantivo. (Peça que verifiquem no<br />

texto Clarissa Dallas que tipo de palavra os pronomes substituem e verificarão que são<br />

substantivos.)<br />

• Têm a função de evitar a repetição de palavras.<br />

Escreva o conceito com eles e peça que registrem no Caderno de Descobertas.<br />

Para ajudá-los a descobrir a variação de pessoa, sugerimos que o professor faça transformações<br />

em trechos <strong>do</strong> texto Clarissa Dallas. Por exemplo: Se você fosse a professora, como ficaria<br />

o 1º parágrafo da 3ª parte? E se fossem vários professores, como ficaria?<br />

Coloque para eles uma situação: Imaginem que sumiram objetos da classe. Quem teria si<strong>do</strong><br />

responsável por isso? As crianças irão sugerin<strong>do</strong>: fulano, tais pessoas, o professor, a faxineira, etc.<br />

Vá escreven<strong>do</strong> na lousa e peça para fazerem a correspondência: o fulano → ele, o professor → você,<br />

os alunos → nós, etc. Aos poucos as seis pessoas <strong>do</strong> discurso estarão apresentadas.<br />

69


A partir daí, falar em pessoas e pronomes será mais fácil.<br />

Neste volume não temos a intenção de ampliar mais o conceito de pronome nem de trabalhar<br />

com sua classificação. A partir desse momento, nosso encaminhamento será mais prático:<br />

uso textual, escrita e leitura de pronomes.<br />

Escolhemos esse enfoque porque, ao analisarmos erros de interpretação de textos e de leitura<br />

em outras áreas, verificamos que a dificuldade de interpretação <strong>do</strong> pronome deve-se à dificuldade<br />

de entender que ele varia dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> ponto de vista de onde o leitor se coloca.<br />

Para ilustrar essa dificuldade, trazemos uma situação ocorrida em sala de aula. Determinada<br />

aluna respondia às perguntas de interpretação de texto oferecidas pela professora. O texto era de<br />

Monteiro Lobato e a primeira pergunta era:<br />

“1 – Você observou quem é o personagem principal da história? Escreva seu nome no círculo<br />

maior e o nome <strong>do</strong>s personagens secundários nos círculos menores.”<br />

A aluna não teve dúvida. Escreveu Taciana (seu nome) no círculo maior, e não Narizinho como<br />

seria o correto. Respondeu dessa forma não porque não soubesse o que era personagem principal<br />

ou porque não conseguisse reconhecê-lo, mas porque não leu o pronome adequadamente.<br />

São justamente esses erros que pretendemos "atacar" diretamente. Para isso, criamos as atividades<br />

a seguir.<br />

Atividades de sistematização<br />

Irmã é fogo!<br />

Nosso objetivo é fazer com que os alunos percebam qual nome o pronome substitui. Ao<br />

pedirmos isso, desenvolvemos a acuidade de leitura <strong>do</strong>s pronomes. Essa atividade pode ser realizada<br />

como lição de casa.<br />

Questão 1:<br />

É uma atividade simples, onde o elemento substituí<strong>do</strong> é imediato. Pedimos que façam a substituição<br />

no próprio texto por não haver necessidade de transformações na estrutura das frases.<br />

Questão 2:<br />

Nessa questão, esperamos que percebam que, ao substituírem os pronomes pelos substantivos,<br />

o texto fica repetitivo.<br />

Questão 3:<br />

Aqui pedimos o inverso: os substantivos estão presentes o tempo to<strong>do</strong>, e os alunos devem<br />

substituí-los por pronomes ou simplesmente eliminá-los.<br />

Isso não é problema!<br />

Apresentamos problemas de Matemática, cujo enuncia<strong>do</strong> contém vários pronomes. Quem<br />

não conseguir observar a quem eles se referem, dança!<br />

Em alguns problemas a substituição <strong>do</strong>s pronomes é feita de forma mais direta. Em outros,<br />

como o problema 4, que tem vários referentes, é preciso um cuida<strong>do</strong> maior para fazer a substituição.<br />

A partir dessa atividade é interessante que o professor traga para a sala de aula outras questões,<br />

problemas de Matemática e situações <strong>do</strong> cotidiano que envolvam pronomes. Discutir a leitura<br />

<strong>do</strong>s textos e os erros no estabelecimento da relação entre o pronome e o ser substituí<strong>do</strong> pode<br />

ser riquíssimo para a classe.<br />

A tinta de escrever<br />

Questão 1:<br />

Nosso objetivo ao pedir que reescrevam substituin<strong>do</strong> a gente por nós é levá-los a observar<br />

a concordância entre pessoa verbal e pessoa pronominal, pois é muito freqüente eles deixarem<br />

de fazer a concordância e escreverem, por exemplo: “Eu se arrependi de ter dito aquilo”.<br />

Questão 2:<br />

Queremos levá-los a observar que a escolha de a gente ou nós implica uma mudança de linguagem.<br />

A escolha entre uma e outra depende <strong>do</strong> que desejamos produzir no nosso leitor.<br />

Pretendemos ultrapassar, dessa forma, a visão de certo e erra<strong>do</strong>, passan<strong>do</strong> para uma análise da<br />

língua enquanto formas possíveis que vão ser escolhidas, dependen<strong>do</strong> da intenção <strong>do</strong> autor.<br />

Quan<strong>do</strong> Millôr escolheu escrever dessa forma, não escreveu "erra<strong>do</strong>".<br />

Questão 3:<br />

Ao pedir que observem o que mais foi preciso alterar no texto, evidenciamos a necessidade<br />

de concordância entre pessoa verbal e pronominal.<br />

Questão 4:<br />

Nosso objetivo é manter atento o olhar das crianças para os adjetivos e locuções adjetivas.<br />

Aproveite para discutir a importância desses elementos dentro de um texto.<br />

70


Caminhan<strong>do</strong> e montan<strong>do</strong><br />

As crianças freqüentemente erram a grafia <strong>do</strong>s pronomes, usan<strong>do</strong> C onde deveria ser SS.<br />

Essa atividade pretende ajudá-las a descobrir que, à exceção de você, to<strong>do</strong>s os outros pronomes<br />

são escritos com SS.<br />

Escolhemos o Jogo de Torto para essa descoberta, pois, além de conhecimentos lingüísticos,<br />

esse tipo de jogo exige alto nível de utilização da inteligência. As regras estão no Livro <strong>do</strong><br />

Aluno.<br />

Colocamos apenas nove linhas, apesar de o Torto oferecer possibilidade de formarmos mais<br />

<strong>do</strong> que nove palavras, para não ficar difícil demais para eles. Entretanto, fica o desafio de acharem<br />

as dezoito palavras que estão escondidas.<br />

Observan<strong>do</strong> as palavras, eles poderão descobrir que todas são pronomes, são escritas com<br />

SS, são paroxítonas e terminam em vogal.<br />

Bicicletan<strong>do</strong> — 1ª parte<br />

As palavras O, OS, AS podem ser artigo ou pronome e a palavra A pode ser artigo, pronome<br />

ou preposição. Nosso objetivo nessa atividade é começar a trabalhar com essas possibilidades.<br />

Para isso, escrevemos um texto de piada e o dividimos em duas partes. Na primeira, retiramos os<br />

A, O, AS e pedimos que completem as lacunas com as palavras retiradas.<br />

Questão 1:<br />

Para completar as lacunas, os alunos trabalharão com o conhecimento de falantes da língua.<br />

Acreditamos que essa questão não oferecerá maiores problemas.<br />

Questão 2:<br />

As palavras marcadas com um círculo são artigos. Para descobri-las, eles terão de observar<br />

que se referem a substantivos, informan<strong>do</strong> seu gênero e número. São situações claras, que acreditamos<br />

não ofereçam dificuldade para serem solucionadas.<br />

Questão 3:<br />

As palavras marcadas por triângulo são pronomes. Esperamos que utilizem o recurso da<br />

substituição para fazer essa descoberta.<br />

Há uma terceira classe, marcada por quadradinhos, que os alunos ainda não conhecem. São<br />

as preposições. Nós colocamos as preposições para que saibam que elas existem e comecem a<br />

pensar nelas por negação. Na segunda parte da atividade elas serão utilizadas.<br />

Bicicletan<strong>do</strong> — 2ª parte<br />

Coita<strong>do</strong> <strong>do</strong> Joãozinho!<br />

Agora são os alunos que marcam a classe gramatical: círculos para artigos, triângulos para<br />

pronomes e quadra<strong>do</strong>s para não artigos/não pronomes. Aproveite a ocasião para ouvi-los e esclarecer<br />

as dúvidas que ainda restarem.<br />

Módulo XI — Verbo<br />

Considerações<br />

O trabalho com a classe <strong>do</strong>s verbos é de extrema importância dentro da língua. A idéia traduzida<br />

por eles é fundamental em um processo de comunicação e sua utilização correta implica uma<br />

qualidade textual diferenciada. Os verbos constituem um capítulo bastante extenso da Gramática,<br />

cujo estu<strong>do</strong> iniciaremos neste volume e continuaremos nos volumes posteriores, sempre com objetivos<br />

diferentes.<br />

Neste volume pretendemos:<br />

• introduzir o conceito de verbo;<br />

• fazê-los observar a concordância entre verbo e pronome;<br />

• ajudá-los a descobrir que existe um infinitivo;<br />

• levá-los a concluir que a partir desse infinitivo podemos agrupar os verbos em 1ª, 2ª e 3ª<br />

conjugação;<br />

• trabalhar um pouco com as idéias de passa<strong>do</strong>, presente e futuro, para prepará-los para a<br />

conjugação de verbos mais adiante;<br />

• refletir sobre alguns problemas de grafia de verbos, como a omissão da última letra <strong>do</strong> infinitivo<br />

e <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>; os SS <strong>do</strong> subjuntivo, AM/ÃO; a confusão no uso de L/U em final de<br />

verbos, substantivos e adjetivos.<br />

71


Para trabalhar o conceito de verbo, é preciso que antes retomemos algumas idéias ligadas<br />

a ele.<br />

Retoman<strong>do</strong> o conceito de verbo<br />

Normalmente os professores trabalham o conceito de verbo como a palavra que exprime<br />

uma idéia de ação. É isso que costuma estar escrito nos livros didáticos, foi dessa forma que nos<br />

ensinaram na escola e é assim, portanto, que costumamos ensinar nossos alunos. Acontece que<br />

conceituar verbo dessa maneira traz uma série de problemas bastante difíceis para as crianças (e<br />

para os professores também). Se você perguntar para as crianças o que é ação, elas responderão<br />

com certeza que ação é aquilo que a gente faz, ação é movimento. Se verbo é a palavra que exprime<br />

uma idéia de ação e ação é o que a gente faz, verbo é aquilo que a gente faz. É um pensamento<br />

lógico, não é?! Muito bem, quan<strong>do</strong> alguém diz: Pedro fazia palhaçadas, qual é o verbo?<br />

Seguin<strong>do</strong> o mesmo raciocínio, diríamos que o verbo é palhaçadas, pois não é palhaçada o que ele<br />

fazia? E qual é o verbo quan<strong>do</strong> dizemos que alguém morreu, <strong>do</strong>rmiu, pensou? Diríamos que não<br />

há verbo, pois a pessoa não faz nada, está imóvel, não há movimento! Esses erros que as crianças<br />

cometem são produto da forma como nós ensinamos e é por isso que os conceitos precisam ser<br />

bem construí<strong>do</strong>s, analisa<strong>do</strong>s, com um conjunto amplo de atributos, para que possam ter significa<strong>do</strong><br />

para o sujeito. Assim sen<strong>do</strong>, sugerimos ao professor como introduzir o conceito de verbo.<br />

Como introduzir o conceito de verbo<br />

Escreva para as crianças algumas frases, de preferência longas. Por exemplo: Hoje uma velha<br />

amiga da minha mãe preparou um <strong>do</strong>ce de banana delicioso para mim! Peça que falem se<br />

isso está dito no passa<strong>do</strong>, no presente ou no futuro. Dirão que está no passa<strong>do</strong>. Peça para alguém<br />

escrever na lousa como diria essa mesma idéia no presente e depois no futuro. As crianças costumam<br />

utilizar os tempos compostos para fazer essas passagens. Provavelmente apresentarão as<br />

seguintes soluções:<br />

— Hoje uma velha amiga da minha mãe está preparan<strong>do</strong> um <strong>do</strong>ce de banana delicioso para<br />

mim! e<br />

— Hoje uma velha amiga da minha mãe vai preparar um <strong>do</strong>ce de banana delicioso para mim!<br />

Não se preocupe com a escolha <strong>do</strong> tempo composto. Na oralidade pouco usamos os tempos<br />

simples <strong>do</strong> futuro, e o presente para eles é o aqui-agora, representa<strong>do</strong> pelo gerúndio. Esta<br />

solução apresentada é, portanto, qualitativamente boa. Esteja atento ao fato de não ser necessário<br />

mudar o advérbio hoje para ontem ou amanhã. Há uma idéia <strong>do</strong> senso comum de que se deve<br />

dizer ontem eu fui, hoje eu vou e amanhã eu irei.<br />

Depois que as crianças fizeram as duas transformações, peça que observem o que mudaram<br />

para alterar a idéia de tempo. Verificarão que a única palavra alterada na frase foi preparou. O professor<br />

poderá, então, começar a desenvolver com eles o conceito de verbo dizen<strong>do</strong>-lhes que há<br />

palavras que nos informam a idéia de tempo transforman<strong>do</strong>-se.<br />

Vamos, então, escolher um texto, alterar a idéia de tempo desse texto e achar outras palavras<br />

com essa mesma função para analisar esse conjunto. Reúna-os em duplas, peça que cada dupla<br />

escolha um texto diferente e altere a idéia de tempo. Feito isso, deverão grifar as palavras que alteraram.<br />

Concluí<strong>do</strong> o exercício, to<strong>do</strong>s dizem as palavras que encontraram e o professor vai escreven<strong>do</strong><br />

na lousa.<br />

Com a lousa repleta de palavras, diga-lhes que os gramáticos chamaram esse conjunto de<br />

palavras de verbos. Como eles poderiam definir o que são verbos? Começam, assim, a analisar<br />

as propriedades exatamente como fizeram com as outras classes gramaticais.<br />

Acreditamos que a essa altura <strong>do</strong> trabalho, eles procurem espontaneamente as propriedades<br />

<strong>do</strong>s verbos. Caso isso não aconteça, faça perguntas que possam dirigir-lhes o olhar para aspectos<br />

relevantes, como por exemplo:<br />

• Nós vimos que há classes de palavras finitas, como os artigos, e infinitas, como os substantivos<br />

e adjetivos. E o conjunto <strong>do</strong>s verbos, vocês acham que deve ser finito ou infinito? Por<br />

quê?<br />

• Nós vimos que podemos agrupar as palavras em variáveis e invariáveis. E os verbos, são<br />

variáveis ou invariáveis? Eles têm gênero? Variam em número? Em grau? Em tempo? Em pessoa?<br />

Analisan<strong>do</strong> o conjunto de palavras a partir das perguntas, poderão concluir (a partir da variedade<br />

encontrada) que a classe gramatical verbo é uma palavra variável em tempo, número e<br />

pessoa. Há um número infinito de verbos.<br />

Antes de continuar o trabalho, é importante que façam atividades para sistematizarem um<br />

72


pouco mais as idéias de passa<strong>do</strong>, presente e futuro, que são muito simples para nós, adultos, mas<br />

costumam ser complicadas para as crianças. Para tal sugerimos a estratégia a seguir.<br />

Quan<strong>do</strong> foi?<br />

O objetivo dessa atividade é a sistematização das idéias de passa<strong>do</strong>, presente e futuro.<br />

1 – Ofereça para cada aluno um papelzinho com uma palavra escrita. As palavras devem ser<br />

sempre um verbo no mo<strong>do</strong> indicativo, nas diversas pessoas e tempos.<br />

2 – Cada aluno deve escrever uma frase que informe algo interessante, utilizan<strong>do</strong> aquela<br />

palavra que recebeu. Depois, entrega sua frase para o professor.<br />

3 – O professor escreve a frase de to<strong>do</strong>s os alunos em uma folha e reproduz em mimeógrafo<br />

ou xerox para to<strong>do</strong>s. Caso haja erro na frase de alguma criança, o professor deve observar o que<br />

a levou a errar para trabalhar o erro depois, mas deve escrever corretamente a frase para eles.<br />

4 – De posse das frases, em grupo ou individualmente, os alunos devem sublinhar os verbos<br />

e dizer se estão no passa<strong>do</strong>, no presente ou no futuro.<br />

Caso o professor deseje transformar a atividade em jogo, é só estabelecer os pontos no momento<br />

da correção. Cada frase certa vale um ponto, e ganha a equipe que obtiver o maior número<br />

de pontos.<br />

Sugestão de verbos que poderão ser utiliza<strong>do</strong>s para a atividade:<br />

falava encontrarei cantaria apren<strong>do</strong><br />

comi subo sorri sumia<br />

conseguia encontra pintará vende<br />

bebeu compreenderei parti fingiu<br />

coloriram agredirá molhamos soprávamos<br />

atolaremos nadaremos crescemos torcíamos<br />

saímos tossimos garantimos brincam<br />

tocam pensavam esquecem temiam<br />

telefonarão<br />

caíram<br />

leram fugiam garantirão<br />

São apenas sugestões. O professor poderá escolher outros. (Ao escolher os verbos, esteja<br />

atento em variar as pessoas, os tempos e as conjugações.)<br />

Atividades para sistematizar a idéia de presente, passa<strong>do</strong> e futuro<br />

Veja, a seguir, os comentários sobre as atividades <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno que sistematizam as<br />

descobertas conquistadas até agora.<br />

Momento na delegacia<br />

Nosso objetivo nessa atividade é a utilização de verbos no passa<strong>do</strong> e sua transformação no<br />

tempo. Queremos que observem que essa transformação produz uma mudança no final da palavra<br />

ou na palavra como um to<strong>do</strong>.<br />

Esta é uma atividade para ser realizada na classe e em grupos.<br />

Questão 1:<br />

A escolha <strong>do</strong> pretérito imperfeito é natural nesse contexto. Acreditamos que consigam completar<br />

as lacunas como falantes da língua. As lacunas com os verbos ser, ter e estar podem oferecer<br />

maiores dificuldades para eles. Sugerimos que o professor oriente os alunos a resolverem<br />

o que faria senti<strong>do</strong> pelo contexto <strong>do</strong> texto, ou, em último caso, que dê a solução <strong>do</strong> primeiro ter<br />

e ser. Os restantes eles mesmos saberão responder.<br />

No momento da correção, as dúvidas que ainda restarem podem ser resolvidas pelo grupo<br />

ou pelo professor.<br />

Questão 2:<br />

Pedimos a alteração <strong>do</strong> tempo no trecho inicial para que possam observar como acontece<br />

essa transformação.<br />

73


O professor deve pedir que os alunos comparem os verbos no passa<strong>do</strong> e no presente e<br />

observem o que se transformou. Nesse momento ficarão em destaque as transformações das<br />

desinências (final <strong>do</strong> verbo) ou da palavra toda em alguns casos.<br />

Questão 3:<br />

Pedimos que continuem a escrever a notícia com o objetivo de levá-los a refletir sobre os da<strong>do</strong>s<br />

apresenta<strong>do</strong>s no texto. Para escrevê-la terão que criar uma explicação e, ao mesmo tempo,<br />

utilizar o tempo presente por uma necessidade de concordância com o início <strong>do</strong> texto.<br />

Aqui e agora!<br />

Nessa atividade procuramos ultrapassar o mero reconhecimento de passa<strong>do</strong>, presente e futuro.<br />

A escolha de um determina<strong>do</strong> tempo tem relação com o tipo de texto ou de porta<strong>do</strong>r no qual<br />

ele aparece. Nessa medida, reconhecer o verbo é um meio de obter da<strong>do</strong>s para atingir outro fim,<br />

que é percebê-lo em seu meio textual.<br />

Questão 1:<br />

Ao pedirmos que encontrem verbos em manchetes de jornais, buscamos um porta<strong>do</strong>r de<br />

texto vivo no mun<strong>do</strong> e que tem propriedades específicas.<br />

Questão 2:<br />

As manchetes costumam estar no presente ou no futuro, por isso acreditamos que serão<br />

esses os tempos encontra<strong>do</strong>s.<br />

Questão 3:<br />

Pedimos aqui a relação entre o porta<strong>do</strong>r de texto e o tempo verbal. O jornal é um veículo<br />

diário, atualiza<strong>do</strong>, portanto sua manchete conta o que está acontecen<strong>do</strong> agora, ou o que irá acontecer<br />

provavelmente em um futuro próximo. A escolha desses tempos verbais garante a atualidade<br />

e, portanto, a eficiência da informação.<br />

Questão 4:<br />

Ao reescreverem as manchetes no passa<strong>do</strong> operarão transformações no tempo. Elas serão<br />

a base necessária para a reflexão que será pedida na questão 5.<br />

Questão 5:<br />

A alteração para o passa<strong>do</strong> evidencia a desatualização da notícia e leva-os a perceber a incoerência<br />

entre o objetivo da manchete (chamar a atenção, ser atual) e um fato ultrapassa<strong>do</strong>, revela<strong>do</strong><br />

pelo uso <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>.<br />

Introduzin<strong>do</strong> a idéia de pessoa e número nos verbos<br />

Caso a idéia de pessoa e número não surja espontaneamente, escreva na lousa o seguinte:<br />

Ontem fui ao cinema. Pergunte em seguida para eles quem é que foi ao cinema e eles dirão: Eu.<br />

O professor pergunta: Como vocês sabem se não está escrito? A primeira reação das crianças costuma<br />

ser de perplexidade. Elas sabem que sabem, mas não sabem de onde tiraram essa informação.<br />

Costumam responder à pergunta dizen<strong>do</strong>: Fui eu porque, se fosse a gente, diríamos: "Ontem<br />

fomos ao cinema", ou se fosse você, diria: "Ontem você foi ao cinema". Ou seja, eles demonstram<br />

pela transformação prática. Vá, então, ajudan<strong>do</strong>-os a corresponder cada uma das pessoas <strong>do</strong>s<br />

pronomes com os verbos. Para isso você pode perguntar: Quan<strong>do</strong> digo compramos, quem comprou?<br />

E quan<strong>do</strong> digo comprei, quem comprou? E assim por diante, até que todas as pessoas<br />

pronominais sejam levantadas com as crianças. Nesse momento o professor já pode ampliar o<br />

conceito:<br />

Além de informar uma idéia de tempo, o verbo também indica a pessoa e o número: se sou<br />

eu, você, ele, nós, vocês, eles.<br />

Retome o conceito e amplie-o. Agora, vale a pena pedir, como lição de casa, que transformem<br />

a pessoa de alguns parágrafos de forma que possam usar e verificar o conceito construí<strong>do</strong>, além<br />

de trabalhar com concordância verbal e pronominal nesse tipo de atividade. No Livro <strong>do</strong> Aluno<br />

apresentamos algumas sugestões de trabalho.<br />

Atividades para sistematizar a idéia de pessoa e número<br />

Haza Rádu e Péfriu Dana<strong>do</strong> — 1ª parte<br />

Ao fazer todas as transformações no diário de Haza Rádu, as crianças poderão observar que,<br />

quan<strong>do</strong> mudamos o número de pessoas, mudamos também o verbo e o pronome.<br />

Apresentamos essas mudanças dentro de uma história para que houvesse um contexto que<br />

desse senti<strong>do</strong> às transformações.<br />

74


Questão 1:<br />

Primeira transformação: Ao mudar o número de homens mal-encara<strong>do</strong>s, automaticamente<br />

o pronome transforma-se em os e o verbo em saíram.<br />

Segunda transformação: Mas, se forem duas pessoas observan<strong>do</strong> a cena, novas transformações<br />

são necessárias: segui vira seguimos; eu passa a nós; vi vira vimos.<br />

Questão 2:<br />

Pedimos que circulem as palavras alteradas para que, fican<strong>do</strong> mais evidentes, eles possam<br />

refletir sobre elas.<br />

Questão 3:<br />

Como nosso objetivo é a análise da relação entre verbos e pronomes, pedimos que observem<br />

que sempre elas se alteram. Apenas mal-encara<strong>do</strong> (adjetivo) se alterou na primeira reescrita, além<br />

das que queríamos.<br />

Haza Rádu e Péfriu Dana<strong>do</strong> — 2ª e 3ª partes<br />

E a história continua. Haza Rádu ficou tão nervoso com a perseguição, que cometeu erros de<br />

concordância entre o verbo e o pronome. É essa relação que pretendemos que estabeleçam. A<br />

correção dessas atividades é fundamental. É através dela que o professor vai ter oportunidade de<br />

acompanhar como as crianças pensaram, ajudan<strong>do</strong>-as a descobrir um caminho de pensamento<br />

mais amplo.<br />

Aproveite a ocasião para trazer novas situações de erros de concordância entre verbo e<br />

pronome. Eles costumam falar “eu se olho no espelho” e outras expressões semelhantes. Retire<br />

trechos <strong>do</strong>s textos deles com esse tipo de erro e crie uma atividade com esse universo de expressões.<br />

Na parte 3 dessa atividade, novamente pronomes e pessoas verbais devem concordar. Haza<br />

Rádu pede para o leitor organizá-los. Como fechamento da atividade, pedimos que as crianças explicitem<br />

em uma regra a descoberta que, esperamos, tenham feito ao longo da atividade!<br />

Questão 1:<br />

Ao pedirmos para as crianças escreverem o que acham que os <strong>do</strong>is detetives aprenderam,<br />

imaginamos que escrevam coisas relacionadas aos fatos aconteci<strong>do</strong>s, como, por exemplo, que<br />

eles não devem confiar em bandi<strong>do</strong>s; ou que um deles deve sempre ficar vigian<strong>do</strong>, ou outras coisas<br />

mais que, com certeza, surgirão. Ler essas respostas em voz alta e saboreá-las vai preparar a surpresa<br />

que terão ao decifrar a charada na questão 2, ao compreenderem que eram descobertas<br />

bem diferentes que os aguardavam!<br />

Introduzin<strong>do</strong> os infinitivos<br />

Os verbos costumam aparecer conjuga<strong>do</strong>s nos textos. Aproveite uma dessas situações,<br />

depois que tiverem assimila<strong>do</strong> o conceito de verbo, e peça que encontrem no dicionário algum<br />

verbo. Não fale o infinitivo para eles, deixe que procurem como está no texto. Provavelmente<br />

protestarão dizen<strong>do</strong>: Não tem no meu dicionário. Pergunte-lhes se não há mesmo e sugira que<br />

procurem outros verbos <strong>do</strong> mesmo texto. Como não encontrarão, pergunte-lhes se o dicionário<br />

não registra verbos. Geralmente algum aluno descobre que os verbos aparecem de outra forma.<br />

Quan<strong>do</strong> a solução surge, peça que o aluno explique como encontrou. Caso ninguém ache a solução,<br />

diga-lhes que os verbos aparecem de outra forma no dicionário e desafie-os a encontrá-los.<br />

Depois que descobrirem o infinitivo, explique-lhes que a Gramática chama essa forma verbal<br />

de infinitivo e que infinitivo vem de infinito, pois é o verbo em si, sem estar no passa<strong>do</strong>, no<br />

presente ou no futuro. O infinitivo é uma forma atemporal.<br />

Sistematização da formação <strong>do</strong> infinitivo<br />

Faça algumas atividades de sistematização <strong>do</strong>s infinitivos. Sugerimos jogos como este que<br />

explicaremos a seguir:<br />

Diga logo!<br />

Faça previamente uma lista de verbos conjuga<strong>do</strong>s em diferentes tempos e pessoas. Leve-a<br />

por escrito, pois é muito difícil inventar os verbos na hora e coordenar o jogo ao mesmo tempo.<br />

Ser rápi<strong>do</strong> é fundamental para o jogo ser gostoso.<br />

75


Não se esqueça de colocar em sua lista verbos irregulares, para que possam ser bem explora<strong>do</strong>s.<br />

As crianças costumam ter dificuldade em reconhecer o infinitivo desses verbos. Imaginar<br />

que coubéssemos é forma conjugada <strong>do</strong> verbo caber; éramos é forma conjugada de ser; estivemos<br />

é de estar é difícil para eles. Gaste energia nesse trabalho, peça que procurem verbos nos<br />

mais varia<strong>do</strong>s porta<strong>do</strong>res de textos e procurem o infinitivo em outras situações, para sistematizarem<br />

essa idéia.<br />

Como jogar:<br />

1 – Faça uma lista de verbos conjuga<strong>do</strong>s, nos mais varia<strong>do</strong>s tempos e pessoas.<br />

2 – Organize a classe em equipes e diga um verbo de sua lista, em voz alta para to<strong>do</strong>s ouvirem.<br />

3 – Cada equipe escreve rapidamente o infinitivo daquele verbo em um pedaço de papel e<br />

levanta para to<strong>do</strong>s verem.<br />

4 – A equipe que levantar o infinitivo correto em primeiro lugar ganha aquele ponto, e o professor<br />

fala um novo verbo para a classe.<br />

5 – O jogo prossegue até que o professor determine seu término, ou por terem acaba<strong>do</strong> as<br />

palavras ou por ter si<strong>do</strong> esgota<strong>do</strong> o tempo estipula<strong>do</strong> para o jogo.<br />

6 – Vence a equipe que obtiver o maior número de pontos.<br />

Depois, proponha-lhes que retomem os verbos que usaram no jogo e escreva-os na lousa.<br />

Em seguida, peça que observem o que eles têm em comum. Poderão observar que to<strong>do</strong>s terminam<br />

em R. E antes <strong>do</strong> R, que letras aparecem? Verão que sempre aparecem A, E, O. Por que será<br />

que os verbos estão organiza<strong>do</strong>s dessa forma? Seria por acaso? Deixe que levantem hipóteses.<br />

Depois faça a demonstração, conjugan<strong>do</strong> com eles algum verbo regular no presente ou no pretérito,<br />

e peça que observem como se comportam os outros verbos com a mesma terminação. Dessa<br />

forma poderão verificar que os verbos estão organiza<strong>do</strong>s em conjugações e que isso facilita para<br />

o falante. Já pensou se não houvesse um sistema que organizasse a língua e nós tivéssemos que<br />

saber individualmente cada verbo?!<br />

Para sistematizar essas descobertas sugerimos a atividade <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno comentada a<br />

seguir:<br />

Problemas<br />

E quanta gente não leva a vida assim...<br />

Questão 1:<br />

Nosso objetivo é que apliquem a idéia de tempo para encontrar os verbos. Como já trabalharam<br />

com infinitivo, acreditamos que encontrarão inclusive sair, tirar e chover.<br />

Questão 2:<br />

Depois de to<strong>do</strong> o trabalho realiza<strong>do</strong> na lousa, acreditamos que será uma tarefa simples passálos<br />

para o infinitivo.<br />

Questão 3:<br />

Esperamos que reconheçam as conjugações, classifican<strong>do</strong> os verbos encontra<strong>do</strong>s.<br />

Questão 4:<br />

a) É uma proposta bastante difícil de concordância. Para que possam concluir que fica: Quase<br />

os atropela para deter-se ao sinal que lhe fizeram, terão que pensar muito!<br />

b) Esperamos que a essa altura <strong>do</strong> trabalho não tenham dificuldade em concluir que a palavra<br />

destacada é um pronome. Sugerimos que levantem as possibilidades. A palavra os pode ser o<br />

quê? Artigo ou pronome. Como saber qual <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is? O que é necessário para ser artigo? O os<br />

desse trecho está indican<strong>do</strong> se algum substantivo é masculino plural? E assim por diante, até que,<br />

pelo conceito, consigam concluir pelo pronome.<br />

c) Nosso objetivo é que possam reconhecer os outros pronomes <strong>do</strong> trecho: se e lhe.<br />

Como não pretendemos trabalhar com conjugação verbal, vamos apenas mostrar a existência<br />

e a beleza de um sistema, não nos aprofundan<strong>do</strong> mais no assunto.<br />

A escolha de tempos verbais é decisiva para a criação de inúmeros jogos discursivos em textos.<br />

Esses jogos serão explora<strong>do</strong>s no Livro de Leitura e Interpretação de Textos, volumes 3 e 4.<br />

No Livro de Gramática/Ortografia, incluímos apenas uma atividade, mas gostaríamos que o professor<br />

tivesse sempre em mente a importância e a possibilidade de se analisar esse aspecto nos<br />

textos, aproveitan<strong>do</strong> as situações informais que surgirem na sala de aula e enriquecen<strong>do</strong> o<br />

trabalho diário.<br />

76


Atividades de sistematização de questões ortográficas relativas à<br />

grafia de verbos<br />

Como há uma série de erros de grafia relativos à escrita de verbos, preparamos uma série<br />

de atividades que têm o objetivo de levar os alunos a descobrir propriedades <strong>do</strong> sistema da língua<br />

que possam ajudá-los a tomar uma decisão ortográfica no momento da escrita.<br />

Selecionamos VEL/VEU, AM/ÃO, ESSE/ECE e aglutinação <strong>do</strong> pronome ao verbo por serem<br />

erros muito freqüentes entre as crianças dessa faixa etária.<br />

Correspondência<br />

Esta é mais uma deliciosa criação de Millôr Fernandes.<br />

Questão 1:<br />

Todas as palavras são verbos. Discuta com as crianças que esses verbos não existem, foram<br />

inventa<strong>do</strong>s pelo autor. Elas costumam perceber isso de imediato.<br />

Questão 2:<br />

Como criar palavras? Transforman<strong>do</strong> substantivos em verbos, teremos a ação centrada no<br />

objeto. Esta idéia é incrível! É importante que nessa questão o professor não aceite respostas vagas<br />

como inventou outra língua, por exemplo. Pergunte-lhes, no caso: Inventou como? Nosso<br />

objetivo é o processo, o recurso dessa invenção.<br />

Questão 3:<br />

Queremos que concluam que, ao criar essas palavras, o autor produziu humor.<br />

Questão 4:<br />

Vamos aprender a bilhetar com o Millôr? O que será que cada um vai responder? Pendure<br />

os bilhetes no mural da classe. Acreditamos que muitas gargalhadas estarão garantidas.<br />

A partir daqui encaminharemos o trabalho para a grafia de verbos pois ainda verificamos<br />

muitos erros liga<strong>do</strong>s à escrita dessa classe gramatical. No Livro <strong>do</strong> Aluno encontramos atividades<br />

específicas para trabalhar a grafia de VEL/VEU; AM/ÃO; aglutinação <strong>do</strong> pronome no verbo;<br />

ESSE/ECE. Trataremos dessas atividades a seguir.<br />

O maravilhoso mun<strong>do</strong> ártico<br />

Nosso objetivo é que percebam que os verbos no futuro são escritos com ÃO e os verbos no<br />

passa<strong>do</strong> e no presente são escritos com AM.<br />

Questão 1:<br />

É preciso que reconheçam o tempo verbal para fazer a associação entre o tempo e a grafia.<br />

Depois de tantos trabalhos realiza<strong>do</strong>s, acreditamos que não terão dificuldade em reconhecer que<br />

os verbos estão no futuro.<br />

Questão 2:<br />

Como a terminação ÃO é própria <strong>do</strong> plural, pedimos que façam a divisão para que as terminações<br />

fiquem mais nítidas e, portanto, mais fáceis de serem observadas.<br />

Caso algum aluno estranhe o verbo elevar-se-ão, retome com ele colocan<strong>do</strong> o pronome antes:<br />

“se elevarão”, para que o verbo fique na construção regular. Explique que em algumas situações<br />

o pronome é coloca<strong>do</strong> “no meio” <strong>do</strong> verbo. Não aprofunde mais a discussão, pois colocação<br />

pronominal é um assunto que será aborda<strong>do</strong> com profundidade apenas em séries posteriores.<br />

Questão 3:<br />

São duas terminações interessantes: no singular to<strong>do</strong>s os verbos têm acento, no plural terminam<br />

em ÃO.<br />

Questão 4:<br />

Ao pedirmos a mudança para o passa<strong>do</strong>, obrigamos as crianças a fazerem a passagem <strong>do</strong><br />

ÃO para AM.<br />

Questão 5:<br />

Focalizamos o olhar <strong>do</strong>s alunos na terminação das conjugações de futuro e passa<strong>do</strong> para<br />

deixar bem claro como elas são. Não basta apenas saber fazer, é preciso ter consciência <strong>do</strong> que<br />

se transforma. Quem sabe agora errem menos essa terminação verbal!<br />

Questão 6:<br />

A partir <strong>do</strong> que fez, o aluno pode aprender a verbalizar essa aprendizagem. Além de ser obriga<strong>do</strong><br />

a organizá-la, ele instaura-a enquanto conhecimento. Ele pode levar em conta o tempo e concluir:<br />

“Se for futuro, uso ÃO; se for presente ou passa<strong>do</strong>, uso AM; pode considerar também a tonicidade:<br />

“Se for futuro é oxítona; se for passa<strong>do</strong> ou presente é paroxítona”.<br />

77


Resolveu?<br />

As crianças costumam confundir e escrever finais de verbos com L e finais de adjetivos com<br />

U. Refletir sobre essa questão é o objetivo dessa atividade.<br />

Retomamos um contexto para introduzir o trabalho. Você se lembra <strong>do</strong> Danival? Agora<br />

criamos o Genival. Nessa atividade dirigimos o olhar das crianças para o aspecto que nos interessa:<br />

as palavras que terminam em VEL.<br />

Questão 1:<br />

Optamos por trabalhar com adjetivos que não são inicia<strong>do</strong>s pelo prefixo I, IN, com me<strong>do</strong> de<br />

que isso dificultasse às crianças perceberem o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> VEL. Ao explicar o que cada palavra quer<br />

dizer, esse senti<strong>do</strong> emergirá: controlável é aquilo que pode ser controla<strong>do</strong>; previsível é aquilo que<br />

pode ser previsto; e assim por diante. Explore com eles esse significa<strong>do</strong>. As crianças já trabalharam<br />

com essa idéia quan<strong>do</strong> discutiram que uma palavra podia ser variável. Palavra variável é<br />

aquela que pode variar. Discuta com eles o que pode variar em oposição ao que tem que variar.<br />

O que pode não significa que tem necessariamente. São diferenças sutis, mas fundamentais em<br />

termos de leitura de texto e de vida.<br />

Questão 2:<br />

Nessa questão começamos a opor as duas terminações: VEL e VEU. Ao observarem o primeiro<br />

quadro, poderão enxergar com nitidez as diferenças entre elas. O som é o mesmo, mas:<br />

a) as palavras da primeira coluna terminam em VEL, são adjetivos, são paroxítonas e acentuadas;<br />

b) as palavras da segunda coluna terminam em VEU, são verbos, são oxítonas e não são<br />

acentuadas.<br />

Que tal? Agora já dá para saber quan<strong>do</strong> é com U ou com L?<br />

Bingo VEL/VEU<br />

Se o professor achar necessário fixar mais essa dificuldade ortográfica com sua classe, sugerimos<br />

que faça um jogo de bingo. As regras são as mesmas de sempre:<br />

1 – O professor pede que os alunos peguem uma folha de papel e montem uma tabela com<br />

25 quadra<strong>do</strong>s (5 linhas e 5 colunas); escolhe 25 palavras terminadas em VEL ou VEU e vai ditan<strong>do</strong>-as;<br />

cada aluno escreve as palavras ditadas em algum lugar de sua cartela.<br />

2 – Depois que a cartela fica completa, o professor vai sortean<strong>do</strong> as palavras e os alunos vão<br />

assinalan<strong>do</strong> em suas cartelas.<br />

3 – Quem completar a linha, a coluna ou a diagonal fala Bingo! e mostra a cartela para o professor.<br />

Se todas as palavras da linha sorteada estiverem certas, esse aluno será o vence<strong>do</strong>r.<br />

4 – Se houver erro, o professor diz que tem erro, marca a linha, a coluna ou a diagonal para<br />

anulá-las, mas não aponta o que está erra<strong>do</strong>, e o aluno continua concorren<strong>do</strong> com outra linha ou<br />

coluna. (As palavras da linha riscada continuam valen<strong>do</strong>, só que em outra seqüência.)<br />

5 – Pode-se jogar até o quinto, décimo... coloca<strong>do</strong>. O importante é que to<strong>do</strong>s se divirtam!<br />

Sugestão de palavras para o bingo:<br />

irresistível intolerável injetável suportável<br />

intragável impossível demonstrável instável<br />

saciável solúvel inacreditável imprestável<br />

demoveu compreendeu dissolveu absorveu<br />

viveu amoleceu desenvolveu resolveu<br />

comeu elegeu correspondeu pareceu<br />

Aukê<br />

Nosso objetivo é que as crianças observem que às vezes o pronome aparece antecedi<strong>do</strong> de<br />

hífen, às vezes não. E como devem pensar para decidir se devem usar hífen ou não?<br />

Questão 1:<br />

Para pensar sobre pronomes, é preciso primeiramente reconhecê-los. O uso <strong>do</strong>s oblíquos é<br />

difícil e complica<strong>do</strong>, por isso demos uma atenção especial para eles.<br />

a) É preciso que eles vejam que são palavras diferentes, inclusive de classes gramaticais<br />

diferentes.<br />

b) Aqui eles deverão aplicar o que descobriram. É nesse momento que o professor pode observar<br />

se eles compreenderam ou não e como estão pensan<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> erram. Essas observações<br />

ajudarão o professor a descobrir uma maneira de interferir para ajudá-los.<br />

78


Questão 2:<br />

Reproduzimos aqui o erro das crianças. Muitos, quan<strong>do</strong> descobrem os pronomes, escrevemnos<br />

aglutina<strong>do</strong>s aos verbos. Quan<strong>do</strong> perguntamos se seria possível escrevê-los assim, preparamos<br />

a segunda parte da questão, a qual esperamos que justifiquem assim: São duas palavras diferentes.<br />

Quan<strong>do</strong> escrevemos junto duas palavras diferentes, elas viram uma só e perdem a identidade.<br />

As crianças já viram muito o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> espaço entre as palavras como elemento que dá<br />

identidade a elas. Por essa razão, não seria possível escrever “pegálo”.<br />

Parece e é!<br />

Reciclamos o poema de Sylvia Orthof para que ficasse repleto de subjuntivos. Nosso objetivo<br />

não é nem o reconhecimento <strong>do</strong> tempo nem <strong>do</strong> conceito de mo<strong>do</strong> verbal. Queremos apenas<br />

oferecer um instrumento de decisão para as crianças quan<strong>do</strong> tiverem que escrever essas palavras,<br />

pois é comum encontrarmos “falace” (em vez de falasse), “comece” (no lugar de comesse), etc.<br />

em textos escritos por elas.<br />

Questão 1:<br />

Utilizan<strong>do</strong>-nos da charada, isolamos os verbos no subjuntivo. No enuncia<strong>do</strong> destacamos as<br />

propriedades relevantes para uma decisão ortográfica e esse é o nosso objetivo na questão.<br />

Questão 2:<br />

Isolamos os subjuntivos de verbos da segunda conjugação, pois são os mais confundi<strong>do</strong>s, por<br />

terem finais em ece e esse. É a existência das duas formas que evidenciamos nas duas colunas.<br />

Questão 3:<br />

Todas as questões dessa atividade têm o objetivo de fornecer elementos de decisão para as<br />

crianças em um momento de dúvida ortográfica. O que aprenderam? Esperamos que concluam:<br />

• As palavras terminadas em esse são escritas com ece antes <strong>do</strong> esse.<br />

• As palavras terminadas em ece estão no presente.<br />

• As palavras terminadas em ece afirmam algo. Acreditamos que essa conclusão tenha que<br />

ser desencadeada pelo professor, através de perguntas como: Nós vimos na questão 1 que as<br />

palavras terminadas em esse indicam algo que pode ser que aconteça ou não. E as palavras terminadas<br />

em ece, o que indicam?<br />

Questão 4:<br />

Muitas charadas (infames...) para as crianças resolverem. Além de desenvolver o raciocínio<br />

dedutivo, essa questão pede que as crianças apliquem as descobertas de como pensar para decidir<br />

quan<strong>do</strong> usar ece ou esse.<br />

MÓDULO XII — Numeral<br />

Considerações<br />

Os numerais são formas de representação de quantidades precisas ou da ordem das coisas.<br />

Nos textos, acompanham ou substituem substantivos. Se compara<strong>do</strong>s aos pronomes, com os<br />

quais as crianças os confundem tantas vezes, poderíamos observar que é possível representá-los<br />

por meio de algarismos, mas não é possível representar por algarismos as palavras alguns, to<strong>do</strong>s,<br />

muitos, que também trazem uma idéia de quantidade, mas indefinida.<br />

Para introduzir o conceito de numerais preparamos uma atividade específica, proposta no<br />

Livro <strong>do</strong> Aluno, intitulada Idéias ou . Fazen<strong>do</strong> essas atividades, as crianças poderão verificar algumas<br />

propriedades <strong>do</strong>s numerais.<br />

Introduzin<strong>do</strong> o conceito de numeral<br />

Idéias ou<br />

O objetivo dessa atividade é fornecer da<strong>do</strong>s que permitam às crianças começar a construir<br />

o conceito de numeral.<br />

Questão 1:<br />

Primeiramente elas devem completar cada coluna com a forma de representação que a<br />

caracteriza. Como são formas bem diferentes e os numerais são assunto cotidiano nas aulas de<br />

Matemática, acreditamos que completarão com facilidade.<br />

79


Questão 2:<br />

Se a criança olhar para as três colunas de uma mesma linha, poderá perceber que, apesar<br />

das formas diferentes de representação, é sempre a mesma quantidade que está sen<strong>do</strong> representada.<br />

Essa é uma das propriedades <strong>do</strong> numeral.<br />

Questão 3:<br />

Que lei darão para cada coluna? A imaginação das crianças é fantástica. Nosso objetivo é<br />

que observem o que há de comum em cada uma das formas de representação.<br />

Questão 4:<br />

Ao pedirmos que completem as três últimas linhas respeitan<strong>do</strong> as características de<br />

cada coluna, levamos as crianças a observar as propriedades de cada uma delas. Isso vai preparálas<br />

para o conceito que será pedi<strong>do</strong> a seguir. Como cada criança escolherá um numeral diferente,<br />

no momento da correção o professor terá a oportunidade de ampliar o universo de numerais<br />

da classe e de observar o que as crianças estão compreenden<strong>do</strong> através da análise <strong>do</strong>s seus<br />

erros.<br />

Questão 5:<br />

Aqui usamos a nomenclatura da Gramática: numerais. Nessa questão o professor abre a discussão<br />

para a classe toda. Acreditamos que sua interferência por meio de perguntas seja fundamental.<br />

O professor poderá perguntar, por exemplo:<br />

• É um conjunto finito ou infinito?<br />

• Todas essas formas que aparecem na tabela são numerais?<br />

• O que eles representam?<br />

• Representam quantidades de quê?<br />

• Agora vamos observar apenas a 3ª coluna, quan<strong>do</strong> são representa<strong>do</strong>s por palavras. Formam<br />

um conjunto de palavras variáveis ou invariáveis?<br />

• Se variarem, variam em quê?<br />

• A palavra muitos pode fazer parte desse conjunto? Por quê?<br />

Após a discussão, terão condições de formular um conceito semelhante a esse:<br />

Numerais são formas de representar uma quantidade. São infinitos. Quan<strong>do</strong> representa<strong>do</strong>s<br />

por palavras, algumas são variáveis em gênero (primeiro, primeira), em número (primeiras), informam<br />

uma quantidade precisa de qualquer coisa ou a ordem de algo numa série de coisas.<br />

Questão 6:<br />

Na brincadeira <strong>do</strong> Não confunda, destacamos a importância de se estar atento ao conceito<br />

e ao contexto das palavras, para não confundi-las.<br />

a) Um quarto de hora são 15 minutos.<br />

b) No quarto na hora significa que é para se recolher no horário combina<strong>do</strong>.<br />

c) Quarto em a é numeral, em b é substantivo.<br />

Se as crianças conseguirem resolver a questão 6, estarão demonstran<strong>do</strong> saber pensar, e<br />

muito conhecimento.<br />

No volume 3 de Construin<strong>do</strong> a escrita – Leitura e Interpretação de Textos, encontra-se o texto<br />

Abri<strong>do</strong>r de latas, de Millôr Fernandes, em que se retoma o conceito de numeral, mostran<strong>do</strong> para<br />

as crianças uma possibilidade de uso de numerais para a produção de jogos discursivos. É importante<br />

que o professor faça a relação entre o que é estuda<strong>do</strong> no livro de Gramática e as funções<br />

textuais analisadas no livro de Leitura e Interpretação.<br />

Em seguida, para que possam ampliar a idéia de numeral, sugerimos a atividade Emplacan<strong>do</strong><br />

informações, proposta no Livro <strong>do</strong> Aluno.<br />

Emplacan<strong>do</strong> informações<br />

Nas situações informais, a representação das quantidades por algarismos é muito mais utilizada<br />

<strong>do</strong> que a representação por extenso. Nessa atividade pretendemos que compreendam o<br />

porquê disso.<br />

Questão 1:<br />

Destacamos que os numerais estão representa<strong>do</strong>s por algarismos e não por extenso, para<br />

que possam responder às questões seguintes.<br />

Questão 2:<br />

a) Os numerais por extenso ocupam muito mais espaço <strong>do</strong> que os algarismos. Observan<strong>do</strong><br />

isso, as crianças poderão compreender uma das razões da escolha de algarismos, e não de numerais<br />

por extenso, nesse tipo de texto.<br />

80


) Cremos que a primeira coisa que se evidencia é o espaço maior que o numeral por extenso<br />

ocupa.<br />

Questão 3:<br />

Por que essa preferência por algarismos no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s anúncios? Vemos três razões:<br />

1 – Ocupam menos espaço.<br />

2 – Os algarismos destacam-se das letras, chaman<strong>do</strong> mais atenção.<br />

3 – É uma forma mais ágil, mais rápida de se garantir a comunicação.<br />

Pesquisan<strong>do</strong><br />

Em seguida, os alunos poderão procurar numerais em diferentes porta<strong>do</strong>res de textos. Divida<br />

a classe em grupos e peça que cada grupo investigue um tipo de texto, procuran<strong>do</strong> verificar se há<br />

numerais e qual sua forma de representação (algarismos ou por extenso?), se aparecem muitos<br />

ou poucos e se há alguma relação entre a presença ou a ausência deles naquele tipo de texto.<br />

Sugerimos que investiguem um texto literário, uma receita de comida ou de tricô, atlas, manual<br />

de instruções de jogo, um relatório de experimento e outros textos à escolha <strong>do</strong> professor e<br />

<strong>do</strong> grupo. Para essa análise, podem ser utiliza<strong>do</strong>s inclusive os textos <strong>do</strong> volume 3 de Interpretação<br />

de Textos desta coleção.<br />

Após essa análise as crianças terão uma listagem grande de numerais. Podem agora fazer a<br />

classificação.<br />

Classifican<strong>do</strong> os numerais<br />

Peça que escrevam em papeizinhos os numerais encontra<strong>do</strong>s nas pesquisas. Depois, em grupos,<br />

eles deverão organizar esses numerais, deixan<strong>do</strong> juntos aqueles que são semelhantes.<br />

Acreditamos que o conhecimento de Matemática poderá auxiliá-los. A essa altura to<strong>do</strong>s conhecem:<br />

• os cardinais, pois trabalham com eles desde a 1ª série;<br />

• os multiplicativos, pois já viram multiplicação e esses numerais são bastante utiliza<strong>do</strong>s em<br />

problemas;<br />

• os ordinais, pois fazem parte <strong>do</strong> cotidiano;<br />

• os fracionários, pois a maior parte das escolas já trabalha com eles na 3ª série.<br />

Feita a classificação com eles, peça-lhes que observem as propriedades de cada grupo e dê<br />

um nome para eles. São interessantíssimas as sugestões! Depois, conte como os gramáticos os<br />

nomearam e estabeleça as relações entre a idéia e o nome.<br />

Para sistematizar, sugerimos as atividades Tetra e Numerais em quatro cores, propostas no<br />

Livro <strong>do</strong> Aluno.<br />

Atividades de sistematização<br />

Tetra<br />

É uma atividade de sistematização, para que possam exercitar a classificação <strong>do</strong>s numerais.<br />

Questão 1:<br />

Organizar os numerais pelo tipo. Escolhemos alguns que costumam apresentar dificuldade<br />

na grafia, para que possam também exercitá-la.<br />

Questão 2:<br />

Damos os numerais em algarismos e pedimos a representação por extenso. Nosso objetivo<br />

aqui também é trabalhar a grafia de numerais.<br />

Questão 3:<br />

As palavras cesto e sexto existem, mas com senti<strong>do</strong>s diferentes. Os desenhos devem mostrar<br />

essa diferença!<br />

Numerais em quatro cores<br />

Aproveitamos aqui a estrutura de um jogo fantástico chama<strong>do</strong> Quatro cores, para desenvolver<br />

o raciocínio das crianças enquanto treinam um pouco os numerais. As regras estão no Livro<br />

<strong>do</strong> Aluno e é importante que ele seja joga<strong>do</strong> várias vezes, para que possam descobrir as estratégias<br />

mais eficientes <strong>do</strong> jogo.<br />

Apresentaremos mais algumas sugestões de mapas para o jogo e sugerimos que o professor<br />

e as crianças criem outros. É importante que saibam que os mapas devem ser grandes. Partes<br />

muito pequenas não são interessantes. Bom divertimento!!!<br />

81


Notícias numéricas<br />

Nosso objetivo nessa atividade é a sistematização <strong>do</strong> conceito de numeral e sua classificação.<br />

Questão 1:<br />

a) Ao pedirmos que pintem cada tipo de numeral de uma cor, além de localizá-los terão de<br />

classificá-los.<br />

b) Saber nomeá-los também é importante. Aparecem cardinais e ordinais.<br />

Questão 2:<br />

Já observamos que em anúncios há muitos numerais representa<strong>do</strong>s principalmente por algarismos.<br />

E pedimos que analisassem por que era daquela forma. Queremos agora que analisem<br />

a relação entre a presença de tantos numerais e essa notícia. Nada mais natural <strong>do</strong> que aparecer<br />

tantos numerais numa notícia de esportes, anuncian<strong>do</strong> datas de provas e colocações.<br />

Questão 3:<br />

O espaço mais ocupa<strong>do</strong> por numerais é o da Matemática. Que tal bolarem problemas? O professor<br />

deve avisá-los de que não é permiti<strong>do</strong> copiar problemas que já existem. É preciso criar problemas<br />

novos. Depois, os alunos trocam os problemas entre si. Assim, um resolverá o problema<br />

elabora<strong>do</strong> pelo outro.<br />

Que coragem!!!<br />

Nosso objetivo nessa atividade é que percebam que os numerais se referem sempre a quantidades<br />

precisas e nunca a uma quantidade imprecisa. É fundamental que isso fique claro, para<br />

que não confundam numerais com pronomes indefini<strong>do</strong>s ou advérbios de quantidade, erros que<br />

costumam cometer.<br />

Leia o texto com as crianças. A história, apesar de incrível, é verdadeira! Vá ser macho em<br />

outra parte!!!<br />

Questão 1:<br />

Grifamos todas as palavras que se referiam de alguma forma a quantidades. Esta questão<br />

pretende apenas isolá-las.<br />

Questão 2:<br />

Ao destacarmos a semelhança entre pronomes indefini<strong>do</strong>s e numerais — ambos traduzem<br />

idéia de quantidade — ajudamos as crianças a enxergar o que as faz confundir essas classes gramaticais.<br />

Questão 3:<br />

Por comparação poderão deduzir que as palavras da coluna da direita <strong>do</strong> quadro não são numerais<br />

porque não representam quantidades precisas.<br />

Numeran<strong>do</strong><br />

A grafia <strong>do</strong>s numerais costuma ser um problema para muitas crianças. Que recursos de pensamento<br />

podemos ter para facilitar uma decisão ortográfica? Um deles é compreender como a<br />

palavra se formou, e esse é o objetivo dessa atividade.<br />

Questão 1:<br />

Ao observarem a formação <strong>do</strong>s numerais, poderão verificar que os cardinais de onze a dezenove<br />

são escritos com Z.<br />

Questão 2:<br />

São as letras E e Z.<br />

Questão 3:<br />

Pedimos que escrevam os ordinais de dez em dez até o centésimo. Provavelmente os alunos<br />

terão dificuldade em saber alguns deles. Ouça as sugestões que derem e depois mostre o correto.<br />

Nosso objetivo é a descoberta que poderão fazer a respeito da grafia, que está sugerida na<br />

questão 4.<br />

Questão 4:<br />

Eles poderão descobrir que to<strong>do</strong>s terminam em ésimo, com S e não com Z, como escrevem<br />

sempre!!<br />

Questão 5:<br />

O som é o mesmo nos <strong>do</strong>is casos, mas a letra que o representa é diferente. Esperamos que<br />

agora tenham um instrumento de decisão: os cardinais de onze a dezenove são escritos com Z; os<br />

ordinais de 10 em 10 até 100 são escritos com S.<br />

O trabalho com numerais deve estender-se, agora, para seu uso em textos, produzin<strong>do</strong> jogos<br />

discursivos, e para outras questões ortográficas que o professor achar necessário para seu<br />

grupo. Aproveite todas as situações, especialmente as de Matemática, para retomar o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

numerais.<br />

84


MÓDULO XIII – Interjeição<br />

Introdução <strong>do</strong> conceito de interjeição<br />

As interjeições são palavras muito presentes no texto das crianças. Desde muito ce<strong>do</strong> elas<br />

descobrem a possibilidade de tradução das emoções que as interjeições encerram, e passam a<br />

utilizá-las fluentemente. Acontece que as crianças usam as interjeições, mas não sabem como<br />

grafá-las. É por essa razão que, uma vez identifica<strong>do</strong> o conceito, nosso olhar será dirigi<strong>do</strong> para a<br />

grafia das interjeições e o trabalho será completa<strong>do</strong> com a análise <strong>do</strong>s jogos discursivos que elas<br />

permitem dentro <strong>do</strong>s textos. Por que certos tipos de textos não trazem interjeições e outros as utilizam<br />

em quantidade? Quais as emoções que podemos produzir através delas? O fechamento <strong>do</strong><br />

trabalho fica, dessa forma, a cargo da análise de textos no livro Construin<strong>do</strong> a escrita – Leitura e<br />

Interpretação de Textos — volume 3.<br />

Para que comecem a construir o conceito de interjeição sugerimos a atividade Hein?…<br />

Hã?… Como?… <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno.<br />

Hein?… Hã?… Como?…<br />

Nosso objetivo é gerar o conceito de interjeição através dessa atividade.<br />

Questão 1:<br />

Pedimos que o aluno circule as interjeições no texto, para serem facilmente resgatadas na<br />

pergunta <strong>do</strong>is.<br />

Questão 2:<br />

Como as interjeições são tradutoras de emoções, de sentimentos, nosso primeiro recorte é<br />

para esse aspecto. A emoção que traduzem depende <strong>do</strong> contexto em que se encontram, por isso<br />

a importância de serem retiradas <strong>do</strong> texto, e não aparecerem isoladas.<br />

Questão 3:<br />

Observan<strong>do</strong> as propriedades, esperamos que consigam definir minimamente a interjeição.<br />

Acreditamos que por terem procura<strong>do</strong> sempre vários aspectos em todas as classes gramaticais<br />

também busquem os vários aspectos pertinentes nesse caso. Chegarão a uma definição mais ou<br />

menos assim:<br />

Interjeições são palavras invariáveis, infinitas, que exprimem emoção. São elementos afetivos<br />

da linguagem e vêm sempre acompanhadas de pontuação.<br />

Questão 4:<br />

As interjeições são sempre acompanhadas de pontuações expressivas. Esse é o objetivo<br />

dessa questão. Se você quiser aprofundar a discussão, faça-os observar que são pontos de exclamação,<br />

de interrogação, reticências... pois como são tradutoras de emoção, só pontuações expressivas<br />

costumam acompanhá-las!<br />

Questão 5:<br />

As interjeições são velhas conhecidas <strong>do</strong>s alunos. Eles desde ce<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ram usá-las em seus<br />

textos, mas costumam grafá-las erra<strong>do</strong>. É essa a razão dessa questão.<br />

Ajude-os a analisar as frases dadas. Acreditamos que não terão dificuldade em tirar as conclusões.<br />

O Ah! interjeição é o que estão ven<strong>do</strong> nesse instante; o A artigo já é velho conheci<strong>do</strong> deles;<br />

o Há verbo é o mais difícil para eles. Ajude-os a compreender que Há é verbo pela transformação<br />

de tempo.<br />

Oba! Achei mais uma!!!<br />

Como as histórias em quadrinhos são ricas em interjeições, nessa atividade o professor pede,<br />

como lição de casa, que procurem interjeições nos gibis, recortem os quadrinhos onde elas aparecem<br />

ou desenhem as cenas no livro. Depois, o professor pede que pintem com lápis ou caneta<br />

colorida as interjeições que encontraram nos quadrinhos recorta<strong>do</strong>s e digam qual a emoção traduzida<br />

por elas.<br />

Essa atividade serve como pretexto para se começar um álbum de interjeições da classe.<br />

Cabe ao professor decidir quan<strong>do</strong> e como isso poderá acontecer. Temos certeza de que a idéia,<br />

quan<strong>do</strong> sugerida, irá pegar fogo!!!<br />

É interessante abrirmos aqui um parêntese. Nas histórias em quadrinhos aparecem muitas<br />

onomatopéias. Onomatopéia é o processo de formação das palavras que reproduzem os ruí<strong>do</strong>s,<br />

como splash, que reproduz o ruí<strong>do</strong> de algo cain<strong>do</strong> na água; ou buáááá, que reproduz o som <strong>do</strong><br />

85


choro, etc. Quan<strong>do</strong> essa confusão surgir, peça que observem que a interjeição traduz uma emoção<br />

e não um barulho.<br />

Por essa razão acreditamos que será inevitável falar em onomatopéias nesse momento. A<br />

atividade Durma com esse barulho!!! procura cumprir esse objetivo.<br />

Confronto interjeição x onomatopéia<br />

Durma com esse barulho!!!<br />

Questão 1:<br />

Completar os balões com onomatopéias será muito diverti<strong>do</strong>. Ao corrigir, verifique as diferentes<br />

soluções dadas e as formas possíveis de se grafar uma onomatopéia.<br />

Faça-os observar, depois, nas histórias em quadrinhos a associação entre as onomatopéias<br />

e o tamanho ou a forma das letras (traços grossos, tremi<strong>do</strong>s, etc.), para indicar a intensidade <strong>do</strong><br />

que se quer representar. Brinque bastante com eles... e depois veja o que acontecerá nos textos<br />

das crianças...<br />

Aproveite também a ocasião para mostrar que esse tipo de palavra não segue as leis ortográficas<br />

<strong>do</strong> sistema. Ao escrevê-las, todas as combinações são possíveis.<br />

Questão 2:<br />

Procure levá-los a observar a diferença entre interjeição e onomatopéia: uma traduz emoções,<br />

a outra, barulhos.<br />

Questão 3:<br />

Por serem as histórias em quadrinhos o reino das onomatopéias e interjeições, propomos<br />

uma situação na qual terão que usá-las fazen<strong>do</strong> a correspondência entre imagem e palavra. É uma<br />

atividade simples, que pode ser pedida como lição de casa, e que sintetiza os <strong>do</strong>is conceitos trabalha<strong>do</strong>s.<br />

Quem ri por último... Ih! Esqueci!!!<br />

Fantástica essa bruxa Zelda, não?! Os exercícios são de sistematização e para perceberem a<br />

diferença entre ha e há.<br />

Questão 1:<br />

Ver a aplicação <strong>do</strong>s conceitos de interjeição e onomatopéia.<br />

Questão 2:<br />

Ao explicarem que uma tem acento e a outra não, verificarão também que uma é interjeição,<br />

e a outra, verbo. Aproveite a situação para comparar com o A artigo ou pronome e a interjeição<br />

Ah! Caso tenham dificuldade em localizar que há é verbo, peça-lhes que substituam por tem.<br />

Questão 3:<br />

Puxa! É a única palavra acentuada <strong>do</strong> texto! (além de há)<br />

Questão 4:<br />

A Zelda (e creio que todas nós!) gostaria de ser jovem, bela, rica... mas não malvada!<br />

Agora, use sua imaginação, mantenha o fogo <strong>do</strong> álbum de figurinhas de interjeições e onomatopéias<br />

aceso, destaque as emoções traduzidas por elas nos textos e... chega!!!<br />

MÓDULO XIV — Preposição<br />

O trabalho com a preposição terá início neste volume objetivan<strong>do</strong> levar os alunos a:<br />

a) descobrirem o conceito;<br />

b) observarem a importância da relação estabelecida pela preposição.<br />

No volume 4 será proposta uma expansão <strong>do</strong> conhecimento sobre a preposição, com a investigação<br />

de algumas relações possíveis de serem estabelecidas pelas principais preposições e<br />

a análise das palavras que elas ligam.<br />

Como introduzir o conceito de preposição<br />

Para introduzir o conceito de preposição sugerimos que as crianças se reúnam em grupos e<br />

façam a atividade <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno intitulada Ligan<strong>do</strong> os fatos.<br />

Ligan<strong>do</strong> os fatos<br />

O objetivo dessa atividade é possibilitar às crianças que descubram o conceito de preposição.<br />

Foram retiradas <strong>do</strong> texto algumas preposições, não todas, pois queríamos garantir que aparecessem<br />

apenas as que não estavam em contração com o artigo, para que não imaginassem que<br />

86


era uma classe variável em gênero e número por causa deles. Assim sen<strong>do</strong>, fizemos uma pequena<br />

adaptação no texto com fins didáticos.<br />

Reúna a classe em pequenos grupos e peça aos alunos que completem o texto. É importante<br />

o confronto entre as crianças para uma troca rica de opiniões. Eles costumam sentir dificuldade<br />

no início, pois imaginam que devem preencher as lacunas com "uma palavra grande". Depois de<br />

completarem as primeiras lacunas, o restante <strong>do</strong> texto é completa<strong>do</strong> naturalmente.<br />

É importante que o professor esteja ciente de que não temos a expectativa de que acertem tu<strong>do</strong>.<br />

Os possíveis e prováveis erros cometi<strong>do</strong>s serão resgata<strong>do</strong>s no momento da correção coletiva.<br />

Depois de corrigi<strong>do</strong>, poderão iniciar a discussão das questões.<br />

Questão 1:<br />

É uma listagem das preposições encontradas no texto. Ao fazê-la, isolamos as preposições<br />

para que possam ser observadas pelos alunos.<br />

Questão 2:<br />

Nosso objetivo é a construção <strong>do</strong> conceito de preposição. Deixe que digam espontaneamente<br />

o que observam em comum entre as palavras utilizadas. Após tanto trabalho anterior, acreditamos<br />

que muitas propriedades sejam analisadas espontaneamente. Caso algum aspecto ainda permaneça<br />

desapercebi<strong>do</strong> por eles, vá fazen<strong>do</strong> perguntas desencadea<strong>do</strong>ras como as que fez para a<br />

descoberta das outras classes gramaticais. As crianças costumam fazer observações mais ou<br />

menos assim:<br />

"Todas as palavras que nós usamos são pequenas."<br />

"Todas são invariáveis."<br />

"Elas se repetem sempre, são as mesmas que aparecem toda hora." Nessa observação você<br />

pode perguntar-lhes se acham, então, que deve ser um conjunto finito ou infinito de palavras.<br />

"Não querem dizer nada que existe no mun<strong>do</strong>."<br />

"Servem para ligar a palavra grande que vem antes com a que vem depois" ou "servem para<br />

completar a idéia".<br />

Ouça-os. Ao levantarem essas características estarão definin<strong>do</strong> preposição. Organize com<br />

eles as idéias e redija a definição na lousa. Acreditamos que ficará aproximadamente assim:<br />

Preposição é uma palavra pequena, invariável; não quer dizer nada que existe no mun<strong>do</strong>, mas<br />

mostra como a palavra grande que vem antes e a palavra grande que vem depois estão ligadas.<br />

Peça depois que copiem no Caderno de Descobertas.<br />

Nosso próximo objetivo é que percebam a importância da presença e da escolha da<br />

preposição, pois colocá-la ou não, ou escolher uma ou outra muda toda a significação da frase.<br />

Para atingir esse fim propomos o jogo de Mímica, apresenta<strong>do</strong> no Livro <strong>do</strong> Aluno.<br />

Atividades de sistematização<br />

Mímica<br />

Nosso objetivo é que os alunos percebam a importância da preposição: se você mantiver as<br />

palavras grandes que vêm antes e depois, mas mudar a preposição, você altera toda a significação!<br />

Regras<br />

1 – Reúna a classe em grupos.<br />

2 – Peça que os alunos abram o livro de Gramática/Ortografia na página <strong>do</strong> jogo de Mímica.<br />

3 – Escreva em papeizinhos as 8 preposições que completam as lacunas <strong>do</strong> jogo: com,<br />

na, após, sobre, sob, contra, para, até, e um papel com um X, indican<strong>do</strong> que não há preposição.<br />

4 – Sorteie os papeizinhos entre os grupos. Cada grupo poderá ficar com uma ou mais<br />

preposições e completar a(s) lacuna(s) <strong>do</strong> exercício.<br />

5 – Cada grupo deve descobrir uma forma de explicar o significa<strong>do</strong> de sua expressão para<br />

a classe, dramatizan<strong>do</strong> através de mímica. Vá circulan<strong>do</strong> pelos grupos e verifican<strong>do</strong> se eles compreenderam<br />

o senti<strong>do</strong> da expressão que deverão dramatizar. Caso não saibam, explique para<br />

eles.<br />

6 – Os grupos terão um tempo determina<strong>do</strong> pelo professor para ensaiar ou combinar a dramatização.<br />

7 – O professor vai chaman<strong>do</strong> cada grupo para se apresentar. Enquanto isso, os outros grupos<br />

devem ver a dramatização e completar a primeira lacuna vazia <strong>do</strong> exercício com a preposição<br />

que acham adequada para dizer aquele significa<strong>do</strong> representa<strong>do</strong> pelo grupo que está fazen<strong>do</strong> a<br />

mímica.<br />

8 – Depois de cada expressão completada, o professor ouve os grupos, corrige, escreve-a na<br />

lousa e to<strong>do</strong>s os grupos que acertaram ganham <strong>do</strong>is pontos.<br />

9 – Vence o grupo que obtiver o maior número de pontos.<br />

87


Nosso próximo passo é fazer as crianças observarem que as preposições freqüentemente<br />

vêm com artigos "gruda<strong>do</strong>s". Para essa descoberta sugerimos a atividade Quem com quem?<br />

Quem com quem?<br />

É uma proposta simples. Leia a poesia de Márcia Batista com os alunos e converse sobre ela<br />

com eles. Depois, peça que respondam às questões.<br />

Questão 1:<br />

Na questão 1 eles retiram as palavras grifadas para, na questão 2, observar como foram formadas.<br />

Questão 2:<br />

Ao descobrirem o de + o, de + a, desafie-os a descobrirem o no. Como há uma modificação<br />

completa na palavra, eles dificilmente concluirão sozinhos. Instigue-os a pensar pelo significa<strong>do</strong><br />

(é uma idéia de lugar), a buscar a lista das preposições que apareceram na atividade Ligan<strong>do</strong> os<br />

fatos, verifican<strong>do</strong> qual ou quais trariam também idéia de lugar. Como último recurso, demonstre<br />

você a relação.<br />

Questão 3:<br />

Ao observarem que as três palavras foram formadas por uma preposição mais um artigo,<br />

desafie-os. Pergunte se alguém descobre mais alguma contração de preposição mais artigo, diferente<br />

das que já viram. Dificilmente conseguem descobrir. Se o fizerem, melhor, se não conseguirem,<br />

apresente-lhes pelo/pela, num/numa. A partir dessa discussão, já não precisaremos nos<br />

preocupar em desfazer as contrações para que achem preposições.<br />

Sugerimos que o professor, nesse momento, peça aos alunos que voltem ao texto A Girafa<br />

Branca e que procurem as preposições em contração com artigos que houver no primeiro parágrafo.<br />

Para aprofundar o trabalho, o professor pode, se quiser, em situações informais, mostrar<br />

para as crianças que elas já tinham visto as preposições nas locuções adjetivas. Além disso, sempre<br />

que estiver trabalhan<strong>do</strong> com textos, destacar as preposições e, se possível, analisar jogos de<br />

palavras (especialmente de humor), produzi<strong>do</strong>s através delas. Uma ampliação maior <strong>do</strong> conceito,<br />

só no volume 4.<br />

Para finalizar o trabalho deste volume com preposição propomos um jogo, descrito a seguir,<br />

e que consta <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Aluno:<br />

Para criar, de criação, com criatividade<br />

Nosso objetivo é que, através desse jogo, possam usar diferentes preposições em um mesmo<br />

contexto, deixan<strong>do</strong> evidentes as diferentes relações que elas estabelecem entre os termos.<br />

Como jogar:<br />

1 – Reúna a classe em grupos.<br />

2 – Marque um tempo e peça que completem as frases propostas nos blocos 1 e 2 com todas<br />

as preposições possíveis de serem usadas, conferin<strong>do</strong> diferentes senti<strong>do</strong>s. Cada grupo deverá<br />

colocar todas as soluções possíveis que houver em cada frase.<br />

3 – Termina<strong>do</strong> o tempo, um aluno de cada equipe muda para outra a fim de funcionar como<br />

fiscal, evitan<strong>do</strong> problemas de alteração de resposta.<br />

4 – O professor sorteia um número de um a quinze e a equipe da vez deve responder, dan<strong>do</strong><br />

as soluções da frase sorteada.<br />

5 – To<strong>do</strong>s os grupos que tiverem acerta<strong>do</strong> ganham 2 pontos para cada preposição correta.<br />

6 – Caso haja mais alguma resposta que outra equipe tiver encontra<strong>do</strong>, deve dizê-la, e as demais<br />

que tiverem completa<strong>do</strong> dessa forma também ganham 2 pontos.<br />

7 – A equipe que tiver completa<strong>do</strong> com a preposição errada perde 2 pontos. (Essa regra tem<br />

o objetivo de evitar que eles completem sem pensar, arriscan<strong>do</strong> simplesmente, em busca de<br />

pontos.)<br />

8 – Ganha a equipe que obtiver o maior número de pontos.<br />

Ao fazer a correção, o professor deve procurar ajudá-los a refletir sobre a idéia traduzida<br />

pelas diferentes preposições. É essa reflexão que possibilitará que venham a ter condições de<br />

fazer uma boa escolha da preposição, quan<strong>do</strong> estiverem escreven<strong>do</strong>.<br />

Encaixe perfeito<br />

Nosso objetivo nessa atividade é que os alunos reflitam sobre as relações estabelecidas pelas<br />

diferentes preposições. São sete frases e sete preposições. Há lacunas que podem ser preenchidas<br />

por mais de uma preposição, mas para cada frase o aluno deve escolher apenas uma das possibilidades.<br />

Para isso terá que saber fazer as escolhas.<br />

88


Pode ser realizada em grupo, na classe, ou como lição de casa. Voltamos a chamar a atenção<br />

<strong>do</strong> professor para a importância de sua postura ao longo das atividades: não temos a expectativa<br />

de que as crianças saibam responder tu<strong>do</strong> corretamente. Nosso objetivo é que comecem a pensar<br />

no assunto, que busquem soluções, que transformem as preposições em algo sobre o qual é<br />

preciso parar para pensar. Para que esse objetivo seja atingi<strong>do</strong>, não se pode trabalhar centra<strong>do</strong><br />

em certo ou erra<strong>do</strong>. O mais importante é pensar sobre o assunto e não simplesmente acertar ou<br />

errar.<br />

Terminamos o exercício pedin<strong>do</strong> que façam frases. Após tantas situações, acreditamos que<br />

não serão grandes as dúvidas. No momento da correção, como sempre, procure ouvi-los e compreender<br />

seu pensamento para ajudá-los da forma mais eficiente.<br />

Use e abuse<br />

É uma atividade tradicional, de completar as lacunas. Pode ser feita como lição de casa, e a<br />

correção feita individualmente. O objetivo é que as crianças sistematizem o conteú<strong>do</strong>, e que o<br />

professor possa diagnosticar o que as crianças têm compreendi<strong>do</strong>.<br />

Depois de vivenciarem em tantas situações a importância da relação estabelecida pela<br />

preposição, nossos olhos voltam-se para o significa<strong>do</strong> delas. Para ligarem as colunas da direita<br />

e da esquerda na questão 2, terão que pensar um contexto de frase com aquela preposição e<br />

depois tomar a decisão para definir qual é seu significa<strong>do</strong>.<br />

Não nos aprofundaremos mais nesse aspecto por ser objeto de estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> próximo volume.<br />

Voltamos a chamar a atenção <strong>do</strong> professor para a importância de usar o momento da correção como<br />

um espaço para levá-los à reflexão e um momento para conhecer o que pensam, e não simplesmente<br />

dizer certo ou erra<strong>do</strong>, como soluções prontas.<br />

APÊNDICE<br />

Usan<strong>do</strong> o dicionário<br />

O trabalho com dicionário teve início no volume 1 com a descoberta de seu uso como um<br />

recurso de decisão ortográfica. As atividades propostas naquele volume estiveram centradas nos<br />

seguintes objetivos:<br />

• descobrir a organização <strong>do</strong> dicionário por ordem alfabética, consideran<strong>do</strong> a primeira, a segunda,<br />

a terceira letra de uma palavra, sucessivamente;<br />

• descobrir a estrutura de organização;<br />

• desenvolver recursos de busca rápida de palavras no dicionário. (Se não houver certa<br />

agilidade na consulta, o dicionário torna-se mais um problema <strong>do</strong> que uma solução.)<br />

No volume 2 ampliamos o uso <strong>do</strong> dicionário como recurso de descoberta de significa<strong>do</strong>. As<br />

crianças trabalharam simultaneamente com dedução de senti<strong>do</strong> pelo contexto e com polissemia.<br />

Viram que o dicionário trazia to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s possíveis de cada palavra e que elas deveriam analisar<br />

qual senti<strong>do</strong> era viável em um determina<strong>do</strong> contexto. Verificaram também como encontrar<br />

palavras que estavam no texto de uma forma e no dicionário de outra, como no caso de femininos,<br />

aumentativos e diminutivos.<br />

No volume 3 pretendemos ampliar o uso <strong>do</strong> dicionário nas seguintes direções:<br />

• Descobrir que o dicionário informa a classe gramatical das palavras, assunto que será desenvolvi<strong>do</strong><br />

neste volume.<br />

• Verificar que ele informa a maneira como a palavra se formou e sua origem.<br />

• Utilizar o dicionário como fonte de pesquisa ortográfica, para verificar se descobertas feitas<br />

nas pesquisas são válidas, confrontan<strong>do</strong>-as com hipóteses.<br />

• Descobrir os símbolos e as informações gerais que o dicionário traz.<br />

Esses objetivos devem estar presentes na cabeça <strong>do</strong> professor, pois, acima de tu<strong>do</strong>, é no uso<br />

informal e cotidiano <strong>do</strong> dicionário que eles serão atingi<strong>do</strong>s. Vamos sugerir algumas atividades de<br />

investigação específica e esperamos que o professor sistematize as descobertas no dia-a-dia.<br />

Como introduzir novas informações contidas no dicionário<br />

Retome com eles tu<strong>do</strong> o que já sabem sobre o dicionário: para que serve, estratégias de busca<br />

e tu<strong>do</strong> o que souberem de interessante. Depois, peça que se reúnam em duplas, peguem o dicionário<br />

e comecem a folheá-lo, página por página, analisan<strong>do</strong> o que aparece, os símbolos que<br />

ele contém, levantan<strong>do</strong> hipóteses de significa<strong>do</strong> desses símbolos. Vá discutin<strong>do</strong> o que é e o que<br />

significa cada um deles. O dicionário que utilizamos para análise foi o Novo Dicionário da Língua<br />

Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Editora Nova Fronteira, 2ª edição, revista e<br />

89


aumentada. Caso as crianças estejam pesquisan<strong>do</strong> em outro dicionário, é necessário o professor<br />

adaptar nossos comentários às informações e símbolos presentes no exemplar que elas têm.<br />

Durante o trabalho poderão surgir perguntas <strong>do</strong> tipo:<br />

• O Aurélio escreveu tu<strong>do</strong> sozinho ou outras pessoas o ajudaram?<br />

• Ele conhece todas as palavras da língua?<br />

• O que é prefácio? (Vale a pena ler o <strong>do</strong> Aurélio. É muito interessante.)<br />

• O que são essas letras que aparecem depois das palavras? (São abreviaturas das classes<br />

gramaticais ou indicações de origem das palavras.)<br />

• O que são esses numerozinhos que aparecem eleva<strong>do</strong>s ao la<strong>do</strong> de algumas palavras, como<br />

a –2 + compadre + –ar 2 ?<br />

• Por que às vezes aparece (ô) depois da palavra?<br />

E muitos outros símbolos que aparecem nos verbetes de um dicionário podem ser questiona<strong>do</strong>s.<br />

O professor deve sempre procurar levar os alunos a tentar descobrir pelo contexto o que significam<br />

os símbolos que encontram e, caso ninguém descubra, dar a informação.<br />

Uma vez descobertos os símbolos, as crianças poderão descobrir que o dicionário, além de<br />

informar a ortografia das palavras, informa o senti<strong>do</strong>, a origem, a classe gramatical, a maneira como<br />

se formou, o gênero, o número, o grau, as expressões regionais ou de áreas específicas <strong>do</strong><br />

conhecimento. Com todas essas descobertas as crianças poderão ter o dicionário como um recurso<br />

de pesquisa muito mais amplo e significativo <strong>do</strong> que normalmente é utiliza<strong>do</strong>.<br />

Além de to<strong>do</strong>s esses usos, o dicionário será importante recurso de pesquisas ortográficas,<br />

como está minuciosamente explica<strong>do</strong> nos módulos de ortografia.<br />

Sugestões de jogos ortográficos para sistematização<br />

Jogos de Stop<br />

Os jogos de Stop são altamente lúdicos, costumam mobilizar muito as crianças e caracterizam-se<br />

por pedir uma tarefa que deverá ser cumprida em um prazo curto de tempo. Cada um<br />

<strong>do</strong>s tipos de Stop propicia uma forma própria de atuação e tem um objetivo específico. Assim<br />

sen<strong>do</strong>, o professor poderá escolher o jogo, adequan<strong>do</strong>-o aos conteú<strong>do</strong>s a serem trabalha<strong>do</strong>s.<br />

Stop ortográfico<br />

Objetivos pedagógicos<br />

1) Sistematizar dificuldades ortográficas que o professor considere relevantes.<br />

2) Trabalhar com a imagem mental das palavras.<br />

3) Acionar o vocabulário ativo e passivo <strong>do</strong>s alunos.<br />

4) Revisar conteú<strong>do</strong>s gramaticais (tonicidade, classes gramaticais e outros).<br />

5) Utilizar as descobertas e regras que os alunos tenham feito sobre Ortografia e/ou Gramática.<br />

Descrição <strong>do</strong> jogo<br />

Cada aluno ou equipe deve ter uma folha com um quadricula<strong>do</strong> grande, que pode variar de<br />

tamanho dependen<strong>do</strong> da faixa etária das crianças que estiverem jogan<strong>do</strong>. Por exemplo, num jogo<br />

com 25 palavras, pedir que os alunos façam uma tabela com 36 quadros (6 x 6 → horizontal x<br />

vertical), que deve ser preenchida da seguinte forma:<br />

1) Na 1ª linha superior colocam-se as dificuldades que serão trabalhadas. É importante notar<br />

que o objetivo <strong>do</strong> jogo é encontrar palavras que tenham essa(s) letra(s) ou dificuldades, e não<br />

palavras que comecem com elas.<br />

2) Na 1ª coluna da esquerda, completar os espaços indican<strong>do</strong> o campo semântico a que as<br />

palavras devem pertencer, e que podem variar segun<strong>do</strong> os interesses das crianças. Os alunos<br />

gostam de universos vocabulares como CEP (cidade ou esta<strong>do</strong> ou país), marcas de carros, cigarros,<br />

frutas, animais, partes <strong>do</strong> corpo humano, objetos de uma casa ou de um escritório, ou ainda<br />

palavras oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas, substantivos, verbos, adjetivos, etc.<br />

3) A um sinal <strong>do</strong> professor, as equipes devem preencher o jogo com uma palavra que atenda<br />

aos pedi<strong>do</strong>s da linha e da coluna onde o quadro se encontra.<br />

4) Não vale escrever mais de uma palavra por quadrinho, nem procurar no dicionário.<br />

5) A primeira equipe que terminar de preencher a tabela deve dizer Stop! e todas as outras<br />

param imediatamente de escrever.<br />

90


Exemplo:<br />

CIDADES<br />

ESTADOS<br />

PAÍSES<br />

ANIMAIS<br />

CARROS<br />

X CH Ç SS S<br />

Correção e contagem <strong>do</strong>s pontos<br />

Para a correção, os alunos devem permanecer organiza<strong>do</strong>s em equipes. Um aluno de cada<br />

equipe se levanta e vai para a equipe ao la<strong>do</strong>, de tal forma que o jogo seja corrigi<strong>do</strong> sob o controle<br />

<strong>do</strong> fiscal da outra equipe. Isto evita mal-entendi<strong>do</strong>s. O professor vai, então, pedin<strong>do</strong> que cada<br />

equipe diga sua palavra daquele quadrinho. Por exemplo: a 1ª equipe diz sua palavra de CIDADE<br />

com X, depois a segunda diz a dela, e assim sucessivamente; em seguida, cada equipe vai falan<strong>do</strong><br />

um nome de animal com X, etc., e o professor vai escreven<strong>do</strong> cada palavra na lousa.<br />

Quan<strong>do</strong> a palavra oferecer alguma dificuldade maior ou for um "tipo" que os alunos costumam<br />

errar na grafia, o professor pede que a equipe soletre para ele escrever, ou um aluno levanta-se<br />

e vai escrever na lousa. Isso garante o cuida<strong>do</strong> com a grafia, uma vez que a correção é uma<br />

necessidade inerente ao jogo.<br />

Conforme os alunos vão falan<strong>do</strong> suas palavras, o professor vai anotan<strong>do</strong> os pontos de cada<br />

grupo. Vence o grupo que obtiver o maior número de pontos na tabela.<br />

Para a contagem <strong>do</strong>s pontos, devem ser observa<strong>do</strong>s os seguintes critérios:<br />

1) Se <strong>do</strong>is ou mais grupos escreveram a mesma palavra, 5 pontos para cada grupo.<br />

2) Se um único grupo escreveu aquela palavra, 10 pontos para esse grupo.<br />

3) Se um único grupo conseguiu preencher aquele quadrinho e to<strong>do</strong>s os outros deixaram<br />

em branco, este grupo recebe 15 pontos.<br />

4) Se o quadrinho ficou em branco ou a palavra escrita apresentava algum erro na grafia, 0<br />

ponto.<br />

Stop no texto<br />

Objetivo pedagógico<br />

O objetivo desse jogo é desenvolver uma leitura de revisor nos alunos, para que possam<br />

exercê-la na revisão de seus próprios textos. Para desenvolvê-la, é preciso aprender a olhar o texto<br />

pela forma e não pelo conteú<strong>do</strong>.<br />

É um jogo que pode ser realiza<strong>do</strong> nos minutos finais da aula, de improviso. É importante que<br />

seja repeti<strong>do</strong> com certa freqüência para que atinja os objetivos pedagógicos estabeleci<strong>do</strong>s.<br />

O jogo<br />

O professor pode aproveitar o texto que está sen<strong>do</strong> li<strong>do</strong> na classe para interpretação, por<br />

exemplo, e pedir que encontrem nesse texto um número x de palavras com uma determinada letra.<br />

Por exemplo, uma palavra com H em qualquer posição. Todas as palavras devem ser sublinhadas<br />

no texto.<br />

Vence o aluno que conseguir encontrá-las primeiro. Caso você tenha alguns alunos que sejam<br />

rápi<strong>do</strong>s demais e nunca deixam os outros chegarem próximo <strong>do</strong> fim, prossiga até encontrar<br />

o 5º ou o 6º coloca<strong>do</strong>s.<br />

É um jogo rápi<strong>do</strong>, que anima muito a classe, além de desenvolver o papel <strong>do</strong> revisor nas<br />

crianças. As palavras obtidas podem servir de universo para outras atividades.<br />

Stop em colunas<br />

Objetivos pedagógicos<br />

Essa modalidade de Stop é mais uma forma de sistematização interessante de ser desenvolvida<br />

depois de atividades de descoberta sobre o sistema ortográfico. Ela jamais deve ser jogada<br />

como ponto de partida ou sem que tenha si<strong>do</strong> feita a análise <strong>do</strong> sistema anteriormente.<br />

O Stop em colunas propicia uma nova situação para a criança utilizar a série de palavras em<br />

que a letra se encontra, aguçan<strong>do</strong> seu olhar para esse tipo de propriedade <strong>do</strong> sistema ortográfico.<br />

É muito bom para desenvolver o papel <strong>do</strong> revisor na criança.<br />

91


O jogo<br />

Esse jogo consta de uma folha de sulfite com uma lista de palavras que devem ser organizadas<br />

em colunas, de acor<strong>do</strong> com as dificuldades indicadas. O procedimento é simples.<br />

1) Uma vez distribuídas as folhas, o professor fala Já! e to<strong>do</strong>s arrumam as palavras nas colunas.<br />

O professor pode, também, determinar um tempo. Por exemplo: Vocês têm 2 minutos (ou<br />

5 minutos) para preencher a tabela. Especialmente com crianças menores esta forma tem se mostra<strong>do</strong><br />

mais eficiente.<br />

2) Quem terminar primeiro e corretamente vence. É importante que o professor verifique se<br />

o aluno preencheu criteriosamente, pois há crianças que, no desespero de ganhar, fazem qualquer<br />

coisa, só para terminar primeiro, impedin<strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s possam pensar e aprender.<br />

3) O professor deve utilizar o momento da correção para observar e trabalhar com os "erros"<br />

<strong>do</strong>s alunos, e não simplesmente dizer Certo ou Erra<strong>do</strong>.<br />

4) A correção é feita na lousa, e não há contagem de pontos.<br />

Exemplo de uma tabela de Stop em colunas com a letra R:<br />

rapaz acordei ricaço ruína<br />

perto selar Araraquara arrastou<br />

drama enviar arranha artigo<br />

empurra<strong>do</strong> agressivo ordem certeza<br />

topar para<strong>do</strong> aranha<br />

(início de<br />

R + vogal palavra)<br />

rapaz…<br />

…<br />

vogal + R + consoante consoante + R + vogal<br />

R entre vogais RR entre vogais<br />

Stop de descoberta<br />

Essa variação de Stop é uma atividade muito rica, que permite trabalhar com uma variedade<br />

muito grande de palavras. O número de palavras propostas deve variar de acor<strong>do</strong> com a série <strong>do</strong><br />

aluno, poden<strong>do</strong> ser realiza<strong>do</strong> de 1ª a 8ª série com sucesso.<br />

Objetivos pedagógicos<br />

1) Trabalhar com a imagem mental da palavra.<br />

2) Acionar o vocabulário passivo <strong>do</strong> aluno.<br />

3) Desenvolver estratégias de pensamento.<br />

4) Desenvolver estratégias de decisão sobre a ortografia da palavra.<br />

5) Sistematizar um determina<strong>do</strong> aspecto ortográfico.<br />

Objetivos <strong>do</strong> jogo<br />

1) Completar a tabela com a maior rapidez possível.<br />

2) Obter o maior número de pontos ao completá-la. Vence o aluno que obtiver o maior número<br />

de pontos na tabela e não o que terminou primeiro.<br />

O jogo<br />

1) Os alunos podem jogar individualmente ou em grupo (nunca mais de quatro elementos).<br />

2) Cada aluno ou grupo deve encontrar uma palavra que satisfaça as características dadas<br />

pela tabela.<br />

3) Pode-se completar o espaço com apenas uma letra ou com uma ou mais sílabas, desde<br />

que se forme uma palavra que existe.<br />

4) Quan<strong>do</strong> algum aluno ou grupo termina, grita Stop! e to<strong>do</strong>s devem parar de escrever.<br />

Procede-se, então, à correção na lousa, com a análise <strong>do</strong>s pontos obti<strong>do</strong>s.<br />

5) Pode-se também jogar com um tempo marca<strong>do</strong> pelo professor, e o jogo termina quan<strong>do</strong><br />

ele diz Stop!<br />

6) Após a contagem, indicar o(s) vence<strong>do</strong>r(es).<br />

92


Contagem <strong>do</strong>s pontos<br />

1) Se mais de um aluno completou com a mesma palavra, 5 pontos para cada um.<br />

2) Se apenas um aluno (ou grupo) escreveu aquela palavra, 10 pontos para ele.<br />

3) Se apenas um aluno (ou grupo) preencheu o espaço e mais ninguém descobriu uma palavra<br />

para aquela lacuna, 15 pontos para ele.<br />

4) Palavra com erro de ortografia, 0 ponto.<br />

Não permitir o uso <strong>do</strong> dicionário ao longo <strong>do</strong> jogo, para levar os alunos a utilizarem as regras<br />

de ortografia que tiverem construí<strong>do</strong>.<br />

Exemplo de tabela <strong>do</strong> Stop de descoberta:<br />

r _________________ pr ________________ ______tr _________r<br />

tor _______________ _________________ r r _____gr_________<br />

______rr __________ _______ rr ________r dr _______________<br />

r _________________r br ________________ ___ por __________<br />

__________ r ______ _____ fer __________ ar _______________<br />

Caso a tabela seja semelhante a esta, não esquecer de avisar os alunos de que quan<strong>do</strong> o r<br />

aparece em séries como tor, ele deve ser a última letra da sílaba. Por exemplo: não vale palavra<br />

como tora, vale torneira.<br />

Explicar também que o espaço marca<strong>do</strong> na tabela não tem nada a ver com o número de letras<br />

ou sílabas que a palavra deve ter. Valem, por exemplo, torneira, torpe<strong>do</strong>, torpedinho, torta.<br />

Bingo ortográfico<br />

Objetivos pedagógicos<br />

1) Sistematizar a grafia de determinadas palavras.<br />

2) Construir regras ortográficas a partir da observação de elementos lingüísticos.<br />

O jogo<br />

Durante o sorteio das palavras pelo professor, o objetivo é ser o primeiro a completar uma<br />

linha ou coluna de palavras sorteadas e grafadas corretamente.<br />

1) Distribuir uma folha com uma tabela ou pedir aos alunos que façam uma com 16 ou 25<br />

quadra<strong>do</strong>s (4 x 4 ou 5 x 5).<br />

2) O professor seleciona as 16 ou 25 palavras (depende da tabela que estiver utilizan<strong>do</strong>), dita<br />

uma a uma e vai escreven<strong>do</strong> cada uma em um pedaço de papel corta<strong>do</strong>. Fecha cada palavra e<br />

joga os papéis dentro de um saco plástico, para o sorteio.<br />

3) Cada aluno irá escrever a palavra ditada em algum lugar da tabela, de tal forma que, ao<br />

final, cada um terá uma tabela organizada de forma diferente.<br />

4) Quan<strong>do</strong> as tabelas estiverem preenchidas, o professor começa a sortear as palavras e os<br />

alunos vão assinalan<strong>do</strong> em suas tabelas. Quan<strong>do</strong> alguém preencher uma linha, coluna ou diagonal,<br />

passan<strong>do</strong> pelo centro, levanta a mão e mostra para o professor. Se todas as palavras da linha completada<br />

estiverem corretas, o aluno vence. Se alguma apresentar grafia incorreta, o professor avisa<br />

que há erro mas não indica onde, e o aluno continua participan<strong>do</strong> com outra linha ou coluna.<br />

5) Como a intenção é aprender e jogar, vencer se torna menos relevante. Portanto, o professor<br />

continua o sorteio de palavras até quan<strong>do</strong> achar conveniente para sua classe, não importan<strong>do</strong><br />

quantos vence<strong>do</strong>res houver.<br />

A correção<br />

A correção deve ser feita na lousa e utilizada como um espaço para a discussão e reflexão sobre<br />

algum aspecto ortográfico. Por exemplo, se o objetivo <strong>do</strong> Bingo fosse a descoberta de diferenças<br />

entre AM e ÃO, o professor ditaria no Bingo apenas palavras com essas duas terminações<br />

e que não tivessem acento, e no momento da correção perguntaria aos alunos: O que há em comum<br />

entre as palavras que foram ditadas? Os alunos costumam responder que todas terminam<br />

em AM ou ÃO. O professor faz uma divisão na lousa e vai corrigin<strong>do</strong> de forma que cada terminação<br />

fique em uma coluna. Ao terminar de colocar as palavras na lousa, pergunta para os alunos:<br />

O que todas essas palavras têm em comum além <strong>do</strong> fato de terminarem em AM? (A mesma pergunta<br />

é feita para a outra coluna.) Os alunos poderão constatar que as palavras terminadas em AM<br />

são paroxítonas e as terminadas em ÃO são oxítonas, se não tiverem acento.<br />

A descoberta é registrada no Caderno de Descobertas, e as palavras <strong>do</strong> Bingo, copiadas no<br />

caderno.<br />

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Jogo das dicas<br />

Objetivos pedagógicos<br />

1) Revisar conteú<strong>do</strong>s já trabalha<strong>do</strong>s, aplica<strong>do</strong>s a uma situação ortográfica.<br />

2) Aprender a ouvir ordens, estan<strong>do</strong> atento aos detalhes <strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong>.<br />

O jogo<br />

O objetivo <strong>do</strong> jogo é descobrir a palavra que está sen<strong>do</strong> ditada, a partir de dicas dadas pelo<br />

professor.<br />

1) É para ser joga<strong>do</strong> individualmente, com a classe toda.<br />

2) O professor seleciona um número x de palavras com a dificuldade que pretende trabalhar<br />

e propõe à classe que, em vez de falar a palavra, dará dicas e cada aluno deverá escrever em seu<br />

caderno a palavra que imaginou.<br />

3) O professor deverá utilizar critérios varia<strong>do</strong>s para dar as dicas e poderá aproveitar para<br />

trabalhar conceitos de todas as áreas. Exemplos de dicas:<br />

a) A palavra na qual estou pensan<strong>do</strong> tem (número) letras e (número) sílabas e é sinônimo<br />

de...<br />

b) É o nome que se dá ao processo de nascimento e crescimento de uma semente.<br />

c) É um substantivo trissílabo que dá nome a um sentimento que temos quan<strong>do</strong>…<br />

d) É um adjetivo que é antônimo de ..., etc.<br />

Esse jogo é muito bom para se trabalhar com palavras homófonas (que são pronunciadas<br />

da mesma forma, mas grafadas de forma diferente), como chá e xá, auto e alto, acender e ascender,<br />

etc. Ao utilizá-lo dessa forma, estaremos reforçan<strong>do</strong> nas crianças a concepção de que ortografia<br />

e significa<strong>do</strong> estão relaciona<strong>do</strong>s.<br />

Contagem de pontos<br />

1) Palavra certa no senti<strong>do</strong> e na ortografia — 2 pontos.<br />

2) Palavra certa no senti<strong>do</strong> e errada na ortografia — 1 ponto.<br />

3) Palavra errada no senti<strong>do</strong> e na ortografia — 0 ponto.<br />

Palavras cruzadas<br />

Objetivos pedagógicos<br />

1) Descobrir regras ortográficas.<br />

2) Utilizar conceitos já trabalha<strong>do</strong>s.<br />

O jogo<br />

O jogo de palavras cruzadas já é conheci<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s. Podemos utilizá-lo para trabalhar<br />

Ortografia e os conceitos que quisermos. Basta selecionar as palavras mais interessantes para o<br />

assunto a ser trabalha<strong>do</strong>.<br />

Para tal, é importante que o professor tenha em mente que o objetivo <strong>do</strong> jogo não é simplesmente<br />

ser diverti<strong>do</strong>, mas que, através dele, conteú<strong>do</strong>s lingüísticos e psicológicos estão sen<strong>do</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>s.<br />

O professor poderá pedir, como lição de casa, que o aluno monte palavras cruzadas com determinada<br />

dificuldade ortográfica para que os colegas respondam. No dia seguinte to<strong>do</strong>s trocam<br />

os jogos e um responde o <strong>do</strong> outro.<br />

A montagem <strong>do</strong>s jogos exige raciocínio e capacidade de definição, <strong>do</strong>is elementos importantes<br />

de serem trabalha<strong>do</strong>s. É interessante que na primeira vez esta atividade seja realizada em<br />

sala de aula, para que o professor possa auxiliá-los nessa descoberta.<br />

Soletran<strong>do</strong><br />

Objetivos pedagógicos<br />

1) Trabalhar com a imagem mental da palavra.<br />

2) Distinguir as noções de letra e nome da letra.<br />

O jogo<br />

O objetivo <strong>do</strong> jogo é conseguir soletrar a palavra corretamente.<br />

1) O professor pede que os alunos pesquisem, em casa, palavras com uma determinada dificuldade<br />

ortográfica e tragam o jogo para a classe. Por exemplo, palavras que tenham R, ou que<br />

tenham X ou CH.<br />

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2) No dia seguinte, a classe deve ser dividida em equipes de três ou quatro elementos, que<br />

serão, daqui em diante, chama<strong>do</strong>s de aluno número 1, 2, 3, 4, em cada equipe.<br />

3) O joga<strong>do</strong>r número 1 escolhe uma de suas palavras e pede que o joga<strong>do</strong>r número 2 a soletre,<br />

isto é, ele deve escrever a palavra na cabeça e soletrá-la letra por letra, na seqüência certa.<br />

Enquanto isso, o joga<strong>do</strong>r número 1 (o que ditou a palavra) vai escreven<strong>do</strong> cada letra ditada.<br />

4) Quan<strong>do</strong> o joga<strong>do</strong>r número 2 termina de soletrar, o número 1 diz se ele acertou ou errou.<br />

Se o 2 acertou, ganha um ponto e dita uma palavra para o 3. Se o 2 errou, o número 1 avisa que<br />

está erra<strong>do</strong> e pede que o joga<strong>do</strong>r 3 soletre a palavra. Caso acerte, o ponto será dele (<strong>do</strong> número<br />

3).<br />

5) O joga<strong>do</strong>r número 3 diz, então, sua palavra para o joga<strong>do</strong>r número 4.<br />

6) O jogo termina após terem si<strong>do</strong> ditadas todas as palavras selecionadas, ou após um tempo<br />

determina<strong>do</strong> pelo professor ou combina<strong>do</strong> com a classe.<br />

Jogo <strong>do</strong>s animais<br />

Objetivos pedagógicos<br />

a) Utilizar os conhecimentos gera<strong>do</strong>s nas atividades de reflexão sobre uma determinada<br />

letra.<br />

b) Trabalhar com a imagem mental das palavras.<br />

c) Utilizar os processos mentais de classificação e seriação em uma situação ortográfica.<br />

O jogo<br />

O objetivo <strong>do</strong> jogo é que o aluno descubra como deve organizar letras móveis para formar<br />

as palavras que foram sugeridas através das dicas dadas na tabela.<br />

O professor divide a classe em grupos de quatro elementos e entrega para cada grupo uma<br />

tabela como a que será mostrada adiante, junto com um montinho de letras coloridas já selecionadas<br />

para formar as palavras. Esse jogo pode ser feito com cartolina e canetinha hidrocor.<br />

Organizada a classe, o professor dá as dicas <strong>do</strong> jogo. Exemplo: Com essas letras dá para vocês<br />

montarem nove palavras. Todas elas são nomes de animais. To<strong>do</strong>s os nomes têm a letra H.<br />

Dadas as dicas, o professor pede aos alunos que descubram e organizem as palavras na<br />

tabela abaixo, encontran<strong>do</strong> o lugar certo de cada uma.<br />

Vence(m) o(s) grupo(s) que conseguir(em) organizar a tabela corretamente.<br />

Veja um exemplo: jogo para treino da letra H.<br />

Nomes <strong>do</strong>s animais: cachorro, abelha, ovelha, minhoca, aranha.<br />

V C V C C V<br />

C V C C V C V<br />

C V C C V C C V<br />

V C V C C V<br />

V C V C C V<br />

V = vogal<br />

C = consoante<br />

Deixar sempre uma linha de espaços em branco, onde o aluno vai escrever as letras, e outra<br />

linha com a indicação vogal ou consoante como dica para o aluno saber que letra colocar neste<br />

espaço.<br />

Os alunos receberiam, no caso da tabela acima, um saquinho com as letras: A (8), B (1),<br />

C (3), E (2), H (5), I (1), L (2), M (2), N (2), O (4), R (3), V (1), que seriam utilizadas para o preenchimento<br />

da tabela.<br />

Quan<strong>do</strong> este jogo for realiza<strong>do</strong> com alunos de 1ª série, é bom que o nome de cada animal<br />

esteja escrito com uma cor diferente, para que o desafio não esteja acima <strong>do</strong> limite deles. Se o jogo<br />

for feito com alunos de outras séries, pode-se manter a mesma cor para todas as palavras.<br />

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96<br />

Bibliografia para pesquisa teórica<br />

FERREIRO, Emilia. Alfabetização em processo. São Paulo, Cortez, 1986.<br />

————— & TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre, Artes Médicas,<br />

1985.<br />

GALVES, Charlotte; Orlandi, Eni Pulcinelli; Otoni, Paulo, orgs. O texto: escrita e leitura.<br />

Campinas, Pontes, 1988.<br />

GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio<br />

Vargas, 1973.<br />

KOCH, Inge<strong>do</strong>re Villaça. A coesão textual. São Paulo, Contexto, 1991.<br />

MACEDO, Lino de. Ensaios construtivistas. São Paulo, Casa <strong>do</strong> Psicólogo, 1994.<br />

ORLANDI, Eni Pulcinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas <strong>do</strong> discurso. Campinas,<br />

Pontes, 1987.<br />

————— . Discurso e leitura. São Paulo, Cortez, 1988.<br />

PIAGET, Jean. A tomada de consciência. Tradução de Edson Braga de Souza. São Paulo,<br />

Melhoramentos/Edusp, 1977.<br />

————— . Fazer e compreender. Tradução de Cristina Larroudé de Paula Leite. São Paulo,<br />

Melhoramentos/Edusp, 1978.<br />

————— & INHELDER, Barbel. A psicologia da criança. Tradução de Otávio Mendes Campos.<br />

São Paulo, Difel, 1980.

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