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DPP Portugal Profiles - Departamento de Prospectiva e Planeamento

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DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS<br />

<strong>DPP</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Profiles</strong><br />

2<br />

CONVERGÊNCIA<br />

(documento <strong>de</strong> trabalho)<br />

<strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>Prospectiva</strong> e<br />

<strong>Planeamento</strong> e Relações Internacionais<br />

MAOTDR<br />

(D)PP2<br />

Convergência<br />

Março 2008


DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS<br />

(D)PP 2 - Convergência<br />

Os <strong>DPP</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Profiles</strong> constituem uma contribuição do <strong>DPP</strong> para o Grupo <strong>de</strong> Trabalho (GT) responsável por<br />

reflectir sobre as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> evolução do Orçamento da UE após 2013 e consequentes implicações para<br />

<strong>Portugal</strong>. A Comissão Europeia situou o <strong>de</strong>bate sobre o futuro do Orçamento da UE no quadro mais lato dos<br />

<strong>de</strong>safios a enfrentar pela União num horizonte mais longínquo, sendo os mesmos entendidos como forças<br />

dinâmicas, em transformação permanente, cuja natureza po<strong>de</strong> (e <strong>de</strong>ve) ser compreendida e investigada, mas<br />

relativamente às quais o patamar <strong>de</strong> informação e conhecimento disponíveis não <strong>de</strong>verá ser consi<strong>de</strong>rado<br />

como adquirido e <strong>de</strong>finitivo. A Comissão optou, assim, por ligar a discussão sobre o futuro do Orçamento ao<br />

futuro das políticas europeias, colocando este processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão política no plano da Estratégia. Estamos<br />

pois perante um processo <strong>de</strong> reflexão estratégica. Este processo <strong>de</strong> reflexão estratégica, necessário à escala<br />

europeia, é para <strong>Portugal</strong> do maior interesse e, particularmente, <strong>de</strong>safiante. Equacionar o(s) futuro(s) <strong>de</strong><br />

<strong>Portugal</strong> no contexto europeu é uma condição necessária para a fundamentação <strong>de</strong> escolhas na formulação<br />

<strong>de</strong> políticas nacionais ou na i<strong>de</strong>ntificação dos posicionamentos que melhor servem os interesses <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> na<br />

construção das políticas comunitárias. Partindo <strong>de</strong> um enquadramento internacional <strong>de</strong> âmbito mais vasto, em<br />

que situamos o contexto europeu, é possível traçar incertezas centrais e tendências marcantes que<br />

inevitavelmente terão impactos numa pequena economia plenamente integrada, a par <strong>de</strong> países que se<br />

situam no topo dos níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, numa união económica e monetária. O <strong>DPP</strong> tem realizado um<br />

extenso trabalho <strong>de</strong> reflexão sobre a posição portuguesa face a um enquadramento externo marcado pelas<br />

referidas tendências globais. No seu conjunto, estes trabalhos não <strong>de</strong>vem ser assumidos como um exercício <strong>de</strong><br />

“certificação” (entendida esta como fornecimento <strong>de</strong> certezas), mas sim como uma abordagem que parte da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e aprofundar tanto quanto possível as incertezas cruciais face ao futuro para reunir<br />

uma base sólida <strong>de</strong> conhecimento que possa contribuir para a respectiva “gestão”, isto é, para a maximização<br />

do aproveitamento das oportunida<strong>de</strong>s que se abrem e para evitar ou mitigar os riscos potenciais. Neste<br />

conjunto <strong>de</strong> documentos procura-se correspon<strong>de</strong>r à solicitação do GT coor<strong>de</strong>nado pela DGAE, sistematizando<br />

e parcialmente actualizando num lote <strong>de</strong> seis “ca<strong>de</strong>rnos” temáticos uma selecção <strong>de</strong> leituras técnicas<br />

extraídas dos trabalhos mais recentes do <strong>DPP</strong>. Esta selecção orientou-se para, sob diferentes ângulos, i<strong>de</strong>ntificar<br />

o posicionamento <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>:<br />

(D)PP 1 – Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos<br />

(D)PP 2 – Convergência<br />

(D)PP 3 – Crescimento Sustentado e Carteira <strong>de</strong> Activida<strong>de</strong>s<br />

(D)PP 4 – Território(s)<br />

(D)PP 5 – Ambiente e Desenvolvimento<br />

(D)PP6 – Qualificações, Trabalho e Coesão Social<br />

O envolvimento da Administração portuguesa nesta reflexão constitui uma oportunida<strong>de</strong> para, num momento<br />

<strong>de</strong> viragem para a economia portuguesa, revisitar elementos do nosso percurso recente, úteis para melhor<br />

po<strong>de</strong>rmos compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> on<strong>de</strong> partimos e nos prepararmos para melhor i<strong>de</strong>ntificar e construir o(s) nosso(s)<br />

futuro(s).<br />

2<br />

Ficha Técnica<br />

Título: (D)PP 2 - Convergência (documento <strong>de</strong> trabalho; Março <strong>de</strong> 2008)<br />

Organização/Actualização: Manuela Proença, António Alvarenga (antonio@dpp.pt)


(D)PP 2 - Convergência<br />

Índice<br />

Introdução 5<br />

1 Convergência Nominal com a UE 6<br />

2 Convergência Real com a UE 10<br />

3 Reflexão <strong>de</strong> Conjunto 14<br />

Referências 15<br />

3<br />

DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


(D)PP 2 - Convergência<br />

Introdução 1<br />

Apresenta-se <strong>de</strong> seguida uma análise dos diferentes ritmos <strong>de</strong> convergência<br />

(nominal e real) da economia portuguesa com a UE, com vista não só a estabelecer<br />

o respectivo perfil, como a perceber as suas condicionantes e triggers. E se,<br />

relativamente à convergência nominal, as notícias mais recentes são positivas, o<br />

histórico do processo <strong>de</strong> convergência real revela problemas ao nível da<br />

produtivida<strong>de</strong> que se tornam particularmente preocupantes num contexto <strong>de</strong><br />

estreitamento das opções <strong>de</strong> política no âmbito da UEM.<br />

1 A partir <strong>de</strong> <strong>DPP</strong> (2006), Evolução Macroeconómica 1995-2005: Diagnóstico Prospectivo,<br />

<strong>Prospectiva</strong> e <strong>Planeamento</strong> nº13, pp. 113-170, disponível em<br />

http://www.dpp.pt/pages/files/diagnostico_prospectivo.pdf. Trabalho centrado na análise do<br />

ritmo <strong>de</strong> convergência da economia portuguesa no período 1995-2005 e no estudo das suas<br />

<strong>de</strong>terminantes.<br />

5<br />

DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS<br />

(D)PP 2 - Convergência<br />

1. CONVERGÊNCIA NOMINAL COM A UE<br />

O <strong>de</strong>sempenho da economia portuguesa em termos da convergência nominal<br />

revelou-se mais favorável do que em termos <strong>de</strong> convergência real até à criação do<br />

Euro em 1999, com <strong>Portugal</strong> a fazer parte do conjunto dos Estados Membros que<br />

integraram, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, a Área do Euro. Porém, mais recentemente, a<br />

<strong>de</strong>terioração da conjuntura levou a que se tornassem evi<strong>de</strong>ntes as dificulda<strong>de</strong>s<br />

estruturais na área das finanças públicas e, <strong>de</strong> forma menos expressiva, ao nível<br />

dos preços. A estabilida<strong>de</strong> macroeconómica é um factor relevante para o<br />

crescimento económico e para a competitivida<strong>de</strong>, a que acresce a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

convergência nominal num contexto <strong>de</strong> uma economia integrada num espaço com<br />

uma política monetária e cambial única.<br />

A inflação manteve uma trajectória <strong>de</strong> <strong>de</strong>saceleração durante os anos noventa,<br />

invertendo essa trajectória em meados do ano 2000, voltando a registar ritmos<br />

ten<strong>de</strong>ncialmente menores nos anos mais recentes. O diferencial <strong>de</strong> preços face à<br />

Área do Euro tem-se mostrado persistentemente positivo o qual, medido pelo<br />

Índice Harmonizado <strong>de</strong> Preços no Consumidor (IHPC), passou <strong>de</strong> 0,2 p.p. em<br />

1997 para 2,0 p.p. em 2001, tornando-se ligeiramente negativo pela primeira vez<br />

em 2005. Os preços dos serviços têm explicado o diferencial <strong>de</strong> inflação, em virtu<strong>de</strong><br />

da concorrência neste segmento do mercado ser mais incipiente.<br />

A taxa <strong>de</strong> câmbio efectiva real 2 , consi<strong>de</strong>rando quer o nível <strong>de</strong> preços medido pelo<br />

IPC, quer o custo do trabalho por unida<strong>de</strong> produzida (CTUP), apresentou em<br />

<strong>Portugal</strong> nos últimos <strong>de</strong>z anos uma tendência <strong>de</strong> valorização. A taxa <strong>de</strong> câmbio<br />

efectiva real consi<strong>de</strong>rando o IPC após ter experimentado uma <strong>de</strong>svalorização na<br />

segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> noventa <strong>de</strong> 4,3%, registou uma forte valorização <strong>de</strong><br />

10,4% no último quinquénio.<br />

2 Taxa <strong>de</strong> câmbio relativa aos restantes 34 países industrializados <strong>de</strong>flacionada pelo Índice <strong>de</strong><br />

Preços no Consumidor (IPC) ou, em alternativa, pelo Custo do Trabalho por Unida<strong>de</strong> Produzida<br />

(CTUP).<br />

6


Variação anual (%)<br />

(D)PP 2 - Convergência<br />

Naturalmente, esta evolução traduz um crescimento dos preços internos e<br />

dos salários acima da média dos países industrializados, sem que tenha<br />

tido correspondência em diferenciais <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> positivos<br />

<strong>de</strong>teriorando, assim, a competitivida<strong>de</strong>-custo das exportações portuguesas<br />

num contexto <strong>de</strong> intensificação da abertura do comércio internacional,<br />

associada quer ao quadro da OMC quer ao aumento da transnacionalização<br />

das ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> produção das empresas, e <strong>de</strong> alargamento da União<br />

Europeia aos países da Europa <strong>de</strong> Leste.<br />

5<br />

5<br />

4<br />

4<br />

3<br />

3<br />

2<br />

2<br />

1<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

Gráfico I.5 1<br />

Índice Harmonizado <strong>de</strong> Preços no Consumidor<br />

1995 1997 1999 2001 2003 2005<br />

Diferencial Área Euro<br />

<strong>Portugal</strong> Diferencial médio<br />

Fonte: Eurostat e Comissão Europeia<br />

(a) Relativa aos restantes 34 países industrializados. Taxa <strong>de</strong><br />

câmbio efectiva real calculada com base no IPC.<br />

Fonte: Eurostat<br />

A taxa <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> longo prazo manteve uma tendência <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio<br />

dos anos noventa, com algumas oscilações pontuais, no sentido da subida. O<br />

diferencial face à Área do Euro passou <strong>de</strong> 2,57 p.p. em 1995 para 0,02 p.p. em<br />

2005, tendo-se mantido praticamente nulo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003.<br />

As finanças públicas apresentaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995 até 1999, ano <strong>de</strong> criação do Euro,<br />

uma evolução bastante favorável com a redução do défice público para 2,7% do<br />

PIB e da dívida pública para 51,4% do PIB. No essencial, a conjuntura económica<br />

favorável, a redução significativa das taxas <strong>de</strong> juro e a aplicação <strong>de</strong> receitas <strong>de</strong><br />

privatizações na redução da dívida pública explicam esta melhoria.<br />

Em 2000, registou-se uma inversão <strong>de</strong> tendência <strong>de</strong> redução do défice público,<br />

tendo <strong>Portugal</strong> registado um défice excessivo em 2001 ao ultrapassar em 1,3 p.p. o<br />

valor <strong>de</strong> referência (3% do PIB). A situação <strong>de</strong> défice excessivo foi resultado,<br />

essencialmente, da <strong>de</strong>terioração da componente estrutural do défice, a qual vinha a<br />

apresentar alguma tendência <strong>de</strong> agravamento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998.<br />

1999=100<br />

120<br />

115<br />

110<br />

105<br />

100<br />

95<br />

90<br />

Gráfico GráficoI.6 2<br />

Taxa <strong>de</strong> Câmbio Efectiva (a)<br />

1995 1997 1999 2001 2003 2005<br />

Área Euro, nominal <strong>Portugal</strong>, nominal<br />

Área Euro, real <strong>Portugal</strong>, real<br />

7<br />

DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS<br />

Dívida Bruta das APs (% do PIB)<br />

(D)PP 2 - Convergência<br />

Em 2002 e 2003, num contexto económico conjuntural <strong>de</strong>sfavorável, o défice<br />

público respeitou o valor <strong>de</strong> referência, para o que contribuiu um conjunto <strong>de</strong><br />

medidas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização da administração pública e a adopção <strong>de</strong> medidas<br />

temporárias <strong>de</strong> contenção do défice com efeitos directos positivos na receita<br />

pública. No entanto, em 2004, apesar da continuação do recurso a medidas<br />

temporárias, o défice público ultrapassou novamente os 3% do PIB,<br />

estabelecendo-se em 3,2%. Em 2005, a opção política <strong>de</strong> não utilizar medidas<br />

temporárias, o facto <strong>de</strong> o programa <strong>de</strong> reformas estruturais em curso apenas<br />

produzir efeitos num horizonte mais dilatado e a continuação <strong>de</strong> um contributo<br />

negativo da componente cíclica do défice, conduziu a que o défice público se<br />

situasse em 6% do PIB.<br />

Em 2005, O Conselho da União Europeia <strong>de</strong>cidiu pela existência <strong>de</strong> um défice<br />

excessivo, dada a ultrapassagem do valor <strong>de</strong> referência não po<strong>de</strong>r ser consi<strong>de</strong>rada<br />

excepcional relativamente à observância do PEC, nem temporária. Dada a situação<br />

débil da conjuntura económica e a dimensão do ajustamento requerido, o Conselho<br />

recomendou que a correcção da situação <strong>de</strong> défice excessivo fosse concluída o mais<br />

tardar até 2008, através <strong>de</strong> reformas estruturais, em particular na Administração<br />

Pública e no Sistema <strong>de</strong> Segurança Social.<br />

Em virtu<strong>de</strong> dos ganhos significativos na eficiência da máquina fiscal, do controlo da<br />

<strong>de</strong>spesa pública e, ainda, dos primeiros impactos <strong>de</strong> medidas estruturais com<br />

incidência na Administração Pública, na Segurança Social e na Saú<strong>de</strong>, a situação <strong>de</strong><br />

défice excessivo foi ultrapassada em 2007.<br />

70<br />

60<br />

50<br />

Fonte: Comissão Europeia<br />

8<br />

Gráfico 3I.7 Gráfico 4I.8<br />

Saldo Global e Dívida Bruta das Administrações<br />

Públicas em <strong>Portugal</strong><br />

2005<br />

1995<br />

2004<br />

1996<br />

1997<br />

2001<br />

2003<br />

2002<br />

1998 1999<br />

2000<br />

40<br />

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0<br />

Saldo Global das APs (% do PIB)<br />

Dívida Bruta das APs (% do PIB)<br />

120<br />

100<br />

Saldo Global e Dívida Bruta das Administrações<br />

Públicas na UE, 2005<br />

Gre<br />

Ita<br />

Fonte: Comissão Europeia<br />

Bel<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

Ale Área Euro<br />

Por<br />

UE15<br />

Fra<br />

Hun UE25<br />

Sue<br />

Pol<br />

Esp Fin<br />

Eslova<br />

Eslov<br />

R. Che<br />

Irl<br />

Let<br />

Lux<br />

Est<br />

Din<br />

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6<br />

Saldo Global das APs (% do PIB)


(D)PP 2 - Convergência<br />

A dívida pública encetou uma trajectória ascen<strong>de</strong>nte em 2001, atingindo 63,9% do<br />

PIB em 2005, situando-se acima do valor <strong>de</strong> referência (60% do PIB) e constituindo<br />

o valor mais alto observado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> à a<strong>de</strong>são. O agravamento do rácio da dívida<br />

pública po<strong>de</strong> ser explicado pela <strong>de</strong>terioração do saldo primário das contas públicas,<br />

pelos ajustamentos <strong>de</strong> sinal positivo às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento e pelo facto<br />

da taxa <strong>de</strong> juro implícita na dívida pública ter vindo a situar-se acima do<br />

crescimento nominal do PIB. Só em 2007, a dívida pública regressou a uma<br />

trajectória <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, reflectindo os avanços das políticas estruturais.<br />

Quer na Irlanda quer em Espanha, bem como, embora em menor grau, na Área do<br />

Euro, realizou-se um esforço notório <strong>de</strong> redução do peso da <strong>de</strong>spesa pública<br />

estrutural no PIB, especialmente na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> noventa quando<br />

uma situação económica mais favorável facilitou a adopção <strong>de</strong> reformas estruturais.<br />

A redução do peso da <strong>de</strong>spesa pública estrutural no PIB permitiu a diminuição do<br />

peso da receita pública estrutural na Área do Euro. Em <strong>Portugal</strong>, pelo contrário, o<br />

peso das <strong>de</strong>spesas e receitas públicas estruturais tem mostrado uma tendência<br />

ascen<strong>de</strong>nte, situação que levou à adopção <strong>de</strong> medidas estruturais a partir <strong>de</strong> 2006.<br />

9<br />

DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS<br />

(D)PP 2 - Convergência<br />

O comportamento relativo da dívida pública face ao PIB tem-se mostrado mais<br />

favorável, com <strong>Portugal</strong> a manter níveis inferiores ao valor <strong>de</strong> referência e aos<br />

valores médios observados na Área do Euro e na UE15. Dado o agravamento <strong>de</strong>ste<br />

rácio em 2005, o valor da dívida face ao PIB ultrapassou porém o valor <strong>de</strong><br />

referência. Os valores apresentados nos últimos anos são, no entanto, bastante<br />

superiores aos da Irlanda e da Espanha. À excepção <strong>de</strong> Chipre e Malta, todos os<br />

restantes 10 Novos Estados Membros apresentavam dívidas públicas face ao PIB<br />

inferiores a <strong>Portugal</strong>.<br />

2. CONVERGÊNCIA REAL COM A UE<br />

O nível <strong>de</strong> vida da população portuguesa ao longo dos anos noventa do século<br />

passado convergiu <strong>de</strong> modo significativo para o nível médio da UE15, embora a um<br />

ritmo mais lento do que o observado no período imediatamente seguinte ao da<br />

a<strong>de</strong>são à CEE. A partir do ano 2000, o ritmo <strong>de</strong> convergência real estagnou,<br />

começando a observar-se uma divergência após 2003. Em 2005, o PIB por<br />

habitante em PPC situava-se em 66% da média da UE15 e em 71% da média da<br />

UE25, valores inferiores aos verificados em meados da década <strong>de</strong> noventa.<br />

10<br />

Quadro<br />

QUADRO<br />

I.2<br />

1<br />

Receitas e Despesas Públicas Estruturais (a)<br />

Em % do PIB<br />

Receita Pública Estrutural Despesa Pública Estrutural<br />

1995 2000 2005 1995 2000 2005<br />

<strong>Portugal</strong> 38,5 39,0 42,6 42,7 43,5 47,8<br />

UE25 nd 44,9 45,2 nd 46,2 47,1<br />

UE15 45,6 45,2 45,5 50,2 46,3 47,3<br />

Área Euro (b) 45,9 45,5 45,5 50,4 47,4 47,4<br />

Irlanda 40,1 34,2 36,0 41,0 31,7 34,5<br />

Espanha 38,8 37,3 39,5 43,9 39,2 38,2<br />

Grécia 41,8 47,5 41,0 51,0 51,0 46,4<br />

(a) Ajustamento baseado no PIB potencial.<br />

(b) EUR-11 mais Grécia até 31.12.2000 / EUR-12 <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1.1.2001<br />

Fonte: Comissão Europeia


(D)PP 2 - Convergência<br />

76<br />

74<br />

72<br />

70<br />

68<br />

66<br />

64<br />

62<br />

Gráfico 5I.1 Gráfico 6I.2<br />

PIB por Habitante em <strong>Portugal</strong>, em PPC<br />

(UE15=100)<br />

média 1991-1995<br />

60<br />

1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005<br />

Fonte: Eurostat<br />

média 1996-2000<br />

média 2001-2005<br />

Fonte: Eurostat<br />

PIB por Habitante na UE, em PPC<br />

Taxas Médias <strong>de</strong> Crescimento (%)<br />

O processo <strong>de</strong> convergência real da economia portuguesa foi <strong>de</strong>ste modo<br />

registando uma progressiva perda <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> até iniciar um movimento <strong>de</strong><br />

divergência a partir <strong>de</strong> 2003. <strong>Portugal</strong> encontra-se actualmente e em termos<br />

relativos mais afastado dos “países da coesão” e mais próximo dos 10 Novos<br />

Estados Membros.<br />

A sustentabilida<strong>de</strong> da trajectória dos restantes países <strong>de</strong>signados como “países da<br />

coesão” contrasta com a evolução da economia portuguesa. A Irlanda observou um<br />

ritmo <strong>de</strong> convergência real extremamente elevado, ultrapassando a média da UE15<br />

já em finais da década <strong>de</strong> noventa, sendo hoje um dos países da UE com mais<br />

elevado nível <strong>de</strong> vida. A economia espanhola observou também uma convergência<br />

real rápida e sustentada, enquanto na Grécia o processo <strong>de</strong> convergência foi<br />

realizado a um ritmo mais mo<strong>de</strong>rado, mas em nítida aceleração nos últimos anos.<br />

Vinte anos após a a<strong>de</strong>são, <strong>Portugal</strong> mantinha-se assim como o país mais pobre da<br />

UE15.<br />

Partindo <strong>de</strong> um nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento médio inferior ao <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, os 10<br />

Novos Estados Membros apresentaram, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados da década <strong>de</strong> noventa, um<br />

processo <strong>de</strong> convergência real sustentado, registando a República Checa e a<br />

Eslovénia um PIB por habitante em PPC superior a <strong>Portugal</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005.<br />

10<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Itália<br />

Alemanha<br />

<strong>Portugal</strong><br />

França<br />

Área Euro<br />

Áustria<br />

Bélgica<br />

UE15<br />

Dinamarca<br />

UE25<br />

Suécia<br />

Chipre<br />

Holanda<br />

R. Checa<br />

R. Unido<br />

Finlândia<br />

Espanha<br />

Grécia<br />

Eslovénia<br />

Luxembur<br />

Polónia<br />

Eslováqui<br />

Hungria<br />

Irlanda<br />

Lituânia<br />

Letónia<br />

Estónia<br />

1996-2005 2001-2005<br />

11<br />

DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS<br />

(D)PP 2 - Convergência<br />

QUADRO 2<br />

Quadro I.1<br />

Taxas Médias <strong>de</strong> Crescimento do Produto Interno Bruto e da Produtivida<strong>de</strong> por Trabalhador<br />

1996-2005<br />

Dados Enca<strong>de</strong>ados em Volume (Ano <strong>de</strong> referência=2000)<br />

%<br />

Produto Interno Bruto Produtivida<strong>de</strong> por Trabalhador (a)<br />

1996-2005 1996-2000 2001-2005 1996-2005 1996-2000 2001-2005<br />

<strong>Portugal</strong> 2,3 4,1 0,6 1,2 2,2 0,2<br />

UE25 2,3 2,9 1,7 1,5 1,9 1,2<br />

UE15 2,2 2,8 1,6 1,3 1,6 1,0<br />

Área Euro (b) 2,1 2,7 1,4 1,2 1,5 0,9<br />

NEM10 3,9 4,2 3,6 nd nd nd<br />

Irlanda 7,4 9,7 5,2 3,0 3,7 2,2<br />

Espanha 3,6 4,1 3,1 0,3 0,3 0,4<br />

Grécia<br />

(a) Avaliada em euros<br />

3,9 3,4 4,4 3,1 2,8 3,3<br />

(b) EUR-11 mais Grécia até 31.12.2000 / EUR-12 <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1.1.2001<br />

Fonte: Eurostat e Comissão Europeia<br />

A trajectória da convergência real espelha o <strong>de</strong>sempenho macroeconómico global<br />

da economia portuguesa. Após a conjuntura recessiva em 1993, a taxa média <strong>de</strong><br />

crescimento anual do PIB na fase ascen<strong>de</strong>nte do ciclo económico (1996-2000) foi<br />

muito positiva, sendo uma das mais elevadas da União Europeia. Porém, a partir <strong>de</strong><br />

2001, reflectindo a crise económica internacional e, em particular, o significativo<br />

abrandamento da activida<strong>de</strong> económica na União Europeia, <strong>Portugal</strong> observou um<br />

abrandamento económico particularmente intenso voltando a registar um<br />

<strong>de</strong>créscimo em 2003. Des<strong>de</strong> aí tem-se assisitido a crescimentos muito limitados do<br />

PIB.<br />

12


(D)PP 2 - Convergência<br />

Para o crescimento económico e a melhoria do nível <strong>de</strong> vida, o nível e a evolução<br />

da produtivida<strong>de</strong> aparente do trabalho 3 <strong>de</strong>sempenham um papel crucial ao medir a<br />

eficiência na utilização do factor trabalho na obtenção do produto. Observa-se que<br />

o afastamento <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> em termos <strong>de</strong> eficiência face à média da UE15 é superior<br />

ao afastamento existente em termos <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> vida.<br />

70<br />

Gráfico GráficoI.3 7<br />

PIB por Trabalhador em <strong>Portugal</strong>, em PPC<br />

(UE15=100)<br />

Gráfico Gráfico 8I.4<br />

PIB por Habitante e Produtivida<strong>de</strong> por<br />

Trabalhador na UE, 2005 (UE15=100)<br />

68<br />

EUA<br />

Irl<br />

66<br />

média 1996-2000<br />

Sue<br />

Fin<br />

Bel<br />

Fra<br />

64<br />

62<br />

média 2001-2005<br />

Eslove<br />

R. Che<br />

Por<br />

Est Hun<br />

Eslova<br />

Esp<br />

Gre<br />

60<br />

1995 1997 1999 2001 2003 2005<br />

Pol<br />

Fonte: Eurostat Fonte: Eurostat<br />

UE25<br />

140<br />

120<br />

Din<br />

100<br />

Ale<br />

80<br />

60<br />

40<br />

40 60 80 100 120 140<br />

Produtivida<strong>de</strong> por Trabalhador, em PPC<br />

160<br />

Em <strong>Portugal</strong>, a evolução da produtivida<strong>de</strong> aparente do trabalho experimentou uma<br />

evolução pró-cíclica. Em 2005, o PIB por trabalhador em PPC 4 , representava 61,7%<br />

da UE15 (65,3% da UE25), valor inferior ao registado uma década antes e o mais<br />

baixo no conjunto dos países da UE15. Neste mesmo ano, Espanha e Grécia<br />

apresentavam níveis <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> muito próximos da média comunitária (acima<br />

dos 90%) e Malta, Chipre, República Checa, Hungria e Eslovénia apresentavam<br />

níveis <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> superiores a <strong>Portugal</strong>.<br />

Consi<strong>de</strong>rando o nível <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> avaliado em euros, por forma a comparar<br />

níveis efectivos <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> das economias, a produtivida<strong>de</strong> aparente do<br />

trabalho em <strong>Portugal</strong> 5 representava em 2005 apenas 43,0% da média da UE15<br />

(Espanha e Grécia apresentavam valores, respectivamente, <strong>de</strong> 70,1% e 63,6%).<br />

Estes resultados retratam o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> crescimento económico subjacente ao<br />

3 Relação entre o Valor Acrescentado Bruto (VAB) e o volume <strong>de</strong> emprego.<br />

4 Relação entre o PIB a preços correntes em Parida<strong>de</strong>s do Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Compra (PPC) e o emprego<br />

total (número <strong>de</strong> indivíduos).<br />

5 Relação entre o PIB – dados enca<strong>de</strong>ados em volume, ano <strong>de</strong> referência=2000 – em euros e o<br />

emprego total (número <strong>de</strong> indivíduos).<br />

PIB por Habitante, em PPC<br />

160<br />

13<br />

DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS<br />

(D)PP 2 - Convergência<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da economia portuguesa, o qual não consolidou uma alteração<br />

profunda do padrão <strong>de</strong> especialização, num contexto <strong>de</strong> aprofundamento e<br />

alargamento<br />

internacional.<br />

da construção europeia bem como <strong>de</strong> maior concorrência<br />

Em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição do crescimento do PIB, o crescimento médio real do<br />

PIB no período 1995-2005 foi explicado em proporções praticamente idênticas pelo<br />

aumento do emprego (1,1%) e pelo aumento da produtivida<strong>de</strong> aparente do<br />

trabalho (1,2%), valores médios similares aos da UE15. O ritmo <strong>de</strong> crescimento da<br />

produtivida<strong>de</strong> abrandou significativamente a partir <strong>de</strong> 2001, saldando-se por uma<br />

evolução muito abaixo da média da UE15.<br />

3. REFLEXÃO DE CONJUNTO<br />

O processo <strong>de</strong> convergência da economia portuguesa para níveis <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento mais elevados confrontou-se, essencialmente a partir do ano<br />

2000, com dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> crescimento económico<br />

<strong>de</strong>finitivamente inviável num contexto <strong>de</strong> competição à escala global com<br />

economias emergentes, imbatíveis em termos <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>-custo. A a<strong>de</strong>são<br />

à moeda única, ao contrário do que se antecipava, não provocou uma aceleração<br />

do ajustamento estrutural, o qual se revela <strong>de</strong>masiado lento face aos <strong>de</strong>safios<br />

crescentes que as economias enfrentam. O choque expansionista <strong>de</strong>corrente do<br />

processo <strong>de</strong> integração na UEM, ainda que, num primeiro momento, tenha<br />

favorecido o aumento do PIB via consumo e investimento (também majorado pelo<br />

impacto dos apoios europeus), numa segunda fase revelou efeitos perversos não<br />

contidos pela política orçamental, os quais estão bem patentes no agravamento da<br />

situação financeira das famílias e das empresas e, consequentemente, do<br />

agravamento da posição financeira do país face ao exterior.<br />

14


(D)PP 2 - Convergência<br />

REFERÊNCIAS<br />

<strong>DPP</strong> (2006), Evolução Macroeconómica 1995-2005, <strong>Prospectiva</strong> e <strong>Planeamento</strong> nº13,<br />

pp. 113-170, disponível em<br />

http://www.dpp.pt/pages/files/diagnostico_prospectivo.pdf.<br />

15<br />

DEPARTAMENTO DE<br />

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO<br />

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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