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figurações do feminino em frei luís de sousa de almeida garrett

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FIGURAÇÕES DO FEMININO EM FREI LUÍS DE SOUSA DE ALMEIDA GARRETT<br />

séculos XVII e XVIII ingressaram <strong>em</strong> or<strong>de</strong>ns religiosas e nos <strong>de</strong>ixaram test<strong>em</strong>unhos<br />

das suas experiências <strong>de</strong> vida) 16 .<br />

Donzela honesta ou um anjo <strong>do</strong> Céu?<br />

Maria <strong>de</strong> Noronha constitui, <strong>em</strong> Frei Luís <strong>de</strong> Sousa, a mais estimulante figuração<br />

<strong>do</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>. Motivo <strong>de</strong> frequente ligação entre o drama e a biografia <strong>de</strong> Garrett, por<br />

permitir ler na ficção o caso verídico <strong>do</strong> nascimento ilegítimo da filha que teve com<br />

A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> Pastor, é, contu<strong>do</strong>, na ambiguida<strong>de</strong> da sua caracterização genérica que me<br />

parece po<strong>de</strong>r residir a atracção que exerce sobre o leitor, o especta<strong>do</strong>r e jovens actrizes<br />

talentosas.<br />

As primeiras referências a Maria surg<strong>em</strong> logo na I cena <strong>do</strong> I acto e faz<strong>em</strong> da<br />

personag<strong>em</strong> assunto da conversa entre Madalena e Telmo:<br />

TELMO<br />

Não, a senhora D. Maria já é mais alta.<br />

MADALENA<br />

É verda<strong>de</strong>, t<strong>em</strong> cresci<strong>do</strong> <strong>de</strong> mais, e <strong>de</strong> repente, nestes <strong>do</strong>us meses últimos...<br />

TELMO<br />

Então! T<strong>em</strong> treze anos feitos, é quase uma senhora, está uma senhora... (À parte)<br />

Uma senhora, aquela...pobre menina!<br />

MADALENA (com lágrimas nos olhos)<br />

És muito amigo <strong>de</strong>la, Telmo?<br />

TELMO<br />

Se sou! Um anjo como aquele...uma viveza, um espírito! e então que coração!”<br />

Garrett inicia <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong> a caracterização <strong>de</strong> Maria como um ser <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>finida ou oscilante. Não é ainda uma “senhora”, antes uma menina-anjo que o<br />

discurso constrói – excepto numa situação que se analisará adiante - através <strong>de</strong> marcas<br />

<strong>do</strong> género <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>.<br />

16 Maria Antónia Lopes, Mulheres, espaço e sociabilida<strong>de</strong>. A transformação <strong>do</strong>s papéis <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>s <strong>em</strong> Portugal<br />

à luz <strong>de</strong> fontes literárias (segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XVIII), Lisboa, Livros Horizonte, 1989.<br />

44 DISCURSOS. SÉRIE: ESTUDOS PORTUGUESES E COMPARADOS<br />

© Universida<strong>de</strong> Aberta

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