Formas da Apresentação: da exposição à ... - ppgav
Formas da Apresentação: da exposição à ... - ppgav
Formas da Apresentação: da exposição à ... - ppgav
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Revista PALÍNDROMO 2<br />
FERVENZA, Hélio.<br />
Num segundo, momento seria pertinente tratarmos mais especificamente do espaço<br />
no qual são apresenta<strong>da</strong>s as produções artísticas.<br />
Numa primeira abor<strong>da</strong>gem no campo <strong>da</strong>s artes plásticas, o espaço que aparece<br />
como o mais imediatamente relacionado <strong>à</strong> apresentação é o espaço de <strong>exposição</strong>.<br />
Aquele que se estabelece com maior ênfase nesse sentido, sendo, portanto, aquele de<br />
maior referência. Este espaço surge <strong>da</strong> apresentação de produções artísticas em<br />
museus, galerias, eventos (bienais, feiras de arte) e, possivelmente, em qualquer lugar<br />
artístico assim definido. Mas de onde surge e qual a importância desse espaço de<br />
<strong>exposição</strong> para as produções artísticas? Estas não seriam imediatamente e<br />
simplesmente visíveis? O artista e professor René Vinçon, autor do livro Artifices<br />
d’exposition, nos introduz no problema, mais talvez do que <strong>à</strong> resposta:<br />
O princípio de base é o seguinte: uma obra não é visível por ela<br />
mesma como pela força natural <strong>da</strong>s coisas (que, como as coisas que<br />
se fazem sozinhas, possuem um ar de magia), e ela não é sobretudo<br />
jamais inteiramente visível no sentido em que nós não saberíamos<br />
pretender tudo (fazer) ver ou perceber de uma obra, qualquer que<br />
seja a transparência de seu modo de apresentação”. 13<br />
É importante esclarecermos, também, que o espaço de <strong>exposição</strong> não é produzido<br />
simplesmente em decorrência <strong>da</strong> presença física de uma obra ou produção artística no<br />
lugar constituído pelo museu ou galeria. Ele se estabelece no cruzamento de to<strong>da</strong> uma<br />
série de dispositivos que operam sobre a visuali<strong>da</strong>de. Entraria em ação na percepção<br />
dessas produções o que o filósofo Jean-François Lyotard chama os operadores <strong>da</strong><br />
visão de arte14 , elementos que enunciam as condições <strong>da</strong> visuali<strong>da</strong>de. São eles: a<br />
transmissão (a <strong>exposição</strong>) de uma mensagem (a obra de arte), por um expedidor (o<br />
artista, o curador, o galerista), para um destinatário (o público, o crítico, o<br />
colecionador, o comprador), a propósito de algo (referente), utilizando um feixe de<br />
canais (as formas, as cores, os suportes, os lugares, os paradigmas culturais...) e,<br />
finalmente, um efeito (efeito de arte) 15 .<br />
Algumas dessas posições são intercambiáveis, de modo que produtores e<br />
receptores podem ocupar as mesmas posições em diferentes momentos sem que, por<br />
vezes, o conjunto seja de fato transformado em suas relações constituintes. Neste<br />
13 VINÇON, René, Artifices d’exposition. Paris : Éditions L’Harmattan, 1999. p. 31.<br />
14 LYOTARD, Jean-François. Que Peindre? - A<strong>da</strong>mi, Arakawa, Buren. Paris: Editions de la<br />
Différence, Coll. La Vue, Le Texte, V. I, 1987. pág. 91.<br />
15 Ibid. p. 91, 96.<br />
75