Abel e Helena, de Artur Azevedo Fonte - EE JOSE DE ALENCAR
Abel e Helena, de Artur Azevedo Fonte - EE JOSE DE ALENCAR
Abel e Helena, de Artur Azevedo Fonte - EE JOSE DE ALENCAR
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Quando fiz o meu exame,<br />
veio ter comigo o doutor<br />
e disse: - Nada <strong>de</strong> vexame!<br />
Sou seu examinador...<br />
Olaré! que os professores<br />
assim são feitos é que são!<br />
Com tais examinadores<br />
fazem sempre um figurão!<br />
- Este nome, ele me disse,<br />
que valor é que aqui tem?<br />
Respondi-lhe uma tolice,<br />
mas valeu-me um - Muito bem!<br />
A mais <strong>de</strong> um adjetivo<br />
eu chamei <strong>de</strong> conjunção;<br />
o verbo era substantivo,<br />
e o advérbio interjeição!...<br />
Olaré! tantas sandices<br />
<strong>de</strong> mim próprio nunca ouvi!<br />
Olaré! mil parvoíces<br />
disse, disse e repeti...<br />
Repeti, e repeti...<br />
O auditório, <strong>de</strong> espantado,<br />
muita vez fazia assim: (Abre a boca.)<br />
mas eu, muito sossegado,<br />
estava bem senhor <strong>de</strong> mim!<br />
Oh! que exame esbo<strong>de</strong>gado!<br />
Oh! que exame malandrim!<br />
O doutor estava calmo,<br />
mas assim como quem diz:<br />
- Ele não enxerga um palmo<br />
adiante do nariz...<br />
Olaré! que vale o estudo,<br />
se o patau consegue tudo<br />
o que quer em meu país?<br />
Aprovado plenamente,<br />
minha carta, enfim tirei,<br />
e venho escandalosamente,<br />
ensinar o que não sei.<br />
Olaré! minha pequena<br />
bem contente vai ficar!<br />
Olaré! <strong>Abel</strong> e <strong>Helena</strong><br />
afinal vão se juntar!<br />
Cascais (Apertando-lhe a mão.) - Muito bem! Fez uma belíssima figura! Os meninos cá da freguesia<br />
sabem, felizmente para o senhor, distinguir o adjetivo do substantivo. É o que lhe vale. Apren<strong>de</strong>rá com<br />
eles... (Aparece o Filomeno <strong>de</strong> novo na torre, e põe-se a repicar.) Hein? Está acabado o sermão? Depressa! (A<br />
<strong>Abel</strong>.) Vai ter o prazer <strong>de</strong> ver Dona Heleninha.<br />
(Música na orquestra; saem os que tinham entrado na igreja, dispersam-se e <strong>de</strong>saparecem. <strong>Helena</strong><br />
sai por último, acompanhada sempre por Marcolina.)