Abel e Helena, de Artur Azevedo Fonte - EE JOSE DE ALENCAR
Abel e Helena, de Artur Azevedo Fonte - EE JOSE DE ALENCAR
Abel e Helena, de Artur Azevedo Fonte - EE JOSE DE ALENCAR
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Helena</strong> (Sobressaltada.) - Quem?...<br />
Marcolina - Sinhô padre-mestre.<br />
<strong>Helena</strong> - Ah!<br />
Marcolina (À parte.) - Outra ah! Já sortou três!<br />
Cena IX<br />
As mesmas e Cascais<br />
Cascais - Aquele Alferes Andra<strong>de</strong> é um tipo!<br />
<strong>Helena</strong> - Um tipão!<br />
Marcolina - Ele arrestituiu o dinheiro, sinhô padre-mestre?<br />
Cascais - Só a meta<strong>de</strong>... Que trapaceiro! Va<strong>de</strong> retro!<br />
<strong>Helena</strong> - Deixa-nos a sós, Marcolina. Vai dizer a esses senhores <strong>de</strong>sculpem minha ausência... mas a<br />
enxaqueca...<br />
Cascais (Em voz mito alta.) - Sim, uma forte enxaqueca...<br />
Marcolina - Mas...<br />
<strong>Helena</strong> - Vai!<br />
Marcolina - Tá bom! (Sai.)<br />
Cena X<br />
<strong>Helena</strong> e Cascais<br />
<strong>Helena</strong> - Ó padre!<br />
Cascais - O que temos?<br />
<strong>Helena</strong> - Ainda há pouco não pu<strong>de</strong>mos falar à vonta<strong>de</strong>. Vossa Reverendíssima não calcula o quanto<br />
pa<strong>de</strong>ço...<br />
Cascais - Horribili dictu!<br />
<strong>Helena</strong> - Ele esteve ainda agora aqui....<br />
Cascais - Quando?<br />
<strong>Helena</strong> - Antes do víspora.<br />
Cascais - E não... fez víspora?<br />
<strong>Helena</strong> - Oh! fiz-me esquecida... Hesitei... Ele saiu... Deixei-o sair, mas sabe Deus com que<br />
vonta<strong>de</strong>... Oh!<br />
Cascais (À parte.) - Hoje é dia dos ohs! A rapariga já soltou dois...<br />
<strong>Helena</strong> - O que diz, padre?<br />
Cascais - O que digo é isto... (Prepara-se para dizer uma sentença latina.)<br />
<strong>Helena</strong> - Oh! não! não! Fale português.<br />
Cascais - Então sabia que eu ia falar latim?<br />
<strong>Helena</strong> - Já conheço pela sua cara.<br />
Cascais - Então, o que digo é isto: nada <strong>de</strong> hesitações. <strong>de</strong>ixe-se levar, e o resto fica por minha conta...<br />
<strong>Helena</strong> (Com pieda<strong>de</strong>.) - E o dindinho?<br />
Cascais - Ora! dindinho que vá plantar mandioca. A senhora ou bem há <strong>de</strong> querer o dindinho, ou<br />
bem o <strong>Abel</strong>. Ambos juntos é impossível! São incompatíveis. Dois proveitos não cabem num saco...<br />
<strong>Helena</strong> - Oh!<br />
Cascais (À parte.) - Mais um oh! (Alto.) E daí, quem sabe? Po<strong>de</strong>m muito bem fazer as pazes e meter<br />
ambos os proveitos em um saco só. An<strong>de</strong> daí; venha cear.<br />
<strong>Helena</strong> - Não. Tenho uma tal tristeza n’alma...<br />
Cascais - Triste est anima mea.