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a poesia vai - Retorta Net

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EPOPEIA DE GUILGAMESH<br />

Quando os deuses criarama Guilgamesh<br />

Shamash o Sol no zénite dotou-o de beleza<br />

incomparável<br />

Adad, a tempestade, deu-lhe força invencível.<br />

O toque do seu corpo não tem igual<br />

A sua altura chega a onze côvados<br />

O largo do seu peito são nove palmos<br />

O longo do seu membro é três vezes mais nobre.<br />

Nos terraços de Uruk, a das altas muralhas, o seu passo<br />

é soberbo<br />

O embate das suas armas não encontra inimigo<br />

Mas, ao som do seu tambor, fechados em suas casas, os<br />

homens não comparecem<br />

Este Guilgamesh não deixa nenhum filho ao seu pai<br />

Não respeita nenhuma donzela, seja filha de herói ou<br />

noiva prometida<br />

Diante destas queixas intermináveis<br />

Os deuses, os grandes deuses do céu<br />

Falaram contra o senhor Guilgamesh<br />

Criámos em Guilgamesh um touro desenfreado<br />

O embate das suas armas não tem inimigo<br />

Ao som do seu tambor, fechados em suas casas, os<br />

homens não comparecem<br />

Guilgamesh não deixa nenhum filho ao seu pai<br />

Ele, o pastor do seu povo, está a massacrá-lo<br />

O Rei não respeita nenhuma donzela<br />

Seja filha de herói ou noiva prometida.<br />

Agora o grande Anu chama Aruru,<br />

Senhora da Fertilidade:<br />

Tu, Aruru, deixaste gerar Guilgamesh<br />

Cria agora um que lhe seja igual no combate<br />

Que lutem um com o outro e deixem Uruk em paz<br />

Ouvindo isto Aruru invocou um soldado de Anu<br />

84<br />

Mergulhou as mãos na terra, colheu argila, escarrou nela<br />

e lançou aos<br />

desertos.<br />

Assim nasceu Enki-Du, criatura do silêncio, parcela do<br />

Deus Ninurta,<br />

O corpo rugoso o cabelo comprido luxurioso como o da<br />

mulher.<br />

Um abundante velo espesso como o trigo<br />

Era o seu pêlo, como o do Deus Samukan<br />

E não conhecia cidades nem homens, nem terra<br />

cultivada<br />

Com o onagro comia a erva da estepe<br />

Com a gazela bebia a àgua da mina<br />

Com a horda habitava o deserto<br />

Esta era a sua única alegria.<br />

(c. século XXV a.C.) – Suméria<br />

in “Rosa do Mundo – 2001 Poemas para o Futuro”,<br />

Trad. Mário Cesariny.

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