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Brasil, 10 anos depois: identidade e história pela TV - Unirevista

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<strong>Brasil</strong>, <strong>10</strong> <strong>anos</strong> <strong>depois</strong>: <strong>identidade</strong> e <strong>história</strong> <strong>pela</strong> <strong>TV</strong><br />

Denise Tavares<br />

Mas não só isso, evidentemente. Não se quer aqui negar o caráter da cobertura jornalística, que é quase<br />

sempre sobre incidentes fragmentados que precisam, continuamente, serem reatirculados para fazerem<br />

sentido e traduzirem um presente que já se apresenta caótico. Não à toa reconhece-se no jornalista o<br />

“historiador do presente”. Mas esta particularidade não pode justificar um tratamento idêntico quando se<br />

elege o tempo histórico como tema da produção jornalística. Escolher este caminho significa recusar-se às<br />

diferenciações que estão presentes no próprio jornalismo, já que este trabalha com a reportagem, a grande<br />

reportagem, a pesquisa. E sequer falamos, aqui, das articulações da imagem e do som, pois tal discussão<br />

não é possível por uma questão de espaço. Ficamos, portanto, no que costumamos chamar “tema” ou<br />

“conteúdo”, especulando apenas em torno dos discursos apresentados.<br />

Finalmente, não posso encerrar este texto sem lembrar o óbvio: como mídia dominante na geografia e<br />

tempo brasileiro, a televisão tem que ser reconhecida pelo seu poder de construção da realidade ao longo de<br />

tempo. Neste sentido é que ela hoje, em especial no caso da Rede Globo que já marcou sua presença por<br />

mais de 40 <strong>anos</strong> no país, tem que ser vista como instrumento real da construção simbólica da imagem e<br />

<strong>identidade</strong> brasileiras. E, nos rastro deste poder, como exemplifica, por exemplo, o programa Linha Direta,<br />

ela também tem se apropriado de um espaço que não lhe cabe. Tal apropriação reconfigura, quem sabe,<br />

conceitos como os da <strong>identidade</strong> e, também, da cidadania. Afinal, àquele que quer de fato intervir na<br />

realidade, tem restado, como muito já se viu, o caminho da tevê. É ali que ele acredita que sua <strong>história</strong> se<br />

resolverá. Tal proximidade, com certeza, legitima a televisão no seu espectro de canal emissor da verdade.<br />

Pois, como nunca, ela tem sido a vitrine da realidade brasileira. Pelo menos da realidade que se pretende<br />

brasileira. E muitos brasileiros estão convictos disto.<br />

Referências<br />

AUMONT, J. 2004. O olho interminável. São Paulo, Cosac & Naify.<br />

BAUMAN, Z. 2004. Identidade. Rio de Janeiro, Jorge Zahar editora.<br />

Bernardet, J.-C. 2003. Cineastas e imagens do povo. São Paulo, Companhia das Letras.<br />

BISTANE, L.; BACELLAR, L. 2005. Jornalismo de <strong>TV</strong>. São Paulo, Contexto.<br />

BUCCI, E.; KEHL, M. R. 2004. Videologias. São Paulo, Boitempo Editorial.<br />

BUCCI, E. (org). 2000. A <strong>TV</strong> aos 50 – Criticando a Televisão <strong>Brasil</strong>eira no seu Cinqüentenário. São Paulo,<br />

Fundação Perseu Abramo.<br />

BURKE, P. (org). 1992. A Escrita da História. São Paulo, Unesp.<br />

DA-RIN, S. 2004. Espelho Partido? Tradição e Transformação do Documentário. Rio de Janeiro, Azougue<br />

Editorial.<br />

FERRO, M. 1992. Cinema e História. Rio de Janeiro, Paz e Terra.<br />

UNIrevista - Vol. 1, n° 3 : (julho 2006)<br />

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