16.04.2013 Views

VOLUME I - Secretaria de Estado da Educação do Paraná

VOLUME I - Secretaria de Estado da Educação do Paraná

VOLUME I - Secretaria de Estado da Educação do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Versão Online ISBN 978-85-8015-037-7<br />

Ca<strong>de</strong>rnos PDE<br />

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS<br />

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE<br />

2007<br />

<strong>VOLUME</strong> I


GOVERNO DO PARANÁ<br />

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO<br />

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO<br />

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE<br />

ATIVIDADES PRÁTICO-EXPERIMENTAIS:<br />

TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS<br />

DALVA APARECIDA DA CRUZ<br />

Professor Orienta<strong>do</strong>r: Doutor Álvaro Lorencini Júnior<br />

UEL – Londrina<br />

2008


Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s prático-experimentais: tendências e perspectivas<br />

2<br />

Dalva Apareci<strong>da</strong> <strong>da</strong> Cruz<br />

Professora <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> Ensino <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>.<br />

Concluinte <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Desenvolvimento Educacional - PDE Ciências.<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londrina – UEL, Londrina PR, <strong>da</strong>lva<strong>da</strong>cruz@gmail.com<br />

Resumo<br />

Este trabalho diz respeito à utilização <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> baixo custo para realização <strong>de</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s prático-experimentais em sala <strong>de</strong> aula e sua importância no ensino <strong>de</strong><br />

ciências. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s mostra<strong>da</strong>s no trabalho foram realiza<strong>da</strong>s em sala <strong>de</strong> aula com<br />

alunos <strong>de</strong> 5ª série <strong>do</strong> Colégio Estadual Rui Barbosa, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 05 a 29 <strong>de</strong> maio<br />

<strong>de</strong> 2008 e os conteú<strong>do</strong>s propostos foram referentes às proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> água.<br />

Mostra uma alternativa <strong>de</strong> intervenção sem que sejam necessários gran<strong>de</strong>s recursos<br />

financeiros, já que foi aplica<strong>da</strong> em uma escola que não possui laboratório nem<br />

materiais específicos. Foram utiliza<strong>do</strong>s sucatas e materiais <strong>de</strong> fácil acesso com<br />

custo mínimo. Além disso, propõe que as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s partam <strong>de</strong> uma situaçãoproblema<br />

on<strong>de</strong> os alunos manuseiem os materiais e a partir <strong>da</strong>s experimentações<br />

cheguem à conclusão afirmativa ou negativa <strong>de</strong> suas hipóteses. A utilização <strong>da</strong>s<br />

experimentações também se constitui numa fonte <strong>de</strong> motivação para aprendizagem<br />

significativa.<br />

Palavras-chave: Experimentações. Sala <strong>de</strong> aula. Materiais alternativos.<br />

Abstract<br />

This work concerns the use of materials at low cost to make practical, and<br />

experimental activities in the classroom and its importance in the teaching of science.<br />

The activities shown in the work were <strong>do</strong>ne in the classroom with stu<strong>de</strong>nts from 5th<br />

gra<strong>de</strong> of Colégio Estadual Rui Barbosa, in the period from 05 to May 29, 2008 and<br />

proposed content was referring to the properties of water. Shows an alternative to<br />

intervention without the need for much money, since it was implemented in a school<br />

that has no laboratory or specific materials. We used scrap materials and easy<br />

access with minimum cost. Moreover, it proposes that the activities of a situation<br />

where stu<strong>de</strong>nts problem-handling the material and from the trials conclu<strong>de</strong> affirmative<br />

or negative of their chances. The use of experimentation is also a source of<br />

motivation for learning meaningful.<br />

Keywords: Trials. Classroom. Alternative materials.


1. Introdução<br />

Trabalhamos com uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que nem sempre nos agra<strong>da</strong>: salas<br />

superlota<strong>da</strong>s, alunos <strong>de</strong>smotiva<strong>do</strong>s, pais que não participam <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> escolar <strong>de</strong> seus<br />

filhos. Ao professor compete buscar alternativas para tornar suas aulas mais<br />

atrativas, tornan<strong>do</strong> os alunos mais motiva<strong>do</strong>s e participativos, sem que, no entanto,<br />

se perca a quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Na disciplina <strong>de</strong> Ciências uma <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que mais agra<strong>da</strong><br />

as crianças são as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s práticas.<br />

Des<strong>de</strong> o início <strong>do</strong> século XX, o ensino <strong>de</strong> ciências vem se<br />

transforman<strong>do</strong>, muito recentemente ele ganhou i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional, antes era<br />

totalmente influencia<strong>do</strong> pelos países com maior tradição científica. De 1900 até os<br />

50 anos seguintes, percebemos uma ciência experimental apresenta<strong>da</strong> como algo<br />

pronto e acaba<strong>do</strong> e as aulas eram basicamente expositivo-informativas, vez ou outra<br />

aparecia algum relato <strong>de</strong> uma contribuição científica aconteci<strong>da</strong>. Ficou claro que<br />

este tipo <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>gem foi um fracasso, não proporcionou e não proporciona ao<br />

aluno espaço para sua criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, seu espírito investigativo e distanciava o ensino<br />

<strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. E, segun<strong>do</strong> Hennig (1994), o importante é que o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> ciências<br />

seja fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> na funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s conceitos científicos e nos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

investigação. E partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa premissa percebe-se que o ensino <strong>de</strong> ciências já<br />

possuiu caráter <strong>de</strong> forma<strong>do</strong>r <strong>de</strong> cientistas, pensava-se que po<strong>de</strong>riam ser<br />

i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s precocemente e os <strong>de</strong>mais que não se encaixavam, diga-se a maioria,<br />

viam o ensino <strong>de</strong> ciências como uma simples obrigação curricular para serem<br />

aprova<strong>do</strong>s. Também foi forma<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às novas tecnologias que<br />

estavam sen<strong>do</strong> implanta<strong>da</strong>s com a industrialização.<br />

As Diretrizes Curriculares (2008) afirmam que ensino <strong>de</strong> Ciências<br />

não po<strong>de</strong> ser encara<strong>do</strong> como uma simples forma <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> conceitos, mas<br />

que leve o aluno a romper barreiras conceituais, faça relações com o que já sabe e<br />

torne estes conceitos científicos significativos para sua vi<strong>da</strong>.<br />

A aprendizagem significativa no ensino <strong>de</strong> Ciências implica no<br />

entendimento <strong>de</strong> que o estu<strong>da</strong>nte apren<strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s científicos escolares quan<strong>do</strong><br />

lhes atribui significa<strong>do</strong>s. Isso põe o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>s como<br />

elemento central <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem (Diretrizes Curriculares,<br />

2008, p.17).<br />

3


Em Moreira (2006, p.14-15) observamos que a aprendizagem<br />

significativa é o conceito central <strong>da</strong> teoria <strong>de</strong> Ausubel, um processo pelo qual uma<br />

nova informação se relaciona, <strong>de</strong> maneira substantiva (não literal) e não arbitrária, a<br />

um aspecto relevante <strong>da</strong> estrutura cognitiva <strong>do</strong> indivíduo. Neste processo a nova<br />

informação interage com uma estrutura <strong>de</strong> conhecimento específica, a qual Ausubel<br />

chama <strong>de</strong> “subsunçor”, existente na estrutura cognitiva <strong>de</strong> quem apren<strong>de</strong>. Enten<strong>de</strong>-<br />

se por subsunçor um conceito, uma idéia, uma proposição já existente na estrutura<br />

cognitiva, capaz <strong>de</strong> servir <strong>de</strong> “ancora<strong>do</strong>uro” a uma nova informação <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que<br />

esta adquira, assim, significa<strong>do</strong> para o indivíduo.<br />

O professor <strong>de</strong>ve priorizar a aprendizagem significativa <strong>do</strong>s<br />

conteú<strong>do</strong>s e para isso <strong>de</strong>verá se valer <strong>de</strong> encaminhamentos meto<strong>do</strong>lógicos que<br />

utilizem recursos diversos, planeja<strong>do</strong>s com antecedência, para assegurar a<br />

interativi<strong>da</strong><strong>de</strong> no processo ensino-aprendizagem. Daí a importância <strong>de</strong> organização<br />

<strong>do</strong> plano <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong>cente, <strong>do</strong> conhecimento <strong>de</strong> várias estratégias. Nas Diretrizes<br />

Curriculares (2008) são cita<strong>do</strong>s três aspectos essenciais para o ensino <strong>de</strong> Ciências:<br />

a história <strong>da</strong> ciência, a divulgação científica e a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental.<br />

Quan<strong>do</strong> optamos por trabalhar ciências através <strong>de</strong> experimentos,<br />

notamos que essas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s estão mais presentes no ensino médio em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se ter um laboratório na escola, o que torna, aparentemente,<br />

mais vantajoso para esta mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino. Na maioria <strong>da</strong>s escolas que só<br />

oferecem o ensino fun<strong>da</strong>mental não há este recurso. O professor tem que usar sua<br />

criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e até mesmo recursos próprios para a aquisição <strong>de</strong> materiais a fim <strong>de</strong><br />

oferecer aulas mais atrativas no que tange a experimentação.<br />

A reali<strong>da</strong><strong>de</strong> enfrenta<strong>da</strong> por gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> professores <strong>de</strong><br />

ciências não po<strong>de</strong> levá-los a centrar suas aulas em exposição <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>ve-<br />

se e po<strong>de</strong>-se oferecer um ensino que tenha quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>mos utilizar materiais <strong>de</strong><br />

baixo custo e até sucatas para realizarmos experimentações e observações.<br />

A experimentação aju<strong>da</strong> no <strong>de</strong>senvolvimento mental <strong>do</strong>s alunos, na<br />

sua postura crítica, na sua aquisição <strong>de</strong> conhecimentos e aproxima o ensino <strong>de</strong><br />

ciências <strong>do</strong> trabalho científico. O papel <strong>do</strong> professor é muito importante, é ele que irá<br />

nortear as reflexões, problematizan<strong>do</strong> situações, instigan<strong>do</strong> o aluno a construir seu<br />

conhecimento ativamente, porque as experimentações por si só não levarão os<br />

alunos à efetiva aprendizagem.<br />

4


O ambiente on<strong>de</strong> as experimentações serão realiza<strong>da</strong>s é importante<br />

no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> oferecer segurança e materiais necessários para sua plena realização,<br />

mas, não obrigatoriamente, um laboratório com to<strong>da</strong>s as vidrarias e equipamentos<br />

especiais. Po<strong>de</strong>m-se realizar experimentações em sala <strong>de</strong> aula, utilizan<strong>do</strong>-se objetos<br />

acessíveis, baratos e até sucatas, conforme cita Borges (1997) “é um equívoco<br />

comum confundir ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s práticas com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um ambiente com<br />

equipamentos especiais para a realização <strong>de</strong> trabalhos experimentais”<br />

Convém ressaltar, que nós, professores, temos muitas<br />

responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s que <strong>de</strong>vem ser enfrenta<strong>da</strong>s com objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, reverten<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s as<br />

dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s em <strong>de</strong>safios a serem venci<strong>do</strong>s com conhecimento científico e<br />

pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong>quilo que se está ensinan<strong>do</strong> (ninguém ensina aquilo que não sabe),<br />

com criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, comprometimento.<br />

Diante <strong>de</strong>stes pontos abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s, on<strong>de</strong> as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s estruturais <strong>da</strong><br />

escola levam a um ensino <strong>de</strong> ciências calca<strong>do</strong> em aulas expositivas e a fixação <strong>de</strong><br />

conteú<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> questionários, a proposição <strong>de</strong>sta pesquisa é saber se aulas<br />

basea<strong>da</strong>s em experimentos contribuem efetivamente para a aprendizagem <strong>do</strong>s<br />

alunos ou se só ilustram as aulas. Além disso, outra proposta implícita neste<br />

trabalho é <strong>de</strong> avaliar a utilização <strong>de</strong> materiais alternativos para realização <strong>de</strong><br />

experimentos, para que to<strong>do</strong>s, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong>s condições financeiras e<br />

arquitetônicas <strong>da</strong> escola, tenham acesso às práticas <strong>de</strong> ciências.<br />

2. DESENVOLVIMENTO<br />

O ensino <strong>de</strong> Ciências como to<strong>da</strong>s as áreas <strong>de</strong> ensino sofreram e<br />

sofrem influência <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças políticas que ocorrem, e as aulas <strong>de</strong> ciências foram<br />

ten<strong>do</strong> enfoques diferentes. O que realmente nos intriga é que o ensino <strong>de</strong> ciências<br />

que fala essencialmente <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> que se relaciona a ela, ain<strong>da</strong> seja visto<br />

por muitos alunos como uma disciplina difícil on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>coram conceitos e nomes<br />

científicos. Perguntamo-nos como po<strong>de</strong> um aluno não gostar <strong>de</strong> ciências? Será que<br />

os conteú<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>s têm a ver com suas preocupações e seus anseios? Bizzo<br />

(1998) apud Hoernig & Pereira (2003, p.19) escreve que “ciências é difícil quan<strong>do</strong> os<br />

alunos não enten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s afirmações, mesmo que estas apareçam<br />

impressas em livros didáticos”. Segun<strong>do</strong> Ga<strong>do</strong>tti (1987) apud Hoernig & Pereira<br />

(2003, p.19)) “percebemos é que os alunos têm apenas <strong>de</strong>cora<strong>do</strong> conceitos para<br />

5


tirar notas em exames e provas, <strong>de</strong>pois tu<strong>do</strong> cai no esquecimento” então nos vem à<br />

mente as seguintes in<strong>da</strong>gações: como po<strong>de</strong>mos reverter esta situação e que<br />

mu<strong>da</strong>nças em nossa prática educacional <strong>de</strong>vem ser feitas?<br />

Vários autores como Borges (1997) e Miguens e Garrett (1991)<br />

relatam que os professores acreditam que as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s práticas po<strong>de</strong>riam auxiliar<br />

numa mu<strong>da</strong>nça neste panorama, fazen<strong>do</strong> com que os alunos sejam mais curiosos,<br />

<strong>de</strong>spertem a inquietação diante <strong>do</strong> <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>, <strong>de</strong>senvolvam seu espírito<br />

investigativo e criativo. Além disso, fazen<strong>do</strong> com que eles busquem explicações<br />

lógicas e razoáveis sobre <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s fenômenos, levan<strong>do</strong>-os a <strong>de</strong>senvolverem<br />

posturas críticas, sejam capazes <strong>de</strong> julgar e, a partir <strong>da</strong>í, tomarem <strong>de</strong>cisões<br />

fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s em critérios objetivos e sintam-se mais motiva<strong>do</strong>s tornan<strong>do</strong> o ensino<br />

mais eficiente.<br />

...as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong>vem suscitar questionamento<br />

capaz <strong>de</strong> provocar “rupturas” no saber cotidiano que o aluno traz (saber<br />

imediato) pela contradição que se estabelece entre saber cotidiano e o<br />

saber científico trabalha<strong>do</strong>; promover a superação <strong>do</strong> saber imediato, na<br />

direção <strong>do</strong> saber científico pretendi<strong>do</strong> (saber mediato) e possibilitar a<br />

elaboração <strong>de</strong> sínteses (o saber aprendi<strong>do</strong>). (ARNONI apud ARNONI,<br />

KOIKE, BORGES (2003, p.286)<br />

Ciências no ensino fun<strong>da</strong>mental é uma disciplina abrangente que<br />

envolve os conhecimentos na área <strong>de</strong> biologia, física e química que possuem uma<br />

essência experimental, principalmente quan<strong>do</strong> nos referimos às crianças que nesta<br />

faixa etária. Segun<strong>do</strong> Piaget, vão adquirir conhecimentos através <strong>de</strong> situações<br />

concretas, as experimentações constituirão um gran<strong>de</strong> instrumento <strong>de</strong><br />

aprendizagem, pois através <strong>de</strong>las os alunos observarão, pensarão e agirão e haverá<br />

uma maior consoli<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s. Mas, não se trata <strong>de</strong> apresentar<br />

experimentações prontas, aon<strong>de</strong> o aluno irá somente seguir etapas pré-<br />

<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s, repetin<strong>do</strong> receitas, <strong>de</strong>ve-se sim, propiciar situações-problema na qual<br />

ele irá formular hipóteses com oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> testá-las. Carvalho et al(1998, p.13)<br />

afirmam que<br />

“... precisamos escolher aqueles (fenômenos) que as (crianças) façam pôr<br />

em prática, por meio <strong>de</strong> suas ações e <strong>de</strong> seu raciocínio, toman<strong>do</strong><br />

6


consciência <strong>do</strong> que fizeram e tentan<strong>do</strong> uma explicação coerente e não<br />

mágicas, certas atitu<strong>de</strong>s necessárias ao <strong>de</strong>senvolvimento intelectual que<br />

serão básicas para o aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ciências.<br />

Apontemos também a perspectiva <strong>da</strong> experimentação como<br />

facilita<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> reformulação conceitual on<strong>de</strong> o aluno traz seu conhecimento prévio,<br />

suas próprias conclusões <strong>de</strong> um fenômeno e com a realização <strong>da</strong>s experimentações<br />

ficará diante <strong>de</strong> impasses que fará que haja uma mu<strong>da</strong>nça ou reafirmação <strong>de</strong> seus<br />

conceitos. Precisamos encontrar novas maneiras <strong>de</strong> usar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s prático-<br />

experimentais mais criativa e eficientemente e com propósitos claros, mesmo<br />

saben<strong>do</strong> que isso apenas, não é solução para os problemas relaciona<strong>do</strong>s com a<br />

aprendizagem <strong>de</strong> ciências.<br />

Para Delizoicov e Angotti (1992, p.22):<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se mais conveniente um trabalho experimental que dê margem à<br />

discussão e interpretação <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s (quaisquer que tenham<br />

si<strong>do</strong>), com o professor atuan<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> apresentar e <strong>de</strong>senvolver<br />

conceitos, leis e teorias envolvi<strong>da</strong>s na experimentação. Desta forma, o<br />

professor será um orienta<strong>do</strong>r crítico <strong>da</strong> aprendizagem, distancian<strong>do</strong>-se <strong>de</strong><br />

uma postura autoritária e <strong>do</strong>gmática no ensino, e possibilitan<strong>do</strong> que os<br />

alunos venham a ter uma visão mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> ciências. Se<br />

esta perspectiva <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental não for contempla<strong>da</strong> será<br />

inevitável que se resuma à simples execução <strong>de</strong> “receitas” e a comprovação<br />

<strong>da</strong> “ver<strong>da</strong><strong>de</strong>” <strong>da</strong>quilo que repousa nos livros didáticos.<br />

Carvalho et al (1998, p.21) ressaltam que as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ciências<br />

<strong>de</strong>vem se fun<strong>da</strong>mentar em ações <strong>do</strong>s alunos que não são simplesmente<br />

manipulação ou observação. O uso <strong>da</strong> experimentação para resolução <strong>de</strong> problemas<br />

<strong>de</strong>verá envolver reflexão, relatos, discussões, pon<strong>de</strong>rações e explicações e Kamii &<br />

Devries (1986) apud Carvalho et al (1998, p.21) propuseram quatro formas ou níveis<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>ssas ações:<br />

• Agir sobre os objetos e ver como eles reagem;<br />

• Agir sobre os objetos para produzir um efeito <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>;<br />

• Ter consciência <strong>de</strong> como se produziu o efeito <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>;<br />

• Dar a explicação <strong>da</strong>s causas.<br />

7


As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s têm que estar relaciona<strong>da</strong>s a conteú<strong>do</strong>s<br />

procedimentais, atitudinais e conceituais. Devemos nos preocupar com a veraci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s conceitos que estão sen<strong>do</strong> passa<strong>do</strong>s, <strong>da</strong> mesma forma com os conteú<strong>do</strong>s<br />

procedimentais, como: méto<strong>do</strong>s para o trabalho <strong>de</strong> investigação; técnicas gerais <strong>de</strong><br />

estu<strong>do</strong>; estratégias <strong>de</strong> comunicação; estabelecimento <strong>de</strong> relações entre os conceitos<br />

e <strong>de</strong>strezas manuais. Em relação a estes conteú<strong>do</strong>s o aluno é convi<strong>da</strong><strong>do</strong> a refletir<br />

sobre qual o motivo <strong>de</strong> realizar certas ações. Quanto aos conteú<strong>do</strong>s atitudinais,<br />

referimo-nos aos sentimentos, valores que os alunos atribuem a <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s fatos,<br />

normas, regras, comportamentos e atitu<strong>de</strong>s e tu<strong>do</strong> isto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> postura <strong>do</strong><br />

professor, sua coerência e a<strong>de</strong>quação.<br />

O ambiente on<strong>de</strong> as experimentações serão realiza<strong>da</strong>s é importante<br />

no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> oferecer segurança e materiais necessários para sua plena realização,<br />

mas, não obrigatoriamente, um laboratório com to<strong>da</strong>s as vidrarias e equipamento<br />

especiais. Po<strong>de</strong>m-se realizar experimentações em sala <strong>de</strong> aula, utilizan<strong>do</strong>-se objetos<br />

acessíveis, baratos e até sucatas, conforme cita Borges (1997) “é um equívoco<br />

comum confundir ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s práticas com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um ambiente com<br />

equipamentos especiais para a realização <strong>de</strong> trabalhos experimentais”.<br />

As Diretrizes Curriculares (2008, p.23) ressaltam que as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

experimentais estão presentes no ensino <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua origem e são<br />

estratégias <strong>de</strong> ensino fun<strong>da</strong>mentais, pois po<strong>de</strong>m contribuir para a superação <strong>de</strong><br />

obstáculos na aprendizagem <strong>de</strong> conceitos científicos, não somente por propiciar<br />

interpretações, discussões e confrontos <strong>de</strong> idéias entre os estu<strong>da</strong>ntes, mas também<br />

pela natureza investigativa.<br />

O ensino <strong>de</strong> ciências a partir <strong>de</strong> sua característica investigativa quer<br />

formar ci<strong>da</strong>dãos capazes <strong>de</strong> olhar o mun<strong>do</strong> e refletir sobre o que está acontecen<strong>do</strong><br />

ao seu re<strong>do</strong>r, construir conhecimentos que estejam mais próximos <strong>do</strong> científico.<br />

3. Proposta <strong>de</strong> implementação<br />

A proposta <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> consistiu em realizar<br />

experimentações em sala <strong>de</strong> aula utilizan<strong>do</strong> materiais <strong>de</strong> baixo custo.<br />

As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s com alunos <strong>da</strong> 5ª<br />

série A e B <strong>do</strong> Ensino Fun<strong>da</strong>mental, perío<strong>do</strong> matutino, <strong>do</strong> Colégio Estadual Rui<br />

Barbosa <strong>de</strong> Jan<strong>da</strong>ia <strong>do</strong> Sul no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 01 <strong>de</strong> maio a 30 <strong>do</strong> mesmo mês <strong>de</strong> 2008.<br />

8


Os conteú<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>s foram relaciona<strong>do</strong>s à água, mais<br />

especificamente, as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> água, como: flutuação, empuxo, <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

capilari<strong>da</strong><strong>de</strong> e solubili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Durante to<strong>do</strong> o ano letivo procura-se trabalhar os<br />

conteú<strong>do</strong>s com experimentações, mas estes antes menciona<strong>do</strong>s referem-se aos<br />

observa<strong>do</strong>s pela equipe pe<strong>da</strong>gógica e os escolhi<strong>do</strong>s para avaliar a proposta <strong>do</strong><br />

plano <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong> PDE.<br />

Os alunos foram dividi<strong>do</strong>s em grupos e a eles foram entregues<br />

materiais e coube ao professor, como enfatiza Carvalho et al (1998, p.36),<br />

administrar os materiais, observan<strong>do</strong> a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> grupo, zelar pela<br />

segurança <strong>do</strong>s alunos e auxilian<strong>do</strong> na superação <strong>de</strong> suas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Em segui<strong>da</strong><br />

era proposto um <strong>de</strong>safio, pois <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Bachelard, (1938) apud Carvalho,<br />

(1998, p.15) “to<strong>do</strong> conhecimento é a resposta a uma questão”. Os alunos <strong>de</strong>veriam<br />

com os materiais respon<strong>de</strong>r ao questionamento ou provar que não era possível. “As<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais possibilitam ao professor criar dúvi<strong>da</strong>s, problematizar o<br />

conteú<strong>do</strong> que preten<strong>de</strong> ensinar e contribuir para que o estu<strong>da</strong>nte construa suas<br />

hipóteses (Diretrizes Curriculares, 2008, p.23)”. O problema proposto, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com Carvalho (1998, p.20), motiva, <strong>de</strong>safia e vai <strong>de</strong>spertar o interesse, gerar<br />

discussões entre os alunos e promoverá a autoconfiança para que ele dê<br />

explicações e com certeza quan<strong>do</strong> se resolve um problema é motivo <strong>de</strong> alegria e<br />

satisfação.<br />

Ao final <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> experimentação, os alunos faziam relatórios orais e<br />

escritos com <strong>de</strong>senhos que serviram <strong>de</strong> avaliação. Mas os alunos eram avalia<strong>do</strong>s o<br />

tempo to<strong>do</strong>, pela iniciativa, pelas discussões e observações porque Carvalho et al<br />

(1998, p.20) diz,<br />

Essa abor<strong>da</strong>gem meto<strong>do</strong>lógica enfatiza a iniciativa <strong>do</strong> aluno porque cria<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para que ele <strong>de</strong>fen<strong>da</strong> suas idéias com segurança e apren<strong>da</strong> a<br />

respeitar as idéias <strong>do</strong>s colegas. Dá-lhe também a chance <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />

varia<strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> ações – manipulações, observações, reflexões,<br />

discussões e escrita.<br />

4. Experimentos realiza<strong>do</strong>s<br />

Experimentação I – Substâncias hidrossolúveis<br />

9


Os alunos foram dividi<strong>do</strong>s em equipes <strong>de</strong> cinco alunos, as carteiras<br />

foram dispostas <strong>de</strong> cinco em cinco forman<strong>do</strong> apenas uma mesa e foram entregues a<br />

eles copos <strong>de</strong>scartáveis, garrafa com água, sal, açúcar e óleo. A seguir foi proposto<br />

o seguinte <strong>de</strong>safio mostran<strong>do</strong> a eles <strong>do</strong>is copos com água “O que acontece quan<strong>do</strong><br />

eu coloco sal, açúcar ou óleo mistura<strong>do</strong> em água?”. Estipulou-se um tempo aos<br />

alunos para que eles manuseassem os materiais. Primeiramente trabalharam com o<br />

sal e notaram que ele “<strong>de</strong>saparecia” quan<strong>do</strong> mistura<strong>do</strong> em água. Com o açúcar<br />

aconteceu o mesmo fenômeno, no entanto, quan<strong>do</strong> colocaram o óleo, por mais que<br />

eles mexessem, ele não se misturava à água, muitos disseram que eles<br />

conseguiriam e mexiam com mais força e perceberam que o óleo se separava em<br />

gotas, mas não se misturava com a água. Novamente foi questiona<strong>do</strong> aos alunos<br />

quem conseguiria afirmar com certeza em qual <strong>do</strong>s copos estava a água com açúcar<br />

e em qual estava a água com sal sem experimentar, apenas olhan<strong>do</strong>. Explicou-se a<br />

eles que algumas substâncias são solúveis em água e outras não e que as solúveis<br />

são chama<strong>da</strong>s hidrossolúveis.<br />

Com esta experimentação po<strong>de</strong>-se notar que os alunos apesar <strong>de</strong><br />

terem estes materiais em casa nunca haviam nota<strong>do</strong> que alguns se dissolvem na<br />

água e outros não. Acharam que era uma questão <strong>de</strong> tempo para misturar o óleo<br />

com água e ficaram espanta<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> perceberam que não conseguiriam por mais<br />

que mexessem. Surgiram vários <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> alunos dizen<strong>do</strong> que notaram que o<br />

óleo fica em cima <strong>do</strong> arroz no início <strong>do</strong> cozimento, que o suco, o vinagre, o álcool, o<br />

vinagre se dissolvem na água e discutiram entre si quan<strong>do</strong> foi levanta<strong>da</strong> a hipótese<br />

<strong>de</strong> que o pó <strong>de</strong> café se dissolve na água. Uns afirmavam que sim e outros<br />

afirmavam que não. Os alunos que disseram que ele se dissolve basearam-se no<br />

fato <strong>de</strong> que a água escurece por causa <strong>de</strong>le e outros afirmaram que não, pois sobra<br />

pó no filtro. Pô<strong>de</strong>-se então, a partir <strong>de</strong> suas conclusões, explicar que para que uma<br />

substância seja consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> hidrossolúvel não po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificá-la<br />

separa<strong>da</strong>mente.<br />

Os alunos foram avalia<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>poimentos, relatórios<br />

escritos e <strong>de</strong>senhos, pois <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as Diretrizes Curriculares (2008, p.27).<br />

A investigação <strong>da</strong> aprendizagem significativa pelo professor po<strong>de</strong> ser por<br />

meio <strong>de</strong> problematizações envolven<strong>do</strong> relações conceituais,<br />

10


interdisciplinares ou contextuais, ou mesmo a partir <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> jogos<br />

educativos, entre outras possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, como o uso <strong>de</strong> recursos<br />

instrucionais que representem como o estu<strong>da</strong>nte tem soluciona<strong>do</strong> os<br />

problemas propostos e as relações estabeleci<strong>da</strong>s diante <strong>de</strong>ssas<br />

problematizações.<br />

Experimentação II- Flutuação e empuxo<br />

Com os alunos dividi<strong>do</strong>s também em equipes foi entregue a eles um<br />

pote com água e bolinhas <strong>de</strong> pingue-pongue e proposto o seguinte <strong>de</strong>safio “Qual <strong>de</strong><br />

vocês é capaz <strong>de</strong> colocar a bolinha no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> pote com água?”. Os alunos<br />

começaram a empurrar a bolinha primeiramente com as mãos e houve interferência<br />

<strong>da</strong> professora dizen<strong>do</strong> que não po<strong>de</strong>riam usar as mãos para segurá-la e eles<br />

começaram a empurrá-la com lápis, caneta, e outros objetos que tinham a mão e<br />

novamente foi dito a eles que não podiam usar nenhum objeto para atingir o objetivo<br />

proposto. Alguns já disseram que era impossível. Um <strong>de</strong>les, na tentativa <strong>de</strong> atingir o<br />

objetivo, furou a bolinha com a ponta <strong>da</strong> caneta e conseguiu que ela ficasse no<br />

fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> pote. Porém, outro grupo <strong>de</strong> alunos protestou dizen<strong>do</strong> que não po<strong>de</strong>ria ter<br />

feito o furo, porque claro que assim a bolinha ficaria no fun<strong>do</strong>, pois ela se encheu <strong>de</strong><br />

água. Novamente houve a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> interferência para que os alunos<br />

continuassem com a experimentação, trocou-se a bolinha <strong>de</strong> pingue-pongue <strong>do</strong><br />

grupo e orientou-se para que não alterassem o material. Carvalho (1998, p.32) diz:<br />

O professor tem um papel muito importante nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em grupo:<br />

durante to<strong>do</strong> o tempo, <strong>de</strong>ve estar atento ao que acontece em ca<strong>da</strong><br />

grupo para auxiliá-lo quan<strong>do</strong> necessário, para discutir regras <strong>de</strong><br />

convivência, para elogiar. É um papel quase não percebi<strong>do</strong> pelos<br />

alunos, mas nem por isso menos importante para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

intelectual e afetivo <strong>da</strong> classe.<br />

Foi ofereci<strong>do</strong> aos alunos outra bola <strong>de</strong> tamanho um pouco maior e<br />

os alunos também tentaram colocá-la no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> pote, pediu-se que os alunos a<br />

segurasse no fun<strong>do</strong> com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mãos e <strong>de</strong>pois a soltassem. Perguntou-se aos<br />

alunos se eles sentiram que tinham que fazer força para manter a bola no fun<strong>do</strong> e<br />

eles respon<strong>de</strong>ram que sim. E, com a bola maior, a força também era maior e que a<br />

11


ola parecia que iria ser arremessa<strong>da</strong> para fora <strong>do</strong> pote. Explicou-se aos alunos que<br />

esta força que eles sentiram é chama<strong>da</strong> empuxo. Um aluno <strong>de</strong>finiu que a bolinha<br />

não afun<strong>do</strong>u porque é uma “coisa” fecha<strong>da</strong> e tem ar <strong>de</strong>ntro. Perguntou-se aos<br />

alunos se eles já sentiram esta força em outra situação e houve relatos que sentiram<br />

quan<strong>do</strong> entraram em piscinas e riozinhos. Durante esta experimentação outro fato<br />

que chamou atenção <strong>do</strong>s alunos foi o fato <strong>da</strong> mão parece maior <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> água em<br />

alguns grupos isto pareceu mais relevante que o <strong>de</strong>safio proposto inicialmente e<br />

houve necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se trabalhar com eles também a questão <strong>da</strong> refração, pois<br />

ficaram muito curiosos. Com este fato nota-se que um simples experimento oferece<br />

muitas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem que não po<strong>de</strong>m e não <strong>de</strong>vem ser<br />

<strong>de</strong>sperdiça<strong>da</strong>s.<br />

Experimentação III – Densi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Dividiu-se a sala em duas equipes, foi proposta a brinca<strong>de</strong>ira <strong>do</strong><br />

afun<strong>da</strong> ou não afun<strong>da</strong>. Em cima <strong>de</strong> uma carteira foi coloca<strong>do</strong> um pote gran<strong>de</strong><br />

transparente com água e foram apresenta<strong>do</strong>s alguns materiais para que as equipes<br />

dissessem se o <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> objeto afun<strong>da</strong>ria ou não, quan<strong>do</strong> os objetos trazi<strong>do</strong>s<br />

pela professora acabaram os alunos quiseram brincar com os materiais que eles<br />

tinham à mão como: borracha, aponta<strong>do</strong>r, lápis, régua, caneta, tampa <strong>de</strong> caneta. Os<br />

alunos se divertiram muito e mostravam-se espanta<strong>do</strong>s com alguns objetos que<br />

aparentemente afun<strong>da</strong>riam e com o experimento comprovaram que não afun<strong>da</strong>vam<br />

e também o contrário. Eles quiseram colocar eles mesmos os objetos <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong><br />

água porque achavam que a forma que o colega ou a professora colocaram o objeto<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> água influenciava no resulta<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> Vannucchi (1997) apud Carvalho<br />

(1998, p.31)<br />

Na escola, na sala <strong>de</strong> aula, <strong>de</strong>ve haver tempo para comunicação,<br />

reflexão e argumentação entre os alunos – fatores importantes para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s meto<strong>do</strong>lógicos e<br />

atitudinais –, pois a interação <strong>do</strong> aluno com seus iguais é<br />

imprescindível na construção, eminentemente social, <strong>de</strong> um novo<br />

conhecimento.<br />

12


Os alunos se perguntavam por que alguns objetos afun<strong>da</strong>m e outros<br />

não, alguns diziam que não afun<strong>da</strong>vam por causa <strong>do</strong> peso, outros que era pelo<br />

tamanho, mas quan<strong>do</strong> apresentamos uma tábua <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e ela flutuou<br />

os alunos já duvi<strong>da</strong>ram <strong>de</strong>sse argumento e levantaram a hipótese que os objetos<br />

flutuavam <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua forma. Po<strong>de</strong>r-se-ia ficar satisfeito em notar que alguns<br />

alunos apresentaram uma mu<strong>da</strong>nça conceitual, mas correr-se-ia o risco <strong>de</strong><br />

generalizar e como afirmam Campos e Nigro (1999, p.29) “é necessário também<br />

buscar uma mu<strong>da</strong>nça meto<strong>do</strong>lógica e atitudinal <strong>do</strong>s alunos”. A partir <strong>de</strong>stes<br />

questionamentos procurou-se mostrar que alguns materiais são menos <strong>de</strong>nsos que<br />

a água e por isso flutuam nela enquanto outros são mais <strong>de</strong>nsos e por isso não<br />

flutuam e que a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> leva em conta a massa <strong>do</strong> objeto e também o seu<br />

volume. Em Carvalho (1998, p.36) observa-se que “... o professor <strong>de</strong>ve preparar<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino... que levem o aluno a resolver um problema cujo objetivo final<br />

é explicar um fenômeno físico”.<br />

Experimentação IV – Tensão superficial<br />

Com os alunos dividi<strong>do</strong>s em equipes e com os seguintes materiais:<br />

copo, água, talco e <strong>de</strong>tergente. Foi proposto que colocassem água até a bor<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />

copo sem que <strong>de</strong>rramassem e até não caber mais, notei que alguns alunos<br />

<strong>de</strong>rrubaram água e outros não encheram completamente com me<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubar,<br />

in<strong>do</strong> <strong>de</strong> grupo em grupo po<strong>de</strong>-se orientá-los para que enchessem completamente os<br />

copos. Pedimos que observassem bem o copo e relatassem o que estavam<br />

observan<strong>do</strong>. Muitos não acharam na<strong>da</strong> diferente, era simplesmente um copo com<br />

água, mas, um aluno disse que parecia que a água <strong>do</strong> copo estava para cima <strong>da</strong><br />

“boca” <strong>do</strong> copo e nesse momento os outros alunos também começaram a notar este<br />

fato. Também solicitou-se a eles que jogassem um pouco <strong>de</strong> talco em cima <strong>da</strong> água<br />

e assim eles proce<strong>de</strong>ram. Um aluno disse em voz alta: “professora o talco não<br />

afun<strong>da</strong> posso colocar a mão?” Então neste momento foi pergunta<strong>do</strong> aos alunos por<br />

que será que o talco não afun<strong>do</strong>u, se eles já tinham visto aquelas aranhas e<br />

mosquitos que an<strong>da</strong>m sobre a água. Eles acharam muito interessante o fato <strong>do</strong> talco<br />

não afun<strong>da</strong>r, mas um grupo colocou mais talco e ele começou a afun<strong>da</strong>r e eles<br />

chegaram a conclusão que a água só agüentaria pouco talco em cima <strong>de</strong>la, foi<br />

explica<strong>do</strong> a eles que a tensão superficial é que não permite que o talco afun<strong>de</strong> e até<br />

13


outro objetos possam ser coloca<strong>do</strong>s em cima sem que afun<strong>de</strong>m mesmo sen<strong>do</strong> mais<br />

<strong>de</strong>nsos que água. No livro didático utiliza<strong>do</strong> por eles mostrava uma agulha flutuan<strong>do</strong><br />

em cima <strong>da</strong> água <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à tensão superficial e eles quiseram fazer a<br />

experimentação, mas não se conseguiu colocar a agulha sobre a água. Tentou-se<br />

com vários tamanhos <strong>de</strong> agulha e nenhuma apresentou resulta<strong>do</strong> positivo. Este é<br />

um tipo <strong>de</strong> acontecimento em que se po<strong>de</strong> reforçar que em ciências não se trata <strong>de</strong><br />

conceitos exatos, fecha<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>-se encontrar erros na execução, no material<br />

utiliza<strong>do</strong>, nas condições espaciais. Segun<strong>do</strong> as Diretrizes Curriculares (2008, p.23),<br />

“tais fracassos <strong>de</strong>vem ser úteis sob o ponto <strong>de</strong> vista pe<strong>da</strong>gógico no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> se<br />

investigarem as causas <strong>de</strong>ssas incorreções, geralmente liga<strong>da</strong>s aos limites <strong>de</strong><br />

correspondência entre os mo<strong>de</strong>los científicos e a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que representam”. O fato<br />

é que em outra aula um aluno veio entusiasma<strong>do</strong> relatar que conseguiu em casa,<br />

com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> mãe, colocar a agulha sobre a água.<br />

Aproveitou-se a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para trabalhar a ação <strong>do</strong> <strong>de</strong>tergente<br />

sobre a tensão superficial. Pediu-se a eles que colocassem algumas gotas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tergente sobre a água com o talco em cima e observassem. Eles imediatamente<br />

notaram que o talco começou a afun<strong>da</strong>r, enten<strong>de</strong>ram que o <strong>de</strong>tergente “quebra” a<br />

tensão superficial <strong>da</strong> água. Pô<strong>de</strong>-se trabalhar a questão <strong>da</strong> poluição <strong>do</strong>s rios e<br />

mares on<strong>de</strong> os alunos relataram o que acontece com os rios que cercam nossa<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Destaca-se neste fato que se po<strong>de</strong>ria ter i<strong>do</strong> muito além <strong>do</strong> que foi<br />

inicialmente pensa<strong>do</strong> e proposto.<br />

Experimentação V – Capilari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Com os alunos dividi<strong>do</strong>s em equipes e com os seguintes materiais:<br />

copo, garrafa com água colori<strong>da</strong>, guar<strong>da</strong>napo e um prato. Um <strong>de</strong>safio foi proposto a<br />

eles: “Quem é capaz <strong>de</strong> tirar a água <strong>de</strong>ste copo sem o virar, nem apertá-lo somente<br />

usan<strong>do</strong> os materiais que estão em cima <strong>da</strong> carteira?”<br />

Os alunos acharam que seria impossível, alguns alunos queriam<br />

balançar o copo, outros usaram materiais que eles tinham, como canetas e lápis. Foi<br />

lembra<strong>do</strong>, então, que eles tinham o guar<strong>da</strong>napo para usar, imediatamente eles<br />

colocaram o guar<strong>da</strong>napo <strong>de</strong>ntro copo e <strong>de</strong>pois o apertaram para escorrer a água,<br />

mais uma vez houve a interferência <strong>da</strong> professora dizen<strong>do</strong> que eles não po<strong>de</strong>riam<br />

usar as mãos. Novamente protestos <strong>da</strong> turma dizen<strong>do</strong> que estava tornan<strong>do</strong> o<br />

14


<strong>de</strong>safio impossível, mas incentivou-se que achassem a solução, que não<br />

<strong>de</strong>sanimassem e eles foram fazen<strong>do</strong> várias tentativas. Os alunos <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s grupos<br />

colocaram o guar<strong>da</strong>napo <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> copo e <strong>de</strong>ixaram uma ponta para fora e pu<strong>de</strong>ram<br />

observar que a água “subia” pelo guar<strong>da</strong>napo e caia fora <strong>do</strong> copo, foi uma alegria<br />

quan<strong>do</strong> perceberam que haviam consegui<strong>do</strong>, os outros grupos os imitaram e ficaram<br />

muito espanta<strong>do</strong>s com o resulta<strong>do</strong>, pois acharam que não havia solução.<br />

Quiseram saber como acontecia isso e, imediatamente, um aluno<br />

disse que a água subia pelo guar<strong>da</strong>napo porque ele era macio e parecia uma<br />

esponja, outro disse que parecia que havia umas “mangueirinhas” <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> papel<br />

puxan<strong>do</strong> a água. Questionou-se então quem estava “chupan<strong>do</strong> as mangueirinhas”<br />

para que a água subisse e uma pequena discussão começou. Para Campos e Nigro<br />

(1999, p.15), to<strong>do</strong> educa<strong>do</strong>r que trabalhe visan<strong>do</strong> à aprendizagem significativa <strong>do</strong>s<br />

conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ve estar atento ao fato <strong>de</strong> que a criança tem algo a dizer: pensa<br />

alguma coisa; vê sob uma perspectiva o fato, o fenômeno e qualquer conteú<strong>do</strong><br />

passível <strong>de</strong> aprendizagem. Basea<strong>do</strong> nisso procurou-se ouvir to<strong>da</strong>s as hipóteses,<br />

respeitá-las e fazer com que os alunos fossem fazen<strong>do</strong> suas conclusões e por fim<br />

acabou-se explican<strong>do</strong> outra proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água que é a capilari<strong>da</strong><strong>de</strong>, on<strong>de</strong> a água<br />

é capaz <strong>de</strong> subir por finíssimos tubos chama<strong>do</strong>s capilares e que os espaços entre as<br />

fibras <strong>do</strong> guar<strong>da</strong>napo são como os capilares. Os alunos conseguiram enten<strong>de</strong>r e<br />

quiseram repetir mais <strong>de</strong> uma vez a experimentação.<br />

Explicou-se que é assim que a água sobe até as folhas <strong>da</strong>s plantas e<br />

para <strong>de</strong>monstrar como isso acontece na natureza, foram utiliza<strong>da</strong>s margari<strong>da</strong>s. Seu<br />

caule foi corta<strong>do</strong> e mergulha<strong>do</strong> em água colori<strong>da</strong> com corante comestível, <strong>de</strong>ixou-<br />

se em um canto <strong>da</strong> sala para que fossem feitas observações. No dia seguinte os<br />

alunos ficaram encanta<strong>do</strong>s com o resulta<strong>do</strong>. As pétalas <strong>da</strong>s margari<strong>da</strong>s estavam<br />

levemente colori<strong>da</strong>s e eles pu<strong>de</strong>ram perceber que realmente as flores “sugavam” a<br />

água, tal como foi <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> com a experiência com os guar<strong>da</strong>napos.<br />

Percebeu-se que os alunos conseguiram fazer a ligação entre o<br />

conceito estu<strong>da</strong><strong>do</strong> e o seu cotidiano. A partir <strong>de</strong>sta experimentação fizeram<br />

colocações como: “no casamento <strong>da</strong> minha tia as flores eram azuis, acho que foi<br />

assim que elas foram pinta<strong>da</strong>s”. Isto nos faz refletir que realmente eles ampliaram<br />

seu campo <strong>de</strong> observação, não ficou somente na experimentação em si, eles<br />

associaram o conhecimento com o seu dia-a-dia, exatamente o que queremos<br />

como educa<strong>do</strong>res.<br />

15


5. Consi<strong>de</strong>rações Finais<br />

Este artigo relatou a importância <strong>de</strong> se trabalhar Ciências utilizan<strong>do</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais. Procurou-se explicitar alguns limites e algumas<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s com este enfoque. Notou-se que as aulas se tornaram mais atrativas<br />

para os alunos e que estes tiveram um papel mais ativo no processo <strong>de</strong><br />

aprendizagem. A atenção <strong>do</strong>s alunos foi consi<strong>de</strong>ravelmente melhor não geran<strong>do</strong><br />

problemas indisciplinares.<br />

Um ponto importante, salienta<strong>do</strong> pela proposta, é <strong>de</strong> não haver<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> laboratório e materiais sofistica<strong>do</strong>s para a realização <strong>de</strong> muitas<br />

experimentações, não to<strong>da</strong>s, sabe-se que algumas precisam <strong>de</strong> reagentes, materiais<br />

<strong>de</strong> segurança e ambiente mais controla<strong>do</strong> e seguro. Po<strong>de</strong>-se utilizar materiais <strong>de</strong><br />

baixo custo, até sucatas, e a sala <strong>de</strong> aula po<strong>de</strong> ser o ambiente para a realização <strong>da</strong>s<br />

experimentações. To<strong>da</strong>s as experimentações foram realiza<strong>da</strong>s <strong>da</strong> mesma maneira<br />

que seriam realiza<strong>da</strong>s em laboratório, não há nenhum prejuízo pe<strong>da</strong>gógico <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

ao local <strong>da</strong> realização. No entanto, o professor que trabalha em uma escola sem um<br />

laboratório e optar por realizar experimentações em sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong>ve ter em mente<br />

que terá muito mais trabalho, pois tem que se preparar antes <strong>de</strong> iniciar o perío<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> os materiais organiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma que em pouco tempo ele possa levá-los<br />

em sala <strong>de</strong> aula. Também tem que contar com a colaboração <strong>de</strong> funcionários,<br />

<strong>de</strong>mais professores, equipe pe<strong>da</strong>gógica e direção, pois, para se arrumar a sala<br />

haverá um pouco <strong>de</strong> barulho, por mais que se cui<strong>de</strong>, a sala po<strong>de</strong> ficar mais suja e os<br />

alunos se mostram entusiasma<strong>do</strong>s, falam alto o que po<strong>de</strong> parecer indisciplina.<br />

O professor <strong>de</strong>ve estar atento à maneira que os alunos estão<br />

manipulan<strong>do</strong> os materiais, principalmente com alunos <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> em que foi<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> o projeto. Eles costumam ser muito curiosos e ten<strong>de</strong>m a tocar nos<br />

objetos e até colocá-los na boca para satisfazer suas curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Isto foi nota<strong>do</strong><br />

durante a experimentação sobre substâncias hidrossolúveis em que muitos alunos,<br />

apesar <strong>de</strong> saberem que não <strong>de</strong>veriam, insistiram em provar a água para <strong>de</strong>scobrir<br />

qual estava com sal e qual estava com açúcar. É importante levar em consi<strong>de</strong>ração<br />

o tempo <strong>de</strong> execução <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s: as aulas são <strong>de</strong> 50 minutos e, algumas<br />

experimentações se esten<strong>de</strong>ram além <strong>do</strong> tempo, por isso, a discussão e relatório<br />

escrito tiveram que ficar para outro dia, o que não é o i<strong>de</strong>al.<br />

16


Em to<strong>do</strong>s os experimentos os alunos agiram sobre o objetos,<br />

manipularam, tocaram, às vezes, antes mesmo <strong>do</strong> professor explicar, como<br />

aconteceu no experimento sobre flutuação em que alguns alunos já colocaram a<br />

bolinha <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> pote antes <strong>de</strong> ouvir o problema. Com a intervenção <strong>do</strong> professor<br />

nos grupos, os alunos foram comentan<strong>do</strong> o que estavam fazen<strong>do</strong> e em algumas<br />

experimentações contestavam dizen<strong>do</strong> que era impossível respon<strong>de</strong>r ao problema<br />

proposto e quan<strong>do</strong> chegavam ao resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> explicavam como proce<strong>de</strong>ram<br />

até atingi-lo, explican<strong>do</strong> para o professor e seus amigos, um aluno completan<strong>do</strong> a<br />

resposta <strong>do</strong> outro.<br />

Assim, com to<strong>do</strong>s os alunos <strong>da</strong> sala participan<strong>do</strong>, conseguiu-se que<br />

eles explicassem e relacionassem os experimentos com conceitos <strong>de</strong> ciências. E,<br />

através <strong>de</strong>sses relatos orais e posteriormente com relatórios escritos, pô<strong>de</strong>-se<br />

perceber que realmente uma gran<strong>de</strong> porcentagem <strong>do</strong>s alunos compreen<strong>de</strong>u os<br />

conceitos apresenta<strong>do</strong>s e conseguiram relacioná-los com o cotidiano.<br />

ANEXOS<br />

17


REFERÊNCIAS<br />

ARNONI, M. E. B.; KOIKE, L, T.; BORGES, M.A. Hora <strong>da</strong> Ciência: um estu<strong>do</strong> sobre<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais no ensino <strong>do</strong> saber científico. Disponível em: . Acesso em: 07 <strong>de</strong> abr. 2007.<br />

BORGES, M. C.; CESAR, M. Experimentar interagin<strong>do</strong>: Processos inova<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

apropriação <strong>de</strong> conhecimentos em ciências. Disponível em:<br />

.Acesso em: 17 <strong>de</strong> abr. 2007.<br />

KAWASAKI, C. S.; KATO, D. S.; VALLE, M. Experimentação no Ensino <strong>de</strong><br />

Biologia. Disponível em. Acesso em:<br />

13 <strong>de</strong> jul. 2007.<br />

LÜCK, H. Pe<strong>da</strong>gogia Interdisciplinar: Fun<strong>da</strong>mentos Teóricos- Meto<strong>do</strong>lógicos.<br />

Petrópolis: Vozes, 1995.<br />

MORAES, R et. al. (1992). Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s Experimentais: Uma contribuição para o<br />

Ensino <strong>de</strong> Ciências. Porto Alegre. Sagra, 1992.<br />

26


MOREIRA, L.M; DINIZ, R. E. S. O laboratório <strong>de</strong> biologia no Ensino Médio: infraestrutura<br />

e outros aspectos relevantes. Disponível em:<br />

. Acesso em: 02 <strong>de</strong> abr. 2007.<br />

MOREIRA, M. A. A teoria <strong>da</strong> aprendizagem significativa e sua implementação<br />

em sala <strong>de</strong> aula. Brasília: Editora Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, 2006.<br />

MOREIRA, M.A.; AXT, R. Tópicos em Ensino <strong>de</strong> Ciências. Porto Alegre: Sagra,<br />

1991.<br />

NASCIMENTO, F. Ensinan<strong>do</strong> Ciências segun<strong>do</strong> o movimento ciênciatecnologia-socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

(CTS): possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s didáticas e meto<strong>do</strong>lógicas para a<br />

implantação <strong>da</strong>s diretrizes curriculares <strong>de</strong> ciências propostas pela SEED. SEED,<br />

Faxinal <strong>do</strong> Céu, 2006.<br />

PARANÁ, <strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> <strong>Esta<strong>do</strong></strong> <strong>da</strong> <strong>Educação</strong>. Diretrizes Curriculares <strong>de</strong> ciências<br />

para o ensino fun<strong>da</strong>mental. (2006). Curitiba: SEED.<br />

PARANÁ, <strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> <strong>Esta<strong>do</strong></strong> <strong>da</strong> <strong>Educação</strong>. Diretrizes Curriculares <strong>de</strong> ciências<br />

para o ensino fun<strong>da</strong>mental. (2008). Curitiba: SEED.<br />

SAAD, F. D. (Org). Demonstrações em Ciências: exploran<strong>do</strong> fenômenos <strong>da</strong><br />

pressão <strong>do</strong> ar e <strong>do</strong>s líqui<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> experimentos simples. 1ª ed. São Paulo.<br />

Editora Livraria <strong>da</strong> Física, 2005.<br />

SILVA, L. A. S.; FERREIRA, J. R. Práticas <strong>de</strong> laboratório: Observan<strong>do</strong> o Universo<br />

celular no ensino fun<strong>da</strong>mental: a tecnologia <strong>do</strong> possível. Arquivos <strong>da</strong> Apa<strong>de</strong>c,<br />

Maringá, Vol.1, n.1, pág.51-54, jul. 1997.<br />

27

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!