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influência da temperatura de vazamento na formação - IV CONNEPI ...

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INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE VAZAMENTO NA FORMAÇÃO DA<br />

TRANSIÇÃO COLUNAR-EQUIAXIAL DA LIGA AL-3%SI<br />

Antonio Luciano Seabra MOREIRA (1); Diego <strong>de</strong> Leon Brito CARVALHO (1); Daniel<br />

Joaquim <strong>da</strong> Conceição MOUTINHO (2); José Marcelino <strong>da</strong> Silva Dias FILHO (2); Otávio<br />

Fer<strong>na</strong>n<strong>de</strong>s Lima <strong>da</strong> ROCHA (2)<br />

(1) Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Pará, Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia Mecânica – Instituto <strong>de</strong> Tecnologia – Rua Augusto Corrêa<br />

n° 1, Guamá, CEP: 66075-110, Fone 3201-7323, e-mail: diegodlbc@hotmail.com<br />

(2) Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, e-mail: otvrocha@oi.com.br<br />

RESUMO<br />

O processo <strong>de</strong> fundição representa a mais importante alter<strong>na</strong>tiva para a fabricação <strong>de</strong> produtos metálicos<br />

acabados e semi-acabados. As condições térmicas operacio<strong>na</strong>is em que a trans<strong>formação</strong> líquido/sólido<br />

ocorre, tais como gradientes <strong>de</strong> <strong>temperatura</strong> e taxas <strong>de</strong> resfriamento, variam <strong>de</strong> processo para processo e<br />

po<strong>de</strong>m também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r tanto do tempo como <strong>da</strong> posição, por exemplo, em relação à interface metal/mol<strong>de</strong>.<br />

Tais condições transientes, juntamente com as diferentes composições <strong>da</strong>s ligas, conduzem a múltiplas<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> estruturas fi<strong>na</strong>is para um mesmo produto fundido e, por conseguinte, para o<br />

seu <strong>de</strong>sempenho mecânico. Durante a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> fase líquido/sólido <strong>de</strong> um material metálico, as condições<br />

operacio<strong>na</strong>is envolvi<strong>da</strong>s proporcio<strong>na</strong>m o surgimento <strong>de</strong> três zo<strong>na</strong>s estruturais, ou seja, zo<strong>na</strong>s coquilha<strong>da</strong>,<br />

colu<strong>na</strong>r e equiaxial. A caracterização <strong>da</strong> macroestrutura <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> material consiste no estudo <strong>da</strong><br />

geometria, dimensão, distribuição e orientação cristalográfica dos grãos obtidos. Consi<strong>de</strong>rando o exposto, o<br />

objetivo <strong>de</strong>ste trabalho consiste <strong>na</strong> análise <strong>da</strong> <strong>influência</strong> <strong>da</strong> <strong>temperatura</strong> <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> no processo <strong>de</strong><br />

solidificação <strong>da</strong> liga Al-3%Si, com superaquecimentos nulo e 10% acima <strong>da</strong> <strong>temperatura</strong> liquidus <strong>da</strong> referi<strong>da</strong><br />

liga. A liga foi vaza<strong>da</strong> em um dispositivo refrigerado a água que permite a solidificação unidirecio<strong>na</strong>l<br />

horizontal e o monitoramento, através <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> <strong>temperatura</strong> em<br />

diferentes posições <strong>da</strong> peça. As macroestruturas obti<strong>da</strong>s são a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s assim como é estu<strong>da</strong><strong>da</strong> a <strong>influência</strong><br />

do grau <strong>de</strong> superaquecimento <strong>na</strong> <strong>formação</strong> <strong>da</strong> transição colu<strong>na</strong>r-equiaxial <strong>da</strong> liga Al-3%Si.<br />

Palavras-chave: solidificação, transição colu<strong>na</strong>r-equiaxial, superaquecimento, liga Al-3%Si.


1. INTRODUÇÃO<br />

A utilização <strong>de</strong> materiais metálicos com macroestruturas homogêneas, isto é, constituí<strong>da</strong>s por grãos <strong>de</strong><br />

peque<strong>na</strong>s dimensões, sem orientação preferencial <strong>de</strong> crescimento e distribuídos uniformemente no interior <strong>da</strong><br />

peça, é muito importante sob o ponto <strong>de</strong> vista do aumento do grau <strong>de</strong> isotropia <strong>de</strong>sses materiais e, portanto,<br />

<strong>da</strong> melhoria <strong>de</strong> suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

A macroestrutura <strong>de</strong> produtos fundidos consiste geralmente <strong>de</strong> três zo<strong>na</strong>s distintas conheci<strong>da</strong>s,<br />

respectivamente, como coquilha<strong>da</strong>, colu<strong>na</strong>r e equiaxial. A origem <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma tem sido objeto <strong>de</strong> diversos<br />

estudos teóricos e experimentais <strong>de</strong>vido a importante correlação existente entre grãos cristalinos e<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas. As referi<strong>da</strong>s zo<strong>na</strong>s po<strong>de</strong>m ou não estar presentes simultaneamente em uma peça<br />

fundi<strong>da</strong>, contudo, quando esta apresenta grãos colu<strong>na</strong>res e equiaxiais, ocorre o surgimento <strong>da</strong> chama<strong>da</strong><br />

transição colu<strong>na</strong>r-equiaxial (TCE). O estudo <strong>da</strong> TCE está associado a muitos parâmetros que influenciam<br />

durante o processo <strong>de</strong> solidificação tais como sistema <strong>da</strong> liga, composição <strong>da</strong> liga, superaquecimento do<br />

líquido, proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s termofísicas do metal e do mol<strong>de</strong>, coeficiente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor <strong>na</strong> interface<br />

metal-mol<strong>de</strong>, taxa <strong>de</strong> resfriamento, dimensão <strong>da</strong> peça, convecção no líquido, transporte <strong>de</strong> soluto,<br />

concentração <strong>de</strong> partículas nucleadoras, direção <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong> frente <strong>de</strong> solidificação, etc (DOHERTY et<br />

al., 1977; MAHAPATRA e WEINBERG, 1987; Z<strong>IV</strong> e WEINBERG, 1989; WANG e BECKERMANN,<br />

1994; ARES e SCHVEZOV,2000; SIQUEIRA et al., 2003; WILLERS et al., 2005 e CANTÉ et al., 2007 ).<br />

A previsão <strong>da</strong> transição em questão é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse para avaliação e projeto <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

mecânicas <strong>de</strong> produtos solidificados. A dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer-se uma correlação entre condições<br />

térmicas <strong>de</strong> solidificação e estrutura resultante tem limitado o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos<br />

procedimentos e métodos capazes <strong>de</strong> elevar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong> peças fundi<strong>da</strong>s através <strong>da</strong> ativação <strong>de</strong><br />

mecanismos que proporcionem a obtenção <strong>de</strong> grãos equiaxiais (SIQUEIRA et al., 2002).<br />

Por possuir uma vasta varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> combi<strong>na</strong>ções <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o alumínio é consi<strong>de</strong>rado um dos mais<br />

versáteis materiais utilizados <strong>na</strong> engenharia. Na fabricação <strong>de</strong> ligas <strong>de</strong> alumínio fundi<strong>da</strong>s, o silício é o<br />

primeiro elemento em importância <strong>na</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> fabricação. As ligas Al-Si, conheci<strong>da</strong>s com ligas <strong>da</strong> série A<br />

3XX.X, perfazem aproxima<strong>da</strong>mente 90% <strong>de</strong> todos os produtos fundidos <strong>de</strong> alumínio. A justificativa para a<br />

ampla utilização <strong>de</strong>sta série <strong>de</strong>ve-se à atrativa combi<strong>na</strong>ção entre proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas e excelente<br />

fundibili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Um dos principais atributos <strong>da</strong>s ligas Al-Si é a sua flui<strong>de</strong>z, ou seja, a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> para<br />

preencher uma cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> (PERES et al., 2004). As proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s ligas alumínio-silício são<br />

fortemente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do processo <strong>de</strong> fundição utilizado, <strong>da</strong>s adições <strong>de</strong> elementos para modificação do<br />

eutético, <strong>da</strong> estrutura granulométrica, <strong>da</strong> morfologia do silício primário e do tratamento do metal líquido para<br />

remoção <strong>de</strong> hidrogênio e inclusões.<br />

Tendo em vista a relevância do assunto, este trabalho apresenta como principal objetivo a<strong>na</strong>lisar a <strong>influência</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>temperatura</strong> <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> <strong>na</strong> <strong>formação</strong> <strong>da</strong> TCE <strong>da</strong> liga Al-3%Si solidifica<strong>da</strong> em mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> aço refrigerado<br />

à água. Os <strong>da</strong>dos obtidos permitiram a caracterização <strong>da</strong>s respectivas macroestruturas bem como i<strong>de</strong>ntificar<br />

os efeitos impostos pela variação do superaquecimento <strong>na</strong> posição <strong>da</strong> TCE.<br />

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

A TCE tem sido objeto <strong>de</strong> vários estudos numéricos, a<strong>na</strong>líticos e experimentais com o intuito <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r o comportamento <strong>da</strong> transição em questão. Esses estudos levam em conta a importância do<br />

crescimento relativo <strong>de</strong> grãos colu<strong>na</strong>res e equiaxiais e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> expressões ou procedimentos<br />

numéricos para <strong>de</strong>screver um critério para a transição colu<strong>na</strong>r-equiaxial (ARES e SCHVEZOV, 2000). Hunt<br />

e co-autores (1987) <strong>de</strong>senvolveram mo<strong>de</strong>los para <strong>de</strong>screver a TCE baseados no super-resfriamento do metal<br />

que mostram a <strong>influência</strong> <strong>da</strong> composição <strong>da</strong> liga, <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sítios nucleantes, gradiente <strong>de</strong> <strong>temperatura</strong> no<br />

líquido (GL) e veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong> <strong>de</strong>ndrita (VL). Wang e Beckermann (1994) propuseram um<br />

mo<strong>de</strong>lo numérico para prever a posição <strong>da</strong> TCE <strong>na</strong> solidificação <strong>de</strong> ligas baseado <strong>na</strong> difusão <strong>de</strong> soluto e calor<br />

assim como <strong>na</strong> nucleação, crescimento e morfologia dos grãos. Com recentes avanços <strong>na</strong> área<br />

computacio<strong>na</strong>l, técnicas <strong>de</strong> simulação <strong>da</strong> microestrutura asseguram melhores perspectivas quanto ao<br />

mo<strong>de</strong>lamento matemático <strong>da</strong> TCE. Nos últimos anos, diversos estudos <strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza numérica têm sido<br />

propostos para simular a TCE em ligas metálicas fundi<strong>da</strong>s (DONG e LEE, 2005; BADILLO e<br />

BECKERMANN, 2006).


Por outro lado, investigações experimentais encontra<strong>da</strong>s <strong>na</strong> literatura sugerem que a TCE ocorre quando o<br />

gradiente <strong>de</strong> <strong>temperatura</strong> no líquido atinge um valor crítico mínimo. Mahapatra eWeinberg (1987)<br />

encontraram valores <strong>de</strong> 0,10 e 0,13 ºC/mm, respectivamente, para as ligas Sn-5%Pb e Sn-15%Pb. Ziv e<br />

Weinberg (1989) mostraram que a TCE ocorre quando o referido gradiente alcança um mínimo <strong>de</strong> 0,06<br />

ºC/mm para a liga Al-3%Cu. Ares e Schvezov (2000) <strong>de</strong>senvolveram experimentos com ligas Sn-Pb<br />

solidifica<strong>da</strong>s direcio<strong>na</strong>lmente em mol<strong>de</strong> refrigerado e observaram que a TCE ocorre em um plano bem<br />

<strong>de</strong>finido paralelo à interface metal/mol<strong>de</strong> quando o gradiente <strong>de</strong> <strong>temperatura</strong> no líquido diminui para valores<br />

que variam entre - 0,8 a 1 o C/cm.<br />

Mais recentemente, Siqueira et al. (2002 e 2003) e Spinelli et al. (2004) realizaram experimentos com ligas<br />

Sn-Pb variando a composição, super-aquecimento do líquido e extração <strong>de</strong> calor através <strong>da</strong>s partes inferior e<br />

superior do mol<strong>de</strong>, promovendo a solidificação direcio<strong>na</strong>l vertical ascen<strong>de</strong>nte e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte,<br />

respectivamente. Esses autores a<strong>na</strong>lisaram como a transição colu<strong>na</strong>r-equiaxial po<strong>de</strong> ser afeta<strong>da</strong> pela<br />

convecção no líquido.<br />

Fi<strong>na</strong>lmente, Silva et al. (2009) investigaram a TCE durante a solidificação direcio<strong>na</strong>l horizontal transitória<br />

em mol<strong>de</strong> refrigerado com quatro ligas <strong>de</strong> diferentes composições do sistema Sn-Pb, consi<strong>de</strong>rando os efeitos<br />

impostos pela convecção termo-solutal <strong>na</strong> <strong>formação</strong> <strong>da</strong> TCE. Um método numérico permitiu a <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção<br />

quantitativa <strong>de</strong> parâmetros térmicos <strong>de</strong> solidificação, tais como coeficiente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor<br />

transiente <strong>na</strong> interface metal/mol<strong>de</strong>, veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong> <strong>de</strong>ndrita, gradientes térmicos e taxa <strong>de</strong><br />

resfriamento, que afetam a transição <strong>da</strong> estrutura.<br />

3. MATERIAIS E MÉTODOS<br />

O procedimento experimental adotado neste trabalho consistiu primeiramente no projeto, construção e<br />

aferição <strong>de</strong> um dispositivo <strong>de</strong> solidificação unidirecio<strong>na</strong>l horizontal refrigerado à água, o qual se encontra<br />

<strong>de</strong>talhado em artigo anterior (SILVA et al., 2009) e apresentado esquematicamente <strong>na</strong> Figura 1.<br />

Figura 1 – Esquema do dispositivo <strong>de</strong> solidificação unidirecio<strong>na</strong>l horizontal refrigerado a água utilizado nos<br />

experimentos <strong>de</strong>ste trabalho (SILVA et al., 2009).<br />

A liga Al-3%Si foi fundi<strong>da</strong> em um forno elétrico tipo mufla à resistência, conforme mostrado <strong>na</strong> Figura 2.<br />

Inicialmente, foram colocados manualmente os respectivos materiais constituintes <strong>da</strong> mesma <strong>na</strong> proporção<br />

exata no cadinho <strong>de</strong> carbeto <strong>de</strong> silício, revestido inter<strong>na</strong>mente por uma cama<strong>da</strong> protetora <strong>de</strong> tinta à base <strong>de</strong><br />

caulim, <strong>na</strong> proporção <strong>de</strong> 75% <strong>de</strong> caulim e 25% <strong>de</strong> água. A <strong>temperatura</strong> do forno foi programa<strong>da</strong> para<br />

garantir, respectivamente, superaquecimentos nulo e 10% acima <strong>da</strong> <strong>temperatura</strong> liquidus <strong>da</strong> liga investiga<strong>da</strong>,


ou seja, 644 e 708 o C. Logo após, o cadinho foi retirado do forno e o metal líquido homogeneizado durante<br />

um tempo <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 20 segundos.<br />

Figura 2 – Forno tipo mufla utilizado para fusão <strong>da</strong> liga Al-3%Si <strong>na</strong> realização dos experimentos.<br />

O processo <strong>de</strong> solidificação consistiu no <strong>vazamento</strong> <strong>da</strong> liga Al-3%Si no interior <strong>de</strong> um mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> chapa <strong>de</strong><br />

aço 1020, posicio<strong>na</strong>do <strong>na</strong> parte superior do dispositivo, <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente aquecido por resistências elétricas,<br />

conforme indicado <strong>na</strong> Figura 3a. Uma vez atingi<strong>da</strong>s as <strong>temperatura</strong>s <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> estabeleci<strong>da</strong>s, isto é, 0% e<br />

10% acima <strong>da</strong> <strong>temperatura</strong> liquidus, o dispositivo foi então <strong>de</strong>sligado iniciando-se o processo <strong>de</strong> refrigeração<br />

através <strong>de</strong> um fluxo <strong>de</strong> água constante <strong>na</strong> parte frontal do mesmo.<br />

A obtenção <strong>da</strong>s respectivas curvas <strong>de</strong> resfriamento permitiu a verificação <strong>da</strong>s <strong>temperatura</strong>s liquidus e solidus,<br />

análise térmica <strong>da</strong> liga para confirmação do teor <strong>de</strong> soluto através do processo <strong>de</strong> absorção atômica assim<br />

como a obtenção dos perfis <strong>de</strong> <strong>temperatura</strong> para cinco posições <strong>de</strong> termopares (6, 12, 17, 36 e 54 mm) em<br />

relação à interface metal/mol<strong>de</strong>. As etapas consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s para a caracterização macroestrutural se encontram<br />

<strong>de</strong>talhados em trabalho recente (SILVA et al., 2009). As curvas <strong>de</strong> resfriamento foram obti<strong>da</strong>s através do<br />

registro <strong>de</strong> <strong>temperatura</strong>s até a completa solidificação <strong>da</strong> liga. Os <strong>da</strong>dos foram armaze<strong>na</strong>dos em um<br />

registrador <strong>de</strong> <strong>temperatura</strong>s do tipo AMR–CONTROL, marca ALMEMO e tratados em software específico<br />

para plotagem <strong>da</strong>s curvas <strong>da</strong> liga a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>, como apresentado <strong>na</strong> Figura 3b.<br />

(a) (b)<br />

Figura 3 – Operação <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> e monitoramento on-line <strong>da</strong>s curvas <strong>de</strong> resfriamento <strong>da</strong> Liga Al-3%Si.<br />

(a)


A Figura 4 apresenta o diagrama <strong>de</strong> fases do sistema Al-Si, respectivamente, em sua formatação completa e<br />

<strong>de</strong>talha<strong>da</strong> indicando <strong>de</strong> maneira mais precisa a composição <strong>da</strong> liga Al-3%Si bem como as <strong>temperatura</strong>s <strong>de</strong><br />

início e fim <strong>da</strong> trans<strong>formação</strong> líquido/sólido, ou seja, <strong>temperatura</strong> liquidus (TL) e <strong>temperatura</strong> solidus (TS). A<br />

Tabela 1 apresenta a composição química dos metais constituintes <strong>da</strong> liga Al-3%Si.<br />

(a) (b)<br />

Figura 4 – Diagrama <strong>de</strong> equilíbrio do sistema Al-Si: (a) completo e (b) <strong>de</strong>talhado (PERES et al., 2004).<br />

Tabela 1 – Composição química dos metais puros utilizados <strong>na</strong> elaboração <strong>da</strong> liga Al-3%Si.<br />

Metal Composição Química (%)<br />

Al Fe Ni Si P Ca Ti Zn<br />

Al 99,7074 0,1365 0,0069 0,103 - 0,0162 - 0,0084<br />

Si 0,1094 0,3164 0,0102 99,596 0,0100 0,0214 0,0455 -<br />

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS<br />

Na Figura 5 é apresentado o perfil térmico <strong>da</strong> curva <strong>de</strong> resfriamento <strong>da</strong> liga Al-3%Si. Observa-se que os<br />

valores obtidos para as <strong>temperatura</strong>s liquidus e solidus <strong>da</strong> liga investiga<strong>da</strong> correspon<strong>de</strong>m aproxima<strong>da</strong>mente<br />

àqueles indicados no diagrama <strong>de</strong> fases mostrado <strong>na</strong> Figura 4b.


Figura 5 – Curva <strong>de</strong> resfriamento <strong>da</strong> liga Al-3%Si.<br />

As Figuras 6 e 7 apresentam as macroestruturas resultantes obti<strong>da</strong>s segundo as condições <strong>de</strong> solidificação<br />

cita<strong>da</strong>s anteriormente neste trabalho para a liga Al-3%Si, isto é, com superaquecimentos nulo e 10% acima<br />

<strong>da</strong> <strong>temperatura</strong> liquidus, respectivamente.<br />

Figura 6 – Macroestrutura <strong>da</strong> liga Al-3%Si obti<strong>da</strong> com superaquecimento nulo.<br />

Figura 7 – Macroestrutura <strong>da</strong> liga Al-3%Si obti<strong>da</strong> com superaquecimento 10% acima <strong>da</strong> <strong>temperatura</strong> liquidus.


No primeiro caso, po<strong>de</strong>mos observar a não ocorrência <strong>da</strong> TCE uma vez que a estrutura apresenta somente<br />

grãos equiaxiais <strong>de</strong> dimensões reduzi<strong>da</strong>s, sendo que os mesmos tor<strong>na</strong>m-se mais grosseiros à medi<strong>da</strong> que se<br />

distanciam <strong>da</strong> interface metal/mol<strong>de</strong>. Os referidos grãos, portanto, não possuem direção preferencial <strong>de</strong><br />

crescimento. Tal tipo <strong>de</strong> estrutura po<strong>de</strong> ser justifica<strong>da</strong>, provavelmente, por meio <strong>da</strong> baixa <strong>temperatura</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>vazamento</strong> emprega<strong>da</strong> assim como pela ausência <strong>de</strong> superaquecimento no metal líquido, fatores <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

operacio<strong>na</strong>l que estimulam a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> grãos equiaxiais. No segundo caso, verificamos a presença <strong>da</strong> TCE<br />

à uma distância <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 6,5 cm a partir <strong>da</strong> interface metal-mol<strong>de</strong>. Os grãos colu<strong>na</strong>res<br />

apresentam-se bastante grosseiros e orientados segundo a direção <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> calor. A tendência que os<br />

mesmos possuem no sentido diago<strong>na</strong>l po<strong>de</strong> ser explica<strong>da</strong>, possivelmente, por fugas <strong>de</strong> calor latente ocorri<strong>da</strong>s<br />

durante a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> fase líquido/sólido proporcio<strong>na</strong><strong>da</strong>s pela <strong>temperatura</strong> <strong>de</strong> <strong>vazamento</strong> emprega<strong>da</strong> que,<br />

soma<strong>da</strong> ao elevado valor <strong>da</strong> <strong>temperatura</strong> liquidus <strong>da</strong> liga a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>, ultrapassou a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> operacio<strong>na</strong>l do<br />

dispositivo <strong>de</strong> solidificação unidirecio<strong>na</strong>l horizontal utilizado nos experimentos. Os grãos equiaxiais <strong>da</strong><br />

referi<strong>da</strong> estrutura, por outro lado, apresentam-se semelhantes àqueles localizados <strong>na</strong> extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> direita <strong>da</strong><br />

macroestrutura anterior. Assim, po<strong>de</strong>mos concluir que a presença <strong>de</strong> superaquecimento estimulou o<br />

aparecimento <strong>da</strong> TCE <strong>na</strong> liga estu<strong>da</strong><strong>da</strong> pois estimulou o surgimento <strong>da</strong> zo<strong>na</strong> colu<strong>na</strong>r.<br />

5. CONCLUSÃO<br />

Os resultados obtidos neste trabalho para a liga Al-3%Si permitem que sejam extraí<strong>da</strong>s as seguintes<br />

conclusões:<br />

• Ausência <strong>de</strong> superaquecimento parece favorecer o surgimento <strong>de</strong> grãos equiaxiais <strong>de</strong> dimensões reduzi<strong>da</strong>s<br />

<strong>na</strong> liga estu<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>na</strong>s condições <strong>de</strong> solidificação assumi<strong>da</strong>s.<br />

• A presença <strong>de</strong> superaquecimento parece incentivar a ocorrência <strong>de</strong> grãos colu<strong>na</strong>res promovendo assim o<br />

surgimento <strong>da</strong> TCE.<br />

• A análise <strong>da</strong> TCE em materiais metálicos é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse para a <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

mecânicas relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s a produtos fundidos.<br />

• Os estudos referentes à TCE em ligas do sistema Al-Si são muito importantes sob os pontos <strong>de</strong> vista<br />

científico, tecnológico e industrial.<br />

• Seria interessante, sob o ponto <strong>de</strong> vista científico, a realização <strong>de</strong> estudos referentes à TCE em outras<br />

ligas do sistema Al-Si consi<strong>de</strong>rando, por exemplo, variação do teor <strong>de</strong> soluto, <strong>de</strong> <strong>temperatura</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>vazamento</strong> e direção <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong> frente <strong>de</strong> solidificação pois existem poucos trabalhos propostos <strong>na</strong><br />

literatura sobre as mesmas.<br />

6. REFERÊNCIAS<br />

ARES, A.E.; SCHVEZOV, C.E. Solidification parameters during the colum<strong>na</strong>r-to-equiaxed transition<br />

in lead-tin alloys. Metallurgical and Materials Transactions 31A (2000) 1611-1625.<br />

BADILLO, A.; BECKERMANN, C. Phase-field simulation of the colum<strong>na</strong>r-to-equiaxed transition in<br />

alloy solidification. Acta Materialia 54 (2006) 2015–2026.<br />

CANTÉ, M.V.; CRUZ, K. S.; SPINELLI, J. E.; CHEUNG, N.; GARCIA, A. Experimental a<strong>na</strong>lysis of the<br />

colum<strong>na</strong>r-to-equiaxed transition in directio<strong>na</strong>lly solidified Al–Ni and Al–Sn alloys. Materials Letters 61<br />

(2007) 2135–2138.<br />

DOHERTY, R.D.; COOPER,P.D.; BRADBURY,M.H.; HONEY, F.J. On the colum<strong>na</strong>r to equiaxed<br />

transition in small ingots. Metallurgical Transactions 8A (1977) 397-402.<br />

DONG, H.B.; LEE, P.D. Simulation of the colum<strong>na</strong>r-to-equiaxed transition in directio<strong>na</strong>lly solidified<br />

Al–Cu alloys. Acta Materialia 53 (2005) 659–668.


FLOOD, S.C.; HUNT, J.D. Colum<strong>na</strong>r and equiaxed growth I. A mo<strong>de</strong>l of a colum<strong>na</strong>r front with a<br />

temperature <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt velocity. Jour<strong>na</strong>l of Crystal Growth 82 (1987) 543-551.<br />

________. Colum<strong>na</strong>r and equiaxed growth II. Equiaxed growth ahead of a colum<strong>na</strong>r front. Jour<strong>na</strong>l of<br />

Crystal Growth 82 (1987) 552-560.<br />

MAHAPATRA, R.B.; WEINBERG, F. The colum<strong>na</strong>r to equiaxed transition in tin-lead alloys.<br />

Metallurgical Transactions 18B (1987) 425–432.<br />

PERES, M.D.; SIQUEIRA, C.A.; GARCIA, A. Macrostructural and microstructural <strong>de</strong>velopment in Al–<br />

Si alloys directio<strong>na</strong>lly solidified un<strong>de</strong>r unsteady-state conditions. Jour<strong>na</strong>l of Alloys and Compounds 381<br />

(2004) 168–181.<br />

SILVA, J.N.; MOUTINHO, D.J.; MOREIRA, A.L.; FERREIRA, I.L.; ROCHA, O.L. The colum<strong>na</strong>r to<br />

equiaxed transition during the horizontal directio<strong>na</strong>l solidification of Sn–Pb alloys. Jour<strong>na</strong>l of Alloys<br />

and Compounds 478 (2009) 358–366.<br />

SIQUEIRA, C.A.; CHEUNG, N.; GARCIA, A. Solidification thermal parameters affecting the<br />

colum<strong>na</strong>r-to-equiaxed transition. Metallurgical and Materials Transactions 33A (2002) 2107-2118.<br />

_________. The colum<strong>na</strong>r to equiaxed transition during solidification of Sn–Pb alloys. Jour<strong>na</strong>l of Alloys<br />

and Compounds 351 (2003) 126–134.<br />

SPINELLI, J.E.; FERREIRA, I.L.; GARCIA, A. Influence of melt convection on the colum<strong>na</strong>r to<br />

equiaxed transition and microstructure of downward unsteady-state directio<strong>na</strong>lly solidified Sn–Pb<br />

alloys. Jour<strong>na</strong>l of Alloys and Compounds 384 (2004) 217–226.<br />

WANG, C.Y.; BECKERMANN, C. Prediction of colum<strong>na</strong>r to equiaxed transition during diffusioncontrolled<br />

<strong>de</strong>ndritic alloy solidification. Metallurgical and Materials Transactions. 25A (1994) 1081-1093.<br />

WILLERS,B.; ECKERT, S.; MICHEL, U.; HAASE, I.; ZOUHAR, G. The colum<strong>na</strong>r-to-equiaxed<br />

transition in Pb–Sn alloys affected by electromagnetically driven convection. Materials Science and<br />

Engineering A 402 (2005) 55–65.<br />

Z<strong>IV</strong>, I.; WEINBERG, F. The colum<strong>na</strong>r-to-equiaxed transition in Al 3% Cu. Metallurgical Transactions<br />

20B (1989) 731–734.

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