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Impressões - Ano 2 - N°5 - Ucg

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Jornal Laboratório dos alunos dos 4º e 5º períodos de Jornalismo<br />

<strong>Ano</strong> 2 . Nº 5<br />

Setembrol / 2007<br />

Goiânia - GO<br />

A escolha<br />

certa<br />

faz toda a diferença<br />

Nesta edição, o Jornal<br />

<strong>Impressões</strong> mostra como<br />

pessoas de diferentes<br />

idades se comportam<br />

diante do amor<br />

Criação Capa:<br />

Annelise Pires<br />

e Tauana Schetini<br />

6º Período Jornalismo


2<br />

PÁG 3<br />

5 a 10<br />

Se apaixonar pelo amiguinho,<br />

sentimento natural da criança pode<br />

se tornar um problema para os pais.<br />

Segundo especialistas, o melhor é<br />

não incentivar<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / ÂNIA . SETEMBRO. 2007<br />

EDITORIAL<br />

Amor dos oito aos 80<br />

mar e ser amado, esse é o principal<br />

objetivo em todas as fases da<br />

vida. Quanto mais se convence de<br />

que o meio profissional, os estudos, a<br />

família são importantes no cotidiano,<br />

mais existe também a certeza de que<br />

são as relações intimas e amorosas<br />

que dão sabor especial à vida.<br />

Levante à mão quem nunca sentiu<br />

apreensivo, mas inexplicavelmente<br />

feliz, quando o coração bateu mais<br />

forte, o corpo tremeu ou a respiração<br />

acelerou ao ver a pessoa amada.<br />

Seja na infância, ou na fase<br />

adulta; na adolescência ou na terceira<br />

idade; toda pessoa, em vários<br />

momentos da vida, precisa de<br />

alguém para dividir e compartilhar as<br />

conquistas e os fracassos, os sonhos<br />

e as desesperanças. As relações<br />

amorosas fazem parte do processo<br />

de desenvolvimento emocional,<br />

psíquico e até biológico de todo o<br />

indivíduo. São as experiências afetivas<br />

que vão nortear as atitudes e a<br />

forma com que a pessoa lida com os<br />

sentimentos.<br />

Percebendo a importância do tema,<br />

PÁG 4, 5, 6 e 7<br />

11 a 15<br />

As boas e más experiências<br />

amorosas vividas na adolescência<br />

podem refletir na vida adulta. Para<br />

meninos e meninas, os relacionamentos<br />

acontecem de forma completamente<br />

diferentes, mas os sentimentos<br />

finais são os mesmos<br />

16 a 20<br />

Durante toda a vida as pessoas passam<br />

por fases que as faz enxergar os relacionamentos<br />

sob diferentes aspectos.<br />

Jovens relatam visões distintas e idênticas<br />

sobre seus envolvimentos afetivos<br />

a presente edição tenta mapear a maneira<br />

como a sociedade atual enxerga essas<br />

relações, se dedicando a relatar as diferentes<br />

faces do amor nas inúmeras fases<br />

da vida, e olha que atualmente existem<br />

muitas mudanças em percurso. Reflexo<br />

das transformações contemporâneas,<br />

hoje a sociedade vive um momento de<br />

intensa liberdade, pragmatismo e muita<br />

superficialidade nas relações. Um exemplo<br />

disso é o "ficar", usado muito pelos adolescentes<br />

e jovens. Atitude que isenta toda<br />

a responsabilidade na relação, esse<br />

namoro sem compromisso pode gerar<br />

conseqüências negativas, com gravidez<br />

indesejada e casamentos inoportunos. Há<br />

alguns anos, quando existia a repressão<br />

sexual e a dona de casa era o padrão feminino,<br />

isso não aconteiam.<br />

Os meios de comunicação também<br />

foram importantes nessa<br />

mudança. Hoje, namorar pela internet<br />

não é apenas uma necessidade, mas<br />

se transformou em modismo. É sinal de<br />

que a pessoa está incluída na<br />

sociedade ou em uma comunidade<br />

específica. E as crianças? Influenciadas<br />

pelas novelas e filmes que têm como<br />

PÁG 8, 9, 10 e 11<br />

21 a 25<br />

Presente na vida do homem, os sentimentos<br />

têm evoluído e mudado as formas<br />

de relacionamentos. Atualmente,<br />

a necessidade de prazer imediato<br />

interfere de maneira definitiva nos<br />

encontros amorosos<br />

26 a 30<br />

A busca por um par ideal começa<br />

ainda na infância. Cada envolvimento<br />

até a fase adulta terá papel fundamental<br />

para o sucesso ou fracasso do relacionamento.<br />

Psicólogo afirma que<br />

mais importante que encontrar a alma<br />

gêmea, é se sentir bem ao lado do<br />

escolhido<br />

PÁG 12 e 13<br />

31 a 35<br />

A partir dos 30 anos, estilo, atitudes e<br />

posicionamentos são quesitos fundamentais<br />

quando o assunto é relacionamento<br />

amoroso<br />

ator principal as relações amorosas,<br />

começam a dar seus primeiros flertes<br />

e beijos com menos de 10 anos de<br />

idade. As reações dos pais em<br />

relação ao namoro na infância são<br />

diversas, e muitas vezes erradas,<br />

dando liberdade demais.<br />

Outro ponto de destaque é a<br />

vida amorosa dos idosos. Casais<br />

prestes a completar bodas de diamante<br />

relatam às experiências de um<br />

casamento duradouro. Já pelo outro<br />

lado, a freqüência dos divórcios está<br />

aumentando e a procura por um novo<br />

amor nessa fase da vida também.<br />

Dos oito aos 80, o amor sempre perdura,<br />

é ele que dá sentido a vida, e que<br />

empurra ao caminho da felicidade.<br />

Como diria Kahlil Gibran em sua<br />

lucidez irretocável, "quando o amor<br />

acenar, siga-o e quando ele falar com<br />

você, acredite no que ele diz". Se<br />

depois de ler essa edição ainda continuar<br />

com a mão levantada quando perguntado<br />

se nunca se aventurou nas<br />

sensações do amor, não perca tempo,<br />

você está precisando de amar e ser<br />

amado.<br />

PÁG 14 e 15<br />

36 a 40<br />

PÁG 16 e 17<br />

41 a 50<br />

A insatisfação sexual e falta de<br />

noção do envelhecimento são as<br />

principais causas de infidelidade<br />

entre casais de 41 aos 50 anos<br />

50 a 60<br />

Oclair e Maria são completamente<br />

diferentes nas escolhas amorosas,<br />

mas têm algo em comum: são<br />

felizes. Uma no aconchego do<br />

"casamento", outra, solteira, na vida<br />

agitada e surpreendente dos<br />

"ficantes". Maria, apesar de se divertir<br />

muito, acredita que chegou a hora<br />

de ter alguém do seu lado.<br />

EXPEDIENTE<br />

ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA<br />

SOCIEDADE GOIANA DE CULTURA (SGC)<br />

Presidente<br />

Dom Washington Cruz, CP<br />

Vice-Presidente<br />

Pe. Rubens Sodré Miranda, CSS<br />

Secretário Geral<br />

Prof. Onofre Guilherme dos Santos Filho<br />

ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR<br />

DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS<br />

(UCG)<br />

Grão-Chanceler<br />

Dom Washington Cruz, CP<br />

Reitor<br />

Prof. Wolmir Therezio Amado<br />

Vice-Reitor<br />

Pe. Rubens Sodré Miranda, CSS<br />

Chefe de Gabinete<br />

Prof. Giuseppe Bertazzo<br />

Pró-Reitoria de Graduação<br />

Profa. Olga Izilda Ronchi<br />

Pró-Reitoria de Extensão e Apoio Estudantil<br />

Profa. Sandra de Faria<br />

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa<br />

Prof. José Nicolau Heck<br />

Pró-Reitoria de Desenvolvimento<br />

Institucional<br />

Prof. Helenides Mendonça<br />

Pró-Reitoria de Administração<br />

Prof. Daniel Rodrigues Barbosa<br />

“IMPRESSÕES”<br />

Jornal Laboratório do<br />

curso de Jornalismo da<br />

Universidade Católica de Goiás<br />

Coordenadora do Curso de Jornalismo<br />

Professora Eliani Covem<br />

Orientação de reportagem e edição<br />

Professora Rakell Aguiar<br />

Reportagem e edição<br />

7º período matutino de Jornalismo<br />

Projeto Gráfico e<br />

Orientação de Diagramação<br />

Professor Cláudio Aleixo<br />

Diagramação<br />

6º período matutino de Jornalismo<br />

Impressão<br />

Divisão Gráfica e Editora da UCG<br />

Tiragem<br />

1.000 exemplares<br />

E-mail<br />

impressoesucg@gmail.com<br />

Goiânia, Junho de 2007 – <strong>Ano</strong> 2 nº 5<br />

Universidade Católica de Goiás - UCG<br />

Campus V<br />

Rua Fued José Sebba, nº 1.184<br />

Jardim Goiás, Goiânia-GO.<br />

www.ucg.br<br />

e-mail: catolica@catolica.br


NOME DA SEÇÃO<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA .SETEMBRO. 2007<br />

NO JARDIM DA INFÂNCIA<br />

Reportagem: Karolinne<br />

Rodrigues, Lara Machado e Wilson<br />

Fernandes<br />

Edição: Ludmilla Borguês e<br />

Ivana Michelli<br />

Diagramação:<br />

Alexandre Rissate e Jeyce Sousa<br />

Asala de aula não parece o<br />

lugar ideal para namoros.<br />

Mas para Geovana Áurea a<br />

história é outra. Ela tem cinco anos,<br />

faz o Jardim II na Escola Intelectual<br />

e tem três namorados. Dos três<br />

escolhidos, dois são mais novos e<br />

ainda usam fraldas no maternal. A<br />

pequena diz que com Macsander e<br />

Ernane prefere brincadeiras na hora<br />

do recreio. Já com João Pedro, o<br />

mais novo de todos, ela tem o<br />

namoro mais duradouro, passa de<br />

um ano e os beijinhos rolam soltos.<br />

Nana, como é chamada pela família,<br />

diz que se a mãe proibir, vai<br />

namorar escondido.<br />

A mãe de Geovana, a funcionária<br />

pública Gilvânia Ferreira, diz que<br />

não acha certo o namoro na idade de<br />

Nana. "Não apoio, mas minha filha<br />

é influenciada pelas novelas, quando<br />

ela vê os personagens se aproximarem,<br />

já espera pela<br />

cena do beijo", relata.<br />

Esse romantismo na<br />

infância é natural.<br />

Segundo especialistas,<br />

as crianças repetem<br />

comportamentos acompanhados<br />

nas músicas,<br />

programas televisivos e<br />

histórias de princesas<br />

retratadas em filmes.<br />

Afinal, elas também<br />

querem um príncipe. A<br />

arma dos pais é tratar<br />

com naturalidade, apoiar e se interessar<br />

pelo assunto, mas com limites.<br />

Carlos Henrique Alves só tem qua-<br />

tro anos e já se revela o príncipe das<br />

mulheres. Na escola onde faz o<br />

Jardim II conta que tem duas<br />

namoradas e não saberia escolher se<br />

tivesse que ficar<br />

somente com uma<br />

delas. "As duas são<br />

bonitas e gosto delas".<br />

O garoto diz já ter tido<br />

a experiência do<br />

primeiro beijo, mas<br />

sabe que não deve contar<br />

pra ninguém. "A<br />

professora não pode<br />

saber que já chamei a<br />

Mariana pra beijar e<br />

que ainda vou falar<br />

com a Layane", declara<br />

preocupado.<br />

Os pais de Carlos Henrique dizem<br />

ter ciência do que acontece com o<br />

5 A 10<br />

Se apaixonar pelo amiguinho, sentimento natural da criança pode se tornar um<br />

problema para os pais. Segundo especialistas, o melhor é não incentivar<br />

"Não apoio, mas<br />

minha filha é<br />

influenciada pelas<br />

novelas, quando<br />

ela vê os personagens<br />

se aproximarem,<br />

já espera<br />

pela cena do<br />

beijo"<br />

Com apenas<br />

cinco anos,<br />

Geovana Áurea<br />

cativa três<br />

namorados<br />

filho e incentivam o "namoro ingênuo".<br />

"Um dia desses, ele chegou da<br />

escola muito feliz contando que<br />

estava namorando. Pedimos para<br />

que relatasse a história e achamos<br />

muito engraçado aquela euforia<br />

toda".<br />

A pedagoga Camila Lima convive<br />

diariamente com essas situações<br />

entre os alunos. "Sempre me avisam<br />

que estão namorando, apenas digo<br />

que não se trata de namorados, mas<br />

sim de amigos especiais", explica.<br />

Segundo Camila, é comum a<br />

mudança de comportamento quando<br />

a criança está namorando. Ela<br />

ressalta que normalmente os alunos<br />

ficam mais agressivos e agitados,<br />

mas não acredita ser esse um fator<br />

negativo no andamento das atividades,<br />

e sim um sentimento natu-<br />

3<br />

ral da criança, que com diálogo<br />

pode ser resolvido.<br />

Mais conservadores<br />

Mas nem todos os pais gostam dessa<br />

idéia de namoro na infância. A atendente,<br />

Rose América Ribeiro, tem<br />

uma filha de sete anos e não admite<br />

esse comportamento. "Criança tem<br />

é que brincar e estudar, namorar só<br />

na hora certa", esbraveja Rose. Para<br />

ela, a idade ideal para que uma pessoa<br />

comece a namorar é com 15<br />

anos.<br />

A psicóloga Elisângela Ferreira<br />

explica que a criança nessa idade<br />

não tem o sentimento de amor. Na<br />

infância é algo inocente, apenas<br />

afeto e carinho. Elisângela adverte<br />

que os pais devem estar atentos para<br />

que esses "namoros" não atrapalhem<br />

na educação da criança.


4 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA . SETEMBRO. 2007 NOME DA SEÇÃO<br />

11 AOS 15<br />

Entre rosas e<br />

espinhos<br />

As boas e más experiências amorosas vividas na<br />

adolescência podem refletir na vida adulta.<br />

Para meninos e meninas, os relacionamentos<br />

acontecem de forma completamente diferentes,<br />

mas os sentimentos finais são os mesmos<br />

Reportagem:<br />

Marina Dutra<br />

Edição:<br />

Adriana Carvalho, Hacksa Oliveira<br />

e Rúbia Oliveira<br />

Diagramação:<br />

Annelise Pires e Tauana Schetini<br />

Inconstante é a adolescência.<br />

Descobertas, inseguranças,<br />

amizades,<br />

questionamentos, sexualidade<br />

e outros atributos caminham<br />

juntos nessa fase marcante e<br />

crucial na vida de qualquer ser<br />

humano. As transformações<br />

físicas, chamada de puberdade,<br />

tornam-se características<br />

nessa fase. Nas meninas, o<br />

desenvolvimento de glândulas<br />

mamárias, aparecimento de<br />

pêlos pubianos, menstruação,<br />

aumento de peso e altura<br />

acontece mais rápido do que<br />

no sexo masculino. Os principais<br />

aspectos na puberdade<br />

dos meninos são mais lentos e<br />

prolongados como, crescimento<br />

do pênis e testículos,<br />

aumento dos ombros, pêlos na<br />

zona púbica e primeira ejaculação.<br />

Mais do que mudanças<br />

físicas, a adolescência muda<br />

comportamentos. Aquela criança<br />

que antes brincava de<br />

carrinhos ou bonecas e tinha a<br />

figura dos pais mais presente<br />

no dia a dia, cresce e se desenvolve.<br />

Passa a admirar os ami-<br />

gos, a se interessar pelo sexo<br />

oposto, ir a festas, se tornar<br />

mais vaidoso (a) e a ter suas<br />

próprias autonomias.<br />

De acordo com a psicóloga<br />

Nádia Corrêa, 27, a adolescência<br />

é o período em que a<br />

identidade está se formando.<br />

"Todos buscam um grupo para<br />

se identificar, se afirmar como<br />

maduros, quando na verdade é<br />

nessa fase que a imaturidade é<br />

incessante".<br />

Para Nádia, a melhor<br />

maneira de sobressair essa<br />

fase seria os pais aconselharem<br />

e acompanharem de<br />

perto os filhos para não ter<br />

problemas futuramente. "Conversar<br />

com os filhos, ensinar<br />

como se usa uma camisinha,<br />

estabelecer certos limites são<br />

caminhos fáceis para o adolescente<br />

seguir esse curso da vida<br />

mais saudável”, afirma.<br />

Segundo os especialistas,<br />

nesse período também acontece<br />

o amor platônico, aquele<br />

idealizado de Romeu e Julieta<br />

para as meninas e a paixão<br />

avassaladora presente nos<br />

meninos. Todas as pessoas que<br />

já passaram pela adolescência<br />

sabem que a insegurança e os<br />

conflitos fizeram parte do<br />

primeiro amor, do primeiro<br />

beijo ou da primeira festa com<br />

os amigos.<br />

Grande parte dos garotos<br />

encara esse período mais naturalmente,<br />

acham essa fase<br />

divertida, possuem menos


NOME DA SEÇÃO<br />

limites estabelecidos pelos<br />

pais e admiram uma menina<br />

diferente a cada semana.<br />

"Acho que ser adolescente é<br />

uma das melhores fases da<br />

vida. Posso sair com os amigos,<br />

ir a festas, me divertir. O<br />

único problema é ainda ser<br />

considerado como criança por<br />

algumas pessoas", relata João<br />

Paulo Canêdo, de 13 anos.<br />

Amar e ser aceito<br />

A estudante Juliana Santos,<br />

12, conta que o primeiro<br />

amor foi por um rapaz sete<br />

anos mais velho que ela. "Eu<br />

era tão apaixonada que já fui<br />

capaz de atrapalhar o namoro<br />

dele, ligava para a namorada e<br />

fingia ser amante do menino.<br />

Eu fazia muitas maluquices.<br />

Mas sabia que era platônico.<br />

Chorava muito por não ser<br />

correspondida", comenta.<br />

As conseqüências desse<br />

amor não correspondido causaram<br />

malefícios na escola e<br />

no convívio familiar. Juliana<br />

passou a tirar notas ruins, a ter<br />

comportamento rebelde dentro<br />

de casa, comer e dormir mal.<br />

"Meus pais perceberam a situação<br />

e me aconselharam,<br />

deram apoio e proteção.<br />

Depois de um tempo já tinha<br />

esquecido esse garoto. Estava<br />

pronta para me apaixonar por<br />

outro", frisa.<br />

A mãe de Anderson Cardoso,<br />

15, Leonice Alves, 41<br />

anos, segue os conselhos de<br />

Nádia. Para ela existem<br />

muitas dificuldades em educar<br />

um filho na puberdade. "Pela<br />

ausência do pai eu tive que<br />

ensiná-lo como se usa uma<br />

camisinha, não andar com más<br />

companhias, estabelecer horários,<br />

pois nessa idade ele só<br />

pensa em namorar e voltar<br />

tarde para casa".<br />

Quanto às meninas, Leonice<br />

já presenciou o filho<br />

chorando uma vez porque os<br />

pais da garota que ele gostava<br />

não deixaram os dois<br />

namorarem. "De inicio eles<br />

encontravam escondidos, mas<br />

Crédito Foto:<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA .SETEMBRO. 2007<br />

Criar legenda para imagem. Criar legenda para imagem. Criar legenda para imagem.<br />

o pai da menina descobriu e<br />

queria ter uma conversa com<br />

Anderson. Ele ficou morrendo<br />

de medo, mas essa conversa<br />

nunca aconteceu porque o<br />

namoro terminou e meu filho<br />

ficou arrasado", comenta.<br />

Lembranças<br />

Inesquecíveis<br />

Quem já não ouviu a<br />

famosa frase "o primeiro amor<br />

a gente nunca esquece" que<br />

atire a primeira pedra. Independente<br />

do amor ter sido<br />

bom ou ruim, muitas pessoas o<br />

levam para a vida inteira,<br />

descobrem com ele o sabor do<br />

primeiro beijo, a sexualidade<br />

aflorada, o sentimento forte e<br />

único.<br />

Percebe-se hoje que o<br />

amor despretensioso da adolescência<br />

ficou em segundo<br />

plano, perdendo seu posto<br />

para a "ficada". Garotos e<br />

garotas saem para as baladas e<br />

"ficam" com seus parceiros,<br />

beijam e no dia seguinte estão<br />

prontos para outra paquera.<br />

A psicóloga acredita que o<br />

famoso comportamento "ficar"<br />

acrescenta à vida dos adolescentes<br />

aceitação e experiência.<br />

"Em qualquer período da vida<br />

é preciso ser aceito para se<br />

sentir bem. Isso faz diferença<br />

na vida afetiva, são influências<br />

na forma como esses jovens<br />

vão encarar os relacionamentos<br />

futuros" completa.<br />

Maxwell Andrade, 15,<br />

encara a adolescência com<br />

naturalidade, mas admite que<br />

quando está a fim de uma<br />

garota a timidez impera, e<br />

acrescenta que a maioria das<br />

meninas de sua idade são bem<br />

mais avançadas que os meninos<br />

na hora de paquerar.<br />

5<br />

"Geralmente admiro a garota,<br />

encaro, se ela der moral eu<br />

tento conversar. A partir daí<br />

vejo se vai rolar um beijo",<br />

salienta.<br />

Já a estudante Gizely<br />

Lopes Silva, 12, acreditava<br />

que não conquistaria o coração<br />

do menino mais popular<br />

de sua sala. Depois de noites<br />

chorando a fio e amigas da<br />

turma dizendo que ela estava<br />

perdendo tempo, Gizely<br />

declarou para o menino e<br />

namorou durante três meses,<br />

até o garoto ter que mudar<br />

para outra cidade. "Fique<br />

muito mal. Foi meu primeiro<br />

amor. Mantemos contato por<br />

e-mails e telefone, até hoje<br />

sou apaixonada por ele, porém<br />

com a distância fica difícil.<br />

Confesso que eu o espero<br />

ainda para voltarmos a<br />

namorar", relata.


6 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA . SETEMBRO. 2007 NOME DA SEÇÃO<br />

15 A 20<br />

À flor da pele<br />

Durante toda a vida as pessoas passam por fases que as faz enxergar<br />

os relacionamentos sob diferentes aspectos. Jovens relatam visões<br />

distintas e idênticas sobre seus envolvimentos afetivos<br />

Ficar ou namorar? E depois<br />

de escolher, como<br />

conquistar o parceiro?<br />

Muitos jovens que estão na<br />

faixa etária dos 15 aos 20 anos<br />

dizem descobrir e provar o<br />

primeiro gosto do amor. Mas<br />

onde encontrar o par perfeito?<br />

No barzinho? Na igreja? Na balada?<br />

Ana Carolina Oliveira, 19,<br />

está no seu primeiro relacionamento<br />

"sério", como a própria<br />

denomina. Há um ano com o<br />

namorado, conta que tomou a<br />

iniciativa para que pudessem<br />

ficar juntos. Por gostar de garotos<br />

com personalidade tímida,<br />

ela toma como um desafio conquistá-los.<br />

A estudante revela<br />

que o olhar é a primeira estratégia<br />

para o flerte. "Eu demonstro<br />

que estou interessada pelo olhar.<br />

Quanto à estética, acho utopia<br />

quando falam que aparência não<br />

importa. O parceiro deve ter um<br />

sorriso bonito, ser bem humorado<br />

e acima de tudo, prezar pela<br />

fidelidade".<br />

O pós-doutor e professor do<br />

Depar-tamento de Psico-logia<br />

na Univer-sidade Católica de<br />

Goiás (UCG), Dwain Phillip<br />

Santee, co-menta sobre o comportamento<br />

da maioria dos<br />

jovens nessas idades. Para o<br />

psicólogo, o grupo em que se<br />

inserem é uma das condições<br />

para que julguem o que é importante<br />

na relação. "Por exemplo,<br />

se for um jovem evangélico de<br />

uma denominação mais conservadora,<br />

talvez o mais importante<br />

para ele seja viver como<br />

Jesus viveu. Em termos de relacionamento,<br />

ele quer encontrar<br />

uma pessoa que também faça<br />

isso e que tenha valores parecidos.<br />

De qualquer forma o contato<br />

físico, beijar na boca, segurar<br />

na mão são importantes porque<br />

fazem parte de um ritual<br />

humano de acasalamento".<br />

Leonardo Augusto Leão<br />

Rolim, 25, afirma nunca ter<br />

namorado por ter outros objetivos<br />

na vida, como terminar a<br />

faculdade, mas que não deixa de<br />

se interessar por garotas. O<br />

estudante admite agir de forma<br />

muito discreta para demonstrar<br />

que está interessado em alguém<br />

e se não for correspondido, não<br />

se chateia. "Eu procuro ficar<br />

perto da pessoa e exibir demonstrações<br />

de carinho, como dar<br />

presentes. Outra arma é procurar<br />

amigos dela para que possam<br />

me dar dicas". Leonardo<br />

afirma ainda: "Se não der certo,<br />

paciência. Acho que não era a<br />

pessoa certa pra mim", conforma-se.<br />

Escolhas certas<br />

Dwain diz que o fato de<br />

mui-tos jovens não se<br />

envolverem afetivamente não<br />

deve afetar os relacionamentos<br />

futuros. "Algu-mas pessoas<br />

Crédito Foto:<br />

Dwain Phillip Santee pós-doutor e professor de Psicologia na UCG<br />

afirma que beijando todo mundo por aí não é muito saudável”<br />

escolhem não se envolver nessa<br />

idade e outras querem, mas não<br />

conseguem por razões diversas".<br />

Ele lembra que as pessoas<br />

passam a aproveitar mais os<br />

relacionamento após os 20 anos.<br />

"Ainda há muito tempo para<br />

experiências amorosas, que<br />

inclusive mudam significativamente<br />

de qualidade devido ao<br />

amadurecimento em geral".<br />

Lucas Marcelino Paiva, 21,<br />

diz ter passado por dois relacionamentos<br />

duradouros e<br />

atualmente namora uma garota<br />

há três anos. "Ela é muito legal<br />

e combina comigo também,<br />

acho que o na-moro está de pé<br />

até hoje por causa disso". O<br />

estudante revela que quando<br />

solteiro costumava criar oportunidades<br />

na hora de conhecer


NOME DA SEÇÃO<br />

outras pessoas. "Ao me aproximar<br />

procurava ver se gostava de<br />

coisas parecidas, música ou festas,<br />

e em muitos casos, você já<br />

imaginava se a garota é pra ficar<br />

ou namorar", admite Lucas.<br />

Leonardo prefere namorar a<br />

ficar. Acredita que "ficar" é o<br />

primeiro passo para um namoro<br />

duradouro, mas o sexo só deve<br />

acontecer após o casamento.<br />

"Dois jovens não estão preparados<br />

para assumirem uma vida<br />

sexual e suas conseqüências, filhos,<br />

por exemplo".<br />

Ana Carolina não pensa em<br />

ter filhos por agora e exclui a<br />

possibilidade de casamento do<br />

seu futuro. "Eu acho que uma<br />

coisa muito importante antes do<br />

casamento é o sexo. É melhor<br />

você se decepcionar com a pessoa<br />

antes de casar do que ter que<br />

separar depois".<br />

Ir além<br />

Para Dwain, o sexo nessa<br />

fase é muito valorizado, mas<br />

não significa transar. "O coito<br />

propriamente dito é resultado de<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA .SETEMBRO. 2007<br />

um processo de aproximação e<br />

interação. O objetivo final sempre<br />

vai ser esse, por mais que<br />

ele seja evitado durante o<br />

namoro e fique para depois do<br />

casamento".<br />

O psicólogo<br />

explica que todo o<br />

processo depende<br />

do grupo e dos valores<br />

individuais.<br />

"Nessa idade o<br />

indivíduo gosta de<br />

ser reconhecido<br />

como estando<br />

emparelhado com<br />

alguém e faz<br />

questão de mostrar<br />

isso através dos<br />

seus comportamentos,<br />

divulgação oral<br />

ou de símbolos como, por<br />

exemplo, um anel".<br />

Segundo o psicólogo, os<br />

adultos não conseguem notar<br />

que nessa idade os jovens não<br />

encaram a paternidade ou a<br />

maternidade de forma catastrófica.<br />

"Os pais sofrem mais com<br />

isso do que os filhos. Devemos<br />

"Eu procuro ficar<br />

perto da pessoa e<br />

exibir demonstrações<br />

de carinho, como<br />

dar presentes. Outra<br />

arma é procurar<br />

amigos dela para<br />

que possam<br />

medar dicas".<br />

Leonardo afirma<br />

Garotas que perderam a adolescência porque engravidaram muito novas<br />

lembrar que biologicamente<br />

esses adolescentes estão<br />

preparados para isso. A natureza<br />

não teria dado óvulos férteis<br />

para a moçinha se não viessem<br />

acompanhados de<br />

uma capacidade físi-<br />

ca e mental para<br />

conseguir lidar com<br />

essa situação".<br />

Compromissos<br />

Por mais que<br />

achemos um absurdo<br />

uma moça de 16<br />

anos engravidar,<br />

isso vem ocorrendo<br />

na espécie humana<br />

há milhões de anos.<br />

O problema é como<br />

interfere nos planos<br />

de vida das pessoas.<br />

Atualmente, os projetos são<br />

muito longos, envolvem muito<br />

investimento de tempo e dinheiro,<br />

que acabam sendo canalizados<br />

para o filho que apareceu<br />

e não mais para o futuro daquele<br />

adolescente", explica Dwain.<br />

Ana Carolina e Lucas assumem<br />

nunca ter procurado por<br />

7<br />

parceiros em sites de relacionamento.<br />

"O lance é sentir o beijo<br />

e o cheiro da pessoa. Gosto de<br />

ver quando a garota fica com o<br />

rostinho vermelho se faço um<br />

elogio ou como vai reagir se a<br />

minha 'mão boba' passar dos<br />

limites", diz Lucas com o semblante<br />

extrovertido.<br />

Já para a estudante, a aproximação<br />

pela internet não tem<br />

muito sentido. "O melhor lugar<br />

do mundo pra se achar um parceiro<br />

para namorar sério é em<br />

uma festa de folia. Agora para<br />

ficar, uma boate é ótimo".<br />

Ana Carolina tem a opinião<br />

que antes de namorar, o "ficar"<br />

é importante para ajudar na<br />

escolha do parceiro. "Ficar acho<br />

importante. Só experimentei o<br />

primeiro beijo aos 16 anos, e<br />

durante minha adolescência tentei<br />

recuperar o tempo perdido".<br />

Dwain friza que não se deve<br />

a princípio relacionar o fato de<br />

um jovem não levar um relacionamento<br />

a sério com a falta<br />

de responsabilidades. Cada caso<br />

tem a sua particularidade. A<br />

falta de compromisso nessa<br />

faixa etária é normal. As<br />

desilusões amorosas podem afetar<br />

outras relações futuras sem<br />

mudar a personalidade de cada<br />

um. "As pessoas aprendem logo<br />

no início da vida amorosa que<br />

não são perfeitas e que<br />

decepções acontecem. Faz parte<br />

de um aprendizado de compreensão<br />

da natureza humana".<br />

Dwain alerta: "Ficar beijando<br />

todo mundo por aí não é muito<br />

saudável, pois pode criar um<br />

estilo superficial de relacionamento<br />

no qual a pessoa nem<br />

consegue se envolver mais a<br />

fundo por sempre estar na<br />

superfície. É mais ou menos<br />

como mergulhar. Ser campeão<br />

de natação não basta", diz<br />

Phillip.<br />

Reportagem:<br />

Ivana Michelly e Ludmilla Borguês<br />

Edição:<br />

Karolinne Rodrigues, Lara<br />

Machado e Wilson Diogo<br />

Diagramação:<br />

Juliana Brasil


8 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA . SETEMBRO. 2007 NOME DA SEÇÃO<br />

Relacionamentos<br />

Presente na vida do homem, os sentimentos têm evoluído<br />

e mudado as formas de relacionamentos. Atualmente, a<br />

necessidade de prazer imediato interfere de maneira definitiva<br />

nos encontros amorosos<br />

Reportagem:<br />

Alessandro Copetti, Célia Oliveira e<br />

Juliana Fulquim<br />

Edição:<br />

Cristiane Lima, Edilaine Pazini e<br />

Esley Carvalho<br />

Diagramação:<br />

Larissa Ximenes<br />

Foi-se a época em que o<br />

rapaz ia na casa da moça<br />

pedir permissão para<br />

namorar. Agora os tempos<br />

mudaram. Os jovens decidem<br />

por si namorar, não comunicam<br />

nem pedem permissão aos<br />

pais e, simplesmente, ficam.<br />

Raros são os namoros à moda<br />

antiga. O pai da moça, que<br />

antes controlava o distanciamento<br />

dos "pombinhos" no<br />

sofá, a despedida no portão,<br />

hoje empresta a camisa para o<br />

futuro genro ir embora pela<br />

manhã.<br />

Esta mudança de comportamento<br />

é realidade vivida e<br />

aprovada por jovens com<br />

idade entre 21 e 25 anos que<br />

preferem "curtir" mais, ir a<br />

boates, barzinhos e "beijar na<br />

boca" sem muito compromisso.<br />

"Quero aproveitar minha<br />

vida antes de assumir um<br />

compromisso sério", conta o<br />

estudante Michael Martins,<br />

22. Para ele, o casamento é<br />

descartáveis<br />

Crédito Foto:<br />

algo descartado nessa fase da<br />

vida. Amigos e as festas estão<br />

em primeiro lugar. "Numa<br />

noite posso ficar com uma,<br />

duas ou mais garotas", revela<br />

sem inibição.<br />

20 A 25<br />

Michael acabou recentemente<br />

um romance de três anos<br />

porque se sentia incomodado<br />

com o ciúme da namorada que<br />

segundo ele, queria controlálo,<br />

pois não permitia que con-<br />

"Antes de casar, quero ter minha profissão,<br />

não vou depender de marido"<br />

Ingrid Chaves, 23 anos<br />

versasse com amigos e saísse<br />

para jogar futebol. "A única<br />

mulher que pode controlar a<br />

minha vida é minha mãe,<br />

namorada jamais", desabafa.<br />

Se para os homens a idéia é<br />

de liberdade, as mulheres não<br />

ficam atrás. Independentes,<br />

ousadas, cada vez mai<br />

s seguras de si e do que<br />

querem, elas mudam conceitos<br />

e valores, tudo em nome da<br />

liberdade e igualdade. "Antes<br />

de casar, quero ter minha<br />

profissão, não vou depender de<br />

marido", admite a estudante .<br />

Jovem, ela declara numa<br />

demonstração de segurança,<br />

ser intolerante para suportar ou<br />

aceitar uma traição. "Fiquei<br />

sabendo que tinha sido traída e<br />

não pensei duas vezes em dar o<br />

troco", confessa Ingrid que em<br />

seguida acabou o namoro.<br />

Na visão de Ingrid Chaves,<br />

homem que trai não merece<br />

segunda chance. "Quem faz<br />

uma vez pode fazer outras".<br />

Segundo ela, existe uma cultura<br />

machista presente na<br />

sociedade que faz dos homens<br />

convencidos, controladores e,<br />

a resposta para isso é uma postura<br />

firme das mulheres, de<br />

maneira a não aceitar traições<br />

e exigirem direitos e deveres<br />

iguais na relação


NOME DA SEÇÃO<br />

Respeito<br />

x<br />

liberação<br />

Inegável é a presença do<br />

amor e a força dos relacionamentos<br />

na história da<br />

humanidade. Desde os tempos<br />

antigos, o homem procura e<br />

alimenta tais sentimentos e,<br />

muito se tem pensado, escrito<br />

e discutido sobre o amor.<br />

Também é inegável a<br />

transformação pela qual passou<br />

e passa esse sentimento.<br />

Acompanhando a realidade,<br />

hoje o amor revela o que<br />

há de mais puro ou de mais<br />

franco entre homem e mulher,<br />

independente da faixa etária.<br />

Do respeito um pelo outro e da<br />

interferência dos pais, aos<br />

dias contemporâneos em que a<br />

liberdade e a liberalidade predominam,<br />

o amor marca as<br />

características de cada época e<br />

perpassa os séculos.<br />

O homem como ser<br />

genérico evoluiu e suas<br />

relações mudaram. Se estão<br />

certas, mais afetuosas, o<br />

próprio homem, sujeito e<br />

objeto da história, ainda não<br />

descobriu. O certo é que ele<br />

vai percorrendo o tempo, construindo<br />

e se adaptando ao que<br />

pensa e ao que faz. Homem e<br />

mulher já não são mais os<br />

mesmos de 30, 40 anos atrás.<br />

Porém, é a mudança de visão,<br />

comportamento e atitude da<br />

mulher que parece ser mais<br />

evidente.<br />

De acordo com a psicóloga<br />

Lysia Moreira, houve uma<br />

Crédito Foto:<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA .SETEMBRO. 2007<br />

“Está-se edificando a vida sentimental sobre uma<br />

base pouca sólida, imatura.”<br />

evolução na forma de pensar das<br />

mulheres, inclusive no que diz<br />

respeito a relacionamentos,<br />

amor. "Muitas dessas mudanças<br />

ainda são difíceis de serem compreendidas<br />

e aceitas pelo<br />

homem. Um exemplo é o fato d<br />

a mulher ter salários mais<br />

altos e sua crescente participação<br />

no mercado de trabalho",<br />

comenta. O percurso de autonomia<br />

que marca a história da mulher<br />

caracteriza a modernidade e<br />

o despertar de uma consciência<br />

pela qual a mulher sempre buscou,<br />

conquistou e agora não<br />

abre mão.<br />

Crédito Foto:<br />

Lysia Moreira,<br />

Psicóloga<br />

Segundo Lysia Moreira, a<br />

quebra dos tabus que envolvia<br />

amor e sexo contribuíram para se<br />

chegar ao que estágio atual.<br />

"Isso acelerou o processo de<br />

liberação não só sexual, mas de<br />

pensamentos e dos relacionamentos,<br />

fatores que proporcionam às<br />

pessoas maior facilidade em estabelecer<br />

e findar relações afetivas".<br />

A pouca importância que o<br />

homem moderno dá aos riscos<br />

afetivos é prova de que não está<br />

mais ligado e preocupado em<br />

estabelecer vínculos. Esse conceito<br />

de amor que se cultua<br />

atualmente comprova o sentido<br />

9<br />

precário das palavras muito<br />

expostas pela juventude: o que<br />

conta é o prazer, o ficar. "Essa é<br />

essência do amor moderno",<br />

aponta a psicóloga. Ela ainda<br />

explica que o homem contemporâneo<br />

considera muito mais a<br />

satisfação sexual autocentrada<br />

como expressão de peso do<br />

amor, do que o conhecimento<br />

um do outro, da partilha de sentimentos,<br />

necessidades, do<br />

respeito, da relação homemmulher<br />

e, familiar. "Está-se edificando<br />

a vida sentimental sobre<br />

uma base pouca sólida, imatura",<br />

finaliza.


10 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA . SETEMBRO. 2007 NOME DA SEÇÃO<br />

Amar o amor<br />

A busca por um par ideal começa ainda na infância. Cada envolvimento<br />

até a fase adulta terá papel fundamental para o sucesso ou fracasso do<br />

relacionamento. Psicólogo afirma que mais importante que encontrar<br />

a alma gêmea, é se sentir bem ao lado do escolhido<br />

Reportagem:<br />

Cristiane Lima, Esley Carvalho e<br />

Edilaine Pazini<br />

Edição: Alessandro Copetti,<br />

Célia Oliveira e Juliana Fulquim<br />

Diagramação:<br />

Larissa Ximenes<br />

Na Bíblia já estava<br />

escrito: não é bom que<br />

o homem viva só. E<br />

não é mesmo. Homens e mulheres<br />

vivem em busca do par<br />

perfeito para passar o resto da<br />

vida juntos; ou pelo menos<br />

parte dela. Segundo o psicólogo<br />

Arthur Melo de Oliveira, as<br />

pessoas estão sempre em busca<br />

de companheiros para compartilhar<br />

os momentos da vida.<br />

Sejam eles bons ou ruins. "Na<br />

verdade, as pessoas querem ter<br />

em quem confiar, e assim,<br />

poder contar com ela em todos<br />

os momentos".<br />

Oliveira diz que os relacionamentos<br />

começam no nascimento.<br />

Cada um dos envolvimentos<br />

que o indivíduo tem no decorrer<br />

da vida influencia na<br />

maneira que essa pessoa vai<br />

encarar os demais. "É como<br />

uma teia de aranha", exemplifica.<br />

"Todos os envolvimentos<br />

da vida estarão interligados<br />

para sempre".<br />

Depois de passada a fase da<br />

adolescência, muita coisa<br />

muda quando o assunto é amor.<br />

Para o vendedor Leonardo (fictício),<br />

29, as decepções que<br />

teve nessa fase fizeram com<br />

que procurasse novas formas<br />

de amar. Ele conta que desde o<br />

início de seus relacionamentos<br />

sofreu muito. "Nunca era correspondido",<br />

lamenta<br />

SURPRESA<br />

Leonardo diz que era<br />

muito difícil lidar com a situação<br />

e por isso começou a freqüentar<br />

salas de bate-papo na<br />

web. "Foi quando conheci<br />

Lady, por qm sou apaixonadíssimo<br />

até hoje". Depois de<br />

mais de quatro meses de conversas<br />

on-line, Leonardo e<br />

Lady decidiram se encontrar, e<br />

para isso escolheram um shopping<br />

de Goiânia. "Quando<br />

cheguei lá foi um baque.<br />

Quando procurei a pessoa com<br />

as características combinadas,<br />

vi que era um rapaz", diz.<br />

O vendedor afirma que na<br />

hora pensou em voltar, mas foi<br />

em frente. "Na verdade, pensei<br />

que fosse brincadeira, mas<br />

como não tinha nada a<br />

perder...". Depois de quase<br />

três horas conversando,<br />

Leonardo conta que foram<br />

cada um para suas casas, mas<br />

marcaram outros encontros,<br />

até que um dia começaram a<br />

namorar.<br />

25 A 30<br />

Já se passaram oito anos e<br />

Leonardo diz que se sente<br />

muito bem ao lado de Lady.<br />

"Tenho muita fé no amor, e<br />

isso independe de credo, cor,<br />

sexo. Basta estar ao lado de<br />

quem nos faz sentir bem,<br />

cuidado e feliz", ressalta. O<br />

psicólogo Arthur Melo de<br />

Oliveira afirma que a experiência<br />

de Leonardo é muito<br />

comum. Segundo ele as pessoas<br />

se apaixonam muito<br />

facilmente por quem a trata<br />

bem, com carinho e atenção.<br />

MEDO DE TENTAR<br />

Já a secretária Francielma<br />

Costa dos Santos, 27, teve<br />

vários relacionamentos,<br />

porém duradouros foram apenas<br />

dois. Um deles começou<br />

quando ela tinha apenas 13<br />

anos de idade e durou três<br />

anos. Desse envolvimento<br />

nasceram duas crianças. O<br />

primeiro filho quando ela<br />

ainda tinha 16 anos. O relacionamento<br />

chegou ao fim<br />

depois que Fran descobriu que<br />

o ex-marido a traía.A<br />

secretária só se envolveu<br />

novamente depois de quase<br />

cinco anos. Ela diz que lá no<br />

fundo sabe que demorou arrumar<br />

um namorado fixo por<br />

medo. Depois disso, Fran<br />

namorou outro rapaz por<br />

quase seis anos. Mas há um<br />

Crédito Foto:<br />

ano e meio terminaram o relacionamento<br />

que também lhe<br />

trouxe dois filhos.<br />

Hoje sozinha, Fran acredita<br />

que não vai amar outro<br />

homem como o último parceiro.<br />

Mas ela diz que pede a<br />

Deus que lhe mande um bom<br />

companheiro e garante que<br />

não está à procura de<br />

ninguém. "Se aparecer, apareceu",<br />

brinca. E deixa claro:<br />

"Eu ainda acredito no amor".<br />

Mesmo depois de duas<br />

desilusões, diz "ainda acredito<br />

no amor!"<br />

Francielma Costa dos Santos, 27,<br />

secretária


NOME DA SEÇÃO<br />

AMADURECIMENTO<br />

Alguns destes adultos, que<br />

precocemente foram pais, já<br />

sofreram várias conseqüências<br />

que uma gravidez na adolescência<br />

pode causar. E só<br />

agora, nesta faixa etária entre<br />

os 26 e 30 anos a maioria<br />

deles, ainda jovens, começam<br />

a assumir a total responsabilidade<br />

dos filhos que antes era<br />

dispensada parcial ou totalmente<br />

aos avós. "Engravidei e<br />

casei muito jovem mas sempre<br />

soube das conseqüências do<br />

meu ato, e apesar de estar<br />

enfrentando uma separação<br />

nada amigável não me<br />

arrependo de nada", desabafa<br />

a administradora Ludmylla<br />

Carvalho, 26.<br />

Com a passagem pela adolescência,<br />

vem o amadurecimento.<br />

E é nessa fase que os<br />

jovens começam a se estabilizar<br />

e dar início a relacionamentos<br />

mais estáveis. Para a<br />

grande maioria é ai que<br />

começa a preocupação com o<br />

futuro tanto emocional quanto<br />

financeiro. Porém, ao contrário<br />

do que ocorria, sair da<br />

casa dos pais nessa fase não se<br />

trata de um fato comum. A<br />

permanência de adultos<br />

morando com os pais é cada<br />

vez maior atualmente. No caso<br />

de Ludmylla, engravidar,<br />

casar e sair da casa dos pais<br />

ocorreu muito rapidamente.<br />

Com apenas 16 anos ela se<br />

casou devido antes do nascimento<br />

do filho.<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA .SETEMBRO. 2007<br />

"A gravidez foi um alívio,<br />

pois era muito difícil sair de<br />

casa. Meu pai controlava<br />

muito, não deixava sair sozinha.<br />

Dessa forma, o casamento<br />

foi uma decisão rápida e<br />

fiquei mais livre pra fazer o<br />

que queria", conta Ludmylla.<br />

Ao contrário de muitos jovens<br />

de sua idade, que nessa fase<br />

estão entrando ou procurando<br />

um relacionamento sério, ela<br />

enfrenta uma conturbada separação.<br />

E a irresponsabilidade<br />

segundo Ludmylla, foi o principal<br />

motivo do divórcio.<br />

"Não dava mais pra suportar a<br />

situação, estava sustentando a<br />

casa sozinha", finaliza. Com a<br />

separação Ludmylla não pensa<br />

em casamento e filhos novamente.<br />

O psicólogo Arthur Melo<br />

de Oliveira diz que hoje é difícil<br />

traçar o perfil dos relacionamentos<br />

nessa fase por<br />

causa da diversidade de possibilidades<br />

que as pessoas<br />

encontram nos mesmos. O<br />

psicólogo exemplifica lembrando<br />

que antigamente com<br />

essa idade, ou a pessoa tinha<br />

que estar casada ou estava<br />

ficando para titia. E se o<br />

namorado demorava propor o<br />

casamento já era intimado<br />

pelos pais da noiva a tomar<br />

uma atitude.<br />

Hoje tudo mudou. Os relacionamentos<br />

estão mais toleráveis<br />

e flexíveis. Quem não<br />

conhece, ou é o próprio exemplo,<br />

de marido e mulher que<br />

vivem em casas separadas,<br />

Crédito Foto:<br />

mulheres que namoram<br />

rapazes bem mais jovens ou o<br />

contrário, ex-casados que se<br />

dão bem e as vezes tem recaídas...<br />

entre tantos outros<br />

casos. Oliveira faz questão<br />

11<br />

ainda de frizar: "O importante<br />

é amar o amor, independente<br />

de quando e de que forma ele<br />

se apresenta".<br />

"A gravidez foi um alívio, pois era<br />

muito difícil sair de casa”<br />

Ludmylla Carvalho, 26, Administradora


12 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA . SETEMBRO. 2007 NOME DA SEÇÃO<br />

31 A 35<br />

COMO ATRAIR<br />

SEU TARGET<br />

Com a dificuldade de<br />

encontros amorosos<br />

depois dos 30, a internet<br />

surge como ferramenta<br />

para driblar esse problema<br />

Reportagem:<br />

Edição:<br />

Diagramação:<br />

Eduardo Zaidem<br />

Encontros amorosos na faixa<br />

etária dos 31 aos 35 anos<br />

de idade têm sido cada vez<br />

mais raros. A quantidade de desencontros<br />

têm sido maior. Simone<br />

Farias, 33 anos, comerciante, diz<br />

que está cansada de sair em<br />

Goiânia para paquerar e não<br />

encontrar um homem que queira<br />

um compromisso sério. "Vou a<br />

bares, restaurantes e algumas boates,<br />

mas, percebo que os homens<br />

estão preferindo garotas mais<br />

jovens que preferencialmente<br />

expõem bastante seus corpos e<br />

que resolvam logo se aventurarem<br />

em loucuras sexuais. Acho que já<br />

passei dessa fase", afirma. Mesmo<br />

com o risco de golpes por falsos<br />

galanteadores, Simone optou pela<br />

internet como ferramenta para<br />

driblar o problema. Há oito meses<br />

ela se relaciona com um homem<br />

de 35 anos. Ela o conheceu numa<br />

sala de bate-papo e ele mora em<br />

São Paulo. "Nunca nos vimos pessoalmente,<br />

mas, acho que ele é<br />

meu número. Converso com ele<br />

todos os dias e isso tem feito sentir-me<br />

valorizada", completa.<br />

Segundo ela, a atenção que recebe<br />

dele por intermédio do computador<br />

consegue suprir a carência<br />

dos carinhos e abraços. "Estou<br />

cansada de tanta<br />

angústia e decep-<br />

ção", desabafa. Para<br />

ela no diálogo virtual<br />

é possível descobrir<br />

afinidades e características<br />

que procura<br />

sem que o corpo físico<br />

seja fator determinante.<br />

Alexandre Vinícius<br />

Martins cursa<br />

administração de empresas,<br />

trabalha, faz<br />

aulas de inglês, academia<br />

e dança de<br />

salão. "Eu estou com<br />

34 anos e quero<br />

"Vou procurar<br />

uma amiga para<br />

ter um filho<br />

porque não<br />

estou encontrando<br />

a pessoa que<br />

era do modelo<br />

do meu pai e da<br />

minha mãe"<br />

Alexandre Vinicius Martins na noite goiana.<br />

agora acabar de estabilizar minha<br />

vida porque já sei o que quero<br />

fazer. Quero achar uma mulher<br />

companheira, mãe dos meus filhos<br />

e ter uma garantia de que vou<br />

ter uma companhia para a segunda<br />

etapa da minha vida que estou<br />

entrando a agora”. Alexandre<br />

explica que atualmente consegue<br />

interpretar o perfil de uma moça<br />

no período de mais ou menos uma<br />

hora e meia de conversa melhor<br />

do que quando tinha<br />

22, 23 ou 24 anos.<br />

"Acabo ficando mais<br />

exigente e continuo<br />

ficando sozinho",<br />

conclui.<br />

Para ele o tempo<br />

está passando, os<br />

relacionamentos não<br />

estão durando e a<br />

família está ficando<br />

fora de foco. Segundo<br />

Alexandre, escuta<br />

várias pessoas de sua<br />

idade: "vou procurar<br />

uma amiga para ter<br />

um filho porque não<br />

estou encontrando a<br />

pessoa que era do modelo do meu<br />

pai e da minha mãe", desabafa.<br />

Ele está procurando o que é<br />

melhor pra ele, mas, completa que<br />

o mundo está passando por uma<br />

transformação muito grande. E<br />

que o homem e a mulher precisam<br />

rever os conceitos. Ele acha que a<br />

mulher não está preparada para o<br />

relacionamento da vida atual. "Ela<br />

espera um homem que queira<br />

compromisso, mas não está conseguindo<br />

lidar com isso. Então o<br />

homem fica esperando encontrar<br />

uma mulher assim e hoje ela não é<br />

porque não foi preparada.<br />

Do outro lado fica a mulher<br />

esperando um homem com o<br />

mesmo objetivo só que com outro<br />

foco. "Ela já pensa em ter um<br />

homem. Ela mistura em ser dominadora<br />

e se desencontra. Acho<br />

que não falta objetivo e nem foco,<br />

está faltando interpretação sobre o<br />

que realmente quer. Eu já estou à<br />

procura de alguém pra ser minha<br />

companheira. É difícil entrar num<br />

relacionamento onde sempre tem<br />

uma pessoa que está pisando em<br />

ovos pra ver quem é a pessoa<br />

Crédito Foto:


NOME DA SEÇÃO<br />

dominadora daquele relacionamento.<br />

E não é que o homem tem<br />

que ser o dominador, não é essa<br />

questão. "Mas, é difícil conviver<br />

com alguém ditando regras," conclui.<br />

Por outro lado a mulher quer<br />

encarar esse papel, só que o<br />

inconsciente dela à procura para o<br />

que veio entra em conflito. Ela<br />

quer uma pessoa para dar segurança<br />

e começa a colocar limites.<br />

"Aí vira uma bagunça", conclui.<br />

Para ele a academia e a dança<br />

de salão ajudam a sociabilizar.<br />

Mas mesmo assim admite que<br />

talvez seja uma forma de bloquear<br />

o sentimento da ausência de<br />

alguém. "Mas no fundo sinto<br />

falta de ter alguém do lado. A vida<br />

de solteiro é boa, mas a de estar<br />

junto também é", explica.<br />

Diante do cenário atual de<br />

relacionamentos de suas<br />

pacientes, a psicóloga e administradora<br />

Mara Suassuna percebeu<br />

a necessidade de discutir e encon-<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA .SETEMBRO. 2007<br />

Mara Suassuna na Palestra “Mulheres de 30”<br />

trar soluções para o problema.<br />

Ludymilla Damatta, personal stylist,<br />

também percebeu a mesma<br />

necessidade, pois suas amigas<br />

estavam todas sol-<br />

teiras. Mara e Ludymilla<br />

se uniram e<br />

promoveram um<br />

evento voltado para<br />

as mulheres dessa<br />

faixa etária. Para<br />

Ludylmilla aliar estilo<br />

com determinadas<br />

atitudes e<br />

posicionamentos<br />

que a mulher deve<br />

ter é fundamental.<br />

"O workshop Mulheres<br />

de 30 aliou<br />

aspectos comportamentais<br />

como a<br />

questão de estilo e<br />

moda porque não<br />

adianta ter uma<br />

imagem excelente<br />

se não tiver um<br />

"O primeiro<br />

passo é definir<br />

um foco, ou seja,<br />

o que se quer e<br />

que tipo de<br />

relacionamento<br />

se tem.<br />

A carência tira o<br />

foco da mulher<br />

que passa a<br />

querer o que a<br />

pessoa quer<br />

com ela"<br />

Mara Suassuna,<br />

Psicóloga<br />

conteúdo significativo. Está acontecendo<br />

um fenômeno no<br />

mundo ocidental todo. A mulher<br />

de 30 do mundo capitalista<br />

tem problemas com<br />

o encontro afetivo<br />

porque ela privilegiou<br />

a questão<br />

profissional, explica.<br />

Surge a questão:<br />

Balzaquianas Modernas<br />

ou Solteiras<br />

a procura de um<br />

príncipe?<br />

Na palestra, a<br />

psicóloga destacou<br />

os tipos de mulheres:<br />

modernas,<br />

destemidas, empresárias,profissionais<br />

liberais.<br />

De acordo com ela,<br />

o cenário atual mostra<br />

que os homens<br />

estão com medo das<br />

mulheres. Para ela,<br />

13<br />

as mulheres precisam de novas<br />

estratégias para aumentar<br />

a eficiência dos relacionamentos.<br />

Seguindo seu posicionamento<br />

de administradora,<br />

elaborou estratégias aplicadas<br />

ao marketing como meio de<br />

ajudar na questão de definir<br />

qual o relacionamento que se<br />

quer: amizade, ficar, namorar<br />

ou casar. "O primeiro passo é<br />

definir um foco, ou seja, o que<br />

se quer e que tipo de relacionamento<br />

se tem. A carência<br />

tira o foco da mulher que<br />

passa a querer o que a pessoa<br />

quer com ela", afirma.<br />

Segundo ela, a mulher deve<br />

prestar muita atenção às terminologias,<br />

pois o homem não<br />

assume um namoro, mas, pode<br />

se comportar como namorado.<br />

Segundo Mara, o segundo<br />

Passo é a mulher estabelecer<br />

os pré-requisitos, faixa etária,<br />

orientação sexual, etnia e<br />

aparência física. Mara lançou<br />

a idéia de que a mulher precisa<br />

estabelecer o seu target,<br />

ou o público alvo. O que se vê<br />

hoje em dia é um discurso<br />

comum entre as mulheres: não<br />

se fazem homens mais como<br />

antigamente... hoje em dia<br />

ninguém quer compromisso...<br />

só querem sexo... "A mulher<br />

precisa decidir quem ela quer,<br />

porque e para que", completa.<br />

De acordo com ela, devem ser<br />

observados fatores fundamentais,<br />

desejados, indesejados e<br />

excludentes que irão variar de<br />

acordo com cada mulher.<br />

"Príncipe não existe. É preciso<br />

ter critérios para escolher um<br />

target", afirma.<br />

O terceiro passo é o posicionamento<br />

que a mulher deve<br />

ter com as atitudes. Para ela,<br />

são nossos erros que estragam<br />

nossos acertos. Devem-se<br />

cumprir as leis e respeitar os<br />

pactos, ter uma infinita busca<br />

pelo conhecimento, calma,<br />

atenção, companheirismo,<br />

respeito e manter-se interessante.


14 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA . SETEMBRO. 2007 NOME DA SEÇÃO<br />

36 A 40<br />

Em busca de um amor<br />

A partir dos 30 homens e mulheres estão prontos<br />

para um relacionamento tranqüilo, com menos<br />

ansiedade e mais segurança.<br />

Reportagem:<br />

xxxx<br />

Edição:<br />

xxxxxxxx<br />

Quem é que nunca sonhou<br />

em encontrar um<br />

amor de verdade? As<br />

mulheres principalmente<br />

desde a infância sonham em<br />

algum dia encontrar o seu<br />

príncipe encantado, o grande<br />

amor de sua vida. Mas na<br />

prática não é tão fácil assim.<br />

Hoje em dia a preocupação<br />

maior entre a maioria das pessoas<br />

é com o status que de<br />

uma forma a sociedade impõe<br />

em ser bem sucedido profissionalmente,<br />

ter uma<br />

aceitação no meio social e por<br />

último vem o amor.<br />

"Aos 30 anos a mulher<br />

está mais madura, experiente e<br />

decidida. Ela está mais atenta<br />

para o mundo e principalmente<br />

para os homens, e quando<br />

se fala em conquista, em<br />

amor, aí sim o assunto se torna<br />

mais fácil, não precisa de<br />

tanto rodeio, basta um olhar, a<br />

aproximação e ser rolar uma<br />

química, acontece!", diz<br />

Sueleyde Gentil Santos,<br />

Administradora de Empresa,<br />

38 anos.<br />

Já o motorista César da<br />

Silva de 40 anos não acredita<br />

ser tão fácil assim, "O mais<br />

difícil é encontrar alguém<br />

quando você sabe o que quer,<br />

pois quando eu tinha meus<br />

vinte e poucos anos eu não<br />

tinha essa consciência e por<br />

isso sempre ficava com todas<br />

que apareciam", diz ele.<br />

Tantos os homens quanto<br />

às mulheres solteiras entre 36<br />

a 40anos de idade possuem<br />

uma vida social ativa, eles<br />

costumam freqüentar boates,


NOME DA SEÇÃO<br />

bares, restaurantes, festas,<br />

shows, a procura de uma boa<br />

companhia e muitas das vezes<br />

acabam em um relacionamento<br />

mais sério. "Os homens<br />

entre 18 aos 35 anos de idade<br />

preferem as mulheres mais<br />

velhas, mais experientes, pois<br />

elas são mais seguras e independentes",<br />

diz Flávio de<br />

Sousa Cardoso,<br />

Recepcionista, 26 anos, que se<br />

relaciona com uma mulher de<br />

46 anos.<br />

Joana D'Arc Martins,<br />

Supervisora de Telemarketing,<br />

40 anos diz que já saiu com<br />

muitos homens mais novos, e<br />

que quando saí para a balada é<br />

cantada tanto quanto uma<br />

garota de 20 anos. Segunda<br />

ela por ser mais velha os<br />

homens são mais soltos, já vão<br />

direto ao assunto. "Eu adoro<br />

sair, me divertir, gosto de<br />

cuidar de mim, e ainda mais<br />

de ser independente", diz ela.<br />

Muitas das vezes essas pessoas<br />

de 36 a 40 anos já estão<br />

bem resolvidas em todos os<br />

quesitos, porém falta o amor,<br />

muitas delas sofrem de<br />

depressão, pois lhe faltam<br />

algo mais, um (a) companheiro<br />

(a). Os homens e as mulheres<br />

estão sempre à procura<br />

desse algo mais. Pois cientificamente<br />

o individuo que vive<br />

sozinho, sem uma vida social<br />

ativa vive menos do que aquelas<br />

que possuem uma vida<br />

social estável, que se relacionam<br />

bem com as outras<br />

pessoas.<br />

"A partir dos 35 anos de<br />

idades eu comecei a sentir-me<br />

mais mulher, com força total<br />

adquirida pelas experiências<br />

vividas e realizada na família<br />

e principalmente sexualmente,<br />

eu ainda não sentia o peso da<br />

idade, eu me sentia mais bonita,<br />

meu corpo, meu cabelo e<br />

minha pele. Foi aos 30 que<br />

adquiri segurança, eu sabia<br />

quem eu era, e ninguém mais<br />

mudaria minha personalidade.<br />

Essa é a idade que a mulher<br />

está bem psicologicamente e<br />

fisicamente, é a hora de curtir<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA .SETEMBRO. 2007<br />

a vida, viajar bastante, conhecer<br />

vários lugares e culturas",<br />

diz Helena Braga, 63<br />

anos.<br />

Hoje em dias as pessoas<br />

estão tendo uma nova forma<br />

de relacionamento. Antes o<br />

homem e a mulher viviam em<br />

constante disputa entre o mercado<br />

de trabalho, mais agora<br />

essa disputa é mais ampla, as<br />

mulheres estão dominando<br />

tudo, e com isso elas estão<br />

deixando de lado o romantismo.<br />

Nessa nova fase da<br />

mulher aos 30 ela é uma mulher<br />

resolvida, e já o homem<br />

está começando a amadurecer,<br />

pois depois dos 35 anos para<br />

eles fica mais difícil de encontrar<br />

uma companheira, as<br />

maiorias das mulheres já estão<br />

casadas e as outras são novas<br />

demais, afirma a Psicóloga<br />

Luiza Gonzaga Mesquita.<br />

Segundo a Psicoterapeuta<br />

Márcia Homem de Mello em<br />

uma de suas publicações no<br />

ABRAPSMOL Essa<br />

dependência do homem e da<br />

mulher causa um medo de não<br />

conseguir ser feliz, nada é<br />

feito ou desejado independentemente.<br />

A individualidade<br />

não existe mais, e permanecer<br />

junto por essas razões, não é<br />

relacionar-se. Esse talvez seja<br />

um dos motivos das pessoas<br />

ficarem tanto tempo sozinhas,<br />

isolando de um amor e se ocupando<br />

de outras coisas que lhe<br />

proporcionaram prazer.<br />

Fotos: Internet<br />

15


16 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA . SETEMBRO. 2007 NOME DA SEÇÃO<br />

Momento crucial<br />

A insatisfação sexual e falta de noção do envelhecimento são as principais<br />

causas de infidelidade entre casais de 41 aos 50 anos<br />

Reportagem:<br />

Rachell Rabello<br />

Edição:<br />

Diagramação:<br />

Hermano Henrique Escher<br />

Permanecer com o mesmo<br />

parceiro durante muito<br />

tempo e manter-se fiel é<br />

tarefa difícil para os dias de hoje.<br />

Rompendo paradigmas, mulheres<br />

e homens modernos ocupam o<br />

tempo em busca do sucesso profissional<br />

e esquecem ou deixam de<br />

lado a vida pessoal. De acordo<br />

com a psicóloga Arilda Ximenes,<br />

um dos fatores negativos nesta<br />

idade é a noção que as pessoas passam<br />

a ter do envelhecimento, o que<br />

pode afetar a relação no dia a dia, e<br />

a intolerância, que pode acarretar<br />

em fuga e consequentemente, terceiros<br />

parceiros. Arilda afirma<br />

ainda que o fato de não conseguirem<br />

superar essa mudança,<br />

homens e mulheres podem ter<br />

diversos problemas como por<br />

exemplo a "Síndrome do ninho<br />

vazio", termologia usada para o<br />

momento de experimentação do<br />

casal quando os filhos ocupam a<br />

vida dos pais.<br />

Segundo Selma Martins, 44,<br />

solteira, o que prevalece no relacionamento<br />

não é a idade, e sim a<br />

afinidade, pois hoje em dia é muito<br />

fácil encontrar homens jovens com<br />

mulheres mais velhas, e viceversa.<br />

A independência financeira<br />

a preocupa, hoje, mais do que os<br />

relacionamentos, devido à discriminação<br />

que ainda existe em relação<br />

às mulheres no mercado de trabalho.<br />

Selma acredita ainda que as<br />

mulheres nessa idade não se<br />

envolvem facilmente, e, quando o<br />

fazem, os sentimentos são verdadeiros<br />

e isto as leva a um comportamento<br />

de juventude, o que é<br />

muitas vezes perigoso.<br />

Arilda afirma ainda, que a<br />

estabilidade financeira é resultante<br />

de relacionamentos que vem plantando<br />

durante muito tempo, fator<br />

que proporciona certa tranqüilidade<br />

à família ou à vida a dois.<br />

Livre dos medos, como uma<br />

gravidez indesejada, se estabelecem<br />

relacionamentos maduros,<br />

contribuindo para a qualidade do<br />

sexo, aumentando a intimidade e a<br />

cumplicidade dos pares. Para ela,<br />

se o homem ou a mulher, tiverem<br />

uma base sólida, eles conseguirão<br />

superar as adversidades, mas se<br />

Cremildo, 46 anos diz,<br />

Temos uma idade e<br />

acreditamos ter outra",<br />

referindo a sua esposa<br />

Auzona por ser mais<br />

velha que ele.<br />

41 a 50<br />

vierem de relações complicadas<br />

podem necessitar de mais atenção.<br />

A revista Habitus, no artigo de<br />

Ollvia Von Der mostra dados que<br />

sustentariam a falta de fidelidade,<br />

de homens e mulheres entre 41 a<br />

50 anos. A publicação diz que 20%<br />

já foram infiéis e 57,2% justifica a<br />

infidelidade pela insatisfação na<br />

relação sexual.<br />

Cremildo dos Santos, 46,<br />

casado acredita que a questão é<br />

psicológica. "Temos uma idade<br />

mas acreditamos ter outra". De<br />

acordo com Santos, é a partir dos<br />

40 que os homens sabem o que<br />

realmente querem, adquirem um<br />

gosto refinado, e se sentem como<br />

"vinho de bom porte". A busca por<br />

relacionamentos fora do casamento<br />

para ele, torna-se algo perigoso.<br />

"Para o homem vai ser sempre um<br />

caso, porque a busca é pelo desejo<br />

sexual e para a mulher, na maioria<br />

das vezes a busca é por um compromisso",<br />

ressaltou.<br />

"Nada me assusta nesta idade,<br />

nem o envelhecimento, as mulheres<br />

de hoje procuram homens<br />

mais velhos e consequentemente<br />

experientes". É a forma positiva<br />

como Evando Aparecido, 42,<br />

solteiro vê essa idade. Ela acrescenta<br />

ainda que a busca pela segurança,<br />

pela estabilidade financeira<br />

são prioridades. Para ele é a partir<br />

do tempo que floresce uma relação<br />

madura, proporcionando uma vida<br />

tranqüila, longe de baladas, buscando<br />

novos programas, tirando os<br />

excessos e buscando sempre qualidade<br />

de vida.<br />

Crédito Foto:


NOME DA SEÇÃO<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA .SETEMBRO. 2007<br />

17<br />

Diferentes formas de amar<br />

Oclair e Maria são completamente diferentes nas escolhas amorosas, mas têm algo em comum: são<br />

felizes. Uma no aconchego do "casamento", outra, solteira, na vida agitada e surpreendente dos<br />

"ficantes". Maria, apesar de se divertir muito, acredita que chegou a hora de ter alguém do seu lado<br />

Reportagem:<br />

Galvão, Carolina Rodrigues e<br />

Giulliana Fagundes<br />

Edição:<br />

Diagramação:<br />

Luciana Castro<br />

Ahistória de amor de<br />

Oclair da Silva Brito, 54<br />

anos, é semelhante à de<br />

muitas mulheres de sua idade. A<br />

rigidez e a vigilância da tradicional<br />

família mineira apressaram<br />

o casamento de Oclair<br />

com Alípio Gomes de Brito. Aos<br />

14 anos, Oclair começou a<br />

namorar escondido com Alípio.<br />

Certo dia, uma vizinha descobriu<br />

sobre os dois e contou para a<br />

família da moça. A maneira<br />

despojada de se vestir, os cabelos<br />

longos e o emprego na televisão<br />

de Alípio eram vistos com<br />

desconfiança pela família de<br />

Oclair. Assim que descobriu o<br />

namoro, o pai, caminhoneiro,<br />

conservador, aplicou logo "o<br />

corretivo". Dias depois da surra<br />

em Oclair, o pretendente apresentou-se<br />

à família de cabelos<br />

curtos, barba feita, traje social, e<br />

pediu permissão para continuar<br />

com o romance.<br />

O pedido foi aceito com a<br />

condição de que o casal só se<br />

encontrasse aos sábados, das sete<br />

às oito horas da noite, dentro da<br />

casa da namorada. Depois de um<br />

ano de idas e vindas da casa de<br />

Oclair, Alípio desapareceu, retornando<br />

dias depois com um buquê<br />

de rosas, um vidro de perfume e<br />

uma proposta de casamento. Aos<br />

15 anos Oclair já estava noiva.<br />

Mas, apesar da preparação para a<br />

vida adulta, a menina ainda dividiu<br />

sua rotina entre as tarefas<br />

domésticas, a escola e as brin-<br />

cadeiras de amarelinha no quintal<br />

de casa.<br />

Felizes para sempre<br />

Atualmente, Oclair, que é<br />

pedagoga, trabalha como coordenadora<br />

em uma escola e como<br />

diretora em outra. Alípio, hoje<br />

com 64 anos, é técnico em audiovisual.<br />

Após 35 anos juntos, três<br />

filhos e uma neta de um ano, eles<br />

se consideram um casal feliz. O<br />

que, para eles, é fruto dos valores<br />

conservadores, preservados ao<br />

longo desses anos. Fidelidade<br />

conjugal, dedicação a casa e aos<br />

filhos, estabelecimento de rotinas,<br />

diálogo, sinceridade e hierarquia<br />

familiar são os alicerces do relacionamento.<br />

Segundo Oclair, a relação<br />

melhorou com o passar dos anos<br />

e com a entrada dos filhos na<br />

fase adulta. "É quando sobra<br />

tempo para aproveitarmos a<br />

companhia um do outro", diz<br />

sorrindo. "Nesta fase da vida<br />

conjugal, a paixão da juventude<br />

dá lugar à segurança do amor<br />

amadurecido pelos anos de companheirismo<br />

e de cumplicidade",<br />

revela. Para a esposa de Alípio,<br />

os pontos negativos da relação,<br />

na verdade, não são da relação.<br />

Ela aponta, principalmente, a<br />

inveja das outras pessoas como<br />

algo que atrapalha o relacionamento.<br />

"Muitas pessoas se sentem<br />

incomodadas com a nossa<br />

felicidade, em vez de se inspirar<br />

no nosso casamento como modelo<br />

a ser seguido", afirma.<br />

Dia de Maria<br />

Em termos de vida amorosa,<br />

Maria Gomes de Brito é o oposto<br />

de Oclair. Com 56 anos, Maria<br />

Crédito Foto:<br />

Espaço reservado para legenda da fotografia.<br />

não é casada e sai toda semana<br />

com seus amigos para contar<br />

piadas e conversar. Muitas<br />

vezes, o lugar escolhido para o<br />

encontro é uma roda de samba.<br />

"O pique não é mais o mesmo de<br />

quando eu era jovem, mas ainda<br />

adoro sair", afirma Maria. Ela<br />

passou 11 anos sem sair para<br />

cuidar da mãe, que ficou muito<br />

doente e dependente dela. Agora<br />

que a mãe faleceu, Maria sai<br />

todas às sextas-feiras com a<br />

turma. Para ela, os "amigos são<br />

como se fosse uma família".<br />

Maria sempre quis se<br />

realizar como mãe e não como<br />

esposa, por isso aos 34 anos<br />

encarou sozinha uma gravidez.<br />

O filho, Rafael, hoje com 24<br />

anos, não gostava das saídas de<br />

Maria no início, mas agora vai,<br />

junto com mãe, aos encontros<br />

com a turma. Recentemente,<br />

Maria conheceu Rui, de 70 anos,<br />

numa de suas saídas. Ele bem<br />

que tentou, mas ela não queria<br />

nada sério. Na semana passada,<br />

Maria conheceu outro homem,<br />

que despertou seu interesse.<br />

"Ele é viúvo, cavalheiro e rico",<br />

conta. Agora, ela quer dar novo<br />

rumo para seus relacionamentos.<br />

"Quero um namorado, não dá<br />

mais para ser "ficante", a idade<br />

está chegando...", diz ela e cai<br />

na gargalhada.<br />

A ciência explica<br />

De acordo com a<br />

pesquisadora Kláudia Yared,<br />

em seu "Estudo dos critérios de<br />

eleição de parceria amorosa em<br />

mulheres de 40 a 60 anos de<br />

idade", na faixa etária de Oclair<br />

e Maria foi constatado que a<br />

maioria (71,9%) está vivendo<br />

relacionamento fixo e 6,3%<br />

eventual e as características<br />

mais usadas para selecionar<br />

parceiros são companheirismo,<br />

sentimento, afetividade, lealdade,<br />

cumplicidade, confiança<br />

e respeito.


18 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA . SETEMBRO. 2007 NOME DA SEÇÃO<br />

ACIMA DOS 60<br />

Começar de novo<br />

Respeito, diálogo, companheirismo e confiança são os principais<br />

requisitos para acalmar e renascer o relacionamento, dizem especialistas<br />

Reportagem:<br />

Adriana Carvalho, Hacksa Oliveira e<br />

Rúbia Oliveira<br />

Edição:<br />

Marina Dutra<br />

Diagramação:<br />

Marcelo Tavares<br />

Não precisa ser jovem ou<br />

adolescente para viver<br />

um grande amor. Para se<br />

realizar em um relacionamento<br />

inesquecível basta ter apenas<br />

companheirismo, diálogo e confiança.<br />

Pode ter 20, 30, 60 anos<br />

de idade ou mais que qualquer<br />

casal consegue e pode viver uma<br />

grande paixão. O relacionamento<br />

é como uma planta, que<br />

decorrente de uma sementinha<br />

se torna uma árvore, necessita<br />

de atenção, carinho e cuidados.<br />

De acordo com a especialista em<br />

sexualidade humana pela<br />

Universidade de São Paulo<br />

(USP), Maria Celisa Meireles<br />

Barbalho, o amor depois da vida<br />

feita e dos filhos criados é bem<br />

melhor, pois o casal encontra<br />

tempo para ter momentos especiais<br />

juntos, como ir ao cinema e<br />

passear no final da tarde. Além<br />

de ter mais tempo para conversar,<br />

coisa que já não existe mais<br />

entre os casais mais jovens.<br />

O amor na terceira idade não<br />

acontece de forma ardente e<br />

"pecadora" como nos jovens.<br />

Ele acaba sendo uma coisa mais<br />

tranqüila, no entanto intenso.<br />

Existem casais mais velhos que<br />

Casal Joaquim e Valdevina se conheceram na juventude e vivem felizes há 48 anos<br />

estão juntos há anos, outros<br />

estão separados, outros já<br />

perderam seu amor e existem os<br />

solteirões de plantão. Para a psicoterapeuta<br />

Maria Celisa, o par<br />

perfeito é adquirido com o<br />

tempo, por meio de um relacionamento<br />

sincero. "O amor na<br />

terceira idade nada mais é do<br />

que um instrumento de transformação,<br />

onde cada um muda a<br />

rotina para conviver juntos",<br />

argumenta.Maria Celisa afirma<br />

ainda que, para haver uma<br />

relação duradoura e feliz, é preciso<br />

aceitar qualidades e<br />

defeitos do parceiro. "Quando<br />

uma pessoa ama, encontra o sentido<br />

de viver. O amor nos move<br />

em direção às conquistas, pois<br />

nascemos de uma relação de<br />

amor."O casal Joaquim Carlos<br />

de Lima, 70, e Valdevina<br />

Fernandes de Lima, 68, contam<br />

que se conheceram na juventude<br />

e vivem felizes há 48 anos. "É<br />

tempo suficiente para cada um<br />

entender as dificuldades do<br />

outro", afirma Joaquim. Para o<br />

casal, o segredo da boa relação<br />

está na compreensão e responsabilidade<br />

que ambos têm. Dona<br />

Valdevina dá a receita de como<br />

fazer para ficar tanto tempo juntos.<br />

Ela acredita que o tempo só<br />

vem a favorecer a união. "Não


NOME DA SEÇÃO<br />

sinto falta da minha juventude,<br />

tentamos fazer as mesmas coisas<br />

que fazíamos quando éramos<br />

namorados", salienta.<br />

Sem tempo ruimA dona de casa,<br />

Iraci Oliveira, 61, comenta que<br />

aos 21 anos de idade já era casada<br />

e a relação estava programada<br />

para sobreviver até o fim de<br />

sua vida. Mas com o tempo o<br />

casamento se desgastou e<br />

acabou depois de 27 anos de<br />

convivência. Mesmo depois do<br />

divórcio, dona Iraci continuou a<br />

vida.<br />

Das relações que teve após a<br />

separação foi com um homem de<br />

66 anos, também separado. Para<br />

ela, essa união trouxe novidades<br />

à sua rotina. Dona Iraci o conheceu<br />

em uma casa de dança,<br />

passou a freqüentar e praticar<br />

essa atividade. "A união permaneceu<br />

um ano firme, depois<br />

não nos dávamos mais bem. Era<br />

um termina e volta que durou<br />

em média três anos", conta.Logo<br />

Iraci entrou em outra relação<br />

com uma pessoa de 44 anos.<br />

Considerado um caso especial,<br />

ela o conheceu em um encontro<br />

para viúvos, solteiros e divorciados<br />

realizado em uma igreja.<br />

Mas o namoro não durou muito<br />

porque ela temia sofrer com o<br />

preconceito devido às diferenças<br />

de idade, embora seus filhos<br />

nunca tivessem impedido. Para<br />

ela, todos os relacionamentos<br />

que já teve foram ótimos. Mas<br />

apenas o ex-noivo que conheceu<br />

aos 18 anos de idade ficou<br />

guardado no coração. "Ele já<br />

faleceu, mas éramos grandes<br />

amigos", lamenta. Dona Iraci se<br />

lembra do primeiro beijo e se<br />

emociona ao lembrar que foi o<br />

único amor de verdade que ela<br />

teve. Em relação ao seu casamento,<br />

Iraci guarda de bom os<br />

filhos, as noras e os netos. "Hoje<br />

estou sozinha por opção, existem<br />

momentos em que sinto<br />

carência, mas com medo de me<br />

decepcionar, prefiro ficar só. Me<br />

sinto jovem e muito feliz, acredito<br />

que toda hora é hora de se<br />

relacionar e ser feliz", exclama.<br />

a dona de casa<br />

Crédito Fotos:<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA .SETEMBRO. 2007<br />

19<br />

Joaquim e Valdevina afirmam que conseguem fazer as mesmas coisas que faziam quando ainda eram namorados<br />

Como se manter<br />

numa boa relação:<br />

- Adotar uma cumplicidade no dia-a-dia. Tarefas simples como diálogo diário contribuem para que o<br />

casal mantenha a relação sem desgastes. Além disso, é importante o respeito um pelo outro, característica<br />

importante na construção de um bom relacionamento.<br />

- Aparência e apresentação pessoal. Vale a pena cuidar da aparência e da saúde. Pratique atividades<br />

físicas, o que muito contribui para manter a atração, além de ajudar na vida sexual. Deixe de lado os<br />

problemas e encare a vida como se fosse o último dia vividos juntos. Viajar pode ser uma saída para<br />

aumentar a satisfação no relacionamento.<br />

- Excesso de preocupação atrapalha o amor. Reserve horas diárias para o namoro. Resgate os velhos<br />

tempos, vá ao cin<br />

ema, ao teatro a shows, dance e ouça músicas. Evite se preocupar com filhos, netos e com a vida<br />

profissional. É importante desenvolver boa comunicação, para estimular a confiança.<br />

- Afeto contribui para a boa convivência. O par perfeito é construído com o tempo. Cultivar o afeto é<br />

importante para o casal experimentar o amor como instrumento de transformação e de aceitação das<br />

diferenças. Não importa a idade.


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