Boletim Informativo da Sociedade Paraibana de Arqueologia - Uepb

APELO AO REGISTRO DA HISTÓRIA
Estima-se que a Paraíba possua, em seu
território, cerca de mil sítios arqueológicos.
Centenas destes já estão registrados nos
arquivos da SPA através de fichas,
fotografias, desenhos, coordenadas e
mapeamento por GPS, descrições e outras
formas de registro. A parte restante que
estimamos existir, porém, ainda carece de ser
identificada e registrada. É bom frisar, porém,
que mesmo estes já catalogados, muitos
ainda precisam ser revisitados, seja para
preencher uma ficha, tirar uma ou outra
coordenada, mapear, tirar melhores fotos ou
até mesmo desenhar, porque muitos destes
sítios foram levantados em condições que
nem sempre permitiu um levantamento
satisfatório dentro dos padrões atuais. Por
exemplo, há poucos anos não se cogitava a
máquina digital e o aparelho de GPS.
Os sócios da SPA, em sua grande
maioria, atuam a mais de uma década no
mister de localizar e registrar ocorrências
arqueológicas. Vale salientar que, salvo casos
específicos, a maioria o faz as suas próprias
expensas e por voluntarismo. Movidos pela
inquietude de buscar o passado e pelo
idealismo de ver estes lugares devidamente
estudados e resguardados.
Qualquer um que esteja envolvido com a
arqueologia bem sabe que uma visita a um

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sítio arqueológico não é bastante para um levantamento completo e nem tampouco é capaz
de assegurar sua salvaguarda. Mesmo os órgãos encarregados de proteger estes locais
não dispõem de pessoal ou verba para uma vigilância eficiente. Principalmente em se
tratando de um território tão vasto e rico em ocorrências arqueológicas como é a Paraíba.
Tendo em vista os fatos acima
referenciados, os sócios e o Boletim Informativo
da SPA são de grande valia. Uma vez que
muitas expedições são empreendidas
individualmente às diversas regiões do Estado
pelos sócios da SPA para identificar ou revisitar
sítios arqueológicos e, dessa forma, aumentar o
número de dados sobre tais ocorrências e
também atualizar o estado de conservação em
que estes sítios se encontram.
Geralmente, a SPA não promove estas
expedições, pois as mesmas ocorrem deliberadamente e são custeadas pelos próprios
expedicionários ou pelas instituições de interesse que por ventura estejam envolvidas, mas
a SPA sugere que cada expedição envolvendo membros, coletiva ou individual, em especial
aquelas que ocorram de maneira informal, seja registrada em relatório de campo e que
estes dados, escritos e ilustrativos, nos sejam enviados para que possamos notificar os
objetivos e os resultados de cada atividade. Mesmo que a expedição ocorra de maneira
fortuita, se trate de uma simples visita a parentes no interior e que venha a possibilitar a
descoberta de sítio arqueológico, esta será de relevância para a história da arqueologia,
pois o Boletim da SPA tem por objetivo historiar e reportar o andamento da arqueologia
paraibana para que instituições de pesquisas, interessados no tema e órgãos fiscalizatórios
possam acompanhar a marcha contemporânea de nossa arqueologia.
A Paraíba é um dos estados brasileiros que mais assinala pesquisas amadoras e
profissionais ao longo da História. Desde fins do século XVI que jesuítas, cronistas,
viajantes, naturalistas, pesquisadores ou apenas curiosos nos trazem dados de
descobertas e estudos em sítios arqueológicos. Todavia, muitas informações que decerto
foram coletadas em campo sobre indícios de nosso passado não foram legadas à
posteridade por falta de um simples relatório. As pesquisas de José de Azevedo Dantas na
década de 20, por exemplo, que ocorreram de maneira amadora, foram ricamente
registradas, caso não fosse e não houvesse o envio do material a um arquivo público,
jamais teria chegado aos nossos dias. Isso sem falar nas muitas outras que se configuram
hoje em notas vagas esquecidas nas páginas carcomidas de jornais ou folhetins raros e
que podem nos trazer informações valiosas de sítios arqueológicos que talvez nem mais
existam. Portanto, é preciso que as pesquisas e visitas aos sítios arqueológicos, por mais
simples que possa parecer, sejam registradas e enviadas para publicação.
A SPA foi criada exatamente para detectar, valorizar e reunir os agentes da
arqueologia paraibana, amadores e profissionais, e o Boletim da SPA veio com o objetivo
de reportar esses estudos que venham a ocorrer: para que o futuro não acuse nossa
geração de produtora de estudos estéreis. Pois a história da humanidade está em marcha,
amanhã já será futuro e, por isso, o que acontece hoje, se devidamente registrado, será
apontamento para nossa História.
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Expedição à Pedra do Ingá
No dia 07 de fevereiro o
historiador Vanderley de Brito (sócio
da SPA) se deslocou até a Pedra do
Ingá com o objetivo de contar o
número de capsulares existentes na
linha sinuosa horizontal que orna a
parte superior do painel vertical
desta célebre itacoatiara paraibana.
Segundo o artigo “A pedra
Lavrada do Ingá, monumento a ser
investigado”, (Revista Brasileira de
Arqueologia, Jul.1964) dos pesquisadores
Francisco Octávio da S.
Bezerra e Alfredo Coutinho Falcão,
assim como os livros “Viagem ao
desconhecido” (Senado Federal,
1993) do jornalista Gilvan Bezerra
de Brito (sócio honorário da SPA) e
“Nas pegadas de São Tomé”
(Senado Federal, 1994) da
historiadora Zilma Ferreira Pinto,
114 capsulares compunham esta
linha. Todavia, de acordo com o livro “Os astrônomos pré-históricos do Ingá”, de
Francisco Faria (sócio correspondente da SPA) esta linha de capsulares seria composta
por 115 elementos.
Com o objetivo de desfazer este impasse, Vanderley contou in loco por quatro
vezes seguidas os capsulares, duas vezes da esquerda para a direita e duas vezes no
sentido inverso e só conseguiu computar, em todas as contagens, apenas 112
capsulares. Ele ainda salienta que o último capsular por ele computado, por tão somente
um tênue sinal, ainda requer que uma comissão analise para definir se é de fato um
capsular ou apenas um defeito na textura da rocha. O que reduziria este número para
111. O estudo de Vanderley tem por objetivo as retificações que está desenvolvendo
para a publicação da quarta edição de seu livro “A Pedra do ingá: itacoatiaras na
Paraíba”.
IV Encontro da Sociedade Paraibana de Arqueologia
No dia 13 de fevereiro realizou-se, entre às 09 e 12h, nas
dependências do Centro de Educação II da UEPB, em Campina
Grande, o VI Encontro da SPA. O evento fez parte do XIX Encontro da
Nova Consciência, que ocorre anualmente no período carnavalesco, e
contou com palestras e lançamentos de livros e folhetos.
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EXPEDIÇÃO À GRUTA DO CABOCLO
No dia 15 de fevereiro, uma equipe formada por
Juvandi de Souza Santos, Vanderley de Brito, Thomas
Bruno Oliveira e Dennis Mota (sócios da SPA) se dirigiu
até o município de Algodão de Jandaíra, no Curimataú
da Paraíba, com objetivo de visitar o cemitério indígena
Gruta do Caboclo, uma imensa concavidade em rocha
que se forma na meia encosta da serra da Canastra (do
complexo Algodão). O objetivo da expedição foi colher
subsídios para o projeto de pós-doutoramento do
arqueólogo Juvandi Santos.
Esta antiga necrópole, segundo dados de
pesquisadores que ali estiveram entre fins do século XIX
e início do século XX, continha inúmeras sepulturas de
indivíduos indígenas de estatura muito superior aos
Tupi. Infelizmente, também data de tempos muito
recuados os atos vandálicos neste sítio arqueológico
que acabaram por desestruturar a organização dos sepultamentos que ali jaziam.
A Gruta do Caboclo é um local de difícil acesso, sendo necessário subir a Serra por sua
vertente norte e depois descer em parede à prumo pela vertente sul até a sua meia-encosta
onde se encontra a imensa cavidade. A descida é muito íngreme, sobre rocha lisa, sendo
necessária a utilização de equipamento de rapel para este fim.
A equipe, que contou com apoio do guia local, o Sr. Damázio Vicente dos Santos,
realizou medições do abrigo rochoso, fotografias, mapeamento e coordenadas geográficas.
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Arqueólogos catalogam artefatos encontrados na praça Rio Branco
No Centro Histórico de João Pessoa, na praça Rio Branco, desde 25 de janeiro
estão sendo realizadas obras de revitalização e a equipe dos arqueólogos Iago Henrique
Albuquerque de Medeiros e Marluce Lopes da Silva, da empresa norte-riograndense
'Arqueologia Brasileira' que tem sede em Natal, está trabalhando de segunda a sextafeira,
das 7h às 17h, no trabalho de salvamento arqueológico da área.
O material que está sendo resgatado ficará sob a guarda Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), na Capital. Até o presente já foram encontrados
muitos objetos de valor histórico e também há registro de possíveis estruturas de casas
do século XIX. Pelos registros que se tem, no local das escavações funcionavam três
casas que abrigavam um açougue e uma barbearia. Segundo o técnico Hebert Moura,
componente da equipe na escavação, já foram encontrados ossos de boi, restos de
ostras, vários pedaços de pratos e louça portuguesa possivelmente dos séculos XVII e
XVIII e também fragmentos de garrafas de vidro. Lá
também foram achados vestígios de pisos de tijoleira e
pisos hidráulicos. Segundo a equipe, funcionou
também nesta área, entre os séculos XVI e XVII, um
Pelourinho. Na época a praça era bastante
movimentada pelos eventos públicos como açoite de
escravos, enforcamentos e pronunciamentos oficiais.
Na circunjacência da praça ainda se encontram
os prédios do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN), o da Polícia Federal e da Fundação de Aposentadorias e
Pensões dos Servidores do Estado (Funape). O prédio do Iphan foi construído em 1783
e lá funcionava o Erário Público, uma espécie de centro administrativo, e os Correios.
Na instalação onde hoje funciona a Polícia Federal existia antigamente a casa do
capitão Mor, um gestor da capitania Paraíba. Já o prédio da Funape foi construído em
1610 e abrigava a Cadeia Pública. Prédios que atestam o valor histórico desta área. As
atividades arqueológicas no local estão previstas para terminar nas primeiras semanas
de março. Já a revitalização da Praça Rio Branco está prevista para terminar em junho.
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Aula de campo na Lagoa Salgada
O Prof. Dr. Marcio Mendes (Paleontólogo), juntamente com o Prof. Dr. Juvandi
Santos (Arqueólogo), proporcionaram aos alunos do curso de Ciências Biológicas da
UEPB, uma aula de campo, que ocorreu na Lagoa Salgada, no município de Areial –
PB, distante cerca de 25 Km de Campina Grande, no último dia 25 de fevereiro.
A lagoa guarda em seu subsolo restos fosseis da megafauna pleistocênica que
viveu na região entre 2 milhões de anos até acerca de 8 mil anos AP, quando foi
definitivamente extinta.
Em 2009, o lugar foi escavado e ocorreu, nessa oportunidade, o salvamento de
parte de um
Mastodonte, que
está sendo
montado no Museu
de História Natural
da UEPB.
A atividade
do último dia 25
serviu apenas
como aprendizado
básico para os
alunos de Biologia,
para entender o
comportamento
paleoambiental,
além de obter
conhecimentos
básicos das formas de exumação de um fóssil.
Na atividade nada foi coletado, pois esta serviu apenas para prospectar os
possíveis locais da existência de fósseis com vistas a uma futura intervenção do
Laboratório de Arqueologia e Paleontologia na área.
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ArtigO___________________________________
Um editor com alma de arqueólogo
Carlos Alberto Azevedo*
Conheci o professor e editor Pontes
da Silva (1938-2010) no antigo Ponto de Cem
Réis, na década de 1960. Foi o artista
plástico José Altino que possibilitou a nossa
amizade
Depois, durante a ditadura militar, parti
para a Europa (Alemanha), permanecendo
mais de vinte anos fora do país. Em 1999, a
convite da escritora Zélia Almeida e do
historiador Luiz Hugo Guimarães fiz o
lançamento do meu romance Os herdeiros do
medo (romance histórico) no Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Lá estava
o meu amigo Pontes. Foi uma imensa alegria revê-lo.
A reaproximação foi rica para nós dois. Conversávamos sobre tudo, de literatura
a filosofia. Pontes era um grande leitor. Aliás, brincava, às vezes, de livreiro; brincava de
vender livros usados. Foi proprietário de vários sebos que, com certeza, os mantinha
apenas para atrair os amigos. Entre seus “clientes” estavam Vanildo Brito, Guilherme
d‟Ávila Lins, Vitória Lima, Humberto Fonseca, Gilberto Stuckert Filho, Calf, Adauto
Ramos, José Di Lorenzo Serpa, William Costa, Zélia Almeida, Heitor Cabral, Lourdinha
Luna e muitos outros. Era um sonhador, esse Pontes!
Nossa amizade se firmou mesmo, quando ele fundou uma importante revista
cultural: Fabulação. Editou vinte e oito números, coisa rara na nossa terrinha...
Em Fabulação abrimos um espaço para arqueologia – diversos números foram
dedicados à arqueologia paraibana. Vários capítulos do meu livro Arqueologia – Estudos
& Pesquisas foram publicados antes em Fabulação.
Naturalmente, o namoro de Pontes com a arqueologia datava de muito tempo.
Mestre Pontes editou uma obra-prima: Arte rupestre nos Cariris Velhos (1979), de Ruth
Trindade de Almeida. Um dos textos mais importantes de arqueologia da Paraíba. Nele
a pesquisadora registra 61 sítios rupestres e são identificadas mais de 60 pinturas e
gravuras.
O ano passado, pedi-lhe um exemplar do livro de Ruth Almeida – há muito
esgotado. “Não tenho nenhum mais – nem para fazer um chá”, disse rindo.
Assim, era o nosso Pontes, não se apegava a nada, nem mesmo aos livros que
editava. Seu compromisso era manter a chama viva das boas amizades. Fez grandes
amigos, amigos verdadeiros.
*Antropólogo, sócio da SPA
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Expedição à Queimadas
No dia 21 de fevereiro os
estudiosos Vanderley de Brito e Erik
de Brito (sócios da SPA), realizaram
uma expedição até o município de
Queimadas, distante 18km de
Campina Grande, com objetivo de
monitorar o estado dos sítios
arqueológicos deste município. A
cidade de Queimadas é onde,
infelizmente, mais se verifica atos de
depredações de sítios arqueológicos
na Paraíba e, por isso, se faz
necessário visitas constantes a
estes lugares para se registrar novos danos e acionar os órgãos fiscalizadores para as
devidas providências. A equipe visitou o sítio arqueológico Castanho I e em seguida o sítio
arqueológico Pedra do Touro, ambos já com pichações, em especial este último, que
apresenta a superfície rochosa quase que repleta de pichações. Todavia, felizmente,
ambos os sítios, nesta oportunidade, não apresentavam novos danos.
O arqueólogo Prof. Dr. Marcos Albuquerque, coordenador do Laboratório de
Arqueologia da UFPE, faz um convite para que todos(as) possam acessar vídeos das
pesquisas de seu Laboratório no site www.magmarqueologia.pro.br, através do link
„Câmera‟. Confiram!
Pesquisa no IHGP e na Casa de José
Américo
No dia 24 de fevereiro os historiadores
Vanderley de Brito e Thomas Bruno Oliveira
realizaram uma visita de cortesia ao Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano e à
Fundação Casa de José Américo, ambos na
capital do Estado. No IHGP foram recebidos
pelo presidente Humberto Fonseca de
Lucena. Na visita, a equipe fez uma breve pesquisa no arquivo desta casa de memória
buscando documentos referentes à Pedra do Ingá. Dali, eles seguiram com destino ao
bairro de Cabo Branco, onde visitaram as instalações da Fundação Casa de José Américo,
receberam doações de publicações da Casa e fizeram doações de livros e cordéis da SPA
para o acervo da biblioteca desta Instituição.
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EXPEDIÇÃO À BARRA DE SANTANA-PB
No dia 27 de fevereiro, uma equipe formada por Vanderley de Brito, Thomas
Bruno Oliveira, Dennis Mota, Erik de Brito e Antônio Marcos, realizou uma expedição até
o limite sul do município de Barra de Santana-PB para uma revisitação ao sítio
arqueológico Pedra do Altar, gigantesco monumento rochoso à margem direita do rio
Paraíba recoberto de intrigantes inscrições rupestres.
O sítio foi registrado na década de 70 pela
arqueóloga Ruth Trindade de Almeida e a última visita a
este sítio se deu em meados do ano de 2003, quando o
historiador Vanderley de Brito desenvolvia catalogação
de sítios rupestres para seus estudos sobre itacoatiaras
e realizou medidas, desenhos, decalque direto,
descrição e fotos de película. A visita que ora se
registra se deu com objetivo de um levantamento
fotográfico digital, reavaliação de dados, plotagem e
mapeamento por GPS. Também era objetivo da
expedição um estudo mais acurado das gravuras
rupestres horizontais, existentes no piso suporte do
monumento arqueológico com vistas a um capítulo sobre arqueoastronomia que será
acrescentado a quarta edição do livro de Vanderley, “A Pedra do Ingá: itacoatiaras na
Paraíba”, que está em elaboração.
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A equipe aproveitou a expedição para
também registrar duas outras ocorrências de
itacoatiaras existentes ao longo daquele trecho
do Paraíba, foram os sítios Beira Rio e Casa de
Pedra.
O Beira Rio é um matacão em gnaisse,
aplainado pelas torrenciais do rio no decorrer
dos milênios, medindo 2,5m de altura por 16m
de circunferência, apresentando em uma
concavidade erodida em sua face voltada para o
norte, um único gráfico medindo 40cm de altura
por 35cm de largura, sulcado em baixa
profundidade, apresentando o interior áspero
em paradoxo com a superfície lisa do suporte rochoso, facilitando a agregação de uma
pátina negra que realça seus contornos.
Devido à baixa profundidade do
registro gráfico, aliado à situação perene do
rio e o nível de poluição do mesmo, o
testemunho está desaparecendo. Seus
contornos somente podem ser identificados
com nitidez, estando o observador muito
próximo ao registro rupestre.
O sítio arqueológico Casa de Pedra,
trata-se de um enorme matacão, mais
extenso do que elevado, aplainado pela
erosão, medindo aproximadamente 5m de altura, formando em sua face norte um abrigo
contendo um painel rupestre em seu
frostispício.
O testemunho identificativo é um
conjunto de grafismos esquemáticos gravados
em técnica de picoteamento muito superficial,
com símbolos geométricos quase todos
interligados. Nesta imbricação, sobressai
sutilmente um antropomorfo de braços
erguidos com 10cm. O segundo painel dista
2,5m à direita, apresentando um símbolo
sinuoso e, abaixo, numa parte deslocada da pedra, existe uma série de pontos
capsulares. Este painel também foi executado na mesma técnica.
O estado de conservação inspira cuidado. Uma parte do painel já descamou por
ação natural e uma intervenção antrópica se apresenta em forma de fogueiras
freqüentemente ateadas na base da pedra, além de uma pichação contendo a legenda
“É Proibido Caçar e Pescar”, em tinta sintética azul, e diversos nomes próprios em tinta
sintética negra, inclusive cobrindo parcialmente os pontos capsulares.
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Prospecção no município do Conde-PB
No dia 25 de fevereiro uma equipe formada pelos pesquisadores Vanderley de Brito,
Thomas Bruno Oliveira, Dennis Mota (sócios da SPA) e o acadêmico de biologia Elnathan
Monteiro realizou uma expedição em parte da costa do município do Conde, mais precisamente
no trecho compreendido entre os limites da praia de Jacumã e Carapibus. A expedição teve por
objetivo uma prospecção nesta região litorânea em busca de vestígios de sambaqui. A
prospecção produziu resultados negativos. Foram cuidadosamente observadas as falésias da
região circundante a desembocadura dum riacho (que não possui qualquer referência em
mapas ou folhas planimétricas, situado entre a barra do Gramame e o riacho Carapibus) e
nenhum sinal de ostras aglomeradas ou vestígios de cerâmica indígena, ossos ou pedras
trabalhadas. Parte da equipe que compôs esta expedição já havia estado em fins de 2009 nas
desembocaduras dos rios Mamanguape e Camaratuba e do riacho Tambá, nos municípios de
Baía da Traição e Rio Tinto, com o mesmo objetivo de busca. Ver Boletim 41.
- Mapa de atuação da SPA em fevereiro de 2010 -
Obs.: Todas as fotos são do arquivo da SPA, com exceção das que possuem a autoria identificada
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