TCC FORMATADO PRONTO FUNDAO UNIVERSIDADE ... - Furb
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FUNDAÇÃO <strong>UNIVERSIDADE</strong> REGIONAL DE BLUMENAU – FURB<br />
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA COMUNICAÇÃO<br />
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – PUBLICIDADE E PROPAGANDA<br />
RUTHE MARA MAESTRI<br />
ANÁLISE DA MARCA COLCCI COMO REFERÊNCIA NO MUNDO DA MODA<br />
BLUMENAU<br />
2008<br />
1
RUTHE MARA MAESTRI<br />
ANÁLISE DA MARCA COLCCI COMO REFERÊNCIA NO MUNDO DA MODA<br />
BLUMENAU<br />
2008<br />
Trabalho de conclusão de curso apresentado<br />
ao Programa de Graduação em<br />
Comunicação Social – Habilitação em<br />
Publicidade e Propaganda do Centro de<br />
Ciências Humanas e da Comunicação da<br />
Fundação Universidade Regional de<br />
Blumenau, como requisito parcial para a<br />
obtenção do grau de Bacharel em<br />
Comunicação Social, Habilitação em<br />
Publicidade e Propaganda.<br />
Profª. Mestre Fernanda Macha Ostetto,<br />
– Orientadora<br />
2
Dedico este trabalho à minha família pela<br />
força e oportunidade que me<br />
proporcionaram na vida e a todos aqueles<br />
que contribuíram para sua realização.<br />
3
AGRADECIMENTOS<br />
Agradeço a Deus pelo amparo e força nos momentos em que mais<br />
precisei, iluminando meus caminhos.<br />
Aos meus pais, Terezinha e Ovídio Maestri por terem me proporcionado<br />
alcançar o primeiro, de tantos outros objetivos da minha vida, pela confiança e por<br />
me apoiarem em todas as minhas decisões.<br />
Meu tio Celso Vicentini, por estar sempre do meu lado me incentivando e<br />
dando força em todas as horas.<br />
A minha irmã, pela paciência e compreensão nesses anos de estudos.<br />
A minha professora orientadora Fernanda Schoroeder Macha Ostetto por<br />
ter aceitado me orientar neste trabalho.<br />
E a toda a minha família. Aos amigos verdadeiros que sempre me<br />
apoiaram estando do meu lado em todas as horas. A todos os professores que<br />
contribuíram para minha formação acadêmica.<br />
Agradeço a todos que, de uma forma ou de outra, me deram suporte para<br />
a elaboração deste trabalho.<br />
4
"Jamais deixe que as dúvidas paralisem suas ações. Tome sempre todas<br />
as decisões que precisar tomar, mesmo sem ter a segurança de estar decidindo<br />
5<br />
corretamente."<br />
Paulo Coelho
RESUMO<br />
A comunicação é um fator de fundamental importância na indústria têxtil. É por meio<br />
dela que as empresas de moda comunicam e divulgam seus produtos e serviços. O<br />
setor têxtil brasileiro tem uma participação histórica e decisiva no processo de<br />
desenvolvimento industrial do País, pois foi um dos primeiros setores industriais a<br />
ser implantado. Este estudo teve por objetivo analisar como a Colcci se tornou uma<br />
marca referência na moda nacional principalmente nos últimos cinco anos. Para<br />
alcançar os objetivos propostos, aplicou-se uma pesquisa qualitativa exploratória de<br />
um estudo de caso que envolveu entrevista em profundidade com o responsável<br />
pelo departamento de marketing da Colcci e outras informações levantadas por meio<br />
de dados secundários e análise da comunicação. A partir desta análise foi possível<br />
verificar como a Colcci mudou seu posicionamento investindo em um novo<br />
segmento de mercado com a aposta em um conceito diferente, deixando de ser<br />
básico para ser fashion. Concluiu-se com este trabalho que as estratégias de<br />
marketing são de extrema eficácia para uma marca que passa por um<br />
reposicionamento e ganha um novo conceito, onde deixa de ser uma malharia de<br />
produtos básicos e, com uma comunicação conceitual diferenciada, alcança a<br />
expansão da empresa e ser conhecida como uma marca da moda que acompanha<br />
as tendências.<br />
Palavras-chave: Marketing. Marca. Moda e Comunicação<br />
6
ABSTRACT<br />
Communication is a fundamentally important element in the textile industry. It is<br />
through this instrument that fashion companies communicate and broadcast their<br />
products and services. The Brazilian textile sector has a historical and crucial<br />
participation in the process of the country’s industrial development, for it was one of<br />
the first industries to be established here.<br />
This research looked to analyze how Colcci’s brand became a reference into the<br />
Brazilian fashion world. Especially for the past five years.<br />
To achieve the proposed goals in this work, an exploratory qualitative research of a<br />
case study that involves the marketing department for Colcci was made, along with<br />
other information raised by the researcher.<br />
Though the analyses of the brand’s communication it is visible how Colcci changed<br />
its positioning and how it invested in a change of market segment strategy betting on<br />
a new concept, leaving the basic behind to become fashion. In this study it was<br />
concluded that the marketing strategies are extremely effective for a brand that goes<br />
through a reposition and wins a new concept, where it goes from a knitting factory<br />
with basic products to a differentiated conceptual communication, reaching the<br />
broadcasting and becoming a remarkable brand that’s goes along with the fashion<br />
tendencies.<br />
Keywords: Marketing, Brand, Fashion and Communication<br />
7
LISTA DE FIGURAS<br />
FIGURA 1 - Os 4 P’s do composto de marketing .................................................... 19<br />
FIGURA 2 - Elementos do processo de comunicação ............................................ 37<br />
FIGURA 3 - Os cinco M’s da propaganda ............................................................... 39<br />
FIGURA 4 - Logotipo Digby .................................................................................... 55<br />
FIGURA 5 - Anúncios revistas 1993 a 1995............................................................ 56<br />
FIGURA 6 - Anúncios revistas 2001 a 2003 ........................................................... 57<br />
FIGURA 7 - Campanha primavera-verão 2003 ....................................................... 58<br />
FIGURA 8 - Campanha outono-inverno 2003 ......................................................... 59<br />
FIGURA 9 - Campanha primavera-verão 2004 ....................................................... 60<br />
FIGURA 10 - Campanha outono-inverno 2004 ....................................................... 61<br />
FIGURA 11 - Campanha primavera-verão 2005 ..................................................... 61<br />
FIGURA 12 - Campanha outono-inverno 2005 ....................................................... 62<br />
FIGURA 13 - Campanha primavera-verão 2006 ..................................................... 63<br />
FIGURA 14 - Campanha outono-inverno 2006 ...................................................... 63<br />
FIGURA 15 - Campanha primavera-verão 2007 ..................................................... 64<br />
FIGURA 16 - Campanha outono-inverno 2007 . ................................................... . 65<br />
FIGURA 17 - Campanha primavera-verão 2008 ..................................................... 66<br />
FIGURA 18 - Campanha outono-inverno 2008 ....................................................... 67<br />
8
SUMÁRIO<br />
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10<br />
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA, JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÕES ................... 10<br />
1.1.1 Questão Problema ........................................................................................... 12<br />
1.1.2 Pressupostos .................................................................................................... 12<br />
1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 12<br />
1.2.1 Geral................................................................................................................. 12<br />
2.2 Específicos .......................................................................................................... 14<br />
2 METODOLOGIA .................................................................................................... 15<br />
2.1 CARACTERÍSTICAS DE PESQUISA.................................................................. 15<br />
2.2 PROCEDIMENTO DA PESQUISA ...................................................................... 16<br />
2.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA ......................................................................... 16<br />
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 17<br />
3.1 MARKETING ....................................................................................................... 17<br />
3.2 PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIAS DE MARKETING ...................................... 23<br />
3.3 MARCA ............................................................................................................... 27<br />
3.4 ESTRATÉGIA E POSICIONAMENTO DE MARCA ............................................. 30<br />
3.5 COMUNICAÇÃO ................................................................................................. 35<br />
3.6 MODA.................................................................................................................. 40<br />
3.6.1 Marketing na Moda ........................................................................................... 45<br />
3.7 CONSUMIDOR ................................................................................................... 47<br />
4 ESTUDO DE CASO – COLCCI ............................................................................. 50<br />
4.1 INDÚSTRIA TÊXTIL ............................................................................................ 50<br />
4.2 ENTREVISTA ...................................................................................................... 51<br />
4.3 ANÁLISE DE COMUNICAÇÃO DA MARCA COLCCI ......................................... 55<br />
4.4 ANÁLISE DE ESTRATÉGIAS DA NOVA COLCCI. ............................................. 68<br />
4.5 RESULTADOS ALCANÇADOS .......................................................................... 70<br />
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 72<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 74<br />
APÊNDICE I – Roteiro da entrevista ......................................................................... 78<br />
ANEXOS ................................................................................................................... 82<br />
ANEXO I – case colcci .............................................................................................. 82<br />
ANEXO II – entrevista lila colzani .............................................................................. 88<br />
9
1 INTRODUÇÃO<br />
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA, JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÕES<br />
Com a grande competitividade hoje no setor da moda têxtil as empresas<br />
querem sempre estar à frente de seus concorrentes, utilizando-se de novas<br />
tecnologias e criatividade. O mundo vive em constantes transformações. As<br />
oportunidades de consumo se ampliam. Isso faz com que as empresas utilizem cada<br />
vez mais os meios de comunicação, que por sua vez influenciam os consumidores<br />
persuadindo à compra. Diante de tantos desafios, o marketing procura compreender<br />
os fenômenos e explicar melhor sua atuação.<br />
Marketing é definido por Kotler e Armstrong (2003) como “um processo<br />
administrativo e social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e<br />
desejam, por meio da criação, oferta e troca de produtos e valor com os outros”.<br />
O setor têxtil fabril de Santa Catarina destaca-se como o terceiro maior do<br />
país, onde se sobressaem a região do Vale do Itajaí e o Vale do Itapocu. A indústria<br />
têxtil é um dos mais importantes segmentos de transformação industrial no Brasil e<br />
em todo mundo. Atualmente, o setor têxtil responde por 8% das exportações<br />
catarinenses através de seis mil fábricas e 124 mil empregos gerados. Com o<br />
mercado da moda em expansão Santa Catarina sempre teve uma preocupação<br />
tecnológica muito grande. O Estado de Santa Catarina conta atualmente com 225<br />
indústrias têxteis, de acordo com relatório da FIESC, de 16 de junho de 2006.<br />
O mercado da moda se configura como um dos mais importantes<br />
empreendimentos do mundo contemporâneo, ele possibilita respostas rápidas que<br />
atendam às necessidades e demandas do consumidor. É formado pelo complexo<br />
têxtil e por uma multiplicidade de outros segmentos voltados a esse mercado.<br />
A marca Colcci nasceu na cidade de Brusque, Santa Catarina pela família<br />
Colzani em 1986, que inicialmente começou a atuar no mercado como uma loja de<br />
estilo básico para adolescentes e pré-adolsescentes que tinha como símbolo um<br />
bichicho amarelo e orelhudo. Em pouco tempo se transformou na maior rede de<br />
franquias de moda do país, com mais de 200 lojas no Brasil e no exterior. O nome<br />
10
Colcci virou sinônimo de moda jovem com atitude. Além de muito trabalho, a Colcci<br />
cresceu graças à percepção de mercado, detectou a enorme carência de opções,<br />
sentida pelo público jovem, e decidiu aproveitar esse inesgotável potencial de<br />
consumo. A roupa Colcci traduziu o desejo e o jeito de ser de toda uma geração. Daí<br />
para a frente a Colcci passou a se esforçar mais e mais para atender a demanda,<br />
sempre crescente, e iniciou um processo de seleção cuidadoso de candidatos à sua<br />
franquia. Já plenamente consolidada, a Colcci segue em seus planos de expansão.<br />
A marca começou a ganhar um maior destaque no mundo fashion com a<br />
compra da empresa pelo grupo Menegotti, que com o passar do tempo virou a AMC<br />
Têxtil, grupo de negócios da família Menegotti desde 2004, e tem como objetivo<br />
estruturar e expandir as marcas, Malhas Menegotti, Colcci, Sommer, Carmelitas e<br />
Coca Cola Clothing Line. Em outubro do mesmo ano, o grupo adquiriu quatro<br />
fábricas de calçados com o propósito de produzir e comercializar todos os calçados<br />
femininos da Colcci e Sommer, fortalecendo a proposta de expansão e consolidação<br />
das grifes através de uma comunicação eficiente entre imagem e público.<br />
Hoje, a estilista Jessica Lengyel assina a direção criativa da marca. A<br />
AMC investiu na marca, reformulou a fachada de lojas e reforçou a imagem moderna<br />
da Colcci. Em quatro anos, o número de franquias no país chegou a 110 lojas que<br />
tem como destaque a top Gisele Bündchen para vestir suas roupas nas campanhas<br />
de publicidade, agregando ainda mais valor à marca.<br />
Depois do sucesso no mercado interno, a marca passou a investir no<br />
exterior. A presença de duas celebridades internacionais - Paris Hilton e Liz Jagger -<br />
nos últimos desfiles, serviu para reforçar o caráter universal da marca. Gisele<br />
Bündchen, que desfila para a Colcci desde o inverno de 2005, no Fashion Rio,<br />
estrela a campanha internacional da marca e reforça essa expansão. Em uma<br />
parceria de sucesso que já dura sete temporadas, Gisele Bündchen é a estrela da<br />
campanha inverno 2008 da Colcci.<br />
Atualmente, a Colcci é vendida em 20 países e está presente em 2,5 mil<br />
lojas multimarcas, além de seis franquias internacionais, incluindo duas nos<br />
Emirados Árabes, EUA e Guatemala.<br />
A Colcci é uma empresa do setor têxtil que se destaca no mundo da<br />
moda, e é uma das mais conhecidas em âmbito nacional. E é por esse objetivo que<br />
11
será feito um estudo de caso para obter maiores informações de como é a<br />
comunicação da marca, e qual a atuação do marketing para a expansão desta<br />
marca que mudou e se consolidou nesses últimos anos.<br />
1.1.1 Questão Problema<br />
1.1.2 Pressupostos<br />
1.2 OBJETIVOS<br />
1.2.1 Geral<br />
Como a Colcci se tornou referência como uma marca de moda?<br />
a) Desde a entrada da modelo Gisele Bündchen a Colcci passou a ter um<br />
reconhecimento maior dentro do mundo da moda, destacando-se cada<br />
vez mais entre as principais marcas brasileiras;<br />
b) A Colcci se tornou conhecida pelas estratégias de marketing que foram<br />
utilizadas para a expansão e crescimento da marca no mercado<br />
brasileiro.<br />
Analisar como a Colcci se tornou uma marca referência em moda nacional<br />
nos últimos cinco anos.<br />
12
2.2 ESPECÍFICOS<br />
a) Analisar o mix de marketing e sua evolução para a marca Colcci;<br />
b) Analisar a comunicação e suas campanhas;<br />
c) Analisar o posicionamento da marca a partir da comunicação realizada<br />
nos últimos cinco anos.<br />
14
2 METODOLOGIA<br />
2.1 CARACTERÍSTICAS DE PESQUISA<br />
Para alcançar os objetivos propostos neste trabalho, aplicou-se uma<br />
pesquisa qualitativa exploratória de um estudo de caso que envolve o departamento<br />
de marketing da Colcci e informações por meio de dados secundários.<br />
A pesquisa Exploratória objetiva aproximar o pesquisador do fenômeno<br />
para que este se familiarize com as características e peculiaridades do tema a ser<br />
explorado, para assim obter percepções, idéias desconhecidas e inovadoras sobre<br />
os mesmos. A análise de caráter exploratória, de acordo com Richardson (1999,<br />
p.17), visa descobrir as semelhanças entre fenômenos, “os pressupostos teóricos<br />
não estão claros, ou são difíceis de encontrar. Nessa situação, faz-se uma pesquisa<br />
não apenas para conhecer o tipo de relação existente, mas, sobretudo para<br />
determinar a existência de relação”.<br />
A pesquisa exploratória é utilizada para trazer ao pesquisador um maior<br />
conhecimento sobre o tema abordado, para denominar conceitos e dar um<br />
direcionamento às demais pesquisas que possam ser feitas. (MATTAR, 1999).<br />
Segundo Mattar (1999) a pesquisa exploratória busca um maior<br />
conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa como um todo. Por isso é<br />
apropriada para os primeiros estágios da investigação quanto à familiaridade, o<br />
conhecimento e à compreensão do fenômeno. Os levantamentos podem<br />
compreender levantamentos bibliográficos, levantamentos documentais, de<br />
pesquisas realizadas, acervo virtual, entre outros.<br />
Pesquisa qualitativa é basicamente aquela que busca entender um<br />
fenômeno específico em profundidade. Ao invés de estatísticas, regras e outras<br />
generalizações, a qualitativa trabalha com descrições, comparações e<br />
interpretações. A pesquisa qualitativa é mais participativa e, portanto, menos<br />
controlável. (MATAR, 1999)<br />
15
Estudo de Caso designam uma abordagem de investigação simples ou<br />
aplicada. Quanto ao tipo de estudos de caso, estes podem ser exploratórios,<br />
descritivos, ou explanatórios (YIN, 2005).<br />
2.2 PROCEDIMENTO DA PESQUISA<br />
A pesquisa tem como prioridade gerar conhecimentos sobre a expansão<br />
da marca no mercado, e analisar as estratégias utilizadas para esse crescimento.<br />
Para isso, realizou-se um roteiro contendo perguntas relacionadas com o<br />
crescimento da marca e suas campanhas, levantando também informações de<br />
mercado da empresa. Analisou-se também a parte de comunicação da marca,<br />
propagandas, anúncios e o site da mesma como dados secundários.<br />
O universo da pesquisa tem como base um estudo de caso da Colcci<br />
onde o principal foco é o diretor de marketing da empresa e outras informações<br />
levantadas pela pesquisadora.<br />
2.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA<br />
Elaborou-se um roteiro de perguntas que passaram por uma análise<br />
interpretativa de acordo com a campanha explorada e constará como apêndice no<br />
trabalho, dando embasamento teórico para as devidas questões desse estudo de<br />
caso. Analisou-se as campanhas e a comunicação utilizada num determinado<br />
período de cinco anos sendo que, para melhor entender o reposicionamento de<br />
marca, estudou-se também campanhas de 1993 à 1995, em revistas de moda,<br />
internet e dados da própria empresa.<br />
16
3 REVISÃO DE LITERATURA<br />
3.1 MARKETING<br />
Marketing é o conjunto de operações que envolvem a vida do produto,<br />
desde a planificação de sua produção até o momento em que é adquirido pelo<br />
consumidor, com isso todos os passos da produção que envolva a marca trabalhada<br />
são cuidadosamente observadas pelos profissionais de marketing que analisam<br />
todos os detalhes de uma nova campanha para um novo lançamento de mais um<br />
novo produto que está sendo lançado no mercado. (KOTLER, 1995).<br />
Marketing é a área do conhecimento que engloba as atividades<br />
concernentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e<br />
necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de<br />
empresas ou indivíduos e considerando sempre o meio ambiente de atuação e o<br />
impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade. (LAS CASAS,<br />
2001)<br />
A partir de 1950, os empresários passaram a perceber que as vendas a<br />
qualquer custo não era uma forma de comercialização correta. As vendas não eram<br />
constantes. O que importava era a conquista e a manutenção de negócios a longo<br />
prazo, mantendo relações permanentes com a clientela. Todos os produtos<br />
passaram a ser vendidos a partir da constatação dos desejos e necessidades dos<br />
clientes. Passou a existir uma valorização maior do consumidor. O cliente dominou o<br />
cenário da comercialização e os empresários obterão mais resultados, por assim<br />
seguir um dos conceitos de marketing, em que o consumidor era considerado o “rei”.<br />
(LAS CASAS, 2001).<br />
Segundo o site portal do marketing (AMA - American Marketing<br />
Association - Nova definição de 2005) marketing é uma função organizacional e um<br />
conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor<br />
para os clientes, envolvendo-os com persuasão.<br />
17
O marketing hoje é uma das armas mais utilizadas para um bom<br />
desempenho de empresas em geral. A moda, por sua vez, também utiliza o<br />
marketing para seu próprio sucesso. Para Kotler & Armstrong (2003), o marketing é<br />
essencial para o sucesso de toda organização, seja ela grande ou pequena. À<br />
medida que o tempo passa, novas idéias vão surgindo de como estar sempre em<br />
alta nas vendas, na imagem de marca e no desempenho de cada empresa, o<br />
marketing tem que estar sempre ligado no que está acontecendo no mundo à sua<br />
volta, pois é ele quem vai direcionar as novas medidas a serem tomadas.<br />
A maioria das empresas dedica mais atenção à participação no mercado<br />
do que à satisfação dos clientes, afirma Kotler (1999). Isso numa visão generalizada<br />
tem fundamento e não é correto agir dessa forma. O mercado é importante para as<br />
marcas, mas, os clientes são fundamentais para um bom andamento das empresas.<br />
Kotler (2006) também afirma em seus textos que a participação no mercado é<br />
indicador retrospectivo, a satisfação dos clientes é indicador prospectivo. Se o nível<br />
de satisfação dos clientes começar a cair, em breve se iniciará o desgaste da<br />
participação no mercado. Um depende do outro para que o saldo da empresa seja<br />
positivo.<br />
O marketing está em todo lugar, mesmo passando despercebido pelas<br />
pessoas, ela age no inconsciente delas trabalhando suas aptidões. Segundo Kotler<br />
(1999), há muito mais sobre o marketing do que os olhos dos consumidores<br />
conseguem ver. Por trás dele, há uma maciça rede de pessoas e atividades que<br />
disputam a atenção e o dinheiro dos consumidores.<br />
Hoje as empresas recorrem cada vez mais ao marketing emocional para<br />
conquistar participação na mente e no coração dos clientes. Embora as emoções<br />
sempre tenham desempenhado papel importante em marketing, a tendência vem<br />
ganhando força (KOTLER, 2003)<br />
Kotler (1998, pg. 97) define composto de marketing como “conjunto de<br />
ferramentas que a empresa usa para atingir seus objetivos de marketing no<br />
mercado-alvo”. E ainda sobre seu olhar destaca “que as decisões do composto de<br />
marketing devem ser tomadas considerando os canais de distribuições e os<br />
consumidores finais”. Sendo assim, o autor define algumas variáveis específicas de<br />
marketing sobre a cada P do composto, mostradas na figura 1.<br />
18
Figura 1 – os 4 P’s do composto de marketing.<br />
Fonte: KOTLER (1998, p. 97)<br />
Segundo Cobra (1997) o marketing, embora não seja uma ciência, tem-se<br />
apoiado na mística dos números para exemplificar suas sistemáticas e seu poder de<br />
ação. De uma forma resumida o autor apresenta os 4 P’s, 4 A’s, 3 B’s e 4 C’s da<br />
seguinte forma (COBRA, 1997)<br />
4P’s - A analise do produto ganhou força quando o professor E. Jerome<br />
McCarthy, de forma criativa, introduziu a abordagem dos 4 Ps para explicar<br />
o conceito de Marketing: Produto, Preço, Promoção e Place (distribuição).<br />
Dessa forma a abordagem do Marketing passou a ser centrada na<br />
configuração do produto, na determinação do preço capaz de gerar vendas,<br />
apoiadas numa promoção de vendas, propaganda e merchandising e uma<br />
distribuição ampla e/ou com estratégia;<br />
4A’s – Basicamente os 4 A’s descrevem além do composto mercadológico,<br />
a interação da empresa no seu meio, e avalia os resultados do conceito de<br />
marketing em função dos objetivos da empresa. São eles a análise, que<br />
trabalha na pesquisa de mercado e o sistema de informação em marketing;<br />
3B’s - Em marketing muito se falava ate pouco tempo atrás em produto, na<br />
chamada época da sabedoria do produto. Para ter sucesso, um produto<br />
deveria ter 3 Bs: ser bom (durável e de qualidade), deveria ser bonito em<br />
termos de design e acabamento e barato. Hoje se fala na soberania do<br />
cliente. Cliente satisfeito é cliente feliz. Essa é a meta do marketing<br />
moderno;<br />
4C’s - Alguns autores também defendem a tese de que para ter sucesso<br />
uma empresa deve abandonar as teorias dos 4 Ps do Produto e se voltar<br />
para os 4 Cs do Cliente, da Conveniência, do Custo para o consumidor e da<br />
Comunicação. Sob essa orientação o foco deixaria de ser o produto para<br />
ser o cliente, e o produto ou comerciante deveria proporcionar ao cliente ou<br />
consumidor toda a facilidade para a compra, ou seja, a conveniência que<br />
19
agilize a compra, com entrega, prazos e condições de pagamento,<br />
facilidade de estacionamento, orientação para o uso etc. o custo, por outro<br />
lado, deve ser uma preocupação permanente da empresa no sentido de<br />
obter preços baixos. Os desafios de sobrevivência no mercado atual exigem<br />
das empresas uma busca constante de idéias novas para enfrentar um<br />
mercado de rápida transformação, em que as “velhas maneiras” não<br />
funcionam mais;<br />
Para se tornar competente, uma organização precisa se tornar proativa,<br />
inovadora e saber conquistar clientes, tornando tangíveis as partes intangíveis de<br />
um produto. Segundo Levitt (apud COBRA, 1997), a empresa deve ampliar a<br />
excelência do produto, como anexar serviços não esperados para surpreender o<br />
cliente. Diante de tanta magia a ser executada, a empresa precisa ser, além de<br />
competente para administrar recursos e a turbulência ambiental, criativa, inovante<br />
sempre e ainda estar voltada para as expectativas do consumidor e atenta à<br />
concorrência. Não bastasse tudo isso, a empresa no Brasil precisa ser crente. Ou<br />
seja, precisa crer que apenas com muito esforço de todos na organização, agindo de<br />
forma criativa em termos de soluções aos clientes e consumidores e com muita<br />
competência tecnológica, organizacional, produtiva, financeira e de marketing para<br />
administrar crises e desafios ambientais e de mercado, ela será viável nos dias de<br />
hoje.<br />
Kotler (1998, p.97) define composto de marketing como “conjunto de<br />
ferramentas que a empresa usa para atingir seus objetivos de marketing no<br />
mercado-alvo”. E ressalta que “as decisões do composto de marketing devem ser<br />
tomadas considerando os canais de distribuição e consumidores finais”. Na<br />
realidade brasileira o marketing ainda não é total e vai um pouco além da prática do<br />
composto promocional. O marketing não é um fenômeno recente, pois já está sendo<br />
exercido no Brasil por mais de quatro décadas, e ainda é confundido com<br />
propaganda ou venda.<br />
O marketing tem por papel social, satisfazer às necessidades do<br />
consumidor. Mas na realidade brasileira, ele, muitas vezes está associado à<br />
expectativa de criar desejos de consumo de certos produtos ou serviços que não<br />
atendem a nenhuma necessidade. O marketing não cria hábitos de consumo, mas<br />
por outro lado estimula a compra de produtos ou serviços que de alguma forma<br />
satisfazem certas necessidades dos consumidores. Segundo Cobra (1997) o<br />
marketing é uma analogia com a teoria da motivação; as pessoas não são<br />
motivadas. É uma força interior que age positiva ou negativamente a um estímulo<br />
20
externo. Assim, uma campanha publicitária pode estimular o consumidor a comprar<br />
determinado produto ou serviço, pois, no íntimo ou no subconsciente, já desejava ou<br />
estava predisposto a tal.<br />
A compreensão do comportamento humano se faz principalmente através<br />
da análise de necessidades. As necessidades são muitas vezes percebidas ou não<br />
pelo consumidor. A decisão de compra se dá com a necessidade satisfeita. A<br />
compra de um produto específico ou marca são necessidades muitas vezes levadas<br />
a um impulso emocional e não necessariamente a um nível racional. (COBRA, 1997)<br />
Conforme Cobra (1997) a satisfação da compra está ligada a certas<br />
sensações de satisfação que o consumidor imagina estar levando à satisfação de<br />
necessidade. O que realmente satisfaz as necessidades não são fatores<br />
necessariamente percebidos pelo consumidor, o que entendesse que na hora da<br />
compra os consumidores não necessariamente estão comprando a nível racional. As<br />
pessoas são realmente levadas a um número sem limites de motivos e<br />
necessidades com a finalidade de ordenar esses fatores complexos. As pessoas são<br />
diferentes umas das outras. Os consumidores expressam suas diferenças das mais<br />
variadas formas, quando compram um determinado produto ou serviço. A questão é<br />
como agrupar essas pessoas com diferenças individuais dentro de categorias que<br />
possam representar um composto homogêneo, de uma maneira que componham<br />
um segmento de mercado realmente representativo. O estudo da personalidade é a<br />
forma que vai responder a questões sobre complexidade do comportamento humano<br />
e organizar esse entendimento.<br />
Para Las Casas (2001, p. 20) “o marketing sempre foi praticado, uma vez<br />
que em qualquer época da comercialização as variáveis sempre foram utilizadas,<br />
variando apenas o grau de utilização muitas vezes imposto pelo desenvolvimento<br />
tecnológico do período”. E destaca que “antigamente, alguns produtos, por exemplo,<br />
eram comercializados sem muita preocupação com a embalagem, pois sua<br />
importância cresceu com o desenvolvimento do auto-serviço”. A promoção pode ser<br />
realizada principalmente através da venda pessoal, ou mesmo de anúncio em jornal,<br />
devido à inexistência de outros veículos em certos períodos e que hoje permitem a<br />
massificação.<br />
Segundo Las Casas (2001) um dos aspectos que diferencia a postura<br />
atual dos comerciantes, é que o consumidor sempre vai ser considerado como ponto<br />
21
de partida para qualquer negócio. É uma postura que deve se incorporar na<br />
empresa em todos os sentidos. É necessário um grande esforço para satisfazer os<br />
consumidores desde o mais alto executivo até o escalão mais baixo da empresa.<br />
Enquanto marketing, como uma ciência descritiva envolve a analise de<br />
como são criadas as transações e de como estimulá-las, facilitando e valorizando-<br />
as, a administração em marketing é uma ciência normativa que envolve a criação de<br />
valores e ofertas para estimular a questão desejada. Portanto, a atividade ligada ao<br />
administrador de marketing é buscar informações, adaptar o programa de composto<br />
de marketing para assim satisfazer os desejos e necessidades dos consumidores.<br />
Também é função do administrador de marketing organizar, executar, além de<br />
planejar. Toda forma de atuação na empresa deve ser colocada no “plano de<br />
marketing” que é normalmente escrito e inclui essas informações. Esse plano deve<br />
ser flexível para se adaptar às devidas situações imprevisíveis. (LAS CASAS, 1997)<br />
22
3.2 PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIAS DE MARKETING<br />
Segundo Ghemawat (2000), estratégia é um termo criado pelos antigos<br />
gregos, os quais entendiam a palavra como um magistrado ou comandante-chefe<br />
militar. Ao longo dos dois milênios seguintes, os conceitos de estratégia<br />
continuavam a direcionar para interpretações militares. Ghemawat (2000) diz que<br />
Carl von Clausewitz escreveu na primeira metade do século XIX: “táticas...<br />
(envolvem) o uso de forças armadas na batalha, estratégia (é) o uso de batalhas<br />
para o objetivo da guerra”. A adaptação do termo a um contexto de negócios<br />
precisou esperar até a Segunda Revolução Industrial, a qual começou na segunda<br />
metade de século XIX. Ghemawat (2000) ainda diz que a Primeira Revolução<br />
Industrial não produziu muito em termos de pensamento ou comportamento<br />
estratégico. Isto pode ser atribuído ao fato de apesar de tratar-se de um período<br />
marcado por intensa concorrência entre as empresas industriais, onde praticamente<br />
nenhuma delas conseguia influenciar os resultados do mercado de forma<br />
significativa. Já a Segunda Revolução Industrial viu a necessidade da estratégia<br />
para moldar as forças do mercado e afetar o ambiente competitivo.<br />
Segundo Porter (1990), uma ponte mais direta para o desenvolvimento de<br />
conceitos estratégicos para aplicações em negócios foi propiciada pela concorrência<br />
entre as forças armadas americanas depois da Segunda Guerra Mundial. Naquele<br />
período, os líderes militares começaram a debater sobre quais arranjos protegeriam<br />
melhor uma competição entre diversas armas, mantendo necessária a integração de<br />
planejamento estratégico e tático.<br />
A atividade de marketing, segundo Kotler (2000), é um processo social<br />
por meio do qual um grupo de pessoas obtém aquilo de que necessitam ou desejam<br />
com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros<br />
indivíduos. Portanto, no caso dos serviços, envolve a aplicação de um conjunto de<br />
conceitos e ações que visam adequar a oferta de prestação de serviços às<br />
expectativas do mercado. O entendimento dos anseios do mercado, a formulação de<br />
uma estratégia de marketing tendo como base a definição de um posicionamento<br />
claro, consistente e competitivo, a definição de públicos-alvos prioritários e a<br />
formatação de campanhas de divulgação utilizando a comunicação integrada de<br />
23
marketing podem contribuir, e muito, para que o desempenho do setor seja mais<br />
expressivo e não fique apenas à mercê das variações das condições do ambiente<br />
externo.<br />
Mais abrangente que o próprio conceito de marketing, é o marketing<br />
estratégico, o qual concentra-se no planejamento da estrutura geral do composto de<br />
marketing como parte da posição competitiva da empresa a longo prazo. A gestão<br />
estratégica de marketing consiste em compreender o ambiente mercadológico e, a<br />
partir deste, adaptar estrategicamente empresas, produtos ou serviços, ao mercado<br />
consumidor, por meio do desenvolvimento de estratégias de Marketing eficientes.<br />
Envolve decisões sobre mercado-alvo, produto, preço, promoção, distribuição,<br />
diferenciação e posicionamento. (KOTLER 2000)<br />
Estratégia é a produção de planos para atingirem objetivos. Estratégias<br />
de Marketing são aqueles planos desenhados para atingir objetivos do marketing. O<br />
objetivo de uma estratégia de marketing é colocar a organização numa posição de<br />
cumprir eficazmente e eficientemente a sua missão. (www.wikipedia.com.br)<br />
Dentro de um planejamento estratégico, o marketing tem um papel muito<br />
importante que é o fornecimento de informações e outros subsídios que ajudam a<br />
preparar o plano estratégico. Por sua vez, o planejamento estratégico define o papel<br />
do marketing na organização. Juntamente com outros departamentos, o marketing<br />
trabalha em conjunto para atingir os objetivos estratégicos globais. O autor define<br />
como planejamento estratégico o processo de desenvolvimento e manutenção de<br />
uma referente estratégia entre os objetivos e a capacidade que a empresa apresenta<br />
dentro das mudanças e as oportunidades que o mercado oferece. O planejamento<br />
estratégico é a base do planejamento de uma empresa. É importante um bom<br />
desenvolvimentos de planejamento estratégico porque dele parte a definição de<br />
objetivos, na clareza da missão que a empresa está ostentando, e de um bom<br />
portfólio de negócios, e da coordenação de estratégias funcionais. (KOTLER &<br />
ARMSTRONG, 1998)<br />
Segundo Cobra (1992), o planejamento estratégico de marketing busca<br />
satisfação de necessidades dos consumidores onde uma instituição precisa planejar<br />
seu futuro, precisa ser viável, busca a sobrevivência e o crescimento. O autor cita<br />
que (apud Kotler p. 51):<br />
24
O planejamento estratégico é o processo administrativo de desenvolver e<br />
manter uma viabilidade entre os objetivos organizacionais e os recursos e<br />
as oportunidades de mercado em constante mutação. O alvo do<br />
planejamento estratégico é configurar e reconfigurar o negócio da empresa<br />
e seus produtos de forma que eles combinem produção de lucros e<br />
crescimento.<br />
De acordo com Lambin 2000 (p. 10), a função do marketing estratégico é<br />
orientar a empresa para as oportunidades existentes ou criar oportunidades<br />
atrativas, isto é, bem adaptadas aos seus recursos e suas vantagens competitivas,<br />
os quais oferecem um potencial de crescimento e rentabilidade.<br />
Para Gracioso (2001, p 27), “uma decisão estratégica é toda aquela que<br />
resulta numa nova maneira de distribuir ou utilizar os recursos básicos da empresa”.<br />
Desta forma, como as necessidades de uma empresa são muitas e como a empresa<br />
cresce em tamanho e complexidade, crescem juntamente as decisões a serem<br />
tomadas e as ações a serem discutidas. Obrigatoriamente será imposto um plano<br />
estratégico que permitirá pôr em perspectiva e avaliar corretamente essas decisões<br />
e ações. (GRACIOSO, 2001)<br />
Para Kotler & Armstrong (1998, p. 35), estratégia de marketing “é a lógica<br />
pela qual a unidade de negócios espera atingir seus objetivos de marketing.<br />
Consiste em estratégias específicas para mercado-alvo, posicionamento, mix de<br />
marketing e níveis de gasto em marketing”. Sendo assim, as estratégias de<br />
marketing devem detalhar os segmentos de mercado que a empresa deve atingir,<br />
esses segmentos se referem às necessidades e os desejos dos consumidores e a<br />
resposta aos objetivos de marketing. A empresa deve focar suas energias nos<br />
segmentos mais vantajosos do ponto de vista da concorrência para desenvolver<br />
estratégias de marketing para cada um desses segmentos devidamente<br />
selecionados. Dentro dessas estratégias devem ser apresentadas também as<br />
estratégias específicas para os elementos de mix de marketing, que são os<br />
produtos, área de vendas, propaganda, promoção de vendas, preços e distribuição.<br />
E também deve ser abordada a explicação de cada estratégia que responde as<br />
ameaças, oportunidades e questões críticas, especificadas no plano de marketing.<br />
(KOTLER & ARMSTRONG, 1998)<br />
O plano de marketing dentro de uma empresa identifica as oportunidades<br />
mais promissoras para ela. Mostra como identificar os mercados desejados, como<br />
penetrar com sucesso e obter as posições desse mercado. O plano de marketing é a<br />
25
ase para que outros planos da empresa estejam montados. Esse processo define<br />
as metas, princípios, procedimentos e métodos que determinam o futuro da<br />
empresa. O planejamento é um processo contínuo e não uma atividade isolada das<br />
demais. Ele também é uma ferramenta de comunicação que integra todos os<br />
elementos do composto mercadológico: produto, marca, embalagem, preço,<br />
assistência ao cliente, vendas, propaganda, merchandising, relações públicas entre<br />
outros. (COBRA, 1992)<br />
Segundo Cobra (1992, p. 83), “a eficácia de uma organização pode ser<br />
medida pela excelência de seu planejamento estratégico e pelos resultados<br />
alcançados”. Isso implica no desenvolvimento de objetivos e formulação de<br />
estratégias de marketing consistentes para uma boa atuação da organização no<br />
mercado.<br />
Segundo Aaker (2003), A gestão estratégica de marketing consiste em<br />
compreender o ambiente mercadológico e, a partir deste, adaptar estrategicamente<br />
empresas, produtos ou serviços, ao mercado consumidor, por meio do<br />
desenvolvimento de estratégias de Marketing eficientes. Envolvem decisões sobre<br />
mercado-alvo, produto, preço, promoção, distribuição, diferenciação e<br />
posicionamento. Existem diversas formas de diferenciação, porém a estratégia de<br />
diferenciação para ter resultado deverá gerar valor ao cliente, fornecer valor<br />
percebido e ser difícil de copiar. Porter (1990), também afirma que é muito comum<br />
que as empresas confundam o conceito de diferenciação com o de qualidade.<br />
Diferente da qualidade que normalmente está associada ao produto final, a<br />
diferenciação procura criar valor para o comprador por toda a cadeia de valores.<br />
Para que uma empresa possa desenvolver meios para a criação de novas formas de<br />
diferenciação ou para identificar o grau de sustentabilidade da diferenciação já<br />
existente, ela deve conhecer os condutores de sua singularidade, ou seja, as razões<br />
pelas quais uma atividade interna ou externa é singular. Segundo Porter (1990),<br />
deve-se observar por uma empresa cada uma de suas áreas de diferenciação para<br />
ver quais condutores a fundamentam.<br />
26
3.3 MARCA<br />
Barnes e Schultz (2001) argumentam que o termo marca, ou brand vem<br />
da palavra norueguesa que significa queimar. Ele foi primeiramente utilizado para<br />
identificar o fabricante ou proprietário do produto ou item. Com o passar do tempo o<br />
termo foi chamado de marcar, como se marca gado, cavalo, ovelha, e outros bens.<br />
Com o comércio em expansão, a marca passou a significar origem ou fonte de<br />
produção, para diferenciar-se dos demais. Hoje em dia, marca é utilizada para<br />
identificar o fabricante ou vendedor de um produto ou serviço. Com o crescimento do<br />
mercado, as marcas passaram a ocupar um lugar de destaque e podem ser<br />
vendidas, franqueadas ou alugadas de acordo com o valor do mercado.<br />
Segundo Jones (2004), signo vem do latim signum, uma marca.<br />
Representa um objeto ou direção. O símbolo vem do latim symbolum e representa<br />
alguma coisa mais e desperta resposta emocional, direcionando seu público. O<br />
símbolo é escolhido para refletir a personalidade e cultura da marca. Todos nós<br />
temos um valor simbólico de algum tipo. A escolha do produto marca ou serviço se<br />
dá por uma série de fatores complexos, alguns racionais, outros não. O consumismo<br />
na nossa sociedade hoje é cada vez maior, os gastos se dão não somente pelo que<br />
se necessita, mas também por impulsos irracionais. O que se quer, será sempre<br />
uma mistura de significados funcionais e emocionais.<br />
Na visão de Tavares (1998), marca é um nome, símbolo ou desenho<br />
diferenciado que atribuem os benefícios que o produto venha a oferecer para seus<br />
consumidores, tendo uma vantagem diferencial sustentável. O beneficio que a<br />
marca pode ofertar é o que diferencia o produto de seus concorrentes. A marca deve<br />
se manter ao longo do tempo, e para se tornar patrimônio, deve ter uma vantagem<br />
estratégica para estar na mente do consumidor.<br />
Segundo o site Portal do Marketing (2008), uma marca, segundo a<br />
definição do AMA (American Marketing Association) é: “um nome, termo, sinal,<br />
símbolo, desenho, ou uma combinação deles. Com o objetivo de identificar bens ou<br />
serviços de um vendedor ou grupo e diferenciá-los da concorrência”. Uma vez que<br />
as marcas residem do ponto de vista de sua significação, na mente dos potencias<br />
27
clientes, seu emprego é praticamente ilimitado. Qualquer item, animado ou não, que<br />
possa diferenciar-se em alguma dimensão, poderá dar origem a uma marca.<br />
Para Holt (2005), uma marca surge quando vários autores contam<br />
histórias a respeito dela. Estão envolvidos nesse caso as empresas, as indústrias,<br />
os intermediários e os consumidores. Uma marca necessita dessa comunicação<br />
para existir de fato. Não basta ter um produto novo, um logotipo de marca registrada,<br />
uma embalagem característica ou traços próprios. Assim sendo, como o produto<br />
ainda não tem uma história para ser contada, esses sinais estão vazios e não têm<br />
significado. Entretanto o que torna uma marca forte é a natureza dessas<br />
percepções, pois as histórias contadas passam a ser tidas por verdades no<br />
consumismo diário.<br />
O interesse do mundo econômico pelas marcas é um fenômeno recente,<br />
apesar das agências de publicidade e os diretores de marketing se esforçarem em<br />
dizer que as marcas eram o capital mais precioso das empresas. (KAPFERER,<br />
2003)<br />
De acordo com Holt (2005), os consumidores dão credibilidade às<br />
histórias de marca, sobretudo por seu valor de identidade. Eles correm para marcas<br />
capazes de retratar os ideais que admiram marcas que ajudem a expressar o que<br />
querem ser. As marcas com maior nível de aprovação tornam-se marcas-ícones.<br />
Para Tavares (1998, p. 75), “identidade de marca é um conjunto único de<br />
características de marca que a empresa vem a criar e manter. É nessas<br />
características que a empresa se orienta para suprir as necessidades dos<br />
consumidores, membros da empresa e da sociedade.” Esse processo inicia-se com<br />
a escolha do nome do produto, que é a primeira fonte de identidade da marca. Essa<br />
identidade deve ser a relação direta entre a marca e o cliente gerando uma<br />
proposição de benefícios e valores funcionais para o produto. Alguns padrões de<br />
valores e costumes envolvem vários aspectos, a estratégia busca direcionar-se nos<br />
diferentes mercados. Em alguns casos a identidade da marca pode funcionar em<br />
todo o mercado, em outras está vinculado a particularidades. O sucesso do produto<br />
está ligado à capacidade de responder as mudanças de acordo com seus<br />
consumidores. A atualização de uma identidade de marca está envolvida, tanto pelo<br />
produto, quanto pelas ações significativas da empresa. A marca mantém-se<br />
28
atualizada às necessidades recentes e renovadas de seu consumidor. (TAVARES,<br />
1998).<br />
Para Chetochine (1999) é cada vez mais complicado diferenciar um<br />
produto do outro, pois nos dias de hoje eles se confundem na diversidade de<br />
concorrentes. No entanto, é necessário buscar um diferencial numa sociedade<br />
cercada pela mídia. Quando os produtos são similares, uma forte campanha de<br />
comunicação deve ser feita para que o consumidor não tenha dúvidas na hora da<br />
compra, atribuindo uma boa imagem do mesmo.<br />
Conforme Kapferer (2003, p. 20):<br />
A marca é, de fato, o ponto de referência de todas as impressões positivas<br />
e negativas formadas pelo comprador ao longo do tempo, quando encontra<br />
com os produtos da marca, sua rede de distribuição, seu pessoal, sua<br />
comunicação. Por outro lado, ao capitalizar todos seus esforços de<br />
marketing em torno de um só nome, este adquire uma aura de<br />
exclusividade.<br />
O valor de uma marca baseia-se em dois componentes inter-relacionados<br />
e multidimensionais: força da marca e sua valorização. A força dela está ligada as<br />
suas atividades mercadológicas. Sua valorização apoia-se nessa força,<br />
correspondendo a sua mensuração financeira. Na força da marca está o que se<br />
pode chamar de valor “fundamental”, que são as variáveis clássicas do marketing: o<br />
produto, preço, embalagem, distribuição e imagem da marca. Na valorização estão<br />
os “valores adicionais”, que são difíceis de definir, por serem intangíveis. (TAVARES,<br />
1998).<br />
Segundo Kapferer (2003), a marca só tem valor na medida em que esse<br />
símbolo atribui a um significado exclusivo, positivo, que se sobressai na mente do<br />
maior número de clientes. Esse valor agregado à marca é de um conjunto de<br />
significados que o cliente pensa quando vê os símbolos associado às<br />
características tangíveis do produto e às satisfações mais imateriais, psicológicas ou<br />
sociais. Esses significados são adquiridos por um investimento continuo da empresa<br />
para manter um nível superior de qualidade. No seu surgimento a marca nada vale.<br />
Com o tempo os investimentos financeiros e humanos, a regularidade da qualidade,<br />
a adaptação às novas expectativas e a proximidade pela comunicação, fazem com<br />
que o símbolo adquira sentido, através de um conjunto de informações duráveis e<br />
difundidas.<br />
29
Para Perez & Bairon (2002, p.57) as marcas têm uma carga cultural e<br />
simbólica, que é a própria razão de seu valor, assim afirma que:<br />
As marcas estão sempre presentes em nossas vidas - das roupas que<br />
usamos à comida que ingerimos; dos brinquedos de nossos filhos às<br />
bebidas que consumimos; de nossos telefones celulares aos nossos carros.<br />
Lemos sobre marca nos jornais e revistas e assistimos a inúmeras<br />
propagandas. Somos fiéis a marcas, e parece que quase tudo pode receber<br />
uma marca, o potencial para marcas, na atualidade, parece limitado. O<br />
mundo das marcas não só expandiu para dominar praticamente tudo o que<br />
pode ser feito, fornecido ou esperado, mas também reinventou relações até<br />
então tradicionais.<br />
A marca é mais do que um produto. É ao mesmo tempo uma entidade<br />
física e perceptual. O aspecto físico de uma marca diz respeito ao produto<br />
propriamente dito, sua embalagem e rotulo. A marca é geralmente estática e finita.<br />
Entretanto, o aspecto percentual de uma marca existe no espaço psicológico, na<br />
mente do consumidor. Sendo assim é dinâmico e maleável. Algumas marcas têm um<br />
nível de diferenciação tão forte que se transformam em metonímia de uma classe de<br />
produtos. Sem marca os produtos não passam de simples mercadorias. A marca<br />
identifica a origem do produto. A marca facilita a compra e reduz o tempo de<br />
decisão. Os consumidores reduzem o tempo de escolha por já possuírem um<br />
posicionamento a respeito da marca. (PEREZ & BAIRON, 2002)<br />
Segundo Cobra (2007, p. 40), “a marca penetra na mente das pessoas e<br />
registra no consciente os valores tangíveis do produto, isto é, seus atributos físicos,<br />
seu “corpo”, por assim dizer e, no inconsciente, os valores intangíveis do produto, ou<br />
seja, sua “alma””.<br />
3.4 ESTRATÉGIA E POSICIONAMENTO DE MARCA<br />
A marca é parte importante de todas as culturas do planeta e também do<br />
mundo dos negócios. As marcas ajudam as pessoas a tomar decisões das menores<br />
às mais importantes. Marcas são idéias, percepções, expectativas e crenças que<br />
estão na mente dos consumidores. Hoje, os consumidores têm maior acesso e<br />
controle sobre a informação a partir da qual criam suas percepções das marcas. As<br />
30
idéias e impressões que o consumidor venha a ter a respeito de uma marca estão<br />
sujeita à competição com idéias concorrentes, que se encontram ao alcance da<br />
percepção desses consumidores. A construção de uma marca vai muito além de<br />
criar consciência de seu nome e das promessas aos clientes. A gestão de marca de<br />
bens e serviços representa uma oportunidade única e afetiva para o estabelecimento<br />
de vantagens duradouras e competitivas. (KOTLER, 2008).<br />
Para kotler (2008, p. 177), “A estratégia de marca é construída a partir do<br />
posicionamento da marca, missão da marca, proposição do valor da marca (e<br />
personalidade), promessa da marca e arquitetura da marca”. Ressalta ainda que as<br />
estratégias criadas para uma determinada marca é sempre baseada no centro da<br />
marca, seus valores e associações.<br />
Segundo Ghemawat (2000), a estratégia de marca e a cadeia de valor<br />
estão interligadas para assegurar uma posição diferenciada, e asseguradas através<br />
de um leque de vantagens competitivas exclusivas, que servem de base para um<br />
posicionamento competitivo de sucesso. A escolha de uma posição estratégica<br />
pressupõe que, para ser defendida, precisa ter um foco constante.<br />
Kapferer (1992, p. 96) define posicionamento como a ênfase nas<br />
características distintivas que fazem uma marca diferente de seus competidores e<br />
atraente para o público. Em outro momento Kapferer (1992, p. 172) diz que<br />
“posicionamento é o ato de relacionar uma faceta de uma marca a um conjunto de<br />
expectativas, necessidades e desejos de consumidores”. Posicionamento é um<br />
conceito crucial, que lembra que as escolhas dos clientes são feitas numa base<br />
comparativa, e um produto só será escolhido se fizer parte claramente de um<br />
processo de seleção.<br />
Aaker (1996, p. 83) descreve posição da marca como “a parcela da<br />
identidade e da proposta de valor da marca que deve ser ativamente comunicada ao<br />
público-alvo e apresenta uma vantagem em relação às marcas concorrentes”. Em<br />
seu modelo, a fase de posicionamento segue à definição da identidade e da<br />
proposta de valor, quando da sua implementação. A pedra angular do programa de<br />
comunicação da marca é o enunciado de posição.<br />
De uma forma objetiva e consistente, Porter (1999) diz que estratégia não<br />
é eficiência operacional; é um posicionamento único, que requer compensações e<br />
31
combina atividades distintas. Para Porter (1999), estratégia competitiva tem a ver<br />
com ser diferente e manter-se com um sistema de valores, gerenciado através de<br />
uma cadeia, que deve ser administrada para que a estratégia escolhida pela<br />
empresa para competir no mercado esteja alicerçada em bases, cujas atividades<br />
sejam diferentes das de seus concorrentes ou de uma maneira diferente, e que<br />
dificilmente consiga ser copiada, pois a sustentação de uma estratégia está apoiada<br />
em um conjunto de vantagens competitivas distintas.<br />
Segundo kotler (2008, p. 119):<br />
Uma história de marca pode ser extremamente poderosa, porque<br />
representa uma grande parte da própria marca. A marca não oferece<br />
apenas inspiração e otimismo, ela igualmente preserva e incentiva seu<br />
legado, com isso motivando clientes, funcionários e demais interessados<br />
diretos nale. A força real de uma boa história de marca reside na mensagem<br />
de profundidade, credibilidade e vigor que proporcionam a todos os<br />
interessados. A história torna mais fácil acreditar na visão e missão<br />
corporativas. Assim sendo a história da marca precisa transmitir um quadro<br />
transparente e relevante de todos os compromissos e objetivos do negócio<br />
que ela representa.<br />
Um dos objetivos utilizados pela marca no Business-to-Business (B2B) é<br />
criar consciência e uma experiência emocional capaz de levar à preferência pela<br />
marca. Os instrumentos de comunicação devem focar na vantagem do produto ou<br />
serviço, e nas necessidades específicas que sua oferta suprir. Os consumidores não<br />
se interessam pelo produto propriamente dito, mas pela solução para os seus<br />
problemas. No B2B, quando se aplica uma estratégia de marca corporativa, o<br />
fundamental é dispor de segmentação e direcionamento eficientes. Uma estratégia<br />
de comunicação, sozinha, raramente dá conta de todos os benefícios para a marca.<br />
(KOTLER, 2008).<br />
Segundo Koltler (2008, p. 120) “um estimulo emocional pode ate mesmo<br />
ser o meio pelo quais os profissionais de marketing venham a obter atenção para a<br />
apresentação de outros valores funcionais da marca”. A comunicação de uma marca<br />
bem sucedida exige estratégias de venda que incorporem valores de marca capazes<br />
de valorizar as preocupações sociais e psicológicas.<br />
Segundo Feldwick (HSM Managemente, 1997), existem diferentes<br />
métodos de aferição do valor líquido de uma marca (brand equity), mas eles<br />
dificilmente chegam a um mesmo número, mas o importante é que as informações<br />
trazidas junto ao valor líquido de uma marca são úteis para as estratégias de<br />
32
marketing. As empresas devem entender que o conceito realmente implica, pois na<br />
verdade, são três conceitos em um. Dessa forma, torna-se necessário que os<br />
executivos saibam classificar sua marca de acordo com estes conceitos que<br />
recebem nomes diferenciados de: preço da marca, força da marca e descrição da<br />
marca.<br />
Para Porter (1999) a empresa precisa planejar a estratégia como um<br />
processo para poder se posicionar. Isto é, focalizar e construir uma posição que lhe<br />
permita entrar com exclusividade na percepção do mercado. Ter uma estratégia é<br />
focalizar um posicionamento, no qual a marca possa liderar a percepção de uma<br />
categoria. Porter (1999) afirma que o posicionamento é a essência da estratégia, e<br />
segundo ele estratégia deve ser, principalmente, descobrir posições em um<br />
determinado mercado onde as forças são mais fracas. O posicionamento deve ser<br />
estabelecido a partir de uma investigação das forças existentes no setor,<br />
procurando-se observar o comportamento da concorrência, da pressão dos<br />
fornecedores, das expectativas dos clientes, das oportunidades e das ameaças<br />
micro e macro-ambientais. Segundo o autor posicionamento e estratégia de marca<br />
se confundem, pois estão ligados como um só.<br />
A marca representa o mais poderoso instrumento de comunicação e<br />
poucas são as organizações que conseguem criar uma identidade de marca para<br />
colocar seus serviços no mercado. Por isso a importância da estratégia de marca e o<br />
seu posicionamento. A estratégia é constituída a partir do posicionamento da marca.<br />
o primeiro ponto a ser analisado no branding efetivo de qualquer oferta é entender<br />
exatamente o que os clientes pretendem dela e a partir daí proporcionar o que os<br />
consumidores estão querendo. A estratégia de branding para uma empresa pode ser<br />
entendida como a disposição do número e natureza dos elementos comuns e<br />
distintivos de marca que ela aplica em todos os níveis da organização. (KOTLER,<br />
2008).<br />
Kolter ( 2008 e p.178) afirma que:<br />
A estratégia de marca é sempre baseada no centro da marca, seus valores<br />
e associações. Os produtos e serviços são parte intrínseca da marca. O<br />
conteúdo e significado dessas dimensões mudam com o passar do tempo, e<br />
são sempre orientados pela administração e sua decisões. A definição do<br />
status atual e das perspectivas futuras são os grandes desafios implícitos<br />
na construção da estratégia de marca. A consistência entre os vários<br />
aspectos da marca e a autenticidade da empresa e as pressões do entorno<br />
do mercado mantêm-se permanentemente desafiando a administração. A<br />
33
necessidade de viabilidade econômica e os investimentos para o valor da<br />
marca devem ser considerados em cada uma das decisões de marketing.<br />
Para Aaker (1996, p. 221), uma identidade de marca e uma posição de<br />
marca bem concebidas e implementadas trazem uma série de vantagens à<br />
organização:<br />
orientam e aperfeiçoam a estratégia de marca;<br />
proporcionam opções de expansão da marca;<br />
melhoram a memorização da marca;<br />
dão significado e concentração para a organização;<br />
geram uma vantagem competitiva;<br />
ocupam uma posição sólida contra a concorrência;<br />
dão propriedade sobre um símbolo de comunicação;<br />
provêm eficiências em termos de custos de execução.<br />
Para kolter (2008, p. 181), “posicionar marcas trata de encontrar o lugar<br />
ideal nas mentes dos consumidores a fim de criar as pretendidas associações”.<br />
Segundo o autor é difícil saber quem são os clientes e onde encontrá-los. Por isso o<br />
posicionamento vem depois de esclarecer e segmentar o mercado-alvo,<br />
simplesmente não é possível posicionar qualquer produto ou serviço sem antes<br />
saber o objetivo em que se está mirando.<br />
Autores como Kapferer (2000, p. 98) e Aaker (1996, p. 84) atentam para<br />
as limitações de alcance do posicionamento na administração de marcas. O<br />
posicionamento não revela toda a riqueza de significados de uma marca nem reflete<br />
todo o seu potencial, não permite a exploração completa da identidade e<br />
singularidade da marca, e muitas vezes deixam a comunicação de marca à mercê<br />
da qualidade do trabalho criativo, pois diz pouco sobre estilo, forma e espírito da<br />
comunicação. A armadilha da posição da marca ocorre quando a busca pela<br />
identidade se restringe ao aspecto do posicionamento, pela necessidade de<br />
proporcionar guias para os programas de comunicação, limitando o trabalho com a<br />
identidade de marca.<br />
Uma marca tem relacionado ao mesmo tempo o signo, palavra, objeto e<br />
conceito. O signo quer dizer que a marca é multiforme e emprega os signos<br />
figurativos. A palavra, o nome da marca. O objeto está relacionado com o produto ou<br />
serviço e o conceito é o significado do signo, ou seja, um sentido. A estratégia de<br />
marca-produto consiste em alocar de maneira exclusiva um nome a um único<br />
produto e a um único posicionamento. A conseqüência dessa estratégia é que cada<br />
34
novo produto lançado tem um nome de marca próprio. E sendo assim as empresas<br />
têm um portfólio de produtos. (AAKER 1996)<br />
3.5 COMUNICAÇÃO<br />
A palavra comunicação vem do latim cummunis que traz a idéia de<br />
comunhão. Comunhão significa, comungar, participar em comum, transmitir,<br />
compartilhar. (PEREZ; BAIRON; 2002).<br />
Comunicação é um campo de conhecimento acadêmico que estuda os<br />
processos de comunicação humana. Também se entende a comunicação como o<br />
intercâmbio de informação entre sujeitos ou objetos. Deste ponto de vista, a<br />
comunicação inclui temas técnicos (por exemplo, a telecomunicação), biológicos<br />
(por exemplo, fisiologia, função e evolução) e sociais (por exemplo, jornalismo,<br />
relações públicas, publicidade, audiovisual e meios de comunicação de massa). A<br />
comunicação humana é um processo que envolve a troca de informações, e utiliza<br />
os sistemas simbólicos como suporte para este fim. Estão envolvidos neste processo<br />
uma infinidade de maneiras de se comunicar: duas pessoas tendo uma conversa<br />
face-a-face, ou através de gestos com as mãos, mensagens enviadas utilizando a<br />
rede global de telecomunicações, a fala, a escrita que permitem interagir com as<br />
outras pessoas e efetuar algum tipo de troca informacional. (www.wikipedia.com.br).<br />
Para Perez e Bairon (2002) a comunicação é algo que aprendemos a<br />
fazer. Aprendemos a nos comunicar e também usamos a comunicação para<br />
aprender como nos comunicar. Para uma comunicação eficiente, é necessário o<br />
conhecimento do processo de comunicação que envolve o meio e a mensagem.<br />
A comunicação é a arma da marca e ela deve necessariamente evoluir.<br />
Segundo Kapferer (2004, p. 150), “ela sozinha desnuda o invisível, revela as<br />
diferenças de fundo escondidas por embalagens freqüentemente parecidas entre<br />
concorrentes, sobretudo quando elas buscam, como as marcas de distribuidor,<br />
precisamente criar um certa confusão. Somente ela mantém a sensibilidade da<br />
marca”.<br />
35
Nos dias de hoje, não basta às empresas oferecerem um produto a um<br />
preço razoável em locais de grande acesso. Cada vez mais, tornou-se necessário<br />
comunicar-se com seus clientes atuais e potenciais e também com seus<br />
fornecedores, colaboradores, entidades de classes, enfim a todos que envolva<br />
interesse. O cuidado de um desenvolvimento eficaz de comunicação abrange dar<br />
conta dos objetivos organizacionais, que sejam suficientemente atrativas em um<br />
montante de informações e socialmente responsáveis e compromeditas com a<br />
verdade, criando uma imagem favorável. Tradicionalmente as empresas comunicam-<br />
se através do chamado composto de comunicação ou composto promocional. O<br />
composto comunicacional envolve a propaganda, merchandising, promoção de<br />
vendas, as relações públicas, a venda pessoal e o marketing direto. (PEREZ;<br />
BAIRON; 2002).<br />
Já na visão de Kotler (1998) no mundo de competitividade as empresas<br />
não devem só desenvolver produtos de acordo com seu mercado potencial, mas<br />
também, informá-los a seus consumidores. O grande desafio enfrentado por<br />
algumas empresas não é saber se comunicar ou não, e sim o que, para quem<br />
comunicar e com que freqüência. As empresas atuais de comunicação, não só<br />
utilizam o composto de comunicação – comunicação de marketing, como também<br />
utilizam o composto de marketing global – são informados aos consumidores os<br />
preços, estilos de produtos e dos vendedores, entre outros. Tudo isto informa algo<br />
ao consumidor (KOTLER, 1998).<br />
Para Perez e Bairon (2002), a gestão do processo de comunicação nos<br />
dias atuais envolve o reconhecimento do valor agregado de um plano que abrange e<br />
avalie todos os papéis estratégicos da comunicação e tudo o que há envolve como<br />
por exemplo propaganda, promoção, marketing entre outros.<br />
De acordo com Lambin (2000, p. 627), a comunicação de marketing<br />
compreende as ações necessárias à comunicação da empresa em direção à seus<br />
diferentes públicos, isto é, mercado-alvo, fornecedores, distribuidores, acionistas e<br />
também a seu próprio pessoal. Para que seja realizado um processo de<br />
comunicação eficiente, é preciso compreender quais os elementos presentes nesse<br />
processo e de que forma atuam. Toda comunicação supõe troca de sinais entre um<br />
emissor e um receptor, assim como um sistema de codificação e decodificação para<br />
permitir exprimir e interpretar mensagens.<br />
36
O processo de comunicação, segundo Philip Kotler, tem 9 variáveis,<br />
conforme ilustrado no quadro abaixo:<br />
Figura 2 – Elementos do processo de comunicação<br />
Fonte: KOTLER; 2000, p.571<br />
O emissor e o receptor representam as partes envolvidas na comunicação<br />
(quem emite e quem recebe a mensagem).<br />
Este modelo enfatiza os principais elementos de uma comunicação eficaz.<br />
O emissor deve conhecer os públicos que deseja atingir e quais reações pretende<br />
gerar. Desta forma, deve codificar a mensagem de uma maneira pela qual o público-<br />
alvo consiga decodificá-la, usando meios eficazes para o alcance deste público e<br />
métodos de feedback para monitoramento das respostas. Caso o receptor não<br />
consiga decodificar a mensagem corretamente, então existe um ruído no sistema de<br />
comunicação. (KOTLER, 2000).<br />
Na visão de cobra (2007, p. 189) ele diz que:<br />
A integração de vários elementos de comunicação cria força motriz em que<br />
o todo é maior do que a soma das partes. A comunicação integrada de<br />
marketing, (conhecida pela sigla CIM) consiste no desenvolvimento e na<br />
implementação de várias formas de programas de comunicação<br />
persuasivos com clientes existentes e potenciais no decorrer do tempo.<br />
Segundo Cobra (2007, p. 188) comunicação em marketing tem um<br />
objetivo claro: “obter destaque e preferência para uma marca na mente do<br />
consumidor e no ponto-de-venda”. Ele afirma ainda que “publicidade é ampliar o<br />
valor de uma marca”<br />
Sant’ Anna (1990), diz que a publicidade é um enorme meio de<br />
comunicação em massa. Sua finalidade deve ser ajustada ao tipo médio que<br />
37
constitui o grupo consumidor visado pelo anunciante. A propaganda serve para<br />
realizar as tarefas de comunicação em massa com economia, velocidade e volume<br />
maiores que os obtidos através de quaisquer outros meios convencionais.<br />
Sant’ Anna (1990, p. 77), diz que “A publicidade é uma das maiores forças<br />
da atualidade, ela impulsiona a economia industrial, o crescimento do comércio,<br />
influenciando a humanidade até em questões políticas e religiosas”.<br />
Segundo Perez e Bairon (2002, p. 43), “A propaganda é toda e qualquer<br />
forma de divulgação de um produto, serviço, marca, empresa ou idéia com o intuito<br />
de informar e persuadir um determinado target, levando-o à ação de adoção,<br />
normalmente por meio da compra”.<br />
Para Gracioso (1998, p.156), a principal função da propaganda “é criar,<br />
reforçar ou mudar atitudes mentais que predisponham o consumidor favoravelmente,<br />
em relação ao produto ou serviço anunciado”. Segundo o autor (p.157), “a<br />
propaganda é um fator importante na criação e manutenção de uma imagem de<br />
marca, por facilitar e tornar mais rápida a penetração, ampliação ou conservação do<br />
mercado”.<br />
Pinheiro (2005) afirma que para uma boa comunicação com o mercado é<br />
necessário que haja alguns elementos fundamentais. Para isso considera-se de uma<br />
lado, o mercado com seus consumidores e, de outro, o produto e seu benefício e<br />
atributos, que irão satisfazer às necessidades básicas desses consumidores.<br />
Kotler (1998), afirma haver cinco modos diferentes de comunicação que<br />
formam o composto promocional, sendo eles a propaganda, promoção de vendas,<br />
relações públicas, venda pessoal e marketing direto. O autor define-os como:<br />
Propaganda: qualquer forma paga de apresentação impessoal e de<br />
promoção de idéias ou serviços por um patrocinador identificado. Promoção<br />
de vendas: incentivos a curto prazo para encorajar a experimentação ou<br />
compra de um produto ou serviço. Relações públicas e publicidade: uma<br />
variedade de programas preparados para promover e/ou proteger a imagem<br />
de uma empresa ou de seus produtos individuais. Venda pessoal: interação<br />
face a face com um ou mais compradores potenciais com o propósito de<br />
fazer apresentações de vendas, responder a dúvidas e tirar pedidos.<br />
Marketing direto: ferramentas de contato impessoal para comunicar ou<br />
solicitar resposta direta de consumidores ativos e potenciais. (KOTLER<br />
1998, p.526)<br />
Segundo Kotler (1998), para desenvolver uma campanha de propaganda,<br />
primeiro deve-se identificar o mercado-alvo e os motivos que levam os consumidores<br />
38
a adquirirem determinado produto. Em seguida são tomadas cinco decisões<br />
principais na elaboração da campanha de propaganda, chamada pelo autor de “os<br />
cinco M’s” que são: missão, moeda/dinheiro, mensagem, mídia, mensuração. Cada<br />
“M” tem como objetivo estabelecer os objetivos da propaganda, definir quanto pode<br />
ser gasto, escolher o que será divulgado, decidir o tipo de veículo de comunicação<br />
mais adequado e avaliar os resultados obtidos, respectivamente. Conforme mostra a<br />
figura a seguir.<br />
Figura 3: Os cinco M’s da propaganda<br />
Fonte: Kotler (1998, p.555).<br />
As metas da propaganda devem estar de acordo com o programa de<br />
marketing da empresa. São estabelecidas de acordo com o posicionamento da<br />
marca, ou produto, em relação ao mercado, e o composto de marketing. Os<br />
objetivos da propaganda são classificados de acordo com sua finalidade, informar,<br />
lembrar ou persuadir (KOTLER, 1998).<br />
Segundo Kotler (1998), a propaganda informativa é utilizada com a<br />
finalidade de informar o consumidor sobre um produto totalmente novo no mercado,<br />
com o objetivo de aumentar a demanda primária. Enquanto a propaganda<br />
persuasiva é empregada em mercados altamente competitivos, apresentando como<br />
objetivo a demanda seletiva a uma marca especifica. Algumas propagandas<br />
persuasivas são classificadas em comparativas, estas procuram estabelecer<br />
39
superioridade comparando-se a outras marcas. E por ultimo, a propaganda de<br />
lembrança, segundo o autor, atua no estágio de maturidade do produto, tem o<br />
propósito de lembrar o consumidor de adquiri-lo e de assegurar que o cliente fez a<br />
escolha certa.<br />
Na visão de Cobra (1992), propaganda informativa além de comunicar um<br />
produto novo ao mercado, também pode avisar novos usos, preços e funções de<br />
determinado produto. Já a propaganda persuasiva, além de estabelecer a<br />
preferência sobre uma determinada marca, incentiva a troca e altera a percepção do<br />
cliente em relação ao produto. Segundo o autor, aconselhar o consumidor que um<br />
produto pode ser necessário no futuro e onde pode ser comprado, são atribuições<br />
da propaganda de lembrança. O principal propósito da propaganda é vender algo,<br />
seja a curto ou longo prazo.<br />
“A publicidade é, sobretudo, um grande meio de comunicação com a<br />
massa. Sua prédica deve ser ajustada ao tipo médio que constitui o grupo<br />
consumidor visado pelo anunciante”. (SANT’ ANNA, 1990, p.78).<br />
Ainda, de acordo com o autor, propaganda é acima de tudo uma técnica<br />
de comunicação de massa paga, com a finalidade de fornecer informação e<br />
provocar ações benéficas para o anunciante, para vender o produto ou serviço. A<br />
propaganda tem progredido muito, estando ligada ao processo industrial. Sem<br />
propaganda, nosso grande mercado de consumo não existiria, mercado esse que é<br />
a base do desenvolvimento da indústria moderna. Porém, a propaganda sozinha,<br />
não é capaz de vender determinada mercadoria, ela ajuda e estimula a venda, mas<br />
fatores como qualidade, apresentação atraente, facilidade na distribuição, condição<br />
de preço também são essenciais, para divulgar ou vender qualquer marca ou<br />
produto, tentando assim, buscar a fidelização por parte do consumidor. (SANT’<br />
ANNA, 1990)<br />
3.6 MODA<br />
Moda é a tendência de consumo da atualidade. A moda é composta de<br />
diversos estilos que podem ter sido influenciados sob diversos aspectos.<br />
40
Acompanha o vestuário e o tempo, que se integra ao simples uso das roupas no dia-<br />
a-dia. É uma forma passageira e facilmente mutável de se comportar e, sobretudo<br />
de se vestir ou pentear. (CRANE, 2006).<br />
A moda é abordada como um fenômeno sociocultural que expressa os<br />
valores da sociedade - usos, hábitos e costumes - em um determinado momento. Já<br />
o estilismo e o design são elementos integrantes do conceito moda, cada qual com<br />
os seus papéis bem definidos. A moda é um sistema que acompanha o vestuário e o<br />
tempo. Moda vem do latim modus, e seu significado é modo. Moda, segundo<br />
Palomino (2002), é muito mais do que roupa, é um sistema que integra o simples<br />
uso das roupas do dia-a-dia a um contexto maior, político, social, sociológico.<br />
(PALOMINO, 2002).<br />
A partir da Renascença, no século XV, começaram a surgir os primeiros<br />
estudos que falavam e descreviam os trajes e suas tendências de criação. Surgiam<br />
também reflexões científicas sobre o vestuário, sua evolução com suas possíveis<br />
causas e contextos. (SANT’ANNA, 2007)<br />
A roupa, na maior parte de sua história, seguiu duas linhas de<br />
desenvolvimento, a do feminino e a do masculino dois tipos contrastantes de<br />
vestimenta. Os acontecimentos históricos refletem a maneira de vestir das pessoas.<br />
As guerras, momentos de prosperidade ou pobreza, influências religiosas, enfim<br />
todas as fases vivenciadas pela humanidade. A análise histórica da moda mostra a<br />
importância que o vestuário assumiu ao longo dos séculos e dos papéis<br />
representados pela moda na cultura e nos valores predominantes em cada<br />
momento. Deve-se ressaltar, inicialmente, os motivos pelos quais a humanidade<br />
adotou o uso de vestimentas e adereços. São três esses motivos: pudor, proteção e<br />
adorno. (LAVER, 1982).<br />
Para Sant’Anna (2007) o teórico Herbet Spencer, 1854 foi o primeiro a<br />
explicar a relação da moda com a estrutura social, afirmando que a moda tem base<br />
nos processos de imitação, fundamentado pelo respeito inspirado naquele que se<br />
imita ou pelo desejo de afirmar que será em igual condição. Essa teoria de imitação<br />
teria começado segundo ele no bojo da sociedade moderna européia e na<br />
constituição de uma classe rica o suficiente para rivalizar com grupos socialmente<br />
mais evidenciados.<br />
41
O sistema de moda seria a própria dinâmica que produziu a modernidade.<br />
Isso surgiu entre os séculos XII e XIV, nos quais um conjunto de concepções de<br />
ordem antropológica, favorecendo seu surgimento. A moda, portanto, mais do que<br />
indicar os gostos que mudam de tempo em tempo, a fim de atender a vontade de<br />
distinção de um grupo social, é um sistema, que constitui a própria sociedade em<br />
que funciona. (SANT’ANNA, 2007).<br />
O perdurar da moda através dos tempos, a sua constante mudança, a<br />
evolução, a associação a cada acontecimento histórico (guerras, revoluções,<br />
desenvolvimentos científicos, decadência dos costumes) diz como é importante a<br />
história da moda para a sociedade. É típico da moda uma constante mudança das<br />
suas estruturas, típico também é de tentar imitar o que já está institucionalizado e<br />
mostrado à população que ainda não teve acesso a esta fase de criação.<br />
(DORFLES, 1979)<br />
A moda como linguagem, é fruto de uma convenção à qual todos se<br />
submetem com o objetivo de comunicar. Os símbolos, para a coerência da<br />
transmissão de mensagens, precisam ser compartilhadas, ter uma significação em<br />
comum para várias pessoas. Baudrillard (1972) considera a circulação, a venda e a<br />
aquisição de bens e de objetos/signos como linguagem e o código, por cujo<br />
intermédio a sociedade se comunica e fala.<br />
A sociedade moderna, ao circular em torno de seu mito da imagem, faz<br />
com que o trajar, entendido como sistema de significação de um caráter simbológico<br />
e como forma de informação, adquira a condição de texto, e torne a interpretá-lo<br />
como a associação de signos. A roupa desassociada de um corpo é apenas um ser<br />
inerte, destituída da vida. Porém, associada a um corpo, ela ganha vitalidade e<br />
torna-se expressão constante. O guarda-roupa de cada pessoa é um ambiente<br />
variado de oferta de signos do mundo moderno. Mas nem todas as peças podem ser<br />
usadas entre si, há regras constituídas socialmente o que exige a competência de<br />
compreendê-las. Em determinados contextos, tal competência é conotada como<br />
elegância. (SANT’ANNA, 2007).<br />
Segundo Miriam Goldenberg (apud COBRA, 2007 p. 16) diz que:<br />
A moda é hoje um dos temas mais fascinantes porque, por meio dela,<br />
podemos analisar inúmeros aspectos de uma cultura. Não é só um<br />
mercado, não é só a questão do consumo que interessa. A moda deixou de<br />
ser vista como uma bobagem das mulheres fúteis para ser reconhecida<br />
42
como um importante fenômeno social. Importa como um objeto de<br />
reconhecimento para os seus consumidores.<br />
Barnard (2003) afirma que moda e indumentária são meios de<br />
comunicação e como tal argumenta que a moda e a indumentária, são fenômenos<br />
culturais no sentido de que a cultura pode ser ela própria entendida como um<br />
sistema de significados, como as formas pelas quais as experiências, os valores e<br />
as crenças de uma sociedade se comunicam através de atividades, artefatos e<br />
instituições. Segundo o autor, a função unificadora da moda e da indumentária pode<br />
servir para comunicar a afiliação de um grupo social, tanto para aqueles que são<br />
seus membros como para aqueles que não o são. Além disso, a aquisição e o uso<br />
de roupas novas é uma forma, cada vez mais bem documentada, pelas quais<br />
algumas pessoas tentam alterar o seu humor. Um número crescente de pessoas se<br />
tornou “viciada” nos sentimentos que experimentam ao usar uma coisa nova - há<br />
inclusive prazer por apresentar uma aparência diferente ao mundo. Indumentária e<br />
moda são freqüentemente usadas para indicar importância ou status, e as pessoas<br />
emitem comumente julgamentos a respeito da importância e do status das outras<br />
com base no que estão vestindo.<br />
Moda e indumentária também podem ser usadas para indicar ou definir os<br />
papéis sociais que as pessoas têm. Elas podem ser tomadas como sinais de que<br />
uma certa pessoa exerce um determinado papel e por essa razão espera-se dela<br />
que se comporte de uma maneira específica. Os diversos trajes e os diferentes tipos<br />
de roupa usados por pessoas diferentes permitem que se efetue mais suavemente<br />
uma interação social que de outra forma não teria lugar. (BARNARD, 2003)<br />
A moda e a indumentária podem também refletir o tipo de organização<br />
econômica em que uma pessoa vive assim como o seu status no interior daquela<br />
economia. A indumentária, além de ser capaz de fornecer alguma idéia do gênero<br />
de serviços que se esperam das pessoas, ela pode indicar que tipo de profissão elas<br />
têm. Moda e indumentária podem sugerir em que nível as pessoas operam ou<br />
trabalham numa economia. Um exemplo é a bem conhecida descrição das pessoas<br />
e suas profissões como sendo de colarinho-branco. Entretanto, uma observação<br />
interessante que deve ser feita é que para a mulher, a moda e o vestuário ainda<br />
tendem a não indicar o seu status profissional e econômico, ao contrário do homem,<br />
que tem sua vestimenta muito mais facilmente associada a uma função econômica<br />
ou profissional. Uma das razões para tanto é que as expectativas do século XIX, de<br />
43
que a mulher deveria representar um papel mais decorativo e satisfazer-se mais com<br />
a aparência pessoal do que o homem persistiu pelo século XX. (BARNARD, 2003)<br />
Além de apontar as diferentes idéias que a moda pode comunicar,<br />
Barnard (2003) avalia o seu significado, indicando possíveis candidatos que podem<br />
ser considerados como fonte deste significado. O estilista (e, por conseguinte, sua<br />
marca de roupas), é tido como o candidato mais óbvio e plausível. O autor afirma<br />
que o significado é, entre outros fatores, um produto das intenções do estilista,<br />
quando intenções são definidas como pensamentos, sentimentos, crenças e desejos<br />
de uma pessoa no que concerne ao mundo e ao que nele se insere. Assim, esses<br />
pensamentos, sentimentos, crenças e desejos que o estilista tem são de alguma<br />
forma expressos ou refletidos na roupa que produz. Entretanto, o significado da<br />
roupa não pode ser resumido às intenções do estilista, uma vez que tal significado<br />
pode receber interpretações diferentes por parte de quem usa a roupa, de quem vê<br />
a roupa, etc. Isso porque as pessoas são capacitadas a apropriarem-se desses<br />
significados e adaptá-los às suas próprias intenções. Além disso, o significado de<br />
uma roupa pode mudar, com efeito, no tempo e conforme o lugar. O significado da<br />
roupa, porém, é também inerente a ela. Isto é, outra fonte em potencial para o<br />
significado de uma peça de roupa é ela mesma. Mas da mesma forma que o seu<br />
possível significado externo (advindo do estilista ou de quem veste ou vê a peça), o<br />
significado inerente à roupa não é único e imutável, já que ele também pode mudar<br />
conforme o lugar ou o tempo.<br />
Segundo Cobra (2007, p. 19), “a globalização dos mercados na indústria<br />
da moda tem como principais protagonistas os estilistas, os designers e os<br />
varejistas. Mas é na tecnologia que o profissional de negócio da moda se apóia,<br />
buscando tornar obsoletos os produtos de hoje e estimular o consumo das<br />
novidades”.<br />
Para Cobra (2007) a moda num ambiente influenciado pela mídia em<br />
massa, torna os consumidores dependentes da mesma. A moda estandardiza e, ao<br />
mesmo tempo, diferencia, valoriza, enriquece o ego do consumidor. Influi em<br />
comportamentos e é influenciada por elas. O negócio da moda implica nas áreas de<br />
criatividade, produção, administração e marketing. Para fascinar e emocionar seu<br />
público são utilizados os meios de comunicação e estudos desde a psicologia a<br />
sociologia. Tudo para melhor agradar as pessoas.<br />
44
3.6.1 Marketing na Moda<br />
A moda é, sobretudo, um negócio, que acompanha a tendência da<br />
economia, dos estilos de vida das pessoas, seus comportamentos e principalmente,<br />
seus desejos. O que acontece na Europa, na Ásia, na América não são fenômenos<br />
isolados; a comunicação acaba transmitindo essas tendências para outros lugares.<br />
Os acontecimentos influem na cadeia produtiva dos negócios da moda que acabam<br />
criando uma necessidade de consumo. (COBRA, 2007)<br />
Segundo Cobra (2007 p. 26), a moda exerce num curto prazo um fascínio<br />
muito forte para tentar atrair o maior numero possível de consumidores à compra<br />
como forma de suprir rapidamente suas necessidades e seus desejos. Como o ciclo<br />
de moda é curto, os produtos de moda precisam agilizar esforços para maximizar as<br />
vendas em um curto prazo. Sendo assim, fazer marketing para produtos da moda é<br />
uma maneira de administrar a demanda de mercado e, sempre que possível, ir,<br />
além, buscando encantar seduzir e persuadir as pessoas. É fato que as pessoas não<br />
compram somente para atender a suas necessidades básicas. Elas procuram<br />
também satisfazer desejos explícitos, conscientes, ou mesmo desejos ocultos, que<br />
se localizam em seu inconsciente.<br />
O marketing na moda deve identificar as necessidades e os desejos do<br />
cliente e desenvolver produtos cujo design e características signifiquem uma<br />
evolução. Isso implica em criar o produto certo, comunicá-lo ao cliente, levá-lo até o<br />
comprador ou usuário por meio de canais de distribuição adequados que lhe<br />
ofereçam o máximo de conveniências possível, tudo isso com o menor custo.<br />
(COBRA, 2007)<br />
A moda é um negócio de posicionamento. Conquistar a mente e o<br />
coração do consumidor é apenas uma parte do processo, pois o posicionamento<br />
depende ainda da repercussão entre mídia especializada em moda e da aceitação<br />
do varejo em geral. A estratégia de posicionamento de artigos de moda tem a ver<br />
com a configuração de uma identidade da marca. Com os símbolos e códigos que<br />
ela representa para o consumidor inserido no contexto da moda. O elemento mais<br />
importante na estratégia competitiva é gerar uma diferenciação duradoura e<br />
45
sustentável da empresa em relação a seus concorrentes. O posicionamento não é<br />
feito no mercado, mas na mente do consumidor.<br />
Segundo Kapferer (2003) “a marca encapsula em seu nome e símbolo<br />
toda “boa vontade” criada pelas experiências positivas dos clientes com a<br />
organização, seus produtos, seus canais, suas lojas, sua comunicação e suas<br />
pessoas”. Sendo assim o posicionamento de uma marca de produto depende do<br />
reconhecimento de seu valor para o consumidor.<br />
A técnica de segmentação de mercado requer uma completa afinidade do<br />
profissional de marketing com os diversos púbicos consumidores. A moda<br />
pressupõe um projeto de segmentação que leve em conta o tipo de público-alvo. De<br />
maneira ampla, segmentar significa mais do que repartir o mercado em partes<br />
menores, agrupar compradores e possíveis compradores em segmentos<br />
homogêneos. O produto de moda tem valor na medida em que proporciona<br />
satisfação ao cliente. O cliente satisfeito tende a ser leal. E a lealdade é o melhor<br />
meio de obter lucratividade em vendas. (Kapferer, 2003)<br />
A marca nos negócios da moda e do vestuário precisa ter um diferencial<br />
na sua estrutura para atrair o consumidor. Acima de tudo a marca nesse caso deve<br />
ser lembrada e amada, deve, portanto conquistar o coração do consumidor. Para<br />
isso, ela deve ter três princípios fundamentais, são eles: valor de marca, força de<br />
marca e imagem de marca. Essas três forças caminham em sentido único, buscando<br />
tornar a marca diferenciada no mercado. Quanto mais o consumidor percebe a<br />
importância da marca, mais ele se identifica com ela. A marca é a chave estratégica<br />
da roupa e dos demais produtos de moda. Para posicionar uma marca no mercado é<br />
preciso investir em comunicação e marketing ao longo do tempo. (COBRA, 2007)<br />
O ciclo de vida dos produtos de moda implica muito para a formação de<br />
estratégias de marketing. Esse ciclo é o mesmo de qualquer outro produto<br />
começando pela introdução, crescimento, desenvolvimento, maturidade e declínio.<br />
No caso de um produto de moda, o ciclo de vida é um importante indicador,<br />
principalmente à alocação de recursos para desenvolver o mercado. Cada categoria<br />
de produto deve se referir a um tipo de mercado consumidor. (COBRA, 2007)<br />
Para cada situação de mercado a moda tem uma estratégia de marketing<br />
para ser adotada. São elas:<br />
46
a) Pioneira: é necessário investimentos em pesquisa e desenvolvimento<br />
de novos modelos ou coleções, além de investir em pesquisa de<br />
mercado, analisando os desejos de seus consumidores.<br />
b) Segue os líderes: nesse caso a empresa espera para ver. Não realiza<br />
elevados investimentos de novos produtos ou coleções, espera para<br />
copiar da empresa líder. Sendo assim é importante investir em<br />
marketing e ser ágil, usando velocidade máxima.<br />
c) Segmentadora: atua somente em alguns segmentos é denominada.<br />
Entra na fase tardia de crescimento, utilizando produtos diferenciados.<br />
Investe em design e engenharia.<br />
d) Mee-too: (“eu também”) se posiciona no mercado quando o produto de<br />
moda está na maturidade. Não precisando realizar investimentos em<br />
pesquisa e desenvolvimento, compete agressivamente em marketing e<br />
utiliza a promoção de vendas e preços.<br />
Segundo Cobra (2007, p. 36) “para uma boa gestão do produto de moda,<br />
é preciso saber alongar e encurtar seu ciclo de vida em função dos objetivos de<br />
mercado. Além disso, o produto precisa estar apoiado em uma boa estrutura<br />
organizacional, sustentada por estratégias consistentes de comunicação e<br />
marketing”.<br />
3.7 CONSUMIDOR<br />
O consumidor nos últimos anos tem se tornado o alvo principal de<br />
qualquer empresa que realmente esteja preocupada com o seu sucesso<br />
empresarial. Já é de consciência geral, que o consumidor é a base de qualquer<br />
organização que tenha fins lucrativos. Pois, se a preocupação for direcionada<br />
somente para a qualidade do produto, a empresa poderá ficar sem o maior<br />
patrimônio que são seus clientes. Constantemente as empresas buscam novos<br />
consumidores, na busca contínua de fidelizá-los. (COBRA, 2007)<br />
“Ser um consumidor é fazer escolha do que comprar, de como pagar e<br />
gerir o seu dinheiro sem qualquer interferência institucional ou de terceiros”<br />
(BARBOSA, 2004, p.34).<br />
47
De acordo com Karsaklian (2000), o consumidor é parte de todos os seres<br />
humanos. Ele é dotado de personalidade, o que o faz optar por determinado produto<br />
e descartar outro, e possui diferentes percepções em relação às propagandas, tendo<br />
afeição ou descontentamento, desenvolvendo atitudes positivas ou contrárias, em<br />
relação às coisas que o cerca.<br />
Ainda sob o ponto de vista de Karsaklian (2000), a compra tem como<br />
ponto de partida a motivação, esta conduz o indivíduo à identificação de uma<br />
necessidade, que se transforma em desejo. O consumidor, com base nos desejos,<br />
compra produtos de acordo com sua preferência. De acordo com este ponto de vista<br />
é que as empresas desenvolvem seus programas de comunicação, visando atingir<br />
apenas os seus consumidores-alvos, ou seja, aqueles que possuem atitudes<br />
positivas em relação ao produto, ou tentam transformar as percepções negativas em<br />
positivas, tornando maior sua participação no mercado.<br />
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Gade (1998, p. 01) caracteriza o<br />
comportamento do consumidor como “atividades físicas, mentais e emocionais<br />
realizadas na seleção, compra e uso de produtos e serviços para satisfação de suas<br />
necessidades e desejos”. Segundo a autora, o comportamento de compra do<br />
consumidor é influenciado por quatro fatores.<br />
Para que as empresas tenham sucesso no mercado competitivo de hoje,<br />
elas devem concentrar-se no cliente e tentar persuadir possíveis clientes dos<br />
concorrentes, oferecendo-lhes mais valor. A fim de satisfazer os consumidores, a<br />
empresa deve tomar conhecimento de suas necessidades e desejos, portanto, um<br />
mercado sólido requer uma cuidadosa análise dos consumidores. Coma há um<br />
grande número de diferentes consumidores, é sabido que as empresas não<br />
conseguem atender a todos os desejos e necessidades de todos os segmentos de<br />
consumidores, pelo menos não da mesma forma. Portanto cada empresa deve<br />
dividir o mercado total, escolher os melhores segmentos e planejar estratégias para<br />
melhor servir seus consumidores de tal maneira que a concorrência não possa fazer<br />
melhor. (KOTLER, ARMSTRONG, 1998)<br />
Hoje em dia o consumidor tem muitas opções de compra. Quase todas as<br />
grandes empresas pesquisam detalhes sobre o seu público-alvo. Os profissionais de<br />
marketing estudam sobre o comportamento de compra dos consumidores para<br />
saberem o que eles compram, onde e como. Mas saber os porquês do<br />
48
comportamento de compra dos consumidores não é tarefa fácil. A resposta está<br />
dentro da cabeça de cada pessoa. A questão é como os consumidores respondem<br />
aos vários esforços de marketing usados pela empresa. A empresa que consegue<br />
compreender como os consumidores respondem a determinadas características,<br />
preços e apelos de propaganda tem uma grande vantagem sobre seus<br />
concorrentes. O que determina essa atividade é o modelo de estímulo-resposta do<br />
comportamento do consumidor. O marketing atinge o inconsciente do consumidor<br />
estimulando as respostas certas, cabendo aos profissionais de marketing descobrir e<br />
filtrar essas informações. (KOTLER & ARMSTRONG, 1998)<br />
Os fatores culturais exercem uma ampla influência no comportamento do<br />
consumidor. É a causa mais determinante dos desejos e do comportamento das<br />
pessoas. “Ao crescer em uma determinada cidade, a criança aprende valores<br />
básicos, percepções, desejos e comportamentos da família e outras importantes<br />
instituições”. (KOTLER & ARMSTRONG, 1998, p. 97). Todo grupo ou sociedade tem<br />
sua cultura, e as influências culturais sobre o comportamento de compra do<br />
consumidor podem variar muito de cada região, por isso o marketing que não se<br />
adaptar a essas diferenças não trará resultados eficazes ou cometerá erros<br />
embaraçosos. (KOTLER & ARMSTRONG, 1998).<br />
Os fatores sociais também influenciam no comportamento do consumidor,<br />
como os grupos a que pertence ou pretende pertencer, como família, papéis sociais<br />
e status. Como também a classe social é uma determinante para a influência do<br />
consumidor. Ela é determinada por uma combinação de ocupação, renda, educação,<br />
riqueza e outras variáveis. Em geral são vários os fatores que acabam influenciando<br />
o comportamento de compra do consumidor, dificultando o trabalho dos profissionais<br />
de marketing e do bom andamento da empresa. (KOTLER & ARMSTRONG, 1998).<br />
49
4 ESTUDO DE CASO – COLCCI<br />
4.1 INDÚSTRIA TÊXTIL<br />
Em meados da década de 90 grandes modificações aconteceram nas<br />
empresas do setor têxtil do Vale do Itajaí. Uma forte crise desestruturou a economia<br />
brasileira, consequentemente as empresas têxteis. A entrada de produtos asiáticos,<br />
sem fiscalização e uma boa parte contrabandeada, com baixos preços, passou a<br />
forçar as indústrias brasileiras a baixarem seus preços para uma competição mais<br />
equilibrada. Na época, as indústrias têxteis tinham como seus principais produtos<br />
roupas “básicas” como a maioria das indústrias produzia na época, as peças eram<br />
feitas em escala de produção, e tinham um custo por terem boa qualidade. Com a<br />
entrada dos produtos asiáticos, que também eram roupas básicas, e na sua maioria<br />
de baixa qualidade, comparado com as peças daqui, a competitividade tornou-se<br />
inacessível, pois os consumidores, principalmente de baixa renda, preferiam<br />
comprar pelo menor preço e não pela boa qualidade. Como o Real, na época,<br />
estava sobrevalorizado, a exportação também ficou inviável. A crise dos anos 90 foi<br />
a mais agressiva já enfrentada no setor.<br />
Com toda essa crise acontecendo, as empresas precisavam de uma<br />
maneira de superar as dificuldades. A solução encontrada para manter o setor em<br />
funcionamento, foi a reestruturação de segmento para competir com o mercado da<br />
moda. O produto foi modificado para concorrer com as griffes, com qualidade igual<br />
ou superior. O que mudou foi à criação de peças modernas, diferentes, inovadoras,<br />
seguindo as tendências de moda. Mas para acontecer essa mudança no setor,<br />
foram necessárias novas técnicas de produção, necessidade de equipamentos e<br />
mão-de-obra especializada para um número excessivamente grande de operações.<br />
Buscava-se agregar valor de marca para os produtos que passaram a ser<br />
produzidos em escalas variadas deixando de lado o conceito básico. Com um novo<br />
direcionamento do produto a crise foi contornada. Esse processo de<br />
reposicionamento é bem visível no ano de 1999, quando a economia brasileira<br />
estava passando por um regime de câmbio, com ajustes fiscais.<br />
50
Esse foi o caso da várias empresas que deixou de ser básico para virar<br />
fashion e investir no conceito que deu certo e garantiu a sobrevivência na crise dos<br />
anos 90. Assim como a Colcci outras empresas como a Hering, também mudaram<br />
de posicionamento deixando de ser básicas para seguir as tendências da moda.<br />
Tudo isso precisou acorrer para que elas se mantivessem no mercado.<br />
4.2 ENTREVISTA<br />
No dia 20 de maio de 2008 foi enviado um questionário para o<br />
responsável pela imagem de marca da Colcci Daniel Mafra para o qual obteve-se<br />
resposta no dia 28 de maio contendo informações da marca.<br />
Segundo Daniel a Colcci nasceu em Brusque, Santa Catarina, em 1986,<br />
desde então começou a divulgar sua marca. Em pouco tempo se transformou na<br />
maior rede de franquias de moda do país, com mais de 200 lojas no Brasil e no<br />
exterior. O nome Colcci virou sinônimo de moda jovem com atitude. Além de muito<br />
trabalho, a Colcci cresceu graças à percepção de mercado, detectou a enorme<br />
carência de opções, sentida pelo público jovem, e decidiu aproveitar esse<br />
inesgotável potencial de consumo. Até o surgimento da Colcci, o público jovem não<br />
tinha muita escolha. Era obrigado a consumir marcas caríssimas ou optar por uma<br />
moda que não tinha muito a ver com a sua personalidade. A roupa Colcci traduziu o<br />
desejo e o jeito de ser de toda uma geração. Daí para frente à Colcci passou a se<br />
esforçar mais e mais para atender a demanda, sempre crescente, e iniciou um<br />
processo de seleção cuidadoso de candidatos à sua franquia. Já plenamente<br />
consolidada, a Colcci segue em seus planos de expansão.<br />
A marca Colcci começou a ocupar seu espaço no mercado da moda<br />
nacional com mais força e com um novo posicionamento de marca em 2000, quando<br />
a marca foi adquirida pelo grupo Menegotti que iniciou uma nova gestão<br />
administrativa e comercial dando outro direcionamento ao produto e a imagem<br />
visando um novo mercado. O Grupo Menegotti investiu na marca, reformulou a<br />
fachada de lojas e reforçou a imagem moderna da Colcci. Depois do sucesso no<br />
mercado interno, a marca passou a investir no exterior. Sob a direção da AMC Têxtil,<br />
51
a modelo Gisele Bündchen estrela com exclusividade as campanhas internacionais<br />
Colcci desde 2005. Seu desfile no Fashion Rio é um dos mais concorridos.<br />
Atualmente, a Colcci é vendida em 12 países, incluindo os mercados australiano,<br />
japonês, árabe e da América Central.<br />
O posicionamento da marca se dá com os produtos que seduzem pelo<br />
estilo arrojado e singular. A roupa acompanha o ritmo de vida dos jovens mais<br />
ousados dos grandes centros urbanos. A Colcci consegue traduzir para a roupa um<br />
estilo jovem e único, característica de quem exibe muita personalidade. As peças<br />
são fabricadas com o que há de mais moderno em tecnologia na área de confecção.<br />
A qualidade e a competitividade estão presentes em todas as etapas da produção.<br />
Segundo o entrevistado as estratégias e a valorização da marca e o seu<br />
posicionamento ocorrem desde as primeiras imagens e conceitos das coleções que<br />
surgem na área de criação. É o espaço reservado para o trabalho dos estilistas,<br />
onde nasce a criatividade. Os desenhos ganham forma nas mãos das modelistas,<br />
que na prática confeccionam a primeira peça. É uma fase de vários testes, até que a<br />
roupa fique perfeita, só então ela é encaminhada à produção. Para garantir ajustes<br />
exatos e um excelente caimento, as peças são provadas por uma modelo,<br />
contratada só para isso. É uma etapa de trabalho completamente artesanal, o que<br />
revela a preocupação da Colcci com a qualidade de todos os produtos. Além disso,<br />
todo investimento em marketing, no ponto de venda e na distribuição, fizeram com<br />
que a marca se tornasse cada vez mais valorizada.<br />
Revistas como COLCCI, CONTIGO, KEY, CARAS, ELLE, PLAYBOY,<br />
QUEM, TRIP, VOGUE, L'OFFICIEL, rádio, TV e eventos são os meios de<br />
comunicação escolhidos para a divulgação das propagandas da marca Colcci.<br />
Em pesquisa feita pelo site de marketing<br />
(www.oportunidademarketing.blogspot.com) apresenta-se o case que analisa o<br />
caminho da marca Colcci publicado em 17 de abril de 2008 por André Cauduro<br />
D’Angelo. Por se tratar de uma visão de marketing é interessante classificar no texto<br />
que até meados dos anos 90 a Colcci era uma rede de lojas de roupas básicas<br />
como moletons e agasalhos acessíveis para adolescentes. As peças não tinham<br />
grandes diferenciais em termos de design ou qualidade. Brigas entre os sócios e má<br />
administração levaram ao declínio da marca no mercado.<br />
52
Quando a marca voltou ao mercado, para romper com o passado, a<br />
Colcci desistiu do negócio “básico e barato” de moletons e agasalhos e com uma<br />
logo ultrapassada, e apostou no apelo fashion, no diferencial, contratou novos<br />
estilistas e passou a ter produtos esteticamente mais ousados. Para marcar posição<br />
como grife no cenário da moda, e não mais de roupas básicas, passou a fazer parte<br />
da Fashion Rio. Suas lojas foram remodeladas; design e layout começaram a se<br />
parecer mais com o de lojas tradicionalmente fashion, como Forum, Ellus e Zoomp.<br />
André Cauduro, crítico em marketing, afirma em sua entrevista que moda<br />
é um efeito manada que só se concretiza se nascer bem aceito junto a formadores<br />
de opinião. Para isso é necessário uma imagem forte em termos de prestígio e<br />
visibilidade para estrelar uma campanha, que no caso da Colcci contatou Gisele<br />
Bündchen. Gisele conferiu não só a legitimidade que a Colcci precisava para<br />
penetrar no mundo fashion, como também atraiu os olhares para uma marca há<br />
tempos em baixa no mercado e que precisava ser relembrada com um novo<br />
conceito.<br />
O surgimento de um interesse maior dos brasileiros por moda, expresso<br />
em desfiles, revistas e programas de TV, constituiu o pano de fundo ideal no qual as<br />
ações da Colcci tomaram forma.<br />
André Canduro, ainda em sua entrevista, questiona se o case da Colcci é<br />
mesmo de reposicionamento ou de um mero relançamento de marca. Mas como<br />
permanecia, entre os consumidores, a imagem da Colcci de anos antes, mas com<br />
conceitos diferentes, tornou-se inevitável enxergar seu retorno ao mercado como<br />
uma mudança de segmento.<br />
Ainda que o case da Colcci pareça de interesse exclusivo do Marketing,<br />
suas características permitem que sejam questionadas em outras áreas. Jean<br />
Baudrillard, filósofo francês dizia que a sociedade de consumo é a “sociedade do<br />
signo”; uma sociedade na qual não se consomem mercadorias de valor utilitário, e<br />
sim aquilo que elas representam: liberdade, sensualidade, poder econômico. O case<br />
da Colcci é menos propício para esse tipo de análise, já que, ao menos, envolveu<br />
mudanças substanciais no produto. Mesmo assim, também serve de depoimento<br />
vivo sobre a importância da imagem nos tempos atuais: Gisele Bündchen funcionou<br />
como uma garantia pública da transformação pela qual a marca passou. No case da<br />
Colcci notasse que para ter um reposicionamento desse tipo é necessário, primeiro,<br />
53
omper com o passado, para apagar os vestígios da velha imagem na mente dos<br />
consumidores.<br />
Depois, legitimar o novo posicionamento perante o target, tarefa na qual o<br />
auxílio das celebridades pode ser importante, é que exista aderência de formadores<br />
de opinião. E por ultimo convém manter sempre uma sintonia com o espírito do<br />
tempo, para que todo o processo seja feito no mesmo sentido da correnteza, e não<br />
no seu oposto.<br />
Para que isso funcione é necessário que a comunicação esteja voltada<br />
para o mix de marketing definido como um conjunto de ferramentas táticas e<br />
controláveis que a empresa utiliza para produzir a resposta que deseja no mercado-<br />
alvo. Sendo assim a organização conseguirá expandir a marca, persuadindo seu<br />
público-alvo. É necessário investir na mudança do produto, no preço, nos pontos de<br />
distribuição e nas promoções direcionadas a marca.<br />
Numa entrevista cedida para o site revista e estilo da editora abril, a<br />
fundadora da marca Colcci, Lilá Colzani num acerto de contas com o passado<br />
retrata o início da história da marca dizendo que aos 40 anos, voltou a ter o mesmo<br />
prazer com o trabalho que tinha aos 20 anos, quando criou a Colcci, em Brusque,<br />
interior de Santa Catarina. "Na época queria fazer roupas transadas. Mesmo sem<br />
experiência, consegui uma boa clientela", conta. Registrou o nome em 1986 e, um<br />
ano depois, durante uma feira têxtil, foi procurada por empresários interessados em<br />
abrir franquias. Nos anos 90 já tinha mais de 100 lojas franqueadas para as quais<br />
fornecia jeanswear e malharia. "Era o que o momento pedia, mas eu sentia falta de<br />
algo diferente", diz. Há seis anos recebeu uma proposta para vender a empresa para<br />
o grupo AMC, com a condição de que permanecesse como estilista. "A marca<br />
reencontrou sua vocação fashion e eu pude exercitar meu lado criativo", afirma. Com<br />
o sucesso no mercado interno, chegou o momento de mirar o exterior. A presença<br />
de celebridades, como Paris Hilton e Liz Jagger, em seus desfiles foi o primeiro<br />
passo nessa direção. Agora é a vez de Gisele Bündchen, estrela da grife para<br />
consolidar o movimento. "Gi é nossa fã desde a adolescência. Quando veio para<br />
São Paulo, usava um jeans Colcci para impressionar nos testes. Achava que, além<br />
de vestir bem, ele lhe dava sorte", diz Lila. A escala seguinte da jornada é a<br />
presença da marca na Semana de Moda de Nova York, em setembro. "Tenho que<br />
fazer o melhor desfile da minha vida", afirma. "Desta vez vou levar um lencinho no<br />
54
olso." Esta entrevista foi dada em 2007 quando a ex-proprietária e estilista<br />
desligou-se de vez da marca.<br />
“O estilo da grife e seu perfil agrada mulheres de espírito jovem e que<br />
gostam de acompanhar as tendências em todos os movimentos artísticos, como<br />
moda, música e cinema”. Diz Lilá no fim de sua entrevista.<br />
4.3 ANÁLISE DE COMUNICAÇÃO DA MARCA COLCCI<br />
Primeira Etapa<br />
Nas propagandas de revistas analisadas, percebesse o crescimento que<br />
a marca teve com o passar do tempo. Nas primeiras propagandas a marca utilizava<br />
uma logo que era um “bichicho” amarelo e orelhudo chamado de “digby” ilustrado<br />
abaixo.<br />
Figura 4 – Logotipo Digby<br />
Nessa época a Colcci era uma loja de estilo básico para adolescentes e<br />
pré-adolescentes e sua principal característica explorada nas propagandas<br />
analisadas no período de 1993 à 1995 eram as paisagens jovens, o estilo despojado<br />
mas com pouca personalidade, muita cor e em algumas propagandas muita<br />
informação, slogan que remetiam simplicidade como por exemplo “vestindo a vida<br />
com mais cor”, as propagandas também seguiam certos padrões da época. Esse era<br />
o conceito da época, o básico, o confortável, pode-se notar esse conceito pela<br />
própria comunicação, propagandas voltadas para o segmento do básico. Como<br />
55
percebe-se nas ilustrações abaixo Essas propagandas foram encontradas nas<br />
revistas capricho onde anunciavam a marca, revista essa em que não anunciam<br />
mais.<br />
Junho 1995<br />
Julho de 1993 junho 1994<br />
Figura 5 - Anúncios Revistas Capricho<br />
Segunda Etapa<br />
Com o inicio de uma nova gestão administrativa e comercial em 2000 à<br />
marca passa a ter uma nova comunicação, dando outro direcionamento ao produto e<br />
a imagem visando um novo mercado. Ao analisar propagandas desta época,<br />
percebe-se um novo conceito apresentado. Um ar mais moderno, mais sofisticado,<br />
foi dado às propagandas. Apesar da marca não utilizar muitos slogans no decorrer<br />
de sua história pelo que pode-se analisar, alguns deles foram peça fundamental<br />
para a marca mostrasse a mudança que estava acontecendo com clareza das<br />
palavras e não somente com fotos. Isso aconteceu na campanha de verão de 2002<br />
com um slogan que dizia “remix” de conceitos. Uma nova coleção. O vintage é<br />
56
agora. “O verão é Colcci”. Utilizados para reposicionar a marca, remetia uma<br />
personalidade forte e um novo conceito, mesmo diferente do conceito atual.<br />
2001 2002 2003<br />
Figura 6 – Anúncios revistas<br />
Isso aconteceu também, porque a moda caminhou em uma direção onde<br />
havia mais liberdade, onde a moda cada vez mais, apostava na personalidade na<br />
roupa, em função dessa possibilidade, mais abertura no consumo. Nas revistas onde<br />
a marca divulga suas criações podem-se ver os detalhes em cada anuncio<br />
veiculado. O cenário não é o mesmo o conceito básico, nessa etapa, começa a ser<br />
deixado de lado, buscando um novo estilo de roupas ainda discreto, mas com mais<br />
personalidade já caminhando para o arrojado. Suas campanhas mais ousadas e<br />
fashion, com modelos jovens com mais personalidade buscavam transmitir esse<br />
começo de mudanças. Um elemento que se confirma com a mudança do logo da<br />
marca a partir da nova administração em 2000.<br />
Terceira etapa<br />
A nova forma de comunicar, e as estratégias aplicadas para prospectar a<br />
marca, segmentaram também suas coleções. Cada estação ganhou uma nova<br />
coleção inspiradas sempre em um tema. Sendo assim novas propagandas seguindo<br />
57
o tema escolhido para a determinada coleção e reforçando o novo conceito da<br />
marca. A partir disso um novo posicionamento começou a ser trabalhado.<br />
Ao analisar as campanhas e os catálogos, percebe-se a mudança onde<br />
que cada coleção é inspirada em um tema, seguindo as tendências de moda. A<br />
campanha de 2003, por exemplo, foi inspirada nas meninas japonesas que se<br />
produzem exageradamente e vão às ruas para serem fotografadas (geralmente elas<br />
usam peças extravagantes e originais).<br />
Figura 7 – Campanha primavera-verão 2003<br />
A campanha de outono-inverno foi toda inspirada na rebeldia do Rock’n<br />
roll como nota-se nas figuras abaixo:<br />
58
Figura 8 – Campanha outono-inverno 2003<br />
Já a campanha verão 2004 segue com a coleção mais lúdica (infantil) de<br />
todas e também é a que tem o catálogo diferenciado, cheio de relevos e recortes<br />
para descolar. O charme está presente nesta coleção brincando de voltar aos<br />
tempos de criança, nas estampas das roupas.<br />
59
Figura 9 – Campanha primavera-verão 2004<br />
Quarta etapa<br />
A coleção de inverno 2004 seguinte à "infantilizada" tem um estilo mais<br />
street wear e foi inspirado principalmente nos “Boxers". A novidade do inverno 2004<br />
foi o primeiro desfile da Colcci no Fashion Rio, um evento de moda do Rio de<br />
Janeiro. Foi a partir dessa época que a Colcci começou a investir em personalidades<br />
da moda e contratou modelos famosas para suas campanhas, como a vinda da<br />
modelo Paris Hilton. Personalidades essas que transmitem ao público-alvo uma<br />
segurança maior na decisão de compra.<br />
60
Figura 10 - Campanha outono-inverno 2004<br />
O catálogo verão 2005 trouxe uma coleção inspirada nas "Highways".<br />
Essa coleção é um pouco mais “clean” que as anteriores e marca o período que a<br />
Colcci introduz em suas peças um estilo um pouco mais "adulto" para atingir um<br />
público adolescente mais velho. Nessa edição quem desfilou para a marca foi a filha<br />
de Mick Jagger, Liz Jagger. Nesse período a marca começou a segmentar seu<br />
público. A marca teve um maior direcionamento de seu novo conceito o fashion.<br />
Mas o conceito ainda não estava bem consolidado. Faltava uma peça fundamental.<br />
Figura 11 – Campanha primavera-verão 2005<br />
61
Atual<br />
No outono/inverno de 2005, a Colcci lança sua primeira campanha com a<br />
top Gisele Bündchen. A coleção foi inspirada nos hotéis de luxo de Copacabana (RJ)<br />
na década de 60. A coleção tem como característica um estilo mais “grunge” estilo<br />
de rock do início da década de 90 que inspirou a moda das calças rasgadas e as<br />
camisetas xadres e de flanela. Nesse período houve uma melhora considerável na<br />
comunicação da marca. A arte ficou mais limpa, e o conceito de fashion passou a<br />
ganhar ainda mais força com a figura da top model ilustrando as campanhas da<br />
Colcci.<br />
Figura 12 – Campanha outono-inverno 2005<br />
Já a coleção primavera/verão 2006 mais street wear, inpirada<br />
principalmente nos skatistas e outros esportes radicais.<br />
62
Figura 13 – Campanha primavera-verão 2006<br />
A coleção outono/inverno 2006 foi inspirada na saga dos imigrantes<br />
europeus que se instalaram no sul do Brasil e tiveram que adaptar suas roupas de<br />
inverno europeu ao clima do nosso país. A coleção também pode ser considerada<br />
uma homenagem o origem da Colcci, pois a marca é da Região Sul.<br />
Figura 14 – Campanha outono-inverno 2006<br />
63
Com inspiração nos surfistas e nas suas cores é que a coleção<br />
primavera/verão de 2007 foi lançada. Essa é a campanha que marca a saída da<br />
estilista/criadora da Colcci Lila Colzani e a entrada da estilista Jássica Lengyel já<br />
com a coleção Outono/inverno 2007 que foi inspirada nos anos 60, 70 e 80 e<br />
intitulada de “opostos” pelas estampas geométricas e angulosas, volume extra<br />
dimensionados e elementos futuristas que compõem diferente e aparecem lado a<br />
lado a peças totalmente coladas ao corpo, desenhos manuais e formas sutis.<br />
Figura 15 – Campanha primavera-verão 2007<br />
64
Figura 16 – Campanha outono-inverno 2007<br />
A coleção de primavera/verão 2008 traz como tema o elevador mágico<br />
que leva os viajantes a uma jornada imaginária. É o lugar da modernidade que<br />
inspira peças de estética das sobreposições, com shapes dos anos 60 e 80.<br />
Estampas com linhas mais limpas, e formas geométricas tridimensionais.<br />
65
Figura 17 – Campanha primavera-verão 2008<br />
A nova coleção Colcci Outono/Inverno 2008 simboliza uma viagem<br />
através de vários países. Uma volta ao mundo em alguns minutos. Com a cultura de<br />
moda cada vez mais próxima às ruas de grandes cidades, o intercâmbio entre as<br />
passarelas e as pessoas acontece cada vez mais rápido. A inspiração da coleção<br />
está justamente na forma como é feita à pesquisa de moda. Via internet, como um<br />
66
dos meios de aproximar os lugares, as festas, os museus, as exposições, a<br />
arquitetura, os objetos, as pessoas e o modo de vida em geral. A campanha é<br />
intitulada de “a la carte”.<br />
Figura 18 – Campanha outono-inverno 2008<br />
No decorrer das campanhas é notável perceber como a marca tem<br />
mudado de posicionamento durantes ao longo dos anos. Após sua venda em 2000<br />
para o grupo AMC têxtil, a marca ganhou um novo posicionamento da marca através<br />
de produtos que seduzem pelo estilo modernizado arrojado e singular deixando de<br />
ser aquela roupa básica com uma logo ultrapassada. A roupa acompanha o ritmo de<br />
67
vida de seu público-alvo mais descolada. A Colcci investiu em um estilo jovem e<br />
único, característica de quem exibe muita personalidade. As peças são fabricadas<br />
com o que há de mais moderno em tecnologia na área de confecção. A qualidade e<br />
a competitividade estão presentes em todas as etapas da produção. Hoje a marca<br />
tem um novo conceito e uma excelente comunicação, que passa para seu público<br />
uma imagem forte e consolidada que busca sempre inovar em cada coleção que<br />
apresenta.<br />
4.4 ANÁLISE DE ESTRATÉGIAS DA NOVA COLCCI.<br />
Em geral, as indústrias têxteis seguem as variações da economia e são<br />
vulneráveis a ela. Para se manterem no mercado competitivo as empresas<br />
demonstram a necessidade de investirem alto em estratégias de marketing e<br />
comunicação num todo.<br />
No mundo de competitividade as empresas não devem só desenvolver<br />
produtos de acordo com seu mercado potencial, mas também, informar a seus<br />
consumidores o que a marca oferece. O grande desafio enfrentado por algumas<br />
empresas não é a comunicação em si, mas o que comunicar para quem comunicar<br />
em que meios de comunicação e em que freqüência. Para isso as empresas criam<br />
estratégias de comunicação e marketing que analisam todos os compostos a serem<br />
trabalhados. Utilizam-se a comunicação e o marketing, para informar aos<br />
consumidores o estilo dos produtos, preços e distribuição no caso às lojas onde<br />
vedem o produto, os vendedores, entre outros. Tudo isto para informar algo ao<br />
consumidor que lhe agrade e o induza a compra.<br />
Ao analisar a campanha de comunicação da marca Colcci nota-se a<br />
presença do marketing em todos os aspectos. O marketing esta presente nas quatro<br />
etapas da marca, identificadas neste trabalho, desde o conceito básico, percebe-se<br />
que já havia um pequeno investimento na comunicação. Com o reposicionamento da<br />
marca e sob nova administração a organização passou a utilizar-se de todas as<br />
ferramentas que o marketing proporciona para expandir sua marca. Trabalhar uma<br />
68
nova identidade da marca pode levar algum tempo, e a marca deve acompanhar as<br />
mudanças do seu público para não cair no esquecimento.<br />
Para satisfazer as necessidades dos consumidores, é preciso que os<br />
produtos ou serviços tenham boa qualidade, que as características atendam aos<br />
gostos dos consumidores, com boas opções de modelos e estilos, com um nome<br />
atraente, acondicionados em embalagens sedutoras, em variados tamanhos de<br />
produtos, com serviços e quantias ao usuário que proporcionem adequados retornos<br />
financeiros à organização.<br />
A Colcci criou valor para a marca investindo em estratégias que há<br />
tornassem reconhecida e bem conceituada no mercado. Utilizou-se de uma<br />
comunicação estratégica onde seu maior atributo era de conquistar um público fiel à<br />
suas criações. Tornou-se conhecida, e satisfazer os clientes foi um dos primeiros<br />
passos trabalhados pelo marketing.<br />
O mix de marketing composto por quatro subgrupos formados pelo<br />
produto, preço, praça e promoção são elementos em que a Colcci investiu<br />
consideravelmente para que a marca conquistasse seu espaço e agregasse valores<br />
aos produtos tornando-se conhecida e admirada por seus clientes.<br />
Cada ferramenta do composto de marketing foi minuciosamente<br />
trabalhada pela empresa. Investiu em um novo produto diferenciado e com mais<br />
qualidade, trabalhando a marca, design, embalagem, consequentemente os preços<br />
aumentaram impondo mais valor ao produto. Expandiu-se ponto de venda, onde<br />
encontram-se várias lojas espalhadas por todo Brasil e também no exterior. A<br />
promoção está relacionada a todas as formas de comunicação com o cliente, desde<br />
a venda pessoal, propaganda, relações públicas entre outros, e todos esses<br />
aspectos foram trabalhados para um maior reconhecimento da marca.<br />
O composto de marketing trabalha toda a comunicação, são elementos e<br />
ferramentas estratégicas utilizadas para criar e agregar valores para os clientes e<br />
alcançar os objetivos da empresa. É através do composto de marketing que as<br />
organizações interagem com seus consumidores, atendem as necessidades do<br />
publico alvo, permitindo ao profissional de marketing maior direcionamento de suas<br />
estratégias para atender este mercado.<br />
69
Pode-se perceber a Colcci investiu na estratégia de mudar de segmento<br />
de mercado deixando de ser básica e de ter roupas confortáveis para apostar no<br />
fashion, nas tendências de moda, em um estilo mais sensual, roupas inovadoras e<br />
em legitimar o novo posicionamento perante o target, e apagar o velho conceito da<br />
marca. Essa mudança aconteceu em conseqüência da crise que nos anos 90<br />
quando a marca foi vendida e passou a ser administrada pela AMC Têxtil. Para isso<br />
a nova administração utilizou Gisele Bündchen uma top model que remete<br />
modernidade e ousadia para a marca. A modelo foi a grande ferramenta da marca<br />
uma, pois ela é uma imagem forte de prestígio e visibilidade que trouxe não só a<br />
legitimidade que a Colcci precisava para ocupar seu lugar no mundo fashion, como<br />
também atraiu novos olhares perante a um novo conceito.<br />
Ainda segue como uma estratégia aplicada pela marca, os investimento<br />
em marketing, nos ponto de venda e na distribuição, que fizeram com que a marca<br />
se tornasse cada vez mais valorizada, reformulando a fachada de suas lojas de<br />
acordo com as coleções propostas a cada ciclo de suas produções, reforçando a<br />
imagem moderna da Colcci.<br />
4.5 RESULTADOS ALCANÇADOS<br />
Os resultados que a Colcci alcançou, com as determinadas estratégias de<br />
marketing, estão visíveis nos números de franquias em todo o Brasil e também no<br />
exterior. A Colcci é vendida em 12 países, incluindo os mercados australiano,<br />
japonês, árabe e América Central. Mercado esse que tende a aumentar cada vez<br />
mais. Aqui no Brasil são mais de 200 lojas espalhadas por todos os estados.<br />
Os desfiles da Colcci destacam-se pelo roteiro, cenário e pelas modelos.<br />
Um resultado visível decorrentes das campanhas estratégicas e de comunicação é a<br />
saída da marca do fashion Rio para a disputada São Paulo Fashion Week. Cenário<br />
de marcas bem consolidadas e conceituadas pelos críticos do mercado.<br />
O próprio recall que o consumidor tem da marca são resultados do<br />
trabalho bem sucedido das estratégias criadas para tal reconhecimento, onde o<br />
70
público passa a reconhecer a marca pelo novo conceito imposto, despertando<br />
desejo pelos produtos.<br />
71
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Concluiu-se com este trabalho que as estratégias de marketing são de<br />
extrema eficácia para uma marca que passa por um reposicionamento no mercado<br />
assim como para o total desenvolvimento da mesma para trabalhar corretamente<br />
sua identidade. Uma comunicação bem planejada que agrega valores que se fixam<br />
na mente do consumidor que desperta o desejo principalmente do seu público –<br />
alvo.<br />
Percebe-se ao analisar os dados coletados que, direto e indiretamente,<br />
encontra-se a presença do composto de marketing onde a marca trabalha o produto,<br />
o preço, praça e promoção. Para ter um reconhecimento no mercado, estratégias<br />
envolvendo as ferramentas do mix de marketing foram executadas bem como o<br />
melhoramento na produção dos produtos introduzindo-os na segmento fashion onde<br />
cada estação é criada uma nova coleção competindo com grandes marcas do setor.<br />
O preço é um fator perceptível quando se fala em crescimento de uma marca. Hoje<br />
os preços da marca são de padrões elevados e níveis incomparáveis desde sua<br />
criação. Preço de marca de quem se destaca nos principais eventos de moda e<br />
marcas famosas e que exporta para diversos países. O crescimento de sua rede de<br />
lojas é mais um ponto do composto de marketing que foi muito bem trabalhado pela<br />
organização que investiu para a expansão da marca e do seu reconhecimento. A<br />
promoção também trabalhada pela marca, envolve campanhas publicitárias, meios<br />
de comunicação entre outros. Ferramenta essa que a Colcci aposta em um retorno<br />
expressivo para a marca investindo e inovando seu segmento. Todo esse composto<br />
de marketing faz parte das estratégias elaboradas a partir de um novo<br />
posicionamento da marca. Com as estratégias direcionadas para um novo público e<br />
com maior intensidade, a marca conquistou uma nova identidade.<br />
Uma identidade bem consolidada que trabalha para elevar os índices de<br />
lembrança da marca. Uma marca que segue as tendências da moda e que cresce<br />
cada vez mais num mercado bem competitivo, e que necessita da ajuda de<br />
estratégias de marketing e de comunicação para manter seu espaço, entre tantas<br />
marcas concorrentes, para garantir sua autenticidade.<br />
72
Ao analisar toda a comunicação de marketing, pode-se perceber o quanto<br />
que o reconhecimento da marca aumentou e como se destacou dentro do mundo da<br />
moda, desde a entrada da modelo Gisele Bundchen. A modelo se tornou presença<br />
garantida nos desfiles e nas campanhas publicitárias da marca aumentando e<br />
fidelizando ainda mais a clientela da Colcci.<br />
Com toda uma comunicação de marketing verificou-se que a Colcci<br />
conseguiu elevar sua marca e ganhou destaque no mundo da moda. Passou a<br />
participar dos principais eventos de moda e conquistou seu público-alvo. Ganhou<br />
prestígio dos críticos de moda e exporta suas criações para vários países.<br />
Todo o composto de marketing e de comunicação, juntamente com<br />
estratégias bem consolidadas, tornou-se peças fundamentais para o crescimento e<br />
expansão da marca no mercado brasileiro. Uma marca que ganhou um novo<br />
conceito e que passou por um reposicionamento ganhou força para o<br />
reconhecimento dos consumidores com estratégias de marketing que a lançaram no<br />
mercado. Hoje a marca é uma referência no mercado da moda nacional graças a<br />
todas essas estratégias utilizadas pela organização.<br />
Este trabalho conseguiu atingir os objetivos propostos, pois identificou as<br />
estratégias utilizadas pela Colcci para se manter no mercado da moda e também na<br />
comunicação que a marca se dispõe a fazer. Uma análise do posicionamento de<br />
marca da Colcci mostra como é importante ter um conceito definido e a imagem forte<br />
para se destacar das demais marcas concorrentes do mercado. Por isso uma<br />
identidade de marca bem consolidada é um fator muito importante a ser trabalhado<br />
quando se fala de branding.<br />
Com o devido estudo de caso, sugere-se que a organização, com o<br />
passar do tempo, faça uma nova análise para saber se a comunicação da marca<br />
continua seguindo este rumo e também sugere-se que seja feita uma pesquisa<br />
voltada para a marca, que identifique quais são seus principais concorrentes e como<br />
a consumidor se posiciona perante tais marcas.<br />
73
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de maio de 2008<br />
77
APÊNDICE I – ROTEIRO DA ENTREVISTA<br />
Re: Oiii Perguntas <strong>TCC</strong><br />
De: Daniel Mafra (Marketing) - A.M.C. Têxtil Ltda (daniel.mkt@colcci.com.br)<br />
Enviada: quarta-feira, 28 de maio de 2008 11:29:35<br />
Responder-Para:Daniel Mafra (Marketing) - A.M.C. Têxtil Ltda (daniel.mkt@colcci.com.br)<br />
Para: Ruthe Maestri (ruthynhaaa@hotmail.com)<br />
Querida, desculpe a demora... segue suas respostas!<br />
Tks<br />
Daniel<br />
Em que época que a Colcci começou a divulgar sua marca?<br />
A Colcci nasceu em Brusque (Santa Catarina), em 1986. Em pouco tempo se<br />
transformou na maior rede de franquias de moda do país, com mais de 200 lojas no<br />
Brasil e no exterior. O nome Colcci virou sinônimo de moda jovem com atitude. Além de<br />
muito trabalho, a Colcci cresceu graças a percepção de mercado, detectou a enorme<br />
carência de opções, sentida pelo público jovem, e decidiu aproveitar esse inesgotável<br />
potencial de consumo. Até o surgimento da Colcci, o público jovem não tinha muita<br />
escolha. Era obrigado a consumir marcas caríssimas ou optar por uma moda que não<br />
tinha muito a ver com a sua personalidade. A roupa Colcci traduziu o desejo e o jeito de<br />
ser de toda uma geração. Daí para a frente a Colcci passou a se esforçar mais e mais<br />
para atender a demanda, sempre crescente, e iniciou um processo de seleção cuidadoso<br />
de candidatos à sua franquia. Já plenamente consolidada, a Colcci segue em seus planos<br />
de expansão.<br />
Como a marca Colcci começou a ocupar seu espaço no mercado da moda nacional?<br />
Em 2000, a marca foi adquirida pelo grupo Menegotti que iniciou uma nova gestão<br />
administrativa e comercial dando outro direcionamento ao produto e a imagem visando<br />
um novo mercado. O Grupo Menegotti investiu na marca, reformulou a fachada de lojas<br />
e reforçou a imagem moderna da Colcci.<br />
Depois do sucesso no mercado interno, a marca passou a investir no exterior.<br />
Sob o direção da AMC Têxtil a super modelo Gisele Bündchen estrela com exclusividade<br />
as campanhas internacionais Colcci desde 2005. Seu desfile no Fashion Rio é um dos<br />
mais concorridos.<br />
Atualmente, a Colcci é vendida em 12 países, incluindo os mercados australiano,<br />
japonês, árabe e América Central.<br />
Qual o posicionamento de marca no início e hoje?<br />
78
Os produtos da marca Colcci seduzem pelo estilo arrojado e singular. A roupa<br />
acompanha o ritmo de vida da moçada mais descolada dos grandes centros urbanos. A<br />
Colcci consegue traduzir para a roupa um estilo jovem e único, característica de quem<br />
exibe muita personalidade. As peças são fabricadas com o que há de mais moderno em<br />
tecnologia na área de confecção. A qualidade e a competitividade estão presentes em<br />
todas as etapas da produção.<br />
Como foi construída a identidade atual da marca Colcci, tão diferente da proposta<br />
inicial da empresa?<br />
Conforme falei, com a vinda da Menegotti no ano 2000 todo o produto recebeu um<br />
novo direcionamento<br />
Quais são as estratégias utilizadas pela Colcci hoje para valorização e posicionamento da<br />
marca?<br />
As primeiras imagens e conceitos das coleções surgem na área de criação. É o<br />
espaço reservado para o trabalho dos estilistas, onde nasce a criatividade. Os desenhos<br />
ganham forma nas mãos das modelistas, que na prática confeccionam a primeira peça.<br />
É uma fase de vários testes, até que a roupa fique perfeita, só então ela é encaminhada à<br />
produção. Para garantir ajustes exatos e um excelente caimento, as peças são provadas<br />
por uma modelo, contratada só para isso. É uma etapa de trabalho completamente<br />
artesanal, o que revela a preocupação da Colcci com a qualidade de todos os produtos.<br />
Além disso tudo investimento em marketing, no ponto de venda e na distribuição<br />
fizeram com que a marca se tornasse cada vez mais valorizada.<br />
Quais os meios de comunicação foram utilizados para a expansão da marca?<br />
79
TV, Revistas e Eventos<br />
Quais foram os resultados alcançados pelo marketing a partir das estratégias<br />
executadas?<br />
Qual a percepção do consumidor em relação a marca atualmente?<br />
Em que meios de comunicação a Colcci anuncia? (nomes das revistas para análise)<br />
COLCCI<br />
CONTIGO<br />
KEY<br />
CARAS<br />
ELLE<br />
PLAYBOY<br />
QUEM<br />
TRIP<br />
VOGUE<br />
L'OFFICIEL<br />
Histórico da empresa. (como começou, qual eram os objetivos, e como é hoje, quem<br />
comprou....)<br />
A AMC Têxtil, grupo de negócios da família Menegotti desde 2004, tem como objetivo<br />
estruturar e expandir as marcas Malhas Menegotti, Colcci, Sommer, Carmelitas e Coca Cola<br />
Clothing Line. Em outubro do mesmo ano, o grupo adquiriu quatro fábricas de calçados com o<br />
propósito de produzir e comercializar todos os calçados femininos da Colcci e Sommer,<br />
fortalecendo a proposta de expansão e consolidação das grifes através de uma comunicação<br />
eficiente entre imagem e público.<br />
80
Números – grupo AMC Têxtil<br />
Fábricas: 8<br />
Funcionários: 2 mil<br />
Produção anual: 8,2 mil toneladas em tecidos e 3,0 milhões de peças de roupas<br />
---<br />
Algumas coisas não posso responder por pedido da diretoria da empresa ok?<br />
Qualquer dúvida estou a disposição ok?<br />
Abraços<br />
Daniel<br />
Daniel Mafra<br />
Relações Públicas<br />
AMC Têxtil<br />
Colcci - Sommer<br />
Coca Cola Clothing - Carmelitas<br />
+55 47 3251-3141<br />
+55 47 9138-7215<br />
----- Original Message -----<br />
From: Ruthe Maestri<br />
To: daniel.mkt@colcci.com.br<br />
Sent: Tuesday, May 20, 2008 9:54 AM<br />
Subject: Oiii Perguntas <strong>TCC</strong><br />
Oiii estou te enviando as perguntas como combinado blz!!<br />
bjuss e muito obrigada!<br />
Ruthe M. Maestri<br />
81
ANEXOS<br />
ANEXO I – CASE COLCCI<br />
Quinta-feira, 17 de Abril de 2008<br />
Upgrade de marca: os cases Havaianas e Colcci<br />
Por André Cauduro D’Angelo*<br />
Guinadas no posicionamento de marcas costumam ser tarefas difíceis, pois sempre<br />
envolvem, em algum nível, a negação do posicionamento anterior. Reposicionar<br />
radicalmente demanda convencer o consumidor de que tudo o que se dizia sobre<br />
determinado produto ou marca, até aquele momento, não vale mais.<br />
Especialmente difíceis são os reposicionamentos que envolvem upgrades de marcas,<br />
através da elevação de preços e da promoção de uma imagem mais sofisticada. À<br />
popularização todos estão acostumados, visto que esta parece a ordem “natural” do<br />
mercado: o que nasce elitista acaba popular. Mas o contrário demanda quebrar<br />
preconceitos e desconfianças; marcas reconhecidas por um determinado padrão de<br />
qualidade devem ser capazes de provar que se tornaram melhores a ponto de<br />
justificar preços mais altos.<br />
A tarefa ganha contornos ainda mais desafiadores quando o upgrade envolve<br />
transformar em mercadorias simbólicas marcas historicamente vendidas com base<br />
em apelos funcionais. Onde o consumidor antes só via um objeto, é necessário que<br />
passe a ver um símbolo, seja lá do que for: de status, de personalidade, de<br />
refinamento, de transgressão às regras. Ao benefício utilitário, deve-se somar aquele<br />
de ordem subjetiva. A despeito dessas dificuldades todas, o Brasil teve, nos últimos<br />
anos, dois casos bem-sucedidos de reposicionamento desse tipo: Havaianas e Colcci.<br />
O case das Havaianas é um dos maiores, senão o maior, case de marketing do Brasil<br />
– título hipotético que lhe seria conferido com toda justiça, uma vez que ultrapassou<br />
as fronteiras acadêmicas e se tornou de domínio público. O case Colcci, mais<br />
recente, também é digno de nota, visto que se refere a uma reengenharia de marca<br />
que colocou uma confecção de pouca expressão no panorama da moda brasileira.<br />
Ambos apresentam algumas similaridades que, creio, podem ajudar a explicar o seu<br />
sucesso – e, conseqüentemente, servir de guia para gestores envolvidos em desafios<br />
parecidos. Havaianas e Colcci seguiram roteiro semelhante para reposicionar suas<br />
marcas:<br />
1. Romperam de maneira bastante clara com o posicionamento anterior,<br />
predominantemente funcional;<br />
82
2. Buscaram fontes de legitimação externas para o novo posicionamento, de caráter<br />
mais simbólico; e<br />
3. Aproveitaram-se do contexto cultural para propor o novo posicionamento.<br />
Examinemos um a um os casos e as respectivas medidas tomadas.<br />
Mais do que um produto popular, as Havaianas eram conhecidas como uma sandália<br />
usada por pobres – o que, para a imagem de uma marca, tende a ser mais um<br />
estigma do que uma vantagem. Vendida em balaios, fazia parte da cesta básica<br />
calculada pelo DIEESE em alguns estados do Nordeste. Seu preço e suas margens de<br />
lucro estavam espremidos pela concorrência, o que a transformava, praticamente,<br />
em uma commodity. Para a São Paulo Alpargatas, sua fabricante, apresentava a<br />
vantagem de ser um produto de fabricação fácil e barata; para os consumidores, era<br />
reconhecido como um produto confortável e durável. Havia, portanto, virtudes<br />
suficientes para mantê-lo no mercado, sob o ponto de vista do consumidor, e<br />
atrativos econômicos inegáveis, sob a ótica da empresa. Mas a Alpargatas estava<br />
num brete: era impossível cobrar mais caro pelas Havaianas, que tinha nos<br />
consumidores de baixa renda seus compradores fiéis, e extremamente difícil<br />
aumentar suas vendas tentando atrair um target de poder aquisitivo mais elevado,<br />
que desprezava a marca.<br />
Essa última alternativa só seria viável se esse público-alvo passasse a enxergar as<br />
Havaianas com outros olhos – não mais os do preconceito, mas sim os da simpatia.<br />
E, para que isso ocorresse, a saída seria transformar a imagem da marca, tornando-a<br />
referência não da funcionalidade que tanto agradava à baixa renda, mas sim do<br />
despojamento e da simplicidade ideais para qualquer ocasião – de uma saudável e<br />
bem-vinda informalidade, em suma.<br />
Para isso, seria fundamental romper com o passado das Havaianas, cortando os<br />
laços que uniam a marca ao target que a consagrou. Esse rompimento foi feito<br />
através de mudanças no produto, na distribuição e no preço.<br />
No produto, foi lançada uma linha especial de Havaianas, comercializada em paralelo<br />
com a tradicional. Nessa nova linha, o produto recebia alterações superficiais,<br />
suficientes para diferenciá-lo das Havaianas tradicionais sem, contudo, tornar a<br />
fabricação menos simples e barata. As sandálias eram monocromáticas (enquanto as<br />
tradicionais caracterizavam-se pelas duas cores) e receberam um nome levemente<br />
diferente do original: “Havaianas Top”. Além disso, enquanto as Havaianas<br />
tradicionais eram vendidas em balaios, as Top ganhavam embalagens e displays<br />
especiais para os pontos-de-venda.<br />
A distribuição também contribuiu para cortar os laços históricos que associavam<br />
Havaianas ao segmento de baixa renda: as Top não eram vendidas nos mesmos<br />
pontos-de-venda que as tradicionais. Foram colocadas em lojas mais selecionadas, e<br />
83
só alguns anos depois é que ganharam distribuição tão massificada quanto à da<br />
sandália original.<br />
O preço passou a refletir a mudança de status pretendida para a marca. As Top<br />
custavam cerca de três vezes mais que as Havaianas comuns. Eram caras demais<br />
para o consumidor de baixa renda, mas perfeitamente acessíveis para a classe<br />
média.<br />
Não bastava, contudo, romper com o passado, subitamente dizer-se diferente. Era<br />
necessário que esse rompimento fosse avalizado por pessoas influentes. Produtos<br />
funcionais são comprados pelos benefícios práticos que oferecem (“não deformam,<br />
não soltam as tiras e não têm cheiro”), mas mercadorias de caráter simbólico são<br />
compradas somente se referendadas pelo contexto social. Aqui desponta a<br />
importância das celebridades, pontas-de-lança da campanha publicitária das<br />
Havaianas Top.<br />
O papel das celebridades foi decisivo. A Alpargatas precisava convencer o<br />
consumidor de classe média de que ele poderia usar as Top sem constrangimento,<br />
pois se tratava, de fato, de um produto diferente daquele historicamente<br />
estigmatizado. Para tanto, não seria suficiente promover mudanças no produto, no<br />
preço e na distribuição; era necessário que formadores de opinião atestassem a<br />
mudança e conferissem a ela a legitimidade necessária para penetrar no novo target.<br />
Foi o que fizeram Malu Mader, Maurício Mattar e tantos outros: “autorizaram” a<br />
classe média a comprar as novas Havaianas, tornando-se fiadores públicos da<br />
mudança de posicionamento da marca.<br />
Os famosos escolhidos eram bonitos e bem sucedidos, saídos da típica classe média<br />
urbana que a Alpargatas queria atingir – ou seja, celebridades com as quais o target<br />
se identificava. Bem diferentes de Chico Anysio, histórico garoto-propaganda da<br />
marca. Embora sua trajetória profissional e pessoal fosse amplamente reconhecida e<br />
respeitada, Chico era o protótipo do pobre vencedor: um migrante nordestino que<br />
havia feito sucesso no centro do país graças a esforço e talento. Gerava identificação<br />
imediata com pedreiros e domésticas que, como ele, trabalhavam de sol a sol longe<br />
de seus estados de origem, mas nenhuma empatia com o novo target.<br />
Por fim: os esforços da Alpargatas não teriam sido tão bem-sucedidos se a marca<br />
estivesse na contramão dos tempos. Não foi o caso. O lançamento das Havaianas<br />
Top coincidiu com a ascensão de comportamentos mais informais que se refletiram<br />
nas regras do vestir. Fronteiras entre despojamento e sofisticação tornaram-se<br />
menos claras, e a despretensão das sandálias de borracha encaixou-se bem nesse<br />
cenário em que ser chique era ser descolado.<br />
O case Havaianas é primoroso justamente por ter conferido vida nova à marca sem,<br />
contudo, demandar mudanças profundas no produto – apenas em sua imagem.<br />
Produto, preço e distribuição desempenharam importante papel em romper com o<br />
passado das Havaianas, mas a maior parte do mérito pelos resultados alcançados<br />
está na campanha publicitária.<br />
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O efeito da propaganda sobre a marca foi tamanho que o case se tornou<br />
amplamente conhecido como um clássico exemplo de reposicionamento - quando, na<br />
verdade, tratou-se de um bem-sucedido lançamento de novo produto. Afinal, as<br />
“velhas” Havaianas continuaram sendo comercializadas, ao mesmo tempo em que<br />
era introduzida a versão Top. A Top constituía um novo produto, vinculado à marcamãe<br />
Havaianas, porém com posicionamento diferente. No entanto, as diferenças das<br />
sandálias Top eram tão superficiais que foi impossível não encará-las como uma<br />
evolução das originais – e, por conseqüência, tratar os esforços da Alpargatas como<br />
uma tentativa de reposicionar as Havaianas. O produto era praticamente o mesmo;<br />
tentava-se, somente, alterar a percepção do consumidor a seu respeito.<br />
O caso da Colcci já é um pouco diferente.<br />
Até meados dos anos 90, a Colcci era uma rede de lojas de roupas básicas e<br />
acessíveis para adolescentes. As peças não tinham grandes diferenciais em termos<br />
de design ou qualidade. Brigas entre os sócios e má administração levaram ao<br />
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fechamento das lojas por alguns anos e ao desaparecimento da marca no cenário<br />
das confecções brasileiras.<br />
Na hora de voltar ao mercado, para romper com o passado, a Colcci desistiu do<br />
negócio “básico e barato” e surfou o apelo fashion: contratou novos estilistas e<br />
passou a ter produtos esteticamente mais ousados. Para marcar posição como grife<br />
de moda, e não de roupas, passou a fazer parte da São Paulo Fashion Week. Suas<br />
lojas foram remodeladas; design e layout começaram a se parecer mais com o de<br />
lojas tradicionalmente fashion, como Forum, Ellus e Zoomp.<br />
Mas isso talvez não fosse o suficiente. Moda é um efeito manada que só se<br />
concretiza se nascer bem aceito junto a formadores de opinião. E a bola da vez em<br />
termos de prestígio e visibilidade era – e é – Gisele Bündchen. Gisele conferiu não só<br />
a legitimidade que a Colcci precisava para penetrar no mundinho fashion, como<br />
também atraiu os olhares para uma marca há tempos fora do mercado e que<br />
precisava ser relembrada.<br />
O surgimento de um interesse maior dos brasileiros por moda, expresso em desfiles,<br />
revistas e programas de TV, constituiu o pano de fundo ideal no qual as ações da<br />
Colcci tomaram forma.<br />
De novo: é discutível se o case Colcci é mesmo de reposicionamento ou de um mero<br />
relançamento de marca. Mas como permanecia, entre os consumidores, a imagem<br />
da Colcci de anos antes, tornou-se inevitável enxergar seu retorno ao mercado como<br />
uma mudança de rumo, apesar do longo espaço de tempo a separar os dois<br />
momentos da marca.<br />
Ainda que os cases Havaianas e Colcci pareçam de interesse exclusivo do Marketing,<br />
suas características permitem que sejam examinados à luz de outras disciplinas. Jean<br />
Baudrillard, filósofo francês morto no ano passado, dizia que a sociedade de<br />
consumo é a “sociedade do signo”; uma sociedade na qual não se consomem<br />
mercadorias de valor utilitário, e sim aquilo que elas representam: liberdade,<br />
sensualidade, poder econômico. Difícil não enxergar o case Havaianas como perfeito<br />
para ilustrar as idéias de Baudrillard. Mudanças simbólicas foram capazes de<br />
transformar a percepção de todo um segmento social sobre o mesmíssimo produto:<br />
um solado de borracha com duas tiras. Um exemplo clássico de como a principal<br />
moeda transacionada no mundo do consumo é o significado.<br />
Já o case da Colcci é menos propício para esse tipo de análise, já que, ao menos,<br />
envolveu mudanças substanciais no produto. Mesmo assim, também serve de<br />
depoimento vivo sobre a importância da imagem nos tempos atuais: Gisele<br />
Bündchen funcionou como uma garantia pública da transformação pela qual a marca<br />
passou. Certamente Baudrillard – ou Guy Debord, décadas antes - teria muito o que<br />
dizer sobre o papel de pessoas públicas como ela na “sociedade do espetáculo”.<br />
Em comum entre os dois, o fato de terem promovido um tipo de reposicionamento<br />
incomum e difícil, o de upgrade de marcas. A despeito das diferenças de trajetória e<br />
de mercados de atuação, Havaianas e Colcci ensinaram que reposicionamentos desse<br />
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tipo demandam, primeiro, romper com o passado, para apagar os vestígios da velha<br />
imagem na mente dos consumidores.<br />
Depois, legitimar o novo posicionamento perante o target, tarefa na qual o auxílio<br />
das celebridades pode ser importante, embora não imprescindível - fundamental,<br />
mesmo, é que exista aderência de formadores de opinião. E, terceiro, que convém<br />
manter sempre uma sintonia com o espírito do tempo, para que todo o processo seja<br />
feito no mesmo sentido da correnteza, e não no seu oposto.<br />
Fonte: http://www.mundodomarketing.com.br/materia.asp?codmateria=3835<br />
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ANEXO II – ENTREVISTA LILA COLZANI<br />
Lila Colzani<br />
123456789<br />
O look da Colcci<br />
Ana Cristina Gonçalves<br />
GISELE BÜNDCHEN ENTRA NA PASSARELA AO MESMO TEMPO que as 5 mil<br />
lâmpadas do cenário se acendem. De vestido preto soltinho feito de algodão e renda<br />
e com os cabelos semipresos, evoca uma imagem romântica, quase de outra época.<br />
No backstage da Colcci, uma moça loura e alta se desliga por instantes da agitação<br />
que toma conta de todos. As lágrimas começam a correr e, com as mãos, Lila<br />
Colzani trata rapidamente de contêlas. "Nunca havia chorado num desfile, mas foi<br />
difícil regular a emoção", conta a estilista ao se lembrar do último Fashion Rio. É fácil<br />
entender o porquê. Desde que a etiqueta catarinense decidiu entrar com tudo no<br />
primeiro time da moda nacional, há seis anos, esse foi seu desfile mais<br />
representativo.<br />
Muito além do jeans e das camisetas, carros-chefe da grife e que permanecem<br />
cheios de bossa, a coleção de inverno propõe uma viagem ao passado. "Tinha ido à<br />
casa dos meus pais e enquanto esperava o jantar olhei as fotos dos meus avós", diz<br />
Lila. Num segundo percebeu que a saga dos imigrantes que chegaram ao Brasil no<br />
final do século XIX seria o ponto de partida perfeito para contar uma história de<br />
moda afinada. Assim ela, que sempre criou suas coleções ouvindo rock, deu um<br />
pause no iPod e partiu para um mergulho introspectivo, de onde surgiram vestidos<br />
tipo combinação valorizados por rendas e preguinhas vitorianas. "Imaginei um<br />
inverno despido, já que meus antepassados saíram de um frio rigoroso e<br />
encontraram um clima ameno", explica. O resultado foi doce e pop, de acordo com a<br />
cara jovem da marca, que agrada garotas antenadas como Isabeli Fontana, Monique<br />
Alfradique, Mariana Weickert e Fernanda Machado.<br />
Essa viagem no tempo permitiu a Lila um acerto de contas com o passado, ainda<br />
que de forma não intencional. Aos 40 anos, voltou a ter o mesmo prazer com o<br />
trabalho que tinha aos 20, quando criou a Colcci, em Brusque, interior de Santa<br />
Catarina. "Na época queria fazer roupas transadas. Mesmo sem experiência,<br />
consegui uma boa clientela", conta. Registrou o nome em 1986 e, um ano depois,<br />
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durante uma feira têxtil, foi procurada por empresários interessados em abrir<br />
franquias. Nos anos 90 já tinha mais de 100 lojas franqueadas para as quais<br />
fornecia jeanswear e malharia. "Era o que o momento pedia, mas eu sentia falta de<br />
algo diferente", diz. Há seis anos recebeu uma proposta para vender a empresa para<br />
o grupo AMC, com a condição de que permanecesse como estilista. "A marca<br />
reencontrou sua vocação fashion e eu pude exercitar meu lado criativo", afirma. Com<br />
o sucesso no mercado interno, chegou o momento de mirar o exterior. A presença<br />
de celebridades, como Paris Hilton e Liz Jagger, em seus desfiles foi o primeiro<br />
passo nessa direção. Agora é a vez de Gisele Bündchen, estrela da grife desde o<br />
inverno passado, ajudar a consolidar o movimento. "Gi é nossa fã desde a<br />
adolescência. Quando veio para São Paulo, usava um jeans Colcci para<br />
impressionar nos testes. Achava que, além de vestir bem, ele lhe dava sorte", diz<br />
Lila. A escala seguinte da jornada é a presença da marca na Semana de Moda de<br />
Nova York, em setembro. "Tenho que fazer o melhor desfile da minha vida", afirma.<br />
"Desta vez vou levar um lencinho no bolso."<br />
O estilo da grife<br />
PERFIL "A Colcci agrada mulheres de espírito jovem e que gostam de acompanhar as<br />
tendências em todos os movimentos artísticos, como moda, música e cinema."<br />
QUEM USA Isabeli Fontana, Marisol Ribeiro, Monique Alfradique, Fernanda Machado.<br />
COMO USAR "Os vestidos inspirados em underwear ficam ótimos sobre leggings. As<br />
blusas com gola de renda, ultra-românticas, dão suavidade aos jeans e às calças de<br />
alfaiataria."<br />
VALE A PENA INVESTIR "Nos jeans de modelagem ajustada, que se aderem ao corpo na<br />
medida certa. A lavagem tem aspecto envelhecido, que lembra chuva e lama, dando<br />
ar cool à produção."<br />
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