A EVOLUÇÃO DO FENÓMENO DA DROGA NA EUROPA
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Prefácio<br />
O presente relatório apresenta uma avaliação oportuna e<br />
pormenorizada da situação do fenómeno da droga na Europa.<br />
Estamos gratos ao nosso pessoal que tanto trabalhou para o<br />
produzir. Devemos reconhecer, todavia, que a eficácia deste<br />
documento advém não só do trabalho que realizámos aqui em<br />
Lisboa mas, mais essencialmente, dos esforços envidados nos<br />
Estados-Membros para desenvolver um sistema de informação<br />
fiável e exaustivo. Além de dar um importante contributo para<br />
um debate amadurecido e esclarecido sobre o problema da<br />
droga, a existência deste sistema de monitorização permite<br />
formular, no nosso entender, políticas melhores e mais eficazes.<br />
Tais políticas são cada vez mais necessárias, uma vez que os<br />
desafios neste domínio estão a aumentar e a tornar-se cada<br />
vez mais complexos. Um tema comum presente em todo este<br />
relatório é o da natureza dinâmica do fenómeno da droga,<br />
sendo necessário assegurar que a nossa visão acompanhe a<br />
evolução das condições com que estamos confrontados.<br />
O OEDT celebrou, este ano, o décimo quinto aniversário da<br />
sua actividade de recolha e transmissão de informação sobre o<br />
fenómeno da droga na Europa. Para assinalar esta data,<br />
realizámos uma conferência subordinada ao título «Identificar<br />
as necessidades de informação na Europa para uma política<br />
eficaz contra as drogas». O evento constituiu uma<br />
oportunidade para que cientistas, profissionais e decisores<br />
políticos de toda a Europa, e fora dela, se deslocassem a<br />
Lisboa para nos ajudar a inventariar e avaliar a base de<br />
conhecimentos existente no domínio da droga, bem como a<br />
identificar as necessidades de informação actuais e futuras.<br />
A conferência demonstrou que a Europa se transformou num<br />
magnífico laboratório para estudar e compreender o consumo<br />
de droga e as respostas correspondentes, circunstância que<br />
nos oferece agora grandes oportunidades de aprendizagem<br />
colectiva e partilha de conhecimentos. Em nenhuma outra<br />
região do mundo existe um tão grande grupo de países<br />
culturalmente diferentes que demonstrem uma determinação<br />
comum em melhorar o seu entendimento deste complexo<br />
fenómeno social e as formas como lhe respondem. Esta<br />
determinação está patente no desenvolvimento de um sistema<br />
transversal de monitorização da droga que engloba 30 países<br />
com uma população conjunta superior a quinhentos mil milhões<br />
de pessoas. Também é visível na estratégia e no plano de<br />
acção da UE de luta contra a droga, instrumentos destinados a<br />
examinar as informações disponíveis e a formular, assim,<br />
medidas práticas e colectivas devidamente fundamentadas.<br />
Esse trabalho é particularmente importante neste momento em<br />
que os nossos Estados-Membros são obrigados a fazer opções<br />
difíceis no que respeita às prioridades de financiamento e têm,<br />
cada vez mais, a preocupação de obter os máximos benefícios<br />
dos investimentos realizados. Esperamos que o nosso relatório<br />
contribua para este processo. Além disso, comprometemo-nos<br />
a conferir, nas futuras actividades do OEDT, uma importância<br />
crescente à identificação das práticas verdadeiramente<br />
eficazes no domínio da droga.<br />
A conferência também identificou várias questões importantes,<br />
que são retomadas na análise aqui apresentada. Os nossos<br />
sistemas de informação têm de ser mais eficazes na<br />
identificação, no acompanhamento e na notificação das novas<br />
tendências, mas para isso é essencial que continuemos a<br />
comunicar as informações de forma precisa, fundamentada e<br />
não alarmista. Foi igualmente destacada a necessidade de, na<br />
nossa análise, associarmos as questões relativas à oferta com<br />
as relativas à procura. No relatório deste ano, damos maior<br />
realce à análise dos indicadores da oferta e do mercado de<br />
droga. Fazemo-lo com prudência, uma vez que ainda não se<br />
fizeram esforços suficientes para melhorar a qualidade, a<br />
fiabilidade e a comparabilidade do conjunto de dados<br />
europeus neste domínio. Esta insuficiência já é amplamente<br />
reconhecida e estamos empenhados em colaborar com os<br />
nossos parceiros nacionais e europeus na sua resolução.<br />
Uma das conclusões do relatório é a de que a avaliação do<br />
fenómeno da droga na Europa exige uma compreensão<br />
simultânea das características nacionais, das especificidades<br />
sub-regionais e, cada vez mais, das tendências comuns<br />
europeias ou até mundiais. No futuro, teremos de descrever<br />
melhor esta relação complexa, pois essa descrição não só nos<br />
ajudará a entender que factores podem promover ou inibir o<br />
crescimento dos problemas de droga, como também nos<br />
orientará no desenvolvimento de intervenções adequadas.<br />
Importa referir, por último, que a União Europeia e as Nações<br />
Unidas reformularam os seus documentos de política em<br />
matéria de droga quase ao mesmo tempo, no final de 2008 e<br />
no início de 2009. Tanto o novo plano de acção da UE de luta<br />
contra a droga como a nova declaração política e o novo<br />
plano de acção da ONU reflectem o compromisso<br />
internacional de reduzir o consumo de droga e os danos por<br />
ele causados. A consecução destes objectivos constitui um<br />
grande desafio e só se concretizará se as acções previstas<br />
forem amplamente executadas. A monitorização e a avaliação<br />
são elementos fundamentais deste processo, na medida em que<br />
nos permitem manter as nossas políticas no rumo devido e<br />
registar os progressos efectuados.<br />
Marcel Reimen<br />
Presidente do Conselho de Administração do OEDT<br />
Wolfgang Götz<br />
Director do OEDT<br />
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