A EVOLUÇÃO DO FENÓMENO DA DROGA NA EUROPA
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Relatório Anual 2009: a evolução do fenómeno da droga na Europa<br />
ocorrido em Espanha, França, Itália e Portugal. A seguir à<br />
introdução da terapia antiretroviral altamente activa,<br />
em 1996, a mortalidade causada pelo VIH/sida diminuiu<br />
acentuadamente na maior parte dos países da UE, se bem<br />
que essa diminuição tenha sido muito menos pronunciada<br />
em Portugal. Os aumentos observados nos últimos anos na<br />
Estónia são compatíveis com as elevadas estimativas de<br />
prevalência do VIH entre os consumidores de droga<br />
injectada neste país (cinco a seis em cada dez) e com a<br />
elevada percentagem destes consumidores que<br />
alegadamente desconhecem estar infectados. Também<br />
foram mencionados aumentos recentes na Letónia.<br />
Presentemente, as estimativas das taxas de mortalidade<br />
causadas por VIH/sida entre os consumidores de droga<br />
são baixas na maioria dos países, com excepção de<br />
Espanha e de Portugal. Em Itália, em França e na Letónia, a<br />
mortalidade relacionada com o VIH/sida e a mortalidade<br />
por overdose apresentam níveis semelhantes ( 153 ).<br />
Há outras doenças responsáveis por uma percentagem<br />
das mortes ocorridas entre os consumidores de droga,<br />
nomeadamente doenças crónicas como as doenças<br />
hepáticas (devido à infecção pelo vírus da hepatite C e<br />
ao elevado consumo de álcool), o cancro e os problemas<br />
cardiovasculares. Outras causas têm recebido muito<br />
menos atenção, apesar dos indícios de que o seu impacto<br />
é considerável. Por exemplo, os traumatismos (acidentes,<br />
homicídios e outras situações de violência) e o suicídio<br />
podem ser responsáveis por 25% ou mais da mortalidade<br />
dos consumidores problemáticos de droga. Numa análise<br />
bibliográfica (Darke e Ross, 2002) concluiu-se que a taxa<br />
de suicídio entre os consumidores de heroína era catorze<br />
vezes superior à registada na população em geral. Em<br />
estudos de coorte recentemente realizados na Europa, o<br />
suicídio representava 6% a 11% das mortes entre os<br />
consumidores problemáticos de droga. Contudo, o<br />
impacto global destas causas é difícil de avaliar devido<br />
aos poucos dados disponíveis.<br />
Redução das mortes relacionadas com<br />
o consumo de droga<br />
Doze países referem que a sua estratégia nacional de luta<br />
contra a droga inclui uma secção dedicada à redução<br />
das mortes induzidas pela droga. Um deles, o Reino<br />
Unido, tem um plano de acção específico para reduzir os<br />
danos relacionados com a droga, que define acções<br />
específicas para a prevenção das mortes relacionadas<br />
com o consumo de droga. Treze países não possuem nem<br />
uma estratégia específica nem qualquer secção da<br />
estratégia nacional de luta contra a droga dedicada à<br />
redução das mortes induzidas pela droga, e dois países<br />
não forneceram quaisquer informações.<br />
Intervenções<br />
Um estudo prospectivo a longo prazo entre os<br />
consumidores problemáticos de droga que iniciaram o<br />
tratamento em Itália mostrou que o risco de morte na<br />
coorte estudada era dez vezes maior do que o verificado<br />
entre a população em geral (Davoli e outros, 2007). O<br />
facto de estarem em tratamento diminuía o risco de morte<br />
dos consumidores para quatro vezes o da população em<br />
geral, confirmando, deste modo, que o tratamento da<br />
toxicodependência reduz a mortalidade relacionada com<br />
o consumo de droga. Porém, o estudo revelou também<br />
que a taxa de mortalidade mais elevada era observada<br />
nos 30 dias seguintes ao fim do tratamento. Esta<br />
conclusão realça a necessidade de uma gestão cuidadosa<br />
após o tratamento e de se evitarem episódios de<br />
tratamentos muito curtos, em que os riscos podem ser<br />
superiores aos benefícios do tratamento.<br />
A divulgação de materiais de sensibilização e prevenção<br />
é mencionada pela maioria dos países que dispõem de<br />
informações. Segundo os peritos de 28 países ( 154 ), no<br />
último ano, foram fornecidos materiais impressos ou<br />
multimédia sobre a prevenção das overdoses à maioria ou<br />
à quase totalidade dos consumidores problemáticos de<br />
droga, em nove países, e a uma minoria desses<br />
consumidores em doze países e na Comunidade<br />
Francófona da Bélgica. Na Turquia, não existem materiais<br />
desse tipo e na Estónia, na Letónia, na Hungria e na<br />
Eslováquia são poucos os consumidores problemáticos de<br />
droga que conseguem aceder-lhes. Não há informações<br />
disponíveis a respeito da Bulgária.<br />
Grande parte das overdoses de droga fatais e não fatais<br />
são presenciadas por outras pessoas, incluindo pares ou<br />
familiares dos consumidores de droga, pessoal dos serviços<br />
de saúde ou de assistência social, agentes da polícia ou<br />
guardas prisionais, que estariam em condições de intervir.<br />
Dez países referem a existência de materiais<br />
especificamente concebidos para ajudar as famílias dos<br />
consumidores de droga a reconhecerem e a gerirem as<br />
overdoses; em oito países, esses materiais são facultados<br />
aos agentes da polícia e em sete países foram elaborados<br />
para o pessoal penitenciário ( 155 ). Outros grupos-alvo são<br />
os funcionários das agências de luta contra a droga, o<br />
pessoal das ambulâncias, o pessoal dos serviços de<br />
urgência e acidentes, bem como os imigrantes de países de<br />
( 153 ) Ver figura DRD-7 (parte ii) no Boletim Estatístico de 2009.<br />
( 154 ) Ver quadro HSR-8 no Boletim Estatístico de 2009. Peritos de 26 países da UE, da Turquia e da Noruega classificaram o nível da oferta de<br />
intervenções seleccionadas para prevenir as mortes relacionadas com o consumo de droga.<br />
( 155 ) Ver quadro HSR-8 (parte ii) no Boletim Estatístico de 2009.