Download em PDF - Le Livros
Download em PDF - Le Livros
Download em PDF - Le Livros
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
CAPÍTULO PRIMEIRO<br />
De noite, a aldeia tinha um ar curiosamente fora do t<strong>em</strong>po. Fara passeava<br />
satisfeito ao lado de sua mulher. O ar parecia vinho; estava pensando vagamente no<br />
artista que tinha vindo da Cidade Imperial, e tinha feito o que os telestates<br />
chamaram - ele se l<strong>em</strong>brava nitidamente - "uma pintura simbólica r<strong>em</strong>iniscente de<br />
uma cena da idade elétrica de sete mil anos atrás. "<br />
Enquanto andavam pela rua, Fara observou sua mulher de lado. À luz fraca do<br />
poste de iluminação mais próximo, o rosto ainda jov<strong>em</strong> e bondoso de sua mulher<br />
estava quase na sombra. Falou <strong>em</strong> voz baixa, <strong>em</strong> harmonia com os tons pastéis da<br />
noite:<br />
- Ela disse, nossa Imperatriz disse, que a nossa aldeia de Glay parecia ter a<br />
integridade e a bondade que constitu<strong>em</strong> as melhores qualidades do seu povo. Não é<br />
um pensamento maravilhoso, Creel? Ela deve ser uma mulher maravilhosamente<br />
compreensiva.<br />
Chegaram a uma rua lateral, e o que ele viu uns cinquenta metros adiante o fez<br />
parar.<br />
- Olhe! - disse com voz rouca.<br />
Mostrou a tabuleta luminosa que brilhava dentro da noite, uma tabuleta que trazia<br />
os seguintes dizeres:<br />
ARMAS DE QUALIDADE<br />
O DIREITO DE COMPRAR ARMAS É<br />
O DIREITO DE SER LIVRE<br />
Fara sentiu um estranho vazio dentro dele, enquanto olhava os dizeres luminosos.<br />
viu que outros habitantes da cidade estavam se aproximando. Disse bruscamente:<br />
- Já ouvi falar destas lojas. São lugares infames, contra os quais o governo da<br />
Imperatriz agirá um destes dias. São construídas <strong>em</strong> fábricas secretas e depois<br />
transportadas inteiras para cidades como a nossa e instaladas, desafiando<br />
grosseiramente os direitos de propriedade. Esta não estava aí uma hora atrás.<br />
Seu rosto tornou-se duro, e sua voz tinha um tom áspero quando disse:<br />
- Creel, vá para casa.<br />
Ficou surpreendido porque Creel não se afastou imediatamente. Durante toda sua<br />
vida de casados, ela tivera o agradável hábito de obedecer e, por isto, a vida era<br />
maravilhosa. Viu que ela o olhava espantada e que era o medo o que a mantinha ali.<br />
- Vá para casa! - o medo dela trouxe à tona toda a determinação de sua natureza.<br />
- Não deixar<strong>em</strong>os esta coisa monstruosa profanar nossa cidade. Pense nisto - sua<br />
voz tr<strong>em</strong>ia só de imaginar o que poderia acontecer - esta comunidade maravilhosa,<br />
tradicional, que nós resolv<strong>em</strong>os manter exatamente como a Imperatriz a t<strong>em</strong> <strong>em</strong> sua<br />
galeria de quadros, depravada, arruinada por esta... esta coisa. Mas nós não o<br />
tolerar<strong>em</strong>os!<br />
A voz de Creel soou suave, agora s<strong>em</strong> medo: