Pêssego PArA A exPAnsão - IAC
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Desenvolvimento de novas cultivares de<br />
<strong>Pêssego</strong> <strong>PArA</strong> A <strong>exPAnsão</strong><br />
da cultura em regiões quentes do estado<br />
Dourado 1<br />
tropical-2<br />
Douradão<br />
Página 4 | O Agronômico | Campinas | 58(1/2) | 2006<br />
Fernando<br />
Edvan<br />
Rafael<br />
Wilson<br />
O pessegueiro (Prunus persica L. Batsch), originário da<br />
China, é considerado frutífera típica de clima temperado.<br />
Há vários séculos vem sendo cultivado no Oriente, na<br />
Europa e nas Américas, em latitudes elevadas, entre 0° e<br />
50º norte e sul, onde ocorrem, genericamente, desde 500 até<br />
2.000 horas anuais de temperatura abaixo de 7,2 ºC. Ao ser<br />
introduzido em regiões de latitudes baixas, como 22° ± 2ºS,<br />
o pessegueiro teve de ser adaptado ao clima subtropicaltemperado<br />
predominantemente. Nessas condições ecológicas,<br />
as temperaturas amenas no inverno impediam a adequada<br />
quebra da endodormência das gemas e o conseqüente<br />
desenvolvimento vegetativo e reprodutivo das plantas.<br />
Aurora 1<br />
jóia 2<br />
Figura 1. Cultivares de baixa exigência em frio obtidas no Instituto Agronômico e recomendadas para o estado de são Paulo.
No Brasil, o primeiro programa de<br />
melhoramento do pessegueiro<br />
visando à adaptação plena aos<br />
ambientes incomuns à cultura ocorreu no<br />
Instituto Agronômico em fins dos anos<br />
40. De seu surgimento até os dias atuais,<br />
o <strong>IAC</strong> desenvolveu dezenas de cultivares<br />
de qualidades organolépticas e agronômicas<br />
superiores, bem adaptadas ao clima<br />
paulista. Assim, essas cultivares têm<br />
sido amplamente aceitas pelos produtores<br />
e pelo público consumidor, servindo de<br />
base à evolução da persicultura no Estado.<br />
Algumas cultivares estão apresentadas na<br />
Figura 1 (Ojima et al., 1989; Barbosa et al.,<br />
2000, Ojima et al., 1985; Campo Dall’Orto<br />
et al., 198 ; Barbosa et al., 2004).<br />
O pessegueiro representa a segunda<br />
principal frutífera de clima temperado do<br />
Estado de São Paulo, com 1,9 milhão de<br />
indivíduos jovens e adultos. Neste dado,<br />
incluiu-se a nectarineira, que equivale a<br />
12 % da persicultura paulista em número<br />
de plantas. Cultivado em . 67 ha de 172<br />
municípios, equivalentes a 5 regionais<br />
agrícolas, o pessegueiro foi a cultura que<br />
mais evoluiu em termos de plantas cultivadas;<br />
comparando os dados disponibilizados<br />
em 1982, verifica-se crescimento de<br />
cerca de 420 %. Em Guapiara, na região<br />
de Itapeva, encontra-se o principal nicho<br />
de cultivo do pessegueiro, com 428,5 mil<br />
plantas em 669 ha. Já para nectarineira,<br />
Paranapanema é o principal município<br />
produtor, com 84,9 mil plantas cultivadas<br />
em 188,5 ha, seguido por Guapiara. Cultivares<br />
pouco mais exigentes em frio foram<br />
bastante citadas no Sudoeste, região de Itapeva,<br />
em levantamento recente. As cultivares<br />
lançadas pelo Instituto Agronômico ,<br />
de baixa exigência em frio, foram mencionadas<br />
principalmente pelos persicultores<br />
das regiões de Itapetininga, Avaré, Itapeva,<br />
Campinas e Bragança Paulista. São elas: tipos<br />
Aurora, Dourado, Ouromel, Doçura e<br />
Jóia, além de ‘Biuti’, ‘Douradão’ e da nectarina<br />
‘Centenária’ (Barbosa et al., 200 ).<br />
A persicultura do Estado de São Paulo<br />
atualmente está voltada quase que exclusivamente<br />
para a produção visando o<br />
consumo in natura. Outrora, o Estado já<br />
contou com uma florescente cultura de<br />
pêssego para indústria, notadamente na<br />
década de 50. Entretanto, ano após ano, as<br />
indústrias paulistas passaram a interessarse<br />
mais pelos pêssegos produzidos no Rio<br />
Grande do Sul, ou mesmo na Argentina,<br />
os quais lhes proporcionavam lucros mais<br />
imediatos. Naturalmente, os produtores<br />
Figura 2. Flor do pêssego<br />
locais foram se desestimulando, por falta<br />
de remuneração condizente, passando ao<br />
cultivo de pêssegos para mesa.<br />
No Estado de São Paulo, existem duas<br />
tradicionais regiões produtoras de pêssegos,<br />
a primeira próxima à capital, onde se<br />
destacam os municípios de Guapiara, Mairinque,<br />
Mogi das Cruzes, Valinhos, Jundiaí<br />
e Atibaia, e a segunda, onde se destacam os<br />
municípios de Itapetininga, Paranapanema,<br />
com a cooperativa de Holambra II. Nas regiões<br />
mais quentes como as do centro-norte,<br />
o baixo risco de geadas tardias, associado<br />
a algumas técnicas de cultivo e ao emprego<br />
de variedades precoces pouco exigentes,<br />
tem proporcionado a realização da colheita<br />
nos meses de agosto a outubro, que correspondem<br />
ao período da entressafra, não só<br />
das principais regiões produtoras brasileiras<br />
como da maioria dos países produtores<br />
localizados no Hemisfério Sul, como Chile,<br />
Argentina, Uruguai e África do Sul.<br />
Devido ao êxito dos trabalhos de melhoramento<br />
genético e cultural das frutas<br />
de caroço realizados pelo <strong>IAC</strong>, o pêssego<br />
e a nectarina em especial, têm tido o seu<br />
cultivo amplamente difundido nas regiões<br />
de clima subtropical e tropical com condições<br />
de clima mais quente. Dessa forma,<br />
a fruticultura de clima temperado paulista<br />
tem-se caracterizado, nas últimas décadas,<br />
por significativa ampliação regional e renovação<br />
estrutural e varietal. Em moldes<br />
Devido ao êxito<br />
dos trabalhos de<br />
melhoramento<br />
genético e cultural<br />
das frutas de caroço<br />
realizados pelo <strong>IAC</strong>, o<br />
pêssego e a nectarina<br />
em especial, têm<br />
tido o seu cultivo<br />
amplamente difundido<br />
nas regiões de clima<br />
subtropical e tropical<br />
com condições de<br />
clima mais quente.<br />
O Agronômico | Campinas | 58(1/2) | 2006 | Página 5
comerciais, essa fruticultura deixou de ser<br />
praticada somente em áreas serranas e em<br />
municípios próximos da capital, deslocando-se<br />
para outras regiões subtropicais e tropicais<br />
do interior, muitas vezes desprovidas<br />
de temperaturas hibernais baixas (Pedro<br />
Junior et al., 1979; Barbosa et al., 1990).<br />
Atualmente, existem mais de 0 ha em<br />
implantação na região centro-norte e um<br />
número grande de produtores buscando<br />
informações para iniciar novos cultivos.<br />
Essa expansão apoiou-se também em bases<br />
proporcionadas por trabalhos pioneiros do<br />
Prof. Fernando Mendes Pereira, da Universidade<br />
Estadual Paulista (UNESP/Jaboticabal).<br />
Mesmo com a expressiva expansão<br />
das frutíferas de caroço na região, o número<br />
de cultivares disponíveis e adaptadas a essas<br />
condições é ainda insuficiente ao pleno<br />
atendimento dessa crescente demanda de<br />
novas cultivares de pêssego e nectarina, visto<br />
que, naquela região, vem sendo cultivada<br />
exclusivamente a variedade Aurora-1.<br />
Considerando que a diversificação de<br />
cultivares é fator limitante para a expansão<br />
e o desenvolvimento da atividade na<br />
região, o <strong>IAC</strong>, em parceria com outros<br />
Figura 3. Fotos ilustrativas das etapas de hibridação controlada realizada no<br />
campo. A – Polinização do estigma da flor do parental feminino com auxílio de um<br />
pincel nº 2. B – Aspectos das plantas após a proteção com saquinhos de papel das<br />
flores polinizadas manualmente.<br />
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órgãos de pesquisa, ensino e desenvolvimento,<br />
vem concentrando esforços no<br />
sentido de obter novas variedades adaptadas<br />
às condições mais quentes do Estado<br />
de São Paulo. Além da baixa exigência em<br />
frio, outros atributos agronômicos vêm<br />
sendo objetivados, como: frutos maiores,<br />
mais saborosos, precoces, mais coloridos,<br />
formato mais arredondado, polpa não<br />
fundente e maior resistência a pragas e doenças.<br />
Nesse sentido, além de introduções<br />
realizadas no ano de 2005/06 pelo Centro<br />
Apta Frutas/<strong>IAC</strong>, também foram realizadas<br />
várias hibridações controladas no<br />
campo, utilizando-se acessos avançados<br />
oriundos do Programa de Melhoramento<br />
do <strong>IAC</strong> (Figura 1).<br />
As parcerias com algumas cooperativas<br />
de produtores também estão permitindo<br />
a realização de vários testes regionais<br />
com o objetivo de selecionar novas variedades<br />
que se encontram em estágio avançado<br />
de seleção. São pêssegos e nectarinas<br />
de polpa branca e amarela, alto valor de<br />
sólidos solúveis (°Brix), boa adaptação e<br />
excelente tamanho, além de pronunciada<br />
coloração da película.<br />
As parcerias com algumas cooperativas de produtores<br />
também estão permitindo a realização de vários testes<br />
regionais com o objetivo de selecionar novas variedades<br />
que se encontram em estágio avançado de seleção.<br />
Referências<br />
BARBOSA, W.; CAMPO-DALL’ORTO, F.A.; OJI-<br />
MA, M. Comportamento do <strong>Pêssego</strong> ‘Tropical’<br />
- Cultivar Bem Precoce Para São Paulo. 1991.<br />
BARBOSA, W.; OJIMA, M.; DALLORTO, F.A.C.;<br />
VEIGA, Renato Ferraz de Arruda. Nova Cultivar<br />
de <strong>Pêssego</strong>: <strong>IAC</strong> Douradão (Registrada no SNPC:<br />
2 44). 2000.<br />
BARBOSA, W.; DALLORTO, F.A.C.; OJIMA, M.<br />
Tropical-2: Novo <strong>Pêssego</strong> precoce para regiões<br />
quentes de São Paulo (Registrado no SNPC:<br />
261). 2004.<br />
BARBOSA, W.; POMMER, C.V.; RIBEIRO, M.D.;<br />
VEIGA, R.F.A.; COSTA, A.A. Distribuição geográfica<br />
e diversidade varietal de frutíferas e nozes<br />
de clima temperado no Estado de São Paulo. Revista<br />
Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 25,<br />
n. 2, p. 41- 44, 200 .<br />
CAMPO-DALL’ORTO, F.A.; RIGITANO, O. Lançamento<br />
Ao Cultivo Comercial de Quatro Novos<br />
Cultivares de <strong>Pêssego</strong>s Amarelos Para Mesa, dos<br />
Tipos : Ouromel e Petisco. 198 .<br />
OJIMA, M.; CAMPO-DALL’ORTO, F.A.; BARBO-<br />
SA, W.; SANTOS, R.R.; RIGITANO, O. <strong>Pêssego</strong>s<br />
Amarelos Para O Cultivo Comercial Nas Condições<br />
de São Paulo: ‘Aurora-1’ e ‘Aurora-2’. 1989.<br />
OJIMA, M.; CAMPO-DALL’ORTO, F. A.; BARBO-<br />
SA, W.; TOMBOLATO, A.F.C.; RIGITANO, O.<br />
Novos Cultivares de <strong>Pêssego</strong> Para Exploração<br />
Comercial Em São Paulo: Dourado-1 e Dourado-<br />
2. 1985.<br />
OJIMA, M.; CAMPO-DALL’ORTO, F.A.; RIGITA-<br />
NO, O. Lançamento Ao Cultivo Comercial de<br />
Quatro Novos Cultivares de <strong>Pêssego</strong>s Brancos,<br />
dos Tipos Jóia e Doçura. 198 .<br />
PEDRO JUNIOR, M.J.; ORTOLANI, A.A.; RIGITA-<br />
NO, O.; ALFONSI, R.R.; PINTO, H.S.; BRUNINI,<br />
O. Estimativa de horas de frio abaixo de 7 e de<br />
1 oC para regionalização da fruticultura de clima<br />
temperado no Estado de São Paulo. Bragantia,<br />
Campinas, v. 8, n.1, p.12 -1 0, 1979.<br />
Edvan Alves Chagas<br />
Instituto Agronômico, Centro de Frutas<br />
( (11) 4582-7284<br />
* echagas@iac.sp.gov.br<br />
Rafael Pio<br />
Universidade Estadual do Oeste do<br />
Paraná, Centro de Ciências Agrárias<br />
* rafaelpio@hotmail.com<br />
Fernando Antônio Campo Dall’Orto<br />
Instituto Agronômico, Centro de Frutas<br />
( (11) 4582-7284<br />
* facampo@iac.sp.gov.br<br />
Wilson Barbosa<br />
Instituto Agronômico, Jardim Botânico<br />
( (19) 241-5188 ramal 0<br />
* wbarbosa@iac.sp.gov.br