Sonetos - Unama
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em todo o mundo desejo<br />
e em ninguém merecimento.<br />
VOLTAS<br />
Para quem vos soube olhar,<br />
tão impossível foi ser<br />
o poder-vos merecer,<br />
como o não vos desejar.<br />
Pois logo a meu pensamento<br />
nenhum remédio lhe vejo,<br />
senão se der o desejo<br />
asas ao merecimento.<br />
92.<br />
Cantiga<br />
a esta cantiga alheia<br />
Perdigão perdeu a pena,<br />
não há mal que lhe não venha:<br />
VOLTAS<br />
Perdigão, que o pensamento<br />
subiu em alto lugar,<br />
perde a pena do voar,<br />
ganha a pena do tormento.<br />
Não tem no ar nem no vento<br />
asas, com que se sustenha:<br />
não há mal que lhe não venha.<br />
Quis voar a uma alta torre<br />
mas achou-se desasado;<br />
e, vendo-se depenado,<br />
de puro penado morre.<br />
Se a queixumes se socorre,<br />
lança no fogo mais lenha:<br />
não há mal que lhe não venha.<br />
27.<br />
Trovas<br />
a umas Senhoras que haviam de ser<br />
terceiras para com uma Dama sua<br />
Pois a tantas perdições,<br />
Senhoras, quereis dar vida,<br />
ditosa seja a ferida<br />
www.nead.unama.br<br />
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