Sonetos - Unama
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quanto me pode matar.<br />
Olhai bem se me trazeis,<br />
Senhora, posto no fim;<br />
pois neste estado a que vim,<br />
para que vós confesseis<br />
se dão os tratos a mim.<br />
Mas para que tudo possa<br />
Amor, que tudo encaminha,<br />
tal justiça lhe convinha;<br />
porque da culpa que é vossa<br />
venha a ser a morte minha.<br />
Justiça tão mal olhada,<br />
olhai com que cor se doura,<br />
que quer, no fim da jornada,<br />
que vós sejais confessada<br />
para que eu seja o que moura!<br />
Pois confessai-vos já' gora,<br />
inda que tenho temor<br />
que nem nest' última hora<br />
me há-de perdoar Amor<br />
vossos pecados, Senhora.<br />
E assim vou desesperado,<br />
porque estes são os costumes<br />
de amor que é mal empregado,<br />
do qual vou já condenado<br />
ao inferno, de ciúmes!<br />
028.<br />
Glosas<br />
ao moto que lhe enviou Dona<br />
Francisca de Aragão para que Iho<br />
glosasse:<br />
Mas porém a que cuidados ?<br />
1ª.<br />
Tanto maiores tormentos<br />
foram sempre os que sofri,<br />
daquilo que cabe em mi,<br />
que não sei que pensamentos<br />
são os para que nasci.<br />
Quando vejo este meu peito<br />
a perigos arriscados<br />
inclinado, bem suspeito<br />
que a cuidados sou sujeito;<br />
www.nead.unama.br<br />
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