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35-47 - Universidade de Coimbra

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AXXO I — 39 O DEFEXSOR DO POVO <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1898<br />

LBTTRAS<br />

0 Rabequista<br />

Em tempo muito remotos, os habitantes<br />

<strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong> levantaram<br />

uma egreja magnifica a Santa Cecília padroeira<br />

dos músicos.<br />

As rosas mais vermelhas e os lyrios<br />

mais cândidos enfeitavam o altar.<br />

O vestido da santa era <strong>de</strong> (illigrana<br />

<strong>de</strong> prata e os sapatinhos eram <strong>de</strong> oiro,<br />

feitos pelo melhor ourives da cida<strong>de</strong>. A<br />

capella eslava completamente cheia <strong>de</strong><br />

peregrinos e <strong>de</strong>votos.<br />

Uma vez foi lá em romaria um pobre<br />

rabequista, pálido, magro, escaveirado.<br />

Como a jornada tinha sido longa, estava<br />

cançado e já no seu alforge não havia<br />

pão, nem dinheiro no bolso para o comprar.<br />

Assim que eulrou na capella, come-<br />

çou a tocar na sua rebeca com tal suavida<strong>de</strong>,<br />

com tanta expressão, que a santa<br />

ficou enternecida ao vel-o tão pobre<br />

e aó escutar aquella musica tão <strong>de</strong>liciosa.<br />

Quando terminou, Santa Cecilia abaixou-se,<br />

<strong>de</strong>scalçou um dos seus ricos sapatos<br />

<strong>de</strong> oiro, e <strong>de</strong>u-o ao pobre musico,<br />

que, tonto <strong>de</strong> alegria, dançando, cantando,<br />

chorando, correu á loja <strong>de</strong> um ourives<br />

para o ven<strong>de</strong>r.<br />

O ourives, reconhecendo o sapato da<br />

santa, pren<strong>de</strong>u o pobre rabequista e levou-o<br />

á presença do juiz. Iustauraram-<br />

Ihe proceíso, julgaram-no e foi con<strong>de</strong>in-<br />

nado á morte.<br />

Chegara o dia da execução.<br />

Os sinos dobravam lastimosamente, e<br />

b cortejo poz-se em marcha ao som dos<br />

cânticos dos fra<strong>de</strong>stque ainda assim não<br />

chegavam a dominar os sons da rabeca<br />

do con<strong>de</strong>mnado, que pedira como ultima<br />

graça o <strong>de</strong>ixarem-lhe tocar na sua rabeca<br />

até ao ultimo momento.<br />

O cortejo chegou <strong>de</strong>fronte da capella<br />

da santa, e, quando paravam, snpplicou<br />

o triste <strong>de</strong>sgraçado que o levassem lá<br />

<strong>de</strong>ntro para tocar a <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira melodia.<br />

Os padres e os chefes da escolta consentiram,<br />

e o rabequista entrou, ajoelhou<br />

aos pés da santa, e, <strong>de</strong>bulhado em lagrimas,<br />

começou a tocar. Então o povo maravilhado<br />

e atterrado, viu Santa Cecilia<br />

curvar-?e <strong>de</strong> novo, <strong>de</strong>scalçar o outra sapato<br />

e inettel-o nas mãos do infeliz musico.<br />

A' vista d'este milagre, lodos os assistentes<br />

levaram em triumpho o rabequista,<br />

coroaram-no <strong>de</strong> llôres, e os magistrados<br />

vieram solemnemente prestar-<br />

Ihe as mais honrosas homenagens.<br />

Guerra Junqueiro.<br />

As eleições<br />

em Ponta Delgada<br />

Foi o mais lisongeiro para o partido<br />

republicano o resultado das ultimas eleições<br />

para <strong>de</strong>putados realisadas em Ponta<br />

Delgada.<br />

É tal a prepon<strong>de</strong>rância que o partido<br />

republicano adquiriu alli que a sua victoria<br />

seria <strong>de</strong>finitiva se os monarchicos<br />

se não. colligassem, e se, além d'isso,<br />

se não recorresse ao conhecido uso das<br />

chapelladas nos concelhos ruraes.<br />

Também contribuiu assásmente para<br />

o triumpho monarchico a propaganda <strong>de</strong>leleria<br />

dos reverendos parochos que atterrorisavam<br />

os eleitores com sermonatas<br />

estupautes, inculindo-lhes que votar na<br />

lista republicana era o mesmo que votar<br />

pura o acabamento da religião !...<br />

Pois apezar <strong>de</strong> tudo islo, a lisla republicana<br />

foi enormemente votada, como<br />

se vê:<br />

Dr. Theophilo Braga 1:174 votos<br />

Casimiro Franco ... 1:066 votos<br />

Augusto Cymbron Borges<br />

<strong>de</strong> Sonsa 1:177 votos<br />

Dr. Manoel d'Arriaga ... 79 votos<br />

Honra ao povo <strong>de</strong> Ponta Delgada<br />

que tão eloquentemente soube protestar<br />

contra a politica monarchica que tanto<br />

tem <strong>de</strong>scurado os interesses dos povos<br />

insulanos.<br />

Como manifestação <strong>de</strong> justiça cabenos<br />

aqui consignar que a consi<strong>de</strong>rável vo<br />

tação obtida pelo partido republicano <strong>de</strong><br />

Ponta Delgada nas ultimas eleições, foi<br />

<strong>de</strong>vida em parte ao preseveraute esforço<br />

do nosso presado amigo e correligionário<br />

sr. Augusto Cymbron Borges <strong>de</strong> Sousa,<br />

re-i<strong>de</strong>iile em <strong>Coimbra</strong>, que no periodo<br />

<strong>de</strong> alguns mezes por lá andou disciplinando,<br />

orgauisando, evangelisando, preparando<br />

emfim as nossas forças para a<br />

lucta eleitoral,<br />

— Os candidatos votados, que acima<br />

referimos, dirigiram um manifesto-agradécimeuto<br />

aos eleitores <strong>de</strong> Ponta Delgada,<br />

do qual extractamos o seguinte periodo<br />

: .<br />

«Quando nos apresentámos ao vosso<br />

suffragio, foi simplesmente para provocar<br />

a união das fileiras dos patriotas que<br />

sabem <strong>de</strong> que lado está a nossa salvação.<br />

Porque, para luctar contra quem faz a<br />

lei e possue meios excepcionaes para a<br />

falsificar—começando pelo privilegio dos<br />

gran<strong>de</strong>s contribuintes para escolher as<br />

commissões <strong>de</strong> recenseamento eleitoral,<br />

que por seu turno dão e tiram o direito<br />

<strong>de</strong> votar com um <strong>de</strong>scaro aleivoso, e<br />

como se isto não bastasse ainda, fabrica<br />

as maiorias pela compra do votorpelas<br />

pressões íiscaes e <strong>de</strong> recrutamento, actas<br />

simuladas, fuzilamentos junto da urna,<br />

amnistias para as infamias dos seus galopins,<br />

e arrebanhamento pelos padres<br />

dos simplorios al<strong>de</strong>ãos para os contrapôr<br />

pelo numero bruto ao suffragio inlelligente<br />

das capilaes,—para luctar, repetimos,<br />

contra mil burlas da hypocrisia liberal<br />

do regimen representativo, só quem<br />

se achar em estado <strong>de</strong> imbecil ingenuida<strong>de</strong>,<br />

acreditará no veredictum do sulíragio<br />

<strong>de</strong>pois da constante viciação <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> meio século.»<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

A rainha sr.*D. Maria Pia, é a 12. a<br />

das regentes que tem governado esteà<br />

reinos. As outras foram : D. Thereza <strong>de</strong><br />

Leão, mulher do con<strong>de</strong> D. Henrique, D.<br />

Leonor Telles, mulher <strong>de</strong> D. Fernando<br />

I, D. Leonor d'Arngão, mulher d'el-rei<br />

D. Duarte, D. Leonor <strong>de</strong> Lencastre, mulher<br />

<strong>de</strong> D. João II, D. Catharina, mulher<br />

<strong>de</strong> D. João III. D. Margarida <strong>de</strong> Saboya,<br />

duqueza <strong>de</strong> Mantua (na dominação hespanhola),<br />

D. Luiza <strong>de</strong> Gusmão, mulher<br />

<strong>de</strong> D. João IV, D. Catharina, ti lha <strong>de</strong> D.<br />

João IV e irmã <strong>de</strong> D. Pedro II e D. Affonso<br />

VI, D. Mariana d'Austria, mulher<br />

<strong>de</strong> D João V, D. Mariana Victoria, mulher<br />

<strong>de</strong> D. José 1, e finalmente a infanta<br />

D. Isabel Maria, filha do rei D. João<br />

VI.<br />

Pelos vencidos<br />

O cumprimento d'um <strong>de</strong>rer é a maior<br />

satisfação da consciência individual.<br />

Ora ninguém dirá que soccorrer os<br />

nossos concidadãos emigrados não é o<br />

cumprimento d'um <strong>de</strong>ver, porque na or<strong>de</strong>m<br />

dos <strong>de</strong>veres políticos esle occupa o<br />

primeiro logar, na actual conjunctura.<br />

Urge que todo o republicano sem<br />

differenciação <strong>de</strong> nuances abra o seu coração<br />

e a sua bolsa para auxiliar aquelles<br />

malventurosos amigos que longe da<br />

patria e da família se vêm <strong>de</strong>sprotegidos.<br />

Vamos a isto, meus amigos I Cumpramos<br />

este sacratíssimo <strong>de</strong>ver. Deixemo-nos<br />

<strong>de</strong> lyrismos extenuados e <strong>de</strong> visualida<strong>de</strong>s<br />

piegas. Sigamos a ru<strong>de</strong>z crua<br />

dos acontecimentos e <strong>de</strong>puremos na analyse<br />

fria do nosso critério a sua significação<br />

positiva.<br />

O Diário Illustrado constatava ha<br />

dias que os emigrados republicanos portuguezes<br />

em Bordéus se alimentavam<br />

com bolota pesquisada nos barris do lixol<br />

Isto é infame, vergonhosamente infame!<br />

Tolerar isto, sem córar <strong>de</strong> vergonha,<br />

eslá abaixo <strong>de</strong> toda a noção <strong>de</strong><br />

humanida<strong>de</strong>, inferiorisa o nosso pudor<br />

<strong>de</strong> republicanos, dia a dia aflirmando<br />

pela imprensa a nossa solidarieda<strong>de</strong> com<br />

aquella gente.<br />

É a solidarieda<strong>de</strong> uma das virtu<strong>de</strong>s<br />

mais <strong>de</strong>mocráticas; mas não é a solidarieda<strong>de</strong><br />

exclusivamente platónica <strong>de</strong>clarada<br />

apenas pelos bicos da penna : é a<br />

solidarieda<strong>de</strong> effectiva, pratica, traduzida<br />

no mais franco auxilio moral e material.<br />

Amigos ! Soccorraroos os emigrados I<br />

Subscripção <strong>de</strong> SOO réis men-<br />

Rnei <strong>de</strong>stinada a soccorrer<br />

eom egual quantia os nossos<br />

correligionários emigrados<br />

Transporte .... 120900<br />

Os nossos amigos e correligionários<br />

<strong>de</strong> fóra <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> que queiram contribuir<br />

para esta humanitaria acção, po<strong>de</strong>rão<br />

relnetter os seus nomes e as suas<br />

quotas a Teixeira <strong>de</strong> Brito, na redacção<br />

do Defensor do Povo, ou na rua do Corpo<br />

<strong>de</strong> Deus/n, 0 88.<br />

EM SURDINA<br />

— Porque andam assim tristonhos,<br />

tão bisonhos,<br />

os Jaquetas t<br />

— Que perguntas I<br />

Queriam que o João Maria<br />

— que mania I —<br />

ficasse em todas as juntas.<br />

— Tudo se po<strong>de</strong> fazer,<br />

a meu ver...<br />

P'ra vencer taes arrelias,<br />

basta do Ayres conseguir,<br />

residir,<br />

em todas as freguezias I<br />

— Tenho i<strong>de</strong>ia mais catita,<br />

mais bonita,<br />

que o leva á posterida<strong>de</strong> 1...<br />

O partido nomeal-o<br />

— que regalo I —<br />

viso-rei — cá da cida<strong>de</strong> 111<br />

PINTA-ROXA.<br />

DE LANÇA EM RISTE<br />

No domingo, eleições <strong>de</strong> junta <strong>de</strong> parochia.<br />

Em todas as freguezias d'esta cida<strong>de</strong><br />

se pretendia propor o nome do sr<br />

Ayres <strong>de</strong> Campos que eslá sendo a or<strong>de</strong>m<br />

do dia da politica coimbrã.<br />

Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> renlisarera tão<br />

alto pensamento, os parochianos <strong>de</strong> Santa<br />

Cruz serão os únicos a po<strong>de</strong>rem usufruir<br />

tamanho regalo — e consla-nos que<br />

alli será eleito s. ex.*<br />

É muito bonita — a gratidão 1<br />

*<br />

Ouçamos os dois, que pa»sam por<br />

folhas ultra-ministeriaes :<br />

Em <strong>Coimbra</strong>—o Commercio <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>,<br />

diz :<br />

«Afllrma o Imparcial <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />

que o sr. dr. Vicente Rocha não tenciona<br />

pedir a <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte da<br />

commissão districtal <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>.»<br />

Em Lisboa — a Reforma:<br />

«Pediu a exoneração do logar <strong>de</strong><br />

presi<strong>de</strong>nte da commissão districtal <strong>de</strong><br />

<strong>Coimbra</strong>, o sr. dr. Vicente Rocha.<br />

«Este cavalheiro será substituído<br />

pelo sr. dr. Hermano, vogal da mesma<br />

commissão.»<br />

Entre pessoas tão distinctas ha um<br />

que mente. Ora a Reforma é orgão do<br />

sr. Dias Ferreira, e a <strong>de</strong>missão parece<br />

<strong>de</strong>via ser pedida ao governo.<br />

Cá ficamos á espreita do mentiroso!<br />

*<br />

Vae ser adoptado no seminário episcopal<br />

d'esta diocese, o compendio do sr.<br />

dr. Bernardo Augusto <strong>de</strong> Madureira, intitulado:<br />

— Instituciones lheologicae dogmático<br />

polemiere.<br />

Como sabeis, em polemica dogmatica<br />

theologica ou cousa equivalente, andaram<br />

a esmurrar-se alguns mezes a Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Theologia e o sr. bispo con<strong>de</strong>.<br />

Que até chegou a arrepiar carecas !<br />

Agora as cousas vão a caminho e o<br />

que hontem era péssimo é hoje bom.<br />

Deo graltas !<br />

*<br />

Foi suspenso o sr. padre Pratas por<br />

causa das torpelias que praticou <strong>de</strong>ntro<br />

da egreja <strong>de</strong> Santa Cruz, no dia da eleição<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>putados.<br />

Escapou á correcção o que consentiu<br />

e tolerou que numa cása <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

mesma egreja se servisse vinho e bacalhau<br />

aos eleitores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da Pedrulha.<br />

Não gostamos <strong>de</strong> ver chorar uns,<br />

emquanto outros se riem.<br />

Comtudo, o sr. padre Praias bem mereceu<br />

o castigo.<br />

*<br />

As con<strong>de</strong>corações continuam a sair<br />

da cornucopia das graças ás mãos cheias<br />

—p'ra todo o bicho careta.<br />

<strong>Coimbra</strong> nem por isso !<br />

Que encavacação I<br />

*<br />

Espera-se em <strong>Coimbra</strong> o sr. Hintze<br />

Ribeiro. O fúnebre ex-ministto, negociador<br />

do tratado inglez <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> agosto,<br />

vera a esla cida<strong>de</strong>, segundo dizem, reorganisar<br />

o partido regenerador.<br />

Virá dizer aos Jaquelis, que são os<br />

dissi<strong>de</strong>ntes do paVtido, que voltem ao redil<br />

da regeneração, o qual brevemente<br />

será po<strong>de</strong>r, com o sr. José Dias á<br />

frente...<br />

Se assim fór tudo ficará — di accordo—<br />

e então veremos para on<strong>de</strong> irá o sr.<br />

Ayres <strong>de</strong> Campos que afirmava não pertencer<br />

a nenhum partido monarchico.<br />

Será facel vel-o na regeneração.<br />

Pròh pudor 1<br />

Magriço,<br />

Notes da borga<br />

•wwv^<br />

Importou em 400$000 réis a ma<strong>de</strong>ira<br />

que foi empregue no estrado que<br />

construíram junto ao mastro do Rocio.<br />

Importou era 1 conto <strong>de</strong> réis a fazenda<br />

adquirida para a confecção <strong>de</strong><br />

ban<strong>de</strong>iras que serviram para os féstejos<br />

reaes.<br />

A commissão <strong>de</strong> festejos requisitou<br />

da direcção dos caminhos do ferro do Sul<br />

e Sueste cerca <strong>de</strong> 400 bilhetes <strong>de</strong> Iodas<br />

as classes, para distribuir gratuitamente<br />

pelas pessoas que quizessem ir <strong>de</strong> Setúbal<br />

e estações intermedias a Lisboa, a<br />

fim <strong>de</strong> assistirem aos festejos.<br />

Ura telegramma <strong>de</strong> Madrid para o<br />

Século diz que teem chamado a attenção<br />

do publico as muitas <strong>de</strong>spezas particulares<br />

feitas em Madrid pelos reis <strong>de</strong> Portugal,<br />

na acquisição <strong>de</strong> jóias e outros<br />

objeclos para brin<strong>de</strong>s, consi<strong>de</strong>rados como<br />

explendidos e riquíssimos.<br />

Diz o correspon<strong>de</strong>nte do Século que<br />

a rainha D. Amélia visilou muitos estabelecimentos<br />

commerciaes comprando artigos<br />

<strong>de</strong> luxo.<br />

O almoço no entroncamento custou<br />

4:320$000 réis pagos pelo ministério da<br />

fazenda.<br />

O rei D. Carlos presenteou o marquez<br />

<strong>de</strong> Ayerbe com um alfinete <strong>de</strong> brilhantes<br />

e a rainha D. Amélia a duqueza<br />

do Infantado com uma pulseira <strong>de</strong> brilhantes,<br />

por terem estado os dois ás or<strong>de</strong>ns<br />

do* reivportuguezes.<br />

Um episodio curioso:<br />

Um secreta tripeiro pren<strong>de</strong>u no largo<br />

do Pelourinho um sujeito cora quem<br />

embirrou.<br />

Tomou a rua do Arsenal e quando<br />

chegou ao largo do Corpo Santo vollouse<br />

para o preso e perguntou-lhe :<br />

—Diga me on<strong>de</strong> é o governo civil;<br />

eu sou do Porto, e não sei cá d'eslas<br />

coisas.<br />

— Eu o ensino, — respon<strong>de</strong>u muilo<br />

<strong>de</strong>licadamente o preso.<br />

Ambos seguiram até á rua do Corpo<br />

Santo, on<strong>de</strong> o preso, tomando a escada<br />

do consnlado brazileiro <strong>de</strong>itou a correr,<br />

pondo-se cm dois pulos na rua do Ferregial,<br />

evadindo-se.<br />

O secreta correu lambem e ao chegar<br />

á rua do Ferregial, parou sem saber<br />

o caminho que <strong>de</strong>via tomar.<br />

O sr. Pedroso <strong>de</strong> Lima, esmerou se<br />

na disposição dos grupos para os vivas.<br />

A coisa ficou com estas simples instrucções<br />

:<br />

—Um grupo berra, a comitiva passa,<br />

o grupo corre, vae juntar-se a oulro,<br />

os dois berram e correm juntos a reunir-se<br />

ao terceiro. E assim vão berrando<br />

e correndo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Bocio até Alcantura.<br />

Assim se arranjam os vivas com pessoal<br />

<strong>de</strong> comparsa ria <strong>de</strong> magica.<br />

O espectáculo <strong>de</strong> gala em S. Carlos<br />

<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> se realisar por falta <strong>de</strong> luz<br />

electrica. Um fiasco I<br />

JÍ ií/Ir-íGWfiyff Pi' í íii-j') Ó-<br />

Na casa da florista franceza, sita no<br />

2.° quarteirão indo do Rocio, estava arvorada<br />

a ban<strong>de</strong>ira nacional com a coiôa<br />

<strong>de</strong> peruas para o ar!<br />

Quando se ouviu o silvo <strong>de</strong> um comboio,<br />

uin saloio chegado <strong>de</strong> Merceana<br />

e que estava no largo <strong>de</strong> Camões,<br />

vollou-se para um policia, e exclamou.<br />

—Eia! como a companhia apila! sôr<br />

poliça!<br />

A companhia real dos caminhos <strong>de</strong><br />

ferro, lambem <strong>de</strong>u feriado aos seus operários.<br />

E a dizerem que a companhia está a<br />

cahir !<br />

Nova machina <strong>de</strong> guerra<br />

Ura oflicial <strong>de</strong> artilheria do exercito<br />

italiano invenlou uma nova luz <strong>de</strong>stinada<br />

a illuminar o campo inimigo, e cuja intensida<strong>de</strong><br />

é equivalente á <strong>de</strong> 100:000<br />

velas. A matéria que a produz é alojada<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um projéctil, o qual, rebentando<br />

no campo inimigo, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tocar<br />

em qualquer corpo, o jlluminará até<br />

gran<strong>de</strong> distancia.<br />

Monumental escandalo<br />

Quando o actual ministério <strong>de</strong>cretou<br />

a reducção dos juros da divida, houve<br />

reclamações dos comités estrangeiros por<br />

causa da <strong>de</strong>segualda<strong>de</strong> entre o coupon<br />

da divida interna e o da divida externa.<br />

O governo para aplanar diíHciiIda<strong>de</strong>s<br />

e dar uma satisfação aos crédores estrangeiros,<br />

facultou a conversão dos titulos<br />

da divida externa por titulos da divida<br />

interna.<br />

Poucos foram os qtte se serviram<br />

d'essa auctorisação, na doce esperança<br />

<strong>de</strong> que o goveruo reconsi<strong>de</strong>raria sobre a<br />

reducção. Em todo o caso houve con-r<br />

versão <strong>de</strong> titulos no valor <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

um milhão <strong>de</strong> libras nominal. .,<br />

Segundo as praxes estabelecidas o<br />

governo <strong>de</strong>via mandar publicar na folha<br />

oflicial o numero dos títulos convertidos,<br />

para assim ficarem inulilisados.<br />

Pois o sr. José Dias Ferreira, o nosso<br />

querido patuleia, não proce<strong>de</strong>u assim ; calou-se<br />

com o jogo, guardou muito bem<br />

guardados os referidos títulos da divida<br />

externa e, segundo o que hoje ouvimos<br />

na rua dos Capel listas, o mesmíssimo sr.<br />

Dias Ferreira serviu-se d'elles para levantar<br />

numa casa estrangeira uma boa quantia.<br />

E' tão grave tudo isto, que esperamos<br />

das folhas affectas á actual situação um<br />

formal <strong>de</strong>smentido, acompanhado dos números<br />

dos titulos convertidos, pois. só<br />

assim nos po<strong>de</strong>remos persuadir <strong>de</strong> que as<br />

nossas informações são falsas.<br />

Se assim não proce<strong>de</strong>r chamaremos<br />

a attenção dos tribunaes para um facto,<br />

que, a ter-se realisado, é não só um<br />

gravíssimo crime <strong>de</strong> burla, como a prova<br />

mais formal <strong>de</strong> que são os governos mo-,<br />

narchicos os únicos factores da nossa <strong>de</strong>cadência<br />

e do <strong>de</strong>scredito em que cahimos<br />

perante o estrangeiro.<br />

Será possível que o sr. José Dias Ferreira,<br />

titular da pasta da fazenda, se<br />

apressasse a dar a ullima marlellada <strong>de</strong>molidora<br />

no throno dos braganças e ousasse<br />

afrontar por uma forma tão cynica<br />

o <strong>de</strong>coro nacional ?<br />

Aguar<strong>de</strong>mos a resposta dos orgãos<br />

ministeriaes e até lá suspendamos a nossa<br />

critica, conclue a Batalha.<br />

THEATROS<br />

Com a representação em dois actos<br />

da Marina, <strong>de</strong>spediu-se ua 2. a feira d'esla<br />

cida<strong>de</strong> a Companhia Infantil <strong>de</strong> Zarzuela,<br />

que tantos applausos conquísfon<br />

entre nos.<br />

O bom <strong>de</strong>sempenho d'esla formosa<br />

peça, por parte <strong>de</strong> todos, po<strong>de</strong>ndo nós<br />

especialisar os papeis <strong>de</strong> Palop e <strong>de</strong> Val-'<br />

divieso, e a boa execução da sua capitosa<br />

musica, d um caracter accentuadamente<br />

htí/panhol, <strong>de</strong>ixou em nosso espirito uma<br />

grata recordação, que se traduz em sinceras<br />

sauda<strong>de</strong>s por este grupo gentil <strong>de</strong><br />

creanças.<br />

As nossas palavras <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida sãp<br />

animadas d'um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> gloria para os interessantes<br />

actoresilos, que tão bellas aptidões revelam<br />

e nus quaes alguns ha <strong>de</strong> merecimento<br />

incontestável. Oxalá que o caminho<br />

da Arte, on<strong>de</strong> dão os primeiros passos<br />

com uma lirmeza reveladora <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

aili.stas, se lhes patenteie franco e<br />

aberto como os seus corações <strong>de</strong> creanças,<br />

risonho e jovial como a sua eda<strong>de</strong><br />

juvenil; que os applausos colhidos hoje,<br />

consagraçao das suas opulentas aptidões,<br />

se transformem numa consagração real,<br />

ámanhã, da expansão brilhante do seu<br />

talento, — coroa immarcessive! <strong>de</strong> gloria<br />

nesse bello futuro <strong>de</strong>sanuuveado e largo.<br />

aiuti " iini- ' ^ ofi-.ft rrdn-, / oi ibisn<br />

Francisco Lucas anda a tramar. Traz<br />

a i<strong>de</strong>ia lixa num ponlo — a surpreza I<br />

Elle lera escripto, telegraphado e<br />

ultimamente foi ao Porto. O que elle lá<br />

foi fazer ou conseguir ainda não disse;<br />

porém, o seu contentamento, a sua alggria,<br />

laz-uos pensar que temos Burro pela<br />

pròa, senão mais alguma cousa.<br />

Que é homem para trazer pela arreata<br />

até <strong>Coimbra</strong> o festejado Burro, e dar-lhe<br />

guarida no theatro D. Luiz, ninguém o<br />

nega. E que o animalejo será recebido<br />

pelo publico <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> cora ovação<br />

estrondosa, também não restam duvidas.<br />

Porque o tal burro não é um burro<br />

vulgar — é O burro do sr. Alcai<strong>de</strong> — um<br />

burro já fannliarisado nas plateias <strong>de</strong><br />

Lisboa e Porto, que lera a magia <strong>de</strong><br />

nos lazer rir a ban<strong>de</strong>iras <strong>de</strong>spergadas.<br />

Vamos inforiuar-nas e no proximo<br />

numero diremos.

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