Margarida Ottoni - O Planeta dos Homens Sem Cor (pdf(rev)

entreabri-la mais um pouco. Acabei por escancará-la num ímpeto. E saí
para dar uma espiada ao redor.
Encontrei o que pressentia: o terrível indivíduo, sentado ali, num
banco ao lado da porta. Ao ver-me, levantou-se, e eu, diante dele, baixei
os olhos, morta de medo.
— Bom dia! — cumprimentou-me.
Com o rabo dos olhos, fitei a mão que estendia para mim. Que
surpresa! Era da cor das minhas! Ergui o olhar para ele e soltei um
"Oh!" de espanto. Sua face era branca também. Não me teria enganado?
Fixei-o de novo, mais admirada ainda. E, apontando-lhe o rosto, gritei:
quê?
incrédulo:
— A pele!... Eu vi! Era prateada! Eu vi! Por que mudou? Por
O moço sorriu. Tinha dentes bonitos. Exclamou com ar
— Prateada?!
Aproximou-se, para que eu o pudesse ver melhor. Exibiu as
mãos. Sem dúvida,, ele era branco, mais do que eu. Os cabelos? Negros,
como os meus.
cabeça.
— Foi por este motivo que fugiu? Confirmei com um bater de
— Por que essa idéia?
Confesso que já não me sentia tão assustada como antes. A
atitude cordial e simples do rapaz devolveu-me boa parte da serenidade
perdida. Contei:
não viu?
— Vi um disco voador ali! — E apontei para o gramado. — Você
Ele se mostrou surpreso:
— Eu? Claro que não!
— Pois eu vi! — retruquei. — Estava acordada, quando
apareceu. Eu o vi da janela. Desci e corri para ele. Cheguei bem perto.
Era grande, metálico e expelia luzes coloridas.
— Ah!... E depois?
— Foi embora e, quando me voltei, havia um homem prateado